Experimento 9 – Circuitos RL em corrente alternada 1. OBJETIVO O objetivo desta aula é estudar o comportamento de circuitos RL em presença de uma fonte de alimentação de corrente alternada. 2. MATERIAL UTILIZADO • osciloscópio; • multímetro; • gerador de sinais; • resistor: R = 100Ω; • indutor: 5mH < L < 50mH. 3. INTRODUÇAO A maneira de apresentar o modelo elétrico que vamos nos basear para estudar indutores e circuitos RL é essencialmente igual à que foi apresentada na Aula 8, para circuitos RC, visto que a solução formal das equações do circuito RC e do circuito RL são as mesmas. A equação característica do indutor ideal é dada por: VL (t) = L di(t) . dt (1) Se aplicarmos uma voltagem alternada, de modo análogo ao caso do capacitor, é de se esperar que a corrente varie na forma: ! i(t) = i0 sin("t + # ), (2) onde ϕ corresponde à diferença de fase entre a corrente e a voltagem. Considerando que a voltagem ! aplicada pelo gerador seja da forma Vg(t) = V0 sin(ωt), e usando a equação característica do indutor obtemos: V0 sin("t) = "Li0 cos("t + # ). (3) Expandindo a função cosseno e igualando os coeficientes de sin(ωt) e cos(ωt) encontramos: ! 81 ("Li0 ) cos(# ) = 0, (4) V0 = "(#Li0 ) sin($ ). (5) e: ! A Equação 4 nos diz que ϕ = ± π/2 e a Equação 5, que a única possibilidade é termos ϕ = - π/2, porque V0, L, i0 e ω possuem valores positivos. Portanto, a corrente em um indutor ideal é dada por: ! % % $( V $( i(t) = i0 sin'"t # * = 0 sin'"t # *. & 2 ) "L & 2) (6) Neste caso a corrente está atrasada de π/2 radianos em relação à voltagem. ! A Equação 6 nos diz também que: V0 = ("L)i0 = X L i0 , (7) X L = "L. (8) onde ! A Equação 7 é o equivalente da lei de Ohm para indutores em corrente alternada. O termo XL, que ! de reatância indutiva, e é proporcional à freqüência. tem dimensão de ohm (Ω), é chamado Como pode ser representada a reatância indutiva no formalismo de números complexos? Consideremos novamente um circuito envolvendo apenas um gerador e um indutor. A voltagem na fonte pode ser escrita como: Vg(t) = V0 sin("t). (9) Usando números complexos, e a fórmula de Euler e j" = cos(" ) + j sin(" ) , podemos escrever para a voltagem no gerador: ! com: Vg (t) = Im [V˜g (t)], ! (10) V˜g (t) = V0 e j"t . (11) ! Para um circuito contendo apenas o gerador e o indutor, vimos que nesse caso, a corrente é dada ! por: 82 % $( i(t) = i0 sin'"t # *, & 2) (12) com i0 = V0/(ω L) . Podemos representar também a corrente em termos de uma função complexa: ! i(t) = Im [i˜(t)], (13) com: ! i˜ (t) =i 0 e % $( j '"t# * & 2) . (14) A equação análoga à lei de Ohm pode então ser escrita para correntes alternadas em termos de ! números complexos: i˜ (t) = V˜g (t) , Z˜ (15) onde, Z˜ é a impedância complexa do circuito e para este caso é dada por: ! ! V˜ (t) V0e j"t "L "L Z˜ = g = = = jX L . % ( $ = $ i˜ (t) V0 j '&"t# 2 *) e# j 2 # j e "L (16) Assim, usando o formalismo de números complexos, para um indutor, a impedância complexa é um número complexo ! imaginário puro positivo. 3.1 – Circuitos RL Em circuitos RL como o que é mostrado na Figura 1 abaixo, a lei das malhas nos diz que: Figura 1: Circuito RL. 83 Vg = VL + VR " V0 sin(#t) = L di + Ri. dt (17) Como se trata de um circuito com elementos lineares esperamos que a corrente tenha a forma geral ! i(t) = i0 sin("t + # ), (18) onde ϕ representa a diferença de fase entre a voltagem e a corrente no circuito. Substituindo a Equação 17 na Equação 18 encontramos: ! V0 sin("t) = Li0" cos("t + # ) + Ri0 sin("t + # ). (19) A Equação 19 pode ! ser reescrita após abrirmos as funções cosseno e seno para obtermos: sin("t)[( Ri0 ) cos# $ ("Li0 ) sin # $ V0 ] + cos("t)[("Li0 ) cos# + ( Ri0 ) sin # ] = 0. (20) Os!coeficientes de sin(ωt) e cos(ωt) devem ser individualmente nulos para que a igualdade descrita na Equação 20 seja satisfeita. Assim devemos ter: ( Ri0) cos" # ($Li0 ) sin " = V0 , (21) ("Li0 ) cos# + ( Ri0 ) sin # = 0. (22) e ! A Equação 22 mostra que o ângulo de fase ϕ entre a voltagem e a corrente é dado por: ! tan " = # $L X =# L, R R (23) ϕ pode assumir valores variando entre -π/2 e 0 (valor negativo para a tangente), mostrando que a corrente está atrasada em relação à voltagem no circuito RL. ! A Equação 21 pode ser simplificada escrevendo-se sinϕ e cosϕ em função de tgϕ na forma: sin " = tan " 2 1+ tan " , (24) e: ! 84 cos" = 1 2 1+ tan " . (25) Após substituirmos as relações descritas nas Equações 24 e 25 na Equação 21 e usarmos a ! relação: Equação 23 obtemos a seguinte V0 = R 2 + X L2 = Z, i0 (26) onde, da mesma forma que no caso de circuitos RC (Aula 8), Z é denominada a impedância do ! circuito e tem a dimensão de ohm (Ω). As Equações 23 e 26 mostram que a impedância pode ser obtida a partir de um plano onde o eixo horizontal representa a resistência e o eixo vertical a reatância indutiva. Como no caso da reatância capacitiva, a composição entre a resistência e a reatância segue as mesmas regras de composição de um número complexo. A reatância indutiva corresponde à parte imaginária positiva da impedância complexa, como mostrado na Figura 2 abaixo. Figura 2: Reatância indutiva e impedância como números complexos. As Equações 23 e 26, da mesma forma que para o circuito RC, levam às seguintes relações entre amplitudes: 2 2 V02 = (V0L ) + (V0R ) , (27) enquanto que teremos, alternativamente, para o ângulo de fase a expressão: ! tan " = # ! V0L . V0R (28) 85 A Equação 8 mostra que quanto maior for a freqüência maior será a reatância indutiva e a Equação 23 que maior será a defasagem entre a voltagem e a corrente. Da Equação 23 temos que a dependência da diferença de fase ϕ entre a corrente e a voltagem do gerador para um circuito RL pode ser escrita como: tan " = # $L . R (29) Na Figura 3 mostramos um gráfico de ϕ em radianos, como função da freqüência angular ω para R=10Ω e L=10mH. Observe que para uma melhor visualização da dependência de ϕ com ω o gráfico foi apresentado em escala!semi-logarítmica. Para valores de ω tendendo a zero a diferença de fase é nula e para ω tendendo a infinito ela tende a -π/2. Figura 3: Dependência, em um circuito RL, da diferença de fase entre a corrente e a voltagem do gerador de sinais. Neste caso R=10Ω e L=10mH. 4. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 4.1 - Procedimento I Vamos novamente verificar a Lei de Ohm, desta vez para indutores. Queremos verificar como se comporta a reatância indutiva com a freqüência. Para isso vamos montar o circuito da Figura 4 abaixo, usando um indutor na faixa 5mH < L < 50mH e R = 100Ω. Como fizemos nas Aula 7 e 8, vamos medir a voltagem no resistor de 100Ω e determinar a corrente através deste resultado, fazendo i0 = V0R R . 1) Monte o circuito da Figura 4, ligue os equipamentos e ajuste o gerador (CH1) para um sinal senoidal, com freqüência f1 = 1kHz . Com o osciloscópio, meça o período T1 com sua respectiva incerteza!e determine a freqüência f1, também com sua respectiva incerteza. ! 86 Figura 4: Circuito a ser utilizado para a verificação da lei de Ohm em indutores sujeitos a correntes alternadas. 2) Ajuste a amplitude no gerador para que o valor pico ( V0B ) da diferença de potencial entre o ponto “B” e a TERRA no circuito (CH2) seja de 0.3V. Lembre-se de utilizar uma escala apropriada no osciloscópio. Anote esse valor na Tabela 1. Usando um multímetro meça o valor de R e determine a corrente que passa pelo circuito, i0 = V0R R . ! Observação: Para obter melhor resolução e facilitar a tomada de dados, é conveniente que a referência de ambos os canais (GND) seja colocada na linha mais inferior da tela do osciloscópio. Com isso, os valores das amplitudes!V0B e V0A podem ser medidos simultaneamente. 3) Meça o valor de pico ( V0A ) da diferença de potencial entre o ponto “A” e a TERRA (CH1) com sua respectiva incerteza, e anote também o valor na Tabela 1. A partir desses resultados, determine ! ! 2 2 a voltagem de pico no indutor, V0L , pela relação V0L = (V0A ) " (V0B ) . ! 4) Observe que existe uma diferença de fase ϕ entre os sinais dos dois canais. Diferentemente do circuito RC, no circuito RL a corrente está atrasada em relação à voltagem no gerador. Meça essa ! diferença de fase medindo a diferença!temporal entre os dois sinais (diferença de tempo entre duas passagens pelo zero nas mesmas condições, por exemplo) e determine o ângulo de fase e sua respectiva incerteza, sabendo que o módulo da diferença de fase ϕ é dado por ϕ = ω Δt = 2πfΔt = 2πΔt/T. Na Figura 5 mostramos um esquema de como a medida da diferença de fase é feita para o circuito RL. 87 Figura 5: Formas da voltagem no circuito RL da nossa montagem experimental. A linha contínua representa a voltagem da fonte (Vg), e a linha tracejada a voltagem no resistor (VR). Como já foi visto, em um resistor a corrente e a voltagem estão em fase. A diferença de fase que está ocorrendo se deve à presença do indutor. Para este caso ϕ < 0 e tem módulo igual a 0,45π. R= 10Ω, L=10mH, V0=5V, T=1ms. 5) Repita os itens anteriores ajustando amplitude do gerador para que a voltagem no ponto “B” vá aumentando em intervalos de 0.1V até completar a Tabela 1. V0B ± " V B (V) 0 i0 ± " i0 (A) V0A ± " V A (V) " V L (V ) V0L (V ) 0 0 0,3 ! 0,4 ! ! ! ! 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 L Tabela 1: Resultados experimentais obtidos com a freqüência f 1 = 1kHz. V0 = A 2 0 B 2 0 (V ) " (V ) . 6) Repita todos os itens anteriores para a freqüência de f2=8kHz, e complete a Tabela 2. ! 88 V0B ± " V B (V) 0 i0 ± " i0 (A) V0A ± " V A (V) " V L (V ) V0L (V ) 0 0 0,3 ! 0,4 ! ! ! ! 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 L Tabela 1: Resultados experimentais obtidos com a freqüência f 2 = 8kHz. V0 = A 2 0 B 2 0 (V ) " (V ) . ! 89