DIABETES MELLITUS TIPO II: MÁ ALIMENTAÇÃO E VIDA SEDENTÁRIA, SERÁ ESSE O DESTINO IMPLACÁVEL DA NOSSA ESPÉCIE? GARCIA,Gabriela1 RESUMO A crescente incidência em diversos países e o difícil controle do metabolismo de indivíduos portadores da doença em evolução coloca o diabetes mellitus tipo II como um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Para isso visa-se ampliar o conhecimento a respeito dos fatores que tendem a estimular o descontrole glicêmico assim como as complicações, tratamento e possíveis formas de prevenção. No entanto, a mudança de hábitos em relação à alimentação e atividade física, ações de controle glicêmico, depende principalmente do autocuidado e escolhas do próprio indivíduo. PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus tipo II. Sedentarismo. Obesidade. DIABETES MELLITUS TIPE II: BAD DIET AND SEDENTARY LIFE, IS THAT THE IMPLACABLE DESTINY OF OUR SPECIES? RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA The increasing incidence in different countries and the hard metabolism control of individuals with diabetes mellitus tipe II, make this disease one of the biggest public health problem in the world. Besides that, the aim is to increase the knowledge about the factors which stimulate uncontrolled blood glucose as well as certain complications, treatment and prevention. However changing food habits and including physical exercise, responsible for control blood glucose, only depends on self-care and individual choices. PALAVRAS-CHAVE EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: Diabetes Mellitus tipe II. Sedentariness. Obesity. 1. INTRODUÇÃO O diabetes mellitus tipo II é uma condição provocada pela produção insuficiente ou inexistente de insulina pelo pâncreas, que leva a uma acumulação de glicose na corrente sanguínea, e tem tomado uma grande proporção no mundo contemporâneo. O estilo de vida capitalista interfere na cultura e nos modos de pensar e agir da população, sendo assim, a ideologia do Fast Food impera guiando a produção e o consumo cada vez maior de produtos industrializados ricos em gorduras, sódio e carboidratos. Além da péssima educação alimentar, a prática de atividades físicas, essenciais para a manutenção de toda a fisiologia homeostática corpórea, é posta muitas vezes em segundo plano e assim, o Sedentarismo prevalece. A soma de todos esses fatores, associados ao estresse e depressão estão diretamente relacionados à patologia da desregulação glicêmica que caracteriza o diabetes. Surge assim a questão qual a importância de levar uma vida saudável? Os impactos que envolvem não só na perda de produtividade, contribuição econômica e dispêndio exacerbado de gastos com saúde pública, como também vida pessoal e familiar, exaltam a importância de se conhecer o diagnóstico, controle e prevenção da doença. Desta forma, a mudança de hábitos poderá estabilizar e impedir a incidência de novos casos. Para realizar este estudo as bases intelectuais de Ortiz, Sartorelli, Souza, Nascimento e Ceolin a respeito do assunto diabetes tipo II e a cultura contemporânea, foram integradas. 2. REFEERNCIAL TEÓRICO OU FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O diabetes ou pré-diabetes pode ser diagnosticado através do exame de glicemia após jejum, sendo que o diabetes mellitus tipo II, é responsável por 90% dos casos. Estudos mostram que mudanças no estilo de vida como exercícios físicos, perda de peso, e terapia medicamentosa são efetivas em retardar ou previnir a doença. Isso deve ser posto em prática pelos indivíduos diagnosticados com pré-diabetes uma vez que 25% destes desenvolverão a doença em três a cinco anos (SOUZA; GROSS; GERCHMAN; LEITÃO, 2012). Segundo dados da International Diabetics Federation (apud NASCIMENTO; CHAVES; GROSSI, 2009) cerca de 140 milhões de pessoas no mundo são portadoras do diabetes sendo estimado um aumento para 300 milhões até 2025, sendo que no Brasil a prevalência na população de 30 a 69 anos de idade é de 7,6%. 1 Acadêmica do curso de Medicina. E-mail:[email protected] Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2014 ISSN 1980-7406 1 Atualmente, 11 a cada 12 pacientes possuem conhecidos portadores de diabetes; tal informação confirma o que dizem Cotta et al. (2007, apud CEOLIN; BIASI, 2011, p.146), ao afirmarem que “o diabetes mellitus tipo II tem alcançado índices alarmantes de portadores chegando a ser considerado uma epidemia mundial pela OMS [...]”. Considerada uma das principais doenças acometidas pelo Homem contemporâneo, para Franco (1988, apud ORTIZ; ZANETTI, 2000, p.128) “o diabetes mellitus vem sendo reconhecido mundialmente como um problema de saúde pública, face aos índices de morbidade e mortalidade relacionados à doença, como também aos custos envolvidos no seu controle e no tratamento de suas complicações”. Devido ao impacto social e econômico relacionado aos gastos e perda de produtividade e contribuição dos diabéticos, tem se dado maior importância à doença. Alguns fatores podem estar relacionados ao aumento do número de casos, como a maior taxa de urbanização e industrialização que estimulam o consumo de alimentos hipercalóricos ricos em açúcares de absorção rápida e promovem a mudança de estilo de vida enquadrando as pessoas no modelo capitalista no qual gasta se menos tempo com atividades físicas, acarretando o sedentarismo e obesidade. (ORTIZ; ZANETTI, 2000) Para Nascimento, Chaves e Grossi (2009) alguns estudos têm relacionado a depressão, doença comum do mundo contemporâneo, a incidência de diabetes uma vez que sintomas de depressão estão relacionados à descompensação glicêmica. Além deste fator, Zanella et al. (1998, apud ORTIZ; ZANETTI, 2000, P.129) afirma que a hipertensão e obesidade estão relacionados a resistência à ação da insulina, que caracteriza o quadro da doença, alem de que a inatividade física, o estresse, proporção da circunferência da cintura e quadril (AGR), o IMC e a idade influenciam diretamente no desenvolvimento do diabetes mellitus tipo II. Segundo Escott-Stump (2007, apud CEOLIN; BIASI, 2011, p.146), “a obesidade predispõe a resistência à insulina, principalmente se está presente no indivíduo por um período maior de 10 anos, sendo que as dietas desequilibradas favorecerão o sobrepeso”. Em comprovação, Ortiz e Zanetti (2000) concluíram que a obesidade é o fator que mais influencia o surgimento da doença sendo que sua prevalência é de 2,9 vezes maior em pacientes com excesso ponderal do que em pacientes com peso normal na faixa etária de 20 a 75 anos. Já em pacientes de 20 a 45 anos o risco sobe para 3,8 a mais. De acordo com Sartorelli et al. (2006, p.8) “evidências epidemiológicas provenientes de estudos prospectivos sugerem um efeito protetor para o diabetes mellitus tipo II por intermédio da adoção de um estilo de vida saudável”. Uma pesquisa realizada por Nurses Health Study observou que a ausência de tabagismo, prática de trinta minutos de exercício diários, manutenção de peso e padrão alimentar habitual rico em fibras e pobres em gorduras saturadas reduziu em 91% o risco de desenvolvimento da doença após 16 anos do segmento (SARTORELLI et al, 2006). No entanto, os autocuidados são pouco executados uma vez que em pesquisa realizada por Nascimento, Chaves e Grossi (2009) pôde-se constatar que do total de entrevistados portadores da doença, 70% não realizavam nenhum tipo de atividade física enquanto que dos que praticavam apenas 8,3% a faziam todos os dias; além disso, 55% dos diabéticos não seguiam nenhum tipo de orientação nutricional e 100% era dependente de medicamentos. Atualmente, há consenso de que um comportamento saudável em relação ao estilo de vida deve começar precocemente, pois só assim será possível retardar ou evitar doenças e enfermidades que têm impedido muitas pessoas de chegar a uma idade avançada em bom estado de saúde (ZANETTI, 1996). Um ensaio clínico controlado realizado na Nova Zelândia com 79 adultos normoglicêmicos portadores de resistência à insulina e excesso de peso, avaliou o impacto de intervenção nutricional intensiva ou moderada na melhoria da sensibilidade à insulina. Foram realizadas consultas individualizadas de frequência semanal e os resultados demonstraram um aumento de 23% na sensibilidade à insulina no grupo de intervenção intensiva no estilo de vida (SARTORELLI et al, 2006). O controle do diabetes sem dependência medicamentosa depende da orientação adequada e acompanhamento profissional, do interesse do paciente em manter uma melhor qualidade de vida mas, como afirmam Smeltzer e Bare (2005, apud CEOLIN; BIASI, 2011) a educação não pode ocorrer de maneira isolada apenas ao paciente, sua família tem grande influência de maneira que a conscientização da mesma determinará uma maior eficácia no tratamento. “No principio da doença os maiores riscos estão relacionados a hiper ou hipoglicemia já no decorrer dos anos, acrescentam-se riscos de disfunção e falência de vários órgãos, especialmente, rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos” (CEOLIN, J.; DE BIASI, L.S, 2011, p.144). Ceolin e Biasi (2011, p. 152) afirmam, “o fato de o diabetes mellitus ser uma doença crônica assintomática ou com sintomas pouco limitantes nos seus primeiros anos, faz com que o paciente não se cuide e não leve a sério as orientações dadas pelos profissionais da saúde”. Em verdade, o paciente não encara a doença com a gravidade que ela possui, isso é comprovado em pesquisas, as quais mostraram que os norte-americanos não consideram a doença como 2 Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2014 ISSN 1980-7406 muito grave, ao comparar-se ao câncer, AIDS e doenças cardíacas (ESCOTT-STUMP,2007 apud CEOLIN; BIASI, 2011). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O tratamento do diabetes mellitus tipo II exige, além do acompanhamento médico especializado, os cuidados de uma equipe multidisciplinar. Estes profissionais devem salientar orientações relacionadas ao estilo de vida saudável, baseado em alimentação balanceada, prática de exercícios físicos e a necessidade do controle da medicação e realização de exames periódicos nos familiares dos portadores a fim de detectar precocemente a doença prevenindo suas complicações. É de fundamental importância a conscientização dos portadores ou pré-diabéticos da gravidade da doença e, por sua vez, a dedicação à mudança de hábitos. Para isso, simples atitudes como integrar o consumo de frutas e fibras alem de integrar exercícios físicos às atividades simples do dia a dia como substituir o uso do elevador pelas escadas, andar de bicicleta para ir a lugares próximos ao invés de usar o carro, organizar grupos de passeios e caminhada com os amigos ou dançar, poderão auxiliar na manutenção de um metabolismo glicolítico saudável sem deixar de lado a diversão reduzindo o estresse. REFERENCIAS ORTIZ, M.C.A.; ZANETTI, M.L. 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