Cursinho Triu – História / Professores: Léo e Julie / Aula 4: Idade Média (Alta Idade Média) As invasões germânicas reconfiguraram o mundo ocidental e marcaram a passagem da antiguidade para a Idade Média. Com elas houve a quebra da unidade política romana, a substituição do direito romano pelo direito consuetudinário, a sobreposição da personalidade das leis sobre a territorialidade, o surgimento da ideia de obrigações recíprocas entre o rei e os guerreiros e o nascimento (séculos depois) das línguas neolatinas (a partir da influência germânica sobre o latim). Entretanto, é preciso ser crítico em relação às chamadas “invasões bárbaras”. Mais do que uma sobreposição das culturas bárbaras à romana, o que houve foi um processo gradual de incorporação da cultura e da organização política e governamental romanas pelos povos que ali foram se estabelecendo. Ou seja, não houve uma ruptura radical, mas uma fragmentação decorrente das diferenças entre os povos bárbaros que se instalaram no interior do Império no século V. No território do antigo Império Romano um dos reinos que mais se destacou foi o dos francos. A estabilidade dos francos pode ser explicada, principalmente, a partir da conversão ao cristianismo por Clóvis (neto de Meroveu, fundador da dinastia merovíngia), o que garantiu apoio da Igreja e do campesinato a sua liderança. A dinastia merovíngia (419-751) ainda foi responsável pela unificação das diversas tribos francas, centralizando o poder. Porém, também fora marcada por inúmeras disputas, culminando nos chamados “Reis Indolentes” – tidos como fracos e manipuláveis pela nobreza franca, que efetivamente passou a governar. Posteriormente ao domínio merovíngio consolidou-se a dinastia carolíngia, marcada pela extensão dos domínios francos por quase toda a Europa cristã, principalmente pela figura de Carlos Magno. A legitimidade de seu poder se dava através da Igreja, atribuindo-lhe o papel de manter e espalhar a fé cristã. Administrativamente o território era dividido em condados e marcas; além disso, Carlos Magno fundou escolas e várias obras da antiguidade greco-romana foram preservadas, graças, sobretudo, a Igreja (que teria em breve uma grande influência sobre as produções culturais na Europa nesse período). Com sua morte, novas invasões abalam a unidade territorial do império - herdado por Luís, o Piedoso. Seus filhos (netos de Carlos Magno) fizeram a partilha do império, através do Tratado de Verdun (843). Inicia-se um processo de descentralização política do império em que os nobres (condes, marqueses, etc.) passam a ter grande importância. Estrutura-se então, uma nova forma de organização da sociedade europeia, o feudalismo. Para entendermos o sistema feudal devemos ter em mente duas perspectivas: a de que os feudos não se desenvolveram uniformemente em todas as partes da Europa medieval; e a de que ao falarmos em poder descentralizado na estrutura feudal não podemos imaginar uma diversidade alarmante em práticas da organização social, pois havia elementos comuns devido à forte presença da Igreja naquela sociedade como um todo. A economia era baseada na produção agrícola e era dotada de características auto-suficientes, nas quais cada unidade produtiva era chamada de senhorio. Grosso modo, o senhorio era dividido em três partes: reserva senhorial – parte exclusiva do senhor feudal; manso servil – concedida ao servo para que ele cultivasse e obtivesse seu sustento (apesar de estarem sujeitos a tributos); e as terras comunais – bosques e pastos de uso comum do senhor e do servo. A sociedade feudal era altamente hierarquizada e estamental. Nela, cada uma das ordens tinham funções específicas. Os que rezavam, o clero, eram membros da Igreja e exerciam função especial, controlando o poder espiritual e se fazendo presente nos momentos mais marcantes da vida das pessoas. Os que lutavam, os nobres, eram detentores de terras e do poder político e jurídico. E, finalmente, os que trabalhavam, compostos por servos (em maior número e ligados a terra, não podendo deixar o senhoria sem autorização dos senhores), trabalhadores livres (em número pequeno, geralmente incorporados a algum senhoria para praticar subsistência) e escravos (pouco numerosos e utilizados em serviços domésticos nos castelos). Politicamente, as relações entre os segmentos sociais podem ser explicadas através das relações de suserania e vassalagem. Todo aquele que cedia um feudo era suserano, e aquele que o recebia, um vassalo. Eram relações verticais nas quais o maior suserano era o rei, seguido por grandes senhores feudais, nobres de menor categoria, fidalgos e cavaleiros (na base da hierarquia). Essas relações eram marcadas por fidelidade, obediência e reciprocidade, ou seja, relações de dependência. É nesse período que a Igreja se consolida enquanto instituição, procurando sistematizar e fortalecer sua presença nesse mundo. A aproximação entre a Igreja e a política iniciou-se no século IV, com o cristianismo passando a ser a religião oficial do Império Romano, a partir disso foram desenvolvidos dogmas e heresias, além da centralização do poder na figura do papa (chefe da Igreja). Paralelamente a tudo isso, na parte oriental do Império Romano, se desenvolvia o Império Bizantino, que tinha como uma de suas principais características econômicas o comércio (dada a localização privilegiada de Constantinopla, na passagem do mar Negro ao mar Egeu e ao Mediterrâneo – ligando Ásia e Europa). Seu mais importante imperador foi Justiniano (527-565), que, dentre seus feitos, organizou politicamente o império a partir “Corpus Juris Civilis”. Justiniano centralizava, além do poder político, o poder religioso (independente das doutrinas do papa de Roma), dessa forma, ao reunir os poderes temporal e espiritual em suas mãos, o Imperador bizantino iniciou uma prática que ficou conhecida como cesaropapismo. Ainda no âmbito religioso dois movimentos marcaram os bizantinos: o movimento iconoclasta – no qual o imperador Leão III proibiu o uso de imagens (ícones) nos templos em uma tentativa de conter o poder do clero; e o Cisma do Oriente – separação entre Igreja Católica Romana, no ocidente, e Igreja Ortodoxa Grega, no oriente (em 1504). O islã tem suas raízes na Península Arábica, na qual os primeiros habitantes foram tribos de nômades - os beduínos. No século VI aproximadamente mais de 300 tribos de origem semita viviam a região. Meca era considerada a principal cidade devido ao intenso comércio e também por abrigar um importante santuário a Caaba. Nesse santuário existiam imagens de diversos ídolos (deuses de várias tribos árabes). A tribo dos coraixitas detinha grande poder nesta cidade. Maomé (Muhammad – nascido em 570) após um longo período de meditação e de contato com outras crenças iniciou a pregação de uma nova religião. O islamismo pregava a existência de um único deus, Alá, tendo como base o Corão, livro sagrado dos mulçumanos. Maomé condenava a adoração dos vários deuses representados na Caaba. Os coraixitas expulsaram Maomé e seus seguidores, que fugiram para uma cidade vizinha Iatreb, posteriormente chamada de Medina. Esta fuga no ano de 622 foi denominada de Hégira e deu início ao calendário muçulmano. Maomé consegue ajuda de comerciantes e beduínos de Iatreb e consegue conquistar Meca. Em pouco tempo, todos os povos da península árabe se converteram ao islamismo, ocorrendo uma unificação desses povos. Maomé morre em 632, mas a expansão religiosa, a djihad (guerra santa) continuou. Os Califas se tornaram os chefes religiosos e políticos. A expansão mulçumana no oriente chegou até a fronteira com a China, e no Ocidente conquistou a Península Ibérica, controlando todo Mar Mediterrâneo. Posteriormente ocorreu a perda da unidade política e religiosa do Império e o surgimento de duas seitas: sunitas e xiitas.