Maryana Alves Pedroza

Propaganda
Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Nutrição
Trabalho de Conclusão de Curso
EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E ATIVIDADES EDUCATIVAS
COMO PERSPECTIVA DE MELHORA NO AUTOCONTROLE
DE PACIENTES DIABÉTICOS.
Autora: Maryana Alves Pedroza
Orientadora: Profa. MsC. Maria Fernanda Castioni
Brasília - DF
2012
1
MARYANA ALVES PEDROZA
EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E ATIVIDADES EDUCATIVAS COMO
PERSPECTIVA DE MELHORA NO AUTOCONTROLE DE PACIENTES
DIABÉTICOS.
Artigo apresentado ao curso de graduação em
Nutrição da Universidade Católica de Brasília,
como requisito parcial para obtenção do Título
de Bacharela em Nutrição.
Orientadora: Profa. MsC. Maria Fernanda
Castioni.
Brasília
2012
2
Artigo de autoria de Maryana Alves Pedroza, intitulado “EDUCAÇÃO NUTRICIONAL
E ATIVIDADES EDUCATIVAS COMO PERSPECTIVA DE MELHORA NO
AUTOCONTROLE DE PACIENTES DIABÉTICOS.” apresentado como requisito parcial
para a obtenção do Título de Bacharela em Nutrição da Universidade Católica de Brasília, em
____/_____/2012, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:
______________________________________________
Profa. MsC. Maria Fernanda Castioni.
Orientadora
_________________________________________________
Profa. MsC. Fernanda Damas de Matos.
Brasília
2012
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade da vida, pela saúde, por toda fé e força que
me concedeu fazendo com que eu chegasse ate aqui.
Agradeço especialmente a toda a minha família, por todas as coisas que me ensinaram,
pelas alegrias e por estarem sempre ao meu lado nos momentos de dificuldades, e ainda por
terem me concedido todos os apoios necessários, financeiros e humanos, desde a infância.
Também gostaria de agradecer aos meus amigos, por toda a ajuda e carinho quando
sempre precisei.
Gostaria de agradecer a minha orientadora Profa. MsC Maria Fernanda Castioni, por
toda paciência e apoio durante o processo deste trabalho. Aos demais professores e
funcionários do curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília pelas oportunidades
de aprendizado, sendo estes acadêmicos e também de vida, bem como por toda ajuda e
paciência ao longo destes quatro anos.
4
RESUMO
PEDROZA, Maryana. Educação nutricional e atividades educativas como perspectiva de
melhora no autocontrole de pacientes diabéticos. 2012. 22 folhas. Curso de graduação em
Nutrição da Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2012.
O Diabetes Mellitus tornou-se ao longo destes últimos anos a DCNT de maior crescimento,
passando a ser classificada como epidemiológica segundo OMS, acometendo 366 milhões de
individuos no mundo. Esta enfermidade se caracteriza por uma disfunção que acarreta um
comprometimento parcial ou até mesmo total da ação da insulina, e o individuo poderá
apresentar complicações micro e/ou macrovasculares; entretanto há a possibilidade de
controle e prevenção destas complicações se houver um tratamento multiprofissional e
periódico. Este estudo teve por objetivo detectar o nível de conhecimento dos pacientes em
relação ao tratamento nutricional por meio da aplicação um questionário referente ao Diabetes
e a conduta nutricional. Após uma analise detectou-se os pontos a serem discutidos de forma
coletiva e didática com palestras educativas e por fim reaplicado o questionário para uma
consideração final. Os achados sugerem a fundamental importância da educação nutricional
para que os pacientes consigam uma melhora no autocontrole da doença. Todos os resultados
encontrados apontam que com a educação sendo realizada por um profissional capacitado a
qualidade de vida dos pacientes melhora consideravelmente, sendo realizada assim a
promoção à saúde.
Palavras-Chave: Diabetes, terapêutica, educação nutricional.
5
ABSTRACT
PEDROZA, Maryana. Nutritional education and educational activities as an opportunity for
improvement in self-control of diabetic patients. 2012. 22 sheets. Undergraduate degree in
Nutrition at the Catholic University of Brasília, Brasília, 2012.
Diabetes Mellitus has become over the last few years the disease chronic non-communicable
fastest growing, becoming classified as WHO epidemiological seconds, affecting 366 million
people worldwide. This disorder is characterized by a dysfunction that leads to a partial
impairment or even total insulin action, and the individual may submit microvascular and / or
macrovascular complications, however there is the possibility to control and prevent these
complications if treatment and multidisciplinary journal. This study aimed to detect the level
of patients' knowledge in relation to the same nutritional treatment being subjected to a
questionnaire relating to Diabetes and nutritional interventions. After an analysis detected the
points to be discussed collectively and teaching with educational lectures and finally reapplied
the questionnaire for final consideration. The findings suggest the fundamental importance of
nutrition education so that patients are able to self-improvement in the disease. All results
indicate that with education being conducted by a trained professional quality of life improves
considerably, thus being held to promote health.
Key Words: Diabetes, therapy, nutrition education
6
SUMÁRIO
1. Introdução............................................................................................................................8
2. Revisão Bibliográfica...........................................................................................................8
2.1. Diabetes Mellitus..........................................................................................................8
2.2. Epidemiologia...............................................................................................................9
2.3. Tipos de diabetes.........................................................................................................19
2.4. Complicações agudas e crônicas.................................................................................10
2.5. Diagnostico..................................................................................................................10
2.6. Conduta Nutricional....................................................................................................11
2.6.1 Uso de alimentos modificados especiais............................................................11
2.7. Educação Nutricional como instrumento para o manejo da doença..........................12
3. Materiais e métodos..........................................................................................................12
4. Resultados e Discussão.....................................................................................................13
Figura 1 (Sexo e idade).....................................................................................................13
Figura 2 (Nível de escolaridade).......................................................................................14
Figura 3 (Tempo de diagnostico)......................................................................................14
Figura 4 (Crenças e conhecimentos sobre o DM).............................................................15
Figura 5 (Crenças relativas ao manejo nutricional)...........................................................16
Figura 6 (Dificuldade em adesão ao tratamento nutricional)............................................16
Figura 7 (Indicação do consumo de alimentos Diet e Light)................................................17
Figura 8 (Consumo de sódio/Sal)......................................................................................18
Figura 9 (Consumo de Adoçantes)...................................................................................18
Figura 10 (Consumo de fibras).........................................................................................19
5. Considerações finais..........................................................................................................19
6. Referência bibliográfica....................................................................................................20
7. Anexo 1 (Questionário)..........................................................................................21
7
1. Introdução
O diabetes mellitus, por ser uma doença crônica, exige que o portador a conheça para se
auto cuidar e viver bem, para possibilitar uma vida saudável e com qualidade (SBD, 2002).
O Diabetes é um dos mais importantes problemas de saúde da atualidade, tanto em termos
de números de indivíduos afetados, incapacitações, mortalidade prematura, como dos custos
envolvidos em seu controle e no tratamento de suas complicações agudas e crônicas (SBD,
2002).
Sabe-se que o tratamento tem por base a individualidade terapêutica em qualquer esfera,
ou seja, no tratamento medicamentoso, na prescrição da atividade física ou na conduta
dietoterápica que procura não só atender as necessidades nutricionais, mas também as
demandas socioeconômicas e socioculturais bem como a existência de outras patologias
associadas (PONTIERI, 2010).
Sabe-se que as mudanças no estilo de vida são fundamentais para o tratamento do diabetes
assim como na prevenção das complicações agudas e crônicas dessa enfermidade. Para isso
faz-se necessário o estabelecimento de programas educativos que ensinem aos pacientes as
melhores estratégias diárias no cuidado da doença, uma vez que os hábitos diários
inadequados são os maiores responsáveis pelo desenvolvimento da diabetes tipo 2 (FRANCO;
OLIVEIRA, 2009).
Alguns fatores psicológicos contribuem negativamente para esse processo. Ao descobrir
que se trata de uma doença sem cura, seja ela Diabetes Mellitus tipo1 ou Diabetes Mellitus
tipo 2, e que haverá mudanças a serem seguidas para o resto de suas vidas, há o desanimo ou a
postergação do tratamento. Já o segundo ponto é que portadores de Diabetes Mellitus tipo 2
tem a descoberta da doença por volta dos 40-50 anos, o que leva a afirmar que tendo todo um
estilo de vida formado, dificulta-se a aceitação da mudança. Sendo assim há a necessidade de
intervenções educacionais quanto à alimentação para que “velhos” hábitos comecem a mudar
(SDB, 2006).
Este trabalho tem por objetivo promover e avaliar intervenções educativas coletivas que
promovam o maior conhecimento sobre a terapêutica nutricional dos participantes do projeto
desenvolvido na Universidade Católica de Brasília denominado; “Abordagem Interdisciplinar
na Promoção de Saúde e Impacto na Qualidade de Vida de Pacientes Portadores de Diabetes
Mellitus.
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Diabetes Mellitus
O Diabetes Mellitus é uma síndrome decorrente da falta ou da incapacidade da
insulina em exercer corretamente sua função. As consequências diretas aos portadores são as
mudanças nos hábitos e comportamentos alimentares, na busca da manutenção dos níveis
séricos de glicose normais. O controle inadequado da doença gera riscos a saúde do portador,
em virtude da disfunção na circulação levando ao dano ou falência de vários órgãos (SBD,
2002).
Os sintomas mais comuns são, além da hiperglicemia, a hipoglicemia, a polidipsia, a
poliúria, a polifagia, o emagrecimento ou o ganho de peso intenso. Entre as complicações
crônicas relativas à doença, estão o infarto agudo do miocárdio, as complicações renais, a
retinopatia e neuropatia. No diabetes tipo I não há produção de insulina pelo pâncreas,
enquanto no diabetes tipo 2, que representa cerca de 90% dos casos da síndrome, há a
secreção, porém há uma dificuldade na captação e na correta ação desse hormônio
(PONTIERI, 2010).
8
2.2 Epidemiologia
O diabetes é uma das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s) que mais
preocupa o sistema único de saúde devido ao seu efeito com relação às complicações
causadas pela hiperglicemia, como as doenças coronarianas, as doenças cerebrovasculares, a
hipertensão, os distúrbios renais, os distúrbios oftálmicos, dentre outras alterações funcionais,
resultantes do descontrole metabólico crônico. Em média, diabéticos apresentam uma
redução na expectativa de vida de 7,0% para os homens e 7,5% para as mulheres, mas essa
expectativa pode variar dependendo das complicações associadas a doença (CASTRO, 2002).
A OECD, Organizationof Economic Co-operationand Development, em um fórum
realizado em Copenhagen em abril de 2012, apontou que há 366 milhões de diabéticos no
mundo, 83 milhões entre os membros da OECD e 60 milhões somente na Europa, sendo que,
em 2011, o custo do tratamento de diabetes foi de 90 bilhões de euros. O principal
determinante do diabetes tipo 2 é a epidemia da obesidade que, além do diabetes, se associa
ao câncer, depressão e doença cardiovascular. Um dos pontos colocados no fórum foi de que
o crescimento do diabetes também ocorre pelo crescimento multiétnico, sendo que no Reino
Unido, por exemplo, há problemas especialmente com o abuso de álcool. Também foi
destacado que o mau cuidado do diabetes custa mais do que o bom cuidado. Em torno de 15%
das internações hospitalares são devidas ao diabetes a um custo direto de 700 milhões de
Euros ao ano. O país vem desenvolvendo programas de prevenção de complicações crônicas,
como a retinopatia, entre outras (SDB, 2012).
Estudo brasileiro que teve com base o teste de tolerância à glicose foi realizado em
individuos de 30 a 69 anos de oito capitais brasileiras e Distrito Federal entre 1986 e 1988. A
prevalência de diabetes diagnosticada foi de 7,6% versus 4,1% para diabetes auto-afererido.
Esses resultados passaram a ser usados para descrever a prevalência do diabetes no Brasil, e
com base nestes dados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que o país tivesse
4,6 milhões de diabéticos em 2000 e 11,3 milhões no ano de 2030 (SCHIMIDT, et al., 2009).
Segundo dados atualizados da Sociedade Brasileira de Diabetes, os resultados
encontrados para o CENSO-IBGE-2010 da população brasileira, encontraram um número
estimado de diabéticos no Brasil: 12.054.827, com uma prevalência estimada em 12% na
faixa-etária de 30 a 69 anos. Considerando que, no CENSO de 1987, esta prevalência era de
7,6%, houve um assustador aumento de prevalência no período (SDB, 2012).
São Paulo lidera o ranking com 6,2% da população adulta com diabetes. O menor índice
foi registrado em Palmas (TO), 2,7%. O maior número de homens com diabetes estão nas
seguintes cidades: Vitória, ES, (5,6%); São Luís, MA, (5,5%); e Belém PA, (5,1%). Entre as
mulheres, novamente São Paulo lidera (7,3%,), na sequência aparecem Rio de Janeiro, RJ,
(6,9%) e Porto Alegre, RS, (6,3%) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Segundo o último Relatório das Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Distrito
Federal e do Plano Distrital de Promoção da Saúde, divulgado em 2011, verificou-se um
aumento na frequência de adultos do sexo masculino com a doença em relação ao ano
anterior, e uma diminuição na frequência do sexo feminino. Em 2009 cerca de 2,7% dos
homens referiam ter DM, contra 4,4% das mulheres, ocupando a 27ª e 22ª posições a nível
nacional, respectivamente. Já no ano de 2010, havia 5% dos homens e 3,9% das mulheres que
referiam diagnóstico de DM, ocupando então a 14ª e 27ª posições, respectivamente (SES/DF,
2011).
2.3 Tipos de Diabetes
O Diabetes Mellitus tipo 1 é também conhecido como diabetes insulinodependente,
diabetes infanto-juvenil e diabetes imunomediado. Neste tipo de diabetes a produção de
insulina do pâncreas é insuficiente, pois suas células sofrem o que chamamos de destruição
9
autoimune. Os portadores de diabetes tipo 1 necessitam injeções diárias de insulina para
manterem a glicose no sangue em valores normais. Há risco de vida se as doses de insulina
não são administradas diariamente. O diabetes tipo 1 embora ocorra em qualquer idade é mais
comum em crianças, adolescentes ou adultos jovens (SDB, 2012).
Outro tipo de Diabetes mellitus é o tipo 2 também chamado de diabetes não
insulinodependente ou diabetes do adulto e corresponde a 90% dos casos de diabetes. Ocorre
geralmente em pessoas obesas com mais de 40 anos de idade embora na atualidade se vê com
maior frequência em jovens , em virtude de maus hábitos alimentares, sedentarismo e stress
da vida urbana Neste tipo de diabetes encontra-se a presença de insulina porém sua ação é
dificultada pela obesidade, o que é conhecido como resistência insulínica, uma das causas de
hiperglicemia. Por ser pouco sintomática, a diabetes na maioria das vezes permanece por
muitos anos sem diagnóstico e sem tratamento o que favorece a ocorrência de suas
complicações no coração e no cérebro (SDB, 2012).
2.4 Complicações agudas e crônicas
O comprometimento ateroesclerótico das artérias coronarianas, dos membros inferiores
e das cerebrais é comum nos pacientes com Diabetes Mellitus (DM) do tipo 2 e constitui a
principal causa de morte destes pacientes. Estas complicações macroangiopáticas podem
ocorrer mesmo em estágios precoces do DM e se apresentam de forma mais difusa e grave do
que em pessoas sem DM 1. Além disso, pacientes com DM podem apresentar problemas de
visão, nefropatia diabética e neuropatia, que são chamadas de complicações
microangiopáticas. A frequência das complicações crônicas do DM do tipo 2 variam de
acordo com as populações estudadas. Os pacientes com DM do tipo 2 têm uma propensão
duas a quatro vezes maior de morrer por doença cardíaca em relação a não diabéticos, e
quatro vezes mais chance de ter doença vascular periférica (DVP) e acidente vascular cerebral
(AVC) (SCHEFFEL, et al.,2004).
O DM do tipo 2 também é apontado como uma das principais causas de cegueira entre
adultos com idade de 20 a 74 anos. Em alguns levantamentos, após 15 anos do diagnóstico de
DM do tipo 2, a retinopatia diabética (RD) esteve presente em 97% dos usuários de insulina e
em 80% dos não usuários. A prevalência de ND varia de 10% a 40%3,12 e a de NSD, de 60%
a 70%. Entre os fatores envolvidos na etiologia das complicações crônicas do DM do tipo 2,
destacam-se a hiperglicemia, a hipertensão arterial sistêmica, a dislipidemia e o tabagismo.
Além destes, outros fatores de risco não convencionais têm sido descritos: disfunção
endotelial, estado pré-trombótico e inflamação (SCHEFFEL, et al.,2004).
2.5 Diagnóstico
Os valores de glicemia utilizados para o diagnóstico de diabetes não se baseiam em
sintomatologia, mas sim na probabilidade de evolução para retinopatia ou nefropatia. Tanto
no diabetes tipo 1, quanto no tipo 2, uma glicemia mais elevada promove maior risco para
complicações, e um controle glicêmico mais rigoroso cursa com menos complicações
crônicas. Nesse sentido, pacientes com glicemia > 200 mg/dl, após 2 horas de sobrecarga
com 75g de glicose, apresentam riscos elevados. Em relação à glicemia de jejum, valores
acima de 120 mg/dl se correlacionam relativamente bem com os valores de 2 horas após
sobrecarga acima de 200 mg/dl, de modo que glicemias de jejum > 126mg/ dl em duas
ocasiões confirmam o diagnóstico. Apesar de boa especificidade, a glicemia de jejum tem
baixa sensibilidade para afastar diabetes, ou seja, uma glicemia de jejum normal não é
suficiente para afastar o diagnóstico de diabetes, sendo, muitas vezes, necessário realizar o
teste de sobrecarga (LIMA; NOBREGA; VENCIO, 2004).
10
O teste oral de sobrecarga com glicose deve ser realizado após um jejum de 8 a 14
horas, e com, pelo menos, três dias de dieta sem restrição de carboidratos (> 150g/dia).
(LIMA; NOBREGA; VENCIO, 2004).
2.6 Conduta Nutricional
A quantidade de carboidrato é importante, mas a qualidade é determinante da resposta
glicêmica. Sendo assim, pesquisadores da Universidade de Harvard introduziram o conceito
de carga glicêmica, que associa o índice glicêmico à quantidade de carboidratos ingeridos. A
carga glicêmica apresenta relevância fisiológica como um fator de risco importante para
doença cardiovascular. Estudos epidemiológicos indicam que a carga glicêmica está associada
positivamente com o diabetes tipo 2. A utilização de dietas com baixos índices glicêmicos
pode servir como estratégia complementar no plano alimentar para o diabético,
principalmente em períodos de hiperglicemias. O consumo de fibras, pelo significante efeito
na glicemia pós-prandial, deve ser estimulado, com os carboidratos sendo pelo menos 55% do
valor energético total da dieta (CALDAS, et al., 2005).
A ingestão de proteínas é recomendada no porcentual de 12 a 16% do valor energético
total. Para todos, a ingestão de gordura saturada deve ser menor do que 10% do valor da
gordura total e naqueles com colesterol LDL, maior que 100mg/dl; a ingestão de gordura
saturada deve ser menor do que 7%. Deve ser estimulado o consumo de gordura
monoinsaturada em torno de 12% a 15%, a ingestão de colesterol deve ser menor do que
300mg/dl e, naqueles com colesterol LDL maior ou igual a 100mg/dl, deve ser utilizado
200mg por dia (CALDAS, et al., 2005).
2.6.1
Uso de alimentos modificados especiais
Os produtos diet são classificados como alimentos para fins especiais e definidos
como sendo “alimentos especialmente formulados ou processados nos quais se introduzem
modificações no conteúdo de nutrientes adequados a utilização de dieta, diferenciadas e/ou
opcionais, atendendo as necessidades de pessoas em condições metabólicas e fisiológicas
específicas”. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).
O termo light indica um alimento que apresenta uma redução mínima de 25% do valor
calórico ou do conteúdo de algum nutriente quando comparado a um similar tradicional, este
termo pode ainda ser utilizado em alimentos que cumpram os atributos “reduzido” e/ou
“baixo” em algum de seus constituintes, definindo quantidades específicas para cada um
desses (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).
A real diferença entre diet e light está na quantidade permitida de nutrientes.
Enquanto que o diet precisa ser isento 100%, o light deve apresentar uma diminuição mínima
de 25% de nutrientes ou calorias. Outra diferença, é que o alimento light não é,
necessariamente, indicado para pessoas que apresentem algum tipo de doença (diabetes,
colesterol elevado, celíacos, fenilcetonúricos). Se, o alimento light apresentar eliminação de
um determinado nutriente, por exemplo, açúcar, poderá ser consumido por pessoas com
diabetes (SDB, 2012).
Importante lembrar que esses produtos devem ser consumidos nas porções
recomendadas. Geralmente as pessoas acreditam que podem consumir mais, por apresenarem
menos calorias (SDB, 2012).
Os adoçantes exercem papel relevante na alimentação, principalmente para pessoas
com DM, uma vez que adoçam os alimentos apresentando pouca ou nenhuma caloria. Apesar
de serem dispensáveis na alimentação, podem contribuir para o controle metabólico do DM,
possibilitando melhor qualidade de vida e reinserção no convívio social. Tanto o uso de
adoçantes artificiais como de alimentos que os contenham permitem opções para os pacientes,
11
aumentando a possibilidade de variedade dos alimentos, a tolerância no planejamento das
refeições e, em alguns casos, a melhoria da aceitação psicológica da doença por esses
pacientes, facilitando a adesão ao plano alimentar (FRANCO; OLIVEIRA, 2009).
2.7 Educação nutricional como instrumento para o manejo da doença
A intervenção nutricional tem como objetivo a prevenção de doenças, a proteção e a
promoção de uma vida mais saudável, conduzindo ao bem-estar geral do indivíduo (SDB,
2006).
O Diabetes Mellitus destaca-se entre as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e
apresenta impacto considerável como problema de saúde pública pela morbidade, mortalidade
e custos no seu tratamento. Tem sido documentado que um bom controle metabólico do DM
tipo 2 pode prevenir ou retardar o aparecimento de suas incapacitantes complicações crônicas
. A educação nutricional é um dos pontos fundamentais no tratamento do DM. Não é possível
um bom controle metabólico sem uma alimentação adequada. Entretanto, os profissionais da
área da saúde e pessoas com DM relatam que a adesão aos princípios de plano de refeições e
nutricional é um dos aspectos mais desafiadores no cuidado da doença (FRANCO;
OLIVEIRA, 2010).
A educação ou aconselhamento nutricional é o processo pelo qual os pacientes são
efetivamente auxiliados a selecionar e programar comportamentos desejáveis de nutrição e
estilo de vida. O resultado desse processo é a mudança de comportamento e não somente a
melhora do conhecimento sobre nutrição (SDB, 2006).
Realizar a dieta recomendada reveste-se de vários significados, pois o ato de comer é
bastante complexo e não significa apenas a ingestão de alimentos, mas envolve também uma
amplitude de emoções e sentimentos, além de valores culturais específicos. Dessa forma, o
comportamento alimentar está relacionado tanto com aspectos técnicos e objetivos, como
também com aspectos socioculturais e psicológicos. Além disso, as condições financeiras, a
falta de apoio da família e dos profissionais de saúde, bem como o despreparo técnico destes,
são preponderantes para o não cumprimento do plano alimentar ( FRANCO; OLIVEIRA,
2009).
A mudança desejada de um comportamento deve ser específica às necessidades e à
situação de cada indivíduo. O paciente deve reconhecer que existe o problema e que existe de
fato o desejo de mudá-lo. Sem esse desejo interno de cada indivíduo, todo o trabalho de
educação é inútil (SDB, 2012).
A terapia nutricional é imprescindível no tratamento no diabetes mellitus, embora
apresente pequenas diferenças, a composição da dieta indicada para pacientes portadores da
doença assemelha-se á da recomendada a população geral, porém é importante lembrar que a
dieta deve ser individualizada, respeitando aspectos culturais, étnicos e financeiros (SILVA,
1996; LOTTEMBERG, 2008).
A alimentação equilibrada e individualizada é sem dúvida, uma grande aliada para o
controle metabólico da patologia, buscando desta forma, um estilo de vida mais saudável
(SDB, 2012).
3. Material e Métodos
Para a realização desse estudo, foi aplicado um questionário composto de 13 questões
objetivas (anexo1). Foram selecionados 14 pacientes de forma aleatória, sendo que como
critério de inclusão todos deveriam participar do projeto Abordagem Interdisciplinar na
Promoção de Saúde e Impacto na Qualidade de Vida de Pacientes Portadores de Diabetes
Mellitus e serem portadores de diabetes tipo 2.
12
Os questionários foram aplicados na Universidade Católica de Brasília, durante a
reunião de adesão e apresentação dos novos pacientes do Projeto de Atendimento
Interdisciplinar ao Portador de Diabetes Mellitus da própria UCB no período da manhã. Os
selecionados a participar, receberam atendimento nutricional e odontológico, além de
consultas com estudantes de enfermagem e da fisioterapia bem como a realização de testes
bioquímicos com a equipe de estagiários e professores da biomedicina.
Logo após esta ação inicial (aplicação do questionário) foram realizados quatro
encontros educativos com palestras motivacionais que abordaram os seguintes temas:
Alimentação saudável; Produtos Diet e light; Consumo de sódio e Adoçantes. Foram
utilizados recursos audiovisuais e materiais lúdicos. Após a intervenção em cada encontro foi
aberto um fórum de perguntas em que os pacientes tiveram a oportunidade de solucionar as
suas dúvidas sobre a doença e seu tratamento.
Posteriormente as quatro intervenções educativas o mesmo questionário foi reaplicado
aos participantes do estudo para subsequente avaliação acerca dos conhecimentos,
autocuidado e dieta para pacientes portadores de Diabetes mellitus.
4. Resultado e discussão
Responderam ao questionário 14 participantes do Projeto de Atendimento Interdisciplinar
ao Portador de Diabetes Mellitus, com idade entre 40 e 69 anos, sendo 8 mulheres e 6
homens (Figura 1).
O questionário contemplou questões sobre diabetes seu tratamento e a possibilidade de
cura, além de questões relativas às melhores escolhas dietéticas e o uso de produtos para fins
especiais.
Figura 1: Distribuição percentual, segundo sexo e idade dos pacientes do estudo (n
homens=6/ mulheres=8).
Sexo x Idade
66,66%
n=4
50%
n=4
16,66%
n=1
40-49
25%
n=2
25%
16,66% n=2
n=1
50-59
Homens
60-69
Mulheres
Em relação à faixa etária, em um estudo recente, foi observado uma variação de 22 a
88 anos, com uma média de 50 anos de idade. Podemos verificar que a maioria 68,2%
portadores de diabetes possui idade entre 41 a 90 anos (CAZARINI, et al., 2002).
Ao analisarmos a escolaridade, verificou-se que nesta amostra, 100% dos portadores de
diabetes mellitus é alfabetizada. Entretanto deve-se considerar o grau de desta escolaridade,
pois esse fator contribui negativa ou positivamente para as dificuldades e as facilidades
referidas por eles no entendimento ao conteúdo ministrado (Figura 2).
Figura 2: Distribuição percentual, segundo grau de escolaridade. (n=14).
13
Nível de escolaridade
28,58%
n=4
28,58%
n=4
28,58%
n=4
7,15%
n=1
7,15%
n=1
1º - Ens. Fund. incomp.
2º - Ens. Fund.
3º - Ens. Médio incomp.
4º - Ens. Médio 5º - Ens. Supeiro
*1º -Ensino fundamental incompleto , 2º-Ensino fundamental, 3º-Ensino Médio incompleto, 4º-Ensino Médio. 5ºEnsino Superior.
Esse dado pode facilitar o planejamento de grupos educativos, pois a escolaridade é
um fator importante em virtude da complexidade das instruções e/ou informações que esses
pacientes necessitam obter. A baixa escolaridade pode dificultar a aprendizagem, pois, à
medida que aumenta a complexidade da terapêutica, o paciente necessita de habilidades
cognitivas mais complexas para manter o seu controle metabólico (CAZARINI, et al., 2002).
São enormes os avanços tecnológicos na área de diabetes mellitus, no entanto,
analisando os dados sócios demográficos, observamos que muitos pacientes podem apresentar
dificuldades de acesso à tecnologia disponível para um controle estritamente domiciliar. Por
outro lado, as atividades em grupos de educação parecem indicar um outro caminho para
ajudá-los, pois, mediante tecnologia simplificada, eles podem orientar-se acerca do controle
da doença (CAZARINI, et al., 2002).
Ao analisar o tempo em que os portadores de diabetes obtiveram o diagnostico da DM,
verificou-se que dos 14 pacientes a maioria (64,23%) foi diagnosticada há menos de dez anos.
Fazendo uma relação com a idade dos mesmos, notou-se que o período de descoberta da
doença afirma o que é relatado na literatura, grande parte dos diagnósticos acontecem depois
dos 40 anos de idade (Figura 3).
Figura 3: Distribuição percentual, segundo tempo de diagnostico da doença (n=14).
Tempo de diagnostico
42,84%
n=6
21,42%
n=3
7,15%
n=1
01 05
anos
06 10
anos
11 15
anos.
14,30%
n=2
14,3%
n=2
0%
n=0
16 20
anos
21 -25
anos
26 30
anos
14
Um estudo recente com amostra composta por 66 pacientes verificou-se que 59%
destes apresentam a doença há mais de cinco anos. A literatura aponta que há relação entre a
duração do diabetes mellitus e o surgimento de complicações microvasculares. Assim, o
controle intensivo do diabetes mellitus, conduzido por uma equipe multiprofissional, com
instrumentalização para realizar um bom seguimento e apoio continuado aos pacientes, tem
conseguido efetivamente reduzir a progressão das retinopatias, nefropatias e neuropatias
(CAZARINI, et al., 2002).
No tratamento e curso da doença é fundamental que os pacientes entendam a
enfermidade e seu manejo terapêutico, assim como também possam distinguir suas possíveis
complicações e a melhor forma de conduzir seus hábitos no controle metabólico. No manejo
clinico de natureza contínua uma vez que o diabetes não tem cura e cursa como doença
crônica, é importante o conhecimento às ações para o autocuidado tanto em âmbito
nutricional e médico. Na primeira avaliação dos pacientes (resposta ao questionário) ficou
evidente que muitos ainda estavam bastante equivocados e desorientados quanto à doença e
seu manejo; porém essa situação parece melhorar ao final das intervenções quando os mesmos
indivíduos responderam o mesmo inquérito e demonstraram maior segurança e ampliação de
seus conhecimentos sobre o Diabetes Mellitus (Figura 4).
Figura 4: Avaliação das crenças e conhecimentos sobre o DM no período pré e pósintervenção educativa. (n=56 acertos).
Crenças e conhecimentos sobre o DM
acertos dos pacientes
66,07%
n=37
Pré-intervenção
89,28%
n=50
Pós-intervenção
Em primeiro momento percebe-se um grau de desconhecimento que engloba não só o
tratamento nutricional, mas o conhecimento aprofundado sobre o DM, tais como informações
sobre o que é a doença, o que ela compromete, quais os tipos de diabetes existentes além de
dúvidas sobre o tratamento medicamentoso e o quanto a alimentação e o autocuidado poderão
influenciar na evolução da doença (sendo esta negativa ou positivamente).
Um programa de educação nutricional para portadores de diabetes mellitus, apontou,
dentre os efeitos satisfatórios redução no uso de hipoglicemiantes e na frequência de sintomas
associados ao diabetes e aumento subjetivo do bem-estar, o que fez com que aumentasse a
adesão do paciente ao mesmo (CAZARINI, et al., 2002).
Assim, acreditamos que as atividades educativas em grupo para pacientes com
diabetes mellitus, visando ao autoconhecimento e à autotransformação, passa pelo processo de
construção de mundo de cada um deles, propiciando que educador e educando permutem
informações, habilidades e atitudes através do vínculo e do compromisso de cada um com o
processo em questão (CAZARINI, et al., 2002).
O mesmo padrão foi observado quanto às crenças em relação à conduta nutricional e o
consumo alimentar habitual, pois os pacientes apresentavam muitas dúvidas e opiniões
15
inadequadas relativas à alimentação ideal no manejo do diabetes. Mais uma vez foi possível
observar uma melhora a cerca dos conhecimentos nessa área após o período de intervenção, o
que por si só pode estabelecer uma melhora no controle metabólico e prevenção de
complicações crônicas (Figura 5).
Figura 5: Crenças relativas ao manejo nutricional pré e pós-intervenção educativa.
(n=14).
Crenças relativas ao manejo nutricional
respostas equivocados
14,28%
n=2
0%
n=0
pré-intervenção
pósintervenção
Situações como essa mostram a importância de se haver além dos tratamentos
convencionais com terapias medicamentosas, campanhas de informação e conscientização a
respeito da doença, seus riscos à saúde e a melhor maneira de lidar com esse novo estilo de
vida. Cerca de 50% dos idosos diabéticos que não procuram o serviço de saúde não o faz por
achar desnecessário (FRANCISCO, 2010). Em um estudo realizado em 2009 dos 120
pacientes entrevistados, 113 (94,2%) acreditam na importância da alimentação no tratamento
do DM, com pequena variação entre os estratos (FRANCO; OLIVEIRA, 2010).
Em relação ao tratamento nutricional prescrito notou-se uma grande dificuldade dos
pacientes em aderirem ao tratamento, sendo este o ponto mais difícil e mais importante a ser
trabalhado junto a eles, já que a mudança de hábitos alimentares requer o desprendimento dos
mesmos em substituir um habito “antigo” por um “novo”, ou seja, essa mudança é o fator
mais complicado entre todos os tratamentos que os pacientes portadores de DM são
submetidos, a partir do momento em que este fator é trabalhado e o paciente recebe o apoio
dos familiares essa mudança acontece de forma mais natural e o tratamento evolui
positivamente (figura 6).
Figura 6: Dificuldade em adesão ao tratamento nutricional no período pré e pósintervenção educativa. (n=14).
Crenças relativas ao manejo nutricional
Pacientes com dificulade na adesão
100%
n=14
pré-intervenção
78,53%
n=11
pósintervenção
16
Em um estudo realizado em 2010 em São Paulo, verificou-se que apesar de estar
informada e acreditar na importância da alimentação no tratamento do DM, uma parcela
importante dos pacientes entrevistados não segue as orientações recebidas. Em média, 14,1%
dos entrevistados declaram nunca seguir a recomendação dietoterápica, 37,5% dizem fazer
“às vezes” e 48,3% “sempre” (OLIVEIRA, 2010).
A adesão é muito mais que simplesmente cumprir as determinações do profissional de
saúde, neste processo, os pacientes têm autonomia e habilidade para aceitar ou não essas
recomendações, tornando-se, portanto agentes participantes ativos do processo de cura. A
baixa adesão a tratamentos longos, como é o caso do diabetes, compromete a efetividade dos
mesmos, tornando-se um problema crítico para a saúde da população, no tocante à diminuição
da qualidade de vida relacionada a aspectos econômicos (PONTIERI, 2010).
Alguns dos pacientes entrevistados demonstraram alguma falta de conhecimento em
relação aos produtos Diet e Light, ou por não saberem suas funções dietéticas ou por
acreditarem que por se tratar de produtos modificados, poderiam consumi-los sem restrições.
Após a intervenção educativa este foi o item de maior acerto entre os pacientes, demostrando
o conhecimento adquirido (Figura 7).
Figura 7: Indicação do consumo de alimentos Diet e Light pré e pós-intervenção
educativa. (n=28).
Indicação de Consumo de alimentos Diet e Light
respostas equivocados
42,85%
n=12
17,85%
n=1
Préintervenção
Pósintervenção
Em um estudo realizado em 2010, verificou-se que quanto ao conhecimento acerca
dos produtos diet e light, apenas 37,5% dos pacientes disseram saber a distinção entre eles,
com pouca diferença entre adultos e idosos e entre os níveis primário e secundário. As
respostas mais citadas para o produto diet foram: isento de açúcar (38,5%) e indicado para
diabéticos (31,9%); enquanto para o produto light foram: menos açúcar (28,2%) e indicado
para emagrecimento (31,2%). Nota-se que existe uma confusão sobre o assunto como
mostram as respostas fornecidas pelos 45 pacientes que disseram saber a diferença
(OLIVEIRA, 2010).
Outro problema detectado foi em relação ao consumo de Sódio/Sal, esta abordagem
foi necessária porque portadores de Diabetes Mellitus tem um risco maior para desenvolver
Hipertensão Arterial Sistêmica (DALL’ALBA; AZEVEDO, 2010). A grande maioria referiu
diminuir o consumo de sal durante as refeições, entretanto não souberam fazer a correlação ao
sódio, pois acreditavam não ser o sódio e sim o sal que contribuísse para o descontrole da
pressão arterial sistêmica, bem como demostraram não saber que o sódio é um conservante
utilizado pela indústria alimentícia para a conservação dos alimentos em geral incluindo os
17
produtos doces. Pode-se notar mais uma vez a contribuição positiva da educação nutricional
para o tratamento do DM baseado nos conhecimentos adquiridos pelos pacientes (Figura 8).
Figura 8: Consumo de sódio/Sal pré e pós-intervenção educativa. (n=28).
Consumo de Sódio/Sal
Respsotas equivocados
42,85%
n=12
7,14%
n=2
Pré-intervenção
Pós-intervenção
A presença de DM é um fator de risco independente para doença arterial
coronariana (DAC), doença vascular periférica (DVP) e acidente vascular cerebral (AVC),
que representam as complicações crônicas macrovasculares e são as principais causas de
morte nesses pacientes. Estudo transversal que incluiu 927 pacientes com DM tipo 2,
atendidos em nível ambulatorial em três centros médicos do Rio Grande do Sul, observou
uma prevalência de DAC de 36%, DVP de 33% e hipertensão arterial de 73% (DALL’ALBA;
AZEVEDO, 2010).
No estudo realizado em 2009 a frequência de pacientes hipertensos foi elevada em
todos os estratos, variando de 73,3% em adultos a 86,7% em idosos. A proporção de pacientes
que possuíam algum tipo de dislipidemia variou entre 48,3% em adultos a 68,3% em idosos
(FRANCO; OLIVEIRA, 2009).
Quanto ao consumo de adoçante os pacientes também revelaram desconhecimento a
este assunto, mas em menor grau, já que para eles este alimento é de extrema necessidade de
consumo. Mas a falta de conhecimento leva os indivíduos ao uso incorreto de alguns
produtos, neste caso, adoçantes, quimicamente prejudiciais ao organismo. Os mesmo foram
orientados quanto ao adoçante ideal a ser utilizado em relação a sua composição química e a
sua especificidade em cada momento e a quantidade do mesmo (Figura 9).
Figura 9: Consumo de Adoçantes pré e pós-intervenção educativa. (n=28).
Consumo de adoçantes
Respostas equivocados
14,28%
n=4
0%
n=0
Préintervenção
Pósintervenção
18
De acordo com uma pesquisa realizada em São Paulo, cerca de 90,5 % dos pacientes
entrevistados faziam uso de adoçantes, por julgarem que se tratava de uma necessidade do
tratamento de diabetes e informaram o diagnóstico de DM como o principal fator
determinante para seu uso (FRANCO, 2002).
Quanto ao papel das fibras para o controle glicêmico, os pacientes também
demonstraram um nível razoável de conhecimento, apenas existiam dúvidas quanto à
diferenciação dos tipos de fibras, solúveis e insolúveis, que foram sanadas, o que contribui em
grande parte ao controle glicêmico, melhorando a qualidade de vida dos mesmos (Figura 10).
Figura 10: Consumo de fibras pré e pós-intervenção educativa. (n=14).
Consumo de fibras
Respostas equivocados
39,29%
n=11
3,57%
n=1
Préintervenção
Pósintervenção
As fibras alimentares têm também um papel importante no manejo dietoterápico de
pacientes com DM já estabelecido, por meio de seus efeitos benéficos sobre homeostase
glicêmica, perfil lipídico, saciedade, peso corporal e fatores de risco para doença
cardiovascular. Isso foi também confirmado por uma metanálise com 16 estudos envolvendo
136 pacientes com DM tipo 1 e tipo 2, na qual dietas com alto conteúdo de fibras e moderado
teor de carboidratos, quando comparadas a dietas com o mesmo teor de carboidratos, porém
pobres em fibras, promoveram redução significativa da glicose pós-prandial (-21%), do LDLcolesterol (-7,9%) e dos triglicerídios (-8,3%). (DALL’ALBA; AZEVEDO, 2010).
O uso de instrumentos ou questionários de avaliação é um importante recurso em
programas educativos na área da saúde, pois possibilitam mensurações dos efeitos do
processo de ensino e aprendizagem e possíveis mudanças de atitudes sobre Diabetes Mellitus
(DM). É também uma forma de conhecer as necessidades dos indivíduos e das condições para
a implementação do processo educativo.
O profissional de saúde deve ficar atento ao grau de entendimento que o paciente tem
a respeito da doença e do tratamento a ser seguido. Muitas vezes o modo como ele interpreta
as informações passadas pelo profissional são equivocadas, o que pode causar desde uma
radicalização das orientações e com isso um abaixa aceitação da dieta prescrita, até mesmo
um desequilíbrio nos índices glicêmicos pelo modo errôneo de escolha dos alimentos quali e
quantitativamente (PONTIERI, 2010).
5. Considerações Finais
A importância da educação nutricional como requisito em promoção ao autocuidado se
faz de extrema importância em qualquer fase do tratamento. O profissional da Nutrição como
educador atuante deverá sempre usar uma linguagem simples favorecendo o aprendizado dos
pacientes, visando uma melhora positiva na qualidade de vida dos portadores de Diabetes
Mellitus.
19
Para que o objetivo desta promoção à saúde seja alcançado é indispensável a
participação da família como aspecto motivacional e da equipe multiprofissional que aliará
outros conhecimentos e tratamentos.
6. Referencias
Castro, Adriana G.P.; Franco, Laercio J. Características do consumo de adoçantes
alternativos e produtos dietéticos por indivíduos diabéticos. Arq. Bras. Endocrinol.
Metab.
São
Paulo,
Vol.46,
nº
3.
2002.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000427302002000300011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em 20 out. 2012
DIRETRIZES. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009
Oliveira, P. B.; Franco, L. J. Consumo de adoçantes e produtos dietéticos por
indivíduos com diabetes melito tipo 2,atendidos pelo Sistema Único de Saúde em
Ribeirão Preto, SP. ArqBrasEndocrinolMetab. 54/5. 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/abem/v54n5/05.pdf>. Acesso em 20 out. 2012.
Pontieri, F. M.; Bachion, M. M. Crenças de paciente diabéticos acerca da terapia
nutricional e sua influência na adesão ao tratamento. Ciência & Saúde. Rio de Janeiro,
Vol.15, nº 1. 2010. Disponível :<http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n1/a21v15n1.pdf>.
Acesso em 20 out. 2012
PROJETO DIRETRIZES. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de
Medicina. Volume IX. Brasília, 2011.
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. Relatório
das doenças e agravos não transmissíveis no Distrito Federal e do plano distrital de
promoção
da
saúde.
2011.
Disponível
em:
http://www.saude.df.gov.br/sites/100/163/00010855.pdf. Acesso em 30 out. 2012
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. São 12 milhões de diabéticos no
Brasil. 2012. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/sala-de-noticias/2116-sao12-milhoes-de-diabeticos-no-brasil>. Acesso em 30 out. 2012
Lima J G, Nóbrega L H C, Vencio S. Diabetes Mellitus: Classificação e diagnóstico.
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 2004.
Caldas G, Chaves C, Hissa A, Hissa M, Cuppari L. Diabetes Mellitus: Recomendações
Nutricionais. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Sociedade
Brasileira de Nefrologia, 2005.
Dall’alba, V.; Azevedo, M. J. de. Papel das fibras alimentares sobreo controle do
índice glicêmico, perfil lipídico e pressão arterial em pacientes com diabetes melito
tipo 2. Serviço de Endocrinologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 2010.
Scheffel, F. S.; Bortalanza, D.; Weber, C. S.; COSTA, L. A. da; Canani, L. H.; Santos,
K. G. dos; Crispim, D.; Roisenberg, I.; Lisboa, H. R. K.; Tres, G. S.; Tschiedel,B.;
Gross, J. L. Prevalência de complicações micro e macrovasculares e de seus fatores de
20
risco em pacientes com diabetes melito do tipo 2 em atendimento ambulatorial.
Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS,
2004.
Schmidt, M. I.; Duncan, B. B.; Hoffmann, J. F.; Moura, L. de; Malta, D.C.; Vilanova,
R. M. S. Prevalência de diabetes e hipertensão no Brasil baseada em inquérito de
morbidade auto-referida, Brasil, 2006. Revista Saúde Pública, 2009.
Borges, V.C.; Correia, M.I.T; Alvarez-Leite, J. Terapia Nutricional no Diabetes
Mellitus. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral Associação Brasileira
de Nutrologia, 2011.
Iriguchi, E. K. K.; Liranço, E; Vasques, C. T.; Ferreira, E.; Felix, R. de C.; Bruno, I.
B.; Salado, G. A. Educação Nutricional para Diabéticos e Hipertensos, colaborando
com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Centro Universitário de
Maringá, Maringá, Paraná, 2009.
Cazarini, R. P.; Zanetti, M. L.; Ribeiro, K. P.; Pace, A. E.; Foss, M. C. Adesão a um
grupo educativo de pessoas portadoras de Diabetes mellitus: Porcentagem e causas.
Medicina, Ribeirão Preto, SP, abr/junho,2002.
7. Anexo 1 – Questionário
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PACIENTES PORTADORES DE DIABETES - EDUCAÇÃO
NUTRICIONAL – 2012
1. EU CONHEÇO BEM A MINHA DOENÇA, (DIABETES)?
( ) SIM
( ) NÃO
2.
(
DIABESTES TIPO 2 É MAIS GRAVE QUE DIABETES TIPO 1 ?
) SIM
( ) NÃO
3. DIABETES TEM CURA?
( ) SIM
(
) NÃO
4. SÓ COM OS MEDICAMENTOS CONSIGO CONTROLAR A DOENÇA?
( ) SIM
( ) NÃO
5. ME SINTO INFORMADO SOBRE AS MELHORES ESCOLHAS ALIMENTARES, O QUE DEVO
COMER OU NÃO?
( ) SIM
( ) NÃO
(
6. MINHA MAIOR DIFICULDADE NO CONTROLE DA DOENÇA E A DIETA?
) SIM
( ) NÃO
(
7. ALÉM DO ADOÇANTE POSSO USAR O MEL E O AÇUCAR MASCAVO?
) SIM
( ) NÃO
(
8. TODOS OS ADOÇANTES SÃO IGUAIS E POSSO USAR QUALQUER UM DELES?
) SIM
( ) NÃO
(
9. OS PRODUTOS DIETS PODEM SER USADOS A VONTADE?
) SIM
( ) NÃO
10. PRODUTOS LIGHTS TAMBÉM PODEM SER USADOS POR DIABETICOS?
21
(
) SIM
(
) NÃO
(
11. UMA PESSOA COM DIABETES NÃO PRECISA CONTROLAR O USO DE SAL/ SÓDIO?
) SIM
( ) NÃO
(
12. APENAS NOS PRODUTOS SALGADOS CONTEM SÓDIO?
) SIM
( ) NÃO
(
13. POSSO COMER A VONTADE SER O ALIMENTO FOR INTEGRAL?
) SIM
( ) NÃO
(
14. POSSO COMER MELANCIA, BETERRABA E UVA SEMPRE QUE EU QUISER?
) SIM
( ) NÃO
22
Download