Instituto Superior Técnico Departamento de Matemática Secção de Álgebra e Análise Prof. Gabriel Pires Intervalos. Partições. Funções em Escada 1 Definições Definição 1 (cf. [1, 2]) Um intervalo aberto em Rn é um conjunto da forma I = {(x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn : ak < xk < bk ; k = 1, 2, . . . , n} em que −∞ ≤ ak < bk ≤ +∞ ; k = 1, 2, . . . , n. Se designarmos por Ak =]ak , bk [ (intervalo aberto em R), teremos I = A1 × A2 × . . . × An e dizemos que I é o produto cartesiano das suas arestas Ak . I b3 b2 a A3 I I b a2 A1 a1 A2 b2 b1 b1 Figura 1: Intervalos em R, R2 , R3 Note-se que em R2 um intervalo é um rectângulo cujas arestas são paralelas aos eixos coordenados. Em R3 trata-se de um paralelipı́pedo cujas faces são paralelas aos planos coordenados e cujas arestas são paralelas aos eixos coordenados. No caso em que −∞ < ak < bk < +∞ ; k = 1, 2, . . . , n, diz-se que I é um intervalo limitado. Na figura 1 representam-se exemplos de intervalos limitados em R, R2 e R3 . /// Definição 2 Dado um intervalo limitado I =]a, b[⊂ R, uma partição de I é uma colecção finita de pontos P = {a = p0 < p1 < . . . < pm = b} ; m ∈ N . Note-se que esta colecção de pontos determina outra colecção de subintervalos {Ik ; k = 1, 2, . . . , m} com extremos nos pontos pk−1 e pk . Assim, a partição P pode ser identificada com a colecção finita de subintervalos {Ik }m k=1 cuja união é o intervalo I. Uma partição de um intervalo limitado I = A1 × A2 em R2 é o produto P = P1 × P2 em que Pk é uma partição da aresta Ak ; ; k = 1, 2. Sejam m1 e m2 , respectivamente, o número de subintervalos de P1 e P2 . Tal como no caso anterior, a partição P pode ser identificada com uma 1 ,m2 colecção de subintervalos que denotaremos por {Ij,k }m j,k=1 . 1 I Ijk Figura 2: Partição de um intervalo em R2 Na figura 2 representa-se uma partição de um intervalo em R2 . Do mesmo modo, dado um intervalo limitado I = A1 × A2 × A3 em R3 , uma partição de I é o produto P = P1 × P2 × P3 em que Pk é uma partição da aresta Ak ; ; k = 1, 2, 3. Tal como nos 1 ,m2 ,m3 . casos anteriores, podemos identificar P com uma colecção de subintervalos {Ijkl }m j,k,l=1 Assim, de uma forma geral, uma partição de um intervalo limitado I pode ser definida por uma colecção de subintervalos {Ik }N k=1 em que N < ∞ tais que I = ∪N k=1 Ik 3 0 .5 1 −2 Figura 3: Exemplo de uma função em escada em R /// Definição 3 • Seja I ⊂ Rn um intervalo limitado. Diz-se que s : I → R é uma função em escada em I se existir uma partição de I , {Ik }N k=1 e uma colecção de números reais {sk }N , tais que s(x) = s se x ∈ int(I ) , em que int(I k k k ) designa o interior de Ik . k=1 • Seja I ⊂ Rn um intervalo não limitado. Diz-se que s : I → R é uma função em escada em I se existir um intervalo limitado J ⊂ I tal que s é uma função em escada em J e toma o valor zero em I \ J. 2 /// Definição 4 Dado um intervalo limitado, I ⊂ Rn , chama-se volume de I à quantidade vol(I) = n Y (bi − ai ) i=1 0 6 1 6 Figura 4: Exemplo de uma função em escada em R2 Definição 5 Dada uma função em escada, s : I → R, chama-se integral de s em I à quantidade Z I 2 s= N X s vol(Ik ) k k=1 Exemplos i) Seja I =]0, 1[⊂ R e s : I → R a função, cujo gráfico se apresenta na figura 3, definida por se 0 < x < 12 1, 3, se 21 < x < 23 s(x) = −2 se 32 < x < 1 Trata-se de uma função em escada cujo integral é dado por Z 2 1 2 1 1 2 1 1 s = 1 × + 3 × ( − ) − 2 × (1 − ) = + − = 2 3 2 3 2 2 3 3 I /// ii) Seja I =]0, 6[2 =]0, 6[×]0, 6[⊂ R2 e s : I → R a função em escada dada por 4 se 0 < x < 1 ; 0 < y < 1 2 se 0 < x < 1 ; 1 < y < 2 1 se 3 < x < 6 ; 1 < y < 2 s(x, y) = 4 se 3 < x < 6 ; 5 < y < 6 0 nos restantes casos 3 cujo gráfico se apresenta na figura 4. O integral de s em I é dado por Z s = 4 + 2 + 1 + 1 + 1 + 4 + 4 + 4 = 21 I /// iii) Seja I =]0, 1[×]0, 2[×]1, 2[⊂ R3 e s : I → R dada por 1 se 0 < x < 1 ; 0 < y < 2 ; 1 < z < 23 s(x, y, z) = 2 se 0 < x < 1 ; 0 < y < 2 ; 23 < z < 2 O integral de s em I é dado por Z 1 1 s=1×1×2× +2×1×2× =3 2 2 I Referências [1] Luı́s T. Magalhães. Integrais Múltiplos. Texto Editora, 1996. [2] H. A. Priestley. Introduction to Integration. Oxford, Clarendon Press, 1997. 4