Periodicidade: Semanal Temática: Economia Expresso Classe: Informação Geral Dimensão: 1381 23­12­2016 Âmbito: Nacional Imagem: S/Cor Tiragem: 131300 Página (s): 10 Economia 2 cm Paridade euro dólar Trump dirá Moeda única está no mínimo de 14 anos Novo Presidente dos EUA pode acelerar queda O euro desceu para menos de 1 04 dólares norte ameri canos nas últimas sessões no mercado cambial um míni mo desde 2002 ver gráfico Desde o início do ano já des valorizou 4 7 face ao dólar Desde o pico de valorização deste ano a 15 de maio com o câmbio então em 1 599 dólares a descida foi signifi cativa de 10 4 A expecta tiva é que chegue à paridade com o dólar no início de 2017 e que possa inclusive valer menos a partir do segundo trimestre dependendo do impacto das medidas que a nova Administração Trump levar efetivamente à prática nos primeiros 100 dias Com a Europa próxima da estagnação económica e com o Banco Central Europeu BCE a implementar pro gramas não convencionais para acelerar a inflação os investidores estimam que o diferencial de taxas de juros de médio e longo prazo entre ambas economias justificará um dólar tendencialmente próximo da paridade face ao euro refere ao Expresso João Queiroz diretor de ne gociação do Banco Carrego sa De facto as previsões de muitos analistas financeiros é que a paridade entre o euro e o dólar poderá ser atingida no início de 2017 uma situa ção que não se regista desde o começo de 2002 Em princípio a tendência de alta do dólar continua rá enquanto se mantiver e acentuar a divergência de políticas monetárias entre a Reserva Federal norte a mericana Fed e o BCE O diferencial das taxas de juro entre o dólar e o euro tem explicado a maior parte dos movimentos cambiais entre as duas divisas nos últimos anos afirma nos por seu lado Filipe Garcia presi dente da IMF Informação de Mercados Financeiros O movimento de valoriza ção do dólar pode levar até a que o euro desça da parida de Para os especialistas da Brown Brothers Harriman Co BBH uma firma interna cional de serviços financeiros de Wall Street o euro pode rá cair para 0 99 dólares e 0 95 dólares no segundo e no quarto trimestres do próximo ano respetivamente O euro valeu menos do que o dólar entre o início de 2000 e ju lho de 2002 Uma trajetória de maior aperto monetário juntamente com uma política orçamental mais folgada está associada a uma valorização cambial Foi esse o resultado da combinação de políticas monetária e orçamental nos Estados Unidos nos tempos da Administração Reagan com Paul Volcker à frente da Fed e na Alemanha após a queda do Muro de Berlim e da reunificação do país refere nos Marc Chandler respon sável global pela estratégia cambial na BBH Mais divergência entre EUA e zona euro Ora a expectativa entre os analistas é para uma traje tória de subida gradual mais rápida das taxas de juro de referência da Fed em 2017 até chegarem a 1 4 no final do ano estão atualmente em 0 75 depois da divulgação das projeções da Fed na re cente reunião de 13 e 14 de dezembro A esse aumento do custo do dinheiro pelo banco central norte americano de verá associar se um impulso orçamental por parte da nova Administração Trump Na zona euro não é previ sível que o BCE suba as ta xas de juro do nível atual de 0 e na última reunião deste ano ampliou o programa de compra de ativos até final de dezembro de 2017 Este qua dro permitirá que os juros da dívida dos países do centro do euro se mantenham em níveis negativos ou historicamente muito baixos O prémio da dívida norte americana em relação à alemã continuará a fixar máximos Filipe Garcia refere que o ano de 2016 se despede com os spreads da dívida norte americana em relação à alemã em máximos de 16 anos no prazo a 2 anos e desde a década de 1990 no prazo a 10 anos Isto gera um incentivo que encoraja fluxos de investimento em di reção aos EUA conclui por seu lado Marc Chandler Mas como a incerteza vai marcar o próximo ano Filipe Garcia recomenda atenção a três fatores que poderão con dicionar a evolução do câm bio entre o euro e o dólar o que efetivamente Trump leva rá à prática do seu programa eleitoral e que prioridades assumirá no primeiro ano de mandato o comportamento do mercado obrigacionista global que poderá ter inter rompido em julho passado um ciclo de mercado bull com tendência de alta que durava há 40 anos e uma eventual correção forte nas ações cujo mercado bull dura há sete anos e meio e onde já há indicadores que o fazem parecer caro Jorge Nascimento Rodrigues Prós e contras da desvalorização A política monetária do Banco Central Europeu seguida desde o lançamento do programa de compra de ativos em março de 2015teve um triplo efeito Operou um verdadeiro resgate dos periféricos da zona euro em relação a Portugal soma quase €24 mil milhões em aquisições de obrigações do Estado fez descer brutalmente o custo de financiamento dos países do centro do euro que se financiamno mercado a taxas negativas ou muito baixas e provocou uma depreciação de 8 3 do euro em relação ao dólar No entanto em termos de evolução face ao conjunto das divisas dos seus 19 principais parceiros comerciais o euro valorizou se cerca de 1 no período referido Nas exportaçõesde produtos da zona euro que se destinem a países que usam o dólarnorte americano a competitividade pela descida do preço relativo tem efeitos positivos Mas nas importações em dólares o efeito é contrário Enquanto o preço em dólares do barril de crude caiu a zona euro beneficiou Mas com a trajetória atual de subida dos preços o impacto é negativo desde final de outubro o preçodo barril de Brent por exemplo subiu 13 6 em dólares mas aumentou 19 9 no contravalor em euros O que ajuda a subir a inflação e facilita a vida ao BCE O efeito da desvalorização tem por isso suscitado grande controvérsia