Estudo da qualidade de energia do Supermercado

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Estudo da qualidade de energia do
Supermercado Escola na Universidade Federal
de Viçosa
Clara Perini, Laíne Souza, Thiago Leal e José C. C. Campos
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa - MG
Resumo ---O estudo de qualidade de energia é cada vez
mais difundido em várias atividades. Isso se deve ao fato dos
avanços na área de eletrônica de potência e dos estudos de
transformadores e motores, fazendo com que não somente a
distribuição de forma firme e continua do fornecimento de
energia elétrica fosse essencial, mas também a análise de sua
qualidade tivesse importância. Durante a alimentação das
máquinas pelo sistema elétrico industrial, há a presença de
distúrbios que afetam a qualidade da energia elétrica, os quais são
produzidos pelo próprio equipamento e/ou pelo sistema
alimentador. Como consequência, as máquinas sofrem desgastes,
diminuindo sua vida útil e, também executam as suas funções de
forma diferente da qual foram planejadas, alterando o seu
rendimento. Vários tipos de perturbações já foram detectados nas
redes elétricas em geral e para dimensioná-los, a ANEEL, Agência
Nacional de Energia Elétrica, criou o módulo de Procedimentos
de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional
– PRODIST, no qual ela estabelece os níveis tolerados de cada tipo
de distúrbio que é considerado importante e as medidas que
poderão ser tomadas pela concessionária ou mesmo pelo
consumidor, caso os mesmos não estejam conforme o módulo.
Neste trabalho, foi estudada a qualidade de energia elétrica do
Supermercado Escola na Universidade Federal de Viçosa,
enfatizando a tensão de alimentação do sistema, e usada como
base de comparação os índices e métodos para medições do
PRODIST, com a finalidade de um melhoramento da energia
distribuída dentro da Universidade Federal de Viçosa e a
definição do perfil energético deste consumidor.
Palavras-chaves --- Qualidade de energia, fatores de
qualidade de energia, fator de potência, consumidor de baixa
tensão.
I. INTRODUÇÃO
Por volta dos anos 60, foi imensamente difundida a
energia elétrica no mundo, e com isso, a população passou a
usufruir de seus benefícios, tanto nas áreas de conforto,
emprego ou produção. Assim, essa energia influenciou em uma
melhoria na qualidade de vida e logo vieram os
questionamentos sobre quais conceitos e parâmetros seriam
necessários para definir uma estrutura capaz de classificar a
energia elétrica nos padrões de qualidade desejável. O termo
qualidade de energia surge para referir-se a uma ampla
variedade de fenômenos eletromagnéticos que caracterizam a
corrente e a tensão em um determinado tempo e localização
sobre o sistema elétrico em questão, os quais precisam ser
estudados e analisados [1]-[2].
No final de 2008 a Agência de Energia Elétrica (ANEEL)
publicou os Procedimentos de Distribuição (PRODIST), que
disciplinam o relacionamento entre distribuidoras de energia
elétrica e os demais agentes. O Módulo 8 do PRODIST
regulamenta a área de Qualidade da Energia Elétrica (QEE).
Esta Norma define as metodologias de medição, indicadores,
limites e valores de referência – inexistentes até então [3].
Devido à carência de informações sobre as características do
sistema, uma campanha de medição será realizada. O objetivo
é fazer um levantamento das características do sistema. Como
o mercado nacional é muito sensível ao custo, medidores de
baixo custo para uso em larga escala são imprescindíveis [4][5].
Então, o objetivo principal deste trabalho é realizar
esse levantamento das características do sistema de energia
elétrica no Supermercado Escola, analisando os distúrbios
presentes na rede do local, de acordo com o módulo 8 do
PRODIST [3], utilizando medidores de baixo custo, devido a
sensibilidade do mercado nacional ao preço- como por
exemplo um medidor QEE [1] descrito nesse trabalho. Devese verificar se a energia entregue pela distribuidora está dentro
dos padrões aceitos por esse módulo e se a carga consumidora
não contribui de maneira negativa na rede.
II. DISTÚRBIOS DE QUALIDADE
Este trabalho explicará os parâmetros de qualidade
de acordo com o Modulo 8 – Qualidade de energia elétrica,
escrito pela Agência Nacional de Energia Elétrica [3], e
constatará como estes fatores interferem no cotidiano do
consumidor e na distribuidora de energia em questão.
A- Tensões em Regime Permanente
Este indicador permite analisar a conformidade da
tensão elétrica. A tensão eficaz de cada intervalo é
classificada em um conjunto de faixas: Adequada, Precária e
Crítica. A Fig.1 apresenta as faixas para tensão nominal igual
a 127V [4]. Limites para outras tensões são definidos em [3].
Fig.1: Faixas de conformidade de tensão elétrica (127V).
O número de intervalos classificados nas faixas
precárias e críticas resultam, respectivamente, nos Índices de
Duração Relativa da transgressão para tensão Precária DRP e
Crítica DRC, calculados por (1) e (2), sendo nlp e nlc os
números de intervalos precários e críticos[03].
𝐷𝑅𝑃 =
𝐷𝑅𝐶 =
𝑛𝑙𝑝
1008
𝑛𝑙𝑐
1008
. 100
(1)
. 100%
(2)
𝐹𝐷 =
B - Fator de Potência
O Fator de Potência (𝑓𝑝) está relacionado com a razão
entre a potência ativa e a potência aparente total e pode ser
calculado por (3) [4]. O valor ideal desta razão não pode ser
inferior aos 0,92 indutivo ou capacitivo, sendo uma unidade
consumidora com tensão inferior a 230kV [3].
𝑓𝑝 =
𝑃
(3)
√𝑃 2 +𝑄2
C – Harmônicos
As distorções na forma de onda em regime
permanente são ondas senoidais de menores intensidades e
com frequência múltipla inteira da principal, que se somam a
tensão principal, fazendo uma deformação na forma de tensão
[6]. A distorção harmônica origina-se nas características nãolineares de dispositivos e cargas do sistema. [7]
Para quantificar este nível de distorção são usados
dois parâmetros: Distorção Harmônica Individual de Tensão
(DIT) e a Distorção Harmônica Total (DTT), dadas por (4) e
(5), sendo 𝑉ℎ a tensão eficaz correspondente a harmônica de
ordem h e 𝑉1 a tensão fundamental eficaz [8].
𝐷𝐼𝑇ℎ =
𝐷𝑇𝑇 =
𝑉ℎ
𝑉1
. 100%
2
√∑ℎ𝑚𝑎𝑥
ℎ=2 𝑉ℎ
𝑉1
. 100%
com o desequilíbrio de tensão. Este fenômeno é ocasionado
por situações que ocorrem de forma rotineira, como por
exemplo, problemas na fonte, um curto circuito em
transformadores e geradores ou até mesma um desequilíbrio
das cargas conectadas na rede, causando desequilíbrio de
corrente e, consequentemente, o de tensão também [9].
O fator de desequilíbrio é dado por (6), sendo 𝑉− a
tensão da sequência negativa e 𝑉+ a tensão da sequência
positiva. O fator FD medido nos barramentos de distribuição
deverá ser igual ou menor que 2% [3].
(4)
(5)
Para efeitos de padronização, ao calcular o valor DTT,
deve-se considerar até no mínimo a 25ª ordem harmônica [4].
Para uma alimentação menor que 1kV, este índice poderá ser
no máximo a 10%. E os valores de DIT máximos tolerados
estão estabelecidos na Tabela I [4].
𝑉
TABELA I: NÍVEIS DE HARMÔNICOS DE REFERÊNCIA ( ℎ⁄𝑉 ) PARA
1
AS DIVERSAS ORDENS HARMÔNICAS.
𝑉−
𝑉+
. 100%
(6)
E – Flutuação de tensão
A flutuação de tensão é uma variação aleatória,
repetitiva ou esporádica do valor eficaz da tensão[10].
Com base apenas na definição supracitada, pode-se
concluir que o surgimento das flutuações de tensão está
associado tão somente com grandes e bruscas variações de
potência reativa. Porém, posteriormente serão apresentados
conceitos que descrevem melhor a origem deste fenômeno,
assinalando sua relação com a presença de componentes interharmônicas, que são ondas senoidais cujas frequências não são
números múltiplos inteiros da frequência fundamental[11][7]. Primeiro, calcula-se os índices de severidade de cintilação
de curta (Pst) e longa duração (Plt). A cada dia de medição
(144 intervalos) calcula-se o percentil PstD95% – valor que
representa 5% maiores valores de Pst. No final de uma
semana, calcula-se os índices: o percentil PltS95% (valor que
representa os 5% maiores valores de Plt) e o maior
PstD95%[4]-[12].
Este tipo de fenômeno está associado ao flicker, já que
devido a variações do valor eficaz da tensão, é visivelmente
observada uma variação na luminosidade das lâmpadas [13].
F – Variações de curta duração
Variações de curta duração no valor da tensão eficaz
são ocasionadas por partidas de grandes motores, energizações
de capacitores ou até mesmo por queda na energia. As
classificações dessas variações dependem do tempo e da
amplitude [14]-[7].
Não há indicadores para medição deste distúrbio[4],
mas as concessórias devem disponibilizar aos consumidores
os desempenhos de barras que são monitoras na distribuição
da energia, logo estes poderão comparar o desempenho com a
energia que é recebida.
G – Variação de frequência
D – Desequilíbrio de Tensão
As modificações nos padrões trifásicos do sistema
elétrico de potência, ou seja, alterações na magnitude ou até
mesmo no ângulo de fases entre as tensões, estão relacionadas
Oscilações na frequência da rede elétrica, 60 Hz, são
comuns. É difícil manter constante o período da onda de
tensão pelo simples fato de que os geradores diversos têm que
estar em sincronismo com as solicitações das cargas. O
controle entre a potência gerada e a consumida tem que estar
em equilíbrio. Caso não esteja, ocorrem variações na
velocidade de geradores e, logo, na frequência de rede.
Como não se armazena a energia gerada em excesso,
é necessário o controle da quantidade de potência que será
gerada. Os desvios na frequência mostram os erros na geração
[15].
A concessionária deve garantir uma frequência na
faixa de 59,9 Hz e 60,1 Hz em regime permanente e não pode
exceder os valores estimados na Tabela II em situações atípicas
[4], como no caso da recuperação para equilibrar carga e
geração ou mesmo um corte na geração de uma distribuidora.
TABELA II: DURAÇÕES ADMISSÍVEIS DE FREQUÊNCIAS.
Frequência da rede
Período
Acima de 62 Hz
30 dias
Acima de 63,5 Hz ou abaixo de
10
58,5 Hz
segundos
Abaixo de 57,5 Hz
5 segundos
restringiram os valores tolerados do distúrbio. Receberão
critérios específicos de amostragens, os quais dependem do
tipo de Unidade Consumidora, que é o cliente, e neste caso
será uma unidade consumidora de baixa tensão alimentada a 3
fios, ou seja, uma rede trifásica de 127/220 V.
V. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O primeiro quesito que será estudado neste trabalho
é a qualidade da energia quando se analisa a tensão eficaz.
Neste caso, trata-se de dois fatores que a influenciam: as
variações de tensão em curta duração e as variações em regime
permanente. Para exemplificar a análise destes fatores, segue
o histograma da fase A, Fig.2, no primeiro dia de medição.
III. MATERIAIS E MÉTODOS
Primeiramente foi escolhido o equipamento para
medição, que atendia os requisitos mínimos listados no
Protocolo- ter uma taxa amostral de 16 amostras por ciclo,
conversor A/D de sinal de tensão com 12 bits e precisão de até
1% da leitura [3].
Estes requisitos são exigidos quando se deseja medir
os indicadores de regime permanente, e não há outra
especificação para os dados seguintes que serão coletados [3].
Com base nesta lista, foi escolhido o equipamento Fluke 435
para medir os parâmetros para o estudo da qualidade de energia
em questão. O aparelho usado pertence ao laboratório de
engenharia elétrica da Universidade Federal de Viçosa.
Certos indicadores necessitam de atenção: o indicador
de tensão em regime permanente deve ter um intervalo entre
cada medição de 10 minutos, e capturar 1008 dados [3]. Assim,
gravaria durante uma semana. Para não haver contaminação
por variações de tensões momentâneas, como interrupções ou
afundamentos, as medidas contaminadas devem ser excluídas
e substituídas por valores subsequentes. Devido a logística,
foram feitas medições entre os horários de 10 as 16 horas
(período de 6 horas de duração das medições), entre os dias 10
a 13 de novembro de 2014.
Fig.2: Valores máximos da tensão da fase A encontrados no 1º dia de medição.
Com base nos valores máximos e mínimos
observados em cada dia, foi construída a Tabela III, para
analisar os resultados extremos.
TABELA III: VALORES MÍNIMOS E MÁXIMOS DE TENSÃO
MEDIDOS ENTRE OS DIAS 10 E 13 DE NOVEMBRO DE 2014, ENTRE
10 E 16 HORAS DE CADA DIA.
Data da
medição
1º dia
2º dia
IV. OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é analisar os distúrbios
na rede do Supermercado Escola da Universidade Federal de
Viçosa de acordo com o módulo, Procedimentos de
Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional
– PRODIST, distribuído pela ANEEL, Agência Nacional de
Energia Elétrica [03], e verificar se a energia entregue pela
distribuidora está dentro dos padrões aceitos por este Módulo
e se a carga consumidora não contribui de maneira negativa na
rede.
Serão estabelecidos critérios para classificar os
fenômenos que interferem na qualidade da energia elétrica e
também serão esclarecidos cada tipo de índices, que
3º dia
4º dia
Tensão
Tensão
Fase/Neutro
mínima
máxima
A
121,63 V
126,39 V
B
120,92 V
127,46 V
C
121,99 V
127,47 V
A
121,39 V
126,50 V
B
122,8 V
127,80 V
C
122,59 V
127,36 V
A
121,69
126,5 V
B
122,40 V
127,7 V
C
122,3 V
127,84 V
A
121,51 V
126,42 V
B
121,2 V
126,87
C
122,12 V
127,53 V
Não há variações acima das estipuladas, tanto na
análise dos valores aceitáveis de tensão em regime
permanente, quanto na análise das variações de curta duração.
Depois da averiguação da amplitude de tensão, foi
feito um estudo sobre a frequência da rede. Dessa forma
analisou-se os valores que estavam dentro e fora das margens
acetáveis e a duração destes eventos com valores extremos. A
Tabela IV demostra os resultados obtidos nos dias de
medições.
TABELA IV: VALORES DE FREQUÊNCIA MEDIDOS ENTRE OS DIAS
10 E 13 DE NOVEMBRO DE 2014, ENTRE 10 E 16 HORAS DE CADA
DIA.
Data da
medição
1º dia
2º dia
3º dia
4º dia
Valor
Máximo
60,100
60,064
60,077
60,064
Valor
Mínimo
59,883
59,992
59,907
59,922
Valores medidos
dentro da faixa
99,23%
100%
100%
100%
A norma fornece valores máximos admissíveis
observados, logo considera-se as maiores medidas entre as 3
fases e dos 4 dias de medições. A Tabela VI expressa os piores
resultados obtidos.
TABELA VI: DISTORÇÕES HARMÔNICAS MÁXIMAS MEDIDAS
ENTRE OS DIAS 10 E 13 DE NOVEMBRO DE 2014, ENTRE 10 E 16
HORAS DE CADA DIA.
Harmônicas
Ordem Harmônica
máximas medidas
5
2,64
7
0,46
Impares não
11
0,22
múltiplas de 3
13
0,03
17
0,2
19
0,17
>23
0
3
0,58
Impares múltiplas
9
0,16
de 3
15
0,08
21
0,08
Valores máximos
>21
0
de FD
2
0,28
1º dia
1,25%
4
0,11
2º dia
0,73%
6
0,12
3º dia
0,76%
8
0,04
4º dia
0,73%
10
0,03
12
0,04
>12
0,02
Os valores estão dentro das faixas aceitáveis, e
quando eles foram extrapolados, foi por um curto período de
tempo.
Para verificar se o desequilíbrio de tensão estava nos
valores aceitáveis, foi estudado o fator de desequilíbrio. A
Tabela V mostra os valores extremos superiores do FD de cada
dia.
TABELA V: VALORES MÁXIMOS DE FD MEDIDOS ENTRE OS DIAS
10 E 13 DE NOVEMBRO DE 2014, ENTRE 10 E 16 HORAS DE CADA
DIA.
Data da medição
Como é estipulado que o valor máximo de FD teria
que ser 2%, pode-se afirmar que não houve variações críticas
neste quesito.
Ao analisar as distorções harmônicas, verifica-se que
as médias totais e as parciais de todas as fases estão dentro dos
parâmetros admissíveis, sendo que devem-se considerar as
distorções de fase a fase. A Fig.3 faz uma representação das
distorções de algumas harmônicas.
Fig.3: Distorção harmônica total no 4º dia de medições, evidenciando as
harmônicas 3ª, 5ª ,7ª e a fundamental.
Pares
A distorção harmônica máxima observada for de 2,71
%, logo todos os índices ficaram dentro dos toleráveis. Os
baixos níveis de distorções são decorrentes do fato de que o
supermercado é uma unidade consumidora de baixa de tensão
e a grande maioria das cargas são lineares.
O próximo índice observado foi o fator de potência.
Neste caso, estudou-se cada fase de forma separada e depois
analisou-se este fator de forma total. As Fig.4 e Fig.5
representam o histograma do fator de potência de algumas
fases.
2º
0,86
0,93
4,43%
0,86
0,95
7,78%
0,85
0,94
5,50%
dia
3º
dia
4º
dia
Fig.4: Fator de Potência da fase A no 3º dia
Fig.5: Fator de potência da fase B no 4ºdia de medições.
Como pode ser visto há fases que estão mais próximas
do ideal. Assim é preciso constatar se o FP total da carga está
próximo do que é almejado. A Fig.6 retrata o comportamento
do FP total por um dia.
Foi observado que é pequena a porcentagem de
valores dentro da margem admissível pelo protocolo, ou seja,
é necessário adotar medidas, junto a unidade consumidora,
para melhorar este quesito, já que menos de 8% dos dados
estão dentro dos padrões.
Para calcular o banco de capacitores que deveria ser
utilizado nesta unidade, foi adotado novamente o software
Matlab. Pegou-se o valor extremo de fator de potência obtido,
excluindo os valores de baixa ocorrência e verificou-se qual
era a potência ativa média neste valor extremo de FP.
Estipulou-se que, após a correção, este fator deve estar acima
de 0,94. Dessa forma, o supermercado poderia aumentar suas
cargas indutivas, o que poderia ser traduzido em um aumento
do número de refrigeradores.
A Tabela VIII mostra os dados de potências no valor
extremo do fator de potência.
TABELA VIII: VALORES ENCONTRADOS NO FP MÍNIMO.
FP
0,86
Fig.6: Variação do fator de potência no 3º dia de medições.
Para facilitar o estudo deste fator, foi desenvolvido
um programa no software Matlab para se verificar o quanto
este índice está fora dos padrões estipulados. A Tabela VII
mostra os valores mínimos e máximos encontrados em cada
dia.
Potência
Ativa
71 KW
Potência
Reativa
41,6
KVAr
Potência
Aparente
82,5
KVA
Com base nestes dados encontrou-se um valor do
banco de capacitores de 15,83 KVAr para aumentar o fator até
o valor de 0,94 indutivo (o valor comercial mais próximo para
o banco será de 16 KVAr [16]). Para verificar a eficácia deste
projeto, foram simulados os valores reajustados de fator de
potência, a potência aparente total consumida, e quanto se
economizaria com a adesão deste banco. As Fig.7 e Fig.8
apresentam os resultados encontrados no terceiro dia das
medições, dados como exemplo.
TABELA VII: VALORES DO FATOR DE POTÊNCIA MEDIDOS ENTRE
OS DIAS 10 E 13 DE NOVEMBRO DE 2014, ENTRE 10 E 16 HORAS DE
CADA DIA.
Valores
FP
FP
de FP
mínimo
máximo
dentro
encontrado
encontrado
da faixa
aceitável
1º
dia
0,86
0,93
6,02%
Fig.7: Fator de potência corrigido com o banco de capacitores no 3º dia de
medições.
Fig.8: Potência aparente total com e sem o banco de capacitores no 3º dia de
medições.
A Tabela IX expressa a quantidade de energia que
seria economizada caso o banco de capacitores seja instalado,
e mostra os extremos do fator de potência total.
ANEEL, que seria superior a 0,92. Isto é devido as suas cargas
conectadas a rede, que são basicamente indutivas.
Empregando-se o banco de capacitores apresentado
neste trabalho, o fator de potência seria corrigido e assim,
possíveis sansões da concessória de energia seriam evitadas.
Dada a situação encontrada no trabalho, propõe-se um estudo
focado na área de consumo inteligente, que, junto com o perfil
da carga, torna-se possível analisar uma maneira de fazer com
que a curva de demanda se torne o mais estável possível.
Este trabalho foi realizado no Supermercado Escola,
que é parte integrante de um complexo da unidade
consumidora Universidade Federal de Viçosa, onde orienta-se
a realização do mesmo estudo nas diversas atividades desse
complexo, como em laboratórios, departamentos, unidades de
beneficiamento de produtos, salas de aulas, irrigação, entre
outros considerados relevantes no que tange a possibilidade de
distorções de parâmetros elétricos.
VI. REFERÊNCIAS
TABELA IX: VALORES REAJUSTADOS DE FP.
FP mínimo
FP máximo
Economia
1º dia
0,94
0,99
7,71%
2º dia
0,94
0,99
7,83%
3º dia
0,94
1
7,39%
4º dia
0,94
0,99
7,53%
Devido a própria logística da medição, não foi
possível medir os parâmetros de flutuação de tensão, já que
necessitaria de uma captação de dados continua durante uma
semana.
V. CONCLUSÕES
Conclui-se a partir dos resultados obtidos - usando
as metodologias de medição, indicadores, limites e referências
definidas pela ANEEL e, consequentemente, QEE - quanto a
energia entregue a Unidade Consumidora, Supermercado
Escola, que a mesma é de boa qualidade, porque está dentro
dos padrões que são monitorados pela ANEEL, o que seria de
responsabilidade da distribuidora de energia (no caso em
questão, a CEMIG). Os quesitos, neste caso, seriam a tensão
em regime permanente, frequência de rede e o equilíbrio de
fase, os quais não demonstraram grandes variações.
Ao analisar o consumidor, é visto que obedece a
maioria dos critérios de qualidade de energia, menos um, que
seria o de fator de potência. Não apresenta grandes índices
harmônicos, ou até mesmo variações de tensões por
energização ou desenergização de máquinas e isto, claramente,
deve-se ao fato da unidade ser tecnicamente simples, por ser
constituída basicamente por equipamentos de pequena
potência, referente aos refrigeradores, além das lâmpadas
fluorescentes.
Por conta de sua simplicidade de carga, não se
preocupou em melhorar seu fator de potência, o qual na maior
parte do tempo analisado está fora da margem aceita pela
[1] "IEEE Recommended Practice for Monitoring Electric Power Quality,"
IEEE Std 1159-1995, p. i, 1995.
[2] CAMPOS, J. C. da C. Estratégias de Conservação e Qualidade de Energia
Aplicadas na Indústria. Tese (Doutorado) — Unicamp, Campinas, SP,
2001.
[3] PRODIST - Módulo 8 - Qualidade da Energia Elétrica, Revisão 2,
ANEEL, Brasil, 2011.
[4] Colnago, G.P, Macedo Jr., J.S., Vieira, J.L.F., Sousa, G.C.D. A Nova
Norma de Qualidade da Energia Elétrica Brasileira e um Medidor de
Baixo Custo.
[5] G. P. Colnago; J. L. F. Vieira; G. C. D. Sousa; J. R. Macedo Jr., “A
Norma de Qualidade da Energia Elétrica Brasileira e um Medidor de
Baixo Custo”
[6] Almeida, Thiago Resende de. Efeito de Distorção Harmônicas Sobre
um Banco de Transformadores Monofásicos - Universidade Federal
De Viçosa - 2011.
[7] Dugan, R. C., McGranaghan, M. F., Santoso, S., Beaty, H. W..
Electrical Power Systems Quality, second edition, 2002.
[8] G. P. Colnago, “Desenvolvimento e Implementação de um Sistema de
Monitoramento em Tempo Real da Tensão da Rede com Acesso
Remoto,” Dissertação de Mestrado, Dept. Eng. Elétrica, UFES, Vitória,
2009. [IEEE STD 1159-1995. IEEE Recommended practice for
monitoring electric power quality, page.
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Dissertação de Mestrado, Dept. Eng. Elétrica, UNE/FT/UnB, Distrito
Federal, 2014.
[10] IEC 61000-4-15: 2003, Edition 1.1. “Electromagnetic Compatibility
(EMC) – Part 4-15: Testing and Measurement techniques – Functional
and design specifications.”
[11] F. O. Dias; J. R. Macedo Jr,“Análise da amplificação do fenômeno da
flutuação de tensão em condições deressonância paralela nã destrutiva.”
[12] International Standard. IEC 61000-4-30.
[13]Ragazzi, G.G. Estudo e análise dos indicadores referentes à flutuação de
tensão em sistemas de distribuição de energia elétrica. 2014. 46F.
Trabalho de conclusão de curso – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 2014.
[14] Dardengo, V. P. Análise de variações de tensão de curta duração em uma
planta industrial. 2011. Monografia – Universidade Federal de Viçosa.
[15] Unicamp, Distúrbios que afetam a qualidade de energia. Disponível em:
<http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/qualidade/a2.pdf>
Acesso em 7 de fevereiro de 2015.
[16]WEG, Weg-Correção do fator de potência. Disponível em
:<http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/weg-correcao-do-fator-depotencia- 958-manual-portugues-br.pdf> Acesso em 6 de fevereiro de
2015.
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