Da Carta a Santa Inês de Praga, de Santa Clara

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11
Agosto
Da Carta a Santa Inês de Praga, de Santa Clara, virgem
POSTADO POR ADMIN ÀS 08:24
Contempla a pobreza, a humildade e a caridade de Cristo
Feliz a quem foi dado participar do sagrado convívio, de forma a aderir com
todas as veras do coração àquele cuja beleza as santas multidões dos céus
admiram sem cessar. Sua ternura comove; sua contemplação fortalece; sua
benignidade cumula, sua suavidade satisfaz, sua lembrança ilumina
docemente, seu odor revitaliza os mortos, e a sua gloriosa visão encherá de
gozo os habitantes da Jerusalém do alto. Ele é o esplendor da eterna glória,
fulgor da luz eterna, espelho sem defeito (Sb 7,26). Olha todos os dias neste
espelho, ó rainha, esposa de Jesus Cristo, e contempla sempre nele tua face.
Assim te adornarás toda inteira, por dentro e por fora, coberta envolta de
brocados, enfeitada com as vestes e as flores de todas as virtudes, como
convém à filha e esposa castíssima do sumo Rei. Neste espelho refulgem a
ditosa pobreza, a santa humildade e a indizível caridade, como poderás
contemplar, pela graça de Deus, no espelho todo.
Quero dizer: vê no começo do espelho a pobreza daquele que foi posto no presépio, envolto em
faixas. Ó admirável humildade, ó estupenda pobreza! O rei dos anjos, o Senhor do céu e da terra é
deitado numa manjedoura! No centro do espelho, considera a humildade, quando não a ditosa
pobreza, os inúmeros sofrimentos e penas que suportou pela redenção do gênero humano. No fim
desse espelho, contempla a indizível caridade que o levou a sofrer no lenho da cruz e nele morrer a
mais ignominiosa das mortes. Este espelho, posto no lenho da cruz, aos que passavam para ver estas
coisas, advertia: Ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor igual à minha dor (Lm
1,12). Respondamos, então, numa só voz, num só espírito ao que clama e se queixa: Lembro-me
intensamente e dentro de mim meu coração definha (Lm 3,20). Assim te inflamarás cada vez mais
fortemente comeste ardor de caridade, ó rainha do rei celeste.
Contemplando, depois, suas inexprimíveis delícias, riquezas e honras perpétuas, suspirando pela
veemência do desejo do coração e do amor, exclames: Atrai-me, e correremos atrás de ti ao odor de
teus perfumes (Ct 1,3 Vulg.), ó esposo celeste. Correrei sem parar, até que me introduzas em tua
adega, teu braço esquerdo ampare minha cabeça e tua direita me abrace feliz e que me beijes com
teu ósculo de suprema felicidade (cf. Ct 2,4.6). Entregue a esta contemplação, não te esqueças desta
pobrezinha, tua mãe, pois sabes estar indelevelmente gravada tua suave lembrança nas tábuas de
meu coração e que para mim és a mais querida de todas.
Oração
Ó Deus, que na vossa misericórdia atraístes Santa Clara ao amor da pobreza, concedei, por sua
intercessão, que, seguindo o Cristo com um coração de pobre, vos contemplemos um dia em vosso
Reino. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Oficio das leituras - 11/08/2016
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