Sistema Nervoso Central

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Fundamentos da Neurociência
Telles da Costa Neves
A neurociência é o estudo cientifico do sistema nervoso e é uma ciência
interdisciplinar, que integra diversas áreas como a química, biologia, psicologia,
medicina, etc., contudo a complexidade do sistema nervoso central da espécie
humana exige o estudo isolado de cada campo e o exercício da inter-relação de
pesquisas.
Existem pelo menos cinco maneiras ou áreas de estudo da relação entre sistema
nervoso e comportamento e/ou sua fisiologia:
O espectro animal – diversidade de modelos que a natureza oferece e os
padrões reconhecíveis de comportamento e de estrutura anatômica e bioquímica.
Atividade também denominada Neuroetologia
As diversas patologias e lesões anatômicas e suas consequências
funcionais. Para deficiência, por exemplo, já se conhece pelo menos 300 causas.
Os estágios do desenvolvimento humano/animal e envelhecimento.
Existem estágios previsíveis de modificação anatômico-funcional e
comportamental nas diversas fases do desenvolvimento do sistema nervoso
humano.
Efeito de drogas em diferentes sítios anatômicos existe certo consenso
quanto a três formas básicas de efeito farmacológico de drogas no sistema
nervoso.
Estudo da mente (psique), a inteligência, capacidade cognitiva e
comportamento, para um grande conjunto de alterações comportamentais
estudadas pela psicopatologia e criminologia ainda não existe consenso sobre
suas causas biológicas e psicossociais. O mesmo pode ser dito para alterações
psiconeuroendócrino fisiológicas da experiência religiosa ou êxtase religiosos e
estados alterados de consciência induzidos por técnicas como meditação e yoga.
Sistema Nervoso Central
O encéfalo se aloja no interior do crânio, e a medula espinal no interior de
um canal existente na coluna vertebral. O encéfalo e a medula são formados por
células da glia, por corpos celulares de neurônios e por feixes de dentritos e
axônios.
Sistema nervoso central - substância branca e cinzenta
A camada mais externa do encéfalo tem cor cinzenta e é formada
principalmente por corpos celulares de neurônios. Já a região encefálica mais
interna tem cor branca e é constituída principalmente por fibras
nervosas (dendritos e axônios). A cor branca se deve a bainha de mielina que
reveste as fibras. Na medula espinal, a disposição das substâncias cinzenta e
branca se inverte em relação ao encéfalo; a camada cinzenta é interna e a branca,
externa.
Meninges
Tanto o encéfalo como a medula espinal é protegido por três camadas de
tecido conjuntivo (as meninges). A meninge externa, mais espessa, é a duramáter; a meninge mediana é a aracnóide; e a mais interna é a pia-máter,
firmemente aderido ao encéfalo e a medula. A pia-máter contém vasos
sanguíneos responsáveis pela nutrição e oxigenação das células do sistema
nervoso central.
Entre a aracnóide e a pia-máter, há um espaço preenchido pelo líquido
cerebrospinal ou líquido cefalorraquidiano, que também circula nas cavidades
internas do encéfalo e da medula, esse líquido tem a função de amortecer os
choques mecânicos do sistema nervoso central contra os ossos do crânio e da
coluna vertebral.
Partes do encéfalo
Suas partes fundamentais são:
Lobo olfativo;
Cérebro;
Tálamo;
Lobo óptico;
Cerebelo;
Bulbo raquidiano (ou medula oblonga).
Tronco encefálico
Ponte:
- regulação da respiração e bexiga
- controle vestibular dos movimentos oculares
Bulbo:
- Regulação → respiração, cardiovascular.
- Reflexos → deglutição, tosse, vômito.
Mesencéfalo:
- controle dos movimentos oculares
- retransmissão acústica
- controle motor
Cerebelo
→ Integra a informação sensorial sobre a posição (corpo no espaço) que chega
da medula espinhal com informação motora oriunda do córtex cerebral, além da
informação sobre o equilíbrio.
- Coordenação, planejamento e execução dos movimentos.
- Manutenção da postura
Tálamo
- Processa informação sensorial e motora, que se dirige ou se origina no córtex
cerebral, tronco encefálico e medula.
Hipotálamo
- Controle de temperatura corporal, ingestão de alimento e balanço hídrico
- Glândula endócrina → hipófise
- Secreta ADH e ocitocina
Hemisférios cerebrais
Córtex cerebral
- Percepção sensorial
- Funções motoras
- Cognição
- Aprendizagem e memória
→ Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade
específica.
1) Hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui apenas três
camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral.
2) Córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo; apresenta
duas ou três camadas celulares.
3) Neocórtex: córtex mais complexo; separa-se do córtex olfativo mediante um
sulco chamado fissura rinal; apresenta muitas camadas celulares e várias áreas
sensoriais e motoras. As áreas motoras estão intimamente envolvidas com o
controle do movimento voluntário.
Gânglios da base
- Controle motor
Lobos Cerebrais:
- Lobo Frontal
- Lobo Parietal
- Lobo Temporal
- Lobo Occipital
- Ínsula (localizada entre o lobo parietal e temporal)
Lobo Frontal
O lobo frontal, que inclui o córtex motor e pré-motor e o córtex pré-frontal, está
envolvido no planejamento de ações e movimento, assim como no pensamento
abstrato. A atividade no lobo frontal aumenta nas pessoas normais somente
quando temos que executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir uma
sequência de ações que minimize o número de manipulações necessárias. A
parte da frente do lobo frontal, o córtex pré-frontal, tem que ver com estratégia:
decidir que sequências de movimento ativar e em que ordem e avaliar o seu
resultado. As suas funções parecem incluir o pensamento abstrato e criativo, a
fluência do pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para
ligações emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e
atenção seletiva. Traumas no córtex pré-frontal fazem com que uma pessoa
fique presa obstinadamente a estratégias que não funcionam ou que não
consigam desenvolver uma sequência de ações correta.
Lobo Parietal
Os lobos parietais, localizados na parte superior do cérebro, são constituídos por
duas subdivisões - a anterior e a posterior. A zona anterior designa-se por córtex
somatossensorial e tem por função possibilitar a recepção de sensações, como o
tacto, a dor, a temperatura do corpo. Nesta área primária, que é responsável por
receber os estímulos que têm origem no ambiente, estão representadas todas as
áreas do corpo. São as zonas mais sensíveis que ocupam mais espaço nesta área,
porque têm mais dados para interpretar. Os lábios, a língua e a garganta recebem
um grande número de estímulos, precisando, por isso, de uma maior área. A área
posterior dos lobos parietais é uma área secundária que analisa, interpreta e
integra as informações recebidas pela área anterior ou primária, permitindo-nos
a localização do nosso corpo no espaço, o reconhecimento dos objetos através
do tacto, etc.
Lobo Temporal
Os lobos temporais estão localizados na zona por cima das orelhas tendo como
principal função processar os estímulos auditivos. Os sons produzem-se quando
a área auditiva primária é estimulada. Tal como nos lobos occipitais, é uma área
de associação - área auditiva secundária- que recebe os dados e que, em
interação com outras zonas do cérebro, lhes atribui um significado permitindo ao
Homem reconhecer o que ouve.
Lobo Occipital
Os lobos occipitais estão localizados na parte inferior do cérebro. Coberta pelo
córtex cerebral, esta área é também designada por córtex visual, porque processa
os estímulos visuais. É constituída por varias subáreas que processam os dados
visuais recebidos do exterior depois de terem passado pelo tálamo: há zonas
especializadas em processar a visão da cor, do movimento, da profundidade, da
distância, etc. Depois de percebidas por esta área - área visual primária- estes
dados passam para a área visual secundária. É aqui que a informação recebida é
comparada com os dados anteriores que permite, por exemplo, identificar um
cão, um automóvel, uma caneta. A área visual comunica com outras áreas do
cérebro que dão significado ao que vemos tendo em conta a nossa experiência
passada, as nossas expectativas. Por isso é que o mesmo objeto não é
percepcionado da mesma forma por diferentes sujeitos. Para além disso, muitas
vezes o cérebro é orientado para discriminar estímulos. Uma lesão nesta área
provoca agnosia, que consiste na impossibilidade de reconhecer objetos,
palavras e, em alguns casos, os rostos de pessoas conhecidas ou de familiares.
Lobo da Ínsula
Lobo da ínsula é um lobo profundo situado no fundo do sulco lateral, no
encéfalo. A ínsula tem forma triangular com vértice ínfero-anterior, está
separada dos lobos vizinhos por sulcos preiinsulares. Possui cinco giros (curtos e
longos). Suas principais funções são fazer parte do sistema límbico e coordenar
emoções, além de ser responsável pelo paladar.
Sistema Límbico
É um sistema em forma de anel cortical, contínuo, que contorna as
formações inter-hemisféricas. Está relacionado fundamentalmente com a
regulação dos processos Emocionais e do Sistema Nervoso Autônomo. Foi
considerado por Broca (1878) como lobo independente.
Funções gerais:
→ Comportamento Emocional
→ Memória
→ Aprendizado
→ Emoções
→ Vida vegetativa (digestão, circulação, excreção etc.)
Partes mais importante do sistema límbico
Amigdala: Perigo, medo, alerta (comportamento de fuga).
Hipocampo: memória de longa duração
Córtex entorrial: fixação da memória.
Tálamo: Regulador das emoções.
Hipotálamo: Função vegetativa do encéfalo (controle do comportamento,
temperatura, impulso de comer e beber, etc). Desempenha também papel nas
emoções. O hormônio ADH, o hormônio antidiurético, é produzido pelo
hipotálamo, Quando bebemos álcool este bloqueio o ADH fazendo com que
vamos mais vezes ao banheiro.
Giro Cingulado: Coordena odores e visões com memórias agradáveis de
emoções anteriores. Reação emocional da dor e regulação do comportamento
agressivo. “Deja vu”.
Tronco cerebral: Reações emocionais, manutenção do ciclo vigia e sono.
Área tegmentar ventral: Sensação de prazer, orgasmo. Redução do número de
neurônios desta área gera alcoolismo, compulsividade por doces, cocainomania.
Septo: Centros de orgasmo (quatro nas mulheres e um nos homens).
Área pré-frontal: três áreas fundamentais e anatômicas: Área dorsolateral
(raciocínio), área orbito frontal e área cingulada anterior dirige a atenção, papel
importante na motivação do comportamento.
Sistema Nervoso Periférico
O Sistema Nervoso Periférico é constituído pelos nervos e gânglios
nervosos e sua função é conectar o sistema nervoso central às diversas partes
do corpo humano.
Nervos e gânglios nervosos
Nervos são feixes de fibras nervosas envoltas por uma capa de tecido
conjuntivo.
Nos
nervos
há
vasos
sanguíneos,
responsáveis
pela nutrição das fibras nervosas.
As fibras presentes nos nervos podem ser tanto dendritos como axônios
que conduzem, respectivamente, impulsos nervosos das diversas regiões do
corpo ao sistema nervoso central e vice-versa.
Gânglios nervosos são aglomerados de corpos celulares de neurônios
localizados fora do sistema nervoso central. Os gânglios aparecem como
pequenas dilatações em certos nervos.
Nervos sensitivos, motores e mistos
Nervos sensitivos são os que contêm somente fibras sensitivas, que
conduzem impulsos dos órgãos sensitivos para o sistema nervoso central.
Nervos motores são os que contêm somente fibras motoras, que conduzem
impulsos do sistema nervoso central até os órgãos efetuadores (músculos ou
glândulas). Nervos mistos contêm tanto fibras sensitivas quanto motoras.
Nervos cranianos
São os nervos ligados ao encéfalo, enquanto nervos ligados à medula
espinal são denominados nervos espinais ou raquidianos. Possuímos doze pares
de nervos cranianos, responsáveis pela intervenção dos órgãos do sentido, dos
músculos e glândulas da cabeça, e também de alguns órgãos internos.
Nervos espinais ou raquidianos
Dispõe-se em pares ao longo da medula, um par por vértebra. Cada nervo
do par liga-se lateralmente à medula por meio de duas "raízes", uma localizada
em posição mais dorsal e outra em posição mais ventral.
A raiz dorsal de um nervo espinal é formada por fibras sensitivas e a raiz
ventral, por fibras motoras.
Gânglios espinais
Na raiz dorsal de cada nervo espinal há um gânglio, o gânglio espinal,
onde se localizam os corpos celulares dos neurônios sensitivos. Já os corpos
celulares dos neurônios motores localizam-se dentro da medula, na substância
cinzenta. Os nervos espinais ramificam-se perto da medula e os diferentes ramos
inervam os músculos, a pele e as vísceras.
Fisiologia do sistema nervoso
Funções do encéfalo - As informações vindas das diversas partes do
corpo chegam até as partes específicas do encéfalo, chamadas de centros
nervosos, onde são integradas para gerar ordens de ação na forma de impulsos
nervosos que são emitidas às diversas partes do corpo através das fibras motoras
presentes nos nervos cranianos e espinais.
O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa
aproximadamente 1,4 kg. A região superficial do cérebro, que acomoda bilhões
de corpos celulares de neurônios (substância cinzenta), constitui o córtex
cerebral. O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas
funcionalmente distintas. Cada uma delas controla uma atividade específica.
Tálamo e Hipotálamo - Todas as mensagens sensoriais, com exceção das
provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o
córtex cerebral. Este é uma região de substância cinzenta localizada entre o
tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como estação retransmissora de
impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele é responsável pela condução dos
impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser processados.
O hipotálamo, também constituído por substância cinzenta, é o principal centro
integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais
responsáveis pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso e
o sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas endócrinas. É o
hipotálamo que controla a temperatura corporal, regula o apetite e o balanço de
água no corpo e está envolvido na emoção e no comportamento sexual.
Tronco Encefálico - Formado pelo mesencéfalo, pela ponte e pela
medula oblonga (ou bulbo raquidiano), o tronco encefálico conecta o cérebro à
medula espinal. Além de coordenar e integrar as informações que chegam ao
encéfalo, ele controla a atividade de diversas partes do corpo. O mesencéfalo é
responsável por certos reflexos. A ponte é constituída principalmente por fibras
nervosas mielinizadas que ligam o córtex cerebral ao cerebelo. O bulbo
raquidiano participa na coordenação de diversos movimentos corporais e possui
importantes centros nervosos.
Cerebelo - É o responsável pela manutenção do equilíbrio corporal, é
graças a ele que podemos realizar ações complexas, como andar de bicicleta e
tocar violão, por exemplo. O cérebro recebe as informações de diversas partes
do encéfalo sobre a posição das articulações e o grau de estiramento dos
músculos, bem como informações auditivas e visuais.
Funções da medula espinal - A medula espinal elabora respostas simples
para certos estímulos. Essas respostas medulares, denominadas atos reflexos,
permitem ao organismo reagir rapidamente em situações de emergência. A
medula funciona também como uma estação retransmissora para o encéfalo.
Informações colhidas nas diversas partes do corpo chegam à medula, de onde
são retransmitidas ao encéfalo para serem analisadas. Por outro lado, grande
parte das ordens elaboradas no encéfalo passa pela medula antes de chegar aos
seus destinos.
A parte externa da medula, de cor branca, é constituída por feixes de fibras
nervosas mielinizadas, denominados tratos nervosos, que são responsáveis pela
condução de impulsos das diversas regiões da medula para o encéfalo e viceversa.
Divisão funcional do SNP
As ações voluntárias resultam da contração de músculos estriados
esqueléticos, que estão sob o controle do sistema nervoso periférico voluntário
ou somático. Já as ações involuntárias resultam da contração das musculaturas
lisa e cardíaca, controladas pelo sistema nervoso periférico autônomo, também
chamado involuntário ou visceral.
SNP Voluntário
Tem por função reagir a estímulos provenientes do ambiente externo. Ele
é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do sistema nervoso
central aos músculos esqueléticos.
SNP Autônomo
Tem por função regular o ambiente interno do corpo, controlando a
atividade dos sistemas digestivos, cardiovascular, excretor e endócrino. Ele
contém fibras nervosas que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos
músculos lisos das vísceras e à musculatura do coração.
SNP Autônomo Simpático e SNP Autônomo Parassimpático
O SNP autônomo (SNPA) é dividido em dois ramos: simpático e
parassimpático, que se distinguem tanto pela estrutura quanto pela função.
Enquanto os gânglios da via simpática localizam-se ao lado da medula espinal,
distantes do órgão efetuador, os gânglios das vias parassimpáticas estão longe do
sistema nervoso central e próximos ou mesmo dentro do órgão efetuador. As
fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas inervam os mesmos órgãos, mas
trabalham em oposição. Enquanto um dos ramos estimula determinado órgão, o
outro o inibe. Essa ação antagônica mantém o funcionamento equilibrado dos
órgãos internos.
O SNPA simpático, de modo geral, estimula ações que mobilizam
energia, permitindo ao organismo responder a situações de estresse. Por
exemplo, o SNPA simpático é responsável pela aceleração dos batimentos
cardíacos, pelo aumento da pressão sanguínea, pelo aumento da concentração de
açúcar no sangue e pela ativação do metabolismo geral do corpo.
Já o SNPA parassimpático estimula principalmente atividades relaxantes,
como a redução do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea, entre outras.
Mediadores químico no SNPA Simpático e Parassimpático
Tanto nos gânglios do SNPA simpático como nos do parassimpático
ocorrem sinapses químicas entre os neurônios pré-ganglionares e os pósganglionares. Nos dois casos, a substância neurotransmissora da sinapse é a
acetilcolina. No SNPA parassimpático, o neurotransmissor é a acetilcolina,
como nas sinapses ganglionares. Já no simpático, o neurotransmissor é, com
poucas exceções, a noradrenalina.
Função do Sistema Nervoso
O sistema nervoso é responsável pelo ajustamento do organismo ao
ambiente. Sua função é perceber e identificar as condições ambientais externas,
bem como as condições reinantes dentro do próprio corpo e elaborar respostas
que adaptem a essas condições. A unidade básica do sistema nervoso é a célula
nervosa, denominada neurônio, que é uma célula extremamente estimulável; é
capaz de perceber as mínimas variações que ocorrem em torno de si, reagindo
com uma alteração elétrica que percorre sua membrana. Essa alteração elétrica é
o impulso nervoso. As células nervosas estabelecem conexões entre si de tal
maneira que um neurônio pode transmitir a outros os estímulos recebidos do
ambiente, gerando uma reação em cadeia.
Neurônios: células nervosas - Um neurônio típico apresenta três partes
distintas: corpo celular, dendritos e axônio. No corpo celular, a parte mais
volumosa da célula nervosa, se localiza o núcleo e a maioria das estruturas
citoplasmáticas. Os dendritos (do grego dendron, árvore) são prolongamentos
finos e geralmente ramificados que conduzem os estímulos captados do
ambiente ou de outras células em direção ao corpo celular. O axônio é um
prolongamento fino, geralmente mais longo que os dendritos, cuja função é
transmitir para outras células os impulsos nervosos provenientes do corpo
celular. Os corpos celulares dos neurônios estão concentrados no sistema
nervoso central e também em pequenas estruturas globosas espalhadas pelo
corpo, os gânglios nervosos. Os dendritos e o axônio, genericamente chamados
fibras nervosas, estendem-se por todo o corpo, conectando os corpos celulares
dos neurônios entre si e às células sensoriais, musculares e glandulares.
Células Glia - Além dos neurônios, o sistema nervoso apresenta-se
constituído pelas células glia, ou células gliais, cuja função é dar sustentação
aos neurônios e auxiliar o seu funcionamento. As células da glia constituem
cerca de metade do volume do nosso encéfalo. Há diversos tipos de células
gliais. Os astrócitos, por exemplo, dispõem-se ao longo dos capilares sanguíneos
do encéfalo, controlando a passagem de substâncias do sangue para as células do
sistema nervoso. Os oligodendrócitos e as células de Schwann enrolam-se sobre
os axônios de certos neurônios, formando envoltórios isolantes.
Impulso Nervoso - A despolarização e a repolarização de um neurônio
ocorrem devido as modificações na permeabilidade da membrana plasmática.
Em um primeiro instante, abrem-se "portas de passagem" de Na+, permitindo a
entrada de grande quantidade desses íons na célula. Com isso, aumenta a
quantidade relativa de carga positiva na região interna na membrana,
provocando sua despolarização. Em seguida abrem-se as "portas de passagem"
de K+, permitindo a saída de grande quantidade desses íons. Com isso, o interior
da membrana volta a ficar com excesso de cargas negativas (repolarização). A
despolarização em uma região da membrana dura apenas cerca de 1,5 milésimo
de segundo (ms).
O estímulo provoca, assim, uma onda de despolarizações e repolarizações
que se propaga ao longo da membrana plasmática do neurônio. Essa onda de
propagação é o impulso nervoso, que se propaga em um único sentido na fibra
nervosa. Dendritos sempre conduzem o impulso em direção ao corpo celular,
por isso diz que o impulso nervoso no dendrito é celulípeto. O axônio por sua
vez, conduz o impulso em direção às suas extremidades, isto é, para longe do
corpo celular; por isso diz-se que o impulso nervoso no axônio é celulífugo.
A velocidade de propagação do impulso nervoso na membrana de um
neurônio varia entre 10cm/s e 1m/s. A propagação rápida dos impulsos nervosos
é garantida pela presença da bainha de mielina que recobre as fibras nervosas. A
bainha de mielina é constituída por camadas concêntricas de membranas
plasmáticas de células da glia, principalmente células de Schwann. Entre as
células gliais que envolvem o axônio existem pequenos espaços, os nódulos de
Ranvier, onde a membrana do neurônio fica exposta.
Nas fibras nervosas mielinizadas, o impulso nervoso, em vez de se
propagar continuamente pela membrana do neurônio, pula diretamente de um
nódulo de Ranvier para o outro. Nesses neurônios mielinizados, a velocidade de
propagação do impulso pode atingir velocidades da ordem de 200m/s (ou
720km/h ).
Sinapses: transmissão do impulso nervoso entre células
Um impulso é transmitido de uma célula a outra através das sinapses (do
grego synapsis, ação de juntar). A sinapse é uma região de contato muito
próximo entre a extremidade do axônio de um neurônio e a superfície de outras
células. Estas células podem ser tanto outros neurônios como células sensoriais,
musculares ou glandulares.
As terminações de um axônio podem estabelecer muitas sinapses
simultâneas.
Na maioria das sinapses nervosas, as membranas das células que fazem sinapses
estão muito próximas, mas não se tocam. Há um pequeno espaço entre as
membranas celulares (o espaço sináptico ou fenda sináptica).
Quando os impulsos nervosos atingem as extremidades do axônio da
célula pré-sináptica, ocorre liberação, nos espaços sinápticos, de substâncias
químicas denominadas neurotransmissores ou mediadores químicos, que tem a
capacidade de se combinar com receptores presentes na membrana das células
pós-sináptica, desencadeando o impulso nervoso. Esse tipo de sinapse, por
envolver a participação de mediadores químicos, é chamado sinapse química.
Os cientistas já identificaram mais de dez substâncias que atuam como
neurotransmissores, como a acetilcolina, a adrenalina (ou epinefrina), a
noradrenalina (ou norepinefrina), a dopamina e a serotonina.
Disso é feito o funcionamento do cérebro: da transmissão constante de
sinais elétricos e químicos de um lado para outro. O que você faz, pensa ou
sente a cada instante depende de quais neurônios estão mais ou menos ativos a
cada instante.
Doenças e Distúrbios do Sistema Nervoso
Acidente Vascular Cerebral (AVC) É um distúrbio grave do sistema
nervoso. Podem ser causados tanto pela obstrução de uma artéria, que leva à
isquemia de uma área do cérebro, como por uma ruptura arterial seguida de
derrame. Os neurônios alimentados pela artéria atingida ficam sem oxigenação e
morrem, estabelecendo-se uma lesão neurológica irreversível. A porcentagem de
óbitos entre as pessoas atingidas por AVC é de 20 a 30% e, dos sobreviventes,
muitos passam a apresentar problemas motores e de fala. Algum dos fatores que
predispõem ao AVC são as hipertensões arteriais, a taxa elevada de colesterol no
sangue, a obesidade, o diabete melito, o uso de pílulas anticoncepcionais e o
hábito de fumar.
Ataques Epiléticos – Epilepsia não é uma doença e sim um sintoma que
pode ocorrer em diferentes formas clínicas. As epilepsias aparecem, na maioria
dos casos, antes dos 18 anos de idade e podem ter causas diversas, tais como
anomalias congênitas, doenças degenerativas do sistema nervoso, infecções,
lesões decorrentes de traumatismo craniano, tumores cerebrais, etc.
Cefaleias - São dores de cabeça que podem se propagar pela face,
atingindo os dentes e o pescoço. Sua origem está associada a fatores diversos
como tensão emocional, distúrbios visuais e hormonais, hipertensão arterial,
infecções, sinusites, etc.
A enxaqueca é um tipo de cefaleia que ataca periodicamente a pessoa e se
caracteriza por uma dor latejante, que geralmente afeta metade da cabeça. As
enxaquecas são frequentemente acompanhadas de fotofobia (aversão a luz),
distúrbios visuais, náuseas, vômitos, dificuldades em se concentrar, etc. As
crises de enxaqueca podem ser desencadeadas por diversos fatores, tais como
tensão emocional, tensão pré-menstrual, fadiga, atividade física excessiva,
jejum, etc.
Doenças degenerativas do sistema nervoso - Diversos fatores podem
causar morte celular e degeneração, em maior ou menor escala, do sistema
nervoso. Esses fatores podem ser mutações genéticas, infecções virais, drogas
psicotrópicas, intoxicação por metais, poluição, etc. As doenças nervosas
degenerativas mais conhecidas são a esclerose múltipla, a doença de Parkinson,
a doença de Huntington e a doença de Alzheimer.
Esclerose Múltipla - Se manifesta por volta dos 25 a 30 anos de idade,
sendo mais frequente nas mulheres. Os primeiros sintomas são alterações da
sensibilidade e fraqueza muscular. Pode ocorrer perda da capacidade de andar,
distúrbios emocionais, incontinência urinária, quedas de pressão, sudorese
intensa, etc. Quando o nervo óptico é atingido, pode ocorrer diplopia (visão
dupla).
Doença de Parkinson Manifesta-se geralmente a partir dos 60 anos de
idade e é causada por alterações nos neurônios que constituem a "substância
negra" e o corpo estriado, dois importantes centros motores do cérebro. A
pessoa afetada passa a apresentar movimentos lentos, rigidez corporal, tremor
incontrolável, além de acentuada redução na quantidade de dopamina,
substância neurotransmissora fabricada pelos neurônios do corpo estriado.
Doença de Huntington - Começa a se manifestar por volta dos 40 anos
de idade. A pessoa perde progressivamente a coordenação dos movimentos
voluntários, a capacidade intelectual e a memória. Causado pela morte dos
neurônios do corpo estriado. Pode ser hereditária, causada por uma mutação
genética.
Doença de Alzheimer - O nome da doença surgiu por causa do
neurologista alemão Alois Alzheimer. Esta doença é uma demência que se
manifesta por volta dos cinquenta anos e se caracteriza por uma deterioração
intelectual profunda, desorientando a pessoa, que perde progressivamente a
memória, as capacidades de aprender e de falar.
Essa doença é considerada a primeira causa de demência senil. A
expectativa média de vida de quem sofre desta moléstia é entre cinco e dez anos,
embora atualmente muitos pacientes sobrevivam por 15 anos ou mais.
PS.: Demência senil - forma clínica de deterioração intelectual do idoso. Cerca
de 10% de todas as pessoas maiores de 65 anos sofrem uma degeneração
intelectual significativa.
Através do Alzheimer, ocorre alterações em diversos grupos de neurônios
do córtex-cerebral, é uma doença hereditária, tendo origem por mutação gênica.
É uma demência degenerativa primária ainda pouco conhecida: pré-disposição
hereditária, fatores congênitos, perturbações metabólicas diversas, intoxicações,
infecções por vírus, etc. Uma anomalia enzimática parece ser uma provável
causa que transformaria, por fosforilação excessiva e inadequada, uma proteína
normal do cérebro (TAU) em proteína anormal (A68) encontrada nos
neurofilamentos encefálicos. Mas todas essas causas ainda são consideradas
hipóteses. Não existe uma prevenção possível para esta doença. Só um
tratamento médico-psicológico intensivo do paciente, que visa mantê-lo o maior
tempo possível em seu tempo normal de vida. Com a ajuda da família e a
organização de uma assistência médico-social diversificada é possível retardar a
evolução da doença.
Em 1993, a Food and Drug Administration autorizou a comercialização nos
Estados Unidos, do primeiro remédio contra a doença - THA (tetrahidro-aminoacrime) ou tacrine.
Doenças infecciosas do sistema nervoso - Vírus, bactérias, protozoários
e vermes podem parasitar o sistema nervoso, causando doenças de gravidade
que depende do tipo de agente infeccioso, de seu estado físico e da idade da
pessoa afetada. Diversos tipos de vírus podem atingir as meninges (membranas
que envolvem o sistema nervoso central), causando as meningites virais. Se o
encéfalo for afetado, fala-se de encefalites. Se a medula espinal for afetada, falase de poliomielite. Infecções bacterianas também podem causar meningites. O
protozoário Plasmodium falciparum causa a malária cerebral, que se desenvolve
em cerca de 2 a 10% dos pacientes. Destes, cerca de 25% morrem em
consequência da infecção. O verme platelminto Taenia solium (a solitária do
porco) pode, em certos casos, atingir o cérebro, causando cisticercose cerebral.
A pessoa adquire a doença através da ingestão de alimentos contaminados com
ovos de tênia. Os sintomas são semelhantes aos das epilepsias.
Como ser neurocientista?
Não existe graduação em neurociência: neurocientistas são em geral
biólogos, biomédicos, médicos, psicólogos - mas vários vêm também da física,
engenharia, nutrição ou outras formações específicas. Se você ainda não entrou
na faculdade mas acha que gostaria de ser neurocientista, deve pensar sobretudo
em que tipo de formação gostaria de ter:
- uma visão ampla da vida, focando em sua diversidade de formas, funções e
comportamento e com uma base sólida de evolução da diversidade animal
(biologia);
- uma visão focada em processos celulares e moleculares da vida (biomedicina);
- uma formação detalhada em anatomia e fisiologia humana apenas, com a
possibilidade de optar mais tarde por trabalhar em clínica (medicina);
- uma formação focada no comportamento animal, principalmente humano
(psicologia).
A formação de um neurocientista começa após a graduação, em um
programa de pós-graduação em Neurociência (embora existam poucos na Brasil)
ou em um dos diversos programas que tem linha de pesquisa na área como, por
exemplo, Farmacologia, Fisiologia, Morfologia ou Biofísica. Cada programa de
pós-graduação tem seus critérios de avaliação e exigências, mas é quase regra a
apresentação de um Projeto de pesquisa, apoiado por um pesquisador do
programa escolhido, que seja considerado como possível orientador do
candidato. Outro caminho é optar pela divulgação científica, especialmente para
os profissionais de outras áreas, como jornalismo. Há para isto cursos de
especialização e de pós-graduação em locais como a Unicamp (SP), USP e a
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz – RJ).
Cursos de Pós Graduação em Neurociência

Bahia
Curso de Especialização em Neuropsicologia da Universidade
Federal da Bahia (UFBA)
 Curso de Especialização em Saúde Mental da Universidade Federal
da Bahia (UFBA)
Espírito Santo
 Programa de Pós-graduação em Psicologia com linhas de pesquisa
em Neurociências da Universidade Federal do Espírito Santo
 Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas com linhas
de pesquisa em Neurociências da Universidade Federal do
Espírito Santo
Minas Gerais
 Programa de Pós-graduação em Neurociências da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG)
Pará
 Programa de Pós-graduação em Neurociências e Biologia Celular
da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Paraná
 Curso de Especialização em Neuro-Psicanálise do Instituto
Superior do Litoral do Paraná
 Programa de Pós-graduação em Neurociência da PUCPR
 Programa de Pós-graduação em Farmacologia com linhas de
pesquisa em Neurociências da Universidade Federal do Paraná
 Programa de Pós-graduação em Bioquímica com linhas de pesquisa
em Neurociências da Universidade Federal do Paraná
 Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular com
linhas de pesquisa em Neurociências da Universidade Federal
do Paraná
Pernambuco
 Programa de Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciência do
Comportamento da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
 Programa de Pós-Graduação em Fisiologia com linhas de pesquisa
em Neurociências da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
 Programa de Pós-Graduação em Psicologia com linhas de pesquisa
em Neurociências da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Rio de Janeiro
 Programa de Pós-graduação em Ciências Morfológicas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
 Programa de Pós-graduação em Farmacologia com linhas de
pesquisa em Neurociências da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ)







Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC
 Programa de Pós-graduação em Neurologia (área de concentração:
Neurociência) da UNI-RIO
 Programa de Pós-graduação em Neurologia e Neurociências
da UFF
Rio Grande do Norte
 Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
 Programa de Pós-graduação em Psicobiologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)





Rio Grande do Sul
 Programa de Pós-graduação em Neurociências da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Santa Catarina
 Programa de Pós-graduação em Neurociências da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC)
São Paulo
 Programa
de Pós-graduação em Neurologia/Neurociência
da UNIFESP
 Programa de Pós-graduação em Neurociências e Comportamento
da USP
Sites para pesquisa em Neurociências:
http://www.cerebronosso.bio.br/
http://www.institutodafelicidade.org.br/?pg=inicial
http://neurociencia.tripod.com/#.
http://www.sbneurociencia.com.br/
http://www.sbnec.org.br/site/
http://www.suzanaherculanohouzel.com/
http://www.revistaneurociencias.com.br/
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