CADERNO ABPO O PAPEL - Janeiro 2011 Fatores de segurança A resistência à compressão da embalagem de papelão ondulado é estimada pelos projetistas considerando-se todas aquelas situações pelas quais a embalagem estará submetida durante o seu uso normal − ou seja, desde o momento em que recebe o seu conteúdo até o momento da entrega ao consumidor final. As situações às quais é submetida a embalagem são, na prática, aquelas referentes aos fatores ambientais descritos por mim nos últimos cinco artigos publicados nesta coluna durante o ano passado. Pode haver, ainda, um ou outro fator ambiental a ser considerado. Por menor ocorrência, porém, esses fatores são tratados como exceções. Quando for o caso de raros casos acontecerem, os fatores considerados “exceções” devem, necessariamente, ser tratados como relevantes, já que influem no desempenho da embalagem. Uma vez conhecidos o peso bruto de uma embalagem e o número de unidades sobrepostas à primeira, da base do palete ou do empilhamento nos armazéns de estocagem, o peso total sobre a primeira embalagem corresponde ao resultado da multiplicação do peso bruto da embalagem pelo número de embalagens sobrepostas. Esse peso total, multiplicado pelo FATOR DE SEGURANÇA, indicará ao projetista da embalagem a resistência exigida para suportar a função como meio de transporte de produtos em perfeitas condições até o consumidor final. O FATOR DE SEGURANÇA é obtido multiplicando-se o inverso dos diferentes percentuais de resistência mantidos pela embalagem nas diferentes situações pelas quais passa durante seu ciclo de distribuição. Por exemplo, se o tempo de estocagem for de 30 dias, as tabelas indicam que a embalagem retém cerca de 60% (0,60) de sua resistência inicial; se a umidade relativa for de 80%, a embalagem retém 68% (0,68) de sua resistência inicial. Se apenas essas duas situações atuassem sobre a embalagem, o fator de segurança seria o inverso do produto dos multiplicadores correspondentes, que são os dois percentuais mostrados acima. O FATOR DE SEGURANÇA, então, seria: 1/ (0,60 x 0,68) = 1/0,408 = 2,45 Exemplifiquemos agora com uma situação um pouco mais completa. Digamos que os fatores ambientais atuantes sobre a embalagem são os que relacionamos abaixo com seus respectivos percentuais de retenção de resistência: Tempo de estocagem de 30 dias 0,60 Umidade relativa de 70% 0,80 Empilhamento colunar 1,00 Pilha que ultrapassa a superfície do palete Espaços entre as tábuas da superficie Manuseio normal 0,80 0,90 0,80 FATOR DE SEGURANÇA = 1/ (0,60 x 0,80 x 1,00 x 0,80 x 0,90 x 0,80) = 3,6 Se a embalagem tiver um peso bruto de 15 kg – e forem empilhadas 10 unidades sobre a primeira –, esta embalagem da base terá sobre ela 150 kg. Multiplicando esse peso suportado BANCO DE IMAGENS ABTCP 22 Artigo ABPO ABPO Article Por Juarez Pereira, assessor técnico da ABPO E-mail: [email protected] por 3,6, teremos 540 kg. Isso representa a resistência inicial que a embalagem deverá apresentar nas condições normais de ensaio, que são 50% UR e 23°C de temperatura. Considerando a seguir as dimensões, o estilo da embalagem e a estrutura do papelão ondulado (parede simples ou dupla), o projetista tem condições de especificar a “qualidade” do papelão ondulado a ser utilizado na fabricação de tal embalagem. Para melhor aprender este assunto, a ABPO mantém cursos para usuários e fabricantes de embalagem, a fim de capacitar os participantes a especificar a embalagem de papelão ondulado, desde a indicação do material a ser usado (especificação da chapa de papelão ondulado) e do estilo da embalagem até a definição daqueles aspectos relacionados ao menor custo possível para os projetos em estudo. A programação dos cursos da ABPO pode ser conferida no site www.abpo.org.br. Um excelente 2011 a todos!