Fundamentos da Gestão Financeira

Propaganda
Fundamentos da
Gestão Financeira
Professora conteudista: Anabel Cruz Dionísio
Revisora: Vanete Lopes Donega
Sumário
Fundamentos da Gestão Financeira
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ....................................................................................1
1.1 Relação de finanças com outras disciplinas.................................................................................2
1.2 Maximização da riqueza.......................................................................................................................4
1.3 Maximização do lucro ...........................................................................................................................5
1.4 Remuneração dos administradores .................................................................................................6
1.5 Controle dos negócios ...........................................................................................................................7
2 ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO ................................................................................7
2.1 Decisões de financiamento e de investimentos .........................................................................8
2.2 Planejamento/Previsão .........................................................................................................................8
2.3 Negociações com os mercados financeiros ..................................................................................9
2.4 Supervisão e controle ............................................................................................................................9
3 OS PROBLEMAS FINANCEIROS ORGANIZACIONAIS ..........................................................................11
3.1 Organização em ascensão .................................................................................................................11
3.2 Organização em declínio ................................................................................................................... 12
4 CAUSAS DOS PROBLEMAS FINANCEIROS ............................................................................................. 14
4.1 Mau dimensionamento do capital de giro ................................................................................ 14
4.2 Alavancagem financeira excessiva ................................................................................................ 15
4.3 Aspectos referentes à localização.................................................................................................. 16
4.4 Aquisição de tecnologia .................................................................................................................... 17
Unidade II
5 REESTRUTURAÇÃO FINANCEIRA NAS ORGANIZAÇÕES................................................................... 18
6 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO................................................................................................. 21
7 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIROS NAS ORGANIZAÇÕES .......................................... 24
Unidade III
8 GESTÃO DE RISCOS ........................................................................................................................................ 29
9 INTRODUÇÃO AO ORÇAMENTO DE CAPITAL ........................................................................................ 32
10 TÉCNICAS DE ORÇAMENTO DE CAPITAL .............................................................................................. 35
Unidade IV
11 UTILIZAÇÃO DA MATEMÁTICA FINANCEIRA ....................................................................................... 40
12 COMO UTILIZAR OS RECURSOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA ............................................... 44
13 INSTRUMENTOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA .............................................................................. 46
13.1 Capitalização composta .................................................................................................................. 46
13.2 Juros compostos e montante de um único pagamento.................................................... 46
13.3 Taxas equivalentes............................................................................................................................. 47
13.4 Valor atual de um pagamento único......................................................................................... 47
13.5 Séries de pagamento ........................................................................................................................ 47
14 COMO FINANCIAR O CAPITAL DE GIRO DAS EMPRESAS.............................................................. 48
14.1 Gestão de ativos circulantes ......................................................................................................... 49
14.2 Gestão de contas a receber ........................................................................................................... 49
14.3 Gestão de estoques ........................................................................................................................... 50
14.4 Gestão de contas a pagar............................................................................................................... 51
15 RESUMO ........................................................................................................................................................... 51
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
Neste módulo inicial, iremos definir o significado de finanças,
sua relação com outras disciplinas, estudar a organização
como um sistema de multiplicação de recursos financeiros,
abordando os objetivos da administração financeira sob a ótica
5 do administrador financeiro e do proprietário ou acionista.
Faremos um comparativo entre o lucro e a riqueza, focando suas
fortalezas e fraquezas.
Para iniciarmos o estudo de administração financeira,
devemos definir o significado de finanças.
Segundo Groppelli (1999, p. 03), ”são aplicações de uma
série de princípios econômicos e financeiros para maximizar
a riqueza ou o valor total de um negócio”.
10
Os tópicos em finanças são agrupados em quatro áreas
principais:
• finanças corporativas;
• investimentos;
• instituições financeiras;
15
• finanças internacionais.
1
Unidade I
Finanças corporativas: aparentemente, esse termo nos
dá uma visão de que o que será coberto é relevante apenas
para corporações (sociedades anônimas). No entanto, o termo
finanças empresariais retrata melhor o que se estuda nesta área
5 das finanças.
Investimentos: esta área envolve ativos financeiros, tais
como ações e obrigações.
Algumas das questões mais importantes são:
10
1. O que determina o preço de um ativo financeiro, como
uma ação ou uma obrigação?
2. Quais são os riscos e retornos potenciais associados ao
investimento em um ativo financeiro?
3. Qual é a melhor composição que se deve ter de diferentes
tipos de ativos financeiros?
Instituições financeiras: lidam, primeiramente, com
assuntos financeiros (bancos e companhias de seguros). Por
exemplo, um gerente de banco responsável por empréstimos
avaliará se determinado negócio tem uma posição financeira
suficientemente sólida para garantir um aumento de empréstimo;
20 ou em uma seguradora, um analista decidirá se determinado
risco é adequado para ser coberto e qual deveria ser o prêmio.
15
Finanças internacionais: envolvem aspectos internacionais
tanto de finanças corporativas quanto de investimento ou
instituições financeiras.
1.1 Relação de finanças com outras disciplinas
25
2
Marketing e finanças: os profissionais de marketing
necessitam trabalhar com orçamentos e precisam saber
como obter maior benefício das despesas e dos programas de
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
marketing. Analisar custos e benefícios de diversos tipos de
projetos é outro aspecto importante em finanças e que serve
para o marketing.
Geralmente, os analistas financeiros e os analistas de
5 mercado trabalham juntos para avaliar a lucratividade de
projetos e produtos propostos. Exemplo: projeção de vendas é
essencial para análise de novos produtos, e esta é desenvolvida
por marketing e finanças.
Contabilidade e finanças: em pequenas empresas, os
10 contadores são solicitados a tomar decisões financeiras.
Por isso, eles precisam conhecer finanças. Também porque
a contabilidade de custos e finanças empresariais estão
intimamente relacionadas. Os analistas financeiros
utilizam as informações contábeis para a tomada de
15 decisões.
Administração e finanças: a estratégia empresarial está
intimamente ligada à estratégia financeira. Os administradores
precisam conhecer finanças para tomarem decisões que
aumentem a lucratividade da empresa.
20
25
Dentre as perguntas que as finanças empresariais tentam
responder, existem 3 muito importantes:
1. Em quais investimentos a longo prazo você deveria
aplicar? Ou seja, em que linhas de negócio você atuará e
quais tipos de construções, máquinas e equipamento serão
necessários?
2. Como você obterá o financiamento a longo prazo para
pagar seus investimentos? Você trará outros acionistas ou
pedirá dinheiro emprestado?
30
3./Como você administrará suas atividades financeiras
cotidianas, como cobrança e pagamento a fornecedores?
3
Unidade I
Todas as organizações apresentam atividades que envolvem
recursos financeiros com o objetivo de obter lucro. Esses
respectivos recursos são aplicados na produção e comercialização
de bens, na estrutura física, na prestação de serviços, na
5 qualificação da mão de obra etc.
De acordo com Braga (2005, p. 23), “cada empresa pode
ser visualizada como um sistema que multiplica os recursos
financeiros nela investidos, produzindo um retorno compatível
com o risco assumido”. Assim, a função financeira das empresas
10 ocorre pelo gerenciamento dos fundos movimentados por
todas as áreas, tendo, dessa forma, um papel determinante no
desenvolvimento das estratégias operacionais, contribuindo
para o aumento da lucratividade e da riqueza.
O objetivo da administração sob o âmbito financeiro
possui duas vertentes: uma sob o enfoque do administrador
financeiro (lucro) e outra sob o enfoque do proprietário
(riqueza).
A seguir, faremos um comparativo das duas vertentes.
1.2 Maximização da riqueza
15
Perspectiva de longo prazo
A organização necessita crescer e se perpetuar, devendo
investir em tecnologia, automação, estrutura, qualidade dos
produtos e serviços, dentre outros. Esses investimentos poderão
sacrificar momentaneamente a lucratividade, porém, trarão
20 inúmeros benefícios a curto, médio e longo prazos.
Retorno do capital
Os proprietários e acionistas almejam ser remunerados pelo
aumento do valor monetário de suas ações.
4
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Risco
Os proprietários e acionistas preferem se arriscar menos no
que diz respeito ao seu patrimônio, ou seja, preferem receber
retornos menores assumindo menos riscos nas atividades
5 empresariais.
Distribuição de dividendos
Os acionistas preferem receber retornos periódicos, por meio
de uma política de distribuição compassada e equilibrada de
dividendos, com o objetivo de diminuir os efeitos negativos que
10 podem afetar o preço das ações.
1.3 Maximização do lucro
Perspectiva de curto prazo
O administrador financeiro tem como meta saldar as
obrigações da empresa, aplicando adequadamente os seus
recursos financeiros. Dessa forma, a todo momento, deve-se
15 equilibrar as entradas e saídas por meio do demonstrativo
financeiro conhecido como fluxo de caixa.
Retorno do capital
Os administradores financeiros esperam receber retornos
cada vez maiores em um período mais curto de tempo, com o
20 intuito de gerar superávit (entradas > saídas) no seu relatório
financeiro.
Risco
O perfil do administrador financeiro requer mais perspicácia
e sagacidade, ou seja, esse profissional se arrisca mais e se
25 compromete com o risco assumido.
5
Unidade I
Alguns autores da área afirmam que o objetivo da
administração financeira voltada para a obtenção do maior
lucro não satisfaz, por ser imediatista no que diz respeito ao
prazo limitado.
Podemos entender, dessa forma, que o objetivo básico
da administração financeira requer a maximização do lucro
e, consequentemente, a maximização da riqueza, pelo
alinhamento das suas vertentes.
De acordo com Ross (2002, p. 44), “o objetivo mais geral da
administração financeira é a maximização do valor de mercado
do capital dos proprietários existentes”. Não podemos esquecer
que esse objetivo não implica que o administrador financeiro
deva ser antiético ou desleal para elevar o valor do capital
10 próprio do seu negócio.
5
Um exemplo clássico em que os administradores financeiros
elevam o capital de sua empresa ocorre com o aumento do valor
das ações existentes, no caso das sociedades por ações.
A grande questão é a seguinte: até que ponto os objetivos
15 dos administradores financeiros (lucro) estão alinhados com os
objetivos dos proprietários e acionistas (riqueza)?
Podemos relacionar essa questão com dois pontos a se discutir:
remuneração dos administradores financeiros e controle dos
negócios. Iremos abordar um a um, para sua maior compreensão.
1.4 Remuneração dos administradores
O salário desses profissionais está vinculado ao desempenho
financeiro geral da organização, ou seja, ao valor atual das
ações no mercado. De acordo com Ross (2002, p. 45), “os
administradores que forem bem-sucedidos em atender aos
objetivos dos acionistas e proprietários podem receber enormes
25 recompensas”.
20
6
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
1.5 Controle dos negócios
O controle dos negócios está nas mãos dos acionistas que
elegem o conselho deliberativo de administração com o objetivo
de contratar e demitir administradores financeiros.
Podemos concluir que os acionistas e proprietários
controlam seus negócios e que a maximização da riqueza é
uma consequência da maximização do lucro, sendo objetivo
primordial para a organização.
2 ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR
FINANCEIRO
Neste módulo, iremos trabalhar as funções ligadas ao gestor
5 financeiro e as suas principais atividades dentro e fora da
empresa. Enfocaremos também o gestor financeiro como um
agente de mudanças no ambiente.
A administração financeira constante nas diversas estruturas
organizacionais apresenta duas funções relevantes, que são o
10 tesoureiro e o controller. Na maioria das empresas, o tesoureiro
tem responsabilidade pela gestão da conta-caixa e dos títulos
que são negociáveis, pelo planejamento na venda de ações, pela
gestão da estrutura de capital, dentre outros.
A função de controller já está mais voltada para os
setores de contabilidade e controladoria. Ele é responsável
pela assessoria e consultoria de diversos assuntos no
âmbito contábil, financeiro, fiscal e patrimonial. Esse
profissional tem uma autoridade denominada de staff,
pois dá aconselhamento aos diversos setores da estrutura
organizacional.
Em sintonia com o tesoureiro e o controller deve
estar o gestor ou administrador financeiro, que tem o
objetivo principal de adquirir e aplicar adequadamente os
recursos financeiros para aumentar o valor patrimonial
da organização. Podemos entender que esse profissional
trabalha com as finanças empresariais.
7
Unidade I
A seguir, elencaremos algumas atribuições do administrador
financeiro.
2.1 Decisões de financiamento e de
investimentos
No caso das organizações que estão passando problemas
financeiros e econômicos, a tomada de empréstimos ou
5 financiamentos para saldar obrigações não é a atitude mais
adequada e viável. Já as empresas bem-sucedidas, com um
rápido crescimento e aumento da lucratividade, precisam
investir em equipamentos, estoques, estrutura física etc. Nessa
situação, uma maneira viável é financiar todos esses ativos.
10
O papel fundamental do gestor financeiro é determinar
alguns pontos, tais como:
• qual é a taxa de crescimento de vendas;
• quais são os ativos que devem ser adquiridos
prioritariamente;
15
• qual é a melhor instituição financeira para negociar;
• qual é o prazo do financiamento;
• qual é o valor e qual é a taxa a ser negociada etc.
Segundo Weston e Brigham (2000, p. 9), “os gestores
financeiros devem decidir que ativos suas empresas devem
20 adquirir, como esses ativos devem ser financiados e como
a empresa deve gerir seus recursos”. Com isso, os valores
organizacionais serão maximizados e, consequentemente,
haverá um crescimento no retorno financeiro.
2.2 Planejamento/Previsão
Deve existir uma rede de relacionamento entre os diversos
25 executivos financeiros na elaboração de estratégias que
atingirão positivamente o futuro empresarial. Com as mudanças
8
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
e transformações no mercado, os gestores financeiros precisam
estar atentos para alguns fatores que interferem diretamente nos
seus negócios, tais como concorrência, flutuações econômicas,
taxa de juros, descompasso nos preços, dentre outros.
2.3 Negociações com os mercados financeiros
5
Segundo Weston e Brigham (2002, p. 9), “o gerente financeiro
deve lidar com os mercados monetários e de capital, pois cada
empresa afeta e é afetada pelos mercados financeiros gerais em
que os recursos são captados”.
2.4 Supervisão e controle
Não podemos esquecer que todas as decisões apresentam
10 consequências de ordem financeira, e todos os gestores
financeiros ou não financeiros devem se conscientizar dessa
realidade.
Temos como exemplo prático o caso em que as decisões
do setor de marketing afetam o aumento das vendas e que,
15 consequentemente, necessitam de investimentos. As decisões
de marketing afetam e são afetadas pelos recursos financeiros
disponíveis na empresa, pelo estoque, pela capacidade de
mão de obra, dentre outros gestores. De acordo com Groppelli
(1999, p. 4), “para serem bem-sucedidos, os administradores
20 financeiros têm que se envolver com as mudanças que ocorrem
constantemente no campo das finanças, adotando métodos
sofisticados para poderem planejar melhor em um clima de
crescente competitividade”.
Podemos concluir que esses profissionais precisam
trabalhar de forma integrativa dentro e fora da corporação,
pois eles são responsáveis diretos pelos fatores de
transformação em todos os ambientes privados e públicos.
9
Unidade I
Vejamos um organograma simplificado que destaca a
atividade financeira de uma grande empresa:
Conselho da administração
Presidente do conselho e
diretor-executivo geral
Presidente e diretor-geral de
operações
Diretor de
marketing
Diretor
financeiro
Tesoureiro
Gerente de
caixa
Gerente de
crédito
Diretor de
produção
Controller
Gerente de
planejamento
fiscal
Gastos de Planejamento Gerente de
contabilidade
financeiro
capital
financeira
10
Gerente de
contabilidade
de custos
Gerente de
PD
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
3 OS PROBLEMAS FINANCEIROS
ORGANIZACIONAIS
Neste módulo, iremos abordar os benefícios de uma boa
gestão financeira, focando as características das empresas
em crescimento e em declínio. Estudaremos também algumas
práticas gerenciais inadequadas para o bom funcionamento das
5 finanças organizacionais.
Segundo Santos (2000, p. 125), “para uma empresa atender a
seus objetivos, necessita gerar lucros e recursos internos crescentes,
aproveitando oportunidades de crescimento em uma perspectiva
de longo prazo”. Esse enfoque aborda tanto a ótica econômica
10 quanto a financeira, propiciando diversos benefícios, como:
• satisfação das necessidades da sociedade;
• perpetuação e crescimento da estrutura organizacional;
• elevação dos meios de sobrevivência;
• aumento do poder e prestígio da alta cúpula etc.
15
Faremos a seguir um comparativo entre uma organização
em crescente ascensão e outra em declínio.
3.1 Organização em ascensão
•..Utilização de recursos de terceiros, dependendo da
probabilidade de risco dos proprietários e acionistas nas
situações disponíveis;
20
• obtenção de lucro e recursos crescentes;
• reinvestimento do retorno gerado para aquisição de capital
de giro e tecnologia;
• identificação de novos projetos que proporcionem a obtenção
de retornos superiores ao capital investido.
11
Unidade I
3.2 Organização em declínio
• Não identificação de oportunidades de investimento,
não gerando, dessa forma, os recursos necessários para a
alavancagem nos negócios;
5
• obtenção de lucros baixos, por meio de vendas estáveis ou
decrescentes;
• geração de déficits de caixa (entradas < saídas) no
demonstrativo fluxo de caixa, podendo até levar à
liquidação ou falência da empresa.
De acordo com Hoji (2000, p. 238), “a questão relevante
ao
diagnóstico
da situação empresarial é que, muitas vezes,
10
os movimentos de crescimento ou declínio não ocorrem
com tendência nítida e objetivo”. Podemos entender que, nos
momentos de crescimento e alavancagem dos resultados, é
possível ocorrer retrocesso operacional, e nos momentos de
15 declínio, pode ocorrer a recuperação momentânea de margens
de rentabilidade.
Devemos lembrar que uma das metas estabelecidas do
processo de diagnóstico das organizações é a avaliação das
possibilidades de ser ou não atingidos os propósitos criados
20 pelo planejamento estratégico corporativo. Nessa situação,
devemos delimitar o enfoque financeiro e econômico, ou seja,
o financeiro se refere aos fatores da análise das necessidades
financeiras e da maneira como elas são atendidas, e o segundo
(econômico) foca o retorno dos recursos dos proprietários e
25 acionistas e do capital total investido. Em muitos casos, ocorre
o agravamento da situação financeira nas empresas, levando à
insolvência nos negócios. É importante destacarmos algumas
práticas empresariais inadequadas e inviáveis que corroboram
para a liquidação das mesmas. São elas:
12
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
• perda da credibilidade no mercado por atitudes antiéticas
dos administradores;
• aumento da insatisfação e das reclamações dos clientes;
5
• utilização de matéria-prima ou insumos de qualidade
duvidosa, com o objetivo de reduzir os custos
operacionais;
• decréscimo das margens de rentabilidade e volume das
vendas;
10
• atrasos nos pagamentos de fornecedores potenciais de
matérias-primas e insumos;
• devoluções de mercadorias vendidas;
• perdas de clientes para a concorrência;
• elevação dos descontos sobre os preços dos produtos/
serviços em virtude de problemas de qualidade.
Conforme Weston e Brigham (2000, p. 130), “é fundamental
a identificação das causas dos problemas, visando determinar
a viabilidade de ações corretivas, que podem envolver a
participação dos proprietários de negócios, de instituições
financeiras e demais credores”. Esses problemas podem
20 ocorrer em virtude de uma gestão errônea, ligada a fatores
externos e imprevisíveis, tais como medidas governamentais,
descompasso nas taxas de juros, concorrência acirrada,
elevação dos níveis de preços, clientela exigente, dentre
outros.
15
25
Não podemos esquecer que as origens das dificuldades
financeiras podem acontecer:
• nas falhas de projeto, ou seja, no momento da sua
concepção ou execução;
13
Unidade I
• na fase operacional, quando o projeto já se encontra em
um nível de maturidade elevado.
Podemos concluir que as organizações que apresentam
dificuldades financeiras possuem créditos bancários nas
suas obrigações a curto, médio e longo prazos.
No módulo seguinte, iremos abordar alguns eventos que
geram essa problemática organizacional.
4 CAUSAS DOS PROBLEMAS FINANCEIROS
5
Neste módulo, iremos trabalhar com algumas causas
dos problemas financeiros mais comuns detectados nas
organizações, sinalizando questionamentos que devem ser
respondidos para o atingimento da reestruturação financeira
corporativa.
4.1 Mau dimensionamento do capital de giro
De acordo com Santos (2000, p. 133), “quando as necessidades
de capital de giro são relativamente estáveis e previsíveis, a
situação recomendável é que sejam financiados por recursos
permanentes, próprios ou de terceiros exigíveis a longo prazo”.
É relevante solicitar que a escolha de se trabalhar com recursos
15 próprios ou de terceiros dependerá de uma análise integrativa
e conjuntural da organização, analisando os efeitos internos e
externos.
10
Em muitos casos, o capital de giro operacional oscila durante
todo o exercício social devido a fatores sazonais que agem
20 diretamente sobre a demanda. Temos como exemplo as lojas
de brinquedos, que elevam o seu nível de vendas nos meses de
outubro (Dia da Criança) e de dezembro (Natal). Essas empresas
devem acumular seus níveis de estocagem em meses anteriores
para uma posterior comercialização.
14
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
Nesse enfoque, alguns questionamentos devem ser
analisados. São eles:
• Ocorreu a previsão desde o início da necessidade de capital
de giro por meio de recursos próprios ou de terceiros?
5
• Todo o capital de giro necessário será capitado no ambiente
de mercado por empréstimos de curto prazo?
• Como funcionar estoques nas situações em que o capital
de giro seja sazonal?
4.2 Alavancagem financeira excessiva
Conforme Santos (2000, p. 137), “por serem cobrados juros
10 substancialmente inferiores nos financiamentos de longo
prazo originados de linhas de crédito, há forte incentivo à
excessiva alavancagem financeira”. É importante frisarmos
que à medida que aumenta a alavancagem financeira
nas organizações, aumenta consideravelmente o risco de
15 inadimplência futura. Com isso, muitas empresas criam uma
dependência em recursos de terceiros, inibindo, dessa forma,
a entrada de novos parceiros potenciais.
Segundo Ross (2002, p. 350),
20
25
há linhas de financiamentos de bancos que permitem
expressiva participação relativa no investimento total
projetado, e a elevada alavancagem, associada a prazos
e juros favoráveis tem a exata função de propulsionar
investimentos aumentando a atratividade para
pequenos e médios empresários.
Assim, algumas questões devem ser investigadas:
• O ativo (bens e direitos) gera retorno superior ao custo da
obrigação (financiamentos)?
15
Unidade I
• Qual é o perfil dos investidores em relação a sua
capacidade para implementar os recursos financeiros
necessários?
5
• Os empréstimos e financiamentos foram realizados por
fontes bancárias oficiais?
•-A projeção dos níveis de venda propicia margem de
segurança em relação à cobertura dos custos financeiros
e operacionais?
10
• Quais os encargos financeiros e os prazos referentes ao
financiamento?
• Devem existir complementações de recursos de terceiros?
4.3 Aspectos referentes à localização
Segundo Santos (2000, p. 141), “há ocasiões em que as
condições de localização mudam através do tempo e a principal
força de atração locacional deixa de existir”. Temos como exemplo
15 prático as indústrias que se instalam em determinada região
com o intuito de explorar a matéria-prima local e cuja produção
se reduz excessivamente com o passar dos tempos, levando à
extinção total da matéria-prima. Com isso, as necessidades de
exploração passam a ser realizadas em localidades ou fontes
20 distantes, aumentando, dessa forma, os custos adicionais de
deslocamento e transporte.
Devemos analisar alguns aspectos dentro dessa abordagem.
São eles:
• Quais são os pontos fortes da localização?
25
•-Existem incentivos fiscais e governamentais para a
consecução do projeto?
• Qual é o perfil da mão de obra local?
16
FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
4.4 Aquisição de tecnologia
As empresas podem adquirir tecnologia de forma inadequada
em função de inúmeros fatores, tais como:
• falta de conhecimento e pesquisa acerca das tecnologias
disponíveis no mercado;
5
• compra de equipamentos recondicionados;
• aquisição de tecnologia com risco elevado de se tornar
obsoleta a curto ou médio prazo;
• falta de controle na avaliação dos investimentos ligados à
área tecnológica;
10
• problemas decorrentes da assistência técnica pós-venda e
nas montagens dos equipamentos etc.
Alguns questionamentos devem ser feitos, tais como:
• Quais são os custos para uma atualização tecnológica?
15
• Qual é a flexibilidade da tecnologia adquirida no caso de
uma futura modernização?
• Qual é a probabilidade de obsolescência da tecnologia
atual?
17
Download