Participação Social e Educação Popular Márcia de Campos Cuiabá, setembro de 2015 UFMT ESTADO O Estado é constituído de um território, de uma população que nele vive e da soberania que significa o reconhecimento do poder de mando numa sociedade política. Para Bourdier (1992), o Estado é uma “ficção coletiva”, produto e o espaço de uma complexa luta de interesses. Ainda coloca que o Estado e uma conjunto de instituições que atuam em seu nome. DEMOCRACIA “Designa um modo de vida numa sociedade em que se acredita que cada indivíduo tem direito a participar livremente dos valores dessa sociedade” (BOBBIO). Democracia representativa Democracia Participativa CONSTITUIÇÃO “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Parágrafo único do art. 1º CF/88 CIDADANIA A cidadania é o direito que todos têm de ir e vir, de participar de grupos e associações e de ter a garantia da igualdade perante a Lei (direitos civis). É também a prática de direitos políticos (votar e ser votado) e dos direitos sociais (saúde e outros). Assim, a cidadania compreende os direitos civis, políticos, sociais, econômico, ambiental e cultural. A cidadania se controle, se conquista .... Conceitos de Movimentos Sociais Para TOURAINE, “um movimento social não é uma corrente de opinião, uma vez que questiona uma relação de poder que se inscreve muito concretamente nas instituições e organizações”. Para AMMANN, Movimento Social é uma ação coletiva contestadora, no âmbito das relações sociais, objetivando a transformação ou a preservação da ordem estabelecida na sociedade”. Para GOHN, “ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil”. PARTICIPAÇÃO SOCIAL Para GOHN, em seu livro História dos Movimentos e Lutas Sociais, apresenta o esboço de um mapeamento dos movimentos e das lutas sociais ocorridas no Brasil nos séculos XIX e XX. Afirma que os Movimentos no Brasil tem sua herança nas lutas pela Independência – Inconfidência Mineira dentre outras – Movimentos vários pela libertação dos escravos, pela república, pela cultura e liberdade religiosa dentre outras. A participação dos movimentos organizados surge também no século passado quando os movimentos trabalhistas urbanos e rurais, lutam por direitos trabalhistas. Se os anos 70 podem ser caracterizados pela disseminação de uma multiplicidade de organizações populares “de base”, nos anos 80 temos a sua articulação em federações municipais, estaduais e nacionais, entidades representativas desses movimentos, como o Movimento Popular de Saúde - MOPS PARTICIPAÇÃO SOCIAL Participação e Controle Social são dois termos e noções que se alternam e se complementam na história da saúde brasileira. A participação social possui uma dimensão ética, na medida em que te como perspectivas a redução das desigualdades sociais e a promoção de justiça social, esta voltado a universalização de direitos de na busca de construção de uma nova sociedade. Portanto, a participação social é um instrumento da democracia participativa, onde a efetivação de políticas publicas, passam necessariamente por esta participação. O SUS foi criado a partir da proposta da Reforma Sanitária, é produto de um movimento social que apresentou essa proposta na VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) e segue lutando pela sua implementação. CONTROLE SOCIAL É a capacidade que a sociedade civil tem de interferir na gestão pública, colocando as ações do Estado na direção dos interesses da comunidade. Então, podemos dizer que é uma forma de redistribuição do poder e de exercício da cidadania. O controle social pressupõe a participação da sociedade na elaboração, monitoramento, fiscalização e avaliação de políticas sociais. Neste sentido, Campos (2006), “ o controle social investe nos atores da sociedade civil de prerrogativas para intervir propositivamente na agenda do governo” Portanto, requer a existência de sujeitos coletivos dotados de autonomia e representatividade, com o intuito de garantir visibilidade e transparência aos interesses coletivos. Pressupõe espaços institucionais, onde garanta um ambiente democrático, tendo a co-responsabilidade entre sociedade civil e Estado na condução destas políticas. CONTROLE SOCIAL No SUS foram criados legalmente espaços de representação da sociedade civil organizada, através da Constituição Federal de 1988, da Lei Federal nº 8080 (1990) e da Lei Federal nº 8142 (1990), bem como atraves das Normas Operacionais e Portarias editadas pelo Ministério da Saúde.São eles: Conferência de Saúde Conselhos de Saúde e Gestão Participativa. Em todas as esferas da gestão do SUS. Outras formas de exercício do controle social Ministério Público Plebiscitos PROCON Ouvidoria Movimentos e plenárias populares de saúde e outros. EDUCAÇÃO POPULAR Educação Popular em saúde: um instrumento para a construção da cidadania. Para VASCONCELOS a educação popular na Saúde implica atos pedagógicos que fazem com que as informações sobre a saúde dos grupos sociais contribuam para aumentar a visibilidade sobre sua inserção histórica, social e política, elevar suas enunciações e reivindicações, conhecer territórios de subjetivação e projetar caminhos inventivos, prazerosos e inclusivos. Educação Popular como processo e relações pedagógicas emergentes de cenários e vivências de aprendizagens que articulam as subjetividades coletivas e as relações de interação que acontecem nos movimentos sociais, implicando na aproximação entre agentes formais de saúde e população, diminuindo a distância entre a assistência que representa intervenção pontual sobre a doença em um tempo e espaço determinados, e o cuidado, que significa o estabelecimento de relações intersubjetivas em tempo contínuo e espaço de negociação e inclusão dos saberes, dos desejos e das necessidades do outro. EDUCAÇÃO POPULAR A reflexão crítica, o diálogo e a construção compartilhada do conhecimento representam ferramentas que propiciam o encontro entre a cultura popular e a científica. Aqui é importante a disponibilidade de escuta e fala dos atores que se põem em relação, cada qual, portanto uma visão de saberes e práticas diferentes, convivendo em situações de reciprocidade e solidariedade. A educação popular, além de permitir a inclusão de novos atores no campo da saúde, fortalecendo a organização popular, permite também que as equipes de saúde ampliem suas práticas, dialogando com o saber popular. A educação popular em saúde, assim, busca empreender uma relação de troca de saberes entre o saber popular e o científico, em que ambos têm a enriquecer reciprocamente. Segundo diversos autores, essa proposta tornase cada vez mais necessária, à medida que foi sendo produzido um distanciamento cultural entre as instituições de saúde e a população, fazendo com que uns não compreendam o modo como cuidam de si, do outro e do meio ambiente. EDUCAÇÃO POPULAR A educação popular em saúde tem como balizador ético-político os interesses das classes populares, cada vez mais heterogêneas, considerando os movimentos sociais locais como seus interlocutores preferenciais. A política de saúde não tem se dedicado a compreender os saberes, estratégias e significados que as classes populares desenvolvem diante dos processos de adoecimento para, a partir daí, estruturar modos de agir que integrem o saber popular e os conhecimentos técnico-científicos, são análises dos movimentos populares. EDUCAÇÃO POPULAR Nesse contexto, afirmam que a população vem apontando outras formas de se organizar para solucionar seus problemas de saúde, aliviar o sofrimento e construir formas terapêuticas de cuidado integrais. Os usuários têm, cada vez mais, buscados práticas tidas como “alternativas” que permitam compreendê-los e impactar em melhorias de saúde de forma integral. Embora existam diversas práticas que se colocam com tal perspectiva, muitas delas não estão disponíveis nos serviços de saúde, torna-se importante compreender e valorizar o modo como essas classes vêm construindo suas alternativas de enfrentamento dos problemas de saúde por meio de diversas estratégias, dentre elas estão as parteiras, as benzedeiras, a homeopatia popular, o reiki, dentre outras. EDUCAÇÃO POPULAR A Educação Popular em Saúde caminha passo a passo com o SUS. Em 2003 vários movimentos, práticas se organizaram e constituíram a Articulação Nacional de Práticas em Educação Popular em Saúde – ANEPS. Em 2009, a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa SGEP/MS constituiu o Comitê Nacional de Educação Popular em Saúde - CNEPS, composto por 36 membros titulares e seus respectivos suplentes, com representação de 13 movimentos populares, duas entidades dos movimentos representativos dos gestores e 9 representações de áreas técnicas do MS. Este comitê foi o responsável por fomentar o diálogo entre os coletivos e educadores, profissionais de saúde, trabalhadores, gestores e estudantes, para a construção da proposta da Política Nacional de Educação Popular - SUS. POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR SUS PORTARIA Nº 2.761, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2013 Institui a Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do SistemaÚnico de Saúde (PNEPS-SUS). PRINCÍPIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA PNEPS-SUS A PNEPS-SUS reafirma o compromisso com a universalidade, a equidade, a integralidade e a efetiva participação popular no SUS. Propõe uma prática político-pedagógica que perpassa as ações voltadas para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a partir do diálogo entre a diversidade de saberes valorizando os saberes populares, a ancestralidade, o incentivo à produção individual e coletiva de conhecimentos e a sua inserção destes no SUS. Os pressupostos teórico metodológicos ou diretrizes como convencionalmente são denominados, contemplam dimensões filosóficas, políticas, éticas e metodológicas que dão sentido e coerência à práxis de educação popular em saúde. São pressupostos da PNEPS-SUS • Diálogo • Amorosidade • Problematização • Construção compartilhada do conhecimento • Emancipação • Compromisso com a construção do projeto democrático e popular EIXOS ESTRATÉGICOS DA PNEP-SUS • Participação, controle social e gestão participativa • Formação, comunicação e produção de conhecimento • Cuidado em saúde • Intersetorialidade e diálogos multiculturais Obrigada! Telessaúde Mato Grosso - Tele Educa MT Núcleo Técnico Científico de Telessaúde MT www.telessaude.mt.gov.br www.youtube.com/teleeducamatogrosso [email protected] Tel: (65) 3615-7352 (65) 3661-3559/3661-2934