SAMUEL LÓPEZ MURCIA ATAQUE DE TÉRMITAS EM PLANTAS DO CERRADO ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE PIRAPITINGA. MINAS GERAIS. BELO HORIZONTE 2006 SAMUEL LÓPEZ MURCIA ATAQUE DE TÉRMITAS EM PLANTAS DO CERRADO ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE PIRAPITINGA. MINAS GERAIS. Dissertação apresentada ao programa de pós- graduação do Departamento de Biologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre. Área de concentração: Ciências Biológicas Orientador: Prof. Dr. Geraldo Wilson Fernandes Universidade Federal de Minas Gerais BELO HORIZONTE INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 2006 Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq – IEL Nacional - Brasil, Bolsa No. 190006/2004-8 Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação – PEC-PG. Este trabalho –assim como eu-, está dedicado a Patrícia Moreira. Os próximos também. AGRADECIMENTOS Principalmente ao meu pai DEUS, sem Ele eu não sou e nada é possível. Ele criou tudo quanto existe e Dele provem todo conhecimento. Obrigado Senhor, pela vida que Tu das, por fazer de mim teu filho e por pôr as pessoas corretas na minha vida. Agradeço também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo financiamento do meu mestrado. A Geraldo Wilson Fernandes por seu permanente apoio e persistência para o sucesso deste projeto. A Og De Souza e a sua equipe da Universidade Federal de Viçosa, Ana Paula e Teresa, pelo apoio e colaboração. A Reginaldo Constantino, pela identificação dos térmitas e sua constante colaboração. Àos membros da banca Jarcilene Silva de Almeida Cortez e Rodrigo Pinto da Matta Machado. A Pedro Vianna pela identificação das plantas. A Marcus Antônio Ferreira, pelas excelentes ilustrações. Ao pessoal da Estação Ecológica de Pirapitinga, pelo apoio logístico na ilha, sua permanente disposição para ajudar e sua companhia. A Jean Carlos Santos, Daniel Negreiros, Marco Antônio Carneiro, Fernando A. Silveira, Leonardo Rodrigo Viana, pela colaboração durante todo o projeto, obrigado pelo seu espírito co-orientador. Ao pessoal do Laboratório de Ecologia Evolutiva e Herbívoros Tropicais pelo apoio permanente. A Clarissa C. Fonseca da Silva, Henriqueta V. Lemos Correia e os colaboradores Daniel, Gabriela, Graziela, Juliana, Ryanne e Thiago, pela ajuda com a triagem dos térmitas. A Clayton E. Firmino e Mary das Graças Santos pelo apoio durante o período do mestrado, com equipamentos e múltiplos assuntos. Especialmente aos professores Francisco Barbosa, Cláudia Jácobi, José Eugênio e os meus companheiros do curso de mestrado, obrigado, eu aprendi muito com vocês. Porque O Senhor dá a sabedoria; da Sua boca procedem, O conhecimento e o entendimento. (Salomão. 960 a.C. em Provérbios 2:6). RESUMO – Os térmitas atacam espécies de plantas do cerrado em diferentes intensidades. A intensidade de ataque é influenciada por diversos fatores, incluindo a altura, o diâmetro do caule e a espécie da planta hospedeira. Foram usadas iscas de celulose dispostas a cada 10 m ao longo de 6 transectos de 100 m para avaliar a intensidade de ataque de térmitas numa vegetação de cerrado protegida do fogo nos últimos 40 anos, na Estação Ecológica de Pirapitinga, Minas Gerais, Brasil. A intensidade de ataque dos térmitas entre plantas foi avaliada registrando a ocorrência em plantas maiores de 25 cm de altura ao longo de nove transectos de 2 x 50 m. Para cada planta foram anotadas a altura, a área basal e a intensidade de ataque. Sete espécies de térmitas foram encontradas. A intensidade de ataque dos térmitas foi influenciada pelo tamanho das plantas, determinado pelos parâmetros altura e diâmetro do caule, sendo a altura, o parâmetro que melhor explicou a intensidade dos ataques. Além disso, a intensidade de ataque de térmitas também variou em função da espécie vegetal. PALAVRAS CHAVE: Interação Inseto-planta, Isóptera, Herbivoria, Savana Neotropical. ABSTRACT – Termites attack cerrado plant species at different intensities. The intensity of attack is influenced by several factors, including the height, trunk diameter and type of the host species. Cellulose baits were disposed at each 10 m along 6 transects of 100 m to evaluate the intensity of termite attack in a cerrado vegetation protected from fire during the last 40 years in the Estação Ecológica de Pirapitinga, Minas Gerais, Brazil. The intensity of termite attack among cerrado plants was evaluated by recording attack on plants higher than 25 cm along nine 2 x 50 m transects. For each plant individual we recorded its height, basal area and the intensity of attack. Seven species of termites were recorded. Intensity of attack by termites was influenced by the plant’s size, determined for the parameters height and trunk diameter, being the height the parameter that better explained the intensity of attacks. Moreover, the intensity of attack of termites also varied in function of the vegetal species. KEY-WORDS: Insect - plant interactions, Isoptera, Herbivory, Neotropical Savanna. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Localização da Estação Ecológica de Pirapitinga, município de Nova Morada de Minas, Minas Gerais – Brasil. Figura 2 Isca usada na amostragem de térmitas na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Figura 3 20 22 Desenho esquemático das categorias de intensidade de ataque (ia) de térmitas sobre plantas de cerrado na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Figura 4 Curva de acumulação de espécies de plantas no cerrado, da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Figura 5 24 29 Número de indivíduos em cada categoria de intensidade de ataque (ia) de térmitas na vegetação do cerrado da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Figura 6 32 Abundância de indivíduos das espécies de plantas amostradas no cerrado sensu stricto da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Figura 7 33 Efeito do tamanho das espécies vegetais na intensidade de ataque dos térmitas no cerrado da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Figura 8 Plantas com presencia de térmitas na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Figura 9 36 41 Deslocamento do C. cyphergaster em atividade de forrageamento observado na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. 42 Figura 10 Danos em caules de plantas de Bauhinia brevipes ocasionados por ataque de térmitas na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. 43 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Definição das categorias de intensidade de ataque dos térmitas nas plantas do cerrado da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas – Minas Gerais em 2005. Adaptado de Anonymous (1989). Tabela 2 24 Abundância e proporção relativa das espécies de térmitas amostrados no cerrado sensu stricto da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Tabela 3 Registro das espécies vegetais, com suas respectivas abundância (AB), média da altura e área basal ( ± EP) na Estação Ecológica de Pirapitinga - Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Tabela 4 28 31 Abundância e valor porcentual dos indivíduos encontrados nas categorias de intensidade de ataque, nas espécies vegetais representadas por 20 ou mais indivíduos na amostragem na Estação Ecológica de Pirapitinga - Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Tabela 5 34 Efeito da altura das espécies vegetais sobre a intensidade de ataque dos térmitas no cerrado da Estação Ecológica de Pirapitinga - Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Tabela 6 Espécies de térmitas amostrados no cerrado sensu stricto da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Tabela 7 35 39 Outras espécies de térmitas encontrados em coletas anteriores a este estudo, no cerrado sensu stricto da Estação Ecológica de Pirapitinga - Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais. 39 SUMÁRIO RESUMO viii ABSTRACT ix LISTA DE FIGURAS x LISTA DE TABELAS xii 1 INTRODUÇÃO 14 2 MATERIAIS E MÉTODOS 18 2.1 Área de estudo 19 2.2 Amostragem das espécies de térmitas 21 2.3 Amostragem das espécies vegetais e avaliação do ataque 23 2.4 Análises de dados 25 3 RESULTADOS 27 4 DISCUSSÃO 37 4.1 Espécies de térmitas 38 4.2 Intensidade de ataque 40 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 45 LITERATURA CITADA 47 1. INTRODUÇÃO Os térmitas são macro-invertebrados de solo bastante diversos e abundantes nas florestas tropicais (Wood & Sands 1978; Collins 1983; Eggleton et al. 1996, 1999; Eggleton 2000; Fall et al. 2001). Possuem papel importante nos fluxos de nutrientes e do carbono (Lawton et al. 1996; Bignell et al. 1997; Tayasu et al. 1997) e exercem uma forte influência sobre a estrutura do solo, pois beneficiam as propriedades físicas deste, tais como a porosidade, areação, infiltração e armazenamento da água (Lee & Foster 1991; Mando et al. 1996). Além disso, os térmitas agem como decompositores de matéria orgânica (Bignell & Eggleton 2000). O resultado da ação dos térmitas pode influenciar a distribuição das espécies vegetais (Spain & McIvor 1988) e animais (Whitford 1991; Lavelle 1997). Os térmitas alimentam-se de produtos de origem vegetal vivo ou morto, sadio ou parcialmente descomposto, como folhas, sementes, madeira, raízes, serapilheira, estrume, húmus, líquens, fungos e carcaças de animais em decomposição (Thomé & Kimsey 1983). Entretanto, cada espécie pode especializar se em um determinado subconjunto de recursos (Sands 1969; Lee & Wood 1971). Ainda que os térmitas, em sua maioria ataquem madeira morta, há algumas espécies que se alimentam de partes vivas, atacando as raízes ou escavando galerias no caule e eventualmente matando as plantas atacadas (Vos et al. 2003). Quando isso ocorre, freqüentemente o início do ataque começa sobre tecidos mortos, passando depois para as partes vivas (Lima 1938). O ataque nos caules pode ainda estar relacionado a danos causados por fungos (Wood et al. 1980; Vos et al. 2003). Alguns estudos têm indicado que o ataque por térmitas está associado à baixa fertilidade de solo (Wardell 1987) e em alguns outros casos ao estresse hídrico da planta (Rao et al. 2000; Van den Berg & Riekert 2003). A dinâmica, ontogenia e arquitetura das partes aéreas das plantas exercem um papel fundamental na abundância e estrutura de comunidades de herbívoros (Lawton 1983; Strong et al. 1984; Espírito-Santo et al. 2006; Fonseca et al. 2006). Árvores maiores apresentam maior riqueza e abundância de insetos herbívoros do que árvores menores (Strong et al. 1984; Basset et al. 1992; Price 1997; Basset 2001; Barrios 2003), embora algumas exceções existam (e.g., Fernandes & Price 1988). No cerrado, o ataque por térmitas varia amplamente entre as diferentes espécies vegetais (Lima-Ribeiro et al. 2006) e pode ser influenciado por caracteres morfológicos das plantas como tamanho, altura e circunferência do caule (Gonçalves et al. 2005, Lima-Ribeiro et al. 2006). Segundo Gonçalves et al. (2005), o tamanho, o tipo do crescimento e a complexidade das partes aéreas da planta, afetaram a presença e a atividade de algumas espécies de térmitas. O diâmetro e inclinação do caule, densidade de ramificações, altura da árvore e tipo de solo são alguns dos fatores que influenciam a colonização, estabelecimento, forma e tamanho das colônias de Constrictotermes cyphergaster (Silvestri) no cerrado (Lima-Ribeiro et al. 2006). Anteriormente à ocupação humana, as queimadas periódicas no cerrado ocorriam na sua maioria em função de causas naturais (Eiten 1972). Assim, as plantas do cerrado evoluíram uma série de características resistentes ao fogo, como, por exemplo, cascas grossas, brotos subterrâneos e até estratégias de floração e germinação de sementes (Rachid-Edwards 1956; Coutinho 1976; Frost & Robertson 1987; Oliveira et al. 1996). Com a ocupação desses locais pelo homem, a ação antrópica aumentou a ocorrência e a freqüência do fogo (RamosNeto & Pivello 2000). Conseqüentemente, o regime de queima tem provocado mudanças na florística, na fitossociologia, e na estrutura das comunidades vegetais (Raw & Hay 1985; Durigan et al. 1994; Miranda et al. 2002). Virtualmente, todo o cerrado tem sido impactado em menor ou maior grau pelo fogo. A Estação Ecológica de Pirapitinga (EEP) é uma unidade de conservação (IBAMA) no bioma do cerrado, fisicamente isolada durante a maior parte do ano por encontrar-se no meio de um reservatório hídrico (Três Marias). Como conseqüência do seu isolamento e da sua proteção, a EEP não sofre queimadas há mais de 40 anos (A. Gomes, comunicação pessoal), fornecendo um cenário ímpar onde a influência do fogo é controlada. Não obstante os inúmeros estudos de térmitas, são escassos os trabalhos em áreas de cerrado protegidas do fogo e da ação humana, como a EEP e não existem trabalhos que abordem a intensidade de ataque dos térmitas nas plantas no meio natural. Neste estudo, realizamos o levantamento das espécies de térmitas que atacam plantas do cerrado da EEP e avaliamos o efeito das espécies vegetais e do seu tamanho (a altura e a área basal) na intensidade de ataque dos térmitas. Nós testamos a hipótese da existência de uma relação positiva entre a intensidade de ataque dos térmitas, e da área da planta que prediz que, plantas maiores e mais desenvolvidas podem apresentar maior quantidade e melhor disponibilidade de recursos para as espécies de térmitas do que plantas menores (veja Gonçalves et al. 2005; Lima-Ribeiro et al. 2006). 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de Estudo Este estudo foi realizado em uma área de vegetação de cerrado sensu stricto na Estação Ecológica de Pirapitinga (EEP) do IBAMA (Fig. 1). A EEP é uma ilha artificial formada durante a construção da represa hidrelétrica de Três Marias no rio São Francisco no ano de 1965. A EEP tem área total de 1.090 ha. e está situada no sudeste do Brasil, no município de Morada Nova de Minas, Minas Gerais. A área de estudo está localizada entre as coordenadas 18º20'S - 18º23'S e 45º17'W - 45º20'W e a uma altitude compreendida entre 570 e 630 metros acima do nível do mar (Azevedo et al. 1987). A vegetação da EEP é formada por cerrado com três tipos de fisionomias vegetais: campo sujo, cerrado sensu stricto e cerradão. A área estudada foi de cerrado sensu stricto que pode ser caracterizado pela presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com cascas grossas, cujas folhas são em geral rígidas e coriáceas e cobertura arbórea de 20% a 50% e a altura média de três a seis metros (veja Gonçalves-Alvim & Fernandes 2001). Figura 1 - Localização da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas Minas Gerais. Fonte: IBAMA 1990. O clima nesta região é tropical, tipo Aw segundo a classificação de Köppen, com uma estação seca longa (até quatro meses) entre maio e setembro (Gonçalves-Alvim & Fernandes 2001) e uma estação chuvosa entre outubro e abril. A temperatura varia entre 25,1oC e 20,9oC em média mensal com precipitação média anual de 1.222 mm (Silveira 2006). Na EEP predominam os solos do tipo latossolo vermelho escuro distrófico A moderado, com textura muito argilosa, fase cerrado, relevo suave ondulado. Porém, ocorre em algumas áreas solos do tipo cambissolo distrófico a moderado com textura argilosa, fase concrecionária campo sujo, relevo ondulado e forte ondulado (Azevedo et al. 1987). 2.2 Amostragem das espécies de térmitas Para fazer o levantamento das espécies de térmitas que atacam plantas, presentes na área de estudo foi usada a metodologia adaptada de Dawes-Gromadzki & Spain (2003). Seis transectos de 100 metros foram aleatoriamente estabelecidos na vegetação e um rolo de papel higiênico como isca foi colocado no solo a cada 10 metros (10 cm comprimento x 10 cm de diâmetro, com 30 m de folhas simples, picotado, descorado e sem perfume). A superfície do solo foi varrida com uma pequena vassoura para assegurar-se que a base descoberta da isca estivesse no contato direto com a superfície do solo. Sacos de polietileno (20 x 33 cm) foram colocados sobre as iscas para impedir sua desintegração por efeitos de intempérie permitindo, no entanto, acesso livre dos térmitas pela porção inferior próxima do solo. Para assegurar que as iscas permanecessem imóveis, as mesmas foram fixadas em posição vertical por um arame metálico de três milímetros de diâmetro em forma de “U” invertido, sendo uma metade do arame introduzida no centro oco da isca e a outra metade no exterior da mesma, penetrando aproximadamente 15 cm no solo. Garrafas de Polietileno Tereftalato (garrafas PET) cortadas ao meio, foram colocadas sobre as iscas para aumentar sua proteção contra os efeitos de chuvas e para reduzir a possível interferência de outros animais (Fig. 2). a) b) Figura 2. Isca usada na amostragem de térmitas na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. a) Materiais constitutivos da isca: saco de polietileno, arame, rolo de papel higiênico e garrafa Pet cortada no meio. b) Isca colocada no ponto de coleta. As amostragens foram conduzidas no período compreendido entre os meses de maio e setembro de 2005. Os térmitas foram coletados nas iscas após 95 dias do inicio do experimento. Este tempo foi estabelecido, através de um experimento piloto, a partir da detecção do início da atividade de forrageamento sobre iscas de monitoramento até a detecção da primeira delas com material totalmente esgotado pelo consumo dos térmitas. Após este período, todas as iscas foram coletadas e os térmitas fixados em álcool 70% e posteriormente levados para o laboratório para triagem, quantificação e identificação das espécies. 2.3 Amostragem das espécies vegetais e avaliação do ataque Para se avaliar o efeito da altura total, da área basal e da espécie da planta sobre a intensidade de ataque de térmitas foram estabelecidos aleatoriamente na vegetação nove transectos de amostragem de 2 m x 50 m cada um, totalizando 900 m2. Em cada transecto foram selecionadas todas as plantas com alturas iguais ou superiores a 25 cm. As espécies vegetais foram identificadas no Herbário da Universidade Federal de Minas Gerais e a seguir foram obtidas medidas dos seguintes parâmetros estruturais: altura total, diâmetro do caule na altura da base e a intensidade de ataque de térmitas sobre as plantas. A altura das plantas maiores de dois metros foi obtida usando-se um clinômetro enquanto o diâmetro da área basal foi medido com paquímetro para diâmetros inferiores a três centímetros, e com forcípula para diâmetros maiores que três centímetros. O ataque dos térmitas foi categorizado em quatro níveis de intensidades (níveis: 0, 1, 2 e 3, veja Tabela 1) de acordo com o processo de colonização dos térmitas e danos nas plantas (modificado de Anonymous 1989). Cada planta presente nos transectos foi avaliada visualmente para se determinar a presença ou ausência de térmitas ou estruturas que indicassem sua presença, como galerias e ninhos. Caules com presença de térmitas e evidentes danos atribuíveis ao ataque no córtex foram avaliados em várias partes para determinar se a profundidade dos danos foi maior que a espessura do córtex da planta (Fig. 3). Tabela 1 - Definição das categorias de intensidade de ataque dos térmitas nas plantas do cerrado da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas – Minas Gerais em 2005. Adaptado de Anonymous (1989). Intensidade de ataque (ia) ia0 : Ausência de térmitas Descrição Plantas não apresentam evidências da presença de térmitas, sem estruturas construídas e/ou partes danificadas atribuíveis ao ataque de térmitas. ia1 : Presença de térmitas sem ataque Plantas com presença de térmitas e/ou estruturas ativas próprias de térmitas, mas não apresentam partes danificadas atribuíveis ao ataque de térmitas. ia2 : Ataque limitado ao córtex. Plantas com térmitas e danos superficiais limitados ao córtex atribuíveis ao ataque de térmitas. ia3 : Ataque severo Plantas com térmitas e ataque visivelmente atravessando o córtex e a parte central do caule. Pode apresentar caules e ramos muito danificados ou mortos, e folhas murchas. Plantas podem ainda apresentar novas brotações a partir da raiz. Ia1 Ia2 Ia3 Figura 3 - Desenho esquemático das categorias de intensidade de ataque (ia) de térmitas sobre plantas de cerrado na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas Minas Gerais em 2005. Ia0 - Ausência de térmitas (não representado). ia1 - Presença de térmitas sem ataque - Ninho de térmitas construído ao redor de uma planta, mas sem evidências de ataque e galeria ao longo de um ramo, o qual não apresentou danos na sua estrutura. ia2 - Ataque limitado ao córtex - Galeria removida sobre um ramo, expondo o dano ao córtex. ia3 - Ataque severo - Corte transversal de um caule severamente danificado na sua estrutura interna e ainda com presença de térmitas. 2.4 Análises de dados Para saber se o esforço amostral na quantificação das espécies vegetais foi representativo da vegetação do cerrado estudada, foi construída a curva de acumulação de espécies utilizando os estimadores Chao 1 e Chao 2 (Colwell 2005). Chao 1 analisa os dados da abundancia de indivíduos que pertencem a uma determinada espécie numa amostra e Chao 2 trabalha com os dados de presença – ausência de uma espécie numa determinada amostra. Estes analises foram realizados utilizando o programa Estimate S Versão 7.5.0 (Colwell 2005). A área basal de cada planta amostrada foi calculada em relação ao valor do diâmetro na altura da base, usando a seguinte fórmula: AB = (πD²) / 4 AB = Área na altura da base da planta. π = 3,1415926536 D = Diâmetro na altura da base da planta Para responder se a intensidade do ataque dos térmitas aumenta com a altura e a área basal nas espécies vegetais foi realizada uma análise de regressão múltipla, seguindo o procedimento de modelos lineares generalizados (R Development Core Team 2006). Considerou-se a intensidade de ataque, como variável resposta, enquanto que a altura total, a área basal (variáveis contínuas), e a espécie vegetal (variável categórica) foram consideradas variáveis preditoras ou explicativas. Durante a coleta foram amostradas 51 espécies de plantas, sendo que destas, arbitrariamente foram selecionadas as espécies com o mínimo de 20 indivíduos (= 9 espécies representando 60,33% dos indivíduos amostrados) para esta análise. O modelo completo utilizado na regressão múltipla foi: ia=esp*alt+esp*ab; onde ia = Intensidade de ataque de térmitas é a variável Y, e esp = espécie, alt = altura, ab = área basal são as variáveis X. A partir deste modelo foi feita a remoção das variáveis (altura e área basal), uma de cada vez, verificando-se em seguida o efeito desta remoção no valor de F associado ao modelo. As análises foram seguidas pela inspeção dos resíduos para testar a adequação dos modelos e a distribuição de erros. Análises de contraste foram realizadas para simplificar os padrões de respostas das espécies analisadas. 3. RESULTADOS Foram encontradas sete espécies de térmitas no cerrado sensu stricto da EEP: uma espécie da família Rhinotermitidae; Heterotermes sulcatus (Mathews), e seis espécies da família Termitidae; Armitermes euamignathus (Silvestri), Cornitermes silvestrii (Emerson), C. cyphergaster, Nasutitermes coxipoensis (Holmgren), Parvitermes bacchanalis (Mathews) e Velocitermes sp. (Tabela 2). Nasutitermes coxipoensis foi a espécie mais abundante, apresentando mais da metade dos indivíduos amostrados, seguida por H. sulcatus com aproximadamente 35% dos indivíduos, enquanto as outras cinco espécies restantes juntas somaram cerca de 10% dos indivíduos. Tabela 2 - Abundância e proporção relativa das espécies de térmitas amostrados no cerrado sensu stricto da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas Minas Gerais em 2005. Família Rhinotermitidae Termitidae - Espécie Heterotermes sulcatus (Mathews) Armitermes euamignathus (Silvestri) Cornitermes silvestrii (Emerson) Constrictotermes cyphergaster (Silvestri) Nasutitermes coxipoensis (Holmgren) Parvitermes bacchanalis (Mathews) Velocitermes sp. Total Abundância 8.437 143 526 42 13.363 768 1.049 24.328 (34,7%) (0,6%) (2,2%) (0,2%) (54,9%) (3,2%) (4,3%) (100%) Na avaliação da representatividade da amostragem de espécies vegetais, a distância entre a curva de acumulação das espécies observadas e a curva do estimador Chao 1 na última parcela foi de 7,2, enquanto que para o estimador Chao 2, essa distância foi de 3,6. Os valores destas distâncias indicam o número de espécies que faltariam por registrar no cerrado da EEP, de acordo com cada estimador (veja Fig. 4). A curva de acumulação de espécies indicou que foram amostradas entre o 88 % e o 93% das espécies arbóreas e arbustivas estimadas para a área de estudo. A distância entre a curva de acumulação das espécies observadas e as curvas dos estimadores Chao 1 e Chao 2; indica que, faltaram registrar entre quatro e oito espécies vegetais e que para obter um aumento mínimo no número de espécies amostradas implicaria um esforço amostral adicional considerável (Fig. 4). Sp. obs Média Sp. est. Chao 1 Média Sp. est. Chao 2 Média 260 250 Número de espécies 60 50 40 30 20 10 0 2 4 6 8 10 Unidades amostrais Figura 4 - Curva de acumulação de espécies de plantas no cerrado, da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. O gráfico mostra o acúmulo das espécies encontradas à medida que aumenta o esforço amostral e o número de espécies estimado para cada amostra, segundo a abundância das espécies (estimador Chao 1) e segundo a incidência ou presença-ausência das espécies (estimador Chao 2). O eixo Y (número de espécies) foi interrompido no intervalo 60 - 245 para melhor visualização da figura. Foram amostrados 713 indivíduos, pertencentes a 51 espécies de 28 famílias de plantas (Tabela 3). Do total das plantas amostradas, 49% não apresentaram sinais da presença ou ataque de térmitas (ia0) e 22% apresentaram térmitas, mas sem ataque evidente (ia1). A presença de térmitas através de sinais de ataque no córtex (ia2) representou 16%, enquanto 13% apresentaram ataque severo de térmitas (ia3) (Fig. 5). Do total das espécies de plantas amostradas, nove foram representadas apenas por um indivíduo, cinco espécies estiveram representadas apenas por dois, três ou quatro indivíduos, 28 espécies foram representadas por entre 5 e 19 indivíduos e apenas nove espécies de plantas apresentaram 20 ou mais indivíduos, as quais foram usadas como grupos experimentais (Fig. 6). Tabela 3 - Registro das espécies vegetais, com suas respectivas abundância (AB), média da altura e área basal ( ± EP) na Estação Ecológica de Pirapitinga - Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Família Espécie AB Altura (m) Área basal (cm2) Annonaceae Annona sp. 36 (5,0%) 2,65 ± 0,30 29,03 ± 7,57 Annonaceae Duguetia furfuraceae 15 (2,1%) 1,43 ± 0,12 4,87 ± 1,33 Annonaceae Rollinia sp. 8 (1,1%) 2,47 ± 0,25 6,77 ± 1,35 Annonaceae Xylopia aromatica 28 (3,9%) 3,43 ± 0,57 31,82 ± 9,29 Apocynaceae Aspidosperma tomentosum 5 (0,7%) 2,35 ± 1,05 41,48 ± 35,47 Araliaceae Schefflera macrocarpa 11 (1,5%) 2,46 ± 0,53 27,23 ± 6,35 Asteraceae Piptocarpha cf. rotundifolia 1 (0,1%) Asteraceae Piptocarpha rotundifolia 7 (1,0%) 3,73 ± 0,69 25,74 ± 7,71 Bignoniaceae Tabebuia ochracea 3 (0,4%) 3,85 ± 2,98 11,58 ± 1,66 Bombacaceae Eriotheca gracilipes 14 (2,0%) 3,78 ± 0,86 40,83 ± 16,67 Burseraceae Protium cf. brasiliense 2 (0,3%) 1,70 ± 0,41 2,32 ± 0,55 Clusiaceae Kielmeyera coriacea 9 (1,3%) 3,35 ± 0,86 84,57 ± 56,10 Dilleniaceae Davilla rugosa 6 (0,8%) 1,17 ± 0,18 4,22 ± 1,82 Ebenaceae Diospyros sp. 8 (1,1%) 5,69 ± 0,80 60,50 ± 22,14 Erythroxylaceae Erythroxylum tortuosum 1 (0,1%) Fabaceae Acosmium dasycarpum 9 (1,3%) 5,52 ± 1,75 91,20 ± 40,82 Fabaceae Bauhinia brevipes 31 (4,3%) 2,32 ± 0,27 7,00 ± 0,67 Fabaceae Dimorphandra mollis 19 (2,7%) 2,11 ± 0,55 11,32 ± 4,83 Fabaceae Enterolobium gummiferum 1 (0,1%) Fabaceae Hymenaea stigonocarpa 5 (0,7%) 4,66 ± 1,37 Fabaceae Pterodon emarginatus Fabaceae Stryphnodendron adstringens Flacourtiaceae Casearia cf. arborea Loganiaceae 2,35 2,30 2,67 6,16 27,34 8,77 60,39 ± 24,65 20 (2,8%) 5,23 ± 0,81 98,47 ± 43,13 8 (1,1%) 3,51 ± 0,96 41,30 ± 14,91 18 (2,5%) 1,70 ± 0,24 6,81 ± 1,47 Strychnos sp. 2 (0,3%) 6,88 ± 5,13 13,78 ± 12,01 Malpighiaceae Banisteriopsis sp. 5 (0,7%) 3,13 ± 1,41 16,31 ± 9,51 Malpighiaceae Byrsonima cf. sericea 7 (1,0%) 1,82 ± 0,32 14,69 ± 6,04 Malpighiaceae Byrsonima sp. 1 (0,1%) Malpighiaceae Heteropteris sp. 5 (0,7%) 4,59 ± 1,05 Malpighiaceae Tetrapteris ramiflora 1 (0,1%) Melastomataceae Miconia albicans Melastomataceae Miconia sp. Monimiaceae Siparuna guianensis Moraceae 3,50 8,00 24,37 34,87 ± 13,50 111,91 209 (29,3%) 1,92 ± 0,06 7,77 ± 0,87 2 (0,3%) 1,88 ± 0,13 2,58 ± 0,57 28 (3,9%) 2,45 ± 0,24 4,50 ± 1,25 Ficus sp. 5 (0,7%) 1,31 ± 0,20 4,56 ± 1,96 Nyctaginaceae Neea theifera 2 (0,3%) 1,84 ± 0,17 13,02 ± 5,84 Ochnaceae Ouratea cf. castaneifolia 1 (0,1%) 0,75 1,99 Ochnaceae Ouratea cf. hexasperma 1 (0,1%) 3,40 13,45 Ochnaceae Ouratea semiserrata Proteaceae Roupala montana 13 (1,8%) 2,17 ± 0,39 16,47 ± 3,60 9 (1,3%) 2,68 ± 0,50 39,01 ± 10,58 Alibertia edulis Rubiaceae Coussarea sp. 21 (2,9%) 2,91 ± 0,49 10,76 ± 3,59 Rubiaceae Guettarda sp. 4 (0,6%) 6,13 ± 1,21 90,85 ± 39,24 Rubiaceae Tocoyena cf. formosa 11 (1,5%) 2,23 ± 0,60 14,15 ± 4,19 Sapindaceae Matayba mollis 16 (2,2%) 2,87 ± 0,47 18,92 ± 7,82 Sapindaceae Serjania sp. 4 (0,6%) 3,46 ± 1,45 47,29 ± 24,54 Sapotaceae Pouteria ramiflora 14 (2,0%) 2,22 ± 0,36 16,55 ± 4,19 Sapotaceae Pouteria torta Vochysiaceae Qualea multiflora 31 (4,3%) 2,52 ± 0,35 34,68 ± 9,31 Vochysiaceae Qualea parviflora 6 (0,8%) 2,99 ± 0,45 21,58 ± 4,40 Vochysiaceae Qualea sp1. 1 (0,1%) Vochysiaceae Qualea sp2. 26 (3,6%) 2,85 ± 0,47 58,67 ± 19,30 Vochysiaceae Qualea sp3. 18 (2,5%) 2,28 ± 0,26 28 Famílias 51 espécies Categorías de Intensidade de Ataque Rubiaceae 1 (0,1%) 2,50 0,97 4 (0,6%) 4,69 ± 1,88 109,07 ± 53,02 713 (100%) 3,00 - 55,88 22,59 ± 6,23 - ia3 ia2 ia1 ia 0 0 100 200 300 400 Número de plantas Figura 5 - Número de indivíduos em cada categoria de intensidade de ataque (ia) de térmitas na vegetação do cerrado da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Ia0: Ausência de térmitas, ia1: Presença de térmitas sem ataque, ia2: Ataque limitado ao córtex e ia3: Ataque severo. Nome da espécie Acosmium dasycarpum Alibertia edulis Annona sp. Aspidosperma tomentosum Banisteriopsis sp. Bauhinia brevipes Byrsonima cf. sericea Byrsonima sp. Casearia cf. arborea Coussarea sp. Davilla rugosa Dimorphandra mollis Diospyros sp. Duguetia furfuracea Enterolobium gummiferum Eriotheca gracilipes Erythroxylum tortuosum Ficus sp. Guettarda sp. Heteropteris sp. Hymenaea stigonocarpa Kielmeyera coriacea Matayba mollis Miconia albicans Miconia sp. Neea theifera Ouratea cf. castaneifolia Ouratea cf. hexasperma Ouratea semiserrata Piptocarpha cf. rotundifolia Piptocarpha rotundifolia Pouteria ramiflora Pouteria torta Protium cf. brasiliense Pterodon emarginatus Qualea multiflora Qualea parviflora Qualea sp1 Qualea sp2 Qualea sp3. Rollinia sp. Roupala montana Schefflera macrocarpa Serjania sp. Siparuna guianensis Strychnos sp. Stryphnodendron adstringens Tabebuia ochracea Tetrapteris ramiflora Tocoyena cf. formosa Xylopia aromatica 0 5 10 15 20 25 30 35 40 205 210 Número de indivíduos Figura 6 - Abundância de indivíduos das espécies de plantas amostradas no cerrado sensu stricto da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. O gráfico apresenta duas linhas de referência interceptando espécies com 4 e 20 indivíduos na amostragem. O eixo X (número de indivíduos) foi interrompido no intervalo 40 - 205 para melhor visualização da figura. As nove espécies selecionadas para as análises estatísticas totalizaram 430 indivíduos ou 60,33% do total de plantas amostradas. Dentro deste grupo, 57,91% das plantas não foram encontrados térmitas ou mesmo evidências de ataque de térmitas. A proporção de plantas atacadas diminuiu com o aumento da intensidade de ataque. Ataques com intensidades 1, 2 e 3 foram, respectivamente, 17,44%, 14,19% e 10,47% do total dos indivíduos selecionados (Tabela 4). Tabela 4 - Abundância e valor porcentual dos indivíduos encontrados nas categorias de intensidade de ataque, nas espécies vegetais representadas por 20 ou mais indivíduos na amostragem na Estação Ecológica de Pirapitinga - Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Espécie (Família) Annona sp. (Annonaceae) Xylopia aromatica (Annonaceae) Bauhinia brevipes (Fabaceae) Pterodon emarginatus (Fabaceae) Miconia albicans (Melastomataceae) Siparuna guianensis (Monimiaceae) Coussarea sp. (Rubiaceae) Qualea grandiflora (Vochysiaceae) Qualea multiflora (Vochysiaceae) - ia0 ia1 ia2 ia3 Total 10 (2,3%) 9 (2,1%) 14 (3,3%) 3 (0,7%) 36 (8,4%) 15 (3,5%) 8 (1,9%) 3 (0,7%) 2 (0,5%) 28 (6,5%) 1 (0,2%) 2 (0,5%) 4 (0,9%) 24 (5,6%) 31 (7,2%) 3 (0,7%) 7 (1,6%) 8 (1,9%) 2 (0,5%) 20 (4,6%) 179 (41,6%) 18 (4,2%) 11 (2,6%) 1 (0,2%) 209 (48,6%) 23 (5,3%) 4 (0,9%) 0 (0,0%) 1 (0,2%) 28 (6,5%) 10 (2,3%) 9 (2,1%) 2 (0,5%) 0 (0,0%) 21 (4,9%) 5 (1,2%) 7 (1,6%) 7 (1,6%) 7 (1,6%) 26 (6,0%) 3 (0,7%) 11 (2,6%) 12 (2,8%) 5 (1,2%) 31 (7,2%) 249 (57,9%) 75 (17,4%) 61 (14,2%) 45 (10,5%) 430 (100%) Após as análises estatísticas aplicadas às nove espécies selecionadas optou-se por retirar do modelo a área basal visto esta variável estar correlacionada com a altura da planta e pelo fato da altura explicar melhor o modelo (Tabela 5). Tabela 5 - Efeito da altura das espécies vegetais sobre a intensidade de ataque dos térmitas no cerrado da Estação Ecológica de Pirapitinga - Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. O modelo mínimo adequado foi: ia=gruposp+alt+gruposp*alt. Onde gruposp contém três grupos de espécies que responderam de forma diferente na intensidade de ataque apresentada: Grupo 1 (Annona sp., Pterodon emarginatus, Qualea grandiflora e Qualea multiflora), grupo 2 (Bauhinia brevipes) e grupo 3 (Xylopia aromática, Miconia albicans, Siparuna guianensis e Coussarea sp.). Regressão Múltipla Espécies Altura Espécies*altura Erro Total gl 2 1 2 424 429 Desvio 231,46 19,20 11,10 205,91 467,67 F 238,312 38,529 11,431 - P <0,0001 2,2e-16 <0,0001 8,045e-10 <0,0001 1,462e-05 - A intensidade de ataque correlacionou diferencialmente com a altura da planta mas variou conforme a espécie de planta. Dentre as espécies selecionadas, foram encontrados três padrões distintos de resposta. Grupo 1 (representado pelas espécies Annona sp, Pterodon emarginatus, Qualea grandiflora e Qualea multiflora), grupo 2 (representado por uma única espécie, Bauhinia brevipes) e grupo 3 (representado pelas espécies Xylopia aromatica, Miconia albicans, Siparuna guianensis e Coussarea sp). Nos grupos 1 e 3 a intensidade de ataque aumentou com a altura das plantas, manifestando dois padrões de resposta diferentes. Para a mesma série de alturas das plantas (0,25 – 16 m), no grupo 1 as plantas não apresentam ia0 e o aumento da intensidade de ataque ocorreu predominantemente entre ia1 e ia2. No grupo 3 ocorrem os quatro níveis de intensidade de ataque. Isto indica que ainda que nos grupos 1 e 3 a intensidade de ataque aumentou com a altura, no grupo 3 o aumento ocorreu com incrementos menores na altura das plantas. Por outro lado, no grupo 2 a intensidade de ataque de térmitas apresentou relação negativa com o tamanho da planta da espécie B. brevipes (Fig. 7). Grupo 3 Intensidade de Ataque ia3 Grupo 1 ia2 ia1 Grupo 2 ia0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Altura (m) Figura 7 - Efeito do tamanho das espécies vegetais na intensidade de ataque dos térmitas no cerrado da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. O modelo mínimo adequado apresenta três padrões distintos de intensidade ataque: Grupo 1 linha continua (Annona sp., Pterodon emarginatus, Qualea grandiflora e Qualea multiflora), grupo 2 linha pontilhada (Bauhinia brevipes) e grupo 3 linha tracejada (Xylopia aromatica, Miconia albicans, Siparuna guianensis e Coussarea sp.) 4. DISCUSSÃO 4.1 Espécies de térmitas Embora a EEP seja uma área protegida de fogo e da ação humana, as espécies encontradas são comuns às de outras fisionomias do cerrado (Constantino 1998). Nas espécies de térmitas xilófagos, a madeira viva é consumida principalmente por térmitas de grupos mais basais, entre as quais estão as espécies de Heterotermes (Rhinotermitidae) (Lee & Wood 1971) que abrigam protozoários e bactérias como simbiontes para digerir a celulose (Waller & LaFage 1987), como H. sulcatus a segunda espécie mais abundante. Geralmente, as espécies xilófagas consomem apenas partes lignificadas de árvores vivas, incluindo o cerne. As raízes também são igualmente importantes, porque fornecem uma rota de entrada dos térmitas na planta (Lee & Wood 1971; Waller & LaFage 1987). A dieta xilófaga se mantém na maioria dos térmitas mais basais e em muitos térmitas mais derivados, como o caso de numerosos Nasutitermitinae (Mathews 1977). As espécies A. euamignathus, C. silvestrii, C. cyphergaster, P. bacchanalis, Velocitermes sp e N. coxipoensis, podem assim estar relacionadas aos ataques às plantas no cerrado da EEP. Alem disso, a maioria das espécies dos Nasutitermes, como as relatadas neste estudo, constroem ninhos arborícolas (Santos 1982) e C. cyphergaster é uma espécie arborícola que utiliza troncos de árvores e arbustos do cerrado sensu stricto como suporte para os ninhos (Constantino & Costa-Leonardo 1997) veja Tabela 6. Na mesma área de estudo, foi observada a presença de outras espécies de térmitas não amostrados pelo método usado neste estudo. Estão entre estas: N. kemneri (Snyder & Emerson), Velocitermes cf. paucipilis (Mathews), Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri), Microcerotermes strunckii (Sörensen) e Termes bolivianus (Snyder) veja Tabela 7. Syntermes nanus (Constantino) também foi observada na EEP, saindo de ninhos subterrâneos e forrageando em gramíneas. Estes registros vêm reforçar a importância da subfamília Nasutitermitinae, que se apresentou como dominante na comunidade local de térmitas. Estas espécies, somadas às amostradas nos transectos, resultam num total de 12 espécies de Termitidae e uma espécie de Rhinotermitidae na EEP. Muitas destas espécies podem estar associadas aos danos sobre as plantas (Murcia e colaboradores, dados não publicados), indicando a necessidade de uma avaliação mais ampla e aprofundada sobre a associação destas espécies de térmitas com as plantas hospedeiras e até entre as outras formações savânicas da Estação Ecológica. Tabela 6 - Espécies de térmitas amostrados no cerrado sensu stricto da Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. X: Espécies de térmitas xilófagos, A: Espécies de térmitas que constroem ninhos arborícolas, V: Espécies de térmitas conhecidas por atacar plantas vivas, R: Espécies de térmitas que atacam raízes de plantas em pé, E: Espécies de térmitas apontadas como endêmicas no cerrado. FAMILIA SUBFAMILIA Grupo RHINOTERMITIDAE TERMITIDAE ESPECIE Heterotermes sulcatus (Mathews) Nasutitermitinae Cornitermes Nasutitermes X A V R E ... X Armitermes euamignathus (Silvestri) ... ... ... ... X Cornitermes silvestrii (Emerson) ... ... ... ... X Constrictotermes cyphergaster (Silvestri) ... Nasutitermes coxipoensis (Holmgren) X X Parvitermes bacchanalis (Mathews) ... Velocitermes sp ... X ... X ... ... X X ... ... X X ... ... X ... ... ... ... Fonte: Lee & Wood 1971; Santos 1982; Donovan et al. 2000; Constantino 2002; Roisin & Leponce 2004; Constantino 2005; Lima-Ribeiro et al. 2006. Tabela 7 - Outras espécies de térmitas encontrados em coletas anteriores a este estudo, no cerrado sensu stricto da Estação Ecológica de Pirapitinga - Município de Morada Nova de Minas Minas Gerais. X: Espécies de térmitas xilófagos, A: Espécies de térmitas que constroem ninhos arborícolas, V: Espécies de térmitas conhecidas por atacar plantas vivas, R: Espécies de térmitas que atacam raízes de plantas em pé, E: Espécies de térmitas apontadas como endêmicas no cerrado. FAMILIA TERMITIDAE SUB-FAMILIA Grupo Amitermitinae Nasutitermitinae ESPÉCIE Microcerotermes strunckii (Sörensen) Cornitermes Rhynchotermes nasutissimus (Silvestri) Nasutitermes Nasutitermes kemneri (Snyder & Emerson) Velocitermes cf. paucipilis (Mathews) Termitinae Termes bolivianus (Snyder) X X ... X ... X A X ... X V ... ... X R E ... ... ... X ... X ... ... ... ... ... ... ... X Fonte: Lee & Wood 1971; Santos 1982; Donovan et al. 2000; Constantino 2002; Roisin & Leponce 2004; Constantino 2005; Lima-Ribeiro et al. 2006. 4.2 Intensidade de ataque A altura das plantas em 8 das 9 espécies selecionadas afetou positivamente a intensidade de ataque das espécies de térmitas, corroborando a hipótese de que plantas maiores são mais intensamente atacadas do que plantas menores. A relação positiva entre o tamanho da planta e riqueza de espécies de herbívoros tem sido amplamente ilustrada, incluindo estudos de térmitas (e.g., Lawton 1983; Strong et al. 1984; Gontijo 1991, Gonçalves et al. 2005; Lima-Ribeiro et al. 2006). A preferência alimentar dos térmitas por algumas espécies vegetais foi relatada no campo, por Wood (1977) enquanto Gontijo (1991) e Cunha (2000) evidenciaram esta preferência no cerrado. Os resultados também mostram uma variação de ataque de térmitas entre espécies de plantas, resultando em três padrões distintos de resposta para as espécies de plantas amostradas. Plantas maiores podem ser mais atacadas por três motivos principais (Fig. 8): (1) por oferecerem maiores possibilidades de se encontrar alimento, (2) por apresentarem maiores possibilidades para deslocamento em atividades de forrageamento e (3) por apresentarem maiores possibilidades de ações evasivas contra predadores (Fig. 9). Além disso, plantas maiores podem constituir um melhor recurso de suporte para térmitas que constroem ninhos arborícolas. Constrictotermes cyphergaster constrói ninhos preferencialmente em árvores com 30 e até 60 cm de circunferência total de caule Cunha (2000). Dentre o total de plantas amostradas no presente estudo, apenas 50 indivíduos (7% do total) apresentaram essas dimensões e entre elas 94% dos indivíduos possuíam intensidades de ataque limitado ao córtex e severo. Plantas maiores indicam também superfícies de córtex maiores que por conseqüência representam maior quantidade de alimento para os térmitas em termos de biomassa vegetal (Jones & Gathorne-Hardy 1995). Da mesma forma, plantas maiores têm arquitetura geralmente mais complexa e podem indicar maior desenvolvimento de ramificações (Gontijo 1991), além de maiores possibilidades de apresentar plantas epífitas. Estas duas circunstâncias propiciam a captura e o acúmulo de matéria orgânica o qual aumenta a quantidade de alimento disponível na superfície da planta para os térmitas (Gonçalves et al. 2005). a) b) c) d) Figura 8 - Plantas com presencia de térmitas na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Fotografias a) e b) Plantas maiores com grande quantidade de térmitas, podem apresentar maiores possibilidades para deslocamento em atividades de forrageamento, c) Árvore com ninho de térmitas, plantas maiores podem constituir um melhor recurso de suporte para ninhos de térmitas arborícolas e d) Ramos superiores de árvore com grande quantidade de térmitas, podem apresentar arquitetura mais complexa, maiores possibilidades de deslocamento em atividades de forrageamento e em ações evasivas contra predadores. Figura 9 – Desenho esquemática do deslocamento do C. cyphergaster em atividade de forrageamento observado na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas Minas Gerais em 2005. Constrictotermes cyphergaster usa os interceptos entre plantas para passar de uma planta para outra, provavelmente tentando evitar se deslocar pelo solo onde poderia encontrar maior quantidade de predadores. Dependendo da severidade do dano, as partes mais internas da planta podem ser atingidas e consequentemente, levar a contaminações por patógenos (Sellschop 1965, Vos et al. 2003). Além disso, o ataque dos térmitas pode ser mediado pela presença de fungos. Muitas espécies de térmitas mostram certa preferência por tecido vegetal relativamente alterado pela ação de fungos, incluindo aquelas espécies de térmitas capazes de atacar a madeira sadia (Noirot & Noirot-Timothée 1969). O ataque de térmitas com presença de fungos foi observado em indivíduos de B. brevipes. Tanto o ataque por térmitas quanto por fungos, podem fragilizar caules e ramos, e conseqüentemente a perda destas importantes estruturas (Fig. 10). Muitos indivíduos de B. brevipes têm seus caules quebrados pela influência direta ou indireta do ataque dos térmitas. Provavelmente a relação negativa entre a intensidade de ataque e tamanho da planta em B. brevipes, foi devida a quebra do caule principal da planta. a) b) c) d) Figura 10 - Danos em caules de plantas de Bauhinia brevipes ocasionados por ataque de térmitas na Estação Ecológica de Pirapitinga – Município de Morada Nova de Minas - Minas Gerais em 2005. Fotografias a) e b) danos internos dos caules por intensidades de ataque severas, Fotografias c) e d) caules principais fragilizados por ataques de térmitas, as plantas apresentam rebrotes não atacados. A intensidade de ataque de térmitas variou amplamente em função das espécies de plantas (Fig. 8). A resposta encontrada nos grupos de plantas 1 e 3 sugere uma relação positiva entre a altura da planta e a intensidade de ataque pelos térmitas. Porém, o ataque em B. brevipes foi maior nos indivíduos que apresentaram menor altura. Bauhinia brevipes é um arbusto que alcança até três metros de altura. Nos caules danificados de B. brevipes foi observado grande atividade de Nasutitermes spp, bem como, a aparição de novas brotações após a perda do caule principal pelo ataque dos térmitas. Assim, os indivíduos de B. brevipes com altos níveis de intensidade de ataque (ia3) apresentaram alturas menores do que esperado para a altura destes indivíduos na população. Tal fato poderia ser explicado, provavelmente em função da perda de caules principais por causa do ataque dos térmitas, ocorrendo, portanto uma redução no tamanho das plantas após o ataque e conseqüentemente, resultando numa relação linear negativa entre a altura da planta e a intensidade de ataque em B. brevipes (Fig. 10). Alternativamente é possível que o encontro das plantas pelos térmitas possa estar ocorrendo simplesmente ao acaso (Nutting, 1969, Souto et al. 1999). Árvores maiores apresentam maiores probabilidades de serem encontradas do que árvores menores, porque são mais conspícuas no ambiente (Gonçalves et al. 2005). Esta circunstância pode definir um padrão aleatório de distribuição dos térmitas sobre as plantas hospedeiras. Contudo, uma vez a planta é encontrada, outros fatores não aleatórios, poderiam atuar sobre o tipo de atividade dos térmitas. A qualidade nutricional das plantas e suas defesas químicas contra o ataque de herbívoros podem também exercer um papel relevante no comportamento de ataque de térmitas e susceptibilidade da planta (veja Lima-Ribeiro et al. 2006). Todavia, estudos desta natureza realizados com térmitas são ainda escassos. A metodologia empregada para avaliar a intensidade de ataque dos térmitas nas plantas in situ, constituiu-se de uma ferramenta simples e eficiente para ser utilizada em campo, uma vez que pode classificar os ataques segundo sua ausência ou presença e através de danos visíveis e atribuíveis aos térmitas. Entretanto, devido à proximidade das categorias 2 e 3, recomenda-se uma avaliação cuidadosa e criteriosa de cada indivíduo amostrado. 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Foi corroborada a hipóteses da existência de uma relação positiva entre a intensidade de ataque dos térmitas e o tamanho das plantas do cerrado, o qual é determinado pelos parâmetros altura e área do caule. No entanto foi à altura, o parâmetro que melhor explicou a intensidade de ataque dos térmitas nas plantas. Além disso, a intensidade de ataque de térmitas também variou em função da espécie vegetal. Este estudo apresentou os primeiros dados sobre espécies de térmitas que atacam plantas na EEP, uma área de cerrado protegida da influência do fogo e da ação humana. Alem disso, foi apresentado aqui um método de avaliação no campo da intensidade de ataque dos térmitas em plantas a partir de parâmetros estruturais da planta hospedeira.. É importante ressaltar que a intensidade de ataque dos térmitas numa planta é um processo dinâmico que depende do estado nutricional e dos parâmetros estruturais da planta, bem como, da riqueza e abundância de espécies de térmitas presentes na área e das condições ambientais que variam ao longo de períodos estacionais. Por tanto, futuros estudos poderiam correlacionar a intensidade de ataque dos térmitas com a riqueza e abundância tanto de espécies vegetais como de espécies de térmitas em diferentes períodos estacionais, para compreender melhor a dinâmica da intensidade de ataque dos térmitas sobre plantas. A partir de estudos como este, espécies vegetais que apresentam menores intensidades de ataque de térmitas poderiam ser objeto de estudo para recuperação de solos em áreas de cerrado degradadas. LITERATURA CITADA Anonymous. 1989. Field test method for determining the relative protective effectiveness of a wood preservative in ground contact. European Standart EN252. 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