Universidade Federal do Pampa Campus Itaqui Fisiologia pós-colheita Respiração Prof. Dr. Anderson Weber 2017 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Pode ser de dois tipos: Respiração anaeróbia sem a utilização de O2, também chamada de FERMENTAÇÃO. A quebra de uma molécula de glicose gera apenas 2ATPs. Respiração aeróbia com a utilização de O2 Processo pelo qual a glicose é degradada em CO2 e H2O na presença de oxigênio. Rendimento: 36 ATPs por molécula de glicose quebrada. Dividida em 3 fases Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Local de ocorrência Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Local de ocorrência Mitocôndria Citossol Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular NAD+ Etanol Glicose Cadeia transportadora de elétrons NADH 1,3-bifosfoglicerato Pi Aldeído Acético Glicólise NAD+ NADH ADP ATP ADP ATP X NAD H2 H2 FAD X NAD+ NADH Piruvato X Lactato = ↓ pH X Ciclo de Krebs ATP 2eATP Cit. b 2eCit. c 2eCit. a ATP 2eCit. a3 2 O2 + 4 H+ X 2e- Succinato desidrogenase Acetil-CoA 2 H2O Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Equação geral C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + 36ATP Paradigma: Consome açúcar “reduz” qualidade pós-colheita Produz energia celular absolutamente necessária para vida celular Produz intermediários para inúmeras rotas bioquímicas. Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Glicólise Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Glicólise Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Ciclo de Krebs Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Cadeia de transporte de elétrons Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Climatéricas Taxa de respiração de manga (Var. Keitt) à 20°C Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Não-climatéricas Taxa respiratória em tangeria Ponkan à 10 e 20°C Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Quociente respiratório: CO2/O2 QR = 1 – açúcares QR > 1 Ac. Orgânicos (ricos em O2) Respiração Anaeróbica QR < 1 Oxidação incompleta Interrupção ciclo de Krebs CO2 é utilizado em síntese Substrato com relação C:O inferior a hexoses (gorduras, proteínas) Efeito da temperatura sobre QR: Diferença de solubilidade e coeficiente de difusão dos gases (CO2/O2) Baixa temperatura = CO2 solubilidade 35 x mais que O2 no suco Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Quociente respiratório: CO2/O2 Carboidratos A proporção hidrogênio:oxigênio nos carboidratos é a mesma da água (H2O). Assim, todo o oxigênio é usado para oxidar o carbono até CO2. C6H12O6 + 6O2 A relação molar CO2/O2 = 1 6CO2 + 6H2O Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Quociente respiratório: CO2/O2 Gorduras As gorduras possuem mais energia que os carboidratos porque têm mais hidrogênio (e menos oxigênio) que os carboidratos – que já estão ‘parcialmente’ oxidados até álcool, aldeído ou cetona. O oxigênio consumido no metabolismo das gorduras é gasto para oxidar também os hidrogênio (além do carbono): C16H20O2 + 23O2 16CO2 + 16 H2O Palmitato O quociente respiratório será de 0,7: QR=16CO2/23O2 = 0,7 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Quociente respiratório: CO2/O2 Proteínas Os aminoácidos não são simplesmente oxidados como carboidratos ou gorduras Antes sofrem desanimação. O nitrogênio (e enxofre, quando existe) são eliminados ficando o esqueleto carbonado disponível para oxidação; Os fragmentos ‘cetogênicos’ são oxidados até CO2 + H2O (através do ciclo de Krebs, cadeia respiratória e fosforilação oxidativa). Para a albumina, o quociente respiratório seria: C72H112N22O22S + 77O2 63 CO2 + 38 H2O + SO3- + 9 CO(NH2)2 Albumina Uréia QR = 63 CO2/77 O2 = 0,82 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Quociente respiratório: CO2/O2 Ácido oleico C18H34O2 + 25,5O2 18CO2 + 17H2O Q.R. = 18CO2/25,5O2 = 0,7 Ácido cítrico C6H8O7 + 4,5O2 6CO2 + 4H2O Q.R. = 6CO2/4,5O2 = 1,3 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Importância Taxa respiratória X vida de prateleira Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Importância Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Importância Maçãs Vida pós-colheita: 6-8 semanas Respiração 20°C: 10 mg CO2 kg-1 hr-1 Carambola Vida pós-colheita: 1-6 semanas Respiração 20°C: 40 mg CO2 kg-1 hr-1 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Importância Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Importância Classe Respiração a 5°C Produto (mg CO2 kg-1 h-1) Muito baixa <5 frutos secos: castanha, noz, avelã, amêndoa, tâmara Baixa 5-10 maçã, laranja, limão, uva, kiwi, cebola, batata Moderada 10-20 damasco, banana, cereja, figo, nectarina, pêssego, pêra, ameixa, repolho, cenoura, alface, pimentão, tomate Alta 20-40 Morango, amora, framboesa, abacate, feijão-fava e repolho Muito Alta 40-60 Alcachofra, feijão-vagem, couve-debruxelas, flores Extremamente Alta >60 Aspargo, brocoli, champignon, ervilha, espinafre, milho doce Fonte: Saltveit, 2004. Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Fatores que afetam Temperatura Composição atmosférica Estresse físico Luz Estresse químico (ex. voláteis) Estresse de radiação Estresse hídrico Reguladores de crescimento Patógenos Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Respiração & Temperatura Temperatura é o fator mais importante na conservação pós-colheita Determina a velocidade de reações químicas, incluíndo a respiração Para cada incremento de 10oC, a respiração aumenta 2 a 4 vezes. A redução na temperatura também retarda/inibe o desenvolvimento de patógenos Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Lei de Van't Hoff: A velocidade de reações biológicas aumenta 2 a 3 vezes para cada incremento de 10°C Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Brackmann, 2009 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Steffens, 2007 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Amarante, 2008 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Respiração de frutos em função da temperatura (mg CO2/kg/h) Espécie Temperatura (°C) 0 5 10 20 25 Maçã 5 8 12 26 - Pêssego 8 12 25 75 100 Morango 20 32 50 110 180 Brackmann, 1998 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Efeito da temperatura sobre a taxa de deterioração de produtos não sensíveis a injúria pelo frio (KADER, 1985). Temperatura (°C) Velocidade relativa Vida de prateleira de deterioração relativa Perda diária (%) 0 1,0 100 1 10 3,0 33 3 20 7,5 13 8 30 15,0 7 14 40 22,5 4 25 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Taxa respiratória de frutos em função do estádio de maturação e temperatura (ml CO2 kg-1 h-1) Maçã ‘Gala’ Maçã ‘Fuji’ Caqui ‘Fuyu’ Caqui ‘R. Forte’ 0º C 10º C 20º C V 0,47 3,34 10,00 (21x) M 0,57 3,48 11,10 (19x) V 0,58 2,77 8,32 (14x) M 0,67 2,68 8,68 (13x) V 0,49 4,39 7,67 (16x) M 0,47 3,92 11,80 (25x) V 0,78 6,84 22,00 (28x) M 0,73 5,92 23,60 (32x) STEFFENS & BRACKMANN, 2005 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Taxa de respiração em função da temperatura de armazenamento de frutos (mg CO2 kg-1h-1) (Adaptado de Hardenburg, Watada & Wang, 1986) Produto Temperatura 0ºC 4-5ºC 10ºC 15-16ºC 20-21ºC 26-27ºC Abacate - 20-30 - 62-157 74-347 118-428 Abacaxi (verde-maduro) - 2 4-7 10-16 19-29 28-43 Ameixa Wickson 2-3 49 7-11 12 18-26 28-71 Banana (verde) - - - 21-23 33-35 - Banana (maturação) - - 21-39 25-75 33-142 50-245 Caqui "Japanese" - 6 - 12-14 20-24 29-40 Figo (fresco) - 11-13 22-23 49-63 57-95 85-106 Laranja 2-5 4-7 6-9 13-24 22-34 24-40 Morango 12-18 16-23 49-95 71-92 102-196 169-211 3-6 5-11 14-20 18-31 20-41 - - 10-22 - 45 75-151 120 Maçã Manga Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular Temperatura Taxa de respiração em função da temperatura de armazenamento de frutos (mg CO2 kg-1h-1) (Adaptado de Hardenburg, Watada & Wang, 1986) Produto Temperatura 0ºC 4-5ºC 10ºC 15-16ºC 20-21ºC 26-27ºC Melão "Cantaloupe" 5-6 9-10 14-16 34-39 45-65 62-71 Melão "Honey Dew" - 3-5 7-9 12-16 20-27 26-35 Melancia - 3-4 6-9 - 17-25 - Mamão - 4- - 18-22 - 39-88 Pêssego 4-6 16 33-42 59-102 81-122 Pera "Bartlett" 3-7 8-10 15-60 30-72 - Pera "Kieffer" 2 - 11-24 15-28 20-29 8 10-12 - 25-30 Uva 1-2 - Inferência sobre a vida de prateleira Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular O2 e CO2 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular O2 e CO2 A.I. AC/1°C ACD-FC/1°C ACD-QR1,5/1°C ACD-QR1,5/MCP/1°C ACD-QR2/1°C ACD-QR2/1,5°C CV (%) Weber, 2013 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular O2 e CO2 Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular O2 e CO2 Figure 5 Respiration of ‘Conference’ pear during 6 months of storage. C02 measurements were carried out every 2 months and during shelflife at 20 °C. Vertical bars indicate standard deviation of the replicates. Fisiologia Pós-colheita - Respiração Celular O2 e CO2 CO2 afeta a atividade da Succinato desidrogenase do ciclo de krebs