saúde notícias

Propaganda
Jornal do Commercio - PE
22/03/2015 - 08:17
Dengue, velha ou nova, é imprevisível
Enquanto uma vacina contra a dengue torna-se cada vez mais possível, um dilema está
longe do fim. O doente corre mais risco no primeiro contato com o vírus ou nas
infecções repetidas? Especialistas acreditam que nem tão cedo o enigma estará
elucidado. A segunda reportagem da série iniciada na semana passada aponta as
certezas e incertezas em torno da virose que ainda vai exigir muito dos estudos
moleculares, clínicos e da epidemiologia.
Veronica Almeida
Na atual epidemia que avança sobre o Recife, com 574% de aumento nos casos
suspeitos registrados, a dengue tem se mostrado versátil como nunca, ao ponto de ser
confundida com a nova febre chicungunha e velhas viroses de transmissão respiratória.
Gente picada pelo Aedes aegypti já recebeu diagnóstico até de uma tal "sub-rubéola",
para desespero dos epidemiologistas. Uns quase não sentem febre, ficam com manchas
vermelhas e coceira no corpo já no terceiro dia. Outros se queixam de dores mais fortes
nas articulações. Reações neurológicas e até garganta irritada têm sido anotadas por
médicos. Mudar de apresentação não é o único mistério da arbovirose (transmitida por
mosquito). Até agora, mesmo na quarta década de adoecimentos constantes no Brasil e
muitos séculos no mundo, ainda se tem dúvida sobre o que define seu curso quase
fulminante em parte dos casos.
"Quanto mais se aprende parece que menos se sabe", desabafa o médico e cientista
Ernesto Marques, da Fundação Oswaldo Cruz no Recife e da Universidade de
Pittsburgo (EUA). "O que era certeza absoluta sobre os mecanismos que levavam à
doença grave já nos deixa dúvidas. Durante 45 anos apostou-se numa teoria que estudos
mais recentes não confirmaram, a de que a segunda infecção teria mais chance de
complicar", afirma. Há quatro vírus circulando.
O médico Demócrito Miranda Filho, professor de infectologia da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), confessa não entender a grande
frequência de manifestações leves, mesmo em pessoas que já adoeceram mais de uma
vez. Lembra que a literatura científica apontava a dengue grave associada à cepa do
vírus ou a uma segunda exposição. Virose considerada reemergente a partir da década
de 1980 no Brasil (pode ter circulado antes) exigiu nas duas últimas décadas uma
atualização gradual dos profissionais. Talvez ainda seja cedo para saber tudo sobre ela.
"Existem fatores genéticos do hospedeiro, do vírus em si, por isso a vigilância e a
identificação de cepas são importantes, algumas parecem provocar mais adoecimento na
sociedade que outras, e a individualidade da pessoa também pode definir se ela ficará
curada facilmente ou terá complicações", lista Ernesto Marques. Para o pesquisador, é
preciso avançar no estudo molecular para compreender melhor a apresentação clínica da
dengue.
A virologista Marli Tenório, também da Fiocruz, fez sequenciamento genético de vírus
isolados de pernambucanos e estudou o comportamento da doença entre 1995 e 2006.
"Nas epidemias passadas, como a de 1995 e 1996, causadas pela dengue 1, muitos casos
confirmados não apresentavam febre e 62% tinham manchas vermelhas na pele", cita. E
por que os sintomas mudam ao longo do tempo? "Pode ter a ver com o sorotipo e ou
genótipo do vírus circulante", defende. Ela mesma teve dengue quase sem sinais.
Jornal do Commercio - PE
22/03/2015 - 08:17
Complicação pode surgir no quarto dia
Na dúvida quanto ao curso da doença, é melhor ficar atento às tendências que os
especialistas apontam. Diante dos sinais suspeitos, mantenha-se hidratado ao máximo.
Se não conseguir beber líquidos, busque ajuda num serviço de saúde, pois precisará de
soro injetável. Outro ponto fundamental são as complicações que podem surgir no
quarto dia.
"Quem está com dengue deve voltar ao posto de saúde, UPA ou hospital para medir as
plaquetas, mesmo que esteja se sentindo bem. Nessa fase, elas podem cair muito sem
dar sinais e o paciente iniciar um quadro crítico, com risco de morte", adverte Demétrio
Montenegro, 41 anos, chefe do Isolamento de Doenças Infecciosas do Hospital
Universitário Oswaldo Cruz, no Recife.
Quando estava começando a carreira na infectologia teve a doença e estudou os óbitos
registrados. Descobriu que as pessoas nem sempre morriam de hemorragias, mas de
extravasamento de líquido no interior do corpo, uma complicação que pode ser
sinalizada na queda de plaquetas e outras taxas.
O conhecimento mais detalhado em torno da doença fez o Ministério da Saúde
abandonar a expressão dengue hemorrágica e adotar dengue grave, que inclui os casos
com sangramento.
A pediatra Andrea Melo foi surpreendida em casa com a reação do filho que começava
uma virose. O garoto, com menos de um ano, na época, apresentou febre e teve uma
queda brusca de temperatura. A hipotermia, causada pelo extravasamento de líquido no
interior do organismo, significava agravamento da dengue, naquele momento nem
diagnosticada. A infectologista do isolamento pediátrico do Oswaldo Cruz Regina Coeli
chama a atenção especial para bebês, que não conseguem descrever o que sentem.
"Precisam ser monitorados o tempo todo pelos pais e e de reavaliação dos médicos",
ensina.
Jornal do Commercio - PE
22/03/2015 - 08:17
Um alerta para os diabéticos
Entidade internacional realiza pesquisa mundial e constata que mais da metade dos
pacientes não segue recomendações
O engenheiro civil Francisco Batista, 62 anos, tomou um susto quando recebeu o
diagnóstico de diabetes há 12 anos. Para afastar as complicações decorrentes da doença,
ele começou a seguir um tratamento medicamentoso e a adotar hábitos de vida saudável,
como alimentação balanceada. Ficou com medo quando ouviu do médico que precisaria
se cuidar porque a taxa de glicose no sangue estava muito alta: 683 mg/dL. Os níveis
aceitáveis ficam entre 70 e 99 mg/dL. "Com o tempo, os exames apresentaram melhores
resultados. Mas eu fui me acomodando e, meses depois, já estava com a taxa
descontrolada", diz Francisco, que faz parte de um universo de pacientes com
dificuldade para aderir ao tratamento.
Mais da metade das pessoas com diabetes tipo 2 (relacionado a maus hábitos
alimentares, sobrepeso e sedentarismo) têm dificuldades para seguir recomendações
médicas, segundo a pesquisa IntroDia, realizada com cerca de 10 mil pessoas com a
doença em todo o mundo. Desenvolvido pela Federação Internacional de Diabetes (IDF,
na sigla em inglês), o estudo foi apresentado, semana passada, em São Paulo e revelou
que os médicos entrevistados acreditam que esse universo de pacientes não segue as
recomendações por falta de disciplina e por não estar suficientemente preocupado com
as complicações da doença a longo prazo, como cegueira, amputações de membros
inferiores e doenças cardiovasculares.
Sobre os achados da pesquisa, a endocrinologista pernambucana Lúcia Cordeiro, do
Hospital Barão de Lucena, comenta que a adesão ao tratamento é maior nos primeiros
meses após o diagnóstico. "Depois que o susto passa e a pessoa passa a ter melhores
níveis de glicose, vem a fase do relaxamento, com o abandono dos hábitos de vida
saudável", diz. Ela alerta que é muito difícil o paciente seguir o pacote de tratamento
completo, que inclui atividade física, alimentação balanceada e medicação. Quem larga
uma dessas recomendações , tem mais riscos de voltar a ter taxas de glicose
descontroladas e, consequentemente, complicações da doença.
CONSTATAÇÃO
No Brasil, segundo a pesquisa da IDF, os médicos acreditam que essa adesão ao
tratamento depende da forma com que o diagnóstico é transmitido ao paciente. Por isso,
92% desses profissionais gostariam de contar com ferramentas capazes de ajudar os
pacientes a manter a mudança de comportamento durante o tratamento, e não apenas por
alguns meses, já que a doença é crônica e não tem cura. O levantamento informa que,
para os médicos, o maior desafio é conscientizar os pacientes a mudar hábitos de vida
que prejudicam a saúde.
"Essa é a parte mais difícil. As medicações mais modernas oferecem percentual
pequeno de efeitos colaterais, a exemplo da hipoglicemia, que é a queda brusca de
glicose no sangue que causa sintomas como tontura. Por isso, a adesão ao tratamento
medicamentoso é maior. Convencer os pacientes a ter estilo de vida saudável é o mais
complicado", reforça Lúcia Cordeiro. Ela informa que a primeira indicação para tratar a
diabetes tipo 2 ainda contempla a metformina, substância usada há mais de cinco
décadas e que continua a ser eficaz em muitos casos. "Quando a metformina não oferece
mais os resultados que desejamos, precisamos tentar outra classe de medicamento. Isso
depende muito do quadro de cada paciente", completa.
Para esses casos, o Brasil passa a contar com mais um tipo de inibidor do SGLT2, uma
proteína que tem a missão de reabsorver a glicose filtrada pelos rins, o que impede que
ela seja eliminada pela urina. A medicação que impede esse mecanismo se chama
empagliflozina, que elimina o excesso de açúcar que seria reabsorvido pelo rim. É mais
uma opção para controlar a diabetes e as complicações decorrentes da doença.
com informações de André Galvão, que participou de evento em São Paulo a convite da
organização do evento
Jornal do Commercio - PE
22/03/2015 - 08:17
Voz do Leitor
Descaso
Minha sobrinha, de 2 anos, perdeu a falange de um dos dedos da mão num acidente.
Está internada no Hospital Otávio de Freitas. Esta semana, no bloco cirúrgico, a seringa
caiu no chão quando o anestesista ia aplicar uma injeção nela. O médico, então,
apanhou e utilizou a mesma seringa. Quando questionei, ele disse que não havia perigo
de contaminação. Se na frente da família ele procede dessa maneira, imagine quando
não estamos perto? Mirian Braga, por telefone
Sem resposta
Há mais de dez dias, meu pai, Domingos F. Wanderley, está internado no Hospital
Unicordis aguardando o Amil liberar os stents farmacológicos e autorizar a realização
de angioplastia. É um descaso o plano fazer um paciente que já sofreu dois infartos
esperar tanto para realizar um procedimento no coração. Natália Wanderley, por e-mail
Folha de Pernambuco - PE
22/03/2015 - 07:32
“São vários atores na busca de minimizar essa chaga”
Secretária aguarda liberação de fundo especial para realizar pesquisa inédita sobre uso
de drogas na Capital
Atenção redobrada para o avanço das drogas no Recife. Essa foi a tônica que gestão
municipal deu no início deste ano ao problema com a criação de uma secretaria
específica para equacionar os desafios que a questão requer. No comando da nova pasta
está Aline Mariano, que exerceu papel de destaque na Frente Parlamentar de combate ao
Crack e outras drogas no Recife. Impossada há menos de m mês, a gestora terá grandes
desafios. Entre eles coordenar e concentrar as várias ações antes desenvolvidas pelas
pastas da Saúde, Direitos Humanos e Assistência. De imediato, aguarda a liberação de
um fundo especial para a realização de uma pesquisa inédita sobre o cenário das drogas
na Capital. Os dados são essenciais para traçar as principais estratégicas. Paralelamente,
está validando modificações no Plano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e
Outras Drogas, lançado em novembro de 2013 e que contemplava mais de 70 ações, só
que não avançou a contento. Depois de conhecer modelos no acolhimento e tratamento
do usuário em Maceió, no Estado de Alagoas, esta semana, Aline não descarta trazer
algumas das experiências alagoanas para Recife. A principal seria a entrada de parceria
público-privada nos tratamentos.
Quais serão os primeiros pontos a ser atacados pela pasta?
Nós vamos trabalhar em três eixos. Prevenção, tratamento e ressocialização. Esses são
os pilares da nossa secretaria. Tudo de forma integrada com várias outras pastas. Porque
é impossível a gente fazer um trabalho sem ter a participação direta dessas secretarias já
que o problema perpassa por várias áreas. Por exemplo, como falar sobre prevenção
sem a gente atacar as escolas. Então temos que envolver a Secretaria de Educação.
Como falar em tratamento sem envolver a Secretaria de Saúde. Como fazer um trabalho
de ressocialização sem envolver a Secretaria de Assistência, de Esporte, Cultura e
Lazer. São vários atores na busca de minimizar essa chaga social. Então a primeira
iniciativa nossa foi reunir todas essas secretarias. Fizemos uma primeira reunião e já
trouxemos a fundação Getúlio Vargas (FGV), que vai ajudar no planejamento das ações.
E esses técnicos puderam entender que de fato a Secretaria e Enfrentamento ao Crack e
outras Drogas não andaria se não tivesse essa política de integralidade. Nós temos que
ter uma política de forma integrada. Se essas pastas não fizeram a sua parte é
humanamente impossível que a secretaria possa dar certo.
O que a gente já sabe sobre a presença do crack no Recife?
Não só no Recife, mas no País, essa chaga social andou rápido demais. Nós já temos
algumas experiências exitosas no Brasil. Temos alguns braços imprescindíveis como a
sociedade civil e pessoas que têm experiência no assunto e que estão trabalhando nesta
busca ativa e no tratamento. A ideia é de mostrar até agora o que já foi feito para esses
especialistas, para uma fundação que consideramos uma das mais sérias do País, e
pensar estratégias de monitoramento. Porque cada secretaria vai ter que fazer a sua
parte. Só que vamos ter algo mais centralizado na Secretaria de Enfrentamento ao Crack
e outras Drogas. As outras pastas antes já lidavam com esse assunto, mas havia uma
política ainda solta. Na hora que a gente monta uma secretaria própria, passamos a
monitorar esse processo, mas a responsabilidade é de todos. Contudo quem está na
liderança das ações e se responsabilizando de uma forma macro somos nós.
Com relação a dados, quais os índices já identificados aqui?
A última pesquisa que nós temos é de 2013. É uma pesquisa da Fiocruz. Que mostra a
realidade no Nordeste (NE). A gente sabe que é na nossa região que temos a maior
incidência. São 40% de incidência no NE. Mas a gente não tem dados do Recife. A
gente não tem pesquisa que indique quais são as áreas mais graves. O que temos e que
trabalhamos em cima disso no Pacto Pela Vida são os boletins de violência.
Normalmente são casos que estão relacionados a drogas também. Se a gente identificar
o diagnóstico das drogas no Recife temos como montar uma estratégia de enfrentamento
com mais probabilidade de acerto.
Qual o primeiro passo para a realização desse diagnóstico?
Vai ser essa pesquisa para ter detalhado quais são as áreas. Outra coisa é verificar se as
pessoas têm interesse em fazer o tratamento. Porque, por exemplo, dessa pesquisa
nacional da Fiocruz, 80% tem vontade de se tratar. Dessa forma a retaguarda deve estar
boa. Temos que ofertar essa retaguarda. A pesquisa vai mapear pontos de consumo,
tráfico e ouvir o usuário também. Não adianta o usuário querer sair, se a gente não tiver
a retaguarda. A pesquisa vai mostrar o panorama situacional. Quanto mais a gente
conhecer o problema, saber o que pensa o usuário, mais chance de acerto.
Quando começa essa pesquisa?
Assim que tivermos fundos. O prefeito vai enviar para a Câmara, porque o fundo tem
que ser aprovado pelo legislativo. A secretaria tem uma estimativa orçamentária anual
de R$ 34 milhões, mas somente com a liberação de um fundo municipal é que
deveremos iniciar a pesquisa. Acredito que não vá demorar porque nós precisamos dar
uma resposta à sociedade. E também fica difícil montar uma estratégia sem ter um
diagnóstico. Com ela na mão vamos montar um seminário para apresentar os resultados.
Então a prefeitura já fechou acordo com a Fundação Getúlio Vargas?
Estamos conversando, não fechamos nada ainda. A conversa é sobre o planejamento das
ações, estratégias. Mais na questão de metodologia de gestão. Eles têm expertise em
gestão e como a secretaria é nova, estamos começando do zero. Temos que procurar o
máximo de parceiros possíveis com expertise no assunto.
Vai haver a reativação do Conselho Municipal Antidrogas?
No dia 25 nós vamos fazer uma reunião como conselho. Ele vai voltar a ter
empoderamento. O conselho não é só governo. Ele vai entrar com a sociedade civil.
Em 2013, o Recife lançou o Plano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e Outras
Drogas que tinham maisde70 ações. O que desse plano deve ser aproveitado?
O plano será revisado. Algumas coisas serão aproveitadas e outras aprimoradas.
Inclusive há algumas metas no plano que eu quero tirar do papel logo, mas trazendo
novidades, adequações. Por exemplo, o programa Atitude Municipal. Isso é uma ação
concreta que nós vamos fazer em pouco tempo. Já pedi um levantamento para saber o
que esta faltando para o Atitude Municipal começar. Eu tenho certeza que ele, junto
com as demais ações que estaremos empreendendo, vai fazer uma diferença grande
nesse alvo de pessoas com dependência.
Que lugares a senhora destaca entre as cidades com melhor enfrentamento?
Quando eu fazia parte da comissão da Frente Parlamentar de Combate ao Crack e outras
drogas visitei Minas Gerais e fiquei deslumbrada com o trabalho de rede que eles fazem
em algumas cidades. Esta semana também fui conhecer o trabalho em Maceió, que é
fantástico. A rede é muito bem estruturada e interligada capaz de atender e dispor de
uma vaga em comunidade terapêutica em até 12h. Isso acontece porque lá a gestão fez
pactuações público-privadas através de editais. Só podem ser cadastradas instituições
com critério bem definidos, com número específico de profissionais. É também exigida
uma metodologia. Eles já conseguiram atender mais de 15 mil usuários e socializar boa
parte deles, montando inclusive padarias comunitárias. Não tenho a menor dúvida que
eles estão no caminho certo e que nós podemos aproveitar essas estratégias exitosas.
Não adianta querer inventar a roda. Podemos copiar o que está dando certo.
Folha de Pernambuco - PE
22/03/2015 - 07:32
Cigarro eletrônico em debate
Especialistas concordaram que uso dos cigarros eletrônicos deve ser regulado, já que
efeitos são pouco conhecidos
Especialistas em saúde defenderam o cigarro eletrônico nesta sexta-feira, durante ma
conferência anti-tabagismo em Abu Dhabi, descartando preocupações de que ele
poderia favorecer a dependência à nicotina na adolescência.
A maioria dos especialistas, o entanto, concordou que o uso dos cigarros eletrônicos
deve ser regulado, já que seus efeitos são ainda muito louco conhecidos. Konstaninos
Farsalinos, pesquisador do Centro de Cirurgia Cardíaca Onassis, em Atenas, falou à
AFP sobre um estudo que ouviu quase 19.500 pessoas, essencialmente nos Estados
Unidos e Europa, no qual 81% dos entrevistados declarou ter parado de fumar graças ao
cigarro eletrônico.
"Em média, eles param de fumar no primeiro mês de uso do cigarro eletrônico",
explicou. "Não vemos um resultado parecido com nenhum outro método para parar de
fumar". No entanto, chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan,
manifestou na última quarta-feira seu apoio aos governos para que proíbam ou regulem
o uso do cigarro eletrônico.
"Não fumar é a norma, e o vaporizadores irão desviar pensamento normal, já que
encorajam o tabagismo, especialmente entre os jovens", disse Chan a jornalistas durante
a Conferência Mundial sobre o Tabaco e Saúde, realizada na capital dos Emirados
Árabes Unidos.
Mas para Jean-François Etter, professor da Universidade de Genebra, "os cigarros
eletrônicos, as pastilha de nicotina e os inaladores de tabaco não devem ser muito
regulados". Isso poderia "reduzir o número de fumantes que se voltam para esses novos
produtos", beneficiando "apenas grande grupos de empresas de tabaco".
Os primeiros vaporizadores foram produzidos na China em 2003 e desde então têm
experimentando um sucesso crescente em todo mundo. Alan Blum, clínico geral e
diretor do Centro para o Estudo do Tabaco e Sociedade da Universidade do Alabama,
destacou que o cigarro eletrônico é geralmente recomendado para paciente que desejam
parar de fumar, em vez de "prescrever uma droga que tem efeitos colaterais e não
funciona muito bem".
CRIANÇAS
Alan Blum, clínico-geral e diretor do Centro para o Estudo do Tabaco e Sociedade da
Universidade do Alabama, lamenta o uso por crianças, ou o fato de que alguns usam
com maconha. Já Konstantinos Farsalinos citou um estudo ainda não publicado,
segundo o qual "se 3% dos fumantes passassem a usar o cigarro eletrônico, cerca de
dois milhões de vidas seriam salvas nos próximos 20 anos".
Folha de Pernambuco - PE
22/03/2015 - 07:32
Editorial
Agressão à maternidade
Um desses tipos desqualificados, apresentador de um programa de televisão, no
Sudeste, está sendo processado na 2ª. Vara Cível de Olinda por uma senhora residente
em Quipapá, município deste Estado, por ter sido ofendia e ridicularizada por ele, em
razão de amamentar alguns filhos recém-nascidos de amigas, que não tinham leite
materno para de alimentá-los, mantê-los vivos e nutridos.
Não sabe ele ou desconhece - o que é mais grave, aliás -, quem foram as primeiras amas
de leite dos séculos XVII, XVIII, XIX e até o século XX, no Brasil. E nós respondemos
à agressão, lembrando que antigas sinhás, muitas ainda adolescentes pelos casamentos
precoces comuns naqueles tempos, algumas com seios vazios de leite, no pós-parto,
recorriam a escravas para cumprir a nobre tarefa de amamentação de filhos e filhas
recém-nascidos.
Eram consideradas as segundas mães deles, muitas desfrutando de justo status por
inúmeras famílias tradicionais e de posses até o final das suas vidas ainda durante a
Escravidão.
Ao citarmos o século XX, linhas atrás, como exemplo concreto, é oportuno ressaltar
uma senhora da sociedade pernambucana, ainda viva, felizmente, descendente direta de
ex-governador do Estado, pertencente à importante família com antigas raízes
açucareiras, que amamentou, espontânea e solidariamente, João Vicente Goulart, filho
do ex-presidente João Goulart, em uma maternidade do Rio de Janeiro.
Ambas as esposas estavam em quartos contíguos, quando o presidente Goulart soube
que a mesma senhora dispunha de bastante leite materno, fazendo o pedido ao marido
(na época, na oposição ao governo Goulart), o qual concordou de pronto para, em
seguida consultar sua mulher que, da mesma maneira, dispôs-se a atender à solicitação,
fato verídico relembrado em edição desta FOLHA há alguns meses.
A mãe desrespeitada e ofendida chama-se Michele Maximino. Comparada com um
personagem de filme pornô, pelo (nem temos um substantivo para tipificá-lo), seja lá o
que for, a doadora passou a sofrer chacotas, piadas inaceitáveis e insultos na web,
tornando-se insuportável a sua vida, sendo forçada a se mudar de Quipapá para
Jaboatão.
A nobre doadora ia, três vezes por semana a Caruaru, para doar leite à Maternidade
Jesus de Nazareno. A agressão moral teve forte impacto sobre o seu sistema nervoso, de
tal maneira que o leite materno desapareceu do seu organismo, prejudicando
gravemente inúmeros recém-nascidos.
O apresentador teve um comparsa na injúria. Como seres inferiores que são, em todos
sentidos, é melhor aguardarmos a decisão da Justiça, na esperança de um condenação
que não se restrinja a cestas básicas ou serviços comunitários do sentimento materno
desrespeitado gravemente.
Jornal do Commercio - PE
22/03/2015 - 08:17
Em busca da autonomia
Centro oferece assistência a mulheres que lutam para largar o crack. Serviço tem
atendimento personalizado e tenta fortalecer jovens para que elas reconstruam suas
vidas e os laços afetivos com a família
Ciara Carvalho
Maria não sabia a força que tinha. Não sabia nem que tinha força. Foram tantas dores.
Tantas perdas. Vinte e um anos apenas. Cinco filhos. O penúltimo foi parido no meio da
rua. Com um cachimbo na mão, noiada, mais morte do que nascimento, ela sentiu a
cabeça do menino saindo. Foi socorrida pelos bombeiros. O Conselho Tutelar tirou-lhe
os primeiros filhos. O crack roubou-lhe a vida. Em agosto do ano passado, Maria cruzou
as portas do Centro de Acolhimento Intensivo Mulher decidida a tomá-la de volta. Já
carregava outra criança na barriga. Mas dessa vez seria diferente. Ela não fugiu. Não
desistiu. Não recaiu. Pela primeira vez, soube o que era um pré-natal. Na última quintafeira, Maria conversou com a reportagem com a lucidez de uma sobrevivente. "Hoje eu
trabalho, tenho carteira assinada, pago meu aluguel, cuido do meu filho. Descobri o que
é ser feliz." Entre arrependimentos e esperanças, deixou escapar um achado: "Eu não
preciso mostrar para os outros que mudei. Eu quero provar pra mim. Sou eu que tenho
que acreditar em mim."
Joana, Beatriz, Marcela e Luíza - as mulheres fotografadas nesta reportagem - estão, a
duras crises de abstinência, aprendendo a acreditar em si mesmas. Cada uma delas (em
tempos diferentes, mas com histórias comuns de violência) está tentando largar o crack.
Todas são hoje atendidas no Centro Intensivo Mulher, o mesmo local que acolheu
Maria, uma das primeiras a receber assistência na casa. Inaugurado em agosto, o serviço
faz parte do Atitude, o programa estadual de enfrentamento ao crack. O espaço não
pode ter seu endereço divulgado, assim como as jovens entrevistadas precisaram ter o
nome trocado. Medidas de segurança, já que a maioria foi ou ainda é ameaçada de
morte. Cercado por verde, o centro tem uma especificidade que se revela fundamental
nesse caminho de retomada: as mulheres que chegam grávidas podem continuar com
seus bebês após o parto. Só a possibilidade de permanecer perto da cria já abre a
perspectiva de um recomeço diferente.
Hoje na casa são 24 mulheres (uma grávida), quatro bebês e uma criança. Enquanto
amamenta a filha com 19 dias de nascida, Joana conta, vergonha misturada à tristeza,
que suas outras duas meninas lhe foram tiradas por causa da droga. "Elas vivem no
interior. O pai foi assassinado na minha frente. Já fugi de duas casas de recuperação. Eu
vou ficar nessa para sempre? Só de derrota em derrota e nada de vencer?", questiona,
emendando ela mesma a resposta. "Não vou perder de novo a minha filha. Vou criá-la.
Só o que eu quero é ser feliz. E me casar, claro", completa, deixando escapar um leve
sorriso. Assim como Joana, o histórico das mulheres atendidas no centro é, em geral, de
muitas idas e vindas, entradas e saídas em outros serviços do próprio programa Atitude.
A tentativa de empoderar mulheres fragilizadas pelo vício, pela distância ou ausência da
família e vítimas de violências cotidianas passa por um atendimento personalizado, que
atente às especificidades femininas. Quando chegam à casa, todas elas iniciam o seu
PIA (Programa Individual de Atendimento). É esse olhar particular para o que cada uma
deseja que procura reunir as possibilidades de um enfrentamento mais real da
dependência. A opção não é pela tutela, mas pela busca da autonomia. "Construímos
aqui dentro um processo de empoderamento que vai ajudar a construir essa
independência. É acreditar que, quando elas estiverem prontas para sair, vão ter força
para continuar, para ir atrás de suas coisas, dos seus desejos", explica a coordenadora do
centro, Marilak Terto. É a melhor aposta para reduzir as chances de novas recaídas.
Beatriz está na sua quinta tentativa. Em todas as outras, o máximo que conseguia passar
internada era um mês. Agora já soma dois meses e 13 dias no centro. Não foi só o
tempo que mudou. Tudo está diferente. "Eu era muito agressiva. Com tudo, estourava.
Aprendi aqui a controlar meu temperamento. A saber ouvir. Aprendi a conviver com a
minha abstinência." Ouvir Beatriz falar é um alento. Pela consciência de tudo o que
viveu e do que não quer mais para si. Trocava sexo por droga. Foi estuprada três vezes.
Uma delas com uma arma na cabeça. O que mudou? O desejo. "Precisei passar por
muita coisa para descobrir que eu não quero mais isso pra mim. Nem quero viver aqui
dentro, isso aqui é uma passagem. Um lugar pra eu encontrar minhas forças", diz. Ela
sabe que o verdadeiro teste é a rua. "Eu digo a você que eu estarei pronta quando sair
daqui. Quando eu chegar lá fora e ficar limpa. Não um dia, ou dois. Mas o resto dos
meus dias. Aí, eu vou dizer: eu venci o crack ."
Jornal do Commercio - PE
22/03/2015 - 08:17
Uma demonstração de amor
Analista de sistemas cria software para se comunicar com a filha de 7 anos que sofre de
paralisia cerebral
Renato Mota
A paralisia cerebral é causada por uma lesão neurológica acontecida durante a fase de
desenvolvimento do sistema nervoso central de uma criança nos primeiros dois anos de
vida. Os sintomas podem variar, mas envolvem distúrbios motores e em muitos casos
não afetam o desenvolvimento cognitivo. Ou seja, a criança tem dificuldades de
movimento, mas possui a mesma capacidade intelectual de qualquer outra pessoa.
Convivendo com um caso de perto, o analista de sistemas e empresário Carlos Edmar
Pereira usou seus conhecimentos em tecnologia e desenvolvimento de ferramentas para
criar o Livox, aplicativo que dá autonomia na fala a pessoas com deficiências. Com ele,
Carlos e a mulher, Aline, conseguiram dar a sua filha Clara, de 7 anos, a capacidade de
se comunicar. E o analista conquistou reconhecimento internacional.
O empresário estará, nesta semana, representando o Brasil na Reunião Anual dos
Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Coreia do Sul. O
convite surgiu a partir do prêmio de Melhor Aplicativo de Inclusão Social do Mundo
que o Livox recebeu da Organização das Nações Unidas (ONU). Carlos apresentará a
ferramenta para representantes dos 48 países membros do BID, principalmente
ministros das Finanças, presidentes de Bancos Centrais e potenciais investidores. O
empresário ainda vai para Tóquio para uma reunião com empresários, intermediada pelo
BID.
O analista explica que criou o Livox por sentir falta de uma ferramenta que o permitisse
se comunicar com a filha que tivesse sido traduzida para o português.
"Os desenvolvedores criavam a aplicação em inglês e não tinham interesse comercial
em trazer para o Brasil. Procurei outras soluções, mas nenhuma foi satisfatória", conta.
A ferramenta criada por Carlos é baseado em algoritmos inteligentes que se ajustam a
vários graus de dificuldades motora, visual e cognitiva. "Ao longo do tempo fizemos
adaptações que podem atender à pessoas com qualquer dificuldade motora", explica.
Com uma equipe formada por outros desenvolvedores, além de fonoaudióloga,
psicopedagoga e uma terapeuta ocupacional, o empresário desenvolveu uma ferramenta
que é na verdade um aplicativo, passível de ser instalado em qualquer tablet.
Atualmente, a solução atende a 10 mil usuários, dentre famílias e instituições de
assistência brasileiras.
Jornal do Commercio - PE
22/03/2015 - 08:17
Hemobrás: um sonho adiado
Como um futuro promissor perdido no tempo, a criação da Empresa Brasileira de
Hemoderivados e Biotecnologia em Pernambuco ganha cada vez mais o status de
projeto grandioso em risco de esquecimento. O que a Hemobrás representa de
estratégico, porém, para o desenvolvimento de um polo avançado de pesquisa de ponta,
às margens da BR-101, em Goiana, baseado na economia do conhecimento, não fica
para trás. Mas o atraso deixa nos pernambucanos um gosto de frustração, depois de
anúncios cheios de promessas, e dos primeiros passos na direção da formação do polo
de hemoderivados.
A dimensão da espera foi mostrada em matéria que publicamos no domingo, 8. Já passa
uma década da criação da Hemobrás, vinculada ao Ministério da Saúde. E o sonho
deveria ter saído do papel há pelo menos cinco anos. Investimentos que ultrapassam a
casa do meio bilhão de reais não foram suficientes para pôr em operação a fábrica de
remédios tendo por matéria-prima o plasma sanguíneo. O que se faz hoje é exportar o
plasma brasileiro para a França, recebendo de volta os medicamentos prontos. Algo
distante dos planos acalentados pelo governo federal no início deste século, ainda em
2001, para baratear os custos de produção de remédios para o SUS. Vale recordar que
essa conta, que se mantém alta, é paga pela população, que financia com os impostos o
SUS.
Pelas estimativas oficiais, devem ser gastos aproximadamente mais R$ 350 milhões, e o
novo prazo de entrega das obras é no ano que vem. No entanto, como se trata de alta
tecnologia, a saída do primeiro medicamento da Hemobrás, a albumina, está prevista
para 2018 - e o funcionamento pleno, só em 2020. Ou seja, quinze anos após a sua
criação formal. O consolo é que, apesar da demora, a fábrica de hemoderivados de
Goiana será a maior da América Latina, capaz de assinar convênios de transferência de
tecnologia com empresas farmacêuticas de qualquer parte do mundo.
A implantação da Hemobrás em Goiana integra a nova face do desenvolvimento
pernambucano, na Zona da Mata Norte. Trata-se de projeto, repita-se, estratégico para o
Estado e para o País. E como tal deve ser cobrado insistentemente pelos representantes
do povo, do governador aos deputados estaduais e congressistas. A sociedade, através
dos canais institucionais, deve igualmente se manifestar para que o sonho gerado ainda
no seio do Hemope não continue a ser postergado. Aliás, é graças à tradição do
conhecimento aplicado no Hemope, pioneiro na fabricação de hemoderivados no Brasil,
que a Hemobrás está sendo trazida para Pernambuco, em detrimento do interesse de
outros grandes centros, como São Paulo, que tentou levar a Hemobrás para o Sudeste,
sem sucesso. A história de quase quarenta anos de pesquisa de ponta e serviços
prestados do Hemope há de ser levada em conta para que o futuro apontado pela
Hemobrás não tarde, coroando e fazendo parte dessa história.
Download