TIPOS DE CONHECIMENTO Segundo Jardilino, Rossi e Santos ( 2000, p14) o ato de conhecer não é apenas um problema da era científica, já que desde os primórdios da filosofia, há uma busca sobre o conhecimento das coisas e dos seres. Há quatro tipos de conhecimento que se diferenciam mais pela questão metodológica que pelo conteúdo: conhecimento empírico ou popular; conhecimento científico; conhecimento filosófico e conhecimento metafísico, teológico ou religioso. O conhecimento empírico ou popular diz respeito ao modo espontâneo de conhecer, ou seja, o saber que se adquire no contato direto com os seres e coisas, na vida diária, sem que haja a busca ou a intenção de estudar. De acordo com Lakatos; Marconi (2008, p.18), o conhecimento popular é valorativo, subjetivo e sensível, pois baseia-se no ânimo, na vivência e nas emoções da vida diária; superficial, falível e inexato, já que conforma-se com a aparência, com o que se ouviu dizer, sem a formulação de hipóteses, é o saber transmitido pelas tradições de uma geração à outra. É ainda verificável, pois pode ser percebido no dia a dia e assistemático, uma vez que não procura uma sistematização das idéias, nem da forma de adquiri-las, tampouco da tentativa de validá-las. O conhecimento filosófico caracteriza-se pela reflexão, pelo questionamento acerca dos fenômenos, ou seja, pelo discernimento entre o certo e o errado, recorrendo apenas à razão humana, “a filosofia não se preocupa em explicar o fenômeno, mas em refletir sobre ele.” (JARDELINO; ROSSI; SANTOS, 2000, p.15). Assim, a filosofia tem por objeto de estudo as idéias, as relações lógicas e conceituais, valendo-se do processo dedutivo que visa à coerência lógica, anterior à experimentação (própria do conhecimento científico). Para Lakatos e Marconi (2008, p.19), o conhecimento filosófico é valorativo e não verificável, pois consiste em hipóteses que não podem ser submetidas à observação. É racional, uma vez que tem por base a correlação de enunciados lógicos; sistemático por visar a representação da realidade como tentativa de aprendê-la e também infalível e exato já que não se submete à experimentação. Só o conhecimento filosófico nos pode libertar da prisão deste mundo [científico]. O conhecimento filosófico deve, antes de tudo, ser capaz de surpreender-se com o óbvio: qual a significação do fato de que, pensando nós sejamos sujeitos que se dirigem a objetos (sic) e dessa dicotomia vejamos residir a clareza? A partir desse espanto em relação ao que está presente a todo instante, ao que até agora era evidente e não levantava dificuldade, ao que não merecia atenção mais demorada, a partir desse espanto, dizíamos, chegamos a outros problemas, (JASPERS 1965, p.4 apud JARDELINO; ROSSI; SANTOS, 2000, p. 15 e 16) O conhecimento teológico, metafísico ou religioso tem por princípio revelações sobrenaturais, consideradas verdades, “decorrentes do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida, nem sequer verificáveis” (LAKATOS; MARCONI, 2008, P. 20) às quais as pessoas aderem como um ato de fé. Assim, pode-se caracterizar o conhecimento religioso como inspiracional, valorativo, infalível, sistemático (apresenta a origem, o significado, a finalidade e o destino do mundo), indiscutível e não-verificável ( implica uma atitude de fé). Por fim, o conhecimento científico oriundo da observação sistemática e metódica, lida com ocorrências ou fatos, vai além fenômeno percebido pela experiência sensível, busca compreender e explicar os fenômenos; sendo, portanto, verificável de modo “que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas, não pertencem ao âmbito da ciência.” (LAKATOS; MARCONI, 2008, P. 20). É ainda considerado por Trujillo (1974, p. 11) como falível e aproximadamente exato, pois o conhecimento científico não é definitivo, podendo ser revisado, reformulado por novas pesquisas e técnicas. Desse modo, segundo Jardilino, Rossi e Santos ( 2000, p 15), o conhecimento científico pode ser caracterizado por três propriedades: demonstração – explicação dos o motivos pelos quais se chegou a determinada conclusão; universalidade – validade do saber: o fenômeno ou coisa observada serve para todos os casos da mesma espécie; metódico/objetivo – necessidade de método para selecionar, observar ordenadamente os dados sobre o fenômeno (e a correlação entre os fenômenos) estudado. Atividade Responda , em seu caderno, às seguintes questões: 1) O que diferencia o conhecimento de base metódica e o conhecimento de base ametódica? 2) Como estudamos, o conhecimento científico é dinâmico? Por quê? 3) Na caracterização dos tipos de conhecimento, afirmou-se que os conhecimentos empírico e científico são verificáveis e falíveis, já os conhecimentos teológico e filosófico são não-verificáveis e infalíveis, explique essas afirmações. 4) Leia os textos a seguir e identifique-os entre os quatro tipos de conhecimentos: a)“Aristóteles (...) embora em diversas passagens de seus escritos (na Metafísica, na Física, na Psicologia) formule algo que poderia parecer-se com o que chamaríamos hoje provas da existência de Deus – não crê que seja necessário demonstrar a existência de Deus. Porque para Aristóteles a existência de algo implica necessariamente na existência de Deus. (...) Para Aristóteles não faz falta a prova da existência de Deus, porque a existência de Deus é tão certa como que algo existe. Se estamos certos de que algo existe, estamos certos de que Deus existe.” (MORRENTE, 1970, p.99) b) Um copo de cristal quebra, quando submetido a um forte golpe. c)“Toda fonte de calor transmite ao corpo aquecido uma dose de energia. A energia contida no calor (energia térmica) é transformada em energia mecânica. Essa energia é absorvida pelas partículas que fazem parte da substância. São as chamadas moléculas. As moléculas, tendo maior energia, tendem a se deslocar com maior velocidade e a se afastar umas das outras”. (LUNGARZO, Carlos. 1994) d) “Magos e xamãs têm poderes extraordinários para ajudar e proteger os seres humanos porque podem entender-se com espíritos invisíveis de todos os tipos e enfrentá-los. Esses poderes se manifestam tanto em atos como em atributos”. (FRAZER, James George Sir. O ramo de ouro. Rio de Janeiro: 1982, p. 19) Atividade Ao longo deste material, foram citadas inúmeras vezes “trabalho científico”e “método”. Quais seriam os conceitos de ciência e método? Para auxiliar a responder a essa questão, leia os conceitos oferecidos na obra: LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991. pp. 21;44 e 45. A partir da leitura, elabore um conceito para ciência e método.