REGISTRO DE PLANTAS HOSPEDEIRAS DAS CIGARRAS

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Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
10 a 12 de novembro de 2010
Registro de plantas hospedeiras das cigarras
Quesada gigas (Olivier, 1790) e Dorisiana viridis (Olivier, 1790)
(Hemíptera: Cicadidae) em Iporá-GO
Iorranna Alves Xavier; Benaya Nogueira Leles, Jefferson Eduardo Silveira Miranda;
Rander Carlos Santos de Souza Orientador
Dr. Douglas Henrique Bottura Maccagnan
Universidade Estadual de Goiás, Unidade de Iporá-Go 76200-000 Brasil.
[email protected], [email protected]
Palavras-Chave: Insecta, Cicadidae, sibipiruna e Cassia spp.
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INTRODUÇÃO
As cigarras são insetos herbívoros, robusto de desenvolvimento
hemimetabólico, comumente encontrados nos trópicos e subtrópicos. Elas
apresentam três ocelos no vértice da cabeça em triângulo. As asas são
membranosas, transparentes ou coloridas. São caracterizadas por possuir um
complexo órgão para a produção e recepção do som (CARVER et al., 1991). Esse
órgão é de grande importância taxonômica senda que a classificação das famílias e
subfamílias é baseada nas estruturas associadas a esse órgão. O som característico
das cigarras é emitido pelo macho e serve para atrair a atenção das fêmeas para o
acasalamento. Pertencente a ordem Hemíptera, atualmente a superfamília
Cicadoidea é dividida nas famílias Tettigarctidae e Cicadidae. Cicadidae é dividida
nas subfamílias Cicadinae, Cicadettinae e Tettigadinae (MOULDS, 2005).
O período de vida adulta das cigarras, que pode durar de poucas semanas
até dois a três meses, é considerado efêmero quando comparado com sua fase
ninfal, que é subterrânea e de longa duração (BOULARD, 1965).
Segundo Beamer (1928), as ninfas, ao eclodirem, penetram em aberturas
do solo à procura de raízes. Ainda segundo esse autor, ao encontrar um local
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adequado, com as pernas anteriores, a ninfa retira pequenas partículas de terra, que
são prensadas contra seu corpo, formando uma pequena massa, que é transportada
a outra parte da galeria, onde é forçada contra a parede e comprimida com repetidos
movimentos de seus membros. O desenvolvimento pós-embrionário das cigarras
possui cinco instares (MACCAGNAN & MARTINELLI, 2004; MACCAGNAN, 2003;
HAYASHI, 1976).
A seiva do xilema é a única fonte de alimento durante toda a vida das
cigarras. Devido a escassez de açúcares no xilema, provavelmente os aminoácidos
sejam a principal fonte de energia para o crescimento das ninfas, e este fato é o que
determina o longo período de desenvolvimento (WHITE & STREHL, 1978).
Antes da emergência do adulto, as ninfas de cigarra de último instar saem
das galerias subterrâneas através de um orifício no solo e sobem em troncos,
permanecendo imóveis por um curto período de tempo, para então sofrer
metamorfose (COSTA-LIMA, 1942), deixando presa ao tronco, após a emergência
do adulto, sua última exúvia.
Poucos ciclos de vida de cigarras anuais têm sido estudados devido à
dificuldade de acompanhar o desenvolvimento subterrâneo das ninfas. Apesar da
ampla distribuição, importância econômica e ecológica, poucos estudos têm sido
realizados com essas espécies (MARTINELLI & ZUCCHI 1997a; MARTINELLI &
ZUCCHI 1997b; SANBORN et al., 1995; SOUZA et al., 1983; ZANUNCIO et al.,
2004).
Até recentemente, poucos eram os conhecimento a respeito dos
hospedeiros das cigarras no Brasil. Uma espécie vegetal é considerada hospedeira
de cigarra, quando apresenta sob a sua copa, no solo, os orifícios de saída das
ninfas, além das exúvias no tronco ou na face dorsal das folhas e nos ramos da
base da planta (SOUZA et al., 1983). Apenas para algumas espécies de cigarras
são conhecidos seus hospedeiros (SILVA et al., 1968; MARTINELLI, 1985).
Assim o presente trabalho teve por objetivo fazer o registro de plantas
hospedeiras das cigarras das espécies Quesada gigas (OLIVIER, 1790) e Dorisiana
viridis (OLIVIER, 1790) no município de Iporá, Goiás.
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MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas coletas de exúvias em troncos de plantas das espécies
Caesalpinia peltophoroides (sibipiruna) e Cassia spp ambas da família Fabaceae, na
Praça da Liberdade localizada na cidade de Iporá, Goiás, a coleta foi realizada no
dia 16 de outubro de 2010. Nessa praça existe várias espécies de planta, porém
existe duas espécies que são encontradas em grande quantidade que são a
sibipiruna e Cassia spp.
Para associar as exúvias com a planta hospedeira foram utilizados os
seguintes critérios: exúvias fixadas nos troncos e galhos da planta a presença de
orifícios de saída de ninfas do solo junto à base da planta.
As exúvias foram coletadas manualmente, nos troncos e galhos das
plantas hospedeiras. Os exemplares coletados foram colocados e sacos plásticos e
transportados para o laboratório de ciências biológicas da Universidade Estadual de
Goiás, Campus Iporá, onde as exúvias foram identificadas, contadas e sexadas.
Para identificação das exúvias foi utilizada a chave proposta por Motta
(2003). Foram feitas exsicatas das plantas hospedeiras, sendo estas depositadas no
herbário da Universidade Estadual de Goiás. Para identificação das plantas
hospedeiras foi utilizada a classificação do Angiosperm Phylogeny Group (APG II).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Próximo à base das plantas hospedeiras foram encontrados alguns
orifícios que evidência a saída das ninfas do solo e que as ninfas estavam
associadas a aquela espécie de planta (Figura 01).
Figura 01: Orifícios na base do hospedeiro (Cassia spp. – Fabaceae)
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Coletou-se um total de 33 exúvias sendo 28 da espécie Quesada gigas
(OLIVIER,1790) (Figura 02) e 05 da espécie Dorisiana viridis (OLIVIER,1790)
(Figura 03).
F
A
B
C
Figura 02: Exúvia de Quesada gigas. A. Exúvia em Cassia spp. B. Perna
anterior em vista externa. C. Vista ventral do ápice abdominal.
A
B
C
Figura 03: Exúvia de Dorisiana viridis. A. Exúvia em Cassia spp. B. Perna
anterior em vista externa. C. Vista ventral do ápice abdominal.
Identificou-se 11 machos e 17 fêmeas da espécie Quesada gigas e 1
macho e 4 fêmeas da espécie Dorisiana viridis.
Das exúvias de Quesada gigas coletadas 24 estava associada à planta de
Cassia spp e 04 estavam associadas à planta sibipiruna. Das 05 amostras de
exúvias coletadas da espécie Dorisiana viridis todas estavam associadas com a
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planta de Cassia spp. Essas espécies de cigarras já haviam sido citadas tendo como
hospedeiro a sibipiruna e plantas do gênero Cassia para o Estado de São Paulo por
Martinelli (1985)
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CONCLUSÕES
Conclui-se que Cassia spp. é hospedeira de Quesada gigas e Dorisiana
viridis e sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) é hospedeira de Quesada gigas no
município de Iporá.
REFERÊNCIAS
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MARTINELLI, N. M. & ZUCCHI, R. A Cigarras associadas ao cafeeiro. IV. Gênero Carineta Amyot &
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