UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE - R1

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
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Petrografia das Unidades de Mapeamento da Folha São Fidélis
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(1:100.000), Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro
MARINA DE SOUSA BARBOSA
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Prof. Dr. Rubem Porto Jr.
DG/UFRuralRJ
Orientação
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Março / 2009
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 1
1 - INTRODUÇÃO
1.1. Caracterização da Temática e Justificativa do Estudo ............................... 2
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1.2. Objetivo ....................................................................................................... 2
1.3. Metodologia Aplicada ................................................................................. 2
1.4. Localização da Área de Estudo e Acessos ................................................ 3
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2 - GEOLOGIA REGIONAL
2.1. Introdução ................................................................................................... 5
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2.2. A Faixa Ribeira .......................................................................................... 5
2.3. O Segmento Central da Faixa Ribeira: Unidades Metassedimentares
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dos terrenos Paraíba do Sul e Oriental ...................................................... 9
2.3.1. Domínio Juiz de Fora ...................................................................... 10
2.3.2. Domínio Cambucí .......................................................................... 11
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2.3.3. Domínio Italva ............................................................................... 11
2.3.4. Domínio Costeiro ........................................................................... 12
2.3.4.1. Unidades Metassedimentares .......................................... 12
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2.3.4.2. Granitóides pré-colisionais – O arco magmático
Rio Negro ......................................................................... 12
2.3.4.3. Granitóides sin a pós-colisionais ....................................... 13
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3 - GEOLOGIA LOCAL (UNIDADES DE MAPEAMENTO E PETROGRAFIA)
3.1. Unidade São Sebastião do Alto ................................................................ 14
3.2. Unidade Tonalito Angelim ......................................................................... 16
3.3. Unidade Bela Joana (Suíte Bela Joana) ................................................... 24
3.4. Unidade Italva (Grupo Italva) .................................................................... 26
3.5. Unidade Rio Negro .................................................................................... 31
3.6. Unidade São Pedro (Complexo Serra de São Pedro) ............................... 32
3.7. Unidade São Fidélis ................................................................................... 37
3.8. Unidade Desengano .................................................................................. 39
4 - SUMÁRIO DE CONCLUSÕES ......................................................................... 45
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 47
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ANEXOS
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Anexo 1 - Mapa Geológico da área estudada
Anexo 2 - Imagens das características de campo das unidades estudadas
Anexo 3 – Composição Modal para as Unidades Mapeadas
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Índice de Figuras
Legenda
Página
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 16
Figura 17
Figura 18
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Figura 21
Figura 22
Figura 23
Figura 24
Figura 25
Figura 26
Figura 27
Figura 28
Figura 29
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Figura 31
Figura 32
Figura 33
Figura 34
Figura 35
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Figura 37
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Figura 40
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Figura 43
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Figura 46
Figura 47
Figura 48
Figura 49
Figura 50
Figura 51
Figura 52
Figura 53
Figura 54
Figura 55
Figura 56
Figura 57
Figura 58
Figura 59
Figura 60
Figura 61
Figura 62
Figura 63
Localização da área estudada
Mapa tectônico da Província Mantiqueira
Seção Estrutural do Orógeno Ribeira
Mapa geológico simplificado do segmento central da Faixa Ribeira
Unidade São Sebastião do Alto – Textura granonematoblástica
Unidade São Sebastião do Alto – Porfiroblasto de granada
Unidade São Sebastião do Alto – Contatos triplos em quartzo
Unidade São Sebastião do Alto – Quartzo com contatos interlobulados
Unidade São Sebastião do Alto – Grãos de plagioclásio límpidos
Unidade São Sebastião do Alto – Grãos de quartzo com corrosão nas bordas
Unidade São Sebastião do Alto – Quartzo incluso em granada
Unidade São Sebastião do Alto – Poiquiloblasto de ortoclásio
Unidade São Sebastião do Alto – Intercrescimento mirmequítico
Unidade São Sebastião do Alto – Grãos de biotita no entorno de grãos de granada
Unidade São Sebastião do Alto – Biotita definindo plano de foliação
Unidade São Sebastião do Alto – Granada xenoblástica
Unidade Angelim – Aspecto geral da textura granonematoblástica
Unidade Angelim – Banda máfica mal definida
Unidade Angelim – Textura ígnea preservada
Unidade Angelim – Geminações complexas em plagioclásio
Unidade Angelim – Crescimento de grãos de plagioclásio por “syneusis”
Unidade Angelim – Limpidez em grãos de plagioclásio
Unidade Angelim – Plagioclásio deformado
Unidade Angelim – Plagioclásio com borda corroída
Unidade Angelim – Porfiroblasto de plagioclásio
Unidade Angelim – Quartzo ameboidal
Unidade Angelim – Quartzo globular
Unidade Angelim – Quartzo com borda corroída
Unidade Angelim – Quartzo deformado (extinção ondulante)
Unidade Angelim – Intercrescimento mirmequítico
Unidade Angelim – Grãos hipidioblásticos de ortoclásio
Unidade Angelim – Grãos de microclina
Unidade Angelim – Biotita no entorno de glomeros quartzo-feldspáticos
Unidade Angelim – Hornblenda hipidioblástica
Unidade Angelim – Hornblenda verde
Unidade Angelim – Hornblenda porfiroblástica
Unidade Angelim – Apatita idioblástica
Unidade Angelim – Aspecto geral da textura granolepidoblástica
Unidade Angelim – Foliação definida por bandamento máfico
Unidade Angelim – Aspecto geral da textura equigranular
Unidade Angelim – Microclina em grãos hipidiomórficos
Unidade Angelim – Intercrescimento mirmequítico
Unidade Bela Joana – Aspecto geral da textura
Unidade Bela Joana – Aspecto geral da textura milonítica
Unidade Bela Joana – Aspecto da textura inequigranular porfiroblástica
Unidade Bela Joana – Plagioclásio deformado
Unidade Bela Joana – Aspecto geral da textura da matriz
Unidade Bela Joana – Aspecto da foliação cataclástica
Unidade Bela Joana – Granada xenoblástica
Unidade Bela Joana – Plagioclásio hipidioblástico
Unidade Bela Joana – Plagioclásio fortemente deformado
Unidade Bela Joana – Piroxênio xenoblástico
Unidade Italva (Grupo Italva) – Presença moderada de saussurita em plagioclásio
Unidade Italva (Grupo Italva) – Plagioclásio com presença de geminações complexas
Unidade Italva (Grupo Italva) – Quartzo xenoblástico
Unidade Italva (Grupo Italva) – Microclina poiquiloblástica
Unidade Italva (Grupo Italva) – Biotita orientada definindo a foliação da rocha
Unidade Italva (Grupo Italva) – Granada xenoblástica
Unidade Rio Negro – Plagioclásio deformado
Unidade Rio Negro – Microclina na matriz
Unidade Rio Negro – Microclina porfiroblástica
Unidade Rio Negro – Quartzo com contatos do tipo côncavo-convexo
Unidade Rio Negro – Característica dos grãos de biotita
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Unidade Rio Negro – Hornblenda presente formando glomeros máficos
Complexo Serra de São Pedro – Textura granoblástica
Complexo Serra de São Pedro – Plagioclásio deformado
Complexo Serra de São Pedro – Porfiroblasto de plagioclásio
Complexo Serra de São Pedro – Recristalização dos grãos de plagioclásio
Complexo Serra de São Pedro – Subgrãos de quartzo
Complexo Serra de São Pedro – Porfiroblasto de ortoclásio com inclusão de plagioclásio
Complexo Serra de São Pedro – Hiperstênio presente formando glomeros máficos
Complexo Serra de São Pedro – Granada xenoblástica
Unidade São Fidélis – Textura granolepidoblástica
Unidade São Fidélis – Porfiroblasto de granada
Unidade São Fidélis – Plagioclásio com presença de geminações complexas
Unidade São Fidélis – Grãos de quartzo em poiquiloblasto de granada
Unidade São Fidélis – Associação de grãos de biotita a porfiroblasto de granada
Unidade São Fidélis – Sillimanita associada à granada
Unidade Desengano – Plagioclásio deformado
Unidade Desengano – Porfiroblasto de plagioclásio com presença de geminações combinadas
Unidade Desengano – Quartzo recristalizado
Unidade Desengano – Porfiroblasto de quartzo com extinção ondulante
Unidade Desengano – Microclina com geminação tipo Tartan bastante difusa
Unidade Desengano – Ortoclásio hipidioblástico
Unidade Desengano – Biotita em banda máfica
Unidade Desengano – Granada poiquiloblástica
Unidade Desengano – Plagioclásio deformado com sobrecrescimento sintaxial associado
Unidade Desengano – Plagioclásio em contato com ortoclásio
Unidade Desengano – Plagioclásio com geminação espaçada
Unidade Desengano – Núcleos de ortoclásio em grãos de microclina
Unidade Desengano – Quartzo fitado
Unidade Desengano – Quartzo com borda corroída
Unidade Desengano – Foliação marcada pelo arranjo planar dos grãos de biotita
Unidade Desengano – Granada em contato com grãos de biotita
Unidade Desengano – Alinhamento dos grãos de quartzo
Unidade Desengano – Textura granoblástica
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APRESENTAÇÃO
O presente trabalho consiste na conclusão da disciplina de Trabalho de Graduação
oferecida aos alunos do 8° período do curso de Graduação em Geologia da Universidade Federal
Rural do Rio Janeiro, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Geologia.
O que aqui é apresentado é o resultado obtido sobre os estudos referentes à geologia e
petrografia das rochas ocorrentes nos arredores da Cidade de São Fidélis, localizada na parte
Ob
centro-norte do Estado do Rio de Janeiro.
O trabalho se insere ainda no projeto de pesquisa “PRONAGEO: Folha São Fidélis
(1:100.000)”
desenvolvido sob a responsabilidade do Professor Dr. José Renato Nogueira
(FGEL/UERJ). O trabalho foi realizado entre abril e dezembro de 2008.
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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1. Caracterização da Temática e Justificativa do Estudo
Mapeamento geológico-estrutural é a ferramenta básica de qualquer trabalho que envolva
geologia de campo. No caso específico da região estudada, vêm sendo desenvolvido de maneira
sistemática trabalhos de campo que visam a confecção de um mapa geológico em escala
1:100.000 associado ao programa PRONAGEO, que, por sua vez, está inserido no PLGB-CPRM
Ob
(Plano Geologia Básica). A área em questão apresenta baixa densidade de informações
geológicas, sendo, portanto, um alvo necessário para a melhor realização do projeto nos moldes
em que o mesmo se coloca.
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1.2. Objetivo
Como objetivo geral do projeto, tem-se a realização um mapeamento geológico-estrutural
em escala de semi-detalhe (1:50.000) como parte da composição geral do mapeamento da Folha
pa
São Fidélis em escala 1:100.000. Mais especificamente, está a definição das características
petrográficas de cada uma das Unidades de Mapeamento definidas para a totalidade da Folha
São Fidélis.
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1.3. Metodologia Aplicada
Para que fosse alcançado o objetivo anteriormente proposto, a seguinte metodologia de
trabalho foi adotada:
Co
a) Etapa pré-campo:
Nesta etapa foi realizado o levantamento bibliográfico sobre a Faixa Ribeira, dando-se
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ênfase às ocorrências das rochas da região a ser mapeada na porção centro-norte do Estado do
Rio de Janeiro. A ênfase foi dada na caracterização das rochas correspondentes às unidades
litoestratigráficas mapeadas: Unidade São Sebastião do Alto, Unidade Desengano, Unidade São
Fidélis, Unidade Italva (Grupo Italva), Unidade Angelim, Unidade Bela Joana (Suíte Bela Joana),
Unidade São Pedro (Complexo Serra de São Pedro).
ta
b) Etapa de campo:
Esta etapa consistiu na realização de mapeamento geológico (1:50.000) de parte da área
da Folha São Fidélis, realização de perfis geológicos representativos da geologia da área, que
visaram a apresentação das características de campo das rochas estudadas.
c) Etapa pós-campo:
As amostras pré-coletadas na etapa de campo foram selecionadas e preparadas para
laminação no LGPA (Laboratório Geológico de Processamento de Amostras) da Universidade
2
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Destas, foram confeccionadas um total de 155 lâminas
delgadas correspondendo a todo o espectro de variação litológica dentro das Unidades de
Mapeamento. Posteriormente, foram feitas as análises petrográficas da totalidade das lâminas no
laboratório de microscopia do Departamento de Geociências da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (UFRRJ), onde foram descritas mineralogia, texturas e interações minerais de cada
litotipo.
Nesta etapa, se inserem ainda os trabalhos relativos à finalização da monografia e que
contemplaram a confecção de relatório (parte textual da monografia), confecção de mapas, e
Ob
diagramação do produto final.
Esta monografia corresponde ao capítulo sobre a petrografia das Unidades de
Mapeamento da Folha São Fidélis dentro do projeto PRONAGEO (FGEL/UERJ/CPRM).
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1.4. Localização da Área de Estudo e Acessos
A área alvo do estudo deste trabalho está localizada no município de São Fidélis (Figura
1), parte centro-norte do Estado do Rio de Janeiro, abrangendo a carta topográfica São Fidélis
pa
1:100.000 – IBGE. O acesso à região é feito através da Ponte Rio-Niterói, seguindo pela Rodovia
Niterói-Manilha (BR-101) até o município de Campos dos Goytacazes. Segue-se, então, pela RJ158 (Sapucaia-Campos) até o município de São Fidélis.
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Figura 1 - Localização da área estudada com a Cidade de São Fidélis ao centro.
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CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA REGIONAL
2.1. Introdução
Neste capítulo será apresentada uma síntese sobre as características geológicas da Faixa
Ribeira, com enfoque no segmento central deste orógeno, no qual estão contidos os domínios
tectônicos Juiz de Fora, Costeiro, Italva e Cambuci.
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2.2. A Faixa Ribeira
A região de São Fidélis situa-se no Norte Fluminense, Estado do Rio de Janeiro, SE do
Brasil. Do ponto de vista geotectônico, São Fidélis localiza-se na zona central da Faixa Ribeira.
Esta faixa móvel é caracterizada pela existência de várias zonas de cisalhamento
ra
subverticais profundas com movimentação dextral e que registam uma importante componente
transpressional (Trouw et al., 2000). Uma das mais importantes zonas de cisalhamento, Paraíba
do Sul, atuou fortemente sobre as rochas da área em estudo.
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A Faixa Ribeira (Almeida et al., 1973) está situada na Plataforma Sul-americana e constitui
um sistema orogênico neoproterozóico localizado no sul e sudeste do Brasil. Estende-se por mais
de 1400Km, desde o sul do Estado da Bahia até a parte oriental do Estado do Paraná. Este
sistema orogênico é denominado de Província Mantiqueira, sendo um elemento chave para a
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reconstrução histórica do Supercontinente Gondwana Ocidental.
A Faixa Ribeira é o resultado do empilhamento de várias nappes com vergência para o
Cráton do São Francisco. O Terreno Alóctone Oriental, no qual se situa a área de São Fidélis,
Co
esteve sujeito a metamorfismo de alto grau (fácies anfibolítica alta a granulítica). O metamorfismo
originou várias associações de orto e paragnaisses intercaladas por mármores, quartzitos e níveis
calco-silicatados, bem como rochas granitóides resultantes da extensa migmatização Brasiliana
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(Heilbron & Machado, 2003).
O Sistema Orogênico Mantiqueira (Figura 2) desenvolveu-se durante a Orogenia
Neoproterozóica Brasiliano-Pan-Africana, que resultou na amalgamação do Paleocontinente
Gondwana Ocidental. O fechamento do Oceano Adamastor resultou na colisão entre o
Paleocontinente São Francisco-Congo e outro(s) continente(s) localizado(s) a leste (Terreno
Oriental ou Serra do Mar). Este novo episódio colisional, denominado Colisão II, ocorreu entre 590
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e 550 Ma, com ápice em 580 Ma, e estruturou o Orógeno Ribeira (Heilbron & Machado, 2003;
Machado et al., 1996). A Colisão II colocou os terrenos Paraíba do Sul e Oriental (incluindo o Arco
Rio Negro) sobre o terreno Ocidental, que representa o embasamento retrabalhado do Cráton São
Francisco, e sobre os terrenos recém-amalgamados da porção sul do Orógeno Brasília.
A Faixa Ribeira (Figura 3), que representa trend estrutural NE-SW, resulta da interação
entre o Cráton do São Francisco e outras placas e/ou microplacas e/ou ainda arcos de ilhas
situados à sudeste deste cráton, bem como a porção sudoeste do Cráton do Congo. Visto que a
Faixa Ribeira constitui um sistema orogenético essencialmente diacrônico, ocorre uma segunda
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Figura 2- Subdivisão do Sistema Orogênico Mantiqueira: o segmento setentrional é o
Orógeno Araçuaí; o segmento central inclui a porção sul do Orógeno Brasília e os
orógenos Ribeira e Apiaí; e o segmento meridional inclui os orógenos Dom Feliciano e
São Gabriel. As cores roxo e laranja indicam os terrenos que alojam os arcos
magmáticos neoproterozóicos.
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Figura 3
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Figura 4
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etapa de colisão continental (colisão II, ca. 580 Ma) que resultou no empilhamento de terrenos de
leste para oeste-noroeste. Como a colisão entre estes terrenos foi oblíqua, a deformação principal
exibe clara partição entre zonas de cisalhamento com predomínio de encurtamento frontal e zonas
com componente transpressivo dextral. Os limites entre os compartimentos tectônicos são
representados por empurrões com mergulhos mais íngremes (>30°), ou por zonas de
cisalhamento oblíquas.
A Faixa Ribeira é subdividida em cinco terrenos tectono-estratigráficos, separados por
falhas de empurrão ou por zonas de cisalhamento oblíquas transpressivas. Estes terrenos são
Ob
denominados de Terreno Ocidental, Paraíba do Sul, Embu, Terreno Oriental e Cabo Frio. A
consolidação destes terrenos é caracterizada pelo imbricamento de escamas crustais com
vergência para oeste, em direção à margem do Cráton do São Francisco. Os quatro primeiros
ra
foram amalgamados há ca. 580 Ma, enquanto que o Terreno Cabo Frio só foi unido aos demais
em ca. 520 Ma.
Dados isotópicos sugerem pelo menos duas etapas de geração de rochas nesse arco: 790
Ma e 620 Ma (Tupinambá et al., 2000; Heilbron & Machado, 2003). Ressalta-se que os dados
pa
isotópicos de Pb indicam ausência de herança paleoproterozóica ou mais antiga, e que os dados
de Nd indicam dois grupos de rochas, com níveis de contaminação crustal constante. Dados U-Pb
sugerem que o Arco Magmático Rio Negro atuou como área-fonte de sedimentos para o Domínio
ra
Cambuci (bacia ante-arco?) e para unidades do topo do Domínio Costeiro (bacia retro-arco?),
indicando deposição contemporânea ao processo de subducção.
A intensa deformação resultante da Colisão II originou dobras apertadas a isoclinais, forte
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xistosidade, muitas vezes milonítica, e lineação de estiramento.
O metamorfismo no Terreno Ocidental varia desde o fácies xisto verde, na borda cratônica,
até o fácies granulito de média pressão, próximo ao contato com os terrenos oriental e Paraíba do
Sul. No topo do Terreno Ocidental, o Domínio Tectônico Juiz de Fora se caracteriza como uma
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verdadeira mélange tectônica, definindo um duplex de escala crustal, onde as rochas do
embasamento e rochas de cobertura neoproterozóica estão milonitizadas e interdigitadas
tectonicamente. As condições sugerem gradiente de média pressão, com temperaturas e
pressões máximas estimadas da ordem de 700° C e 7 Kbar.
Rochas geradas em ambientes de arco magmático de margem continental ativa e/ou arco
ta
de ilhas, são produtos que evidenciam o processo de subducção. Na Faixa Ribeira, no segmento
central da Província Mantiqueira, estes produtos estão localizados no Terreno Oriental.
O metamorfismo na Klippe Paraíba do Sul situa-se no fácies anfibolito, mas no Terreno
Oriental varia do fácies anfibolito (Domínio Italva) ao fácies granulito (Domínios Cambuci e
Costeiro). Nestes, terrenos, a deformação principal está representada por uma xistosidade
associada a dobras que variam de isoclinais a apertadas.
O contato entre os terrenos Oriental e Ocidental é marcado por uma zona de cisalhamento
de mergulho NW, denominada Central Tectonic Boundary (Limite Tectônico Central).
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O último episódio colisional, designado Orogênese Búzios, foi datado por Schmitt (2001)
no Terreno Cabo Frio. Em meados do Cambriano, praticamente todos os orógenos entorno do
Paleocontinente São Francisco-Congo já tinham completado sua história evolutiva, o que dificulta
o cenário tectônico naquele momento. A Colisão III, assim denominada, gerou importante
deformação de baixo ângulo no Terreno Cabo Frio.
O metamorfismo principal (M1) atingiu condições do fácies anfibolito superior ou do fácies
granulito, dependendo do domínio tectônico, durante a atuação da deformação principal
caracterizada pelas fases geométricas D1 + D2. Segundo Heilbron (1993) e Heilbron et al. (1994),
Ob
a fase de deformação principal foi responsável pela compartimentação regional e evoluiu de um
componente de baixo ângulo, com transporte para NW, para uma fase oblíqua (de componente
inverso e dextral), com transporte para NE. Os autores reconheceram ainda duas outras fases de
ra
deformação, D3 e D4, relacionadas ao redobramento das estruturas geradas pela fase D1 + D2.
A fase D3 é caracterizada por dobras abertas de eixos sub-horizontais de direção NE-SW
e planos axiais íngremes. Zonas de cisalhamento dextrais íngremes, de direção NE-SW como, por
exemplo, a Zona de Cisalhamento do Rio Paraíba do Sul (Campanha & Ferrari, 1984), foram
pa
geradas sob regime dúctil a dúctil-rúptil durante o desenvolvimento de D3 e são interpretadas
como resultantes de transpressão associada ao processo de convergência crustal. Dobras abertas
e zonas de cisalhamento rúpteis-dúcteis transtensionais, cujas direções são ortogonais àquelas
ra
das estruturas D3, são relacionadas à fase D4, cujo desenvolvimento se deu em período póscolisional (Heilbron et al., 1994).
Terrenos Paraíba do Sul e Oriental
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2.3. O Segmento Central da Faixa Ribeira: Unidades Metassedimentares dos
O Terreno Oriental ocupa extensa faixa paralela à costa do Estado do Rio de Janeiro,
alcançando as regiões litorâneas do centro e do sul desse estado. Esse terreno compreende
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unidades metassedimentares com abundantes intercalações de quartzitos, rochas carbonáticas e
calcissilicáticas (Unidade São Fidélis, Grupo Pão de Açúcar de Leonardos Jr., 1973; Série
Superior de Helmbold et al., 1965), pertencentes à Bacia Italva (Heilbron et al., 2000). Abundantes
rochas granitóides geradas durante os vários episódios da colagem Brasiliana integram o Terreno
Oriental. Ortognaisses tonalíticos a granodioríticos, quartzo-dioríticos e gnaisses leucograníticos
ta
integram o Complexo Rio Negro (Tupinambá et al., 1998). Trabalhos recentes, aliando
mapeamento geológico de detalhe a estudos petrológicos e geocronológicos, levaram à
caracterização dessa unidade como um arco magmático brasiliano, denominado Arco Magmático
Rio Negro (Tupinambá et al., 1998), representando o período pré-colisional, provavelmente
contemporâneo à fase de deformação D1, da Orogênese Brasiliana nesse setor da faixa.
A cobertura metassedimentar que aflora nos Terrenos Oriental e Paraíba do Sul
compreende uma sucessão de rochas metapelíticas e metapsamíticas, rica em intercalações
carbonáticas e calcissilicáticas.
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No Terreno Paraíba do Sul, a sucessão metassedimentar compreende duas unidades:
biotita gnaisses psamíticos e sillimanita-biotita gnaisses pelíticos. Estas unidades ocorrem
intercaladas em todas as escalas de observação, definindo um bandamento composicional
conspícuo.
Nos três domínios estruturais do Terreno Oriental ocorrem sucessões metassedimentares
distintas. Estas unidades já receberam muitas denominações locais, bem como foram também
atribuídas ao Grupo Paraíba do Sul, por muitos autores, uma vez que originalmente foram
denominadas de Grupo Paraíba-Desengano por Rosier (1957, 1965) ou de Série Paraíba por
Ob
Ebert (1957, 1959, 1968).
Alguns autores sugerem que as sucessões de cobertura do Terreno Oriental podem
representar bacia de margem passiva, rica em sedimentação carbonática, de um (micro)
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continente (Terreno Oriental ou Microplaca Serra do Mar) que não fazia parte da Placa São
Francisco-Congo.
Estas
sucessões
foram
invadidas
por
rochas
do
arco
magmático
neoproterozóico, indicando a passagem de uma fase de margem passiva para margem ativa,
relacionada ao início do processo de subducção (Heilbron & Machado, 2003).
pa
2.3.1. Domínio Juiz de Fora
O Domínio Juiz de Fora é limitado a noroeste e sul-sudeste por uma zona de falha na qual
ra
converge a sudoeste da área estudada onde este domínio comprime. Consiste em um
embricamento de fatias (mélanges) tectônicas composto por granulitos e gnaisses basais no
fácies anfibolito alternando com rochas supracrustais no fácies granulito superior. Os litotipos
Co
referentes ao embasamento são enderbitos, granulitos básicos e charnockitos quando estão no
fácies granulito e de hornblenda-biotita gnaisses. As unidades supracrustais são rochas
metassedimentares como biotita gnaisses e granada-sillimanita-biotita gnaisses, com abundantes
intercalações de quartzitos.
ul
ns
Como resultado da atuação de metamorfismo de alto grau, aliado à deformação intensa, o
Domínio Juiz de Fora sofreu forte obliteração de texturas e estruturas originais, sendo, então,
caracterizado por interdigitação entre escamas de rochas ortogranulíticas pré-1,8 Ga e escamas
de rochas metassedimentares pós-1,8 Ga (Duarte et al., 1994; Valladares, 1996; Duarte, 1998;
Duarte et al., 2000; Heilbron et al., 2001). Segundo Duarte et al. (2000), três associações
ta
litológicas compõem este domínio: i) ortognaisses tonalíticos a graníticos e metabasitos no fácies
granulito do Domínio Juiz de Fora; ii) rochas metassedimentares (biotita-granada-(ortopiroxênio)
gnaisse com lentes de biotita-granada-(sillimanita) gnaisse, quartzito e rocha calcissilicática; e
biotita gnaisse bandado com lentes de quartzito), possivelmente correlatadas ao Ciclo
Deposicional Andrelândia, e metabasitos associados; iii) dois corpos de rochas granitóides /
chanockitóides intrusivas: a) biotita gnaisses e leucognaisses da Suíte Matias Barbosa; b)
charnoenderbito Salvaterra. Estreitas escamas de ortognaisses da Suíte Quirino-Dorândiade
10
(Heilbron et al., 1991), redefinida como Complexo Quirino, (Valladares, 1996 & Machado et al.,
1996), ocorrem no extremo sul desse domínio, próximo ao contato com a Klippe Paraíba do Sul.
2.3.2. Domínio Cambucí
O Domínio Cambucí é constituído por um embasamento e por uma sucessão
metassedimentar (Heilbron & Machado, 2003). O embasamento é composto por granada
associada a hornblenda-biotita tonalitos, charnockitos, dioritos, leucogranitos e granitos porfiríticos
(Complexo Serra da Bolívia-São Primo). A sucessão metassedimentar é constituída por
Ob
sillimanita-granada-biotita gnaisses com camadas de mármores dolomíticos e, subordinadamente,
lentes de rochas calcissilicáticas, gonditos e anfibolitos. A presença de ortopiroxênio em granitos
diatexíticos peraluminosos indicam que o metamorfismo atingiu condições de fácies granulito
ra
(Heilbron & Machado, 2003).
Geocronologia U-Pb em zircões e monazitas forneceu idade de 623 Ma, interpretada como
idade do metamorfismo neste domínio.
Quatro fases de deformação atingiram, com diferentes graus de intensidade, os domínios
pa
Cambuci e Italva.
A primeira fase deformacional (Dn), cuja estrutura remanescente é o bandamento
gnáissico Sn, é encontrada nas porções máficas nos diatexitos ou nas zonas abrigadas da
ra
deformação e migmatização posteriores.
A segunda fase deformacional (Dn+1) é representada por dobras isoclinais no bandamento
Sn, sem o desenvolvimento de uma nova foliação Sn+1.
Co
A última deformação (Dn+2) é caracterizada por zonas de cisalhamento de alto ângulo de
mergulho e por dobras verticais associadas. Milonitos em zonas de cisalhamento tardio (D+2 e
D+3) indicam retrometamorfismo para fácies xisto verde, com passagem de biotita para muscovita
e minerais opacos (Tupinambá, 1992).
ul
ns
2.3.3. Domínio Italva
A sucessão metassedimentar do Domínio Italva é constituída por granada-hornblendabiotita gnaisses bandados e espessas camadas de mármore calcítico intercalados com anfibolitos
bandados, e hornblenda-biotita gnaisses. Diversas camadas métricas a centimétricas de anfibolito
ta
podem ser encontradas dentro dos gnaisses, especialmente próximo ao contato com os
mármores. Estes estão intercalados com camadas métricas a centimétricas de rocha
calcissilicática, provavelmente, representantes de material calcarenítico metamorfisado (Heilbron
& Machado 2003).
A paragênese metamórfica encontrada neste domínio indica fácies anfibolito, e a sucessão
metavulcano-sedimentar
sugere
ambiente
plataformal,
com
magmatismo
basáltico
contemporâneo. Análises em grãos de zircão extraídos de anfibolito forneceram os seguintes
11
resultados: 848 Ma, interpretado como a idade de cristalização do protólito; 500 Ma, interpretado
como a idade do metamorfismo (Heilbron e Machado, 2003).
A estrutura mais importante desse domínio é definida por um sinforme aberto com plano
axial subvertical, e a foliação principal está relacionada ao desenvolvimento de dobras
recumbentes.
2.3.4. Domínio Costeiro
O Domínio Costeiro compreende duas associações metassedimentares pelo Arco
Ob
Magmático Rio Negro e várias outras gerações de granitóides mais jovens (Heilbron & Machado,
2003).
ra
2.3.4.1. Unidades Metassedimentares
As unidades metassedimentares são formadas de gnaisses bandados com lentes métricas
de quartzito e centimétricas de rochas calcissilicáticas, e gnaisses kinzigíticos (incluindo cordieritasillimanita-granada gnaisses) com lentes métricas de rochas calcissilicáticas e quartzito (Pires e
pa
Heilbron, 1986).
Geocronologia U-Pb em zircões detríticos dessa sequência forneceu idade de 2,0 Ga
(Paleoproterozóico) para a fonte (Valladares et al., 1999). As paragêneses nessas associações
ra
indicam condições de fácies granulito. A presença de cordierita nas paragêneses dos gnaisses
metapelíticos desse domínio é irregular; por exemplo, a cordierita ocorre nos gnaisses da cidade
do Rio de Janeiro e não ocorre nos gnaisses das porções norte do estado.
Co
A estrutura interna do Domínio Costeiro é dominada por uma xistosidade grossa, dobras
recumbentes e dois conjuntos de zonas de cisalhamento subverticais relacionadas à abertura de
dobras (D3 e D4) com tendências NE e NW (Valeriano e Magalhães, 1984; Heilbron et al., 1993).
Poucos indicadores cinemáticos associados com a xistosidade principal indicam o início do
ul
ns
movimento NW.
2.3.4.2. Granitóides pré-colisionais – O arco magmático Rio Negro
Mapeamentos recentes, geoquímica e trabalhos isotópicos levaram à conclusão de que o
complexo Rio Negro é um arco cordilheirano neoproterozóico no Domínio Costeiro do Terreno
ta
Oriental (Tupinambá, 1999; Tupinambá et al., 2000). A evolução magmática do arco começou há
cerca de 630Ma com intrusões cálcio-alcalinas seguida por uma fase sin-colisional com
migmatização generalizada e geração de leucogranito há cerca de 600Ma. Este foi seguido por
magmatismo cálcio-alcalino, melhor representado pela Serra dos Órgãos e batólitos facoidais, e
pelos granitóides pós-colisionais há cerca de 540-80Ma (Tupinambá et al., 2000). Além disso,
dados isotópicos de Nd e Sr sugerem que os magmas pré-colisionais não assimilaram
quantidades significativas de crosta paleoproterozóica.
12
Os ortognaisses do complexo Rio Negro englobam pelo menos duas séries cálcioalcalinas, uma médio-K (normal) e outra alto-K, ambas apresentando grandes variações de
composição. A série cálcio-alcalina médio-K, nos setores central e norte Estado do Rio de Janeiro,
compreende rochas dioríticas a granodioríticas com predominância de tonalitos de granulação
grossa. Hornblenda e biotita são as principais fases máficas, e titanita, zircão, monazita e ilmenita
são os minerais acessórios comuns. A série cálcio-alcalina alto-K compreende principalmente
granitos e granodioritos, acrescido de alguns monzodioritos e monzonitos. São comuns rochas
porfiríticas, onde biotita predomina sobre hornblenda, e titanita e apatita aparecem como minerais
Ob
principais (por vezes até 5%). Zircão e allanita ocorrem como minerais acessórios.
2.3.4.3. Granitóides sin a pós-colisionais
ra
Entre os granitóides sin-colisionais, o tipo mais comum de rocha varia de granada-biotita
granodioritos foliados a granitos porfiríticos com cristais de feldspato centimétricos. Xenólitos em
escala de mapa são comuns tanto nas sucessões metassedimentares como nos ortognaisses do
Rio Negro. Os corpos maiores apresentam grande variação em sua magmática (tamanho e
pa
proporção dos porfiroclastos), e variam de isotrópicos a texturas milonitizadas tipo augen.
Grandes dobras recumbentes podem ser observadas no gnaisse facoidal no Rio de Janeiro.
Também podem ser encontrados ortopiroxênios verdes e grandes lentes charnockíticas nestes
ra
corpos.
Outro tipo de rocha comum entre os granitóides sin-colisionais é o leucogranito, que ocorre
como grandes sills intrudindo os ortognaisses Rio Negro.
Co
O magmatismo sin-colisional tardio é representado por granada-biotita granitóides,
variando na composição de granodiorito a granito e exibindo foliação descontínua. A maior
intrusão é a Serra dos Órgãos com uma idade U-Pb de 560Ma (Tupinambá, 1999). Ocorrem
também corpos charnockíticos fracamente foliados e alongados.
ul
ns
Os granitóides não-foliados representam o episódio magmático mais novo registrado no
Terreno Oriental. Estes granitóides cálcio-alcalinos ocorrem como plútons, stocks e sills. Os
plútons mostram variações texturais, de porfirítica para fácies equigranular. Biotita é a principal
fase máfica, e allanita, titanita e zircão são minerais acessórios comuns. Enclaves enriquecidos
em mica e estruturas de fluxo são características muito comuns. A localização dessas rochas
ta
granitóides está relacionada a uma fase de migmatização generalizada do Terreno Oriental, que
resultou em lentes métricas e irregulares de leucossomas de granulação grossa. Alguns dos
corpos estão associados a zonas de cisalhamento subverticais.
13
CAPÍTULO 3 - GEOLOGIA LOCAL (UNIDADES DE MAPEAMENTO E
PETROGRAFIA)
3.1. Unidade São Sebastião do Alto
A Unidade São Sebastião do Alto é caracterizada pela presença de um granada-biotita
gnaisse com quartzito, que pode ou não apresentar sillimanita. São litotipos que se caracterizam
por serem leucocráticos, com bandamento composicional não muito definido. A heterogeneidade
Ob
do tamanho dos grãos é facilmente notada, portanto, trata-se de rochas inequigranulares com
granulação variando de fina até grossa.
A petrotrama dos litotipos é anisotrópica com predomínio de texturas granonematoblásticas
(Figura 5), podendo apresentar granada como porfiroblasto (Figura 6). Contém foliações contínuas
ra
podendo, ocasionalmente, serem observas junções poliedrais tríplices em 120º (Figura 7) e, por
vezes, apresentando ainda, grãos de quartzo interlobulados (Figura 8).
É caracterizada pela presença de bandamento metamórfico no qual níveis de composição
pa
predominantemente quartzo-feldspáticos alternam-se com níveis de espessura mais fina
constituídos basicamente por grãos de biotita orientados. Por vezes, estes grãos nem chegam a
formar um bandamento, podendo apresentarem-se disseminados na rocha.
ra
A composição mineralógica é dada pela presença de quartzo, plagioclásio, ortoclásio,
biotita, sillimanita e granada. Minerais opacos, zircão e apatita ocorrem como minerais acessórios.
Observa-se um produto de alteração secundária (saussurita), a partir do plagioclásio, constituído
de uma mistura de carbonatos, muscovita, sericita e epidoto. Biotita apresenta-se levemente
Co
alterada (“birds eyes”).
O plagioclásio tem hábito tabular-prismático com terminações hipidio a xenoblásticas. Duas
gerações de plagioclásio puderam ser identificadas. Uma delas representada por grãos límpidos,
ul
ns
com planos de geminação espaçados (Figura 9), e outra, com grãos de menor definição, que
mostram-se levemente saussuritizados, podendo não apresentar planos de geminação.
O quartzo é xenoblástico de granulação variando de média a grossa (entre 1,8 a 4mm).
Ocorre como grãos de formas amebóides à interlobulados (Figura 8). Frequentemente, observa-se
processos de formação do tipo “novos grãos”. Ainda em relação à terminação dos grãos podem
ta
ser observadas terminações interdigitadas produzidas por processos de corrosão (Figura 10). Os
grãos de quartzo que estão inclusos são de granulação fina (aproximadamente 0,3mm) e
possuem formas sub-arredondadas a arredondadas. Estas inclusões de quartzo ocorrem em
plagioclásio e granada (Figura 11). Ortoclásio é o K-feldspato presente. Apresenta-se com hábito
tabular, pouco fraturado. Os grãos são hipidioblásticos e, raramente, xenoblásticos. Sua
granulação varia de fina a grossa (entre 0,5 a 4mm). Pode ocorrer como porfiroblastos de até
1,0cm, o qual engloba cristais de plagioclásio, biotita e granada, atribuindo um caráter
poiquiloblástico ao grão (Figura 12). Raramente, mostra-se geminado. Observa-se mirmequita
(Figura 13) presente nas regiões de contato entre plagioclásio e ortoclásio.
14
Ob
1 mm
Figura 5
Figura 6
1 mm
ra
pa
Figura 7
Figura 8
1 mm
ra
1 mm
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 9
1 mm
lta
su
n
Co
1 mm
Figura 10
Unidade São Sebastião do Alto – textura granonematoblástica
Unidade São Sebastião do Alto – porfiroblasto de granada
Unidade São Sebastião do Alto – contatos triplos em quartzo
Unidade São Sebastião do Alto – quartzo com contatos interlobulados
Unidade São Sebastião do Alto – grãos de plagioclásio límpidos
Unidade São Sebastião do Alto - grãos de quartzo com corrosão nas bordas
15
O principal mineral máfico presente na rocha é a biotita. Ocorre como grãos de hábito
planar com terminações xeno a hidioblástica. Tem cor variando de castanho escuro a marrom que
crescem subordinados a bandas composicionais máficas. É comum o crescimento de biotita no
entorno dos grãos de granada (Figura 14). Pode ocorrer definindo planos de foliação como de
forma mais espaçada, porém, orientada em um sentido preferencial (Figura 15).
A sillimanita apresenta-se em grãos aciculares de forma predominante, entretanto, grãos
de hábito tendendo ao tabular também são observados. Com nicóis cruzados, mostra cor de
interferência alta. Seus grãos aciculares formam agregados finos que podem ocorrer contornando
Ob
os grãos de biotita ou granada.
A granada tem granulação média a grossa com grãos de até 2,0mm. Tem forma sub-
arredondada, xenoblástica, mostrando-se eventualmente e muito fraturada (Figura 16). Grãos de
ra
quartzo e biotita podem ocorrem inclusos, portanto, é atribuído a este mineral o caráter
poiquiloblástico. Nota-se a presença de um material avermelhado em suas fraturas
(provavelmente óxido de ferro).
Os minerais opacos são predominantemente hipidioblásticos, e em menores proporções
pa
são idioblásticos de hábito quadrático. Subordinadamente, assumem formas arredondadas. Sua
granulação é invariavelmente fina.
A apatita ocorre como grãos idio a hipidioblásticos de hábito prismático, fraturada. Sua
ra
granulação é fina (aproximadamente 0,2mm). Está em contato retilíneo e penetrativo com outros
cristais de apatita, plagioclásio e biotita.
O zircão é idioblástico, sendo caracterizado pelo hábito acicular e, subordinadamente,
Co
apresenta formas arredondadas. É de granulação muito fina (aproximadamente 0,05mm), e ocorre
em contato retilíneo com cristais de apatita e plagioclásio.
Parte deste conjunto de rochas é representado ainda por um muscovita quartzito. É uma
rocha de granulação variando de fina a média, com textura granoblástica conspícua. Sua
ul
ns
composição mineralógica está representada por: quartzo (50%), ortoclásio (25%), muscovita
(15%), biotita (5%), zircão (1%) e minerais opacos (4%).
O quartzo tem forma xenoblástica com hábito ameboidal, podendo incluir grãos de biotita e
zircão. Pode mostrar-se fraturado, tem aspecto límpido e granulação média. O ortoclásio é
hipidioblástico, de granulação média, sem geminação. A biotita tem cor marrom, em grãos
ta
hipidioblásticos de granulação fina a média. A muscovita ocorre como grãos finos a médios,
hipidioblásticos, em geral, associados à presença de biotita e ortoclásio.
3.2. Unidade Tonalito Angelim
A Unidade Tonalito Angelim é caracterizada pela presença de um hornblenda-biotita
gnaisse (composição tonalítica predominante) de inequívoco protólito magmático. Trata-se de
rocha cinza escuro, de granulação variável, com presença de textura glomeroporfiroblástica. São
litotipos que se caracterizam por serem mesococráticos, com bandamento composicional não
16
Ob
1 mm
Figura 11
Figura 12
1 mm
Figura 14
ra
1 mm
ra
pa
1 mm
Figura 13
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 16
Figura 15
1 mm
lta
su
n
Co
1 mm
Figura 16
Unidade São Sebastião do Alto – quartzo incluso em granada
Unidade São Sebastião do Alto – poiquiloblásto de ortoclásio
Unidade São Sebastião do Alto – intercrescimento mirmequítico
Unidade São Sebastião do Alto – grãos de biotita no entorno de grãos de
granada
Unidade São Sebastião do Alto – biotita definindo plano de foliação
Unidade São Sebastião do Alto – granada xenoblástica
17
muito definido. A heterogeneidade do tamanho dos grãos é facilmente notada, portanto, trata-se
de rocha inequigranular com granulação variando de fina até grossa.
O exame ao microscópio permitiu a caracterização de uma variação texturalgranulométrica. Apesar de não haver uma variação na composição mineralógica (apenas uma
leve
variação
na
moda
da
rocha)
duas
texturas
puderam
ser
identificadas:
uma
granolepidoblástica e outra granonematoblástica. Às primeiras associa-se uma granulação fina a
média e um percentual modal de máficos (biotita e hornblenda) um pouco mais elevado. Já os
tipos granonematoblásticos têm granulação média a grossa e um volume de minerais máficos
Ob
menor comparativamente aos tipos granolepidoblásticos. Ainda dentro desta unidade, foi
identificado um litotipo fracamente granítico e muito pouco deformado, podendo tratar-se de uma
fusão parcial dos tipos tonalíticos.
ra
# Tonalito Angelim Granonematoblástico
A
petrotrama
deste
litotipo
é
anisotrópica
com
predomínio
de
texturas
granonematoblásticas (Figura 17), definidas predominantemente por arranjos entre grãos de
e
pa
hornblenda
plagioclásio.
Bandamento
metamórfico,
no
qual
níveis
de
composição
predominantemente quartzo-feldspáticos alternados com níveis máficos formados por grãos de
biotita e hornblenda, é observado, apesar de não ser tão evidenciado (Figura 18), já que em
ra
muitas amostras analisadas textura ígnea preservada é comum (Figura 19). O material máfico, por
vezes, não chega a formar, necessariamente, um bandamento, podendo apenas mostrar-se
disseminado na rocha.
composição
mineralógica
é
dada
pela
presença
de
Co
A
quartzo,
plagioclásio,
ortoclásio/microclina e biotita como minerais principais, e zircão, titanita, apatita e minerais opacos
como principais minerais acessórios. Muscovita como mineral de alteração também pode ser
observada.
ul
ns
O plagioclásio tem hábito tabular com terminações hipidio a xenoblásticas. Tem granulação
variando de média a grossa, geminação espaçada, típica para composições intermediárias
(andesina?). Por vezes, estas geminações mostram formas complexas (Figura 20) e padrões de
crescimento por syneusis (Figura 21). Outra característica é a limpidez dos grãos: muito pouca
saussurita foi observada (Figura 22). Alguns grãos mostram extinção ondulante como resposta à
ta
deformação imposta à rocha (Figura 23). Os grãos hipidioblásticos são aqueles que mostram
geminações mais bem definidas e de grau de complexidade maior (Figura 20). Os grãos
xenoblásticos são caracterizados por apresentar forte corrosão em suas bordas (Figura 24).
Alguns poucos grãos assumem um caráter porfiroblástico, sendo que estes grãos apresentam
complexas interações aparentando um processo de recristalização no estado sólido (Figura 25).
O quartzo é xenoblástico de granulação variando de média a grossa. Ocorre como grãos
de formas amebóides (Figura 26) e globulados (Figura 27). Interdigitação entre quartzo
18
Ob
1 mm
Figura 17
1 mm
Figura 18
ra
1 mm
ra
pa
1 mm
Figura 19
Figura 20
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Figura 21
Figura 22
Figura 21
1 mm
lta
su
n
Co
1 mm
Figura 22
Unidade Angelim – aspecto geral da textura granonematoblástica
Unidade Angelim – banda máfica mal definida
Unidade Angelim – textura ígnea preservada
Unidade Angelim – geminações complexas em plagioclásio
Unidade Angelim – crescimento de grãos de plagioclásio por “syneusis”
Unidade Angelim – limpidez em grãos de plagioclásio
19
Ob
Figura 23
1 mm
Figura 24
1 mm
ra
ra
pa
Figura 25
1 mm
Figura 26
1 mm
Figura 23
Figura 24
Figura 25
Figura 26
Figura 27
Figura 28
1 mm
lta
su
n
Co
Figura 27
1 mm
Figura 28
Unidade Angelim – plagioclásio deformado
Unidade Angelim – plagioclásio com borda corroída
Unidade Angelim – porfiroblasto de plagioclásio
Unidade Angelim – quartzo ameboidal
Unidade Angelim - quartzo globular
Unidade Angelim – quartzo com borda corroída
20
e plagioclásio é comum, bem como terminações marcadas pela corrosão (Figura 28). Grãos de
quartzo recristalizados (subgrãos/novos grãos) e com extinção ondulante (Figura 29) também são
observados. Por vezes, os grãos de quartzo estão inclusos em outros minerais, principalmente,
plagioclásio e hornblenda. Neste caso, têm granulação fina, formas sub-arredondadas a
arredondadas ou ocorrem ainda como bastonetes quando intercrescidos ao plagioclásio,
formando mirmequita (Figura 30).
O ortoclásio é hipidio à xenoblástico, de granulação média a grossa e hábito tabular. Tem
cor cinza, é raramente geminado, mas constantemente fraturado, sendo as fraturas preenchidas
Ob
por quartzo ou eventual muscovita secundária (Figura 31).
Microclina também foi observada sempre em grãos finos, xenoblásticos, com geminação
algo difusa, mas identificável. Deve se tratar de uma geração tardia de K-feldspato (Figura 32).
ra
A biotita é hipidioblástica, de hábito tabular e granulação variando de fina a média. Define,
junto com a hornblenda, a débil foliação da rocha. Cresce contornando as bordas de glomeros
quartzo-feldspáticos (Figura 33).
A hornblenda é hipidioblástica (eventualmente xenoblástica), de hábito tabular em grãos de
pa
granulação média (Figura 34). Apresenta-se quase sempre em seções que permitem a
observação de pelo menos uma direção de clivagem. Com nicóis descruzados, é de um verde
oliva intenso e fortemente pleocróica (Figura 35). Alguns grãos têm “comportamento”
ra
porfiroblástico e, neste caso, são comuns interações com quartzo (Figura 36).
Os minerais opacos apresentam-se em grãos finos, hipidioblásticos de hábito quadrático e
volume subordinado.
Co
A apatita ocorre como grãos idioblásticos de hábito prismático a hexagonal. Tem
granulação fina e mostra íntima relação com a biotita do ponto de vista de sua ocorrência na rocha
(Figura 37).
O zircão é idioblástico, de granulação fina e hábito arredondado.
ul
ns
# Tonalito Angelim Granolepidoblástico
Do ponto de vista da composição mineralógica não há diferenças entre este grupo de
rochas e o anteriormente descrito. O que há é apenas uma variação na textura, neste caso, do
tipo granolepidoblástica (Figura 38), e da moda da rocha já que este grupo se mostra um pouco
ta
mais enriquecido em minerais máficos. Este grupo é caracterizado por grãos de granulação fina a
média, hipidioblásticos, com os minerais máficos determinando de maneira mais objetiva a
foliação da rocha (Figura 39).
# Granito Equigranular
Um outro litotipo descrito nesta unidade é um granito equigranular (Figura 40). Trata-se de
rocha que não apresenta características de ter sido metamorfisada. Sua composição mineralógica
é dada por microclina em grãos médios, hipidiomórficos, com geminação bem marcada
21
Ob
1 mm
Figura 29
1 mm
Figura 30
ra
ra
pa
Figura 31
1 mm
Figura 32
1 mm
Figura 29
Figura 30
Figura 31
Figura 32
Figura 33
Figura 34
1 mm
lta
su
n
Co
Figura 33
1 mm
Figura 34
Unidade Angelim – quartzo deformado (extinção ondulante)
Unidade Angelim – intercrescimento mirmequítico
Unidade Angelim – grãos hipidioblásticos de ortoclásio
Unidade Angelim – grãos de microclina
Unidade Angelim – biotita no entorno de glomeros quartzo-feldspáticos
Unidade Angelim – hornblenda hipidioblástica
22
Ob
Figura 35
1 mm
Figura 36
1 mm
ra
ra
pa
Figura 37
1 mm
Figura 38
1 mm
Figura 35
Figura 36
Figura 37
Figura 38
Figura 39
Figura 40
1 mm
lta
su
n
Co
Figura 39
1 mm
Figura 40
Unidade Angelim – hornblenda verde
Unidade Angelim – hornblenda porfiroblástica
Unidade Angelim – apatita idioblástica
Unidade Angelim – aspecto geral da textura lepidoblástica
Unidade Angelim – foliação definida por bandamento máfico
Unidade Angelim – aspecto geral da textura equigranular
23
e hábito tabular (Figura 41); plagioclásio hipidiomórfico de hábito tabular a prismático, de
granulação média, algo saussuritizado; quartzo xenomórfico de granulação média, hábito
ameboidal com bordas corroídas; rara biotita em grãos planares espaçados pela rocha.
Complementam a mineralogia grãos de apatita, zircão e minerais opacos. Textura de
intercrescimento mirmequítico é bastante comum (Figura 42).
3.3. Unidade Bela Joana (Suíte Bela Joana)
Esta unidade, também definida como Suíte Bela Joana é formada por granitóides
Ob
deformados, podendo, entretanto, ainda apresentar texturas e estruturas magmáticas bem
preservadas, com eventual superposição de deformação no estado sólido.
É um litotipo sintectônico à deformação regional. Na área estudada, apresenta-se
ra
fortemente deformada (Figura 43), assumindo caráter milonítico eventual (Figura 44). Contatos
transicionais com os granada granitos Tipo S da Suíte Desengano são observados, e
frequentemente são cortados por uma segunda geração de leucogranitos S.
Em campo, são granitóides de cor cinza escuro a esverdeado, de granulação média a
pa
grossa, frequentemente porfiríticos, com fenocristais subédricos de feldspato (plagioclásio) de até
2cm. São constituídos de quartzo, feldspato esverdeado, piroxênio (hiperstênio) em pequenos
prismas pretos a esverdeados, granada rósea e pouca biotita. São isotrópicos a anisotrópicos,
ra
apresentando, próximo aos contatos, foliação cataclástica.
Petrograficamente, os termos mais frequentes são os de composição tonalítica
(enderbitos) com variações para tipos granodioríticos (charnockitos). O conjunto é descrito na
Co
literatura (Rêgo,1989) como uma associação charnockítica com gabro-noritos, enderbitos e
charnockitos, incluindo também gabro-noritos e leuconoritos como enclaves, com predominância
dos termos intermediários. Os litotipos mais frequentes encontrados na área estudada são um
tonalito porfirítico com variação para um charnoenderbito também porfirítico.
ul
ns
O tonalito porfirítico é uma rocha cinza, inequigranular-porfiroblástica com grãos
subédricos de plagioclásio tabular com granulação variando de média a grossa, que acaba por
denotar o caráter porfirítico da rocha (Figura 45). Quase que invariavelmente os grãos de
plagioclásio se mostram deformados (Figura 46). A deformação faz com que as maclas de
geminação se mostrem curvas, podendo mesmo se perder em alguns casos. A matriz desta rocha
ta
é composta por grãos de plagioclásio hipidio a xenoblásticos, de hábito granular e granulação
variando de fina a média que se apresentam também deformados (Figura 47); ortoclásio em grãos
hipidioblásticos de granulação média em volume subordinado; quartzo xenoblástico, granular,
médio e ocorre em grande volume. Por vezes, pode se mostrar recristalizado, formando “fitas”,
além de denotar o caráter cataclástico da foliação (Figura 48); biotita ocorre em pequeno volume
(menos de 10%) em grãos de hábito planar que se associam à granada e que não chegam a
definir uma foliação para a rocha; granada é uma fase mineral eventual. Ocorre em grãos
xenoblásticos de granulação média, fortemente fraturados. Nestas fraturas, pode-se ter
24
1 mm
Figura 42
ra
Ob
1 mm
Figura 44
Figura 41
ra
pa
Figura 43
1 mm
1 mm
Figura 41
Figura 42
Figura 43
Figura 44
Figura 45
Figura 46
1 mm
lta
su
n
Co
Figura 45
1 mm
Figura 46
Unidade Angelim – microclina em grãos hipidiomórficos
Unidade Angelim – intercrescimento mirmequítico
Unidade Bela Joana – aspecto geral da textura
Unidade Bela Joana – aspecto geral da textura milonítica
Unidade Bela Joana – aspecto da textura inequigranular porfiroblástica
Unidade Bela Joana – plagioclásio deformado
25
crescimento de biotita (Figura 49). Minerais acessórios como apatita, minerais opacos e zircão são
observados em volumes muito restritos.
O charnockito porfirítico é bastante similar, em suas características, ao litotipo anterior.
Tem cor verde a esverdeada, é porfirítico, com plagioclásio hipidioblástico de hábito tabular para
os grãos médios e granular para os grãos finos (Figura 50), geminado pela Lei da Albita e menos
comumente por periclina, o que, por vezes, permite caracterizar as lamelas de geminação como
bem definidas, porém incompletas. Mostra-se constantemente muito deformado (Figura 51). A
matriz é formada por grãos hipidio a xenoblásticos de K-feldspato (ortoclásio), geminados por
Ob
Carlsbad, com granulação fina a média e apresentando inclusões de quartzo arredondado. A
biotita ocorre como grãos planares de cor marrom com forte pleocroísmo, associando-se
comumente à granada presente, podendo apresentar-se transformada para muscovita. A granada
ra
tem ocorrência apenas eventual, mas quando presente seus grãos podem chegar a medir até 5
mm. São grãos hipidioblásticos, de hábito granular a arredondado. O quartzo é xenoblástico,
granular de granulação fina a média. O ortopiroxênio em grãos hipidioblásticos de hábito tabular,
cor rosa, fortemente pleocróico, pelas características óticas, foi classificado como hiperstênio
pa
(Figura 52). Pelas características apresentadas, este litotipo deve se tratar do litotipo
anteriormente descrito, porém, granulitizado.
Ainda dentro desta unidade ocorre um granito porfirítico foliado que faz contato com ambas
ra
as unidades descritas anteriormente. São bandados com espessura média de métrica a
decamétrica em afloramentos em forma de lajedos. Mostra-se fortemente deformado e rico em
enclaves anfibolíticos. Tem coloração acinzentada e apresenta pórfiros de k-feldspato embebidos
3.4. Unidade Italva (Grupo Italva)
Co
em uma matriz fina formada por k-feldspato, plagioclásio, biotita e granada eventual.
O Grupo Italva é composto por um conjunto metavulcano-sedimentar, rico em mármores e
ul
ns
anfibolitos, com o metamorfismo principal não ultrapassando os limites do fácies anfibolito, com
deformação principal moderada, caracterizada por uma xistosidade grossa, e presença de dobras
recumbentes a reclinadas. Os gnaisses do Grupo Italva se apresentam de duas formas distintas:
homogêneos ou bandados. Estes tipos se alternam em várias escalas e apresentam contatos
gradacionais entre si.
ta
Os gnaisses homogêneos são ricos em quartzo e contêm granada, muscovita, biotita, e,
pontualmente, hornblenda. São leucocráticos, finos e de composição granítica a granodiorítica,
com raras intercalações de rochas calcissilicáticas, anfibolitos e sillimanita-muscovita-quartzo
xistos. Sua textura é granoblástica, com raras palhetas de biotita e granada milimétrica
disseminada ou concentrada em faixas concordantes com a foliação. São tipos porfiroblásticos
que apresentam cristais centimétricos de plagioclásio e granada. Remobilizados quartzosos com
mica branca e granada são comuns. A foliação é pouco penetrativa, definida por orientação
26
Ob
Figura 47
1 mm
Figura 48
1 mm
ra
ra
pa
Figura 49
1 mm
Figura 50
1 mm
Figura 47
Figura 48
Figura 49
Figura 50
Figura 51
Figura 52
1 mm
lta
su
n
Co
Figura 51
1 mm
Figura 52
Unidade Bela Joana – aspecto geral da textura da matriz
Unidade Bela Joana – aspecto da foliação cataclástica
Unidade Bela Joana – granada xenoblástica
Unidade Bela Joana – plagioclásio hidioblástico
Unidade Bela Joana – plagioclásio fortemente deformado
Unidade Bela Joana – piroxênio xenoblástico
27
incipiente de grãos de biotita e porfiroblastos de feldspato. O processo de fusão parcial do gnaisse
é incipiente, arranjado em lâminas e bandas paralelas de melanossoma com biotita e hornblenda,
e
leucossoma
quartzoso,
porfiroblástico
ou
equigranular
contendo
hornblenda
ou
granada+muscovita.
A composição mineralógica é denotada pela presença de quartzo, plagioclásio, k-feldspato
(microclina e ortoclásio), biotita e granada. Minerais opacos, zircão e apatita ocorrem como
minerais acessórios. Observa-se um produto de alteração secundária (saussurita), a partir do
plagioclásio.
Ob
O plagioclásio tem hábito tabular-prismático com terminações hipidio a xenoblásticas, em
geral, fraturados. Aqueles que ocorrem inclusos, principalmente, em cristais de microclina, têm
hábito arredondado. Observa-se contato tríplice entre os grãos de plagioclásio, caracterizados
ra
pela presença de saussurita de forma intensa ou, na maior parte das vezes, de forma moderada
(Figura 53). Presença de geminação em cunha pode estar evidenciando a submissão do grão a
uma intensa força de stress. Há a interferência da geminação baveno e manebach (Figura. 54).
Em determinados casos, grãos maiores apresentam zonamento centro-borda.
pa
O quartzo é xenoblástico de granulação variando de média a grossa (entre 1,8 a 4mm).
Ocorre como grãos de formas amebóides a interlobulados (Figura 55), que podem estar
envolvendo outros minerais. Apresenta sistematicamente extinção ondulante. Os grãos de quartzo
ra
que se apresentam inclusos são de granulação fina (aproximadamente 0,3mm) e possuem formas
sub-arredondadas a arredondadas. Estas inclusões de quartzo ocorrem em plagioclásio e
microclina. Eventualmente, ocorrem grãos com formas retangulares (ribons) e dispostos sub-
Co
paralelamente aos planos penetrativos da foliação.
A microclina tem hábito tabular e apresenta-se pouco fraturada. Os grãos são
hipidioblásticos e, mais raramente, xenoblásticos. Sua granulação varia de fina a média (entre 0,4
a 1,4mm) com eventuais porfiroblastos de até 2,0cm que, em geral, englobam grãos de
ul
ns
plagioclásio, biotita e granada, atribuindo um caráter poiquiloblástico ao conjunto (Figura. 56). A
geminação característica (tartan) em quase todos os cristais de microclina é difusa, porém, ainda
de fácil visualização. Observa-se mirmequita entre o contato de plagioclásio e microclina
(gotículas e ex-soluções de sílica de hábito vermiforme).
O ortoclásio ocorre em grãos de hábito tabular, é hipidioblástico sendo que as faces em
ta
contato com quartzo são xenoblásticas. A geminação do tipo Carlsbad está presente em alguns
cristais. Sua granulação é fina (aproximadamente 0,6mm). Tem volume restrito.
A biotita apresenta-se de forma bastante variada. No primeiro tipo os grãos têm hábito
planar com terminações xeno a hipidioblásticas, e cores que vão do amarelo ao marrom passando
matizes do castanho. A orientação destes grãos é definida por dois sentidos preferenciais (Figura
57). Alguns grãos podem acorrer imbricados e orientados caracterizando um plano de foliação.
Formam contatos retilíneos e/ou penetrativos com outros minerais. Por vezes, está inclusa em
grãos de plagioclásio. Outra forma de ocorrência é uma biotita hipidioblástica que possui cores
28
variando do marrom escuro ao vermelho, com pouca ou total ausência do pleocroísmo. Neste
caso, as clivagens não são observadas e os grãos não seguem um sentido preferencial de
orientação. Em ambos os casos, a granulação varia de fina a média (0,3 a 1,8mm). Por fim, um
outro tipo de biotita ocorre em menores proporções. Possui pleocroísmo com variações de
tonalidades do verde, ocorrendo em contato com granada e muscovita.
A granada apresenta-se muito fraturada, com granulação variando de fina a média e
formas sub-arredondadas. Cristais de quartzo, plagioclásio e minerais opacos ocorrem inclusos,
portanto, é atribuído a este mineral o caráter poiquiloblástico. Presença de material avermelhado
Ob
em suas fraturas (provavelmente óxido de ferro) é feição comum. Ocorre associada à muscovita
hipidioblástica e a grãos de biotita de coloração mais avermelhada (Figura 58).
Os minerais opacos são, predominantemente, hipidioblásticos e, em menores proporções,
ra
idioblásticos de hábito quadrático. Subordinadamente assumem formas arredondadas. Sua
granulação é invariavelmente fina. A apatita ocorre como grãos idio a hipidioblásticos de hábito
prismático e granulação fina. O zircão tem granulação fina, é idioblástico, caracterizado pelo
hábito acicular e, subordinadamente, por se apresentar com formas arredondadas.
pa
Os gnaisses bandados predominam na parte superior da seqüência, próximo aos
mármores, ou na parte inferior, nas proximidades do contato de natureza gradacional com as
rochas do Complexo Rio Negro, sugerindo que estes gnaisses tenham como protólito rochas
ra
vulcânicas do arco magmático. A petrotrama dos litotipos é anisotrópica sendo caracterizada pelo
bandamento de níveis de composição predominantemente quartzo-feldspáticos que se alternam
com níveis de espessura mais fina constituídos basicamente por biotita orientada. São gnaisses
Co
mesocráticos, de composição tonalítica, com quartzo, biotita, hornblenda, plagioclásio e ortoclásio
(eventual). A natureza do bandamento pode ser primária ou por migmatização. São rochas
equigranulares, de granulação média.
Regionalmente, o restante do pacote sedimentar do Grupo Italva é representado por uma
ul
ns
sequência metacarbonática com espessuras entre 500 e 1000 metros, Os mármores são
esbranquiçados e podem ser dolomíticos ou calcíticos, não havendo predominância de um tipo
sobre outro. Os mármores dolomíticos são maciços, microcristalinos e de aspecto leitoso. Os
mármores calcíticos apresentam granulação grossa, com cristais centimétricos e euédricos de
calcita de brilho vítreo. Níveis milimétricos (que denunciam o acamamento original) contêm
ta
palhetas de flogopita, cristais euédricos de olivina serpentinizada e de pirita, grãos cloritizados de
diopsídio. Grafita ocorre em palhetas disseminadas que aumentam em tamanho e concentração
na região entre Macuco e Cantagalo. Até 1/3 da espessura da seqüência metacarbonática é
ocupado por intercalações de anfibolitos, rochas calcissilicáticas e bandas quartzo-feldspáticas
finas ou pegmatóides. As rochas calcissilicáticas são compostas por quartzo, plagioclásio,
diopsídio, granada, hornblenda e biotita. Os anfibolitos ocorrem em bandas métricas que
desenvolvem uma borda de reação com mármores contendo epidoto e biotita. São constituídos
por hornblenda verde azulada, plagioclásio, diopsídio, quartzo, ± titanita, clinozoisita, epidoto,
29
Ob
1 mm
Figura 53
Figura 54
1 mm
ra
ra
pa
1 mm
Figura 55
Figura 56
1 mm
Figura 53
Figura 54
Figura 55
Figura 56
Figura 57
Figura 58
Figura 57
1 mm
lta
su
n
Co
1 mm
1 mm
Figura 58
Unidade Italva (Grupo Italva) – presença moderada de saussurita em
plagioclásio
Unidade Italva (Grupo Italva) – plagioclásio com presença de geminações
complexas
Unidade Italva (Grupo Italva) – quartzo xenoblástico
Unidade Italva (Grupo Italva) – microclina poiquiloblástica
Unidade Italva (Grupo Italva) – biotita orientada definindo a foliação da rocha
Unidade Italva (Grupo Italva) – granada xenoblástica
30
zircão e minerais opacos. Alguns bancos de rochas máficas possuem intercalações de rochas
meta-ultramáficas, compostas basicamente por tremolita-actinolita e plagioclásio. Uma variedade
melanocrática de anfibolito contendo hornblenda e biotita em absoluta predominância ocorre em
todas as pedreiras da região de Italva. Este tipo de anfibolito ocorre em lâminas e filmes
milimétricos que acompanham a estratificação original dos carbonatos, mesmo quando ela
apresenta irregularidades (massas quartzo-feldspáticas), como possíveis construções silicoaluminosas algais (trombolitos). Este arranjo sugere um protólito para os anfibolitos
melanocráticos na forma de cinzas-lapilli. Entretanto, estes conjuntos litológicos não foram
Ob
observados na área de mapeamento.
3.5. Unidade Rio Negro
ra
Este conjunto litológico na região de São Fidélis é caracterizado pela presença de gnaisses
homogêneos, e, mais restritamente, por gnaisses bandados e gnaisses com enclaves de máficos.
Todos os tipos litológicos mostram contatos gradacionais entre si. Podem ocorrer ainda
leucognaisses, gnaisses migmatíticos e granitos tardios.
pa
A análise modal dos diversos tipos gnáissicos amostrados revelou uma composição
variada desde tipos tonalíticos (predominantes) até tipos graníticos. Trata-se de rocha composta
de plagioclásio, quartzo e K-feldspato (microclina e/ou ortoclásio) em volumes variáveis. A biotita
ra
está sempre presente podendo ou não vir acompanhada de hornblenda. Os minerais acessórios
mais comuns nessas rochas são apatita, zircão, minerais opacos e, eventual, titanita e allanita. É
rara a presença de granada. Cloritização de biotita, sericitização e formação de muscovita, a partir
Co
de plagioclásio, são feições comuns. Em geral, são rochas de inequívoca origem magmática, com
textura granoblástica equigranular e granulação média hipidioblástica.
O plagioclásio é abundante na maioria dos tipos analisados. Está caracteristicamente
geminado pela Lei da Albita e, menos frequentemente, por Carlsbad. Ocorre como grãos de
ul
ns
hábito tabular tendendo a prismático, hipidioblásticos. Os gêmeos têm espessura variada, podem
mostrar-se fortemente deformados (Figura 59). Pode estar alterado, principalmente a partir das
fraturas e/ou dos planos de geminação (saussuritização). É conspícua a presença de exsolução
de sílica em suas bordas, caracterizando assim um intenso processo de mirmequitização.
A
microclina
está
presente
em
grande
volume
nos
tipos
mais
ácidos
ta
(graníticos/granodioríticos). Ocorre dispersa na matriz (Figura 60), em volumes variáveis, com
granulação variando de fina a média. Quando ocorre como grãos intersticiais mostra-se xeno a
hipidioblástica, com hábito granular a tabular. Quando presente em maiores volumes,
principalmente nos tipos graníticos, a granulação varia de média até grossa, em grãos
hipidioblásticos, eventualmente, pertíticos de caráter porfiroblástico (Figura 61). Neste caso, são
grãos de hábito tabular a prismático, eventualmente, poiquiloblásticos.
O quartzo é abundante na rocha. Apresenta-se em grãos xenoblásticos bastante límpidos,
de granulação variando de fina a média. Pode ocorrer como inclusões em outras fases minerais e,
31
geralmente, mostra extinção ondulante. A maior parte dos grãos possui contornos côncavoconvexos ou do tipo "embayement" (Figura 62).
especialmente,
junto
aos
grãos
de
Exsoluções de sílica são frequentes,
plagioclásio,
caracterizando
o
aparecimento
de
intercrescimento mirmequítico. O quartzo pode ocorrer ainda como inclusão ou intercrescido a
grãos de hornblenda, quando estes se fazem presentes.
A biotita aparece em volumes apreciáveis como grãos tabulares e/ou prismáticos, de cor
verde a parda, fortemente pleocróicos, com extinção reta e clivagens bem desenvolvidas nas
seções prismáticas (Figura 63). Sua ocorrência nos tipos menos ácidos (composições tonalíticas a
Ob
granodioríticas) associa-se à presença de hornblenda, titanita e minerais opacos, com os quais
forma agregados. Seus grãos, principalmente quando ocorrem em seções basais, mostram
inclusões de minerais opacos e quartzo. Exsoluções são observadas em alguns grãos.
ra
Ocasionalmente, há crescimento de biotita nas bordas da hornblenda. Apatita e zircão podem
ocorrer junto a seus grãos ou como inclusões.
A hornblenda, quando presente, tem cor verde intenso, forte pleocroísmo, que varia de
verde escuro a verde claro. Ocorre como grãos hipidioblásticos de hábito tabular a prismático.
pa
Seus grãos mostram contornos bem corroídos e os maiores deles são poiquiloblásticos. Sua
ocorrência principal se dá nos tipos tonalíticos e quartzo-dioríticos em aglomerados junto com
biotita, minerais opacos e titanita (Figura 64).
ra
A titanita ocorre em grãos xenoblásticos, com alta birrefringência e leve pleocroísmo,
sempre em associação com os minerais opacos.
Os minerais opacos ocorrem como grãos hipidio a idioblásticos, e formas octaédricas
Co
podem ser observadas. Relacionam-se à titanita, estando, em geral, nos seus núcleos. Podem
ocorrer como exsoluções nas clivagens da biotita, onde o pseudomorfismo pode ser localmente
observado.
A apatita e o zircão ocorrem como grãos finos idioblásticos com suas características
ul
ns
habituais bem observáveis. Presentes mais comumente junto a aglomerados ou como inclusões
em grãos de hornblenda e biotita. A allanita, eventualmente, está presente nos tipos mais ácidos.
3.6. Unidade São Pedro (Complexo Serra de São Pedro)
A rocha tem granulação variando de média a grossa e cor variando de cinza a verde
ta
escuro. Sua textura é granoblástica inequigranular interlobulada, eventualmente, podendo ser
equigranular. Recristalização dos grãos de plagioclásio e quartzo é feição comum, dando à rocha
um caráter protomilonítico. Caracteriza-se por uma suave xistosidade dada pela
32
Figura 59
Figura 60
Figura 62
ra
1 mm
ra
Ob
1 mm
pa
Figura 61
1 mm
1 mm
Figura 59
Figura 60
Figura 61
Figura 62
Figura 63
Figura 64
Figura 63
1 mm
lta
su
n
Co
1 mm
Figura 64
Unidade Rio Negro – plagioclásio deformado
Unidade Rio Negro – microclina na matriz
Unidade Rio Negro – microclina porfiroblástica
Unidade Rio Negro – quartzo com contatos do tipo côncavo-convexo
Unidade Rio Negro – característica dos grãos de biotita
Unidade Rio Negro – hornblenda presente formando glomeros máficos
33
orientação dos grãos de biotita. Apresenta uma matriz protomilonítica a milonítica de granulação
fina. Localmente exibe bandamento composicional.
O Complexo Serra de São Pedro é caracterizado pela presença de um hiperstênio-biotita
gnaisse que pode ou não apresentar granada.
A análise ao microscópio permitiu a caracterização de uma variação texturalgranulométrica. Apesar de não haver uma variação na composição mineralógica (apenas uma
leve variação na moda da rocha), duas texturas puderam ser identificadas: uma granoblástica e
outra granolepidoblástica. À primeira associa-se uma granulação fina a média e um percentual
Ob
modal de máficos baixo. Já a textura granolepidoblástica tem granulação média a grossa e um
volume de minerais máficos maior se comparado aos tipos granoblásticos.
ra
# Unidade São Pedro – Litotipo Granoblástico
O litotipo caracteriza-se por textura granoblástica (protomilonítica), podendo apresentar
ortoclásio e granada, quando presente, como porfiroblastos. A heterogeneidade do tamanho dos
grãos é facilmente notada, portanto, trata-se de uma rocha inequigranular com granulação
pa
variando de fina até grossa (Figura 65).
A composição mineralógica é dada pela presença de quartzo, plagioclásio, ortoclásio,
hiperstênio, biotita, hornblenda e granada. Minerais opacos e zircão ocorrem como minerais
ra
acessórios. Crescimento de sericita e de hornblenda pode estar associado a uma fase de
metamorfismo retrógrado.
O plagioclásio tem hábito tabular com terminações variando de idio a xenoblásticas,
Co
mostrando-se fortemente deformado (Figura 66). Ocorre em grãos médios a grossos quando de
caráter porfiroblástico (Figura 67), e finos e recristalizados quando na matriz (Figura 68).
O quartzo apresenta-se em grãos hipidio a xenoblásticos, marcado por extinção ondulante.
Alguns grãos apresentam-se levemente orientados. É constante a sua presença nas partes mais
ul
ns
deformadas da rocha, denotando a sua formação pelo processo de geração de subgrãos (Figura
69).
O ortoclásio é hipidioblástico, de hábito tabular, e pode apresentar-se transformado para
sericita. Grãos de caráter porfiroblástico são observados, por vezes, incluindo plagioclásio que em
sua borda gera intercrescimento mirmequítico (Figura 70).
ta
O hiperstênio mostra-se bastante fraturado em grãos hipidio a xenoblásticos, de cor
marrom e fortemente pleocróico. Ocorre associado à biotita e, menos comumente, à hornblenda.
Forma junto com biotita e minerais opacos glomeros máficos (Figura 71).
A biotita apresenta hábito tabular e pode ou não estar orientada segundo uma direção
preferencial. Tem cor variando de verde escuro a castanho escuro, altamente pleocróico.
Eventualmente, pode ocorrer englobando grãos de zircão.
A hornblenda ocorre em grãos xenoblásticos, associada aos grãos de hiperstênio e biotita,
evidenciando um retrometamorfismo.
34
A granada é de ocorrência eventual em grãos xenoblásticos de granulação média a grossa
(Figura 72).
# Unidade São Pedro – Litotipo Granolepidoblástico
Em relação à composição mineralógica não há diferenças entre este grupo de rochas e o
anteriormente descrito. O que ocorre é apenas uma variação na textura que, neste caso, é do tipo
granolepidoblástica com grãos hipidio a xenoblásticos de granulação média a grossa. A moda da
rocha também se mostra algo diferente, já que estes litotipos se mostram um pouco mais
Ob
enriquecidos em minerais máficos, principalmente, biotita.
ra
ra
pa
ul
ns
Co
ta
35
Ob
1 mm
Figura 65
Figura 66
1 mm
ra
ra
pa
1 mm
Figura 67
Figura 68
1 mm
Figura 69
1 mm
1 mm
Figura 71
1 mm
lta
su
n
Co
1 mm
Figura 70
Figura 72
36
3.7. Unidade São Fidélis
A Unidade São Fidélis é caracterizada por um granada-biotita gnaisse que pode ou não
conter sillimanita, com cor variando de cinza claro a cinza escuro, mostrando-se castanha quando
alterada. Sua granulação varia de fina a média podendo apresentar porfiroblastos grossos. A
orientação preferencial dos grãos de biotita junto com os grãos tabulares de plagioclásio atribui à
rocha textura granolepidoblástica e xistosidade conspícua. Observa-se também textura
migmatítica pontual. Em algumas porções observa-se porfiroblastos de granada e grãos de
quartzo recristalizados.
Ob
A rocha é marcada por um bandamento composicional, no qual as bandas leucocráticas
(de aproximadamente 3cm de espessura) são ricas em grãos de plagioclásio, ortoclásio e quartzo,
e as bandas melanocráticas (de aproximadamente 2mm de espessura) são marcadas por biotita e
ra
granada.
A petrotrama dos litotipos é anisotrópica com predomínio de texturas granolepidoblásticas
(Figura
73)
(eventualmente
granonematoblástica),
podendo
apresentar
granada
como
porfiroblasto (Figura 74). A composição mineralógica é dada pela presença de quartzo,
pa
plagioclásio, ortoclásio, biotita, granada, com sillimanita eventual; zircão e minerais opacos como
minerais acessórios. Sericita e muscovita ocorrem como produtos de alteração ou formados por
metamorfismo retrógrado.
ra
O plagioclásio é hipidioblástico, com granulação média ou fina quando na matriz. Ocorre
como grãos tabulares, deformados com geminações complexas (Figura 75).
O quartzo é xenoblástico, de hábito granular, apresentando-se ora em fitas, ora em finos
Co
grãos que se intercalam com grãos de biotita. Por vezes, bordejam os grãos de granada e podem
ainda ocorrer como inclusões de variadas formas em poiquiloblastos de granada (Figura 76).
O ortoclásio é hipidioblástico em grãos fraturados, muitas vezes, com presença de sericita.
É possível observar inclusões de grãos de biotita, sillimanita e zircão, atribuindo ao ortoclásio
ul
ns
caráter poiquiloblástico.
A biotita possui cor marrom e hábito tabular com terminações hipidio a xenoblásticas,
definindo planos de foliação. Por vezes, cresce inclusa ou no entorno de grãos de granada (Figura
77).
A granada ocorre como porfiroblastos de granulação média a grossa, hábito arredondado
ta
(Figura 77), fraturada, rica em inclusões, principalmente de quartzo e biotita (Figura 76),
caracterizando-a como poiquiloblasto. Em sua borda é comum a presença de grãos de biotita,
sillimanita e quartzo (Figura 74).
A sillimanita tem hábito acicular, por vezes, prismático, ocorrendo no entorno dos grãos de
granada ou inclusa nos mesmos (Figura 78).
Os minerais opacos são xenoblásticos, e raramente apresentam-se arredondados.
37
Ob
1 mm
Figura 73
Figura 74
1 mm
ra
ra
pa
1 mm
Figura 75
Figura 76
1 mm
1 mm
Figura 77
1 mm
lta
su
n
Co
1 mm
Figura 78
38
# Enclaves de rocha calcissilicática
A rocha tem granulação fina a média, textura equigranular, e está levemente orientada,
orientação esta denotada pelo arranjo de grãos hipidioblásticos de plagioclásio e biotita. A
composição mineralógica é dada pela presença de quartzo, plagioclásio, ortoclásio, biotita,
hiperstênio e granada como minerais principais, e zircão e titanita como minerais acessórios.
3.8. Unidade Desengano
Esta Unidade é representada em campo por dois litotipos principais: um (granada)-biotita
Ob
leucogranito, entendido como produto da fusão parcial das rochas da Unidade São Fidélis, e um
(granada)-biotita granito porfirítico, possivelmente uma rocha ortoderivada de composição
granodiorítica a granítica.
ra
# (Granada)-biotita granito porfirítico
A rocha é mesocrática de cor variando de cinza a cinza escuro e granulação variando de
média a grossa. Parte dos grãos apresenta fraturas preenchidas por óxido de ferro. É um litotipo
pa
bastante homogêneo em seus aspectos de campo. Caracteriza-se ainda pela presença de textura
granoblástica a granolepidoblástica (protomilonítica) com porfiroblastos de plagioclásio, quartzo e,
por vezes, granada. Grãos de quartzo recristalizados, em forma de ripas hipidioblásticas,
ra
mostram-se orientados segundo a mesma direção dos grãos de biotita. Outro aspecto a ser
referido é a presença de bandamento composicional, assinalado pela intercalação de bandas
leucocráticas quartzo-feldspáticas e bandas melanocráticas ricas em biotita. Presença de
Co
mirmequita também pode ser notada.
A composição mineralógica é dada pela presença de quartzo, plagioclásio, ortoclásio,
microclina, biotita e granada, com hiperstênio e sillimanita muito eventual. Minerais opacos,
epidoto e zircão ocorrem como minerais acessórios. Presença de carbonato e muscovita como
ul
ns
produtos de alteração.
O plagioclásio é xeno a hipidioblástico, com granulação variando de média a grossa
(porfiroblastos). Mostra-se deformado com presença de extinção ondulante e recristalização de
grãos (Figura 79). Os porfiroblastos têm hábito tabular a prismático e apresentam geminações
combinadas (Figura 80). Terminações de grãos corroídas são frequentes.
ta
O quartzo apresenta-se xeno a hipidioblástico, por vezes, fraturado, porém mais
constantemente formando fitas de material recristalizado (Figura 81). Extinção ondulante é comum
em grãos de granulação média (porfiroblastos) (Figura 82).
O K-feldspato pode ser tanto microclina como ortoclásio. A microclina ocorre em grãos
hipidioblásticos de granulação média e que se caracterizam por apresentarem geminação tipo
Tartan bastante difusa. (Figura 83). Intercrescimento mirmequítico é comum nas proximidades dos
grãos de microclina. O ortoclásio ocorre em menor volume, sempre em grãos hipidioblásticos de
granulação média (Figura 84).
39
A biotita tem hábito tabular com terminações hipidioblásticas em grãos médios. Apresentase quase sempre em bandas máficas intercaladas a bandas quartzo-feldspáticas (Figuras 82 e
85).
A granada mostra-se hipidioblástica, fraturada, com hábito arredondado em grãos médios.
Alguns grãos possuem caráter poiquiloblástico com inclusão de biotita e minerais opacos (Figura
86).
Os minerais opacos apresentam-se hipidio a xenoblásticos formando grumos com biotita e
granada.
Ob
# (Granada)-biotita leucogranito
A rocha é leucocrática, de cor branca e granulação variando de média a grossa. Possui
ra
aspecto homogêneo e caracteriza-se por apresentar uma textura granoporfiroblástica com
recristalização, principalmente, dos grãos de quartzo e feldspatos. Apresenta estrutura gnáissica
com bandamento composicional marcado por intercalações félsicas/máficas.
Eventualmente,
podem ser descritos litotipos transicionais entre o protólito metassedimentar pelítico (rochas da
pa
Unidade São Fidélis) e o granitóide gerado por fusão parcial deste conjunto.
A
composição
mineralógica
é
dada
pela
presença
de
quartzo,
plagioclásio,
ortoclásio/microclina, biotita e granada. Minerais opacos, titanita eventual, apatita e zircão ocorrem
ra
como minerais acessórios. Sericita e muscovita apresentam-se como minerais fruto da alteração
hidrotermal sofrida pelo conjunto destas rochas.
O plagioclásio tem granulação média a grossa quando em porfiroblastos, quase sempre
Co
apresentando geminações de fino espaçamento em grãos deformados com sobrecrescimento
sintaxial associado (Figura 87). Neste caso, são grãos hipidio a xenoblásticos, fraturados, por
vezes, saussuritizados, principalmente quando em contato com o ortoclásio (Figura 88). Outra
forma característica de sua ocorrência se dá em grãos médios, que ocorrem na matriz
ul
ns
recristalizada. Estes grãos são hipidioblásticos, de hábito tabular a arredondado, apresentam
geminações espaçadas e mostram-se nada transformados (alterados), devendo se tratar de uma
geração mais tardia desta fase mineral (Figura 89). Por vezes, estes grãos mostram-se
equilibrados com a microclina presente na rocha (Figura 90).
Dois tipos de K-feldspato puderam ser identificados: ortoclásio e microclina. O ortoclásio
ta
apresenta-se em grãos hipidio a xenoblásticos, de hábito tabular a granular, e granulação média.
Mostra-se quase sempre fortemente transformado, tendo suas fraturas preenchidas por material
sericítico (Figura 88). Estes grãos apresentam ainda contornos fortemente corroídos, tanto pela
segunda geração do plagioclásio, quanto pelo quartzo. Presença de intercrescimento mirmequítico
é observada em suas bordas. Outra característica é a existência de núcleos de ortoclásio em
grãos de microclina ainda não totalmente estabilizados (Figura 90). Os grãos de microclina são
40
Ob
1 mm
Figura 79
Figura 80
1 mm
ra
pa
Figura 81
Figura 82
1 mm
ra
1 mm
Figura 83
1 mm
1 mm
Figura 85
1 mm
lta
su
n
Co
1 mm
Figura 84
Figura 86
41
caracteristicamente porfiroblastos, não tendo sido observados na matriz. São grãos de granulação
média a grossa, com geminações não totalmente desenvolvidas, entretanto bem nítidas em parte
dos grãos. São grãos hipidioblásticos de hábito tabular e terminações corroídas (Figura 90). Pode
ainda adquirir caráter poiquiloblástico englobando quartzo ameboidal e arredondado, e
plagioclásio de segunda geração.
O quartzo apresenta-se quase sempre recristalizado, em grãos de granulação média,
límpidos e formando estruturas fitadas (Figura 91). Ocorre na matriz ou como inclusão em outras
fases minerais, principalmente, K-feldspato e granada. Pode mostrar-se fraturado e seus
Ob
contornos tendem a ser hipidioblásticos (quando recristalizado) a xenoblásticos, em grãos com
forte corrosão (Figura 92).
A biotita tem cor marrom intenso, hábito tabular em grãos hipidioblásticos. Na faciologia
ra
mais próxima aos contatos com o protólito (Unidade São Fidélis), ocorrem os tipos mais
enriquecidos neste mineral. Neste caso, até mesmo uma foliação marcada pelo seu arranjo planar
pode ser observada (Figura 93).
A granada tem caráter poiquiloblástico em grãos arredondados com terminações corroídas
pa
pelo quartzo (ao qual pode incluir) ou em contato com grãos de biotita. Mostra-se fraturada, sendo
as fraturas preenchidas por material escuro (óxido de ferro?) (Figura 94).
O zircão tem hábito prismático a arredondado; a apatita tem hábito acicular a prismático; e
ra
os minerais opacos ocorrem em pequeno volume em grãos xenoblásticos dispersos pela matriz da
rocha.
Pode ser acrescentado ainda que parte da matriz da rocha (essencialmente formada pelas
protomilonítica.
# Enclave de rocha calcissilicática
ul
ns
Co
mesmas fases minerais descritas) pode se mostrar recristalizada gerando uma textura
Ainda nesta unidade foram descritos alguns enclaves de rocha calcissilicática. No campo,
são rochas muito duras, de cor verde escuro, granulação fina e textura granolepidoblástica. Uma
estrutura, ainda que não muito evidente em amostras de mão, pode ser observada no estudo ao
microscópio. Trata-se de um forte alinhamento de grãos de quartzo recristalizados, com contatos
triplos, intercalados a grãos finos de piroxênio (diopsídio), granada, epidoto e titanita (Figura 95). A
ta
textura da rocha é granoblástica (Figura 96).
Sua composição mineralógica é dada por: quartzo hipidio a xenoblástico; plagioclásio
hipidioblástico recristalizado; diopsídio hipidioblástico com clivagem conspícua nas duas direções;
apatita; clorita; titanita; e minerais opacos.
42
Ob
1 mm
Figura 87
Figura 88
1 mm
ra
ra
pa
1 mm
Figura 89
Figura 90
1 mm
Figura 91
1 mm
lta
su
n
Co
1 mm
Figura 92
43
ra
Ob
1 mm
Figura 93
Figura 94
1 mm
ra
pa
Figura 95
1 mm
Figura 96
lta
su
n
Co
1 mm
43
4 - SUMÁRIO DE CONCLUSÕES
No geral, foram identificadas e descritas oito unidades: Unidade São Sebastião do Alto,
Unidade Desengano, Unidade São Fidélis, Unidade Italva (Grupo Iatlva) Unidade Angelim,
Unidade Bela Joana, Unidade Rio Negro e Unidade São Pedro .
Dentre as unidades mapeadas, algumas tem inequívoco caráter ortoderivado (Unidade
Angelim, Unidade Rio Negro, Unidade Bela Joana, Unidade Desengano e Unidade São Pedro) e
outras um caráter paraderivado (Unidade São Fidélis, Unidade São Sebastião do Alto e Unidade
Ob
Italva).
O nível de deformação e metamorfismo é variável para as unidades. Algumas apresentam-
se mais deformadas e metamorfisadas e outras com níveis de deformação e metamorfismo mais
incipientes.
ra
O grau metamórfico varia desde paragêneses indicativas de fácies xisto verde/anfibolito
até a fácies granulito.
Um quadro síntese das características das unidades identificadas é apresentado a seguir.
ra
pa
ul
ns
Co
ta
45
Ob
QUADRO SÍNTESE DAS CARACTERÍSTICAS DE CAMPO E PETROGRÁFICAS DOS LITOTIPOS OCORRENTES NA FOLHA SÃO FIDÉLIS
UNIDADE
São Sebastião do Alto
Tonalito Angelim
cinza claro a
cinza escuro
(sillimanita)-granadabiotita gnaisse
(com quartzito)
cinza escuro
quartzo, plagioclásio,
ortoclásio, biotita e
granada
quartzo, plagioclásio,
ortoclásio, biotita,
sillimanita e granada
quartzo, plagioclásio,
microclina/ortoclásio,
biotita e granada
quartzo, plagioclásio,
ortoclásio/microclina e
biotita
quartzo, plagioclásio,
microclina e/ou
ortoclásio e biotita
quartzo, plagioclásio,
ortoclásio, hiperstênio,
biotita, hornblenda e
granada
biotita gnaisse
(granada)-hornblendabiotita granito a tonalito
foliado
hornblenda-biotita
gnaisse migmatítico
tonalítico a granítico
cinza claro
cinza escuro
ra
Rio Negro
(sillimanita)-granadabiotita gnaisse
Mineralogia
principal
pa
Italva
Cor
ra
São Fidélis
Tipo litológico
cinza
hiperstênio-biotita
gnaisse
cinza a verde
escuro
Bela Joana
charnockito
cinza escuro
a
esverdeado
(granada)-biotita granito
porfirítico
cinza a cinza
escuro
(granada)-biotita
leucogranito
branca
Desengano
Textura
Estruturas
fina a média
granolepidoblástica
fina a grossa
granonematoblástica
fina a média
granoporfiroblástica
fina a média1;
média a grossa2
granolepidoblástica ;
granonematoblástica2
bandamento
composicional
média
granoblástica
equigranular
milonitização;
bandamento
composicional
fina a média3;
média a grossa4
granoblástica ;
4
granolepidoblástica
1
3
ns
Co
São Pedro
Granulação
quartzo, ortoclásio,
biotita e hiperstênio
quartzo, plagioclásio,
ortoclásio/microclina,
biotita e granada
quartzo, plagioclásio,
ortoclásio/microclina,
biotita e granada
protomilonítica;
suave xistosidade
média a grossa
porfirítica
–
média a grossa
granoblástica a
granolepidoblástica
protomilonítica;
bandamento
composicional
mdia a grossa
granoporfiroblástica
bandamento
composicional
ul
1, 2, 3, e 4 – Correspondência entre intervalo granulométrico e tipo textural.
xistosidade;
bandamento
composicional
bandamento
composicional;
foliações contínuas
milonitização;
bandamento
composicional
ta
46
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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