Universidade Tecnológica Federal do Paraná Tecnologia em Automação Industrial AI-34D Instrumentação Industrial Física Dinâmica de Rotação Profa Daniele Toniolo Dias F. Rosa http://paginapessoal.utfpr.edu.br/danieletdias [email protected] Sumário • Velocidade angular e aceleração angular • Relações entre grandezas rotacionais e translacionais • Energia cinética rotacional • Torque e o produto vetorial • Movimento angular • Conservação do momento angular • Aplicações. • Estudando os parâmetros que caracterizam a dinâmica de rotação de um sistema de partículas obtêm-se informações importantes sobre a natureza da velocidade de rotação Somos cercados completamente pelo movimento de rotação... • Terra, planetas e galáxias • Elétrons e prótons • Pião • Sistema de engrenagens • Rodas e ponteiros • Hélices e rotores • Saltos ornamentais e acrobatas Movimento translacional e rotacional... Velocidade angular e aceleração angular • Começamos no estudo do movimento translacional definindo os termos posição, velocidade e aceleração. Por exemplo, localizamos uma partícula no espaço unidimensional com a variável x. • Pensemos agora sobre um corpo em rotação: Como você descreveria sua posição nesse movimento rotacional? • Considere um corpo plano girando ao redor de um eixo fixo que é perpendicular ao corpo e passa pelo ponto O Figura 1 • Observe que uma partícula sobre o corpo, indicada pelo ponto preto está a uma distância r da origem e gira ao redor de O em um círculo de raio r (toda partícula no corpo realiza movimento circular o redor de O). • É conveniente representar a posição da partícula com suas coordenadas polares: (r, ). • Quando uma partícula sobre o corpo movimenta-se ao longo do círculo de raio r a partir do eixo x positivo (=0) até o ponto P, ela se desloca por um arco de comprimento s, que está relacionado com pela relação: (1.a) (1.b) • O ângulo é a razão entre um comprimento de arco e o raio do círculo, portanto é um número puro. • Contudo, é comum dizer-se que a unidade de é o radiano (rad). • Um radiano é o ângulo submetido por um comprimento de arco igual ao raio do arco. Como a circunferência de um círculo mede 2r, segue-se que 3600 correspondem a um ângulo de 2r/r rad, ou 2 rad. • Portanto, 1 rad=3600/ 257,30. Para converter um ângulo em graus para um ângulo em radianos podemos utilizar o fato de que 2 rad=3600, ou rad=1800 , portanto: Ex: 600 é igual a /3 rad, e 450 é igual a /4 rad Figura 2 • Na Figura 2 quando a partícula vai de P para Q em um tempo t, o raio vetor percorre um ângulo de =2-1 (deslocamento angular). • O número de revoluções que a partícula realiza em um intervalo de tempo é o deslocamento angular durante o intervalo de tempo dividido por 2. • Definimos a velocidade angular média (ômega) como a razão do deslocamento angular para o intervalo de tempo t : (2) • Por analogia com a velocidade translacional, a velocidade angular instantânea é definida como o limite da razão (2) quando t se aproxima de zero: (3) • A velocidade angular tem unidade de rad/s (ou s-1, pois os radianos não são dimensionais). Consideramos como + quando estiver aumentando (sentido anti-horário)... • Se a velocidade angular instantânea de uma partícula muda de 1 para 2 no intervalo de tempo t, a partícula tem uma aceleração angular. A aceleração angular média (alfa) de uma partícula em movimento em uma trajetória circular é definida como a razão da variação na velocidade angular no intervalo de tempo t : (4) • Por analogia, a aceleração angular instantânea : (5) • A aceleração angular tem unidade de rad/s2 (ou s-2). • Para rotação ao redor de um eixo fixo, toda partícula de um corpo rígido tem a mesma velocidade angular e a mesma aceleração angular. • Isto é, as grandezas e que discutimos para partículas caracterizam o movimento rotacional do corpo rígido inteiro. • Para determinar o sentido do vetor velocidade angular (que até então utilizamos em módulo) utiliza-se a regra da mão direita. • Os quatro dedos da mão direita curvam-se na direção de rotação. O polegar estendido da mão direita aponta na direção de . Em que a direção é a direção do eixo de rotação. Natureza vetorial • Todas as grandezas lineares podem ser substituídas pelas grandezas angulares de tal forma que podemos escrever as equações angulares a partir das lineares. Tabela 1 Fórmula (movimento translacional) Variáveis x v0 0 v a Fórmula (movimento rotacional) Movimento rotacional e translacional... Relações entre grandezas rotacionais e translacionais • Considere uma partícula sobre um corpo rígido em rotação, deslocando-se em um círculo de raio r ao redor do eixo z, como na Figura 3. • Como a partícula descreve uma trajetória circular, seu vetor velocidade translacional v é sempre tangente à trajetória, por isso é frequentemente denominada velocidade tangencial (periférica). Figura 3 • O módulo da velocidade tangencial da partícula é, por definição a velocidade escalar tangencial, dada por v=ds/dt, em que s é a distância percorrida pela partícula ao longo da trajetória circular. • Lembrando da Eq. (1a) que s=r (em que r é constante): (6) • A velocidade escalar tangencial da partícula é igual à distância da partícula até o eixo de rotação multiplicado pela velocidade angular da partícula. • A velocidade de um ponto devido à rotação (v=r) está associada estritamente à rotação. • Devemos imaginar o corpo sem movimento de translação. • Essa é a velocidade percorrida por alguém que observa a partícula ou corpo em rotação em torno do eixo. • Podemos relacionar a aceleração angular da partícula à sua aceleração tangencial at (que é a componente da aceleração tangente à trajetória do movimento) fazendo a derivada temporal de v: (7) • Sabe-se que uma partícula girando em uma trajetória circular tem uma aceleração centrípeta, ou radial, de módulo v2/r direcionada para o centro de rotação (ver a Figura 4). • Como v=r, podemos expressar a aceleração centrípeta da partícula em termos da velocidade angular como: (8) Figura 4 • A aceleração translacional total da partícula é a=at+ar. O módulo da aceleração translacional total da partícula é, portanto, dada por: (9) Movimento rotacional... Energia cinética rotacional • Supondo um corpo rígido que gira ao redor do eixo fixo z com velocidade angular (Figura 5). • Cada partícula do corpo rígido está em movimento e tem, assim uma energia cinética, determinada por sua massa e velocidade escalar tangencial. • A -iésima partícula tem massa mi e velocidade tangencial vi. Figura 5 • Se a massa da -iésima partícula é mi e sua velocidade tangencial é vi, a energia cinética dessa partícula é: • A energia cinética total KR será a soma das energias cinéticas das partículas individuais: é comum a todas as partículas • A grandeza entre parênteses é chamada momento de inércia I do corpo rígido: (10) • Podemos expressar a energia cinética: (11) • O momento de inércia tem dimensões ML2 (kg m2 no SI). • O momento de inércia é uma medida da resistência à variação na velocidade angular de um sistema (mesmo papel da massa no movimento translacional). Entretanto ele depende além da massa também de como a massa está distribuída ao redor do eixo de rotação. • Dependendo do eixo em torno do qual um objeto gira, seu momento de inércia varia, apesar da massa ser a mesma. • O momento de inércia sempre é relativo a um eixo de rotação. Movimento rotacional... Torque e produto vetorial • Quando uma força é exercida sobre um corpo rígido que pode girar em torno de um eixo e a linha de ação da força não passa através do ponto de apoio no eixo, o corpo tende a girar ao redor desse eixo. • Por exemplo quando você empurra uma porta, aplica uma força sobre a mesma, como consequência a porta gira ao redor de um eixo passando pelas dobradiças. • A tendência de uma força em girar um corpo ao redor de algum eixo é medida por uma grandeza vetorial chamada torque. • O torque é a causa das variações no movimento rotacional e é análogo à força, que causa variações no movimento translacional. Definimos o torque (tau) que resulta da força F com a expressão: 𝜏 =𝑟×𝐹 Lembrando produto vetorial: (12) Área do paralelogramo • O módulo do vetor é: 𝜏 = 𝑟𝐹𝑠𝑒𝑛∅ (13) • É importante reconhecer que o torque é definido apenas quando é especificado um eixo de referência, a partir do qual a distância r é determinada. • Note na figura que a componente Fcos paralelo a r não causa uma rotação ao redor do ponto de apoio, pois sua linha de ação passa exatamente pelo ponto de apoio no eixo. Regra da mão direita • Você não pode abrir uma porta empurrando as dobradiças! • Experimente fechar uma porta empurrando no centro da porta (Figura a) e depois, aplicando a mesma força empurre na extremidade (Figura b). • A porta é fechada mais facilmente quando a força é aplicada na extremidade da porta. • “Dê-me uma alavanca que moverei o mundo” Arquimedes • Alavanca: Barra rígida apoiada (ponto de apoio O) usada para facilitar o deslocamento de um corpo pesado. • Braço de Alavanca (L) é a distância do ponto de apoio (O, por onde passa o eixo de rotação), à linha de ação da força (F) Movimento rotacional... Momento angular • O momento linear p=mv também possui uma correspondente grandeza angular, o momento angular L. (14) unidade kgm2/s ou J.s. A rotação não é necessária para o momento angular, a partícula não precisa estar girando em torno de O para ter momento angular em relação a este ponto. • O módulo do vetor é: (15) • Assim como o torque, o momento angular só faz sentido quando especificamos o ponto de referência. • O movimento rotacional tem uma lei de movimento semelhante à Segunda Lei de Newton (F=dp/dt). (16) • Válida também para um sistema de partículas e para um corpo rígido. O torque resultante agindo sobre um sistema é igual a taxa temporal de variação do seu momento angular. • O momento angular de um corpo rígido que gire em torno de um eixo fixo pode ser definido em função do momento de inércia I: (17) • Em que I=miri2 nos diz como a massa de um corpo girando se distribui em torno do eixo de rotação e é denominada inércia rotacional ou momento de inércia I do corpo em relação ao eixo de rotação. • O momento de inércia representa uma resistência ao movimento de rotação. Para um corpo rígido em equilíbrio: • A força externa resultante tem que ser nula: 𝐹=0 (18) Equilíbrio translacional • O torque externo resultante tem que ser nulo ao redor de qualquer eixo: 𝜏=0 (19) Equilíbrio rotacional • O torque resultante agindo sobre um corpo é proporcional à aceleração angular do corpo e a constante de proporcionalidade é o momento de inércia I: (20) Movimento rotacional... Conservação do momento angular • Para o caso particular de um sistema em rotação em torno de um eixo fixo (Eq. 16) quando nenhum torque externo atua sobre o sistema (Eq. 19) temos a seguinte lei de conservação do momento angular: (21) • “Quando nenhum torque externo atua sobre um sistema L permanece constante, qualquer que seja a alteração ocorrida no interior do sistema” • A Eq. 21 permanece válida para um sistema não rígido neste caso, a velocidade angular também varia de i para f, tal que: (22) • Se I diminui tem de aumentar. • Exemplos clássicos de sistemas em que existem apenas forças internas e, portanto: • Com a aproximação dos halteres (If<<Ii) a velocidade angular do sistema aumenta (f>>i) assim como a patinadora do gelo que encolhe os braços para girar mais rapidamente,... • (I2<<I1) e (2>>1) a mergulhadora que dá um salto múltiplo dobrando os joelhos e juntando os braços para girar o corpo e os esticando após para cair mais lentamente na água,... L’ • (I>>I’) e (<<’) a ginasta que durante o salto varia o momento de inércia e proporcionalmente varia sua velocidade,... • As mudanças no momento de inércia são obtidas com a manipulação dos segmentos resultando nos saltos carpado e estendido o gato que faz girar a cauda e encolhe as patas para cair de pé... • A rotação no eixo transverso tem menor distribuição de massa o que facilita o movimento. Referências • Bibliografia: 1. TIPLER, Paul Allen; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros. Rio de Janerio: LTC, vol 1. 2. SERWAY, Raymond A., JR JEWETT John W. Princípios de física. São Paulo: Thomson, vol 1. 4. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física. Rio de Janeiro, RJ: LTC, vol 1. 5. CHAVES, Alaor. Física Básica: Mecânica. Rio de Janeiro: LTC.