em área de mata atlântica em campos do jordão

RESUMO
19ªEXPANDIDO
RAIB
289/440 673
ESTUDO DA FAUNA DE PIMPLINAE (HYMENOPTERA: ICHNEUMONIDAE) EM
ÁREA DE MATA ATLÂNTICA EM CAMPOS DO JORDÃO, SP, BRASIL
A.P.S. Loffredo, A.M. Penteado-Dias, S.A.G. Gomes
Universidade Federal de São Carlos, Rod. Washington Luiz, km 235, CEP 34565-905, São Carlos, SP, Brasil. Email: [email protected]
RESUMO
Os Pimplinae constituem um grupo de Ichneumonidae (Hymenoptera) moderadamente grande e cosmopolita, morfologicamente muito diverso. No Brasil, são poucos os
estudos que abordaram aspectos taxonômicos e ecológicos deste grupo. Estudos sobre a
biodiversidade da Mata Atlântica são necessários devido à pressão antrópica que vem
acelerando a extinção de espécies, muitas ainda não conhecidas. Este trabalho propõe
ampliar o conhecimento da fauna dos Pimplinae no Brasil, bem como reconhecer padrões
de distribuição ao longo de um gradiente altitudinal. O estudo foi realizado com material
coletado em área de mata atlântica, na região de Campos do Jordão, SP, por meio de
armadilhas Malaise. Foram realizadas duas coletas no período chuvoso e duas no período seco, entre novembro de 2001 e outubro de 2002, em 15 pontos determinados (de 600 a
2.000 m).
PALAVRAS-CHAVE: Campos do Jordão, gradiente altitudinal, Ichneumonidae, mata atlântica, Pimplinae.
ABSTRACT
STUDY OF THE PIMPLINAE FAUNA (HYMENOPTERA: ICHNEUMONIDAE ), IN
AREA OF ATLANTIC FOREST IN CAMPOS DO JORDÃO, SP, BRAZIL. The Pimplinae
constitute a group of Ichneumonidae (Hymenoptera) which is cosmopolitan, moderately
large, and morphologically very diverse. In Brazil, the studies about taxonomic and
ecological aspects of this group are few. Studies on the Atlantic Forest biodiversity are
necessary due to human pressure that has been accelerating the extinction of species,
many not yet known. This work was aimed to extend the knowledge of the fauna of the
Pimplinae in Brazil, as well to recognize their distribution throughout an altitudinal
gradient. The study was carried out with material collected in an area of Atlantic Forest, in
the region of Campos do Jordão, SP, Brazil, using Malaise traps. Two collections in the
rainy period and 2 in the dry period were made, between November 2001 and October
2002, at 15 definitive points (from 600 to 2,000 m high).
KEY WORDS: Altitudinal gradient, Ichneumonidae, Atlantic Forest, Pimplinae.
INTRODUÇÃO
A mata atlântica é considerada atualmente um dos
mais ricos ecossistemas do planeta em termos de
biodiversidade. Esse bioma é composto por uma série
de fitofisionomias, que propiciaram uma significativa diversificação ambiental e, como conseqüência, a
evolução de um complexo biótico de natureza vegetal
e animal altamente rico (DOSSIÊ MATA ATLÂNTICA, 2001).
Apesar da devastação, a mata atlântica ainda abriga
a maior biodiversidade entre as florestas tropicais, o
que impressiona pelo grande número de espécies
endêmicas e outras ainda nem conhecidas.
Dentro da superfamília Ichneumonoidea encontramse as duas maiores famílias de Hymenoptera: Braconidae
e Ichneumonidae. A família Ichneumonidae é estimada
em 60.000 espécies sendo que, aproximadamente, 20.000
ocorrem na região neotropical (PORTER, 1975).
Apoio: CNPq.
Biológico, São Paulo, v.68, Suplemento, p.673-675, 2006
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Os Pimplinae constituem uma subfamília moderadamente
grande
e
cosmopolita,
morfologicamente muito diversa. O grupo exibe
uma ampla biologia e um grande número de hospedeiros associados. Primitivamente, os
Pimplinae são ectoparasitóides idiobiontes
especializados para atacar hospedeiros ocultos.
No Brasil, são raros os estudos a respeito desta
fauna. D E S ANTIS (1980) catalogou a ocorrência
de 44 espécies para o Brasil; (YU & H ORSTMANN,
1997), apenas 20 espécies.
Foram realizadas quatro coletas na área de estudo, duas no período seco e duas no período chuvoso,
entre novembro de 2001 e outubro de 2002. As coletas
do período chuvoso foram realizadas durante os meses de novembro/dezembro de 2001 e março/abril de
2002, as do período seco, nos meses de junho/julho e
setembro/outubro de 2002. Os exemplares foram
coletados por armadilhas Malaise, deixadas no campo por um período de 15 dias em cada estação de
coleta. Os gêneros de Pimplinae foram identificados
seguindo-se GAULD (1991). Todos os exemplares
coletados encontram-se depositados na Coleção
Taxônomica do Departamento de Ecologia e Biologia
Evolutiva da Universidade Federal de São Carlos, São
Carlos, São Paulo.
MATERIAL E MÉTODOS
O local das coletas foi a Usina Hidrelétrica Santa
Izabel, desativada e localizada dentro de uma área de
mata atlântica com 11.374.000 m2, com um gradiente
altitudinal de 600 a 2.000 m de altitude na região de
Campos do Jordão, a leste da capital do Estado de São
Paulo, no médio Vale do Rio Paraíba, com posição
geográfica determinada pelas coordenadas geográficas 22° 44’ S e 45° 30’ W.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificados 533 indivíduos distribuidos
em 17 gêneros, sendo Pimpla e Neotheronia os mais
representativos (299 e 100 indivíduos respectivamente),
(Fig. 1).
350
300
Números de exemplares
250
200
150
100
50
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0
Gêneros de Pimplinae
Fig. 1 - Número de exemplares de Pimplinae (Hymenoptera, Ichneumonidae) capturados nas altitudes de 600 a 2.000
m, na Região de Campos do Jordão, SP no período de novembro de 2001 e outubro de 2002.
Biológico, São Paulo, v.68, Suplemento, p.673-675, 2006
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Num gradiente de 600 a 2.000 m, as altitudes medianas devem concentrar fauna própria além de espécies que são comuns nas altitudes abaixo e acima
delas.
Embora não avaliando as condições ambientais
como vento e umidade relativa, as altitudes intermediárias são mais favoráveis à ocorrência dos adultos
do grupo estudado.
Neotheronia e Pimpla foram mais abundantes nas
altitudes intermediárias e nos meses chuvosos.
Número de exemplares
250
Número de exemplares
200
150
100
REFERÊNCIAS
50
0
600 a 1000 m
1100 a 1500 m
1600 a 2000 m
Altitude (m)
Fig. 2 - Distribuição dos exemplares de Pimplinae
(Hymenoptera, Ichneumonidae) nas diferentes altitudes
(600 a 2.000 m), na Região de Campos do Jordão, SP no
período de novembro de 2001 e outubro de 2002.
As coletas realizadas nos meses de setembro a
outubro e de novembro a dezembro (período chuvoso) apresentaram maior incidência de Pimplinae (290
e 166 respectivamente). Em trabalho realizado nessa
mesma localidade, GOMES (2005) verificou que a maior incidência da fauna de Braconidae também ocorreu no período chuvoso. GUERRA (1999) em seus estudos sobre a diversidade da fauna de Ichneumonidae
em área de mata mesófila semi-decídua na região de
São Carlos, SP, também identificou os meses de setembro e novembro como os de maior abundância de
Ichneumonidae.
As altitudes medianas, entre 1.300 e 1.600 m, apresentaram maior incidência de Pimplinae (Fig. 2). GOMES (2005) observou resultado semelhante em relação
à fauna de Braconidae, mais abundante em 1.500 m
de altitude. Dados obtidos por ONODY (2005) para a
mesma localidade, indicam maior riqueza de
morfoespécies de Campopleginae (Ichnemonidae) em
altitudes medianas. Para JANZEN (1976) a maioria das
ordens de insetos apresentaram maior riqueza de espécies em altitudes medianas. O mesmo padrão para
parasitóides e insetos herbívoros foi identificado por
MACCOY (1990).
A maior incidência de Pimplinae nos meses
chuvosos deve corresponder à maior disponibilidade de hospedeiros, em especial, larvas de
Lepidoptera que se desenvolvem após as chuvas
sobre a vegetação.
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