wilson josé de azevedo

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental
ANÁLISE DA CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA DO RIO
MEIA PONTE, CIDADE DE GOIÂNIA – GOIÁS:
SÉRIE HISTÓRICA 2003 A 2011
Autor: Wilson José de Azevedo
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Gonçalves Resende
Brasília - DF
2012
WILSON JOSÉ DE AZEVEDO
ANÁLISE DA CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA DO RIO MEIA PONTE, CIDADE DE
GOIÂNIA – GOIÁS: SÉRIE HISTÓRICA 2003 A 2011
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Planejamento e
Gestão Ambiental da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para obtenção
do Título de Mestre em Planejamento e Gestão
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Gonçalves
Resende
Brasília
2012
A849a
Azevedo, Wilson José de.
Análise da caracterização da água do Rio Meia Ponte, Cidade de
Goiânia – Goiás: série histórica 2003 a 2011. / Wilson José de Azevedo –
2012.
147f. : il.; 30 cm
Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2012.
Orientação: Prof. Dr. Marcelo Gonçalves Resende
1. Análise da água. 2. Controle de qualidade da água. 3. Recursos
hídricos. 4. Gestão ambiental. I. Resende, Marcelo Gonçalves, orient. II.
Título.
CDU 502:628.1(817.3)
Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB
08/08/2012
Dissertação de autoria de Wilson José de Azevedo, intitulada “ANÁLISE DA
CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA DO RIO MEIA PONTE, CIDADE DE GOIÂNIA –
GOIÁS: SÉRIE HISTÓRICA 2003 A 2011”, apresentada como requisito parcial para
obtenção do grau de mestre em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica
de Brasília, em 01 de junho de 2012, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo
assinada:
____________________________________
Professor Dr. Marcelo Gonçalves Resende
Orientador
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Planejamento e Gestão Ambiental - UCB
____________________________________
Professor Dr. Edilson de Souza Bias
Examinador Externo
Instituto de Geociências - UnB
____________________________________
Professor Dr. Douglas José da Silva
Examinador Interno
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Planejamento e Gestão Ambiental - UCB
___________________________________
Professor Dr. Murilo Gomes Torres
Suplente
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Planejamento e Gestão Ambiental - UCB
Brasília
2012
À minha esposa Maria de Fátima, pelo apoio e
incentivo nas horas de desânimo, aos meus
filhos Iara e Igor Azevedo que sempre
acreditaram que o conhecimento é a única
chave que quando bem utilizada transforma o
mundo em um lugar melhor. À minha filha
Fabíola que sempre perguntava: será que vale
a pena? E eu sempre respondia: sim, vale a
pena! À minha mãe dona Benedita que mesmo
não estando entre nós e sendo analfabeta, deu
sua vida para oferecer aos seus filhos uma
escola descente, pois sempre acreditou que o
conhecimento é algo que jamais poderá ser
tomado de um homem ou de uma mulher.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Energia Viva e Evolutiva que conduz esse imenso Universo, Energia esta
que na falta de definição melhor, nós homens e mulheres a chamamos de DEUS, por ter-me
colocado neste mundo e permitido que mesmo eu sendo pequeno, possa contribuir com uma
ínfima parcela para tornar este nosso lar, que chamamos de Terra, em um lugar melhor para
vivermos, nós, e as futuras gerações.
Agradeço a Dona Benedita, minha mãe, que quando criança foi proibida de aprender a
ler, mas sempre reconheceu que o conhecimento é necessário para transformar o mundo, as
pessoas, e para isso dedicou sua vida para que os filhos frequentassem uma escola. À senhora,
minha mãe, o meu muito obrigado por eu ter chegado até aqui, pois sua visão do futuro e de
mundo, mesmo sendo analfabeta, foi muito maior que a visão de muitos que cursaram uma
universidade.
Agradeço em especial o Prof. Dr. Antônio José Andrade Rocha que sempre incentivou
não só a mim, mas a todos os outros colegas do mestrado, sempre acreditando em nós.
Agradeço o Prof. Dr. Marcelo Gonçalves Resende pela paciência com meus erros e
sempre mostrando que estes erros são necessários para o aprendizado e que eles são uma prova
de que nós tentamos fazer algo melhor a cada dia.
Agradeço a Eni, primeira secretária do mestrado, sempre atenciosa com todos os
mestrandos e ensinando a eles o caminho das pedras nos meandros da burocracia acadêmica.
Agradeço a todos os professores do Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental, da
Universidade Católica de Brasília, mesmo aqueles que hoje não estão mais ligados ao curso,
mas que me orientaram durante as aulas e mostraram que os vários caminhos levam ao mesmo
lugar, e que cabe a cada um de nós fazer nossas escolhas, e estas são feitas conforme nossa
própria história, foram imprescindíveis na minha formação.
Agradeço ao Prof. Dr. Mário Lisboa Theodoro que mostrou uma nova maneira de olhar
o Brasil, dizendo sempre: “O Brasil na modernidade sempre repete o atraso” e citava exemplos
do dia a dia que passavam desapercebidos aos meus olhos. Esse novo ângulo para perceber a
sociedade brasileira muito me enriqueceu.
Agradeço ainda a Agencia Ambiental de Goiás, hoje Secretaria do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos, nas pessoas do Biólogo Eurivan Alves Mendonça, e do engenheiro
Armando Melo que prontamente atenderam minhas solicitações e que com suas experiências
em monitoramento ambiental contribuíram em muito com esse trabalho, um agradecimento
especial ao Daniel Guzzo e toda a equipe do Centro de Geoprocessamento da SEMARH, que
foram essenciais na elaboração do mapa georeferênciado da Bacia Hidrográfica do Rio Meia
Ponte.
Meu agradecimento de forma especial ao engenheiro e médico Juarez de Paula Souza
cuja amizade iníciou durante o mestrado e solidificou com o passar do tempo e com certeza irá
perdurar além do curso.
Um agradecimento relevante aos meus filhos Igor Azevedo e Iara Azevedo, que
pesquisaram material sobre a cidade de Goiânia na biblioteca da sua escola, material esse que
muito ajudou nesse trabalho.
Aos amigos de mestrado, por terem paciência com as minhas falhas, involuntárias com
certeza, e serem sempre compreensivos com minha pessoa, o meu muito obrigado.
Por fim, e não menos importante, agradeço às demais pessoas que, direta ou
indiretamente, sem perceberem, contribuíram para que esse trabalho tornasse possível, são elas,
as anônimas, que movimentam as engrenagens que permitem ao mundo girar.
Meu muito obrigado.
ESTAVA DO OUTRO LADO DO RIO...ATRAVESSEI!
RESUMO
AZEVEDO, Wilson José de. Análise da caracterização da água do rio Meia Ponte, cidade
de Goiânia – Goiás: série histórica 2003 a 2011. 2012. 146 f. Dissertação (Mestrado em
Planejamento e Gestão Ambiental) – Universidade Católica de Brasília. Brasília, 2012.
O Rio Meia Ponte teve papel importante na definição do local de implantação da nova capital
do estado de Goiás em 1933, devido à abundância de água. Na bacia hidrográfica desse rio,
fica o principal polo de desenvolvimento do estado de Goiás, tanto assim que em 2010,
segundo o IBGE, 2.684.913 habitantes ali estavam residindo, isso representa 44,82% da
população do estado de Goiás. É nessa bacia também que concentra as principais atividades
econômicas do estado. A cidade de Goiânia, que fica às margens do Rio Meia Ponte, é a
segunda cidade do Centro Oeste em número de habitantes, foi projetada para ter uma
população de 50.000 habitantes e hoje está com 1.302.001 habitantes, ou seja, 26 vezes maior
que o previsto. Consequentemente, os problemas também cresceram no mesmo ritmo em que
a cidade cresceu. Mesmo sendo uma cidade que está em uma área praticamente plana, as
habitações irregulares foram avançando rumo às margens do rio. A cada dia que passa o rio
vai sofrendo a consequência desse avanço da população, e da omissão das autoridades, e hoje,
o rio Meia Ponte, praticamente virou um esgoto a céu aberto durante o período de estiagem.
Antes do perímetro urbano, com algumas exceções, os valores encontrados estão dentro dos
limites estabelecidos pela resolução 357/05 do CONAMA, no perímetro urbano os valores
encontrados estão acima daqueles permitidos por essa resolução. Após o perímetro urbano da
cidade de Goiânia, os parâmetros estudados apresentam-se dentro dos valores permitidos pelo
CONAMA 357/05, com raras exceções. Isso significa que o Rio Meia Ponte ainda consegue
autodepurar após o perímetro urbano. Os gráficos dos dados apresentados nesse trabalho
mostram claramente que a passagem do rio Meia Ponte pelo perímetro urbano da cidade de
Goiânia, produz processos de degradação na qualidade de suas águas, que também pode ser
verificado pelo Índice de Qualidade da Água (IQA), que antes e após o perímetro urbano tem
a qualidade da água entre razoável e boa, e no perímetro urbano esta na faixa de ruim. Os
resultados de DBO5,20, após o ano de 2006 na estação seca, no perímetro urbano, estão acima
dos limites estabelecidos pela resolução 357/05 do CONAMA, antes e após o perímetro
urbano os valores estão abaixo do estabelecido por esta resolução, na estação das chuvas após
o período 2006/2007 repete-se o padrão da estação seca. Os resultados do fosfato, nas
estações secas e de chuvas, antes e após o perímetro urbano estão de conformidade com o
estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA, e no perímetro urbano estão acima. Os
coliformes termotolerantes estão superiores aos limites indicados pela resolução 357/05 do
CONAMA, antes e após o perímetro urbano e no perímetro urbano nas estações seca e de
chuvas, mas no perímetro urbano os resultados estão superiores aos demais trechos do rio
Meia Ponte. O Indice de Qualidade da Água a partir do ano de 2003 manteve um padrão,
antes a após o perímetro urbano o IQA esteve entre razoável e boa, e no perímetro urbano
com raras exceções esteve na faixe de ruim, tanto para a estação seca e de chuva.
Palavras-chave: Rio Meia Ponte. Qualidade da água. IQA rio Meia Ponte.
ABSTRACT
The Meia Ponte River had an important role in defining the location of implantation of the
new capital of the state of Goiás in 1933, due to its abundance of water. In the watershed of
this river, is the main center of development of the state of Goiás, so much that in 2011,
according to IBGE, 2.684.913 inhabitant were residing there, this represents 44,82% of the
population of the state of Goiás. It is also in this watershed that the main economic activities
of the state are concentrated. The city of Goiânia, which is at the banks of the Meia Ponte
River, is the second city of the central west in numbers of inhabitants, it was projected to have
a population of 50.000 inhabitants and is today with 1.302.001, that is, 26 times bigger than
predicted. Consequently, the problems also grew at the same pace as the city grew. Even
though it is a city that is in a substantially flat area, the irregular dwellings kept advancing
towards the margin of the river. As each day passes the river suffers a consequence of this
advance of the population and from the omission of authorities, today the Meia Ponte River,
practically became an open sewer during dry season. Before the urban perimeter, with a few
exceptions, the values found are within the limits that were established by resolution 357/05
of CONAMA. In the urban perimeter the standards found are above those permitted by this
resolution. After the urban perimeter of the city of Goiânia, the outline boundaries studied are
presented within the standards permitted by the CONAMA 357/05, with rare exception. This
means that the Meia Ponte River can still auto depurate after the urban perimeter. The data
charts presented in this paper show clearly that the passage of the Meia Ponte River through
the urban city of Goiânia, produces degradation processes in the quality of its water, which
can also be verified by the Index of Water Quality (IWQ), that before and after the urban
perimeter has a reasonable and good quality of water, and in the urban perimeter this level is
bad, both in dry season and in rainy season. The results of DBO 5,20 after 2006, in dry season
and in urban perimeter, are above the limits established by resolution 357/05 of CONAMA,
before and after the urban perimeter the values are below the values established by this
resolution, in rainy season after 2006/ 2007 repeats the same pattern of dry season. The results
of phosphate in dry and rainy season, before and after urban perimeter, are according to the
resolution 357/05 of CONAMA, in urban perimeter the results are above. Before and after the
urban perimeter, in dry and rainy season, the thermotolerants fecal coliforms values are above
the established by the resolution, but in the urban perimeter the values are above the results
found in other parts of Meia Ponte River. The Index of Water Quality after 2003 remained the
standard, before and after urban perimeter the IWQ were among reasonable and good, and in
urban perimeter, with rare exceptions, the results were bad, both dry and rainy season.
Keywords: Meia Ponte River. Water quality. IQA Meia Ponte River.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Valores da Turbidez na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano (APU),
no Perímetro Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU). .................................................... 82
Gráfico 2 - Valores da Turbidez na estação seca ano a ano Antes do Perímetro Urbano (APU),
no Perímetro Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU). .................................................... 83
Gráfico 3 - Valores da Turbidez na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano
(APU), no Perímetro Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU). ........................................ 84
Gráfico 4 - Valores da Turbidez na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano
(APU), no Perímetro Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU). ........................................ 85
Gráfico 5 - Valores da Dureza na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ............................................................................. 86
Gráfico 6 - Valores da Dureza na estação seca ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ............................................................................. 87
Gráfico 7 - Valores da Dureza na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ............................................................................. 88
Gráfico 8 - Valores da Dureza na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano
(APU), no Perímetro Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU). ........................................ 88
Gráfico 9 - Valores da Demanda química de oxigênio (DQO) na estação seca, anualizado
Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ............................... 89
Gráfico 10 - Valores da Demanda química de oxigênio (DQO) na estação seca ano a ano
Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. .......................... 90
Gráfico 11 - Valores da Demanda química de oxigênio (DQO) na estação de chuva,
anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ............. 91
Gráfico 12 - Valores da Demanda química de oxigênio (DQO) na estação das chuvas ano, a
ano, Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. .................. 92
Gráfico 13 - Valores da Demanda bio-química de oxigênio (DBO) na estação seca, anualizado
Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ............................... 93
Gráfico 14 - Valores da Demanda bio-química de oxigênio (DBO) na estação seca, ano a ano,
Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. .......................... 94
Gráfico 15 - Valores da Demanda bio-química de oxigênio (DBO) na estação de chuva,
anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.............. 95
Gráfico 16 - Valores da Demanda bio-química de oxigênio (DBO) na estação das chuvas ano
a ano Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ................ 96
Gráfico 17 - Valores do Fosfato na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ............................................................................. 97
Gráfico 18 - Valores do Fosfato na estação seca, ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ............................................................................. 98
Gráfico 19 - Valores do Fosfato na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ............................................................................. 99
Gráfico 20 - Valores do Fosfato na estação de chuva, ano a ano, Antes do Perímetro Urbano,
no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ...................................................................... 100
Gráfico 21 - Valores do Nitrogênio amoniacal na estação seca, anualizado Antes Perímetro
Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................ 101
Gráfico 22 - Valores do Nitrogênio amoniacal na estação seca ano a ano Antes do Perímetro
Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................ 102
Gráfico 23 - Valores do Nitrogênio amoniacal na estação de chuva, anualizado Antes
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ....................................... 103
Gráfico 24 - Valores do Nitrogênio amoniacal na estação das chuvas ano a ano Antes do
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ....................................... 104
Gráfico 25 - Valores de Nitrato na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 105
Gráfico 26 - Valores do Nitrato na estação seca ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 106
Gráfico 27 - Valores de Nitrato na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 107
Gráfico 28 - Valores de Nitrato na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano,
no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ...................................................................... 108
Gráfico 29 - Valores de Nitrito na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 109
Gráfico 30 - Valores do Nitrito na estação seca ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 110
Gráfico 31 - Valores de Nitrito na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 111
Gráfico 32 - Valores de Nitrito na estação das chuvas ano a ano, Antes do Perímetro Urbano,
no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ...................................................................... 112
Gráfico 33 - Valores de Oxigênio dissolvido na estação seca, anualizado Antes Perímetro
Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................ 113
Gráfico 34 - Valores do Oxigênio dissolvido na estação seca ano a ano, Antes do Perímetro
Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................ 114
Gráfico 35 - Valores de Oxigênio dissolvido na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro
Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................ 115
Gráfico 36 - Valores de Oxigênio dissolvido na estação das chuvas ano a ano Antes do
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ....................................... 116
Gráfico 37 - Valores do pH na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 117
Gráfico 38 - Valores do pH na estação seca ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 118
Gráfico 39 - Valores do pH na estação das chuvas, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 118
Gráfico 40 - Valores do pH na estação das chuvas ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ........................................................................... 119
Gráfico 41 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação seca, anualizado Antes
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ....................................... 119
Gráfico 42 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação seca ano a ano, Antes do
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ....................................... 121
Gráfico 43 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação das chuvas, anualizado Antes
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ....................................... 122
Gráfico 44 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação das chuvas ano a ano Antes do
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ....................................... 123
Gráfico 45 - Valores de IQA no ponto 01 anualizados. ......................................................... 125
Gráfico 46 - Valores de IQA no ponto 06 anualizados. ......................................................... 125
Gráfico 47 - Valores de IQA no ponto 09 anualizados. ......................................................... 126
Gráfico 48 - Valores de IQA no ponto 16 anualizados. ......................................................... 126
Gráfico 49 - Valores de IQA no ponto 17 anualizados. ......................................................... 127
Gráfico 50 - Valores de IQA no ponto 18 anualizados. ......................................................... 127
Gráfico 51 - Valores de IQA no ponto 19 anualizados. ......................................................... 128
Gráfico 52 - Valores de IQA no ano de 2001 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 128
Gráfico 53 - Valores de IQA no ano de 2002 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 129
Gráfico 54 - Valores de IQA no ano de 2003 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 130
Gráfico 55 - Valores de IQA no ano de 2004 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 130
Gráfico 56 - Valores de IQA no ano de 2005 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 131
Gráfico 57 - Valores de IQA no ano de 2006 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 131
Gráfico 58 - Valores de IQA no ano de 2007 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 132
Gráfico 59 - Valores de IQA no ano de 2008 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 132
Gráfico 60 - Valores de IQA no ano de 2009 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 133
Gráfico 61 - Valores de IQA no ano de 2010 ao longo do rio Meia Ponte ............................ 133
LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 - Pivô para irrigação no município de Inhumas....................................................... 48
Imagem 2 - Pivô para irrigação no município de Goianira – Google. Acesso 15/10/2011 ...... 49
Imagem 3 - Pivô para irrigação no munícipio de Pontalina – Google. Acesso 15/10/2011 ..... 49
Imagem 4 - Pivô para irrigação município de Pontalina – Google. Acesso 15/10/2011 .......... 50
Imagem 5 - Visão geral da nascente vista no Google – acesso em 15/10/2011. ...................... 55
Imagem 6 - Visão da proteção típica das margens do Rio Meia Ponte – município de Aloândia ..57
Imagem 7 - Vista parcial de Goiânia com imagem de 10/09/2002 .......................................... 61
Imagem 8 - Vista parcial de Goiânia com imagem de 15/05/2011 .......................................... 61
LISTA DE FOTOS
Foto 1 - Placa indicativa da nascente do rio Meia Ponte .......................................................... 52
Foto 2 - Nascente do rio Meia Ponte ........................................................................................ 52
Foto 3 - Nascente do rio Meia Ponte ........................................................................................ 53
Foto 4 - Gado e pastagem a montante da nascente do rio Meia Ponte ..................................... 53
Foto 5 - Cerca que protege nascente do rio Meia Ponte ........................................................... 54
Foto 6 - Visão geral da nascente do rio Meia Ponte ................................................................. 54
Foto 7 - Boi pastando na área da nascente do rio Meia Ponte .................................................. 55
Foto 8 - Esgoto sendo lançado no rio Meia Ponte na GO 010 Saída Bonfinópolis 02/10/2010 .............................................................................................................................. 120
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Uso da terra ............................................................................................................. 36
Tabela 2 - Estatísticas municipais: População Censitária – Total (habitantes) ........................ 44
Tabela 3 - Estatísticas municipais: Densidade demográfica (habitantes/km²) ......................... 45
Tabela 4 - Estatísticas municipais: Extensão de rede de esgoto municípios da bacia do rio
Meia Ponte (m) ......................................................................................................................... 46
Tabela 5 - Estatísticas municipais: Extensão de redes de água Municípios da bacia do rio Meia
Ponte (m) .................................................................................................................................. 47
Tabela 6 - Pontos de coletas da água ........................................................................................ 79
Tabela 7 - Parâmetros analisados ............................................................................................. 80
Tabela 8 - Pontos de coletas da água para determinar o IQA................................................... 81
Tabela 9 - Parâmetros utilizados para cálculo do IQA ............................................................. 81
Tabela 10 - Faixas de Qualidade da Água .............................................................................. 124
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 21
2.1 OBJETIVOS GERAL ................................................................................................................ 21
2.1.1 Objetivos específicos .............................................................................................. 21
2.2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 21
3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 23
3.1 RECURSOS HÍDRICOS ........................................................................................................... 23
3.1.2 Legislação de Recursos Hídricos .......................................................................... 25
4 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................ 32
4.1 A REGIÃO CENTRO-OESTE .................................................................................................. 33
4.1.1 Estado de Goiás ...................................................................................................... 33
4.1.2 Bacia hidrográfica do rio Meia Ponte .................................................................. 41
4.1.3 Rio Meia Ponte ....................................................................................................... 51
4.1.4 Cidade de Goiânia ................................................................................................. 57
5 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO, QUÍMICA E BIOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO
MEIA PONTE......................................................................................................................... 62
5.1 INTRODUÇÃO QUALIDADE DA ÁGUA .............................................................................. 62
5.2 PARÂMETROS FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS ....................................................... 65
5.2.1 Parâmetros físicos .................................................................................................. 66
5.2.2 Parâmetros químicos ............................................................................................. 68
5.2.3 Parâmetros biológicos ........................................................................................... 76
6 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 78
6.1 PARÂMETROS ANALISADOS............................................................................................... 78
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 82
7.1PARÂMETROS FÍSICOS .......................................................................................................... 82
7.1.1 Turbidez ................................................................................................................. 82
7.2 PARÂMETROS QUÍMICOS .................................................................................................... 86
7.2.1 Dureza..................................................................................................................... 86
7.2.2 Demanda química de oxigênio (DQO) ................................................................. 89
7.2.3 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO) ............................................................ 93
7.2.4 Fosfato .................................................................................................................... 97
7.2.5 Série Nitrogenada ................................................................................................ 101
7.2.5.1 Nitrogênio amoniacal ....................................................................................... 101
7.2.5.2 Nitrato ................................................................................................................ 105
7.2.5.3 Nitrito................................................................................................................. 109
7.2.6 Oxigênio dissolvido (OD) .................................................................................... 113
7.2.7 Potencial hidrogeniônico (pH) ............................................................................ 117
7.3 PARÂMETROS BIOLÓGICOS .............................................................................................. 119
7.3.1 Coliformes termotolerantes ................................................................................ 119
7.4 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA .................................................................................. 124
8 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 135
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 138
16
1 INTRODUÇÃO
Uma questão intrigante nesse limiar de um novo milênio é a insensibilidade de parte da
raça humana com os problemas que ela mesma criou, como: fome, degradação ambiental,
aquecimento global, a não aceitação do outro e o individualismo exacerbado.
A esperança surge quando uma parcela dessa mesma raça ainda consegue indignar-se
com essa situação, expondo um inconformismo perante as injustiças.
Segundo Santos (2007), o mundo de hoje tem situações ou condições que nos sucinta
desconforto ou indignação, para isso, basta olhar até que ponto as grandes promessas da
modernidade permanecem incumpridas, ou seu cumprimento resultou em efeitos perversos. A
igualdade nos países capitalistas é uma ficção, pois 21% da população mundial controlam 78%
da produção de bens e serviços e consomem 75% de toda a energia produzida.
Ainda segundo Santos (2007), mais pessoas morrem de fome nesse início de milênio do
que em qualquer dos séculos precedentes. A distância entre países ricos e pobres e entre ricos e
pobres de um mesmo país não tem cessado de aumentar. A promessa de dominação da natureza
foi cumprida de modo perverso sob forma de destruição da natureza e da crise ecológica.
Num passado remoto, antes da espécie humana dominar o fogo, a sua relação com a
natureza era semelhante àquela dos animais mais próximos na cadeia evolutiva. O controle do
fogo fez com que esta interação assumisse características próprias cada vez mais distintas
(MAY; LUSTOSA; VINHA, 2003).
Para May, Lustosa e Vinha (2003), a invenção da agricultura por volta de dez mil anos
fez com que a relação humanidade e natureza mudasse de patamar frente as demais espécies
animais. A imensa variedade disponível no ecossistema florestal foi substituída pelo
cultivo/criação de poucas espécies, selecionadas em função do seu valor, seja como alimento ou
mesmo como outra fonte de matéria prima considerada importante.
No entanto a introdução da agricultura não quer dizer que haja uma incompatibilidade
entre esta e a natureza, podendo existir produção agrícola sem que o ecossistema seja totalmente
destruído.
Essa relação deve ser de tal modo harmoniosa, que os nutrientes retirados do solo por
meio da agricultura e pecuária devem ser devolvidos para este solo, para que retorne ao
equilíbrio original, ou mais próximo possível. No entanto, o que ocorre no mundo
contemporâneo é uma intensa fertilização artificial através de produtos químicos, ocorrendo
uma saturação de determinados nutrientes, que leva a um desequilíbrio químico do solo. Com
17
isso, este excesso de nutrientes, somados às práticas agrícolas inadequadas, faz com que o solo
sem sua proteção da camada vegetal seja carreado juntamente com estes nutrientes para o leito
dos rios, produzindo impactos não só nos corpos d’água, mas em toda a cadeia dependente
dessas águas.
Os recursos físicos são resultantes dos ciclos naturais do planeta que tem duração de
milhões de anos, e sua capacidade de recomposição no horizonte do tempo humano é o
principal critério para definir se são recursos renováveis ou não renováveis, (MAY; LUSTOSA;
VINHA, 2003).
O solo, o ar, as águas, as florestas, a fauna e a flora são considerados recursos naturais
renováveis, pois sua recomposição ocorre num horizonte da vida humana. Os minérios e os
combustíveis fósseis são considerados não renováveis uma vez que sua recomposição ocorre em
eras geológicas, ou seja, em milhões de anos (MAY; LUSTOSA; VINHA, 2003).
No Brasil, o solo em determinadas regiões está bastante comprometido. Como exemplo
pode-se citar algumas regiões do nordeste, na qual a taxa de desertificação aumenta a cada ano,
enquanto nas demais regiões, como o centro-oeste, a contaminação do solo se dá por herbicidas,
agrotóxicos e fertilizantes utilizados em excesso (MAY; LUSTOSA; VINHA, 2003).
A água neste contexto é um elemento estratégico, fundamental e insubstituível,
responsável pelo equilíbrio da vida, dentro da qual estão inseridos os seres humanos. Água é um
insumo indispensável à produção, onde o desenvolvimento econômico não se faz sem este
elemento. Todas as atividades humanas dependem da água, desde a navegação, passando pelo
turismo, geração de energia, atividades industriais, agricultura e pecuária, etc. (BRASIL, 2008).
Desde a antiguidade, cada sociedade manteve uma relação peculiar com a água,
refletindo a diversidade de valores e de experiências acumuladas. Em diversas atividades
culturais como nas artes, nas religiões, na mitologia, no folclore, nas ciências, na política, a água
sempre teve uma importância substancial (BRASIL, 2008).
A água funcionou como elemento catalizador para o surgimento das primeiras
civilizações no chamado Crescente Fértil, região que também é denominada às vezes de “berço
da civilização”, ali praticamente a humanidade passou da idade primitiva para a idade moderna,
da vida nômade para a vida sedentária devido as facilidades do cultivo e do pastoreio.
Nos vales irrigados pelos rios Jordão, Eufrates, Tigre e Nilo, região que cobre uma
superfície de cerca de 400 000 a 500 000 km², desenvolveu-se agricultura e criação de gado,
permitindo o homem fixar-se na terra, e mesmo sendo uma região cortada por deserto, a água
dos rios que banham essa região permitiu o florescimento de diversas civilizações, como os
egípcios, babilônicos, persas, fenícios, assírios, etc. (BURNS, 1974).
18
A água doce tem um importante papel na história da humanidade, pois assim que
dominou algumas ferramentas o homem passou a intervir no ciclo das águas, construindo
barragens, canais, alterando cursos d’águas, tudo isso foi e ainda é realizado em beneficio
próprio. Devido à integração dos ecossistemas, algumas ações que na origem não tem por
objeto a água acabam afetando o ciclo hidrológico (SILVESTRE, 2003).
Um exemplo típico dessas ações é a devastação de uma área de floresta que deixa o solo
exposto à ação das chuvas, a camada superior geralmente de terra fértil é carreada para os
cursos d’água, deixando-o desprotegido e sofrendo a ação física das chuvas, dos ventos,
levando a uma degradação desse solo (SILVESTRE, 2003).
Com a evolução da humanidade e a aquisição de conhecimento ao longo dos séculos a
natureza que antes tinha um caráter sagrado, perdeu esses traços e passou a ser vista como um
objeto, que contém um valor monetário, ou seja, a terra, a madeira, o minério e a água, são um
meio de se obter lucro (SILVESTRE, 2003).
Ainda segundo Silvestre (2003), essa apropriação da natureza já não visa produzir
utilidades que atendem as necessidades humanas ou mesmo melhorar as condições do homem
frente à natureza ou ainda, dar lhe uma maior sobrevivência, mas sim atender as necessidades
do capital, onde a ética que prevalece é a do aumento e do acúmulo de riqueza.
No início da era industrial, para ter trabalhadores nas unidades fabris, foi necessário
trazer as pessoas do campo para as cidades. Então essas cidades foram crescendo de maneira
desordenada, e com isso, surgiram as periferias, conhecidas nos dias atuais como favelas.
No Brasil, segundo censo 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2010b), 11.425.644 habitantes vivem em aglomerados subnormais,
denominação dada pelo IBGE para favelas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos,
palafitas. Essa população representa 6,0% da população recenseada em 2010 e ocupam áreas
não ideais para urbanização, como encostas, fundo de vales.
Essas pessoas moram em condições subumanas e sem poder político de reivindicar
melhores condições de vida. Essas condições anormais de moradia muitas vezes refletem na
educação e na saúde, perpetuando assim o ciclo da miséria, difícil de ser rompido.
Este crescimento populacional exerce uma enorme pressão sobre os recursos naturais,
principalmente os recursos hídricos. Essa situação é mais acentuada nos países em
desenvolvimento e subdesenvolvidos, onde as prioridades das políticas públicas são outras, tais
como geração de emprego, produção de excedentes para exportação.
Diante dessas outras prioridades, a preservação do meio ambiente é relegada a um
segundo plano, e muitas vezes a um terceiro ou mesmo a um quarto plano. Essa política
19
equivocada traz consigo as mazelas que hoje conhecemos no nosso dia a dia, tanto nas pequenas
cidades como nas metrópoles, como falta de saneamento básico, de saúde, de educação.
A falta de uma política que discipline o crescimento urbano traz consigo a degradação
das margens dos rios, ribeirões e córregos urbanos. Isto porque a ocupação irregular tem sido
uma das soluções encontradas pelas camadas mais pobres, que não têm acesso ao mercado
imobiliário formal (RIBAS; MELLO, 2004).
O problema torna-se mais grave quando a tomada dessas periferias ocorre às margens de
cursos de água, pois segundo Ribas e Mello (2004), essas ocupações acontecem principalmente,
em áreas de fragilidade ambiental, margens de rios, encostas e topos de morros, mangues,
dunas, etc.
Ainda segundo Ribas e Mello (2004), destacam-se os impactos sobre os cursos d’água,
não apenas no que se refere a aspectos qualitativos – poluição pelo lançamento de esgoto e
resíduos sólidos – mas também pelo aspecto quantitativo.
Em função de sua vulnerabilidade, são definidas como Áreas de Preservação
Permanente (APP), pela Lei Federal nº 4.771/65, do Código Florestal. Estas áreas ao serem
ocupadas fatalmente levarão a um desastre ambiental, mas remover as pessoas dessas áreas traz
desgaste político, além dos altos custos financeiros e principalmente não rende dividendos
políticos. Com isso, entra ano e sai ano e o problema nunca é resolvido.
Os problemas ambientais não atingem igualmente todo o espaço urbano. Há uma
distribuição que revela a segregação social do uso do solo urbano: quem tem poder aquisitivo
elevado dispõe de grandes áreas e de infra-estrutura que lhes permite manter a vegetação,
preservar o solo e as áreas de recargas dos aquíferos, mas os espaços físicos de ocupação das
classes sociais menos favorecidas são os mais atingidos, devido principalmente a ocupação de
áreas em declives ou nas proximidades dos leitos de inundação dos rios, tanto pelos riscos
ambientais decorrentes da moradia, como pelo desmoronamento, erosão e assoreamento
(CARLOS, 1994).
Cabe ao poder público fiscalizar e controlar os agentes indutores do crescimento, pois
esses agentes, algumas vezes, induzem uma expansão urbana desordenada. O agente público
detém o controle e responsabilidade sobre o espaço urbano e os mecanismos legais para
empregar em relação a esse espaço, tais como regulamentação do uso do solo, direito de
desapropriação, limitar determinados setores de apropriar do solo urbano em benefício próprio
ou de determinados segmentos. A ausência de fiscalização leva ao descontrole, e esse afeta
diretamente os recursos hídricos (OLIVEIRA, 2005).
20
Segundo Oliveira (2005), o estado nem sempre assume esse papel, de executar um
planejamento adequando aos diplomas legais, direcionando as ocupações do espaço urbano de
maneira sustentável. Muitas vezes esse mesmo estado fica a revelia do processo por omissão ou
por conivência, e em seguida age para conter as demandas sociais em detrimento da maioria da
população em beneficio de uma minoria privilegiada.
Segundo Giannetti (2006, p.43), “o máximo benefício aparente instantâneo pode trazer
consigo a pena de morte. O custo de escolhas seriamente inadequadas pode acarretar danos
irrecuperáveis ao indivíduo e, no limite, a extinção da espécie.” Estas escolhas, no presente, não
estão sendo bem assimiladas pela sociedade, pois a questão da sobrevivência é um instinto
muito forte em todas as espécies. No entanto essas escolhas não podem comprometer o futuro
da espécie humana.
Para Giannetti (2006), “a tensão entre presente e futuro – agora, depois ou nunca – é
uma questão de vida ou morte que permeia toda cadeia do ser”. Pelo que se vê as escolhas dos
seres humanos estão sendo feitas não pela vida, mas pela morte, quando contamina os cursos
d’água, inviabilizando sua utilização para as gerações futuras.
Segundo Macedo (2001 apud CHRISTOFIDIS 2001) “indivíduos e a natureza não estão
separados, mas formam um conjunto impossível de ser dissociado. Por isso é que qualquer
forma de agressão ao meio ambiente, para o enfoque holístico, é uma forma de suicídio.”
Nesse contexto, é crucial analisar a qualidade da água considerando-a uma questão de
saúde pública, cujos critérios devem ser observados e controlados constantemente para
assegurar condições adequadas e segurança no fornecimento de água à população, por meio da
eliminação ou redução de componentes que ofereçam riscos à saúde humana.
Para determinar a qualidade não só da água, mas de qualquer produto, não se deve
restringir apenas à determinação de sua pureza, mas às características essenciais para o uso
desse produto, sejam elas físicas, químicas ou biológicas, uma vez que essas características
podem ser alteradas, principalmente pela poluição, que pode ter diversas origens (BATTALHA;
PARLATORE, 1998).
21
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAL
Avaliar a qualidade da água do rio Meia Ponte na cidade de Goiânia - Goiás, frente a
urbanização desta cidade.
2.1.1 Objetivos específicos
 Analisar os impactos da urbanização da cidade de Goiânia – Goiás na qualidade
da água do rio Meia Ponte
 Avaliar o Índice de Qualidade da Água (IQA) do rio Meia Ponte da nascente até a
foz.
2.2 JUSTIFICATIVA
O Brasil possui a maior disponibilidade hídrica do planeta, um volume correspondente
a 11,20% do deflúvio médio mundial, equivalendo a 5.744 km³ de água por ano. Mesmo
tendo um volume considerável, a distribuição regional não é uniforme, pois 45,3% desta água
está na região norte, onde está apenas 6,98% da população, o nordeste com 28,91% da
população tem à sua disposição somente 3,30% de água, na região sudeste onde está 42,65%
da população há somente 6,00% de água disponível, ou seja, quase metade da população do
país tem menos de 10,00% de água para suas atividades, enquanto a região sul tem 6,50% de
água para 15,50% da população. No centro oeste está 6,41% da população com uma
disponibilidade de 15,70% de água (BRASIL, 2008).
No estado de Goiás a atividade que tem maior consumo de água é a agricultura com
84%, seguida pelo abastecimento humano com 9% e pela indústria com 7% (GOIÁS, 2006a).
A bacia hidrográfica do rio Meia Ponte tem quase 50% da população do estado, em
uma área de apenas 3,56% da área total do estado, esta alta densidade populacional produz
22
elevados impactos nos corpos d’água dessa bacia, comprometendo a sua utilização (GOIÁS,
2006c).
Para que os impactos da urbanização na bacia do rio Meia Ponte não venham
comprometer a qualidade das águas desta bacia é necessário um planejamento através dos
planos diretores das cidades que estão inseridas nela, a fim de disciplinar o uso do espaço
urbano e com isso minimizar a degradação dos corpos d’água.
Para Oliveira (1991), planejamento não deve ser confundido com previsão, projeção
ou mesmo solução para a ocupação do espaço urbano, e segundo Ribas e Mello (2004), a
ausência de planejamento produz ocupações irregulares, e os resíduos sólidos produzidos por
essa parcela da população, muitas vezes são descartados de maneira irregular em lotes
baldios, no meio das vias públicas ou não são recolhidos, e esse material descartado, através
da ação das chuvas ou ventos é carreado para os rios, provocando degradação tanto pelo
próprio material, como pelos resíduos de produtos químicos (sabão em pó, óleo de cozinha,
shampoo, detergentes, óleos minerais, etc.), contidos nas embalagens (RIBAS; MELLO,
2004).
Ainda segundo Ribas e Mello (2004), outra fonte de degradação é o esgoto lançado
através de ligações clandestinas à rede de águas pluviais ou mesmo lançado diretamente nos
corpos d’água, levando à sua contaminação.
Em Goiás (2006b) diz que a retirada das matas ciliares ou de galeria, das margens do
rio Meia Ponte, aumenta o potencial de degradação do solo, e este, no período de chuva, é
carreado juntamente com restos de defensivos e adubos químicos para o seu leito, e com isso
contaminando-o, e em casos extremos extinguindo a vida aquática e toda a cadeia que dela
depende.
Nesse contexto é importante verificar como está comportando a água do rio Meia
Ponte antes e após o perímetro urbano e quando este cruza o perímetro urbano da cidade de
Goiânia, para que políticas públicas mitigadoras sejam efetivadas para amenizar os impactos
nocivos, sobre o rio, de uma urbanização descontrolada.
23
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 RECURSOS HÍDRICOS
A água é imprescindível em todas as atividades econômicas, seja de modo direto,
como irrigação, no processo de transformação na indústria, ou de modo indireto, na geração
de energia elétrica, e em último caso na refrigeração dos motores das termoelétricas.
É um produto que faz parte de todas as atividades humanas desde a recreação
passando pelo consumo e manutenção da vida, produção, até chegar no paisagismo,
prestando-se portanto a múltiplos usos. É um bem precioso e de valor inestimável, que deve
ser obtido conservado e protegido a qualquer custo.
Desenvolvimento sustentável tem como base que o uso dos recursos renováveis sejam
utilizados de forma a não limitarem seu uso por futuras gerações. Portanto, um dos maiores
desafios a enfrentar, no futuro, para alcançar o desenvolvimento sustentável será minimizar os
efeitos da escassez de água, sazonal ou não. Sem dúvida entre os fatores limitante de
desenvolvimento a água é um insumo vital (SALATI; LEMOS; SALATI, 2006).
A poluição pode comprometer a qualidade da água para seus diversos usos, essa
poluição pode ser entendida como qualquer alteração de suas características físicas, químicas
e biológicas, de modo a torna-la prejudicial às formas de vida que ela normalmente abriga,
que dificulte ou impeça um uso benéfico definido para ela (MOTA, 1995).
A Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) n° 357/05, em seu
art. 2° define “água doce: água com salinidade inferior a 0,5%; água salobra: água com
salinidade de 0,5% a 30%; água salina: salinidade superior a 30%.”
A água doce é utilizada para consumo humano, dessedentação de animais, na agricultura e
para recreação e são exclusivamente continentais. Isso mostra enorme importância desse tipo de
água, que representa apenas cerca de 2,8 % de toda a água líquida da terra. A água própria para
beber não pode conter sais em grandes quantidades. Deve possuí-los, sim, em quantidades
ideais, pois muitos deles são essenciais a nossa saúde, como os sais de sódio e cálcio.
Christofidis (2001, p. 55) assinala que:
A água é um recurso natural renovável, mas não permanece disponível, que sofre
sensivelmente com as ações do homem, que modifica sua qualidade e a quantidade
no espaço e no tempo o que exige sua proteção, controle e uso harmônico. No
presente, em muitas regiões do mundo, os recursos hídricos disponibilizados pelo
ambiente encontram-se em quantidades inferiores às utilizações, e a capacidade de
assimilação dos resíduos pelos corpos hídricos está abaixo dos limites, face às
24
quantidades e às características dos refugos produzidos pelo homem, cada vez mais
complexos e de difícil depuração.
Segundo Philippi Jr., Romero e Bruna(2004), quando há abundância de água, ela pode
ser tratada como bem livre, sem valor econômico. Porém há algum tempo os ambientalistas
alertam para o seu desperdício, sua contaminação devido o lixo, esgoto, invasões ao redor das
reservas, desmatamentos, poluentes industriais e agrícolas.
Para Philippi Jr., Romero e Bruna (2004), o uso da água, seja na sua forma mais nobre,
que é o abastecimento público, seja uma de suas formas mais simples, a navegação, provoca a
alteração de sua qualidade, que dependendo da intensidade, poderá prejudicar aquele mesmo
uso ou outro de maior importância. Portanto, a adição de nutrientes orgânicos na água
favorece o desenvolvimento de uma população de micro-organismos decompositores, que
consomem rapidamente o gás oxigênio dissolvido na água alterando sua qualidade, causando
sua degradação, comprometendo a vida aquática, a saúde humana e a saúde animal.
Segundo Mota (1995) quando a poluição de um determinado recurso hídrico resulta
em prejuízos à saúde do homem, dizemos que há contaminação. Essa contaminação é um caso
particular de poluição, e considera-se uma água contaminada quando ela recebeu microorganismos patogênicos ou substâncias químicas ou mesmo radioativas que impeçam o seu
uso pelo homem.
Ainda segundo Mota (1995) a poluição resultante de processos naturais, em geral, não
causa problemas de maior importância para o homem, a não ser aqueles intensificados pelo
próprio homem. Entre essas fonte naturais encontra-se a decomposição de vegetais, erosão
das margens ou mesmo animais mortos, condições que em geral são absorvidas pelos
processos naturais de equilíbrio da natureza.
A água também pode ser contaminada pelos esgotos, cujas proporções são
preocupantes quando provém das grandes concentrações urbanas, onde a produção de água
servida é muitas vezes maior do que numa pequena comunidade. Com o crescimento
acelerado da população da terra, o problema tornou-se mundial. Os esgotos contêm, além de
fezes humanas, restos de alimentos, sabões e detergentes, sendo considerado o principal fator
poluente da água em regiões densamente povoadas. A contaminação das águas pelos esgotos
urbanos resulta em dois problemas muito sérios: a contaminação por bactérias patogênicas e a
contaminação por substâncias orgânicas degradáveis por bactérias, e ainda tem os
contaminantes agropastoris como os pesticidas, fertilizantes e excrementos de animais
(MOTA, 1995).
25
Para produzir uma tonelada de grãos, em média, é necessário hum mil tonelada de
água. Isso demonstra que só para consumo alimentar de grãos, seja direta ou indiretamente
por consumo de produtos de origem animais, ocorre um alto consumo de água
(CHRISTOFIDIS, 2001).
Significa, segundo Christofidis (2001), que para produzir 1,0 kg de grãos são
necessários 1000 litros de água, enquanto que 1,0 kg de grãos possibilita obter 0,140 kg de
carne bovina, 0,250 kg de carne suína ou 0,500 kg de carne de frango.
O Plano Nacional de Recursos Hídricos orienta e integra as práticas para melhor
eficácia e oferta das águas bem como um gerenciamento eficiente dos recursos hídricos
(CHRISTOFIDIS, 2001).
O enquadramento dos corpos d’água em classes visa disciplinar os diversos usos,
garantindo assim que a água tenha qualidade compatível com os usos que se pretende para
cada bacia hidrográfica ou trechos de bacias, fazendo com que haja uma redução de custos e
diminuição da degradação da água a ser oferecida através de ações preventivas
(CHRISTOFIDIS, 2001).
3.1.2 Legislação de Recursos Hídricos
Os países em desenvolvimento em sua maioria não detêm capacidade institucional ou
mesmo de pessoal para aplicar adequadamente a legislação que protege o meio ambiente, e
com isso as fontes poluidoras e geradoras de cargas difusas agravam a cada dia em volume.
As fontes poluidoras de cargas difusas, juntamente com as fontes pontuais que lançam
produtos químicos, sintéticos, que são invisíveis e tóxicos, torna a água uma substância
poluída, de difícil tratamento e altamente prejudicial ao meio ambiente (CHRISTOFIDIS,
2001).
Devido ao crescimento da demanda hídrica, a água passou a ser, em muitos casos,
motivo de conflitos entre seus usuários. Um exemplo é a recente guerra que hoje acontece no
Sudão, em que a disputa pela água tem levado milhares de pessoas à morte, segundo a
Organização das Nações Unidas - ONU. Em um estudo preparado para o Dia Mundial da
Água, a ONU apontou que o acesso à água será a causa principal das guerras na África até
2030, principalmente em regiões pobres que compartilham rios e bacias (GASPAR, 2009).
26
Segundo Christofidis (2001), no Brasil a legislação que disciplina a utilização dos
recursos hídricos, teve seu início efetivo na primeira década do século XX, quando em 1907 o
Governo Federal apresentou ao Congresso Nacional, o Código das Águas.
O Código Civil Brasileiro, lei 3.071 de janeiro de 1916 em seu artigo 52, dizia:
A propriedade do solo abrange a do que lhe está superior e inferior em toda a altura
e em toda a profundidade, úteis ao seu exercício, não podendo, todavia, o
proprietário opor-se a trabalhos que sejam empreendidos a uma altura ou
profundidade tais, que não tenha ele interesse algum em impedi-los. (Redação dada
pelo Decreto do Poder Legislativo nº 3.725, de 15.1.1919 (BRASIL, 1919).
Com a crise de 1929 os produtores de café perderam importância. Com a chegada de
Getúlio Vargas no poder através da revolução de 1930, as posições defendidas por essa elite
cafeicultora foram superadas, e as correntes que defendiam a modernização do Brasil através
da industrialização do país ganharam forças, tanto assim que o governo do Estado Novo
editou diversas normas visando modernizar a economia.
O novo Código das Águas, decreto 24.643/34, estabelece dois domínios, a saber: um
para as águas públicas e outro para as águas particulares. Os mares incluindo os golfos, baias,
enseadas e portos, as correntes, canais, lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis, as fontes e
reservatórios públicos são águas públicas de uso comum ou dominicais, e as águas
particulares são aquelas que estão em terrenos particulares (BRASIL, 1934).
Segundo Christofidis (2001), o Código das Águas de 1934, priorizou a produção de
energia elétrica, e a produção de alimentos através da irrigação, e a concessão para exploração
do potencial hidroelétrico passou dos estados para a união. No preâmbulo fica claro os
objetivos do decreto, “[...] permitir o poder público controlar e incentivar o aproveitamento
industrial das águas; considerando que, em particular, a energia hidráulica exige medidas que
facilitem e garatam o seu aproveitamento racional [...]”.
Esse decreto 24.643/34, já previa que nenhum usuário das águas pode prejudicar outro
usuário, é o que está no artigo 53 que diz;
Os utentes das águas públicas de uso comum ou os proprietários marginais são
obrigados a se abster de fatos que prejudiquem ou embaracem o regime e o curso
das águas, e a navegação ou flutuação exceto se para tal fato forem especialmente
autorizados por alguma concessão (BRASIL, 1934).
Todo o capitulo V, Título II do Livro II dessa lei deixa, sem margem de dúvida, que
não poderá haver obstrução do acesso às águas, e caso isso ocorra, quem obstruiu deverá
remover o obstáculo e será punido se não o fizer.
O artigo 109 diz “A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não
consomem, com prejuízo de terceiros” (BRASIL, 1934) e deixa explícito no artigo 110 que
quem o fizer será responsabilizado criminalmente e sofrerão multas.
27
Já no artigo 111 diz que os relevantes interesses da agricultura e da indústria poderão
utilizar as águas, mas deverão devolv-las purificadas ou lançadas ao esgoto, mas os
agricultores ou indústrias deverão indenizar a União, os Estados, os Municípios, as
corporações ou os particulares caso lesarem estes pelo favor concedido. Isso significa que já
existia nesse Código das Águas de 1934 a possibilidade de o poluidor pagar uma indenização,
ou seja o princípio poluidor-pagador (BRASIL, 1934).
Segundo o decreto 24.634/34, a água subterrânea era de propriedade do dono do solo
onde esta se encontrava, no entanto, limitou essa propriedade para que terceiros não fossem
prejudicados pelos donos do solo onde se encontrava essa água, e mais, a administração
pública podia intervir para que as obras que estivessem prejudicando o uso comum ou
particular fossem suspensas (BRASIL, 1934).
O Código de Águas de 1934, veio com o intuito de dirimir os conflitos que iriam
surgir em consequência da utilização das águas para gerar energia elétrica e sua utilização
pela indústria. Essa lei foi uma derrota da elite cafeicultora, e uma espécie de porta de entrada
do Brasil na era da industrialização, pois para que a nascente indústria brasileira se
desenvolvesse era necessário energia elétrica (BRASIL, 1934).
Mesmo priorizando o setor elétrico, o Código das Águas de 1934, fez ressalvas para
satisfazer as exigências acauteladoras dos interesses gerais, da alimentação e das necessidades
das populações ribeirinhas, da salubridade pública, da navegação, da irrigação, da
conservação da livre circulação dos peixes, do escoamento e rejeição das águas e da proteção
contra inundações, (artigo 143) (BRASIL, 1934).
A legislação de que trata o gerenciamento dos recursos hídricos teve dois setores
predominantes no início, que foram, o hidroelétrico e a irrigação (CHRISTOFIDIS, 2001),
mas segundo Silvestre (2003), o setor elétrico mesmo com as ressalvas previstas no código
24.643/34 conduziu a política hídrica a margem dos demais usos, acumulando ao longo dos
anos um grande passivo com os outros usuários.
A água vem se tornando escassa nos aspectos quantitativos e qualitativos, pois quando
a degradação afeta de tal forma a qualidade e a quantidade disponível para atender os padrões
exigidos, afim de que os valores admissíveis para determinados usos não excedam, significa
mais investimentos para garantir esta qualidade e quantidade. Motivo então mais do que justo
para que ela seja gerida como bem econômico e atribuindo-lhe um valor justo.
Neste aspecto a Lei 9.433/97, em seu art. 1°, inciso II, diz “a água é um recurso natural
limitado, dotado de valor econômico”, deixando claro que ela é um bem finito e em muitos
casos, escasso (BRASIL, 1997).
28
Como a água é um bem necessário para dar continuidade ao crescimento econômico,
as Bacias Hidrográficas passam a ser áreas geográficas de preocupação de todos os agentes de
interesses públicos e privados, pois elas abrangem várias cidades, propriedades agrícolas e
industriais.
Todos estes agentes têm interesses muitas vezes antagônicos, o que pode levar a
geração de conflitos, e estes devem ser discutidos nos Comitês de Bacias Hidrográficas, que
são compostos por representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal, dos
Municípios, “dos usuários das águas, das entidades civis de recursos hídricos com atuação
comprovada na bacia”, cuja atribuição é promover o debate e entendimento entre as partes
envolvidas nos possíveis conflitos de interesse, conforme previsto na lei 9433/97 em seu
artigo 38, inciso I.
A presença de vários atores em uma determinada bacia pode levar alguns deles a não
preocupar-se com os interesses dos demais, lançando nos cursos d’água alguns produtos
químicos industriais e agrícolas (agrotóxicos), esgotos sem o devido tratamento, podendo
impedir ou dificultar a purificação natural da água (reciclagem). Nesse caso, existe as
penalidades ao infrator previstas na 9433/97 em seu artigo 49, mas isso não áa construção de
sofisticados sistemas de tratamento para permitir a retenção de compostos químicos nocivos à
saúde humana, à vida aquática e à vegetação.
A Constituição Federal de 1988 implantou um novo marco legal, quanto a propriedade
e os recursos minerais, no artigo 176, diz: “As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos
minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta do solo, para
efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra” (ANGHER, 2011).
O novo Código Civil Brasileiro, lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, no Título III,
Capítulo V, Seção V, manteve praticamente as mesmas restrições impostas pelo Código das
Águas de 1934, dizendo que a água das nascentes que estão em uma propriedade ou mesmo as
águas que por ela passam podem ser utilizadas, represadas, mas não podem ser desviadas,
poluídas, para permitir o uso dos proprietários adjacentes, e caso venha poluir ou desviar
essas águas, deve recuperar e ressarcir aos demais os danos a eles causados, como segue nos
artigos abaixo (BRASIL, 2002):
Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais,
satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso
natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.
Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas
indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis
29
inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes
sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas.
Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras
para represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio
alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do
benefício obtido.
A Política Nacional de Meio Ambiente foi instituída pela lei 6.938 de 31 de agosto de
1981, uma lei específica que trata do meio ambiente e não dos recursos hídricos, que só foi
tratado na lei 9433 de 8 de janeiro de 1997, ou seja, 16 anos depois (CHRISTOFIDIS, 2001).
A lei 9433 de 8 de janeiro de 1997, a denominada Lei das Águas, institui a Política e o
Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, que significou um marco no
gerenciamento dos recursos hídricos, bem como no desenvolvimento sustentável do Brasil.
Esta lei institui a gestão descentralizada e participativa em todas as instâncias envolvidas na
gestão da água, desde o Poder Público, usuários e comunidades, é o que preconiza os
fundamentos da lei em artigo 1º, inciso VI (MUÑOZ, 2000).
Essa lei trouxe uma inovação, que foi a introdução da democracia participativa, onde
só existia a democracia representativa, apresentando aos atores envolvidos na gestão dos
recursos hídricos uma visão nova e mais atualizada de encarar a dicotomia desenvolvimento e
meio ambiente (MUÑOZ, 2000).
A Política Nacional de Recursos Hídricos, implantada pela lei 9433/97 em seu artigo
2º, inciso I, define como principais objetivos “assegurar a atual e às futuras gerações a
necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequada aos respectivos usos”
(MEDAUAR, 2000).
Segundo Muñoz (2000), a lei das águas é uma evolução de discussões ao longo de
quatorze anos, iniciada no ano de 1983, com o Seminário Internacional de Gestão de Recursos
Hídricos, e passando pela Conferência de Dublin de 1992, sobre Recursos Hídricos e
Desenvolvimento Sustentável, que estabeleceu recomendações para implantar ações locais,
nacionais e internacionais, baseadas em quatros princípios:
1) A água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial para sustentação da vida,
do desenvolvimento e do meio ambiente;
2) O desenvolvimento e a gestão da água deve ser baseados na participação dos
usuários, dos planejadores e dos políticos, em todos os níveis;
3) As mulheres tem um papel essencial no aprovisionamento, gestão e proteção da
água;
4) A água tem valor econômico em todos os seus usos compartilhados e deve ser
reconhecida como um bem econômico.
Conclui-se que a Lei das Águas, lei 9433/97, é uma visão que foi construída ao longo
dos anos até chegar à sua promulgação, com o objetivo de preservar e “assegurar à atual e às
futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos
30
respectivos usos”. Além de promover a utilização racional e integrada dos recursos hídricos,
incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável (MUÑOZ,
2000).
Os recursos hídricos na Agenda 21 brasileira têm um capítulo específico que propõem
diversas ações, para preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias
hidrográficas: Difundir a consciência de que a água é um bem finito; Implementar a Política
Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos. Promover a educação ambiental, principalmente
das crianças e dos jovens nos centros urbanos, quanto às consequências do desperdício de
água; assegurar a preservação dos mananciais, pelo estabelecimento de florestas protetoras;
promover a modernização da infra-estrutura hídrica de uso comum; Impedir, nos centros
urbano, a ocupação ilegal das margens de rios e lagoas; Combater a poluição do solo e da
água e monitorar os seus efeitos sobre o meio ambiente (BRASIL, 2004a).
No entanto, a conscientização ambiental de se preservar, só pode ser traduzida em
ação efetiva quando segue acompanhamento de uma população preparada para conhecer,
entender e exigir seus direitos e exercer suas responsabilidades, no tocante a preservação bem
como na utilização dos recursos hídricos.
O Ministério da Saúde através da Portaria 518/2004, define as condições físicoquímicas, bacteriológica necessária para uma água ser considerada sem risco à saúde humana.
Esta Portaria impõem parâmetros mais restritivos de qualidade da água para ser consumida
pela população.
Dentre as normas específicas que regulamentam o uso e a qualidade da água, destacase a Resolução do CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005. Ela é responsável pela
definição, quantificação e aplicação de padrões de qualidade da água visando garantir
condições de uso da água pela população, bem como divulgar informações sobre sua
qualidade, tais como características físicas, químicas e microbiológicas. Em geral, pode-se
dizer que essa Resolução visa proteger a vida humana e preservar a vida aquática assegurando
o valor mais restritivo de acordo com as classes de uso.
A utilização da água, tanto para as necessidades do homem quanto para a preservação
da vida, pode ser separada em grandes grupos: abastecimento público; abastecimento
industrial; diluição e transporte de efluentes; atividades agropastoris; preservação da fauna e
da flora aquática; recreação; geração de energia elétrica; navegação entre outros,
(CHRISTOFIDIS, 2001).
Para garantir o direito de todos a água de qualidade e disciplinar este acesso, bem
como regular o lançamento de efluentes industriais e domésticos, foram criado os órgãos
31
regulatórios como Agencia Nacional de Água (ANA), Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA), a nível nacional e no estado de Goiás a Agência Goiana de Regulação, Controle
e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR).
32
4 ÁREA DE ESTUDO
Figura 1 - Bacia Hidrográfica do rio Meia Ponte
Fonte: SEMARH-CGEO, Daniel Guzzo
33
4.1 A REGIÃO CENTRO-OESTE
A região Centro-Oeste é uma região de expansão agrícola, com uma extensão de
1.612.077km², que representa 18,90% do território nacional, com 14.058.094 de habitantes
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010), que representa
7,37% da população brasileira.
O planalto central segundo Schmitz (1993), foi ocupado por volta de 30.000 anos,
Antes do Presente (A.P), quando, datado pelo processo Carbono 14 ( C14), descobriu que o
homem presente nesta região desenvolveu uma indústria lítica sobre seixos de quartzo e
quartzito, aparecendo utensílios de lascas com sinais de uso, mas, no entanto sem retoques, o
que comprova estudos ainda inéditos e pinturas rupestres datadas de 27.000 anos A.P. Isto foi
facilitado pela presença farta de frutas e animais de pequeno e médio porte que eram caçados.
Esta região hoje é composta pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás
e Distrito Federal, e pela afirmação de Barbosa e Nascimento (1993), notamos que o cerrado
nos dias atuais ainda tem características que faz com que ela, com estação seca e chuvosa bem
definida e um solo característico, seja uma região onde a fixação do homem não teve grandes
empecilhos.
Ainda segundo Barbosa e Nascimento (1993), com uma topografia plana, facilitou a
ocupação tanto no passado como na atualidade, permitindo assim a formação de extensas
áreas de pastagens no início da ocupação moderna e em seguida plantações de milho, soja,
cana-de-açúcar e outras culturas.
4.1.1 Estado de Goiás
4.1.1.1 Histórico
O nome Goiás tem sua origem na tribo indígena “guaias”, do termo tupi gwa ya que
quer dizer indivíduo igual, gente semelhante, da mesma raça, que por corruptela se tornou
Goiás.
34
Segundo Palacin e Moraes (2001):
Goiás era conhecido e percorrido pelas bandeiras quase que desde os primeiros dias
da colonização, mas seu povoamento só se deu em decorrência do descobrimento
das minas de ouro no século XVIII. Esse povoamento, como todo povoamento
aurífero, foi irregular e instável.
O Estado de Goiás teve sua origem oficial com Provisão Régia de 09 de maio de 1748,
que criou a capitania de Goiás, onde o marco oficial da criação da Capitania de Goiás foi com
a posse de Marcos de Noronha, primeiro governador, em 08 de novembro de 1749, no Arraial
de Sant’Ana, Vila Boa. Antes o território fazia parte da capitania de São Paulo.
O estado desenvolveu rapidamente com a transferência da capital da cidade de Goiás
para Goiânia, construída especialmente para ser a capital do estado, iniciando o
desbravamento do mato grosso goiano, com a campanha nacional de “marcha para o oeste”,
que culminou na década de 50 com a construção de Brasília. A construção da nova capital
federal veio imprimir um ritmo acelerado ao desenvolvimento não só de Goiás como de toda
região centro-oeste (GOIÁS, 2009)
Nas décadas de 60 a 80 o estado apresenta um desenvolvimento acelerado, tornando
um dos grandes exportadores de produtos agropecuários, e destacando pelo rápido processo
de industrialização. Hoje o estado está totalmente inserido na economia globalizada, e
mantém relações comerciais com os principais centros consumidores tanto do Brasil como do
exterior (GOIÁS, 2009).
A ocupação do estado de Goiás a partir da implantação de Goiânia e em seguida de
Brasília foi desordenada, provocando uma pressão enorme sobre os recursos naturais,
principalmente os recursos hídricos, pois com o aumento da população foi necessário fornecer
água tratada, alimentos e retirar os esgotos domésticos, que em sua maioria eram lançados nos
rios mais próximos.
A população recenseada em 2010 pelo IBGE foi de 6.003.788 habitantes, sendo o
estado mais populoso do Centro-Oeste, com uma densidade demográfica de 17,24
habitantes/km². Os dados do censo de 2010 mostra que 89,25% da população estão nas áreas
urbanas e 10,75% moram na área rural. É uma população equilibrada, onde as mulheres
representa 50,34% contra 49,66% da população masculina (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010a).
Nas últimas décadas, Goiás experimentou intensa expansão de suas fronteiras
agropecuárias. Entre 1980 e 2004, o Estado foi desmatado a uma taxa média efetiva de 1,14%
ao ano. Com isso, as formações florestais nativas foram reduzidas a cerca de 11.590.000
hectares, ou 34% do Estado, concentrados principalmente no Nordeste goiano. Esse ritmo de
35
conversão de terras se reflete em pressões sobre os demais recursos ambientais, inclusive os
hídricos. As relações entre uso do solo e as águas estão claramente demonstradas, sendo que a
conversão de áreas florestadas, principalmente para o uso agrícola ou urbano, tem sido
associada à diminuição da sua qualidade (ANTUNES, 2004).
4.1.1.2 Economia
No início da colonização do estado de Goiás, sua economia era baseada na mineração
do ouro, sendo proibido o plantio de cana de açúcar, conforme documento datado de 13 de
junho de 1732 (PALACIN; MORAES, 2001).
Para Palacin e Moraes (2001), a coroa portuguesa não tinha interesse em outras
atividades que pudessem desviar os esforços da mineração do ouro. Os outros bens, como
alimentos, tecidos, açúcar, sal e ferramentas, poderiam ser importados da Bahia, Rio de
Janeiro ou São Paulo.
A economia do Estado de Goiás só desenvolveu produção agrícola e pecuária, após o
declínio da mineração do ouro. Na agricultura destaca-se a produção de arroz, café, algodão
herbáceo, feijão, milho, soja, sorgo, trigo, cana-de-açúcar e tomate. A criação pecuária inclui
18,6 milhões de bovinos, 1,9 milhão de suínos, 49,5 mil bubalinos, além de equinos, asininos,
ovinos e aves. O Estado de Goiás produz também água mineral, amianto, calcário, fosfato,
níquel, ouro, cianita, manganês, nióbio e vermiculita (GOIÁS, 2009).
No aspecto econômico, o Produto Interno Bruto (PIB) em 2006 foi de R$ 57,091
bilhões, significando uma participação de 2,41% no PIB do Brasil, ocupando assim a 9ª
posição no ranking nacional. Com isso o PIB “per capita” foi de R$ 9.962,00 em 2006, com
crescimento real de 1,13% em relação ao ano anterior. A formação do PIB goiano em 2006
deu-se da seguinte forma: 10,26% proveniente da agropecuária, 26,54% da indústria e 63,20%
de serviços (GOIÁS, 2009).
O setor extrativista tem relevância para o estado, principalmente o setor de mineração.
Goiás possui depósitos de grande importância econômica, dentre eles o calcário agrícola,
fosfato, cobre, níquel, vermiculita, ouro, esmeralda, nióbio e cobalto. A extração do níquel
representa 57,27% da produção nacional, sendo o principal produtor. A produção de ouro,
29,63% e cobre, 23,39%, coloca o estado de Goiás em 2º lugar no ranking nacional (GOIÁS,
2009).
36
Na agricultura Goiás destaca como o quarto maior produtor de grãos, com uma
participação de 8,95% da produção do Brasil em 2008. O destaque é a soja com uma área
plantada de 2,18 milhões de hectares, bem superior ao segundo produto, o milho, com 905 mil
hectares. A soja produzida em Goiás representou 11,02% da produção nacional de 59,92
milhões de toneladas e 22,71% da produção do Centro-Oeste de 29,079 milhões de toneladas
(GOIÁS, 2009).
No ano de 1970 existia em Goiás 5692 tratores, pulando para 42688 tratores em 2006,
esse incremento fez com que a mão de obra utilizada na produção caísse de 547.647 em 1970
para 402.441 em 2006, uma clara evidência da mecanização da produção (GOIÁS, 2009).
Com estes dados referentes à produção de grãos verifica-se que a agricultura tem um
papel preponderante na economia do estado e consequentemente é uma atividade que produz
uma pressão enorme quando diz respeito aos impactos produzidos no meio ambiente.
Considerando que a área irrigada representa 7,52% da área total de produção, onde o principal
insumo é a água que é utilizada intensamente às vezes sem controle, produzindo assim uma
pressão maior sobre os recursos hídricos.
Tabela 1 - Uso da terra
Utilização da terra
Lavouras
Pastagens
Matas e florestas
1970
1.636.165 ha
23.785.182 ha
4.935.660 ha
2006
3.590.579 ha
15.524.699 ha
5.239.876 ha
A área de lavoura visto na tabela 1 aumentou 45,57% entre 1970 e 2006, um incremento
significativo, mesmo considerando que na área de pastagem houve uma diminuição de 34,73%,
o aumento da área de matas e florestas foi de 6,16%, no entanto a metodologia empregada
considera como mata e floresta as áreas florestais também utilizadas para lavouras e pastoreio
de animais.
A agropecuária goiana tem participação significativa na economia do estado, é o 4º
produtor de bovinos com um rebanho, representando 10,25% do rebanho nacional, num total de
20,47 milhões de cabeças de gado. É o segundo em número de cabeças de gado leiteiro,
10,82%, com um total 2,286 milhões animais (GOIÁS, 2009).
A estrutura fundiária é representada por mais de 45% de pastagem e 17,89% de cultura,
mostrando a importância da agropecuária na economia do estado. Em 2006, segundo o Censo
Agropecuário, possuia 117.623 estabelecimentos com uma área de 15,525 milhões de hectares
de pastagens, que representavam 9,01% do total nacional. A área coberta por floresta e matas
37
representa 20,97% do total de área dos estabelecimentos agropecuários de Goiás, percentual
bem abaixo do nacional e regional, que representam cerca de 28% do total, (GOIÁS, 2009).
4.1.1.3 Aspectos físicos
O estado de Goiás esta localizado na região Centro-Oeste, se estende entre os paralelos
13º00’ e 19º00’S e os meridianos 46º00’ e 53º00’W sendo o 7º maior em extensão territorial
do Brasil com uma área de 340.086,698 km², tem uma altitude máxima de 1691m e mínima
de 182m, às margens do rio Araguaia (GOIÁS, 2009).
Goiás limita-se ao norte com o Estado de Tocantins; ao sul com o Estado de Minas
Gerais e Mato Grosso do Sul; a leste com o Estado da Bahia e Minas Gerais; e a oeste com o
Estado de Mato Grosso, possui 246 municípios e envolve quase todo o Distrito Federal,
exceto seu extremo sudoeste (GOIÁS, 2009).
Segundo Nascimento (1992), Goiás caracteriza-se como um divisor de águas, por ser
uma área de dispersão dos cursos d’água que vão compor as grandes bacias hidrográficas do
Brasil, (a bacia do norte vincula-se à Bacia Amazônica e a do sul, à Bacia do Paraná).
Suas terras são drenadas por rios de grande e médio portes, tais como: Tocantins,
Araguaia (Região Hidrográfica Tocantins/Araguaia) e Paranaíba (Região Hidrográfica do
Paraná), este um dos formadores do rio Paraná, na região meridional. Destacam-se ainda no
Estado, os rios Aporé, Corumbá, São Marcos, Claro e Maranhão (GOIÁS, 2009).
Segundo Siqueira (1996 apud BRANDELERO, 2008) em decorrência da morfologia
da região Centro-Oeste, a hidrografia do estado de Goiás é cortada pelos denominados rios de
planalto que se caracterizam por terem nos seus percursos pequenas quedas d’águas e
apresentar longos trechos de escoamento tranquilo, interrompido por degraus em seções de
salto. A maior parte desses rios apresentam regime tropical austral ocorrendo um
retardamento das vazões máximas em relação às precipitações.
38
4.1.1.4 Solo
No estado de Goiás, o uso e ocupação irregular ou inadequada do solo vêm
provocando alterações em suas características naturais, acarretando sérios problemas, como a
deterioração ambiental e uma elevada diminuição das áreas de recarga natural dos aquíferos
(GOIÁS, 2006b).
Os solos são importantes elementos ambientais, que compõem o substrato que controla
a maior parte dos ecossistemas terrestres, são primordiais na agricultura, geotécnica,
hidrogeologia, cartografia geológica, geologia ambiental, entre outros (GOIÁS, 2006b).
Os latossolos vermelhos predominam no sudoeste de Goiás, ocupando uma área de
30%
do território total do estado. Este tipo de solo apresenta uma baixa fertilidade,
implicando numa correção através de adubos e calcário agrícola. Entretanto o relevo com
baixa declividade e a grande espessura desse solo favorece a mecanização da agricultura.
Outros 15% da área é ocupada por latossolo vermelho amarelo, áreas onde predomina
pastagens plantadas, o restantes da área do estado, 55%, é formado por Cambissolo,
Argissolo, Nitossolo, Neossolo, Quartzarênico, Neossolo Litólico, Plintossolo e Gleissolo
(GOIÁS, 2006b).
Segundo Nascimento (1992), na Bacia Sedimentar do Paraná desenvolve solos do tipo
Latossolo Vermelho escuro e Latossolo vermelho amarelos. Nas áreas correspondentes às
depressões do rio Araguaia e Tocantins desenvolvem-se Latossolos vermelhos amarelos
distróficos e grandes extensões com cobertura detrítico lateríticas.
4.1.1.5 Geomorfologia
A densidade hidrográfica encontra-se vinculada aos domínios litológicos. Nas áreas
constituídas pelas rochas pré-cambrianas do Complexo Basal Goiano (granitos, gnaisses) e do
Grupo Araxá (micaxistos, quartzitos), evidencia uma densidade hidrográfica elevada, o que
reflete a maior coesão minerálica, responsável pelo maior escoamento superficial. Nas áreas
de rochas sedimentares paleomesozóicas da Bacia Sedimentar do Paraná, a porosidade
permite maior percolação das águas, e consequentemente, redução da densidade hidrográfica,
(NASCIMENTO, 1992).
39
A planície do Bananal, constituída essencialmente de depósitos aluvionares e
coluvionares areno-argilosos, inconsolidados, datados como Quartenários, apresentam um
padrão de drenagem anastomosado (NASCIMENTO, 1992).
O entalhamento dos talvegues por epigenia segundo Nascimento (1992), favoreceu a
evolução das vertentes, ficando restos de paleoplanos, testificandos aplanamentos terceários.
Como consequência desses fenômenos, surgiram os grandes divisores hidrográficos regionais,
formados pelo maciço goiano e planaltos sedimentares da Bacia do Paraná, responsáveis pela
separação da drenagem em direção às bacias do Tocantins e Platina. Outro divisor é a Serra
Geral de Goiás, que divide as águas da bacia do São Francisco das do Tocantins.
A compartimentação geomorfológica para o estado de Goiás compreende o Planalto
Central Goiano, subdividido em quatro unidades denominadas como Planalto Dissecado,
Planalto Rebaixado de Goiânia, Depressões e Morrarias do Rio dos Bois e Planícies Aluviais
(GOIÂNIA, 2008).
As áreas do Planalto Dissecado são caracterizadas por topos tabulares, em formato de
morros ou formando cristas, com altitudes variando de 720m a 1.100m, desenvolvido sobre
granulitos do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu, que dão origem a latossolos vermelhos
escuros e claros (GOIÂNIA, 2008).
O Planalto Rebaixado de Goiânia é formado por extensos interflúvios aplainados,
chapadas de topo tabular e ondulações suaves, com áreas dissecadas e relevos residuais, com
altitudes que vão de 720m a 900m, com as formas residuais oscilando entre 900m e 1040m,
como na Serra da Areia. Micaxistos e quartzitos do Grupo Araxá são litologias predominantes
que desenvolve Latossolos vermelhos a amarelados, localmente com presença de laterítica
(GOIÂNIA, 2008).
Já as Depressões e Morrarias do Rio dos Bois apresenta Interflúvios aplainados de
topo tabular a suavemente convexo e/ou rampeados, tendo uma altitude de 560m a 860m, com
um substrato rochoso formado por granulitos do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu e
Micaxistos do Grupo Araxá, que formam Latossolos vermelhos claros e escuros e coberturas
detrito-laterítica (GOIÂNIA, 2008). Finalmente as Planícies Aluviais tem topografia plana,
com pelo menos dois níveis de terraço, um formado por várzeas e outro mais elevado,
apresentando altitudes entre 560m a 760m, formado por depósitos aluviais quartenários
constituídos por siltes, argila, areia e cascalho.
40
4.1.1.6 Vegetação
A vegetação tipo savana (cerrado) é a segunda maior formação vegetal brasileira,
superada apenas pela Floresta Amazônica. É uma savana tropical na qual a vegetação herbácea
coexiste com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos (GOIÁS, 2006b).
Este bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, que vão desde o
cerradão (com árvores altas, densidade maior e composição distinta), passando pelo cerrado
mais comum no Brasil central (com árvores baixas e esparsas), até o campo cerrado, campo sujo
e campo limpo (com progressiva redução da densidade arbórea). Ao longo dos rios há
fisionomias florestais, conhecidas como florestas de galeria ou matas ciliares. Essa
heterogeneidade abrange muitas comunidades de mamíferos e de invertebrados, além de uma
importante diversidade de microorganismos, tais como fungos associados às plantas da região
(GOIÁS, 2006b).
4.1.1.7 Clima
O conhecimento dos elementos climáticos possibilita a adoção de medidas para mitigar
os riscos advindos das alterações climáticas extremas, como enchentes ou secas, melhorando
assim as condições da qualidade ambiental, tendo em vista que a relação homem e meio
ambiente passa a ser feita de maneira racional (GOIÁS, 2006b).
A precipitação média anual no estado de Goiás está em torno de 1532 mm. No entanto a
precipitação no período de chuva (outubro a abril) oscila entre a mínima de 1100 mm, e a
máxima de 2100 mm, com valores médios entre 1300 e 1500 mm. No período seco (maio a
setembro) a precipitação média oscila entre 150 a 200 mm, sendo que este período caracterizase por precipitação que não ultrapassam 100 mm na maior parte do estado (GOIÁS, 2006b).
Nimer (1972 apud NASCIMENTO 1992) refere:
O clima, em grande parte do estado de Goiás pode ser classificado como quente e
subúmido com quatro a cinco meses seco. Com características monçônicas
marcantes, 80% das chuvas caem de novembro a março, enquanto que de maio a
setembro, a umidade relativa do ar permanece abaixo de 70%. A sudoeste e a
noroeste do estado, verificam-se algumas peculiaridades. A noroeste ocorre estreita
faixa onde o clima pode ser classificado como quente e úmido, a sudoeste como
subquente úmido.
41
A temperatura do ar exerce um papel importante nos fatores que condicionam o meio
ambiente. No estado de Goiás as temperaturas máximas ocorrem no noroeste, região do
município São Miguel do Araguaia, nos meses de agosto e setembro, alcançando valores
médios máximos de 34º C. Já as temperaturas mínimas acontecem nos meses de junho e julho,
com valores médios mínimos de 12º C, e ocorrem no sudeste, região de Brasília, Catalão e
sudoeste do estado, região de Jataí e Mineiros (GOIÁS, 2006b).
4.1.2 Bacia hidrográfica do rio Meia Ponte
A bacia hidrográfica é uma região de captação natural das águas que precipitam e fazem
convergir os escoamentos para um ponto de saída, seu exutório. É composta basicamente por
um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem que formam cursos de água
que confluem até resultar em um único leito exutório (SILVEIRA, 2001 apud RODRIGUES
JUNIOR, 2008).
As bacias hidrográficas apresentam características diferentes em ambientes agrários ou
de floresta para os ambientes urbanos. Segundo Botelho e Silva (2004 apud FRANCO, 2009),
nas áreas florestadas e rurais o ciclo hidrológico não apresenta diferenças significativas, pois
não há uma grande redução na entrada de água no solo, enquanto que nos ambientes urbanos
devido a grandes áreas impermeabilizadas ocorre uma geração de fluxos superficiais e pouca ou
nenhuma infiltração de água no solo. Isto porque a infiltração tem a função de fazer com que a
água permaneça na bacia hidrográfica por maior tempo, permitindo que o ciclo hidrológico se
complete. As alterações na paisagem, com a retirada de florestas, impede que a água sirva de
suprimento para as plantas, abasteça o lençol freático, recarregue os aquíferos e abasteça os
cursos d`água durante a estação chuvosa e também na estação de seca.
A bacia do rio Meia Ponte esta inserida dentro da bacia do rio Paraná, que é a mais
industrializada e urbanizada do país, onde vive um terço da população brasileira (OIKOS
PESQUISAS APLICADAS LTDA, 2009). Está localizada na região centro sul do Estado de
Goiás, entre os meridianos 48º 46’ 48” e 49º 44’ 51” de longitude oeste e entre os paralelos 16º
06’ 38” e 32º 32’ 15” de latitude sul. Ao norte localiza-se a bacia hidrográfica do rio das Almas,
a oeste a bacia hidrográfica do rio dos Bois, a nordeste a bacia hidrográfica do rio Corumbá, e
ao sul encontra-se o rio Paranaíba do qual o rio Meia Ponte é um dos tributários pelo lado
direito (SIQUEIRA, 1996).
42
A população em 2010 segundo o IBGE na bacia do rio Meia Ponte era de 2.688.913
habitantes, que representa 44,82% da população total do estado de Goiás que era de 6.003.788
habitantes. Desses 2.688.913 habitantes que vivem na bacia do rio Meia Ponte 1.965.548 estão
na região de influência direta de Goiânia, Região Metropolitana de Goiânia (RMG), e
representam 73,05% desse total de habitantes que vivem na bacia hidrográfica do rio Meia
Ponte, e esses mesmos 1.965.548 representam 32,74 % da população total do estado de Goiás.
Isso significa que 32,74 % da população de Goiás está confinada em uma área de apenas
0,975 % do território goiano, na RMG, ou seja, em menos de 1,0 % do território do estado de
Goiás (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010a).
Essa população, portanto exerce uma enorme pressão sobre os recursos naturais da
região ocupada, essa pressão não vem somente do abastecimento de água para essa população,
mas também de outras atividades, como a irrigação, conforme podemos observar pelas imagens
01, 02 e 03, do Google.
A tabela 02 mostra que do ano de 1980 até 2010, a população residente nos municípios
que compõem a bacia aumentou 209,16%, passando de 1.286.392 habitantes para 2.684.913,
um aumento significativo em 30 anos, enquanto em todo o estado de Goiás o aumento foi de
192,37% no mesmo espaço de tempo.
Na mesma tabela verifica que desses 2.684.913 habitantes que estão na bacia do rio
Meia Ponte, 2.597.571 estão em áreas urbanas e 79.672 em áreas rurais.
O Alto rio Meia Ponte, que tem 17 municípios, tem uma população de 1.894.992
habitantes, que representa 31,56% da população total de Goiás. Desse total, dos habitantes que
moram nos municípios do Alto rio Meia Ponte, 1.865.668 vivem em áreas urbanas e 29.324 em
áreas rurais (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010a).
O Baixo rio Meia Ponte tem somente uma população de 795.620 habitantes, sendo que
desses, 731.903 estão em áreas urbanas e 50.348 nas áreas rurais, conforme tabela 2, com dados
do censo 2010 do IBGE.
Os municípios que fazem parte do Alto rio Meia Ponte, segundo Goiás (2006b) são:
Anápolis, Bonfinópolis, Brazabrantes, Caldazinha, Damolândia, Goianápolis, Goiânia,
Goianira, Inhumas, Itauçu, Leopoldo de Bulhões, Nerópolis, Nova Veneza, Ouro Verde de
Goiás, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo e Teresópolis de Goiás.
43
Figura 2 - Alto Bacia do rio Meia Ponte e Baixo Bacia do rio Meia Ponte
Fonte: SEMARH-CGEO, Daniel Guzzo
Na tabela 2 os municípios destacados com “*” são os que fazem parte da RMG, e
também estão na bacia do rio Meia Ponte. A Região Metropolitana de Goiânia foi instituída
pela lei complementar nº 27 de 30 de dezembro de 1999, essa lei tem por objetivo executar um
planejamento comum aos municípios dessa região, visando a política de habitação e meio
44
ambiente, desenvolvimento econômico, promoção social e modernização institucional (GOIÁS,
1999).
Mas na atualidade, tudo isso está resumindo no planejamento e disciplina do transporte
coletivo nos municípios que estão ligados à capital, Goiânia. A atuação nos demais setores está
sendo relegada ao segundo plano, como a proteção dos mananciais desses municípios. Os
gestores públicos não percebem que a degradação rio Meia Ponte, compromete a fonte de
abastecimento de água para abastecimento público de toda a população dessa região.
Tabela 2 - Estatísticas municipais: População Censitária – Total (habitantes)
MUNICÍPIO
1980
1991
2000
2010
População
Urbana
2010
328.755
7.021
2.170
1.918
2.182
9.691
1.297.076
33.451
45.103
6.461
4.843
23.229
7.026
2.683
4.271
84.111
5.677
1.865.668
5.081
1.769
455.193
5.528
17.955
19.253
5.357
2.675
29.941
2.980
88.942
6.472
1.570
35.959
2.035
17.551
13.897
2.261
12.669
727.088
2.592.756
5.420.714
Pop.
Rural
2010
5.858
515
1.062
1.407
565
1.004
4.925
609
3.143
2.114
3.039
981
1.103
1.351
432
332
884
29.324
1.795
282
464
2.837
6.599
1.474
2.897
880
2.551
1.049
3.941
646
804
5.501
647
6.475
3.224
978
6.420
49.464
78.788
583.074
Cresc.
Popul.
1980/2010
82,63%
126,71%
44,22%
16,30%
16,10%
41,30%
81,46%
354,86%
53,50%
-12,23%
-5,45%
158,43%
59,93%
4,94%
51,42%
253,24%
29,08%
92,38%
38,32%
-8,15%
968,94%
125,65%
42,30%
78,33%
-2,92%
5,74%
20,62%
103,27%
19,01%
12,63%
-11,09%
29,07%
-6,81%
-0,29%
-10,46%
-4,82%
-3,63%
164,00%
109,16%
92,36%
Anápolis
180.012
239.378
288.085
334.613
Bonfinópolis *
3.324
5.353
7.536
Brazabrantes *
2.241
2.334
2.772
3.232
Caldazinha *
2.859
3.325
Damolândia
2.366
2.593
2.573
2.747
Goianápolis *
7.569
10.716
10.671
10.695
Goiânia *
717.519
922.222
1.093.007 1.302.001
Goianira *
7.488
12.896
18.719
34.060
Inhumas *
31.430
38.368
43.897
48.246
Itauçu
9.770
8.678
8.277
8.575
Leopoldo de Bulhões
8.336
7.376
7.766
7.882
Nerópolis *
9.368
12.987
18.578
24.210
Nova Veneza *
5.083
5.003
6.414
8.129
Ouro Verde de Goiás
3.844
4.259
4.358
4.034
Sto Antônio de Goiás *
3.106
4.703
Senador Canedo *
23.905
53.105
84.443
Terezópolis de Goiás *
5.083
6.561
Total hab. Alto Rio Meia Ponte
985.026
1.294.039
1.574.623 1.894.992
Abadia de Goiás *
4.971
6.876
Aloândia
2.233
1.992
2.128
2.051
Aparecida de Goiânia *
42.627
178.483
336.392
455.657
Aragoiânia *
3.707
4.910
6.424
8.365
Bela Vista de Goiás *
17.255
17.316
19.210
24.554
Bom Jesus de Goiás
11.623
13.851
16.257
20.727
Cachoeira Dourada
8.502
8.525
8.254
Cromínia
3.362
3.400
3.660
3.555
Goiatuba
26.937
32.469
31.130
32.492
Hidrolândia *
8.559
10.254
13.086
17.398
Itumbiara
78.049
79.533
81.430
92.883
Joviânia
6.320
6.538
6.904
7.118
Mairipotaba
2.670
2.665
2.403
2.374
Morrinhos
32.122
32.592
36.990
41.460
Panamá
2.878
2.501
2.776
2.682
Piracanjuba
24.095
25.273
23.557
24.026
Pontalina
19.120
15.409
16.556
17.121
Professor Jamil
3.403
3.239
Silvânia
19.809
18.000
20.339
19.089
Total hab. Baixo RMP
301.366
453.688
636.141
789.921
Total hab. Bacia RMP
1.286.392
1.747.727
2.210.764 2.684.913
Total habit. Goiás
3.121.125
4.018.903
5.003.228 6.003.788
Porc. hab. bacia RMP em rel. ao
41,22%
43,49%
44,29%
44,82%
47,92%
13,66%
est. Goiás
* Municípios da bacia hidrográfica do Rio Meia Ponte que pertencem a Região Metropolitana de Goiânia (RMG)
Relação
população
Rural/Urb
1,78%
7,34%
48,94%
73,36%
25,89%
10,36%
0,38%
1,82%
6,97%
32,72%
62,75%
4,22%
15,70%
50,35%
10,11%
0,39%
15,57%
1,57%
35,33%
15,94%
0,10%
51,32%
36,75%
7,66%
54,08%
32,90%
8,52%
35,20%
4,43%
9,98%
51,21%
15,30%
31,79%
36,89%
23,20%
43,26%
50,67%
6,88%
3,07%
10,76%
Na tabela 2 nota-se que a concentração de habitantes do Alto Rio Meia Ponte é maior
nessa parte da bacia hidrográfica, com 1.894.992. Em 2010 essa população representava
31,56% do total da população do estado de Goiás.
45
Pela tabela 2 nota-se que a população rural é muito inferior a população urbana na
maioria dos municípios, sendo que nos municípios de Goiânia, Senador Canedo e Aparecida
de Goiânia essa população é menor que 1,0% em relação a população urbana. Essa
concentração da população na área urbana aliada a falta de um sistema de esgotamento
sanitário como é visto na tabela 4, produz uma elevada degradação nos cursos d’água da bacia
hidrográfica.
Os dados da tabela 2 mostram que o crescimento das cidades de Goianira, Senador
Canedo e Aparecida de Goiânia foi superior a 250%, ao mesmo tempo as cidades de
Bonfinópolis, Nerópolis, Aragoiânia e Hidrolândia tiveram um crescimento superior a 100%.
Todas essas cidades são uma espécie de cidades dormitório em relação a Goiânia.
Tabela 3 - Estatísticas municipais: Densidade demográfica (habitantes/km²)
MUNICÍPIO
Anápolis
Bonfinópolis
Brazabrantes
Caldazinha
Damolândia
Goianápolis
Goiânia
Goianira
Inhumas
Itauçu
Leopoldo de Bulhões
Nerópolis
Nova Veneza
Ouro Verde de Goiás
Santo Antônio de Goiás
Senador Canedo
Terezópolis de Goiás
1991
2000
2010
260,65
27,19
18,89
30,64
65,99
1.247,10
64,35
62,55
22,62
14,9
63,59
40,55
20,31
97,67
-
313,69
43,78
22,44
9,17
30,4
65,72
1.478,05
93,41
71,57
21,57
15,69
90,97
51,99
20,78
23,39
216,98
47,52
358,58
61,62
26,26
13,25
32,51
65,84
1.776,75
162,94
78,68
22,34
16,39
118,55
65,89
19,32
35,41
344,27
61,37
Crescimento
1991/2010
37,57%
126,63%
39,02%
44,49%
6,10%
-0,23%
42,47%
153,21%
25,79%
-1,24%
10,00%
86,43%
62,49%
-4,87%
51,39%
252,48%
29,15%
Na tabela 3 observa-se que as cidades de Anápolis, Goiânia, Goianira, Nerópolis,
Senador Canedo são as que têm uma maior densidade populacional, acima de 100
habitantes/km² em 2010, sendo que Goiânia com 1.776,75 habitantes por km² é a cidade não
só do Alto Rio Meia Ponte, mas de toda a bacia, a mais densamente habitada.
O crescimento populacional desses municípios não teve o correspondente crescimento
em infraestrutura (rede de água, rede coletora de esgoto, coleta de lixo, etc.) para atender essa
população que está residindo na bacia hidrográfica do rio Meia Ponte. As tabelas 4 e 5,
mostram o incremento na rede de esgoto e de água no período 2000/2010 ser muito inferior ao
crescimento da população.
46
Tabela 4 - Estatísticas municipais: Extensão de rede de esgoto municípios da bacia do rio Meia Ponte (m)
Mun. alto rio Meia Ponte
2000
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Anápolis
492.002
493.873
493.873
494.003
494.333
494.657
494.667
Bonfinópolis
Brazabrantes
Caldazinha
Damolândia
Goianápolis
Goiânia
2.542.100 2.641.616 2.685.717 2.723.872 2.766.250 2.793.818 2.800.292
Goianira
1
14.421
14.421
22.481
22.481
Inhumas
49.173
49.173
61.072
61.072
61.072
66.564
66.652
Itauçu
23.096
23.096
23.096
24.512
Leopoldo de Bulhões
Nerópolis
Nova Veneza
Ouro Verde de Goiás
Santo Antônio de Goiás
Senador Canedo
...
[1]
[1]
[1]
[1]
[1]
[1]
Terezópolis de Goiás
Mun. baixo rio Meia Ponte
Abadia de Goiás
1
11.133
11.133
11.133
11.133
Aloândia
Aparecida de Goiânia
142.846
151.308
154.768
162.346
184.853
191.727
194.027
Aragoiânia
Bela Vista de Goiás
24.562
30.411
40.188
40.188
44.404
51.297
51.775
Bom Jesus de Goiás
14.157
37.804
37.805
37.805
Cachoeira Dourada
24.152
24.152
24.152
24.152
24.152
Cromínia
Goiatuba
10.388
10.388
10.388
10.388
10.388
10.388
10.388
Hidrolândia
Itumbiara
159.272
167.106
167.106
167.106
245.445
245.445
262.858
Joviânia
55.976
55.977
55.976
55.977
55.977
Mairipotaba
Morrinhos
21.987
112.652
112.652
113.312
113.971
114.197
114.776
Panamá
...
[1]
[1]
[1]
[1]
[1]
[1]
Piracanjuba
41.999
41.999
Pontalina
59.479
59.479
59.479
59.479
59.479
59.479
Professor Jamil
Silvânia
46.335
46.334
46.335
46.335
[1] Atendido pelo município
Incremento
2000/2010
0,54%
10,16%
55,89%
35,55%
6,13%
0,00%
35,83%
110,79%
167,04%
0,00%
0,00%
65,04%
0,00%
422,02%
0,00%
0,00%
0,00%
47
Tabela 5 - Estatísticas municipais: Extensão de redes de água Municípios da bacia do rio Meia Ponte (m)
Mun. alto rio Meia Ponte
2000
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Anápolis
1.116.553 1.157.789 1.172.480 1.174.639 1.177.261 1.186.873 1.192.088 6,77%
Bonfinópolis
26.654
37.223
37.863
38.013
39.771
39.771
39.771
49,21%
Brazabrantes
8.533
13.532
14.692
14.872
18.677
18.677
22.914
168,53%
Caldazinha
6.494
7.709
7.709
7.709
7.709
7.932
8.016
23,44%
Damolândia
11.261
12.327
12.549
12.620
14.236
14.416
14.106
25,26%
Goianápolis
39.448
39.448
39.448
39.448
39.844
50.332
51.412
30,33%
Goiânia
4.034.136 4.930.200 5.041.724 5.185.461 5.282.749 5.378.779 5.611.591 39,10%
Goianira
85.815
93.177
93.591
93.591
93.671
98.541
99.446
15,88%
Inhumas
180.362
197.600
204.346
207.944
214.828
216.056
219.323
21,60%
Itauçu
24.984
25.430
25.430
25.430
25.430
26.003
26.003
4,08%
Leopoldo de Bulhões
22.806
22.786
22.786
22.960
22.960
22.960
23.597
3,47%
Nerópolis
65.617
69.096
69.699
69.699
72.229
72.353
77.116
17,52%
Nova Veneza
21.985
25.813
25.813
26.660
26.762
26.948
26.978
22,71%
Ouro Verde de Goiás
12.405
13.049
13.115
13.115
13.231
15.831
15.831
27,62%
Santo Antônio de Goiás
10.019
14.000
14.000
14.032
14.065
15.591
23.971
139,26%
Senador Canedo
...
[1]
[1]
[1]
[1]
[1]
[1]
Terezópolis de Goiás
30.935
30.977
31.026
31.158
35.204
35.354
35.661
15,28%
Mun. baixo rio Meia Ponte
Abadia de Goiás
16.660
38.537
38.537
38.707
38.812
40.155
40.155
141,03%
Aloândia
15.496
15.541
15.541
15.541
15.541
15.541
15.541
0,29%
Aparecida de Goiânia
738.861 1.097.210 1.107.650 1.125.207 1.143.684 1.165.917 1.259.583 70,48%
Aragoiânia
40.751
43.277
43.404
43.872
44.462
44.462
44.462
9,11%
Bela Vista de Goiás
38.373
41.079
48.921
48.921
70.757
79.555
88.687
131,12%
Bom Jesus de Goiás
64.482
78.724
78.724
78.724
78.723
78.633
78.633
21,95%
Cachoeira Dourada
24.588
32.526
32.526
32.526
32.526
34.363
34.363
39,76%
Cromínia
13.888
14.837
14.837
14.960
14.989
15.230
15.338
10,44%
Goiatuba
167.466
168.471
169.223
169.223
171.802
176.216
176.468
5,38%
Hidrolândia
38.508
41.862
43.768
43.880
49.860
49.864
50.104
30,11%
Itumbiara
288.962
317.597
317.597
317.597
351.172
352.909
352.909
22,13%
Joviânia
34.483
35.235
35.235
35.235
35.235
35.235
35.235
2,18%
Mairipotaba
15.765
16.611
17.011
17.011
17.542
17.542
17.542
11,27%
Morrinhos
169.957
175.654
175.837
181.507
184.294
185.038
185.279
9,02%
Panamá
...
[1]
[1]
[1]
[1]
[1]
[1]
Piracanjuba
105.615
106.255
106.882
107.261
107.432
119.550
121.046
14,61%
Pontalina
58.350
62.420
62.420
62.420
62.420
62.420
62.420
6,98%
Professor Jamil
14.503
17.128
17.230
17.230
17.230
17.230
17.230
18,80%
Silvânia
40.280
41.959
42.395
42.395
47.069
47.645
49.951
24,01%
[1] Atendido pelo município
Na tabela 4 verifica-se que a extensão da rede de esgoto, no ano de 2010, nos
municípios do Ato rio Meia Ponte só está presente em seis municípios e no Baixo rio Meia
Ponte somente em 12, ou seja, dos 37 municípios que compõem a bacia hidrográfica do rio
Meia Ponte, em dezenove municípios não existe rede coletora de esgoto sanitário. Isso
significa que essa população está descartando esse esgoto de maneira inadequada através de
poços do tipo fossa negra ou mesmo dentro de algum afluente do rio Meia Ponte.
Ademais, essa população urbana exerce uma pressão enorme sobre os recursos
hídricos, exigindo produtos para alimentação, bem como descartando uma grande quantidade
de resíduos sólidos, cuja parcela irá contaminar os cursos d`água, lançando nos rios e
ribeirões os seus esgotos “in natura”. Outro aspecto significativo, com o aumento dessa
população urbana, é que mais áreas de solos serão impermeabilizadas, diminuindo as áreas de
infiltração para recarga do lençol freático, e como não há fiscalização do poder público, as
áreas ocupadas avançam sobre as margens dos rios e encostas dos morros, descumprindo a
legislação ambiental.
48
Segundo Goiás (2006c), na bacia existe um grande número de indústrias de
processamento de alimentos (frigoríficos, laticínios, conservas, refrigerantes), curtumes, entre
outras. Entretanto nem todas possuem um sistema de tratamento adequado e muitas vezes
lançam rejeitos na rede coletora da SANEAGO, despejos esses que serão tratados pela ETE
Goiânia.
Para Goiás (2006c), a região a montante de Goiânia, tem um potencial elevado de
conflitos em função do uso do solo e da água para abastecimento público, suprimento da
indústria e agricultura principalmente da região metropolitana de Goiânia.
No trecho denominado de Alto Rio Meia Ponte ocorre uma elevada taxa de
industrialização, sendo os mais significativos os ramos de processamento de alimentos que
representam 28% do total, granjas confinamentos e piscicultura 20%, indústrias químicas
11%, frigoríficos 8%, e laticínios 7% das atividades exercidas na bacia, enquanto a indústria
de beneficiamento de plástico, papel e metais somam 5% do total. Os de aterros sanitários
totalizam 2% do total, enquanto os curtumes perfazem 2 %. Estes últimos representam uma
atividade de natureza altamente impactante. A ETE da SANEAGO representa 1% das
atividades (GOIÁS, 2006c).
A água da bacia é utilizada também para abastecimento e agricultura irrigada,
conforme observa nas imagens 01, 02, 03 e 04 do Google.
Imagem 1 - Pivô para irrigação no município de Inhumas
rio Meia Ponte
Pivô para irrigação
Fonte: Google Earth
49
Imagem 2 - Pivô para irrigação no município de Goianira – Google. Acesso 15/10/2011
Pivô para irrigação
rio Meia Ponte
Fonte: Google Earth
Imagem 3 - Pivô para irrigação no munícipio de Pontalina – Google. Acesso 15/10/2011
Pivô para irrigação
rio Meia Ponte
Fonte: Google Earth
50
Segundo Goiás (2006c) a captação industrial trás dois impactos para o rio: o primeiro
na retirada da água para a atividade industrial, e o segundo quando ocorre a devolução dos
efluentes, pois mesmo tratados, as cargas remanescente exigem do rio uma capacidade de
autodepuração, as vezes acima de sua capacidade. Isso foi constatado segundo reportagem
veiculada no jornal O POPULAR do dia 26 de outubro de 2011, informando que existe
indústria que mesmo sendo multada insiste em lançar seus efluentes industriais no rio Meia
Ponte, pois o valor da multa muitas vezes é insignificante em relação ao investimento que terá
de ser feito para sanar a irregularidade (O POPULAR, 2011).
Imagem 4 - Pivô para irrigação município de Pontalina – Google. Acesso 15/10/2011
rio Meia Ponte
Pivô para irrigação
Fonte: Google Earth
51
4.1.3 Rio Meia Ponte
O rio Meia Ponte tem sua nascente localizada na Fazenda São Geraldo, na região do
Mato Dentro, na serra dos Brandões, município de Itauçu. Localiza-se nas coordenadas
latitude (S) 16º 08’ 10,5” e longitude (W) 49º 32’ 46,9”, na altitude 1000m. Possui uma
extensão de 471 km e é tributário do rio Paranaíba, na cota de 395m, no município de
Cachoeira Dourada. Apresenta uma declividade média de 0,122%, e na maioria de sua
extensão tem direção norte-sul, (FIALHO et al. 2007; RUSTEBERG, 2003 apud OIKOS,
2009); Universidade Federal de Goiás - UFG (2003) e constitui um manancial de água
superficial responsável pelo abastecimento público e diluição de efluentes de diversos
municípios goianos (GOIÁS, 2006c).
Seus afluentes são em sua maioria de pequeno porte (córregos e ribeirões), com 0,60m
de profundidade em média, e 4,0m de largura e mata ciliar concentrada em áreas pontuais ao
longo de toda sua área de drenagem (GOIÁS, 2006b).
Mattos (2003 apud OIKOS, 2009), afirma que a principal fonte de degradação
ambiental e poluição das águas do Rio Meia Ponte é a Região Metropolitana de Goiânia, com
aproximadamente 2 milhões de habitantes. Além de parte dos municípios da região
metropolitana não possuírem um sistema de coleta de lixo eficiente, tampouco possuem local
adequado para destinação final desses resíduos.
A atividade pecuária é predominante, com pastagem em torno da nascente do rio Meia
Ponte, e às vezes o gado invadindo a área da nascente. A sequência de fotos de 01 a 07, dão
uma visão geral do local, bem como a foto 08, do google, que fornece uma panorâmica da
nascente.
52
Foto 1 - Placa indicativa da nascente do rio Meia Ponte
Foto 2 - Nascente do rio Meia Ponte
53
Foto 3 - Nascente do rio Meia Ponte
Foto 4 - Gado e pastagem a montante da nascente do rio Meia Ponte
54
Foto 5 - Cerca que protege nascente do rio Meia Ponte
Foto 6 - Visão geral da nascente do rio Meia Ponte
55
Foto 7 - Boi pastando na área da nascente do rio Meia Ponte
Imagem 5 - Visão geral da nascente vista no Google – acesso em 15/10/2011.
O Rio Meia Ponte é um importante recurso natural do Estado de Goiás, mas segundo a
Goiás (1990), ele está comprometido desde a nascente até a foz, sendo que o ápice da
56
poluição ocorre no município de Goiânia. Isso porque, com o passar do tempo, este rio tem
recebido uma grande carga poluidora que vem comprometendo as condições do uso de suas
águas. O extrativismo mineral associado à agropecuária intensa provocou o desmatamento de
matas ciliares e áreas de várzeas, ocasionando processos erosivos severos que comprometem a
quantidade e a qualidade de água na bacia.
Em um ambiente antropizado é necessário pesquisar as fontes de contaminação tanto
antrópica como natural do Rio Meia Ponte, isto porque a região metropolitana de Goiânia,
densamente povoada, aliada a falta de conservação e proteção acarreta a degradação
ambiental do rio. A ausência de um sistema de esgotamento sanitário em muitos municípios
da bacia faz com que o esgoto “in natura” seja lançado no rio, com isso alterando a qualidade
da água, principalmente no período de seca Maia et al (2004 apud BRANDELERO, 2008)
Conforme O Popular (2008), a poluição das águas do Rio Meia Ponte se agrava a um
grau elevadíssimo no trecho em que banha Goiânia, mas o rio sofre desde a sua nascente, no
município de Itauçu, até a sua foz, quando deságua no Paranaíba.
Nos últimos anos, o rio Meia Ponte está com a sua vida comprometida pela poluição
em toda a extensão de seus 471 quilômetros. Em diferentes pontos do perímetro urbano de
Goiânia, foi observada uma grande quantidade de lixo em seu leito e margens, falta de mata
ciliar em vários trechos, e a existência de efluentes domésticos e industriais, lançados
diretamente em seu leito que só aumentam os problemas (UFG, 2003).
Na ocupação do espaço físico do rio Meia Ponte, podem-se distinguir duas fontes
poluidoras: a urbana e a rural. A primeira é representada pelas atividades industriais e pelos
efluentes domésticos sem tratamento, e a segunda engloba atividades de pecuária
(suinocultura, piscicultura, bovinocultura e agroindústrias) e de extração mineral (UFG,
2003).
Existem hoje medidas que visa à recuperação do rio Meia Ponte. Trata-se do projeto
“Meia Ponte – Rio por inteiro” e está sendo executado pela Secretaria de Meio Ambiente e
dos Recursos Hídricos (SEMARH), juntamente com outros órgãos para a recuperação do Rio
Meia Ponte. O projeto faz parte do Programa Nacional de Meio Ambiente II e está orçado em
R$ 2 milhões, apenas no perímetro urbano de Goiânia.
Dentre as ações destaca-se a reativação dos viveiros da bacia hidrográfica do rio, a
recomposição de cobertura vegetal em mais de 80 nascentes e a instalação de um comitê de
bacia hidrográfica, com a aprovação de uma diretoria provisória. Segundo a SEMARH, a
recuperação do rio Meia Ponte é um investimento a longo prazo, que, por base em outros
estudos, deve levar de 20 a 30 anos para ser concluído (PROJETO..., 2002).
57
Imagem 6 - Visão da proteção típica das margens do Rio Meia Ponte – município de Aloândia
Fonte: Google Earth
4.1.4 Cidade de Goiânia
Goiânia, capital do estado de Goiás, é a segunda maior aglomeração urbana da Região
Centro-Oeste do Brasil. O seu crescimento intensificou a partir da década de 1950 e é visto
como decorrente do acelerado processo de êxodo rural, do avanço da fronteira agropecuária e
do uso agrícola. De acordo com modernos modelos urbanísticos da época de sua criação, em
1934 a cidade foi projetada para 50.000 habitantes (MONTEIRO, 1979), atualmente tem uma
população de 1.301.892 habitantes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2010a).
Diante do exacerbado crescimento populacional, Goiânia vem apresentando problemas
de escassez de água em períodos de seca, de modo que a bacia hidrográfica da região
metropolitana sofre grande variação de disponibilidade hídrica. Tudo isso faz de Goiânia um
dos maiores poluidores do rio Meia Ponte e, ao mesmo tempo, sua maior beneficiada, pois
todo seu abastecimento é oriundo desta bacia, sendo 52% do João Leite e 48% diretamente do
Rio Meia Ponte (GOIÁS, 2006c).
58
A cidade de Goiânia foi projetada para ser a capital do estado de Goiás, e tem
1.302.001 habitantes segundo censo do IBGE em 2010, é a segunda cidade da região Centrooeste, e a principal cidade dentro da bacia hidrográfica do Rio Meia Ponte.
Goiânia foi fundada em 1933 por Pedro Ludovico Teixeira que foi interventor federal
em Goiás durante o governo Getúlio Vargas, que iniciou em 1930 (GOMIDES, 2003).
Para justificar a construção da nova capital foram utilizados argumentos econômicos
de que a capital de Goiás estava afastada das regiões mais desenvolvidas do estado. Seu
crescimento também era dificultado pela topografia onde estava localizada, confinada em um
vale estreito do Rio Vermelho, e os argumentos sanitários, entre os quais a falta de esgotos
sanitário, e o fornecimento de água era feito por duas fontes construídas em 1770
(MONTEIRO, 1979).
No entanto o principal motivo que determinou a mudança da capital, foi o político,
como nos informa Gomides (2003), pois com a tomada do poder central em 1930 por Getúlio
Vargas, em Goiás quem assumiu como interventor foi Pedro Ludovico Teixeira, rompendo
com um ciclo vicioso que dominava o estado desde 1912, através da família Caiado, que era
oposição às novas forças que chegavam ao poder.
Para quebrar o poder dessa velha oligarquia que Pedro Ludovico Teixeira resolveu
mudar a capital, criando assim um novo espaço político, e com isso o representante em Goiás
do novo governo central, não só rompia com as velhas tradições, já que representava o novo,
como ia de encontro ao pensamento de Getúlio Vargas de criar uma nova frente de
desenvolvimento no interior do país, iniciando uma nova marcha para o oeste, só que dessa
vez no Brasil, e assim nasceu Goiânia (GOMIDES, 2003).
MONTEIRO (1979), no seu livro “Como Nasceu Goiânia” trás um relato detalhado de
como ocorreu à transferência da capital de Goiás para Goiânia.
A idéia da nova capital para o estado de Goiás vem de 1830, do Marechal de Campo
Miguel Lino Moraes, que foi o segundo governador da província no Império, a esse respeito
Americano do Brasil na sua “Sumula da História de Goiás” diz:
A primeira animosidade contra o depois Marechal de Campo Miguel Lino Moraes
[...] quando em 1830 enumerou os problemas vitais da província, concluiu que a
mudança da capital para o norte [...] região mais povoada e de comércio franco, era
medida a ser tomada com urgência (MONTEIRO, 1979).
A Constituição estadual de 1891 previa em seu artigo 5º, título I (BRASIL, 1891 apud
MONTEIRO, 1979):
A cidade de Goiás continuaria a ser capital do estado, enquanto outra cousa deliberar
o congresso.
59
Com a revolução de 1930, quando Getúlio Vargas chegou ao poder, e em Goiás, Pedro
Ludovico Teixeira assumiu como interventor e enviou um relatório, em 1933, que explicava a
Getúlio Vargas os motivos para a mudança da capital, e nesse relatório ele anexa outro
relatório feito em 1891 de Rodolfo Gustavo da Paixão, sobre as condições da capital que diz:
A capital de Goiás é, sem duvida uma daquelas cidades cujo estado sanitário, dia a
dia é peor, reclama as mais prontas e enérgicas providências [...] O Rio Vermelho
[...] a água viscosa desse ribeirão, despejo e lavadouro da população, não é e nem
pode ser convenientemente distribuída às casa [...].
e continua,
Desprovida de um bom sistema de esgotos, capaz de evitar o uso prejudicialíssimo
das latrinas perfurada no terreno, onde os materiais fecais sem escoamento entra em
uma rápida decomposição e exala deletérios miasmos e absorvidos pelo sub-solo,
bastante permeável, comunicam-se com os poços de serventia[...].
Hoje decorridos 42 anos, a capital de Goiáz ainda corresponde fielmente a descrição
acima dizia Pedro Ludovico Teixeira em seu relatório a Getúlio Vargas [...] (MONTEIRO,
1979).
Com relação ao fornecimento de água potável o relatório faz a seguinte observação:
O problema de abastecimento de água permanece insolúvel, tal como em 1890, tal
como sempre, toda água potável consumida pela população da capital, é transportada
na cabeça, em potes, e fornecida pelas duas únicas e pobres fontes existentes, que
são as mesmas mandadas construír, há 160 anos [...] (MONTEIRO, 1979).
Com isso justificava a mudança da capital para um novo local que tivesse as condições
de salubridade e que houvesse água em quantidade suficiente para atender as necessidades da
população. Após a concordância do governo Federal, um novo local foi escolhido para
implantação da nova capital do estado, e o relatório para justificar o local escolhido segundo
Monteiro (1979) diz o seguinte:
Campinas, situada numa extensa e vasta planura na altitude de 750m, circundada
pelos rios “Meia Ponte” e “Anicuns” e o ribeirão “Cascavel” oferece todos os
requisitos topográficos indispensáveis para construção de uma linda cidade moderna
e salubérrima [...].
Este mesmo relatório trás a seguinte descrição:
[...] 1º - Rio “Meia Ponte”, situado a nordeste, a sete quilômetros de distancia, com
uma descarga horária de 15.120.000 litros [...] nesse rio ainda existe a corredeira
“Jaó” com uma diferença de nível de 8 metros capaz de fornecer uma força
hidráulica de 450 cavalos vapor [...].
Assim o local da nova capital foi escolhido, praticamente em função do clima, da
topografia, e principalmente pelos diversos cursos d’água existentes na região, sendo o
principal o rio Meia Ponte, que contribuiu, portanto, de maneira decisiva para a transferência
da capital do estado da cidade de Goiás para Goiânia, junto ao município de Campinas
(MONTEIRO, 1979).
60
Ainda segundo Monteiro (1979), com o decreto nº 3937 de 26 de outubro de 1933, que
autoriza a aquisição de terras para nova capital, o arquiteto Atílio Correia Lima escreve para
Pedro Ludovico Teixeira sugerindo que todas as terras onde estão as bacias dos córregos Bota
Fogo, Areião, Capim Puba até as margens do rio Meia Ponte, ficassem dentro do perímetro
urbano da nova capital.
Esta providência, segundo Atílio Correia Lima, mantinha o estado na posse das
nascentes desses córregos, evitando que o particular lançasse nos seus leitos os rejeitos tanto
industrial como doméstico, além do estado poder ter um controle sobre a bacia de infiltração,
e com isso garantir que os mananciais fornecessem água para a nova cidade, evitando a
contaminação e haveria economia no tratamento da água a ser servida à população. O que foi
integralmente aceito pelo interventor (MONTEIRO, 1979).
O que observa-se são as margens dos cursos d’água serem devastadas para dar lugar a
pastagem ou mesmo a agricultura, as nascentes praticamente contaminadas, e se estiverem
dentro do perímetro urbano são invadidas, se não quando aterradas para darem lugar às
construções de novas moradias, num total desrespeito a conservação. Os órgão que deveriam
cuidar da fiscalização são ocupados por políticos ou profissionais sem nenhum
comprometimento com a preservação do meio ambiente, existindo claro, exceções, mas essas
são insuficientes para dar conta de todas as tarefas necessárias (MONTEIRO, 1979).
Monteiro (1979), trás ainda uma transcrição do contrato do escritório de Atílio Correia
Lima para a construção da nova capital, que faz referência ao fornecimento de água e
esgotamento sanitário que diz “prevendo um consumo diário de 300 L/dia habitante, o
córrego Bota Fogo com vazão de 16 litros por segundo no período de seca, poderá suprir a
população inicial.
Do que foi visto acima, compreendemos que a cidade foi construída em função dos
cursos de água da região e principalmente do rio Meia Ponte. Isso mostra que a cidade não só
no início, mas mesmo hoje, é totalmente dependente do rio. No entanto, como observamos no
dia a dia da cidade, este rio que é como uma artéria que ajuda a lhe dar vida, está sendo
paulatinamente destruído, principalmente na área urbana da cidade.
As imagens 07 e 08 mostram vistas parciais da cidade de Goiânia tendo o mesmo
ponto de referência, mas em datas diferentes. A imagem 07 dá uma visão da região próxima
ao autódromo de Goiânia com foto de 10 de setembro de 2002 e a imagem 08 com foto de 15
de maio de 2011. Verifica-se a expansão da urbanização ocorrida nesse lapso de tempo, tendo
em destaque o rio Meia Ponte.
61
Imagem 7 - Vista parcial de Goiânia com imagem de 10/09/2002
rio Meia Ponte
Fonte: Google Earth
Imagem 8 - Vista parcial de Goiânia com imagem de 15/05/2011
rio Meia Ponte
Fonte: Google Earth
62
5 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO, QUÍMICA E BIOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO
MEIA PONTE
5.1 INTRODUÇÃO QUALIDADE DA ÁGUA
Antes de definir os critérios necessários para aferir a qualidade da água, é preciso
conceituar o que vem a ser qualidade. Na percepção de Batalha e Parlatorre (1998, p. 6),
“qualidade é algo que dá identidade a um ser”.
O dicionário Aurélio (QUALIDADE, 2004) traz alguns significados sobre o termo
qualidade, tais como: (1) propriedade, atributo ou condições das coisas ou das pessoas capaz
de distingui-las das outras e de lhes determinar a natureza; (2) numa escala de valores,
qualidade que permite avaliar e, consequentemente, aprovar, aceitar e recusar qualquer coisa;
(3) condição, posição, função.
Para o Brasil (2006, p. 19):
A qualidade da água tem sido comprometida desde o manancial, pelo lançamento de
efluentes e resíduos, o que exige investimento nas estações de tratamento e
alterações na dosagem de produtos para se garantir a qualidade da água na saída das
estações. No entanto, tem-se verificado que a qualidade da água decai no sistema de
distribuição devido a intermitência do serviço, pela baixa cobertura da população
com sistema público de esgotamento sanitário, pela obsolescência da rede de
distribuição e mesmo uma manutenção deficiente, entre outros. Nos domicílios, os
níveis de contaminação elevam-se pela precariedade das instalações hidráulicosanitárias, e falta de manutenção dos reservatórios e pelo manuseio inadequado da
água.
Pelo exposto acima, a preservação da bacia hidrográfica para ter uma água de boa
qualidade e com isso diminuir os custos de tratamento é tão importante quanto a manutenção
das redes de distribuição bem como dos reservatórios domiciliares. Isto porque, os custo de
preservação de uma bacia hidrográfica e os custo para tratar a água bruta podem tornar inútil
se após a estação de tratamento não tiver uma manutenção adequada para manter essa água
em boas condições de uso.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987), os padrões de qualidade
são constituídos por um conjunto de parâmetros e respectivos limites, como concentrações de
poluentes, em relação aos quais os resultados dos exames de uma amostra de água são
comparados, aquilatando-se a qualidade da água para um determinado fim. Os padrões são
estabelecidos com base em critérios científicos que avaliam o risco para uma dada vítima e o
dano causado pela exposição a uma dose conhecida de um determinado poluente.
63
A qualidade da água pode ser definida segundo a presença de substâncias inorgânicas
em diferentes concentrações e especificações ou segundo a composição e estrutura da biota
aquática presente no corpo da água (BATALHA; PARLATORRE, 1998).
Para Batalha e Parlatorre (1998, p. 29):
A água no seu estado de pureza total não existe; deve-se imaginá-la como uma
substância que se manifesta sob a forma de numerosas dispersões aquosas, de
composição muito variável, que lhe conferem, em consequência, características que
nem sempre são aquelas que representam a condição desejada.
Para cada uso da água é exigido um limite máximo de impureza que essa água pode
conter. Esse limite, quando determinado por organismos oficiais, é chamado de padrão de
qualidade (MOTA, 1995).
Ainda segundo Mota (1995), as exigências de uma água destinado ao consumo
humano são diferentes das exigências de uma água pra irrigação ou recreação, que por sua vez
é diferente das exigidas para uma água que se destina apenas ao uso estético ou transporte de
despejos domésticos ou industriais.
Segundo Von Sperling (1996) a qualidade de uma água é função de seus usos
previstos, e nos casos em que a água tem múltiplos usos, a qualidade dessa água tem de
atender todos os usos previstos.
De acordo com Branco (2001 apud RODRÍGUEZ, 2001), a expressão “qualidade da
água” não é referente a um grau de pureza absoluto ou próximo disso, mas refere-se a um
padrão tão próximo quanto possível do “natural”, ou tal como se encontra nas nascentes, antes
do contato com o homem. Além disso existe um grau de pureza desejável, que irá depender de
qual uso se destina, se abastecimento, irrigação, pesca, lazer, etc.
A qualidade da água é resultante da atuação do homem e de fenômenos naturais, e de
modo geral esta qualidade é determinada em função do uso e ocupação do solo na bacia
hidrográfica e deve aos fatores: Condições naturais, pois mesmo em uma bacia preservada, a
qualidade das águas subterrâneas é afetada pelo escoamento superficial e infiltração no solo
devido a precipitação atmosférica; Interferência do homem, seja ela concentrada como nos
despejos de lixo doméstico ou industrial, ou de forma dispersa como na aplicação de
defensivos agrícolas no solo, contribui para introduzir compostos na água. Portanto a forma
como o homem ocupa o solo tem uma implicação direta na qualidade da água (VON
SPERLING, 1996).
O CONAMA, através da portaria nº 357 diz: “classe de qualidade: conjunto de
condições e padrões de qualidade de água necessários ao atendimento dos usos
preponderantes atuais e futuros” (BRASIL, 2005, art. 2º, inciso ix).
64
Segundo Tucci e Cordeiro Netto (2001) a qualidade da água:
[...] depende das condições geológicas e geomorfológicas e de cobertura vegetal da
bacia de drenagem, do comportamento dos ecossistemas terrestres e de águas doces
e das ações do homem. As ações do homem que mais podem influenciar a qualidade
da água são: lançamento de cargas nos sistemas hídricos, alteração do uso do solo
rural e urbano e modificação no sistema fluvial.
Os rios que atravessam as cidades brasileiras em sua maioria estão deteriorados e esse
é o maior problema ambiental do Brasil, esta deterioração ocorre porque a grande maioria das
cidades não possui tratamento de esgoto doméstico e coleta de lixo, jogando in natura o
esgoto nos rios (TUCCI; CORDEIRO NETTO, 2001).
Algumas cidades possuem rede de esgoto, mas não existe tratamento desse esgoto,
agravando ainda mais a situação, pois concentra em uma pequena seção do rio uma enorme
carga de esgoto. Quando existe rede de esgoto com estação de tratamento deste, esta estação
muitas vezes não coleta todo o volume, pois existe um volume considerável de ligações
clandestinas ao sistema de drenagem pluvial (TUCCI; CORDEIRO NETTO, 2001).
O esgoto industrial é processado em sua maioria, pois o controle deste tipo de efluente
é feito por agências de regulação, que dispõem de instrumentos legais para pressionarem as
empresas a adotarem sistemas de tratamento de seus efluentes. No entanto estas mesmas
agências não atuam quando o descumprimento das leis ambientais é feito por empresas
controladas pelo estado (TUCCI; CORDEIRO NETTO, 2001).
A água além de dissolver as substâncias, ela transporta as partículas dissolvidas, que
mudam continuamente de posição ao longo desse transporte e com isso estabelece um caráter
fortemente dinâmico a questão da qualidade da água (BRASIL, 2006).
A junção da capacidade de dissolução mais a de transporte, leva ao fato de que a
qualidade da água é uma resultante de processos que acontecem dentro do corpo hídrico bem
como na sua bacia de drenagem, pois na bacia hidrográfica é onde ocorre a maioria dos
fenômenos que irão, em uma última escala, conferir à água suas características de qualidade,
(BRASIL, 2006).
Para obter uma qualidade satisfatória da água é necessária uma gestão eficiente das
águas de uma bacia, e a gestão das águas no Brasil segundo Christofidis (2001), passou fases
distintas, inicialmente um modelo burocrático, no fim do século XIX e início do século XX,
onde a administração pública cumpria os dispositivos legais, e devido à complexidade e
abrangência dos problemas foi gerado uma enorme quantidade de leis, decretos, etc. Era uma
visão fragmentada, com desempenho restrito ao cumprimento das normas legais e dificuldade
de adaptar às mudanças internas e externas bem como centralização do poder decisório.
65
Na segunda fase o papel do estado como empreendedor tem como base a criação, nos
Estados Unidos, da Tennessee Valley Authority como primeira entidade de bacia hidrográfica
que se caracteriza pelo uso de instrumentos econômicos financeiros pelo poder público para
promover o desenvolvimento.
E o último modelo de gestão, ainda segundo Christofidis (2001), é o modelo sistêmico
de integração participativa com três mecanismos, a saber: planejamento estratégico por bacia
hidrográfica; a tomada de decisão por deliberação e negociação, e a adoção de instrumentos
legais e financeiros. Estas ações visam garantir que a água oferecida à população tenha a
qualidade preconizada e estabelecida pela legislação de tal modo que esta não venha a tornarse prejudicial à saúde humana e de todos os seres que dela dependem.
5.2 PARÂMETROS FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS
A qualidade da água pode ser traduzida por meio de vários parâmetros que
representam as principais características físicas, químicas e biológicas. A sua origem pode ser
natural ou antropogênica. Estes parâmetros podem ser utilizados para caracterizar a água de
abastecimento, residuárias e corpos receptores (VON SPERLING, 1996).
Para aferir a qualidade da água é importante verificar as características físicas,
químicas e biológicas da água que estão associadas a uma série de processos que acontecem
no corpo hídrico bem como na sua bacia de drenagem. Ao referir à qualidade da água temos
que ter em mente que esse meio líquido tem duas características especiais, que condiciona de
maneira absoluta a conformação de sua qualidade, que é: Capacidade de dissolução e
capacidade de transporte (BRASIL, 2006).
Cada corpo d’água tem um padrão individual de características físicas, químicas e
biológicas que são determinadas pelas condições climáticas, geomorfológicas e geoquímicas
predominantes na bacia de drenagem. Características como sólidos dissolvidos, pH, oxigênio
dissolvido, etc. fornecem uma classificação do corpo d’água, e são características essenciais
para a qualidade da água de qualquer rio (CHAPMAN, 1996).
As características físicas, químicas e biológicas de qualquer corpo d’água são
determinadas em grande parte, por condições que o homem não tem controle, o clima, a
geomorfologia bem como as condições geoquímicas que prevalece na bacia de drenagem.
Também interfere nessas condições o intemperismo das rochas, que exerce fator determinante
66
nas características químicas das águas, e essas são características que irão variar com a
geologia bem como pela intensidade das entradas através de outras vias, incluindo a
precipitação e a poluiçã (RODRÍGUEZ, 2001).
Meybeck e Helmer (1992 apud RODRIGUEZ, 2001), em um ponto onde é feito uma
amostragem a qualidade da água nesse local, irá depender de vários fatores, aí incluindo a
proporção do escoamento superficial e da água subterrânea, reações governadas dentro do
sistema por processos internos com a mistura da água de diversos tributários com diferentes
qualidades bem como os poluentes que também irão dar entrada nesse sistema.
A migração do homem do campo para os centros urbanos, e a industrialização têm
causado graves danos aos corpos de água próximos as cidades. Entre esses problemas
podemos destacar aqueles oriundos da deficiência ou má gestão das bacias hidrográficas,
como desflorestamento das áreas ribeirinhas bem como o lançamento de efluentes sem
tratamento ou mesmo do lixo urbano que é carreado através das águas das chuvas,
(RODRÍGUEZ, 2001).
Segundo Von Sperling (1996) os parâmetros de qualidade da água são avaliados em
função das características físicas, químicas e biológicas. Entre esses se dá maior ênfase aos
parâmetros que refletirão o uso potencial de determinada água.
5.2.1 Parâmetros físicos
As impurezas da água do ponto de vista físico estão associadas, em sua maior parte,
aos sólidos presentes na água e eles podem estar em suspensão, dissolvidos ou coloidais
(VON SPERLING, 1996).
A avaliação da qualidade física consiste na estratégia de identificar parâmetros que
representem, de forma indireta, a concentração de sólidos, em suspensão ou dissolvidos, na
água. Esta avaliação tem um duplo significado para a saúde pública, primeiro revelam a
qualidade estética da água, cuja importância sanitária pode levar o consumidor a procurar
outras alternativas menos seguras. Em segundo lugar, um elevado conteúdo de sólidos
compromete a eficiência da desinfecção, pois a presença de sólidos pode estar associado à
presença de microorganismos que comprometem a qualidade da água (BRASIL, 2006).
67
5.2.1.1 Turbidez
Segundo Battalha e Parlatore (1998) a turbidez é devido principalmente a partículas
sólidas em suspensão, diminuindo assim a claridade e reduz a penetração da luz no meio
aquaso. E pode ter diversas causas, tais como: plâncton, algas, detritos orgânicos, e mesmo
zinco, ferro, compostos de manganês e areia resultante de processo natural de erosão, de
despejos domésticos ou industriais. A turbidez pode reduzir a eficiência da cloração, e as
partículas de turbidez podem ainda transportar matéria orgânica que provoca sabor e odor.
A turbidez é entendida como o grau de atenuação de intensidade que um feixe de luz
sofre ao atravessar uma mostra de água, devido a presença de sólidos em suspensão, tais como
areia, silte, argila e de detritos orgânicos como algas, bactérias, plânctons na água, etc. A
erosão das margens dos rios na estação chuvosa acarreta o aumento de turbidez que tem como
conseqüência a utilização de maior dosagem de coagulantes em estações de tratamento de
água (SÃO PAULO, 2010).
A turbidez também pode ser conceituada como uma medida do grau de interferência à
passagem da luz através do líquido, pois quando a luz tem dificuldade de penetração no meio
líquido significa que esse líquido tem material em suspensão que dificulta a penetração da luz.
A turbidez pode ser elevada em regiões de solos facilmente erodíveis, os quais com a
precipitação pluviométrica carreiam as partículas de argila, silte, areia, fragmento de rochas e
mesmo óxido metálico do solo para a água.
A água de grande parte dos rios do Brasil apresenta turbidez natural devido às
condições das bacias de drenagem e do alto índice pluviométrico conjugado com uma prática
de agricultura muitas vezes inadequada. A alta turbidez pode funcionar como um escudo aos
microorganismos patogênicos, minimizando a ação dos desinfetantes utilizados para tratar a
água (BRASIL, 2006).
De acordo com a resolução 357/05 do CONAMA (BRASIL, 2005) o limite para a
turbidez deve ser menor ou igual a 100 UNT para os cursos d’água classificados como de
classe 2.
68
5.2.2 Parâmetros químicos
A qualidade química é aferida pela própria identificação do componente na água, por
meio de métodos laboratoriais específicos. Tais componentes químicos não devem estar
presentes na água acima de determinadas concentrações. A concentração acima de limites
toleráveis significa que se a substância for ingerida por um indivíduo, por um determinado
período, pode levar esse indivíduo a riscos inaceitáveis de contrair doenças. São dois os tipos
de substâncias químicas que têm efeitos nocivos à saúde humana: As substância químicas
inorgânicas, como metais pesados e as orgânicas, como os solventes (BRASIL, 2006).
5.2.2.1 Dureza
A dureza de uma água esta associada à concentração de cátions multimetálicos, sendo
os mais relacionados os cátions divalentes Ca 2+ e Mg2+. Quando há super saturação, esses
cátions reagem com os ânions na água formando precipitados. A dureza pode ser classificada
como dureza carbonato e dureza não carbonato, dependendo do âníon a que está associada.
Não traz problema sanitário (VON SPERLING, 1996).
Battalha e Parlatore (1998) diz que a dureza é definida como a soma de cátions
polivalentes, representado pela quantidade de CaCO3. Esses íons nos mananciais de
abastecimento não causam danos a saúde.
A dureza indica a concentração de cátions multivalentes em solução na água, e os
cátions mais comuns são os de cálcio e magnésio (Ca 2+ e Mg2+) e os menos comuns, ferro
(Fe2+), manganês (Mn2+), alumínio (Al3+) e estrôncio (Sr2+). A dureza carbonatada
corresponde a alcalinidade, e dureza não carbonatada corresponde aos demais ânions. Essa
dureza pode ter origem natural, o corpo d’água cortar regiões ricas em cálcio e magnésio, ou
por ação antropogênica, através de lançamento de efluentes industriais. A dureza pode ser
classificada em dureza mole ou branda, dureza moderada, dura e muito dura (BRASIL, 2006).
O CONAMA através da resolução 357/05 (BRASIL, 2005) estabelece que a dureza
não deve ultrapassar o valor de 50 mg/L para rios enquadrados como de classe 2.
69
5.2.2.2 Demanda química de oxigênio (DQO)
É a quantidade de oxigênio necessária para oxidação da matéria orgânica por meio de
um agente químico. O aumento da DQO é indício de despejo de origem industrial. É um
parâmetro importante nos estudos de caracterização de esgotos sanitários e efluentes
industriais. É utilizado juntamente com a DBO5,20 para observar a biodegradabilidade dos
despejos. Normalmente os resultados são superiores ao da DBO5,20. Nesse ensaio mede-se
apenas a fração biodegradável, e quanto mais próximo esse valor estiver da DBO5,20, significa
que mais biodegradável será o efluente (SÃO PAULO, 2010).
Ainda segundo São Paulo (2010), a DQO tem demonstrado ser um parâmetro muito
eficiente no controle de sistemas de tratamentos anaeróbicos de esgotos sanitários e efluentes
industriais, pois nos novos reatores utilizados a DQO exerce um papel importante no controle
das cargas aplicadas e na eficiência obtida. Outro uso que se faz da DQO é a previsão das
diluições nas amostras na análise de DBO5,20, visto que o valor da DQO é superior e pode ser
obtida no mesmo dia da coleta, podendo ser utilizada para balizar as diluições.
A DBO5,20 parte do princípio que todos compostos orgânicos, com algumas exceções,
podem ser oxidados pela ação de um agente oxidante em um meio ácido. A limitação desse
parâmetro é o fato de que no ensaio não se diferencia matéria orgânica biodegradável, da
matéria orgânica não degradável, sendo a primeira determinada pela DBO5,20. Mas a
vantagem é o tempo de resposta do ensaio, enquanto a DBO5,20 requer um mínimo de 5 dias,
que é o período de incubação (DEBERDT, 2010).
Assim como a DBO5,20, a DQO é utilizada como um parâmetro indicativo de matéria
orgânica na água. A diferença entre esses dois parâmetros refere-se ao tipo de matéria
orgânica estabilizada, sendo que a DBO5,20 representa a matéria orgânica mineralizada através
da atividade de microorganismos, enquanto a DQO engloba também a estabilização da
matéria orgânica ocorrida por processos químicos. Por esse motivo, a DBO5,20 sempre terá um
valor superior a DBO5,20. A relação entre os valores DQO e DBO5,20 indica a parcela de
matéria orgânica que poderá ser estabilizada através da via biológica (BRASIL, 2006).
A resolução 357/05 do CONAMA não estabelece valores máximos ou mínimos de
DQO para os corpos d’águas.
70
5.2.2.3 Demanda bio-química de oxigênio (DBO5,20)
De acordo com São Paulo (2010), a DBO5,20 de uma água é a quantidade necessária de
oxigênio para oxidar a matéria orgânica por decomposição microbiana aeróbica para uma
forma orgânia estável. A DBO5,20 normalmente é considerada como a quantidade de oxigênio
consumida durante um determinado período de tempo, 5 dias, em uma determinada
temperatura de incubação, 20º C. Pelo fato de a DBO5,20 somente medir a quantidade de
oxigênio consumido num teste padronizado, não indica a presença de matéria não
biodegradável, nem leva em consideração o efeito tóxico ou inibidor de materiais sobre a
atividade microbiana.
Ainda segundo São Paulo (2010), o aumento da DBO5,20, num corpo d’água, são
provocados por despejos de origem predominatemente orgânica. A presença de alto teor de
matéria orgânia pode levar ao completo esgotamento de oxigênio na água, provocando asfixia
das formas de vida aquática.
Um elevado valor de DBO5,20, pode ocorrer pela presença elevada da microflora que
interfere no equilíbrio da vida aquática, produzindo odores e sabores desagradáveis, podendo
inclusive obstruir os filtros de areia utilizados nas estações de tratamento de água (SÃO
PAULO, 2010).
A expressão Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), é utilizada para exprimir o
valor da poluição produzida pela matéria orgânica oxidável biologicamente e corresponde à
quantidade de oxigênio consumida por microorganismos do esgoto ou de águas poluídas
durante a oxidação biológica. Essa demanda pode ser de tal monta que poderá consumir todo
oxigênio dissolvido da água, o que pode levar à morte de todos os organismos aeróbicos de
respiração subaquática (DEBERDT, 2010).
A DBO5,20 é utilizada para indicar a presença de matéria orgânica na água, que foi
estabilizada através da atividade de microorganismos. A matéria orgânica é o principal
responsável pela degradação da água, que é a redução da concentração de oxigênio dissolvido
na água. Essa diminuição acontece devido a atividade respiratória de bactéria na estabilização
da matéria orgânica. Logo, a avaliação de matéria orgânica na água é realizada através da
medição do consumo de oxigênio (BRASIL, 2006).
Os efluentes que são originários de processamento de matéria orgânica, como
laticínio, cervejaria e frigorífico, apresentam uma elevada DBO5,20. Da mesma forma, em
71
corpos d’água sujeitos a poluição orgânica, como o recebimento de esgoto doméstico ou de
criatórios de animais, a DBO5,20 também terá valores bem elevados (BRASIL, 2006).
Na resolução 357/05 do CONAMA (BRASIL, 2005) estabelece que o valor da
DBO5,20 deve ser de no máximo 5,0 mg/L para rios de classe 2.
5.2.2.4 Fosfato
O fósforo é um importante fator limitante à vida dos organismos aquáticos, e a sua
presença em uma massa d’água, é de suma importância no controle ecológico das algas.
Despejos orgânicos, especialmente esgotos domésticos, bem como alguns despejos industriais
podem conter uma quantidade significativa desse elemento (DEBERDT, 2010).
Segundo Battalha e Parlatore (1998), o fósforo é encontrado nas águas superficiais e
subterrâneas como resultado da lixiviação dos minerais, dos processos naturais de degradação
ou mesmo da drenagem da agricultura. O fósforo também pode ter sua origem na
decomposição da matéria orgânica, e estar presente nos resíduos industriais, ou ainda, parte
das águas de refrigeração que os recebe em seu tratamento. É utilizado nas águas das caldeiras
para prevenir incrustação e inibir a corrosão. As plantas através da fotossíntese incorporam o
fósforo.
Para Battalha e Parlatore (1998) o fósforo é essencial a toda vida e é considerado
nutriente facilmente controlável para o crescimento de plantas. A presença de fósforo na água
é indicado pela concentração de algas que leva a eutrofização da mesma ou mesmo pelo
crescimento exagerado de outras plantas aquáticas nocivas em reservatórios ou águas paradas.
Segundo São Paulo (2010), o fósforo está presente principalmente em descarga de
esgoto sanitário, devido o uso em larga escala de detergentes superfosfatado no ambiente
doméstico. Alguns efluentes industriais, como nas indústrias de fertilizantes, pesticidas,
conservas alimentícias, abatedouros, laticínios, apresentam altas taxas de fósforo. No Brasil,
os esgotos sanitários têm características bem específica que é apresentar baixa concentração
de fósforo total, na faixa de 6 a 10mg/L, não exercendo efeito limitador sobre o tratamento
biológico.
O fósforo em razão de sua baixa disponibilidade nas regiões de clima tropical é um
importante nutriente para o desenvolvimento das plantas aquáticas, no entanto quando se tem
uma grande disponibilidade desse nutriente ocorrerá um crescimento exagerado dessas
72
plantas, com isso prejudicando a utilização da água, ocorrendo o fenômeno chamado de
eutrofização. O fósforo esta presente na água por meio de processos naturais, como a
dissolução de rochas, decomposição de matéria orgânica, chuva e carreamento do solo, ou por
processo antropogênico, lançamento de esgoto, detergentes, fertilizantes ou pesticidas
(BRASIL, 2006).
O CONAMA estabelece na resolução 357/05 (BRASIL, 2005) que os rios de classe 2
devem ter no máximo 0,10 mg/L de fósforo.
5.2.2.5 Série nitrogenada
Como o fósforo, o nitrogênio é um dos principais nutrientes para os processos
biológicos, fazendo parte dos chamados macro-nutriente, podendo ser consumido em grandes
quantidades pelas células. É, portanto, um parâmetro importante nos programas de
caracterização de efluentes industriais que se pretende tratar por processos biológicos (SÃO
PAULO, 2010).
O nitrogênio pode ser encontrado naturalmente na água, pois é incorporado pelas
bactérias e algas. Desta forma, tem-se a presença de nitrogênio orgânico nas águas, por
fixação química que depende da presença de luz. Já nas áreas agrícolas o nitrogênio é
carreado do solo adubado na forma de fertilizantes nitrogenados (SÃO PAULO, 2010).
As fontes de nitrogênio nas águas naturais são diversas. No entanto a principal fonte
são os esgotos sanitários, lançando nas águas. O nitrogênio proveniente de esgoto sanitário
ocorre na forma orgânica (proteínas) e amoniacal (NH3), pela hidrólise da uréia na água.
Alguns efluentes industriais também contribuem para a descarga de nitrogênio orgânico e
amoniacal, como ocorre em indústrias químicas, farmacêuticas, conservas alimentícias,
matadouros, frigoríficos e curtumes. As formas de nitrogênio encontrado nas águas são:
orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. As duas primeira são denominadas de formas reduzidas
e as duas últimas de formas oxidadas e são importantes para determinar a distância do ponto
de lançamento do agente poluidor (SÃO PAULO, 2010).
Ainda segundo São Paulo (2010), nas zonas de autodepuração natural em rios
constata-se a presença de nitrogênio orgânico na zona de degradação, nitrogênio amoniacal na
zona de decomposição ativa, nitrito na zona de recuperação e nitrato na zona de águas limpas.
73
5.2.2.5 1 Nitrogênio amoniacal
Segundo São Paulo (2010), caso na amostra for encontrado as formas reduzidas,
nitrogênio orgânico ou amoniacal, o foco de poluição encontra-se próximo do ponto de coleta.
Para a legislação federal em vigor, o nitrogênio amoniacal é utilizado como padrão para
classificar as águas naturais e também para emissão de esgoto. A amônia é muito tóxica aos
peixes, sendo que muitas espécies não suportam concentrações superiores a 5 mg/L, pois a
amônia ao ser oxidada faz com que tenha um aumento de consumo do oxigênio dissolvido.
O Nitrogênio Amoniacal é a forma reduzida do nitrogênio, sendo encontrado em
condições de anaerobiose, e seve para indicar o lançamento de esgoto com elevada carga
orgânica (BRASIL, 2006).
A resolução 357/05 do CONAMA (BRASIL, 2005) diz que os rios de classe 2 devem
ter no máximo 2,0 mg de nitrogênio amoniacal por litro de água.
5.2.2.5 2 Nitrato
O nitrato é o nitrogênio já oxidado, ou seja, caso encontrado, significa que a fonte
poluidora está distante do ponto de coleta da amostra de água, (SÃO PAULO, 2010).
O nitrogênio apresenta-se na água em várias formas, dependendo do nível de
oxidação, sendo que o nitrato é a forma mais oxidada do nitrogênio. Por causa de sua estreita
relação com o ciclo da vida, as concentrações de nitrato são fortemente influenciadas pelas
atividades das plantas e animais. Em concentrações superiores a 10mg/L podem tornar fatal
para crianças, e isso pode ocorrer em poços com pouca profundidade e próximos a fossas
sépticas ou estábulos, podendo ocorrer um aumento de nitrato na água devido a drenagem do
produto da fertilização do solo e os despejos industriais de fertilizantes, (BATTALHA;
PARLATORE, 1998).
O CONAMA estabelece na resolução 357/05 (BRASIL, 2005) que o nitrato deve ter
uma concentração máxima de 10,0 mg por litro de água para os rios de classe 2.
74
5.2.2.5 3 Nitrito
O nitrito é uma forma intermediária no processo de oxidação do nitrogênio,
apresentando uma forte instabilidade no meio aquoso (BRASIL, 2006), e segundo São Paulo
(2010), a presença do nitrito indica que o corpo d’água já esta em recuperação.
O CONAMA estabelece através da resolução 357/05 (BRASIL, 2005) que o nitrito
deve ter uma concentração máxima de 1,0 mg por litro de água para os rios de classe 2.
5.2.2.6 Oxigênio dissolvido (OD)
A determinação do oxigênio dissolvido é de suma importância para avaliar as
condições naturais da água e detectar impactos ambientais como a eutrofização e poluição
orgânica. O oxigênio dissolvido é uma variável de fundamental importância do ponto de vista
ecológico, pois ele é essencial para a respiração dos organismos aquáticos. Em geral, o
oxigênio dissolvido desaparece ou reduz quando é lançado substâncias orgânicas
biodegradáveis no corpo d’água, substâncias essas encontradas em esgotos domésticos, em
determinados resíduos industriais ou em vinhoto. Os resíduos orgânicos são decompostos por
microorganismos que consomem oxigênio para sua respiração, retirando assim o oxigênio
dissolvido na água, levando à morte os demais habitantes dessa água por asfixia (DEBERDT,
2010).
O oxigênio dissolvido é de primordial importância para os organismos aeróbios
(vivem na presença de oxigênio). Para estabilizar a matéria orgânica, as bactérias utilizam
oxigênio nos seus processos respiratórios, causando uma diminuição do oxigênio dissolvido
no meio. Dependendo da magnitude desse fenômeno, a vida aquática pode ser comprometida,
podendo causar a morte de diversos habitantes dos corpos d’água. Em casos extremos
podendo chegar até a anaeróbias (ausência de oxigênio), gerando odores desagradáveis. A
ausência de oxigênio dissolvido indica poluição das águas através de despejos orgânicos
(VON SPERLING, 1996).
O Oxigênio Dissolvido é um parâmetro que tem elevada importância para exprimir a
qualidade de um ambiente aquático. A variação dos teores de oxigênio dissolvido na água está
diretamente relacionado com os processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem no
75
corpo d’água. Para que a vida aquática aeróbica se sustente é necessário que esteja presente na
água teores mínimos de oxigênio dissolvido entre 2 mg/L a 5 mg/L (BRASIL, 2006).
A concentração mínima de oxigênio disponível para a sobrevivência de espécies
piscícolas é de 4 mg/L para a maioria dos peixes. Em condições de anaerobiose (ausência de
oxigênio dissolvido), os compostos químicos são encontrados na forma reduzida, isto é, não
oxidada, a qual é geralmente solúvel no meio líquido, deixando essas substâncias disponíveis
para os organismos que sobrevivem no ambiente. No entanto, se há um aumento da
concentração de oxigênio dissolvido disponível, esses compostos tendem a precipitar, ficando
armazenado no fundo do corpo d’água (BRASIL, 2006).
A resolução 357/05 do CONAMA (BRASIL, 2005), determina que para os rios de
classe 2 o oxigênio dissolvido (OD) deve ser de no mínimo 5,0 mg/L.
5.2.2.7 Potencial Hidrogeniônico (pH)
A utilização do pH (potencial hidrogeniônico) é importante, pois fornece inúmeras
informações sobre a qualidade da água. As águas superficiais têm pH que oscila entre 4 e 9, às
vezes são ligeiramente alcalinas devido à presença de carbonatos e bicarbonatos. O pH reflete
o tipo de solo por onde a água percorre. Em ambientes lânticos, como em uma lagoa, o pH
pode elevar muito, chegando até 9 ou mais devido ao fato de que as algas, para realizarem a
fotossíntese, retiram muito gás carbônico, que é a principal fonte natural de acidez da água.
Em geral, um pH muito ácido ou muito alcalino está associado a presença de despejos
industriais (DEBERDT, 2010).
O pH representa a intensidade das condições ácidas ou alcalinas do meio líquido,
através da determinação da presença de íons de hidrogênio (H+). O valor do pH influi em um
maior ou menor grau de solubilidade das substâncias, além de definir o potencial de toxidade
de diversos elementos (BRASIL, 2006).
A resolução 357/05 do CONAMA (BRASIL, 2005) estabelece que o pH das águas dos
rios de classe 2 devem estar nos limites superior a 6 e inferior a 9.
76
5.2.3 Parâmetros biológicos
A avaliação da qualidade microbiológica da água tem papel primordial nesse processo
de determinação da qualidade da água, tendo em vista o grande número de microorganismos
patogênicos bem como a sua diversidade, em geral de origem fecal, que podem estar
presentes na água. Devido a extrema dificuldade e a quase impossibilidade, de avaliar a
presença de todos, usa-se como parâmetro a presença de organismos indicadores, sendo que o
mais importante dentre os organismos indicadores são as bactérias coliformes (BRASIL,
2006).
5.2.3.1 Coliformes termotolerantes
As bactérias do grupo coliformes são os principais indicadores de contaminação fecal,
sendo formados por bactérias que inclui os gêneros Klebsiella, Echerechia, Serratia, Erwenia
e Enterobactéria, todas são gran-negativas manchadas, de hastes não esporuladas associadas
com as fezes de animais de sangue quente e com o solo. As bactérias coliformes
termotolerantes reproduzem a 44,50ºC e são capazes de fermentar carboidratos. Essas
bactérias termotolerantes são mais apropriadas para indicar poluição sanitária do que o uso da
bactéria coliforme total, porque as bactérias fecais estão restritas ao trato intestinal de animais
de sangue quente. A concentração de coliformes tem importância como parâmetro indicador
da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos, responsáveis pela
transmissão de doenças de veiculação hídrica (SÃO PAULO, 2010).
A detecção de agentes patogênicos, como bactérias, protozoários e vírus em uma
amostra de água é difícil, devido à baixa concentração desses agentes no meio hídrico. Essa
baixa concentração de patogênicos deve-se ao fato que apenas uma parte da população
apresenta doenças transmissíveis através da veiculação hídrica, e mesmo assim as fezes desses
habitantes podem apresentar uma baixa concentração de patogênicos que ao serem lançados
no corpo receptor são diluídos a tal ponto que torna difícil a sua detecção em exames de
laboratórios (VON SPERLING, 1996).
Segundo Von Sperling (1996), esse obstáculo é contornado através do estudo dos
organismos indicadores de contaminação fecal, principalmente os pertencentes ao grupo de
77
coliformes. Mesmo não sendo patogênicos esse grupo da uma indicação satisfatória de
quando a água está contaminada por material fecal e, por conseguinte, a sua potencialidade
para transmitir doenças.
As bactérias do grupo coliformes habitam normalmente o intestino humano e de
animais, servindo como indicador de contaminação da água por fezes. Como grande parte das
doenças associadas à água são transmitidas por matéria fecal, essas bactérias podem ser
utilizadas como indicadoras dessa contaminação, sendo que quanto maior a presença de
coliformes em uma amostra de água, maior é a chance de que haja contaminação por
organismos patogênicos (BRASIL, 2006).
De acordo com a resolução 357/05 do CONAMA (BRASIL, 2005) nos rios
enquadrados como de classe 2 não deverá exceder o limite de 1.000,0 coliformes
termotolerantes por 100ml de água.
78
6 MATERIAL E MÉTODOS
6.1 PARÂMETROS ANALISADOS
Os dados dos parâmetros físicos, químicos e biológicos da água do rio Meia Ponte
utilizados nesse trabalho foram obtidos da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
do Estado de Goiás, SEMARH. As amostras de água para determinar desses parâmetros,
foram coletadas por técnicos da SEMARH e analisadas no laboratório dessa Secretária,
conforme Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater 20ª ed.
(APHA/AWWA).
Esses dados refere-se ao período de novembro de 2003 até dezembro de 2011 e foram
divididos em duas classes obedecendo a sazonalidade climática no estado de Goiás, onde as
estações de chuva e seca, são claramente definidas, considerando a estação das chuvas entre
os meses de outubro a abril e a estação seca entre os meses de maio a setembro.
Os resultados dos parâmetros físicos, químicos e biológicos da água do rio Meia Ponte
foram tabulados e em seguida obtidos a média aritmética simples para cada classe, por trechos
do rio Meia Ponte, Antes do Perímetro Urbano (APU), no Perímetro Urbano (PU) e Pós
Perímetro Urbano (PPU). Em seguida esses dados foram confrontados com o que preceitua a
Resolução 357 de 17 de março de 2005 do CONAMA.
De novembro de 2003 até abril de 2007 as análises da água do rio Meia Ponte eram
realizadas bimestralmente, e a coleta dessa água realizada em 11 pontos. A partir de junho de
2007 as análises passaram a ser realizadas trimestralmente, com a coleta da água sendo feita
só em 07 pontos. Entretanto nesse trabalho optou-se por manter a nomeclatura dos pontos
adotados anterior a junho de 2007.
A tabela 6 mostra os pontos de coleta de água para análise no leito do rio Meia Ponte.
São descritos de acordo com a nomenclatura da Secretária Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos com os respectivos georeferenciamento. Os pontos 07, 08, 11, 12, 13, 14 e
15 não estão no rio Meia Ponte e sim nos tributários. O Ponto 16 só foi incluído para coleta
das análises a partir de outubro de 2005.
79
Tabela 6 - Pontos de coletas da água
Coordenadas
Num. ponto após
junho 2007
Ponto 01
Pontos
Localização
Município
Longitude
Latitude
Ponto 01
Nascente Rio Meia Ponte
Ponte na estrada da fazenda
Abóbora
Ponte a 500m montante
captação Saneago
Ponte entre faz. José Essado e
Jove Guimarães
Captação da Saneago no Rio
Meia Ponte
Ponte da Av. Perimetral
Norte-Montante ETE Saneago
Ponte da Av. Des. Emílio F.
Póvoa - Crimeia Leste
Ponte GO 020, Saída Bela
Vista
Ponte do Terêncio, GO 219
entre Bela Vista e Hidrolândia
Ponte da BR 153 a jusante
Usina Rochedo
Ponte da GO 206 entre Cach.
Dourada e Pontezinha
Itauçu
651417
8216594
Itauçu
654825
8205962
Inhumas
660285
8194802
Inhumas
665018
8187658
Goiânia
678041
8167360
Goiânia
685046
8158941
Goiânia
685962
8158824
Ponto 03
Goiânia
697910
8148124
Ponto 04
Hidrolândia
704255
8117704
Ponto 05
Piracanjuba
688238
8069690
Ponto 06
Cach.
Dourada
645778
7956413
Ponto 07
Ponto 02
Ponto 03
Ponto 04
Ponto 06
Ponto 10
Ponto 09
Ponto 16
Ponto 17
Ponto 18
Ponto 19
Ponto 02
O ponto 09 na relação acima, está após o ponto 10 para obedecer a sequência física ao
longo do rio Meia Ponte.
O rio Meia Ponte ainda não teve seu enquadramento em uma classe de acordo com a
resolução 357/05 de 17 de março de 2005, não estando enquadrado aplica-se então o artigo 42
dessa resolução que diz:
Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão
consideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as condições de
qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da classe mais
rigorosa correspondente (BRASIL, 2005).
Como o rio Meia Ponte e seus tributários são utilizados para abastecimento público de
grande parte da população contida em sua bacia, eles devem atender aos padrões de qualidade
para as águas doce de classe 2, como determina a Resolução 357 do CONAMA.
Essa resolução no art. 4º item III diz que as águas doces da classe 2 podem ser
destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho,
conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas, parques, jardins, campos de esporte e
lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e
e) à aquicultura e à atividade de pesca (BRASIL, 2005).
80
A tabela 7 apresenta os padrões determinados pela Resolução CONAMA 357/05 para
águas doce da classe 2 referentes aos parâmetros analisados nesse trabalho.
Tabela 7 - Parâmetros analisados
Parâmetros
Turbidez
Dureza
DQO*
DBO
Fosfato
Nitrogênio amoniacal
Nitrato
Nitrito
Oxigênio dissolvido (OD)
PH
Colif. termotolerante
Unidade
UNT
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
Mg/L
mg/L
Valores
≤ 100
50,0
≤ 5,0
0,10
2,0 (7,5 < PH < 8)
10,0
1,0
≥ 5,0
Entre 6 e 9
1000 por 100ml
* Parâmetro não comtemplado pela resolução 357/05 do CONAMA.
O Indice de Qualidade da Água, IQA, utilizado nesse trabalho foi calculado pela
Secretára de Meio Ambiente do Estado de Goiás, com dados referente ao período de março de
2001 a dezembro de 2010. O IQA foi cálculado nos meses de março, junho, setembro e
dezembro de cada ano. Considerou-se nesse trabalho os meses de dezembro e março como
estação de chuvas, junho e setembro como estação seca. Foi cáculado a média aritmética
simples e o resultado tabulado obedecendo a sazonalidade climática no estado de Goiás. Os
resultados foram plotados entre os anos de 2001 a 2010 para cada ponto, 01, 06, 09, 16, 17, 18
e 19, considerando a estação seca e estação de chuva, em seguida esses mesmo dados foram
plotados por pontos, entre os anos de 2001 a 2010, tanto para a estação seca como para a
estação de chuva.
Na coluna 1 da tabela 8, está o número dos pontos utilizados nesse trabalho e na
coluna 6 o número correspondente utilizado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos para cálcular o IQA.
81
Tabela 8 - Pontos de coletas da água para determinar o IQA
Coordenadas
Nº pontos
utilizado nesse
trabalho
Ponto 01
Ponto 06
Ponto 09
Ponto 16
Ponto 17
Ponto 18
Ponto 19
Localização
Município
Longitude
Latitude
Nº ponto
do IQA
Nascente Rio Meia Ponte
Captação da Saneago no Rio
Meia Ponte
Ponte da Av. Des. Emílio F.
Póvoa - Crimeia Leste
Ponte GO 020, Saída Bela Vista
Ponte do Terêncio, GO 219 entre
Bela Vista e Hidrolândia
Ponte da BR 153 a jusante Usina
Rochedo
Ponte da GO 206 entre Cach.
Dourada e Pontezinha
Itauçu
651417
8216594
Ponto 01
Goiânia
678041
8167360
Ponto 02
Goiânia
685962
8158824
Ponto 03
Goiânia
697910
8148124
Ponto 04
Hidrolândia
704255
8117704
Ponto 05
Piracanjuba
688238
8069690
Ponto 06
Cach.
Dourada
645778
7956413
Ponto 07
Os parâmetros utilizados para cálculo do IQA com seus respectivos pesos, são os
constantes da tabela 9 conforme especificado pela Agência Nacional de Águas.
Tabela 9 - Parâmetros utilizados para cálculo do IQA
Parâmetros
Oxigênio dissolvido (OD)
Colif. termotolerante
pH
DBO
Temperatura da água
Nitrogênio total
Fósforo total
Turbidez
Resíduo total
Peso (w)
0,17
0,15
0,12
0,10
0,10
0,10
0,10
0,08
0,08
82
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.1PARÂMETROS FÍSICOS
7.1.1 Turbidez
Gráfico 1 - Valores da Turbidez na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano (APU), no Perímetro
Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU).
Na estação seca os valores da turbidez (gráficos 1 e 2) estiveram dentro dos limites da
resolução CONAMA 357/05, exceto no ano de 2008, quando a turbidez excedeu em 53,25%
ao limite determinado pela legislação, provavelmente ocorreu um fato extraordinário para que
isso tenha ocorrido, tanto assim que nesse mesmo ano, após o perímetro urbano, mesmo
estando abaixo do permitido, o valor da turbidez foi elevado em relação aos demais anos.
Esse valor elevado no ano de 2008 foi influenciado pelo ponto 16 que teve um
resultado de turbidez 470 NTU, e pelo ponto 17 com resultado de 365 UNT no mês de
setembro de 2008.
83
Nos gráficos 1 e 2 fica claro que, após o perímetro urbano, há uma melhora da
qualidade da água em relação a turbidez, comprovando que o rio consegue auto depurar-se
após sua passagem pela cidade de Goiânia, tendo resultados abaixo de 20 UNT em todos os
anos a excessão de 2008.
Gráfico 2 - Valores da Turbidez na estação seca ano a ano Antes do Perímetro Urbano (APU), no Perímetro
Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU).
84
Gráfico 3 - Valores da Turbidez na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano (APU), no Perímetro
Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU).
Nos gráficos referentes à estação chuvosa (gráficos 3 e 4) mostram que a turbidez
antes do perímetro urbano, de 2003 até o período de 2008/2009, os valores sempre
mantiveram abaixo do limite determinado pela resolução 357/05, só subindo nos períodos
2009/2010 e 2010/2011.
No perímetro urbano os valores estiveram baixos até 2006/2007 e no período
2010/2011, sendo que nos demais os valores ultrapassaram os valores da resolução 357/05.
No gráfico 3 na estação chuvosa em todos os períodos a turbidez ficou acima do limite
da resolução 357/05 do CONAMA, sendo que no período 2006/2007 esse valor ficou 102,17
% acima do permitido por essa resolução.
No perímetro urbano, nos períodos 2007/2008 e 2009/2010, os valores de turbidez
ficaram acima do determinado pelo CONAMA em 113,25% e 130,50% respectivamente.
85
Gráfico 4 - Valores da Turbidez na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano (APU), no
Perímetro Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU).
Após o perímetro urbano em todos os períodos da estação de chuva, os valores da
turbidez ficaram acima do estipulado pela resolução 357/05 do CONAMA, mesmo nos anos
em que os valores antes do perímetro urbano e no perímetro urbano ficaram abaixo do valor
estabelecido pela resolução 357/05, o gráfico 4 demonstra isso com mais clareza. Também
fica evidente o aumento da turbidez no perímetro urbano a partir do período 2007/2008.
Nos gráficos 3 e 4 (Estação de chuva) os valores elevados de turbidez podem estar
sofrendo influência da falta de cobertura vegetal na bacia hidrográfica, como pode ser visto
nas imagens 3, 4, 5 e 6. Essa falta de cobertura vegetal, muitas vezes devido a prática da
agricultura tem influência direta na turbidez devido o carreamento de material sólido pela
chuva.
86
7.2 PARÂMETROS QUÍMICOS
7.2.1 Dureza
Gráfico 5 - Valores da Dureza na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós
Perímetro Urbano.
Os dados do parâmetro dureza na estação seca antes do perímetro urbano (gráfico 5)
mostra que os valores estão em conformidade com os limites da resolução 357/05, sendo que
nos anos 2005 e 2007 os valores chegaram ao limite. No ano 2005 o valor aferido foi de 49,50
mg/L e em 2007 de 50,00 mg/L.
No perímetro urbano,valores referente aos anos 2004 e 2005 ultrapassam o limite da
resolução 357/05, considerando que de 2003 até abril de 2005 no perímetro urbano só
existiam dois pontos de coleta no rio Meia Ponte. Apenas a partir de outubro de 2005 é que
foi acrescentado o ponto 16, no final do perímetro urbano da cidade de Goiânia.
Já no ano de 2007 o valor extrapolou em 47% o valor permitido pela resolução 357/05,
mas devemos considerar que, a partir de junho de 2007, o perímetro urbano passou a ter
87
somente dois pontos, os pontos 09 e 16. Os demais anos 2006, 2008, 2009 e 2010 ficaram
abaixo do permitido pelo CONAMA.
Os valores após o perímetro urbano ficaram abaixo do valor limite, com excessão do
ano 2007 que ficou acima do valor da resolução 357/05, nesse ano os valores foram
influênciados pelos resultados do mês de setembro de 2007, que teve resultado das análise de
80, 76 e 80 mg/L para os pontos 17, 18 e 19 respectivamente, sendo que o resultado da série
histórica está no máximo 40 mg/L,.
Gráfico 6 - Valores da Dureza na estação seca ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós
Perímetro Urbano.
A dureza ano a ano na estação seca, como mostra os gráficos 5 e 6, no ano de 2007 os
valores da dureza ultrapassaram os limites impostos pela resolução 357/05, enquanto no
perímetro urbano esses valores ficaram acima nos anos 2004 e 2005.
88
Gráfico 7 - Valores da Dureza na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e
Pós Perímetro Urbano.
Gráfico 8 - Valores da Dureza na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano (APU), no Perímetro
Urbano (PU) e Pós Perímetro Urbano (PPU).
Os gráficos 7 e 8 referente aos valores da estação chuvosa, mostram-nos que somente
no ano de 2003, os dados de dureza em toda a extensão do rio Meia Ponte ultrapassaram os
89
limites da resolução 357/05. No perímetro urbano nos períodos 2004/2005 e 2008/2009 os
valores ficaram acima do permitido pelo CONAMA 357/05 e no período 2006/2007 o valor
também está acima, nos demais períodos os resultados ficaram abaixo do permitido
7.2.2 Demanda química de oxigênio (DQO)
Gráfico 9 - Valores da Demanda química de oxigênio (DQO) na estação seca, anualizado Antes Perímetro
Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
A DQO não tem limite estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA, esse
parâmetro, como relata a literatura tem valores superiores aos da DBO5,20. Os valores da DQO
apresentados no gráfico acima (gráfico 9), estão acima dos valores apresentados nos gráficos
da DBO5,20 mostrado anteriormente, confirmando o que diz a literatura.
Os gráficos 9 e 10, mostra os dados do período seco, pode-se observar que os dados
antes do perímetro urbano apresentam valores inferiores aos presentes no perímetro urbano.
Após o perímetro urbano os valores da DQO voltam a diminuir, mostrando novamente a
influência da passagem do rio Meia Ponte pela cidade de Goiânia e o processo de
autodepuração do rio.
No trecho do perímetro urbano observa-se que os valores são elevados e têm o mesmo
padrão dos valores da DBO5,20, item 7.2.3, ou seja, tem um valor elevado em 2004 e dois
90
valores estáveis nos anos de 2005 e 2006, inicia a crescer até o ano de 2010, e votando a cair
em 2011, mas sempre mantendo valores acima dos valores da DBO5,20 que é um padrão
relatado pela literatura.
Gráfico 10 - Valores da Demanda química de oxigênio (DQO) na estação seca ano a ano Antes do Perímetro
Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
No gráfico 10, onde os dados são apresentados ano a ano, verifica-se claramente o que
já foi visto nos gráficos anteriores, que 2006 foi o único ano em que a DQO não ultrapassou a
5,00 mg/L. Esse mesmo gráfico mostra claramente o padrão de resultado: valores menores
antes do perímetro urbano, maior no perímetro urbano e menor após o perímetro urbano. A
excesão foi o ano de 2005, onde o valor após o perímetro urbano foi maior, saindo do padrão
dos demais anos.
91
Gráfico 11 - Valores da Demanda química de oxigênio (DQO) na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro
Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
No período de chuva, a DQO, no trecho antes do perímetro urbano está com valores
sempre inferiores aos apurados no trecho do perímetro urbano, como demonstrado nos
gráficos 11 e 12.
No gráfico 11 verifica-se que no perímetro urbano, a DQO iniciou alta no ano de 2003
e caiu até o período de 2006/2007, quando elevou bruscamente e não voltou aos valores
anteriores. O mesmo padrão teve a DBO5,20, com excessão da DBO5,20 do ano de 2003
(gráfico 14).
Os valores após o perímetro urbano entre 2003 e 2006/2007 são superiores aos do
perímetro urbano no mesmo período, isso pode indicar que nesse período não ocorreu um
processo de autodepuração efetiva na drenagem. Nos demais períodos, verifica-se que, assim
como no período seco, ocorre o processo de autodepuração do rio Meia Ponte como
evidenciado no gráfico 12.
92
Gráfico 12 - Valores da Demanda química de oxigênio (DQO) na estação das chuvas ano, a ano, Antes do
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
A DQO no período de chuva, ano a ano, com as exceções do ano de 2003 e os
períodos 2005/2006 e 2006/2007 manteve o padrão histórico de valores menores antes do
perímetro urbano, elevado no perímetro urbano e volta a cair após perímetro urbano, como
está evidenciado no gráfico 12.
93
7.2.3 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)
Gráfico 13 - Valores da Demanda bio-química de oxigênio (DBO) na estação seca, anualizado Antes Perímetro
Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
Nos gráficos 13 e 14 observa-se claramente que em todos os anos analisados, os
pontos localizados antes e depois do perímetro urbano mostram dados em média 50% menor
do que estipulado pela portaria 357/05 do CONAMA. No perímetro urbano até o ano de 2006,
os dados apresentam valores abaixo do limite permitido e, posteriormente foram aumentando
gradativamente, até atingir o pico em 2010. Os valores diminuem abruptamente para baixo do
determinado pela portaria 357/05 do CONAMA, após perímetro urbano, indicando a efetiva
autodepuração do rio.
Nos pontos 09 e 10 que estão no perímetro urbano, em abril de 2005, período seco,
não foi feita a coleta para análise de DBO5,20, motivo esse dos gráficos 13 e 14 estarem sem
referências.
Como já foi frisado, a partir de junho de 2007 as coletas para análise da água do rio
Meia Ponte passaram a ser realizada somente em dois pontos antes do perímetro urbano que
antes eram seis, dois pontos no perímetro urbano que antes eram três, somente no Rio Meia
Ponte, e mais oito nos seus tributários que cortam a cidade de Goiânia, e continuou os três
pontos após o perímetro urbano.
94
Gráfico 14 - Valores da Demanda bio-química de oxigênio (DBO) na estação seca, ano a ano, Antes do
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
No gráfico 14, verifica-se que os valores da DBO5,20 antes e depois do perímetro
urbano não ultrapassaram o limite imposto pela resolução 357/05 do CONAMA. No entanto,
os valores no perímetro urbano sempre foram superiores aos demais. Isto também está
evidenciado no gráfico 13.
Os gráficos 13 e 14 demonstram que com o aumento da urbanização da cidade de
Goiânia, ao longo dos anos, os valores de DBO5,20, estão em uma curva ascendente no
perímetro urbano, sendo portanto, um fator prepondetante na degradação do rio, e que após o
perímetro urbano a DBO5,20 volta a níveis aceitáveis demonstarndo que não há lançamento de
poluentes significativos no rio, ou a efetividade do processo de autodepuração do mesmo.
O ano 2004 é uma excessão no que diz respeito aos valores de DBO5,20, pois os dados
após o perímetro urbano foram superiores aos observados no perímetro urbano. Da mesma
forma, esse ano, os valores antes e depois do perímetro urbano estão destoando dos demais
anos que não ultrapassaram de 2,50 mg/L.
95
Gráfico 15 - Valores da Demanda bio-química de oxigênio (DBO) na estação de chuva, anualizado Antes
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
Observa-se no gráfico 15 que a DBO5,20, no período de chuva, aumenta a partir do
período 2006/2007. Inicia-se uma ascendente antes do perímetro urbano que vai até o período
2010/2011, quando ultrapassa o limite estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA.
No perímetro urbano, os resultados iniciaram uma curva ascendente no ano de 2003,
com uma descontinuidade no período 2006/2007, iniciando novamente uma nova curva
ascendente, só interrompida no período 2010/2011.
No trecho após o perímetro urbano, tem-se inicialmnete, em 2003, um valor que
ultrapassa o limite imposto pela resolução 357/05 do CONAMA e inicia uma curva
descendente até o período 2007/2008, mantendo estável no período seguinte, 2008/2009 e
aumentando em 2009/2010.
96
Gráfico 16 - Valores da Demanda bio-química de oxigênio (DBO) na estação das chuvas ano a ano Antes do
Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
A DBO5,20 ano a ano, no período de chuva, gráfico 16, apresenta uma diferença em
relação ao período de seca, como observado no gráfico 14, quando os valores foram baixo
antes do perímetro urbano, altos no perímetro urbano e novamente baixo após o perímetro
urbano. No gráfico 16 os quatros períodos iniciais, diferem do padrão apresentado no período
seco.
O ano de 2003, no trecho após o perímetro urbano, sofreu uma elevação brusca nos
valores de DBO5,20, ultrapassando o limite imposto pela resolução 357/05 do CONAMA. Esse
valor foi influenciado pelo dado do ponto 17, em novembro de 2003, que apresentou um valor
de 43mg/L sendo que os demais pontos oscilaram entre 2,10 ate 3,00 mg/L. O período de
2004/2005 foi afetado por resultado do ponto 09 no perímetro urbano de Goiânia, cujo
resultado de 49,00 mg/L em outrubro de 2004, fez com que o resultado da média fosse
elevado, pois os demais pontos tiveram valores menores do 5,59 mg/L, excluindo esse
resultado, a média cairia para 3,02 mg/L, que fica abaixo do determinado pela resolução
357/05 do CONAMA que é de 5,0 mg/L. Nesse mesmo período os dados após o perímetro
urbano foram influênciados por valor de 29,50 mg/L do ponto 19 em novembro de 2004, já no
exultório do rio Meia Ponte junto ao rio Paranaiba, sem esse resultado discrepante a média
seria de 2,53 mg/L, abaixo do estipulado pela resolução 357/05 do CONAMA.
97
A partir do período 2007/2008 os padrões são similares aos verificados na estação seca
(gráfico 14), ou seja, baixos valores antes do perímetro urbano, aumentando no perímetro
urbano e reduzindo novamente após o perímetro urbano, sendo que os resultados antes e
depois do perímetro urbano estão abaixo do estipulado pelo CONAMA através da resolução
357/05. Somente no período de 2010/2011 que o resultado antes do perímetro urbano
ultrapassou o que determina a mesma resolução, mas mantendo o padrão anterior.
7.2.4 Fosfato
Gráfico 17 - Valores do Fosfato na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós
Perímetro Urbano.
Conforme o gráfico 17, na estação seca, os resultados do fosfato antes do perímetro
urbano ficaram bem abaixo do determinado pela resolução 357/05, sendo que a maioria
desses resultados foram 50% menores do que estabelece o CONAMA, que é de 0,10 mg/L,
com excessão do ano de 2008 que apresentou um valor de 0,060 mg/L.
Os valores no perímetro urbano, com excessão do ano de 2005 que teve um valor
abaixo do limite da resolução 357/05, os demais anos tiveram resultados acima do permitido,
98
sendo que nos anos 2007, 2009 e 2008, os dados encontrados foram mais de 3,5 vezes o valor
limite imposto pela resolução 357/05 do CONAMA.
Após o perímetro urbano, os anos 2006 e 2007, teveram resultados bem acima dos
resultados de referência, sendo que no ano de 2009 o dado encontrado ficou pouco acima do
valor de referência, e nos anos 2004 e 2008 os valores ficaram abaixo. Nos anos 2005 e 2010
não foi feito coleta de água para análise no trecho após o perímetro urbano, não tendo
portanto valores de referência.
Gráfico 18 - Valores do Fosfato na estação seca, ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e
Pós Perímetro Urbano.
O gráfico 18 mostra que as médias do fosfato tabulados ano a ano, no período da
estação seca, no trecho antes do perímetro urbano, os valores não ultrapassaram o que
determina a resolução 357/05 no período analisado, já no perímetro urbano, a excessão de
2005, que teve resultado abaixo do limite imposto pela resolução 357/05, os demais anos
tiveram os valores acima do que determina essa mesma norma.
Com relação ao trecho após o perímetro urbano, os anos 2006 e 2007, os valores
encontrados superaram o estabelecido pela resolução 357/05, isso fica claro no gráfico 17,
99
sendo que em 2009 o valor encontrado foi de 0,112 mg/L e o máximo permitido é de 0,10
mg/L. Nos anos de 2005 e 2010 não houve coleta para executar análise da água.
Gráfico 19 - Valores do Fosfato na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano
e Pós Perímetro Urbano.
O fosfato na estação das chuvas no trecho antes do perímetro urbano, com excessão do
período 2010/2011, ficou acima do valor de referência da resolução 357/05 do CONAMA.
Nos demais períodos ficaram abaixo do valor de referência. Já no perímetro urbano somente o
período 2006/2007 ficou abaixo do valor de referência, os demais períodos ficaram acima do
estipulado pela resolução 357/05.
No trecho após o perímetro urbano o período 2004/2005 não teve coleta de material
para fazer análise da água, e o ano de 2003 juntamente com os períodos 2006/2007,
2007/2008 e 2010/2011 os dados encontrados estão acima do valor de referência da resolução
357/05.
100
Gráfico 20 - Valores do Fosfato na estação de chuva, ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro
Urbano e Pós Perímetro Urbano.
O gráfico 20 mostra que os valores de fosfato na estação chuvosa em 2003 ficaram
abaixo do previsto pela resolução 357/05 na região antes do perímetro urbano. No perímetro
urbano e após o perímetro urbano o valor apurado é superior ao limite da resolução 357/05
considerando o ano de 2003.
No período 2006/2007 os valores foram aumentando gradativamente do trecho antes
do perímetro urbano até atigir o pico após o perímetro urbano, que está acima do limite
imposto pela resolução 357/05.
Nos demais anos observa-se teores baixos antes do perímetro urbano com um valor
elevado no perímetro urbano e novamente um teor menor após o perímetro urbano, sendo que
nos períodos 2007/2008 e 2010/2011 esses teores superaram o valor determinado pela
resolução 357/05.
101
7.2.5 Série Nitrogenada
7.2.5.1 Nitrogênio amoniacal
Gráfico 21 - Valores do Nitrogênio amoniacal na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro
Urbano e Pós Perímetro Urbano.
Os dados de nitrogênio amoniacal na estação seca mostram que, considerando todos
os trechos, somente em tês anos distintos (2007 e 2010 no perímetro urbano e 2010 após o
perímetro urbano), ficaram acima do permitido pela resolução 357/05 do CONAMA.
No trecho após o perímetro urbano o dado foi influenciado pelo resultado do ponto
16 que está no final do trecho, cujos valores foram de 11,00 mg/L em junho de 2010 e 25,50
mg/L em setembro de 2010. Esses valores refletiram no ponto 17, pois os teores apurados no
ponto 17 foram de 4,50 mg/L em junho e 8,20 mg/L em setembro de 2010. Os pontos 18 e 19
registraram valores mais próximos com os que ocorreram nos anos anteriores, valores de
0,340 mg/L e 0,335 mg/L respectivamente.
Quando observa-se os dados individuais dos pontos, nota-se que o ponto 17 tem
valores elevados a partir de março de 2010, mantendo assim até dezembro de 2010, enquanto
o ponto 16 teve a elevação de teores a partir de junho de 2010 até dezembro de 2010. Essa
102
elevação de valores do ponto 16, somada aos valores elevados do ponto 17, fez com que no
ponto 17 os valores mantivessem os mais altos registrados.
Os dados de 2007 no perímetro urbano é resultado de valores elevados no ponto 09 e
16, sendo que no ponto 9 a média foi de 3,24 mg/L e no ponto 16 de 6,04 mg/L. Esses valores
interferiram no teor do ponto 17, cuja média foi de 2,32 mg/L, pois nos dois últimos pontos os
valores foram de 0,255 e 0,235 mg/L para os pontos 18 e 19 respectivamente.
Gráfico 22 - Valores do Nitrogênio amoniacal na estação seca ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
No gráfico 22, período seco, verifica-se que o nitrogênio amoniacal em toda extensão
do rio Meia Ponte teve valores abaixo do determinado pela resolução 357/05, exceto no ano
de 2007 no perímetro urbano e 2010 nos perímetros urbano e pós perímetro urbano.
Os valores do ano de 2007 no perímetro urbano tiveram valores elevados no ponto 09
e 16, sendo que no ponto 9 a média foi de 3,24 mg/L e no ponto 16 de 6,04 mg/L. Esses dados
interferiram no valor do ponto 17, cuja média foi de 2,32 mg/L, pois nos dois últimos pontos
18 e 19 os valores foram de 0,255 e 0,235 mg/L.
Em 2010, o valor obtido no perímetro urbano foi 6 vezes maior do que o preconizado
pela resolução 357/05. Esse dado foi elevado porque o perímetro urbano está sendo
monitorado somente por dois pontos ao longo do rio Meia Ponte, e nesses dois pontos, 09 e
16, os resultados obtidos foram elevados a partir de junho de 2010, chegando a 25,50 mg/L e
103
com o menor valor ficando em 6,00 mg/L. Desta forma, o menor valor corresponde a 3 vezes
mais elevado do que o determinado pela resolução 357/05. Esses valores, consequetemente
influenciaram o resultado do ponto 17 que fica após o perímetro urbano, pois os dados dos
pontos 18 e 19 ficaram em 0,340 e 0,335 mg/L respectivamente.
Nos gráficos 21 e 22 verifica-se que os dados dos anos de 2007 e 2010 no perímetro
urbano teveram resultados acima do determinado pela resolução 357/05 em 132,00%
511,25% respectivamente. Esses resultados são consequência dos valores obtidos nos pontos
9 e 16 no mês de setembro dos anos citados. Os resultados da série histórica para o ponto 9 é
de 1,40 mg/L e teve em setembro de 2007 um resultado de 4,60 mg/L e em setembro de 2010
10,80 mg/L. No ponto 16 o resultado da série histórica é 1,6 mg/L, mas teve 7,68 mg/L e
25,50 mg/L em setembro de 2007 e 2010 respectivamente.
Gráfico 23 - Valores do Nitrogênio amoniacal na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
No gráfico 23, observa-se que na estação chuvosa, no trecho antes do perímetro
urbano, o valor do nitrogênio amoniacal não ultrapassou o limite determinado pela resolução
357/05. No perímetro urbano, somente no período 2008/2009 e 2010/2011 e no trecho após o
perímetro urbano, somente nos períodos 2009/2010 e 2010/2011 os valores ultrapassarm o
limite estabelecido pela da resolução 357/05.
104
Os dados no perímetro urbano nos períodos 2008/2009 e 2010/2011 (gráficos 23 e 24)
estão acima dos limites da resolução 357/05 42,63% e 275,00%. O dado do período
2010/2011 provavelmente foi influênciado pelo resultado da estação seca no ano de 2010,
pois esse período é subsequente a esse período seco, tendo em vista que na estação seca o
resultado foi 511,25% acima do limite, (gráficos 21 e 22)
Gráfico 24 - Valores do Nitrogênio amoniacal na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
Na estação chuvosa, os gráficos 23 e 24 mostram que o nitrogênio amoniacal ficou
com teores abaixo do permitido pela resolução 357/05 do CONAMA, sendo exceção os
períodos 2008/2009 e 2010/2011 no perímetro urbano, e os períodos 2009/2010 e 2010/2011
após o perímetro urbano.
O ponto 09 e o ponto 16 a partir de outubro de 2005 quando eles foram acrescentados
para coleta de água, sempre apresentaram valores elevados em determinados períodos,
mostrando que o perímetro urbano é o ponto crítico no que diz respeito a degradação do rio
Meia Ponte. Como já foi relatado acima, a média histórica desses pontos são 1,40 e 1,60 mg/L
respectivamente, mas constantemente eles dão valores que extrapolam em muito essa média
histórica.
105
7.2.5.2 Nitrato
Gráfico 25 - Valores de Nitrato na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós
Perímetro Urbano.
Os dados obtidos no gráfico 25, mostram que o nitrato na estação seca nunca
ultrapassou o limite do CONAMA 357/05. O diferencial aqui é o não aparecimento do
parâmetro nos anos de 2005, 2008, 2009 e 2010 antes do perímetro urbano, e no perímetro
urbano, também nos anos de 2005, 2008, 2009 e 2010, surgindo somente no ano de 2006 após
o perímetro urbano.
106
Gráfico 26 - Valores do Nitrato na estação seca ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e
Pós Perímetro Urbano.
No gráfico 26 que apresenta o nitrato na estação seca ano a ano, observa-se que os
pontos onde apareceram resultados na amostra de água, os valores não atingiram o limite
estabelecido. Verifica-se que onde o nitrato apresentou valores ele mostrou uma tendência
ascendente ao longo do rio.
107
Gráfico 27 - Valores de Nitrato na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e
Pós Perímetro Urbano.
O nitrato na estação das chuvas (gráfico 27) mostra que no período 2008/2009, no
perímetro urbano, ultrapassou o limite imposto pela resolução 357/05, resultado influenciado
pelo valor de 22,0 mg/L no ponto 09 do perímetro urbano no mês de março de 2009.
Nos períodos 2007/2008 e 2010/2011, antes do perímetro urbano, e os períodos
2007/2008, 2009/2010 e 2010/2011 no perímetro urbano, e também os períodos 2004/2005,
2007/2008 e 2010/2011 após o perímetro urbano, não registraram valores nas amostras de
água recolhidas para análise.
108
Gráfico 28 - Valores de Nitrato na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro
Urbano e Pós Perímetro Urbano.
No gráfico 28, nos períodos 2007/2008 e 2010/2011 o nitrato não foi identificado nos
resultado dos ensaios, assim como no período 2004/2005 após o perímetro urbano e no
perímetro urbano no período 2009/2010. No período 2008/2009 no perímetro urbano o valor
encontrado foi superior ao estabelecido pela resolução 357/05.
109
7.2.5.3 Nitrito
Gráfico 29 - Valores de Nitrito na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós
Perímetro Urbano.
Conforme o gráfico 29, o nitrito na estação seca, mesmo tendo um valor mais restrito
do que o nitrogênio amoniacal, teve resultados em sua maioria inferiores a 50% do permitido
pela resolução 357/05 do CONAMA, exceto o ano de 2010 no perímetro urbano que
ultrapassou esse limite que é de 1,0 mg/L. Esse valor de 1,05 mg/L. corresponde a 5,0%
acima do limite permitido. No ano de 2007, antes do perímetro urbano, não foi registrado
nitrito nas amostras analisadas.
Antes do perímetro de 2008 a 2010, no perímetro urbano de 2007 até 2010 e após o
perímetro de 2004 a 2010 os dados apresentaram em uma curva ascendente, a excessão foi o
ano de 2007 após o perímetro urbano.
110
Gráfico 30 - Valores do Nitrito na estação seca ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e
Pós Perímetro Urbano.
No gráfico 30, os dados de nitrito mostram que somente o ano de 2010 no trecho
urbano o resultado ultrapassou o limite imposto pela resolução 357/05. Esse resultado, mesmo
tendo ultrapassado o limite da resolução 357/05, foi maior apenas 5% acima do valor limite.
Nos anos 2004, e de 2008 até 2010 os valores ficaram baixos antes do perímetro
urbano, aumentaram no perímetro e voltaram a cair após perímetro urbano. Do ano de 2005
até 2007 os resultados após o perímetro urbano ficaram superiores ao do perímetro urbano.
111
Gráfico 31 - Valores de Nitrito na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e
Pós Perímetro Urbano.
Na estação chuvosa os dados de nitrito (gráfico 31) tiveram duas grandes exceções. No
período 2010/2011 no perímetro urbano, e no trecho após perímetro urbano, onde os
resultados foram superiores ao determinado pela resolução 357/05 do CONAMA. Esses
valores, assim como o nitrogênio amoniacal, foram influenciados pelos resultados dos pontos
09 e 16 no perímetro urbano e ponto 17 após o perímetro urbano, que deram resultados de
10,0 mg/L, 8,0 mg/L e 11,0 mg/L respectivamente.
112
Gráfico 32 - Valores de Nitrito na estação das chuvas ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro
Urbano e Pós Perímetro Urbano.
No gráfico 32 fica claro o que se discutiu da gráfico 31, os resultados do nitrito ano a
ano, na estação de chuva, ficaram abaixo do determinado pela resolução 357/05 do
CONAMA, mas no período 2010/2011, no trecho perímetro urbano e após perímetro urbano,
os valores ultrapassaram o valor imposto pela resolução 357/05, resultados determinados
pelos dados dos pontos 09 e 16 no perímetro urbano e ponto 17 após o perímetro urbano.
No perímetro urbano o valor ficou 800,0% acima do valor limite determinado pelo
CONAMA, e no trecho após perímetro urbano ficou 556,67% acima.
113
7.2.6 Oxigênio dissolvido (OD)
Gráfico 33 - Valores de Oxigênio dissolvido na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro
Urbano e Pós Perímetro Urbano.
O gráfico 33 mostra que o oxigênio dissolvido na estação seca, antes do perímetro
urbano, apresenta valores acima do mínimo estabelecido pela resolução 357/05 do
CONAMA. No entanto, quando inicia o perímetro urbano, nos dois primeiros anos os valores
estão dentro do que estabelece a resolução do CONAMA, mas a partir de 2006 os valores
mantêm-se abaixo do permitido pela resolução 357/05 e assim permanece até o ano de 2010.
Após o perímetro urbano, os valores do oxigênio dissolvido voltam a atingir os valores
acima dos limites estabelecidos pelo CONAMA, mas ficando abaixo desse limite no ano de
2010.
114
Gráfico 34 - Valores do Oxigênio dissolvido na estação seca ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
O gráfico 34 mostra que o oxigênio dissolvido ano a ano a partir do ano de 2006 fica
abaixo do estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA, fica evidente que o meio urbano
interfere na qualidade da agua do rio, e após a cidade o rio volta a ter níveis de oxigênio
dissolvido dentro dos limites aceitáveis pelo CONAMA.
115
Gráfico 35 - Valores de Oxigênio dissolvido na estação de chuva, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
Os valores do oxigênio dissolvido na estação das chuvas (gráfico 35) mostram que
antes do perímetro urbano os dados, com exceção do período 2010/2011 ficaram sempre
acima do estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA.
No perímetro urbano, nos períodos 2004/2005 e 2006/2007, os valores foram acima de
5,0 mg/L. Nos demais períodos, os valores ficaram abaixo do previsto pela resolução 357/05.
Já no trecho após o perímetro urbano, no ano 2003 e no período 2006/2007, os valores
ficaram abaixo, sendo que nos demais períodos os dados foram superiores ao estipulado pela
resolução 357/05.
116
Gráfico 36 - Valores de Oxigênio dissolvido na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
O gráfico 36, mostra que na estação das chuvas o oxigênio dissolvido tabelado ano a
ano fica abaixo de 5,0 mg/L como determina a resolução 357/05. No ano de 2003, no
perímetro urbano e após o perímetro urbano, no período 2006/2007, o resultado ficou abaixo
do valor de referência. Esse dado foi influenciado pelos valores dos pontos 17 e 18 que deu
3,70 e 4,40 mg/L respectivamente.
No período 2010/2011 o valor antes do perímetro urbano também deu um resultado
abaixo do permitido pela resolução 357/05. Esse valor foi influenciado pelo resultado obtido
na nascente, ponto 01, que foi de 2,0 mg/L.
Os dados apresentados no gráfico 36 mostram que na estação chuvosa após o
perímetro urbano, os níveis de oxigênio dissolvido aumentam, numa efetiva autodepuração do
rio, a exceção é o período 2006/2007.
117
7.2.7 Potencial hidrogeniônico (pH)
Gráfico 37 - Valores do pH na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós
Perímetro Urbano.
O pH na estação seca manteve-se dentro dos limites estabelecidos pela resolução
357/05 em toda a extensão do rio Meia Ponte, como mostra os gráfico 37 e 38.
118
Gráfico 38 - Valores do pH na estação seca ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós
Perímetro Urbano.
Gráfico 39 - Valores do pH na estação das chuvas, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e
Pós Perímetro Urbano.
Os gráficos 39 e 40 mostram que na estação das chuvas o pH também em toda a
extensão do rio Meia Ponte ficou com valores acima do limite inferior, porém dentro do
padrão estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA.
119
Gráfico 40 - Valores do pH na estação das chuvas ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e
Pós Perímetro Urbano.
7.3 PARÂMETROS BIOLÓGICOS
7.3.1 Coliformes termotolerantes
Gráfico 41 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação seca, anualizado Antes Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
120
Observa-se no gráfico 41 que os coliformes termotolerantes, antes do perímetro
urbano, encontram-se acima do limite estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA,
exceto os anos de 2005 e 2006 onde os resultados foram bem superiores aos outros anos. No
ano de 2006 os pontos 4 e 6 apresentaram valores mais elevados nas amostras analisadas.
Entre os anos de 2007 e 2010, antes do perímetro urbano, observa-se uma certa estabilidade
nos resultados.
No perímetro urbano da cidade de Goiânia ocorre uma elevação considerável nos
índices, mostrando que no perímetro urbano o rio Meia Ponte sofre consideravelmente com a
poluição gerada pela cidade. Provavelmente isso ocorre devido a descargas de esgotos
clandestinos lançadas na rede de águas pluviais, conforme mostra a foto 8.
Foto 8 - Esgoto sendo lançado no rio Meia Ponte na GO 010 Saída Bonfinópolis - 02/10/2010
Após o perímetro urbano percebe-se uma diminuição dos valores de coliformes
termotolerantes. Entretanto estes mantêm-se acima do limite recomendado pela resolução
357/05 do CONAMA, a exceção são os anos 2004 e 2007 que têm índices bem inferiores ao
estipulado.
121
Gráfico 42 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação seca ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no
Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
O gráfico 42 mostra, mais uma vez, a capacidade do rio de autodepurar-se ao longo
dos trechos, pois ao longo do rio, após sua passagem pela cidade de Goiânia os dados sempre
foram abaixo dos valores do perímetro urbano. Observa-se que após o perímetro urbano os
anos 2004 e 2007 foram exceções, pois os dados estão abaixo do determinado pela resolução
357/05 do CONAMA.
Os gráficos 41 e 42 mostram que na estação seca, o fato da pouca vazão líquida para
diluir os lançamentos de esgoto no rio faz com que haja uma concentração de poluentes.
122
Gráfico 43 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação das chuvas, anualizado Antes Perímetro Urbano,
no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
O gráfico 43 mostra que na estação das chuvas nos períodos 2004/2005, 2005/2006,
mantiveram altos os índices de coliformes termotolerantes no trecho antes do perímetro
urbano, praticamente mantendo os mesmos níveis do período de seca.
No perímetro urbano, durante a estação de chuva, os valores mantiveram elevados,
ficando acima de 10.000 coliformes termotolerantes por 100 ml em todos os períodos como
na estação seca.
No trecho após o perímetro urbano os níveis de coliformes termotolerantes
mantiveram estáveis, mas sempre acima do permitido pela resolução 357/05 do CONAMA.
123
Gráfico 44 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano,
no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano.
No período de chuva (gráfico 44) nota-se que repete o padrão do período seco, ou seja,
antes do perímetro urbano os índices menores, maior no perímetro urbano e menor após o
perímetro urbano, com exceção dos períodos 2005/2006 e 2006/2007, onde os índices antes
do perímetro urbano estão acima dos índices do trecho urbano. Em todos os períodos
analisados, os valores de coliformes termotolerantes ultrapassaram o limite determinado pela
portaria 357/05 do CONAMA, a exceção foi o período 2007/2008.
O gráfico 44 mostra novamente a capacidade do rio autodepurar-se também no
período das chuvas, no entanto a carga de poluentes elevada não permite que os índices
atinjam os níveis determinados pela resolução 357/05 do CONAMA.
Na estação chuvosa apesar do aumento significativo da vazão do rio, esse aumento da
vazão não é suficiente para diluir o enorme volume de contaminantes que são carreados para o
leito do rio devido as chuvas. Como consequência os níveis de coliformes termotolerantes
mantêm-se elevados também na estação das chuvas.
124
7.4 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA
O Índice de Qualidade da Água (IQA), foi criado em 1970, no Estados Unidos, e em
1975 foi adaptado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), para
ser utilizado no estado de São Paulo. Nas décadas seguintes outros estados também o
adotoram, e hoje é o principal índice de qualidade da água utilizado no Brasil, (BRASIL, ,
2012).
O IQA foi desenvolvido afim de avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso
para abastecimento público. Os parâmetros utilizados para calcular este índice, na maioria,
são indicadores de contaminação da água por esgoto doméstico, (BRASIL, 2012).
Ainda segundo Brasil (2012), o IQA, apresenta limitações, por não considerar outros
parâmetros importantes, como metais pesados, pesticidas e outros patogênicos que interfere
nas propriedades organolépticas da água, e é composto por nove parâmetros que tem um peso
de acordo com sua importância dentro do cálculo da qualidade da água.
Tabela 10 - Faixas de Qualidade da Água
Faixas de IQA utilizadas nos seguintes
Estados: AL, MG, MT, PR, RJ, RN, RS
Faixas de IQA utilizadas nos seguinte
Estados: BA, CE, ES, GO, MS, PB, PE, SP
Avaliação da
Qualidade da Água
91-100
80-100
Ótima
71-90
52-79
Boa
51-70
37-51
Razoável
26-50
20-36
Ruim
0-25
0-19
Péssima
Os dados de Índice de Qualidade da Água (IQA) do rio Meia Ponte foram obtidos da
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do estado de Goiás. Os dados de IQA desse
rio estão disponíveis desde março de 2001 e são calculados nos meses de março, junho,
setembro e dezembro de cada ano. Para esse trabalho foi feito a média aritmética simples dos
meses de março e dezembro que se denominou de estação das chuvas, a média de junho e
setembro denominou de estação seca.
Os dados foram plotados de acordo com o que determina a Agencia Nacional de
Águas (ANA).
125
Gráfico 45 - Valores de IQA no ponto 01 anualizados.
No gráfico 45 verifica-se que na estação seca o IQA está dentro da faixa de água de
boa qualidade, a exceção é o ano de 2001, que está na faixa de água ruim.
Na estação das chuvas o período 2010/2011 também ficou na faixa de ruim, nos
demais períodos oscilou entre boa e razoável.
Gráfico 46 - Valores de IQA no ponto 06 anualizados.
O gráfico 46 mostra os dados do ponto 06, antes do perímetro urbano, observa-se que
a qualidade da água, tanto na estação das chuvas como de seca está na faixa de razoável, com
exceção de 2001 na estação seca que está na faixa ruim.
126
Gráfico 47 - Valores de IQA no ponto 09 anualizados.
O gráfico 47 mostra que os dados do ponto 09, já no perímetro urbano, estão na faixa
ruim, com excessão de março 2001 na estação das chuvas, e o ano de 2005 da estação seca,
que ficou na faixa razoável e também março de 2002 que está na faixa de ótima.
Gráfico 48 - Valores de IQA no ponto 16 anualizados.
No gráfico 48 verifica-se que os dados do ponto 16, no perímetro urbano, na estação
das chuvas, está oscilando entre ruim e razoável, e na estação seca todos os dados estão na
faixa de ruim a exceção de 2002 que ficou em péssima. O período 2004/2005 da estação de
chuva, e os anos 2004 e 2005 na estação seca não foi calculado o IQA.
127
Gráfico 49 - Valores de IQA no ponto 17 anualizados.
Os dados apresentados no gráfico 49 mostram que na estação das chuvas os três
primeiros períodos oscilaram entre as faixas ruim, depois razoável, em seguida ruim por três
períodos consecutivos, indo novamente até a faixa boa, permanecendo em seguida na faixa
razoável, depois caiu para faixa ruim.
Na estação seca os dados oscilaram entre as faixas ruim e razoável e no ano de 2007
não foi calculado o valor do IQA.
Gráfico 50 - Valores de IQA no ponto 18 anualizados.
128
O gráfico 50 dos dados do ponto 18 após o perímetro urbano mostra que o IQA
melhorou pois o IQA está entre água razoável e água boa, com exceção de maio de 2001, e
nos anos 2005 e 2007 não foram calculados o IQA, e comparando com ponto anterior, ponto
17, os valores melhoraram.
Gráfico 51 - Valores de IQA no ponto 19 anualizados.
No gráfico 51, a estação das chuvas mostra que houve melhora do IQA em março de
2001 em relação ao ponto 18, no entanto, o ano de 2001, na estação seca, o ponto 19 teve uma
piora em relação ao ponto 18. No ponto 19 tanto na estação das chuvas como na estação seca
os índices oscilaram entre razoável e boa, estes índices de IQA voltaram aos níveis do ponto
01. Isso mostra que o rio tem uma capacidade de auto regenerar-se.
Gráfico 52 - Valores de IQA no ano de 2001 ao longo do rio Meia Ponte
129
O gráfico 52 mostra o IQA do ano de 2001 ao longo do rio Meia Ponte, e nota-se que
na estação das chuvas os valores estão acima dos da estação seca, a excessão do ponto 18.
Verifica-se que nos pontos 01 e 18 os valores na estação chuvosa os valores estão bem
próximos, e nos pontos 06, 09 e 16 os valores são praticamentes idênticos, assim como os
pontos 17 e 18. Na estação seca os índices de IQA iniciam com valores próximos nos pontos
01 e 06 e iniciam a declinar nos pontos 09 e 16, e a ascender a partir do ponto 17, voltando a
cair no ponto 19.
Gráfico 53 - Valores de IQA no ano de 2002 ao longo do rio Meia Ponte
O gráfico 53 mostra que na estação das chuvas o IQA inicia a crescer do ponto 01 ao
ponto 09, deste até o ponto 17 decresceu, iniciando a crescer até o ponto 19. Na estação seca o
IQA decresce do ponto 01 até o ponto 16 e daí começa a crescer até o ponto 19. Nesse gráfico
está claro a curva de qualidade da água, boa antes perímetro urbano, baixa no perímetro
urbano e de novo boa após perimetro urbano.
130
Gráfico 54 - Valores de IQA no ano de 2003 ao longo do rio Meia Ponte
O gráfico 54 mostra que tanto na estação das chuvas quanto na estação seca os dados
de IQA têm uma tendência de iniciar com valores elevados antes do perímetro urbano,
decrescem até o ponto 09 no perímetro urbano, quando inicia uma ascendência após o
perímetro urbano.
Gráfico 55 - Valores de IQA no ano de 2004 ao longo do rio Meia Ponte
O gráfico 55 mostra a mesma tendência verificada no gráfico 54, que na estação das
chuvas e seca os dados de IQA têm uma tendência de iniciar com valores elevados antes do
perímetro urbano, decrescem até o ponto 09 no perímetro urbano, quando inicia uma
ascendência após o perímetro urbano.
131
Gráfico 56 - Valores de IQA no ano de 2005 ao longo do rio Meia Ponte
O gráfico 56 mostra a mesma tendência verificada no gráfico 55, que na estação das
chuvas e seca os dados de IQA têm uma tendência de iniciar com valores elevados antes do
perímetro urbano, decrescem até o ponto 09 no perímetro urbano, quando inicia uma
ascendência após o perímetro urbano. Esse gráfico mostra que o ano de 2005 no ponto 16 não
foi calculado.
Gráfico 57 - Valores de IQA no ano de 2006 ao longo do rio Meia Ponte
132
O gráfico 57 na estação das chuvas mostra que antes do perímetro urbano a qualidade
da água está em razoável, mas com tendência de queda, e no perímetro urbano, pontos 09 e 16
a água fica na faixa de ruim e subindo novamente após o perímetro urbano, sendo que no
ponto 17 e 19 está na faixa de boa, e no ponto 18 ficou na faixa de razoável.
Gráfico 58 - Valores de IQA no ano de 2007 ao longo do rio Meia Ponte
No gráfico 58 do ano 2007 verifica-se na estação seca que o IQA foi calculado antes
do perimetro urbano, no perímetro urbano até o ponto 16, que antes do perímetro urbano ficou
na faixa ótima e no perímetro urbano na faixa ruim. Na estação das chuvas no ponto 01 o IQA
ficou na faixa razoável, no ponto 06 na faixa boa, na faixa razoável ficou também os pontos
após o perímetro urbano. No perímetro urbano o IQA ficou na faixa ruim.
Gráfico 59 - Valores de IQA no ano de 2008 ao longo do rio Meia Ponte
133
No gráfico 59 o IQA na estação seca e chuvosa tem o mesmo padrão. Inicia no ponto
01 na faixa boa, vai decrescendo, passa pela faixa razoável, chega na faixa ruim no perímetro
urbano, e inicia uma trajetória ascendete, passando pela faixa razoável até chegar a faixa boa
no ponto 19.
Gráfico 60 - Valores de IQA no ano de 2009 ao longo do rio Meia Ponte
No gráfico 60 que mostra o IQA no ano de 2009 verifica-se que o padrão repetiu o ano
de 2008, inicia decrescendo a partir do ponto 01 até o ponto 16, quando inicia uma
ascendência até o ponto 18 e matém estável no ponto 19, na estação seca. Já na estação das
chuvas, no perímetro urbano, o IQA ficou na faixa razoável, mas os pontos 18 e 19 ficaram
praticamente no limite entre as faixas razoável e boa.
Gráfico 61 - Valores de IQA no ano de 2010 ao longo do rio Meia Ponte
134
O gráfico 61 mostra o IQA no ano de 2010 ao longo do rio Meia Ponte na estação das
chuvas. O IQA iníciou na faixa boa, caiu para razoável, depois para a faixa ruim nos pontos
09 e 16, foi de novo para razoável nos pontos 17 e 18 e boa no ponto 19. Na estação seca
iníciou na faixa boa, foi para faixa razoável, depois para ruim nos pontos 09, 16 e 17, foi até a
faixa boa e caiu novamente para razoável.
135
8 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Os resultados obtidos nesta dissertação permitem concluir que antes do perímetro
urbano os valores apurados, em sua maioria, estão dentro dos limites estabelecidos pela
resolução 357/05 do CONAMA. Após o perímetro urbano os resultados obtidos das análises
da água do rio Meia Ponte, também em sua maioria, estão de conformidade com o
estabelecido pela legislação estabelecida pelo CONAMA. Os resultados no perímetro urbano,
invariavelmente, sempre estiveram em não conformidade com o que estabelece a resolução
357/05 do CONAMA, mostrando que o perímetro urbano é determinante para a qualidade da
água desse rio.
Ao analisar os dados sobre turbidez, verifica-se que os valores encontrados no
perímetro urbano estão acima dos valores encontrados antes e após o perímetro urbano,
exceto o período de 2003 até 2006/2007.
A DQO, mesmo não tendo referência na resolução 357/05 do CONAMA, é utilizado
como parâmetro de qualidade da água. Os dados apresentados nesta dissertação mostram que
no perímetro urbano os valores encontrados estão acima dos valores antes e após o perímetro
urbano.
Já a DBO, na estação seca, mostra que o perímetro urbano da cidade de Goiânia é
decisivo para a degradação da qualidade da água, com valores ultrapassando o previsto na
resolução 357/05 do CONAMA, enquanto na estação das chuvas, somente a partir do período
2007/2008 que no perímetro urbano os valores estão acima dos demais trechos do rio Meia
Ponte e ultrapassando o estabelecido pela legislação.
Os dados obtidos para fosfato e nitrogênio amoniacal mostram que no perímetro
urbano os valores são maiores do que antes e após o perímetro urbano, sendo que no fosfato,
os valores ultrapassaram o permitido pela resolução 357/05 do CONAMA, e os valores do
nitrogênio amoniacal encontram-se abaixo do limite estabelecido. Já o oxigênio dissolvido
tanto na estação seca, quanto na estação das chuvas, no perímetro urbano, está abaixo do
preconizado pela resolução 357/05 do CONAMA.
Verifica-se que no caso dos coliformes termotolerantes, os valores na estação seca,
com algumas exceções, estão acima do permitido pela legislação em toda a extensão do corpo
hídrico. Já na estação chuvosa, em toda a extensão do rio Meia Ponte, os valores estão acima
do estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA. Com isso verifica-se que na estação
seca, mesmo com a diminuição da vazão do rio, os poluentes estão em menor quantidade. Na
136
estação chuvosa os poluentes são carreados para o leito do rio, sendo que as quantidades
desses poluentes apresentam-se em altas proporções, que mesmo o aumento do volume de
água, não é suficiente para compensar o aumento desses poluentes.
Conclui-se que na maioria dos parâmetros estudados, os valores encontrados na
estação seca mostram melhor qualidade do copro hídrico se comparado com os valores
encontrados na estação chuvosa. Apesar dessa melhora não ser significativa, a exceção esta
nos dados do fosfato e nitrito.
Com esses dados, fica evidente que o perímetro urbano da cidade de Goiânia têm uma
influência na qualidade da água do rio Meia Ponte.
Mesmo nos gráficos onde todos os resultados estão acima do permitido pela resolução
357/05 do CONAMA, verifica-se que os valores antes e após o perímetro urbano estão abaixo
dos valores obtidos no perímetro urbano, tanto na estação chuvosa como na seca.
No estudo do IQA também fica claro a influência do perímetro urbano na qualidade da
água do rio Meia Ponte. É o que mostra claramente os gráficos do IQA do ano de 2001 até o
ano de 2010. Observa-se que o IQA, no período analisado, na estação das chuvas, quase
sempre esteve acima do IQA na estação seca, com alguma exceção.
O que se verifica em todos os gráficos do IQA, é que existe um padrão nos resultados
obtidos. Um IQA oscilando entre razoável e bom antes do perímetro urbano, e no perímetro
urbano ficando em sua maioria na faixa ruim. As exceções são os anos 2001 e 2002, quando
somente duas ocasiões ficaram na faixa de péssima na estação seca.
O IQA após o perímetro urbano volta a oscilar entre razoável e bom novamente na
maioria dos resultados. Com isso fica mais uma vez demonstrado que o perímetro urbano tem
influência na qualidade da água do rio Meia Ponte quando esse cruza a cidade de Goiânia.
Logo conclui-se que a água do rio Meia Ponte, de sua nascente até o ponto 06, último
ponto antes do perímetro urbano, mantem-se na maioria dos parâmetros analisado dentro do
estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA, no entanto no perímetro urbano essa
mesma água sofre uma degradação e com isso ultrapassa os valores de referência e mesmo
quando não ultrapassa esses valores fica acima dos valores do trecho anterior. Após o
perímetro urbano o rio Meia Ponte consegue autodepurar-se, fazendo com que os parâmetros
analisados voltem a ter valores compatíveis com o preconizado pela resolução 357/05 do
CONAMA, isso fica evidente nos dados apresentados. Com isso percebe-se que o rio ainda
tem uma capacidade de regeneração mesmo sofrendo uma forte degradação no perímetro
urbano da cidade de Goiânia.
137
Para ter uma visão mais ampla dessa degradação, no perímetro urbano da cidade de
Goiânia, sugerimos que outros trabalhos de pesquisa sejam realizados, fazendo um
mapeamento detalhado dos diversos tributários do rio Meia Ponte quando cortam a cidade.
A bacia hidrográfica do rio Meia Ponte carece de estudos sistematizados em relação
aos níveis de contaminação por defensivos agrícolas, portanto é importante a realização de
estudos que contemplem esse tipo de degradação.
A agricultura irrigada vem crescendo sobremaneira nos últimos anos na bacia
hidrográfica do rio Meia Ponte, sugerimos que outros trabalhos pesquisem a relação
degradação do rio Meia Ponte versos agricultura irrigada.
Também é importante que os órgãos responsáveis para cuidar/fiscalizar do meio
ambiente no estado de Goiás atuem decisivamente na fiscalização de todas as atividades que
são desenvolvidas na bacia do rio Meia Ponte para, com ações decisivas, amenizar os
impactos negativos, que sofre esse rio ao cruzar a cidade de Goiânia.
138
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JÁ ESTIVE MAIS LONGE... CHEGUEI!
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