Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens Disciplina

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Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
Disciplina: Motivações para ensinar e aprender línguas estrangeiras
Professoras: Maria Raquel Bambirra e Climene Arruda
Aluno: Mahulikplimi Obed Brice Agossa
Referência comentada
MICCOLI, L. A experiência como ponto de partida. In: MICCOLI, L. Ensino e
aprendizagem de inglês: experiências, desafios e possibilidades. São Paulo: Pontes
Editora, 2010. p. 17-32.
Este texto é o primeiro capítulo do livro de Miccoli (2010) em que ela apresenta
um conjunto de relatos de pesquisas, promovendo um diálogo entre teoria e prática, com um
conjunto de dados que ilustram as suas reflexões sobre o conceito de experiência. Neste
capítulo, a autora dedica-se a definir o conceito de experiência, em toda sua complexidade,
trazendo os aportes de diversos campos do conhecimento como a Filosofia (antiga e moderna)
e as Ciências Cognitivas (doravante CC) e, por fim, as implicações do conceito para pesquisa
em sala de aula de Língua Estrangeira (LE).
No que se refere aos aportes do campo da Filosofia antiga para a conceito de
experiência, a autora cita os filósofos antigos Platão e Aristóteles, que têm visões divergentes
sobre o conceito. De acordo com Platão, experiência e razão não podem andar juntos, por ser
a experiência ambígua e instável em si. Quanto a Aristóteles, no entanto, é possível partir da
experiência para acessar o conhecimento, considerando seu caráter particular.
Quanto às contribuições da Filosofia moderna, Miccoli evoca os filósofos Hegel e
Dewey que “concebem a experiência como fenômeno que decorre da natureza biológica dos
seres vivos, em seus meios físicos e sociais”1. Para Hegel, experiência e conhecimento são
uma coisa só. Dewey, por sua vez, considera a experiência, não como um conceito meramente
cognitivo, mas como um conceito orgânico. Ainda para ele, a experiência, quando
acompanhada de reflexão crítica, permite futuras transformações.
No que toca às CC, a autora defende que ainda há barreiras – criadas pela ciência
tradicional – a serem derrubadas para que a experiência seja realmente vista como fenômeno
vivo. Nas CC, a experiência passa a ser considerada como base do conhecimento, por resultar
das interações entre os seres vivos, através das quais modificam e são modificados.
1
Miccoli, op. cit.: 23
A autora termina por indicar a importância do conceito para pesquisas em sala de
aula, salientando que, por envolver dinâmicas relacionais e interacionais, a experiência pode
abrir possibilidade para mudança e transformação. Porém, esse processo tem que estar
acompanhado de reflexões conscientes. E essas reflexões, no contexto do ensino e
aprendizagem de LE podem ser motivadoras e benéficas para uma experiência bem sucedida,
como indicam trabalhos como Bambirra (2009), em que as narrativas, acompanhadas de
reflexão crítica – e com acompanhamento de um sujeito questionador – podem favorecer o
desenvolvimento de habilidades como a autonomia em aprendizes.
Em suma, o texto é relevante para quem tem pouca familiaridade com o conceito
de experiência, por fornecer informações importantes sobre as origens do conceito e seu
desenvolvimento ao longo da história, bem como suas implicações para pesquisa em sala de
aula.
Referência bibliográfica
BAMBIRRA, R. Desenvolvendo a autonomia pelas trilhas da motivação, autoestima e
identidade: uma experiência reflexiva. Programa de Pós-Graduação em Estudos
Linguísticos da Faculdade de Letras da UFMG (Tese de doutorado), 2009. 249 f.
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