Prevenção da Doença Renal Crônica na Atenção Básica/Estratégia de Saúde da Família Ricardo Vitorino Marcos1 1Enfermeiro – UBS Alvarenga, São Bernardo do Campo, São Paulo – SP Resumo Introdução: A prevalência de pacientes em tratamento dialítico, no Brasil, tem crescido a cada ano. Estima-se que, em janeiro de 2006, o número de pacientes em diálise era 70.872, enquanto, em março de 2008, esse número saltou para 87.044 1. Isso evidencia o comprometimento crescente da qualidade de vida e os altos custos no tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, hipertensão, diabetes e glomerulonefrites representam as causas da DRC em 26%, 18% e 11% dos pacientes em tratamento dialítico, respectivamente2. Objetivo: Este artigo é uma revisão bibliográfica com o objetivo de identificar a necessidade e a importância da atuação da equipe de saúde na prevenção da doença renal crônica. Método: Foram avaliados dezoito artigos selecionados pela pesquisa nas bases de dados Scielo, BVS, Lilacs e sites de sociedades brasileiras. Resultados: Os dezoito artigos incluídos no estudo mostram que estratégias devem ser elaboradas, principalmente na atenção prímaria para efetivamente diminuir tal processo melhorando a qualidade de vida dos pacientes, minimizando gastos em terapia renal substitutiva e transplante, melhorando de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes, mostrando também a importância de profissionais mais qualificados. Conclusões: Nesta revisão observamos que a atuação da prevenção e progressão da DRC se dá a partir das necessidades reais da clientela. É preciso detectar os grupos de risco, bem como os pacientes com a doença instalada, nos quais a avaliação da função renal é imprescindível. A redução da função renal de forma progressiva e irreversível é classificada em cinco estágios de acordo com TFG3. Descritores: Atenção básica, Doença Renal Crônica, Prevenção. Introdução A insuficiência renal crônica (IRC) é doença de elevada morbidade e mortalidade. A incidência e a prevalência da IRC em estádio terminal (IRCT) têm aumentado progressivamente, a cada ano, em “proporções epidêmicas”, no Brasil e em todo o mundo3. O custo elevado para manter pacientes em tratamento renal substitutivo (TRS) tem sido motivo de grande preocupação por parte de órgãos governamentais, que em nosso meio subsidiam 95% desse tratamento 3. Em 2002 estimavam-se terem sido gastos R$ 1,4 bilhões no tratamento de pacientes em diálise crônica e com transplante renal3. A despeito de inúmeros esforços para se coletar dados a respeito de pacientes com IRCT no Brasil, ainda não temos um sistema nacional de registro que forneça anualmente dados confiáveis do ponto de vista epidemiológico. Além disso o nosso conhecimento de dados a respeito de pacientes com IRC em estádio não terminal, é ainda muito mais precário. Nesse capítulo, apresentaremos dados coletados por diversas fontes, Sociedade Brasileira de Nefrologia, Ministério da Saúde e estudos individuais realizados na Escola Paulista de Medicina, Unifesp3. A Estratégia de Saúde da Família (ESF), implantado no Brasil em 1994, tornou-se a base do modelo atual da Atenção Primária à Saúde. Propõe estratégias diferenciadas de promoção à saúde e prevenção de doenças através de um modelo assistencial centrado em áreas geográficas delimitadas, considerando os aspectos sociais, econômicos, políticos e epidemiológicos que envolvem o processo de adoecimento da população. A equipe mínima é composta de um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem, quatro a seis Agentes Comunitários de Saúde e profissionais de Odontologia4. A inserção da ESF na otimização da prevenção da Doença Renal Crônica (DRC) tem como pressuposto a natureza múltipla dos fatores de risco que envolve a doença, requerendo, portanto, uma abordagem integral e interdisciplinar, competências atribuíveis aos profissionais de atenção primária de saúde. Não é incomum que os indivíduos que compõem o chamado grupo de risco para DRC (diabéticos, hipertensos, idosos, familiares de pacientes em terapia renal substitutiva, os portadores de doença cardiovasculares) sejam inicialmente atendidos pela equipe de ESF e, para evitar o encaminhamento tardio para atenção nefrológica, é importante que estes profissionais possuam conhecimento sobre a nova definição e estagiamento da doença, suas principais complicações e comorbidades e estejam familiarizados com as principais medidas que interrompem ou diminuem a perda da função renal4. Objetivos Esta revisão tem como objetivo criar estratégias mais eficazes e qualificar os programas de estratégia de saúde da família na prevenção da doença renal crônica, levando em consideração a grande demanda de pacientes acometidos por patologias como diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica, melhorando de forma considerável a qualidade de vida desses pacientes diminuindo também os gastos em saúde com terapias renais. Métodos O presente estudo é um trabalho de revisão bibliográfica sobre a prevenção da doença renal crônica na atenção básica/estratégia de saúde da família. Com pesquisa realizada na Biblioteca Virtual em Saúde, tendo como base de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Sciello (Scientific Eletronic Library Online), Periódicos do Ministério da Saúde e Periódicos da Sociedade Brasileira de Nefrologia. A seleção dos artigos se deu através de publicações ocorridas entre 2000 a 2011. Os descritores utilizados foram: Atenção básica, Doença Renal Crônica, Prevenção. Para a elaboração da presente revisão as seguintes etapas foram percorridas: estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de artigos; definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados; análise dos resultados e discussão. Sobre os critérios de inclusão dos artigos definidos, inicialmente para a presente revisão foram: artigos publicados em português, com resumos disponíveis na base de dados selecionadas entre os nos de 2000 a 2011. Como critério de exclusão foram excluídos artigos publicados antes de 2000 e aqueles em língua estrangeira. Em seguida lemos os resumos e após esta avaliação selecionamos dezoito artigos para uma analise mais acurada. Resultados Título do Artigo 1. Prevenção clínica de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais 2. Inserção do programa saúde da família na prevenção da doença renal crônica Autores Resultados Estratégias para promoção e prevenção Capacitação das Bastos equipes na RMR, prevenção da Bastos MG doença renal Ministério da Saúde Recomendações / Conclusões Capacitação da equipe Inserir de forma efetiva nos programas A prevenção da doença renal crônica continua a ser um desafio para todos os profissionais de saúde, principalmente na atenção básica, pois foram tais profissionais são os responsáveis pelo atendimento inicial dessa demanda. Devemos considerar que a população acometida por hipertensão arterial sistêmica e diabetes Mellitus são considerados potenciais nefropatas. Participação dos Profissionais de ESF na Prevenção da Doença Renal Crônica A nova definição da DRC e o seu estagiamento a partir da filtração glomerular estimada (FGe) têm em muito facilitado o diagnóstico precoce da doença, na maioria das vezes quando é ainda assintomática. Como não existe um protocolo do Ministério da Saúde para o rastreamento da DRC, cabe à equipe de ESF determinar qual a melhor estratégia para o diagnóstico precoce da doença. Dentro dos limites de exames disponibilizados na atenção primária, o rastreamento nos pacientes dos grupos de risco para DRC, a partir da estimativa da FG ou da proteinúria, proposta por Kirsztajn e Bastos7, é o que nos parece mais viável. Tanto o médico quanto a enfermeira podem estimar a FG, bem como determinar o estágio da DRC, empregando tabelas, como a construída a partir da fórmula de cálculo da FGe desenvolvida para o estudo M D R D5. A proteinúria (³1+) pode ser determinada utilizando-se as fitas de imersão urinária, específicas para albuminúria. Estas determinações, juntamente com a aferição da pressão arterial, embora simples, constituem instrumentos poderosos não só para o diagnóstico da DRC, mas também para o seu prognóstico e para o controle dos fatores de risco para doença cardiovascular8. Um membro das equipes de Saúde da Família que muito pode auxiliar nos cuidados aos pacientes com DRC é o Agente Comunitário de Saúde (ACS). Reside na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde onde atua e amplia a capacidade resolutiva da equipe, agindo na comunidade e nos domicílios.1,7 Auxiliam na identificação dos indivíduos pertencentes aos grupos de risco para a DRC, encaminhando-os para diagnóstico. Realiza acompanhamento mensal de todos os cadastrados (quando poderia conferir se a prescrição médica está sendo seguida) e procede à busca dos faltosos. Embora não sejam consideradas atribuições dos ACS, estes profissionais poderiam ser treinados para aferição de pressão arterial e realização de uroanálise em suas visitas domiciliares e, assim, auxiliar os demais membros de PSF no controle dos hipertensos e diabéticos 4. Modelo de Responsabilidades Compartilhadas entre o ESF e o Nefrologista Neste modelo, a ESF, o nefrologista e os outros profissionais de saúde (nutricionista, psicólogo, assistente social) trabalham juntos, objetivando proporcionar cuidados de saúde adequados. Um aspecto fundamental do modelo de responsabilidade compartilhada é uma boa comunicação entre o profissional de saúde que está na “ponta” do sistema (ESF) e o(s) especialista(s) e a confiança profissional entre todos os envolvidos na assistência ao paciente. A ESF participa mais intensivamente na identificação dos grupos de risco para DRC, inicia medidas preventivas (mudanças de estilo de vida no que se refere a hábitos alimentares, atividade física, aconselhamento antitabágico), diagnostica e estagia a doença, encaminha precocemente para avaliação nefrológica mais detalhada e participa ativamente no tratamento da doença nos seus estágios mais iniciais, ou seja, 1, 2 e 3. O nefrologista (ou equipe nefrológica, quando houver a participação de outros profissionais de saúde) participa do modelo através do esclarecimento diagnóstico, do planejamento terapêutico, objetivando retardar a progressão da doença e corrigir suas complicações e co-morbidades, da orientação nutricional e psicossocial (quando o atendimento for interdisciplinar), providenciando acesso vascular para hemodiálise, estimulando o transplante “preemptivo” (ou seja, transplante antes da terapêutica dialítica), esclarecendo sobre as diferentes modalidades dialíticas e assumindo o manejo dos pacientes com DRC estágios 4 e 5. Nestes estágios do tratamento, quando a maior parte dos cuidados estão centrados no manejo específico da doença renal, a equipe de ESF participa assegurando a atenção necessária nãorelacionada à doença, como os demais cuidados preventivos. É importante ressaltar que, independente do estágio de DRC em que se encontre o paciente, há necessidade de manutenção das visitas domiciliares cotidianamente pelos ACS, como forma de garantia de vínculo e acesso ao contexto familiar e social. O resultado destas visitas é repassado à equipe, para que o encaminhamento de cada caso seja individualizado. A visita também tem por finalidade monitorar a saúde das famílias, principalmente daquelas que enfrentam situações de risco. A realização de exames laboratoriais, avaliações clínicas periódicas e a entrega de medicamentos devem ser garantidas aos doentes com dificuldade de se locomover até a UBS ou ao Nefrologista4. Continuidade da Atenção A prevenção da DRC pode acontecer em diferentes níveis: 1. Primário: pode ser realizado exclusivamente pela ESF através da identificação dos grupos de risco para a doença e intervenção nos fatores de risco, como, por exemplo, orientação antitabágica, diminuição de peso nos obesos, prática de exercícios físicos, uso de bloqueadores do receptor da angiotensina ou inibidores da enzima conversora de angiotensina, como no caso de diabéticos tipo 2 e hipertensos sem nefropatia diabética, entre outros; 2. Secundário: pode ser desempenhada juntamente pela ESF e o nefrologista (ou equipe nefrológica), com participação maior ou menor de um ou de outro, dependendo do estágio da DRC. Neste nível, as intervenções são prioritariamente para retardar a progressão da DRC, identificar e corrigir suas complicações e co-morbidades e preparar os pacientes para terapia renal substitutiva e 3. Terciária: neste nível, cuja participação é quase que exclusiva do nefrologista, as intervenções objetivam principalmente identificar e corrigir as complicações e co-morbidades, principalmente as cardiovasculares, que ocorrem nos pacientes com DRC estágios 4 e 5, com falência funcional renal. Particularmente nos níveis de prevenção secundária da DRC, quando a doença pode evoluir com várias complicações e co-morbidades e envolve vários profissionais de saúde, é possível que a continuidade do cuidado ocorra apenas através dos próprios pacientes, atuando como condutores da transferência de informações entre as equipes. É necessário, portanto, a viabilização de canais de comunicação entre os vários atores envolvidos nos cuidados de saúde dos pacientes com DRC de forma que possíveis inter-relações possam ser detectadas e manejadas5. Avaliação do Modelo Assistencial Proposto A avaliação da inserção da ESF na prevenção da DRC poderá trazer elementos importantes para a definição de programas de educação continuada, aprimoramento gerencial e aplicação de recursos. As equipes de Saúde da Família trabalham com uma população adscrita, o que permite a utilização e monitoramento de indicadores de saúde para avaliação do seu desempenho nas atividades realizadas5. O Ministério da Saúde tem disponibilizado, através do DATASUS (Departamento de Informática do SUS), o acesso a bancos de dados que permitem avaliar, por exemplo, se houve aumento da detecção da doença renal após o início da atuação da equipe e a efetividade das ações preventivas propostas6. O resultado das avaliações não deve ser considerado como um dado exclusivamente técnico, mas sim como uma informação de interesse de gestores, profissionais e população. É importante ressaltar que os instrumentos utilizados para avaliação devem ser capazes de aferir: as alterações efetivas do modelo assistencial; a qualidade do atendimento e do desempenho da equipe; a satisfação dos pacientes e familiares; a satisfação dos profissionais e o impacto nos indicadores de saúde6. Dados Epidemiológicos Inicialmente, deve-se destacar que a IRCT é doença grave, e mesmo com o TRS, tem em nosso meio a mortalidade superior em números absolutos à maioria das seguintes neoplasias, como as de colo de útero, colon/reto, próstata e mama; e próximo a de câncer de estomago (Tabela 1)9. A atuação do enfermeiro na prevenção da doença renal crônica A atuação do enfermeiro na prevenção e progressão da DRC se dá a partir das necessidades reais da clientela. É preciso detectar os grupos de risco, bem como os pacientes com a doença instalada, nos quais a avaliação da função renal é imprescindível. A redução da função renal de forma progressiva e irreversível é classificada em cinco estágios de acordo com TFG. No estágio zero, a função renal é normal com TFGe≥90ml/min, inclui os grupos de risco para DRC (hipertensos, diabéticos e pessoas com familiares renais crônicos). O estágio 1 corresponde a TFGe≥90ml/min, há comprometimento leve da função renal. No estágio 2, ocorre discreta perda da função renal com TFG entre 6089ml/min. No estágio 3, a DRC é moderada, com TFG entre 30-59ml/min com alterações nos exames laboratoriais. O estágio 4 compreende a DRC avançada, com TFG entre 15-29 ml/min e sintomatologia, além de exames laboratoriais bastante alterados. O estágio 5 corresponde à DRC dialítica, TFGd≤ 15ml/min, o paciente é sintomático com indicação para o início da TRS10, 11. O enfermeiro, além de conhecer o estadiamento da DRC, deve intervir junto aos pacientes. Estudos evidenciam que o tratamento da albuminúria, o controle rigoroso da pressão arterial, da taxa glicêmica e das dislipidemias e das anemias pode interromper a progressão da DRC. Também são necessárias mudanças nos hábitos de vida, tais como adoção da alimentação saudável e prática de exercícios físicos12. No entanto, tem sido observado que os cuidados prestados pelos profissionais aos pacientes com DRC nos estágios de 1 a 4 são fragmentados. O paciente, no início da doença, é atendido no serviço de nível primário em saúde e o encaminhamento para o atendimento especializado é demorado. Além disso, os pacientes que estão nos estágios mais avançados e submetidos ao tratamento conservador não possuem conhecimentos acerca da doença, prejudicando o início e a adesão ao tratamento13. A atividade educativa pode ser realizada desde a atenção primária até o nível terciário de saúde. As ações de educação em saúde de forma conjunta e construtiva com a população são imprescindíveis para que ocorram ações efetivas na progressão da doença. O enfermeiro possui importante papel de cuidador e educador, além do compromisso ético e profissional, que o torna um dos grandes responsáveis por sistematizar e incentivar o autocuidado, desenvolver atividades educativas de promoção de saúde, reduzir a incidência da DRC, bem como buscar a melhoria da qualidade de vida14. Atendimento Assistemático na Prevenção e Progressão da DRC O atendimento assistemático não apresenta padronização de ações para atingir objetivos específicos na prevenção e progressão da DRC. A adoção de estratégias de atenção integral, cada vez mais precoce, visa à prevenção da HAS, DM e suas complicações. Essas estratégias se traduzem no atendimento sistematizado com condutas atuais recomendadas com base em evidências científicas para a identificação e manejo de pacientes que possuem perfis de riscos específicos15. O atendimento assistemático não garante a identificação de lesão em órgãos-alvo, o tratamento e o controle dos casos por meio do planejamento da assistência baseado em conhecimentos científicos16. Medidas de prevenção da DRC e de intervenção no ritmo da progressão como combate ao fumo, ao álcool, à obesidade e ao sedentarismo devem ser implementadas no atendimento aos pacientes na atenção básica em saúde. Tais medidas visam à promoção da saúde e o controle rigoroso da DM e HAS, bem como a investigação da função renal, em especial nos grupos de risco para DRC. Para tanto são necessários à capacitação de profissionais, estabelecimento de diretrizes clínicas, realização de exames laboratoriais, acesso a medicamentos e a equipamentos para diagnóstico. Nos relatos ficam evidentes as dificuldades no manuseio clínico desses pacientes; o conhecimento e as intervenções são gerais, sem o acompanhamento embasado em diretrizes e protocolos de atendimento sistematizado17. Identificação dos Fatores de Risco Entre as atribuições e competências do enfermeiro em relação às medidas preventivas primárias está a de realizar a consulta de enfermagem abordando os fatores de risco. Logo o profissional, precisa identificá-los e diferenciá-los e a partir disso realizar avaliação e prevenção direcionadas para grupos específicos. As enfermeiras identificaram alguns desses fatores, sendo que os principais citados na literatura correspondem à idade avançada, história familiar, DM, HAS, doenças autoimunes, infecções sistêmicas e do trato urinário e toxicidade de drogas 11. A natureza múltipla dos fatores de risco dessa doença requer uma abordagem integral e interdisciplinar e, por esses motivos, os profissionais das UBS e NSF devem possuir conhecimentos e habilidades para assistir os grupos de risco para DRC, como diabéticos, hipertensos, idosos e pessoas com familiares com DRC18. Discussão Na atenção básica de saúde deve ocorrer à abordagem integral ao paciente desde a identificação dos grupos de risco, diagnóstico, tratamento da doença em seus estágios iniciais até o encaminhamento para especialista. O nefrologista tem o objetivo de retardar a progressão da doença e intervir nas complicações e comorbidades. Ele assume o manuseio dos pacientes em estágios mais avançados da DRC, preparando-os para a TRS, enquanto que os serviços de atenção básica à saúde devem assumir os demais cuidados que não estão relacionados especificamente com a DRC, além do encaminhamento precoce ao nefrologista 18. Porém, nota-se que esse procedimento não tem sido realizado frequentemente, de forma estruturada. Além disso, os pacientes muitas vezes são encaminhados tardiamente, quando os resultados de exames estão muito alterados; comumente, quando é feito o encaminhamento, a contrarreferência não tem ocorrido. O paciente recebe o tratamento específico, mas não há continuidade da assistência na atenção básica, à comunicação entre os serviços na maioria das vezes não acontece. As complicações da DRC também podem ocorrer uma vez que a doença instalada tende a progredir lenta ou rapidamente, dependendo dos cuidados que se tem com a mesma15. Conclusão Concluímos que a Atenção Básica/UBS/ESF é peça fundamental na prevenção da doença renal crônica, pois é responsável pelo primeiro contato ou atendimento dessa demanda. Devemos lembrar que estratégias devem ser elaboradas de forma que o atendimento a esses pacientes seja objetivo e resolutivo, podemos diminuir esses gastos com tratamentos, oferecer melhor qualidade de vida evitando essa patologia. A capacitação ou educação permanente deve ser intensificada, para que os profissionais tenham habilidades técnicas para lhe dar com essa demanda. O enfermeiro tem um papel fundamental na equipe e deve junto com os demais profissionais intensificar a busca desses potenciais nefropatas. Referências 1. Censo de diálise SBN 2009. Sociedade Brasileira de Nefrologia [site de internet]. Total de pacientes em tratamento dialítico por ano. [citado em 14 jul 2009]. Disponível em: http://www.sbn.org.br/pdf/censo_SBN_2009_final.pdf 2. Oliveira MB, Romão JE, Zatz R. End-stage renal disease in Brazil: epidemiology, prevention, and treatment. Kidney Int. 2005; 68: 82-8. 3. 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