REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds Sorgo Sacarino: uma perspectiva sustentável na produção de combustível Fabio Tomaz de Oliveira 1 Flavio Dessaune Tardin 2 Raiane Scandiane da Silva 3 Marco Antonio Aparecido Barelli 4 Resumo: Na busca de alternativas para a substituição da dependência do uso de combustíveis derivados do petróleo o sorgo sacarino tem demonstrado ser uma alternativa. Neste contexto, a presente revisão de literatura teve como objetivo colaborar para o entendimento da inserção do sorgo sacarino no setor sucroalcooleiro e sua contribuição na produção sustentável de combustível. Pois a retomada das pesquisas com a cultura tem proporcionado ao setor maior oferta de matéria prima tornando mais sustentável economicamente a produção do biocombustível. Palavras-chave: sorgo sacarino; etanol; sustentabilidade econômica. Abstract - In the search for alternatives to replace the use of fuels derived from oil dependence sweet sorghum has shown to be an alternative. In this context, the present literature review aimed to contribute to the understanding of the insertion of sweet sorghum sugar and alcohol sector and its contribution to the sustainable production of fuel. For the resumption of research on culture has given the largest sector supply of raw materials becoming more economically sustainable biofuel production. Key words: sorghum; ethanol; economic sustainability 1,3 Mestrando em Genética e Melhoramento de Plantas – UNEMAT/CáceresMT/Brasil. Bolsista CAPES – email: [email protected]; 2 Pesquisador - Embrapa Milho e Sorgo - Sete Lagoas – MG/Brasil. 5 Professora, orientador, Doutor, da Universidade do Estado de Mato Grosso/Cáceres-MT/ Brasil 1 REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds INTRODUÇÃO O Brasil merece destaque na busca de alternativas para a substituição da dependência do uso de combustíveis derivados do petróleo, apresentando destaque no investimento em fontes renováveis de energia desde a década de 1970, como exemplo o etanol derivados de fontes como cana-de-açúcar, atualmente apresenta novas alternativas para a produção deste combustível, sendo oriundo de culturas como a batata-doce, mandioca, milho e sorgo sacarino. O país possuir condições edáficas e climáticas favoráveis ao cultivo de espécies com destino a produção de energia, fator que colabora no fornecimento de fontes alternativas para a substituição dos combustíveis fosseis por fontes renováveis e menos poluentes. Portanto a crescente demanda interna e externa tem exigido novas pesquisas e consequente desenvolvimento de novas matérias primas, para diversificação e ampliação da matriz energética renovável nacional. Dentre as possibilidades de diversificação e contribuição para o aumento da produção de etanol destacasse o sorgo sacarino, que se assemelha a cana-de-açúcar por possuir como suculento com presença de açúcar prontamente fermentável. O sorgo é uma planta de metabolismo C4, eficiente em produção de massa verde e tem como vantagem a capacidade de tolerar níveis médios de acidez do solo, estresse hídrico e temperaturas elevadas, suportar níveis elevados de radiação solar e desenvolve-se bem em zonas secas e quentes, o que corrobora para sua implantação em locais que não são recomendados para o cultivo da cana-de-açúcar (Rodrigues Filho, 2006; Landau e Sans, 2010; Parrella, 2011; Emygdio et al., 2011). O processo de produção de etanol provindo do sorgo sacarino pode ser realizado utilizando o complexo sucroalcooleiro, pois seu período de semeadura e rápido ciclo de produção favorece sua implantação nos períodos de renovação ou entressafra da cana-de-açúcar, este sinergismo pode ser visto também no período de pós-colheita, onde se utiliza os mesmos equipamentos 2 REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds da moagem à destilação, o que possibilita maior operacionalidade das usinas (Durães et al., 2012). Neste contexto, a presente revisão de literatura teve como objetivo colaborar para o entendimento da inserção do sorgo sacarino no setor sucroalcooleiro e sua contribuição na produção sustentável de combustível. 1. CULTURA DO SORGO O sorgo pertence ao Reino Plantae; Divisão Magnoliophyta (Angiospermas); Classe Liliopsida (Monocotiledonea); Ordem Poales; Família Poaceae (Gramíneas); Subfamília Panicoidae; Gênero Sorghum; Espécie Sorghum bicolor (L.) Moench. É uma espécie diploide com 2n = 20 cromossomos, classificado como monoica, autógama, com taxa de alogamia entre 2 e 10% (Borém et al., 2014; Santos et al., 2005). O qual possui como característica raízes primaria (radícola), que tem como função o estabelecimento da plântula, este dá origem ao sistema radicular temporário (raízes embriogenicas), e posteriormente ao sistema radicular permanente (raízes adventícias), os quais se destacam por serem abundantes finas e fibrosas e possuir sílica na endoderme, proporcionando maior absorção de água e capacidade de suportar déficits hídricos (Borém et al., 2014; Durães, 2011). Em sua parte aérea o caule é do tipo colmo, dividido em nós, que pode variar de 7 a 24 e possuir diâmetro de 5 a 30 mm, estes determinam a altura da planta, que no granífero é de 0,40 m e no sacarino pode chegar a 4 m, sendo este ultimo com elevados níveis de açúcar no colmo (Quintero et al., 2012; Magalhães et al., 2008). As folhas variam de 7 a 24 e quando maduras pode atingem até 1,30 m de comprimento e 0,15 m de largura, são alternadas lisas e lanceoladas com variações em função da cultivar, temperatura e fotoperíodo. A inflorescência é do tipo panícola, com um eixo central ou ráquis, desta partem os eixos 3 REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds secundários que sustentam as espiguetas, sendo seu fruto do tipo cariopse (Fornasieri Filho e Fornasieri, 2009). Seu ciclo é dividido em três fases: vegetativa caracterizada pela germinação e crescimento, fase reprodutiva caracterizada pela diferenciação do meristema floral e a fase de maturação dos grãos (Ribas, 2003; Santos, 2005). De acordo com Magalhães et al. (2000) o sorgo é classificado como uma planta C4, com elevada capacidade de elaboração de fotoassimilados, o que potencializa sua capacidade de produção de energia, sua habilidade fotossintética pode variar de 30 a 100 dm -2h-1 CO2, variando de acordo com a idade da folhar, capacidade genética e fotoperíodo. Características morfológicas como sistema radicular desenvolvido e fibroso, reduzido nível de transpiração, cobertura cerosa presente nos colmos e nas folhas dentre outros, corroboram para seu melhor desempenho em regiões muito quentes e mais secas (Durães, 2011). Para Harlan e Wet (1975), o sorgo possui cinco raças básicas: caudatum, guinea, bicolor, kafir e durra e 15 raças híbridas, a classificação proposta pelo pesquisador proporciona a identificação dos sorgos, utilizando poucas características como a forma da panícula, da semente e das glumas. Dentre as raças existentes destacasse neste trabalho a bicolor, pertencente aos sorgos silvestre S, arundinaceum, a qual é fruto do trabalho incansável dos “melhorista”, que ao longo dos anos continuam a provocar mudanças em sua constituição para satisfazer as necessidades, como a produção de grãos, sorgo granífero, produção de forragem, sorgo forrageiro, produção de vasouras e artesanatos, sorgo vasoura e produção de energia, sorgo lignocelulósico e sorgo sacarino (Vinall et al., 1936). Este último tem sido testado em diferentes regiões do Brasil por ser uma matéria-prima sustentável na produção do etanol, contribuindo assim para maio uso dos combustíveis renováveis. Segundo Marcoccia, 2007 o sorgo sacarino pode vim a ser em um curto período de tempo um importante fornecedor de energia renovável. 4 REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds 2. USO NA PRODUÇÃO DE ETANOL O sorgo sacarino é uma planta de porte elevado, alta produção de massa verde, e colmos com grande quantidade de liquido açucarado prontamente fermentável (Souza et al., 2011). Conforme Nan et et al., (1994) são classificados como sacarinos, genótipos que possuem colmos suculentos e sólidos solúveis totais superior a 8oBrix, avaliado na ocasião da sua maturidade fisiológica. Os primeiros relatos do uso de plantas de sorgo ou “milo” com colmo doce na América datam de 1855, quando o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América importaram genótipos para serem explorados na produção de xaropes, os quais demonstrando seu potencial glicídico em experimentos realizados no estado do Kansas (Ball, 1910; Swanson e Laude, 1934). No Brasil sua chegada foi motivada pela crise internacional do petróleo, está proporcionou a criação do Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL) em 14/11/1975 pelo decreto n.˚ 76.593, o qual tinha também, como política a implantação de micro destilarias, visando o atendimento regional da demanda e consequente desenvolvimento de novas pesquisas com culturas energéticas. (Carvalho e Carrijo, 2007). No ano de 1976/1977, o Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo (CNPMS), incluiu no seu programa de melhoramento os trabalhos de pesquisa e coordenação dos estudos da viabilidade de utilização do sorgo sacarino para a produção de álcool sob condições brasileiras (Schaffertet al.,1978; Andrade e Oliveira, 1988). Nesta conjuntura, após investigarem a variabilidade existente nas cultivares Roma, Rio, Brandes, Dale e Theis, vindas da USDA – Sugar Crops Field Station – Mississippi, o CNPMS, produziu cinco variedades de sorgo sacarino BRS 500, BRS 501, BRS 502, BRS 503 e BRS 504, e uma serie de 5 REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds linhagens-machos estéreis, mantenedoras e restauradoras: BRS 001, BRS 002, BRS 003, BRS 004, BRS 005, BRS 006, BRS 007, BRS 008, estas possuem como característica porte alto e sólidos solúveis totais variando entre 17 e 18 oBrix (Borgonovi et al., 1979). Ainda para o autor, dentre estes genótipos destacaram-se a variedade BRS 501 e as linhagens BRS 005 e BRS 006, como resistente a doenças foliares, principalmente à antracnose. Em seguida foi lançada a cultivar estadunidense Wray, denominada, BRS 505, cultivar BRS 506, BRS 507 e o hibrido BRS 601 os quais apresentavam bom potencial produtivo (Borgonovi et al., 1979). Conforme Schaffertet al. (1978) as atividades de pesquisa com sorgo sacarino foram expandidas também por outras empresas, incluindo diversas instituições no nordeste, com os resultados experimentais promissores. No entanto para Iturra (2004) a evolução do programa foi desvirtuada com o passar do tempo, em função da alteração da política governamental, que passou a incentivar a produção de etanol via cana-deaçúcar nas grandes destilarias proporcionando um arrefecimento na expansão do sorgo sacarino. Atualmente o Brasil é destaque na produção de etanol, no entanto, o aumento da demanda por combustíveis renováveis tem exigido do setor alcooleiro a busca de alternativas economicamente e ambientalmente viáveis que possam contribuir no aumento da produção. Neste contexto a consolidação da produção de sorgo sacarino na entressafra da cana-de-açúcar proporcionaria ao setor maior sustentabilidade na oferta do combustível. 3. PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DO SORGO SACARINO Atualmente a produção brasileira de etanol é feita, fundamentalmente, a partir da extração do caldo de cana-de-açúcar (Saccharamsp.), contudo o setor sucroenergético é altamente competitivo, tonando o fator otimização, 6 REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds mecanismo central para maior rentabilidade do setor e neste contexto a sorgo sacarino poderia ser utilizado no período de entressafra para efetiva sustentabilidade das indústrias de produção de etanol. Por utilizar complementarmente a área de cultivo e as mesmas instalações disponíveis no processo deprodução de etanol a partir da cana-deaçúcar, pelas usinas, iniciativas publica-privada têm realizado diferentes estudos em busca de validar a eficiência do sorgo sacarino na conjuntura do setor (Durães, 2011). Em pesquisas voltadas a produção do etanol Assis e Moraes (2014), discorre sobre a inserção do sorgo sacarino no setor, para os autores o vegetal tem sido uma alternativa viável, este possui alto teor de açúcar, boa produção de biomassa, somados a menores custos de produção R$ 2.700 ha -1 em comparação com a cana-de-açúcar, associado a uma potencial mínimo de geração de etanol estimado em 3,223 L/ha -1, produtividade que gira em torno de 55 t/ha-1, o que representa cerca de 58,6 L,t. Para Durães (2012), dentre as possibilidades, o modelo de expansão do sorgo sacarino de maior sustentabilidade está na entressafra da cana-deaçúcar ou na renovação de canaviais, esta forma de utilização possibilita aumento na produção de etanol, ofertando matéria prima de qualidade e possibilita a redução de custos e geração de emprego (Parella et al., 2010). Em estudo realizado no município de Pelotas-RS, com o objetivo de avaliar três épocas de semeadura (19/10, 06/12 e 28/12) para cultivo de sorgo sacarino, as quais revelaram que o melhor desempenho das cultivares BRS 506, BRS 509, BRS 511, foi o plantio realizado em outubro, por produzir maior volume de massa verde, ao passo que seu semeio a partir de meados de dezembro afeta negativamente grande parte das variáveis associadas à produção de etanol (Emygdio et al., 2014). Resultados obtidos por Albuquerque et al., (2012) avaliando a produtividade do sorgo sacarino em diferentes espaçamentos (50, 60, 70, 80, 90, 100 e 110 cm) densidade de plantas (100, 140, 180 220 mil plantas ha -1) e localidades do estado de Minas Gerais (Leme do Prado, Nova Porteirinha e 7 REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds Jaíba) destaca que a redução do espaçamento provoca maior produtividade de massa fresca e caldo em função do local de cultivo, e reduz os teores de oBrix independente da localidade. Já o aumento da população provocou maior produtividade de massa fresca e caldo nas cultivares BRS 506 e BRS 507 avaliadas. Em busca de aumentar o conhecimento em relação ao arranjo de plantas de sorgo sacarino para a máxima produtividade foram realizados dois experimentos, o primeiro em Patos de Minas-MG, utilizando a cultivar BRS 505, este identificou que o maior rendimento de caldo, 47,05 t.ha -1, foi obtido no espaçamento 0,5 m, com estande de 140 mil plantas; para sólidos solúveis totais a média variou de 14,27 a 16,05 o Brix. No segundo experimento realizado em Sete Lagoas-MG, foi utilizado a cultivar CMSXS 647, que proporcionou média para sólidos solúveis totais de 16,55 o Brix; para rendimento de caldo as maiores produtividades foram obtidas com a combinação de espaçamento entre linhas de 0,5 m, e populações de plantas de 100 mil plantas ha-1 (May, 2012). Segundo Durães (2011) o setor sucroenergético visando sustentabilidade e ganhos de produtividade tem inserido o sorgo sacarino no processo agroindustrial, este por sua vez tem correspondido com alta produtividade de biomassa verde (60 a 80 t. ha-1), alto rendimento de etanol (3.000 a 6.000 l.ha-1), bagaço utilizável como fonte de energia (vapor para industrialização e cogeração de eletricidade) e também com a produção de açúcar, a qual está variando entre (80 a 127 kg) extraídos por tonelada de massa verde. Oliveira (2014) ao investigar o desempenho agronômico de 25 genótipos de sorgo sacarino em Cáceres-MT, observou que dentre os genótipos avaliados destacara se CMSXS 647 e BRS 601 por apresentarem maior volume de caldo 2,19 e 2,08 ml, e CMSXS 642 e CMSXS 646 por expressarem índices de sólidos solúveis totais 20,26 e 19,70 oBrix superiores. Parella et al. (2011) avaliando o desempenho de cultivares de sorgo sacarino em Sete Lagoas-MG, Nova Porteirinha-MG, Moçambinho-MG, 8 REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds Goiânia-Go, Sinop-MT, evidencia que as cultivares apresentaram uma variação na produção de massa verde e sólidos solúveis totais no caldo extraído dos colmos de 38,13 a 54,56 t ha-1 e 13,99 a 20,0 oBrix respectivamente, os autores destacam ainda que a interação cultivares local foi significativa, mostrando a variação de comportamento das cultivares e a capacidade promissora na produção de etanol. De acordo com Durães et al. (2012) as metas para o sorgo sacarino é ter uma produtividade mínima de biomassa de 60 t/ha; extração mínima de açúcar total de 120 kg/t biomassa, considerando a eficiência de extração de 90 a 95%; conteúdo mínimo de açúcar total no caldo de 14%; produção mínima de álcool de 60 l/t biomassa; Período de Utilização Industrial (PUI) mínimo de 30 dias com extração mínima de açúcar total de 100 kg/t biomassa. Masson et al. (2015) ao avaliarem sorgo sacarino e cana-de-açúcar colhidos em abril no município de Jabuticabal - SP, constatou que de modo geral o genótipo de sorgo sacarino CVSW80007, apresentou resultado inferior aos da cana-de-açúcar RB966928, sólidos solúveis totais (19,23 21,20), pH (4,86 5,20), Açúcar Redutores (3,34 0,96), Açúcar Redutores Totais (15,20 17,30) respectivamente, porém podem ser considerados potencialmente satisfatórios para a produção de bioetanol, possibilitando a redução do período de entressafra canavierira. Segundo Mybelojardim (2011), o Brasil já ultrapassou os 12,000 ha-1 de área plantada com o sorgo sacarino e já foram identificados híbridos comerciais que apresentam capacidade produtiva superior a 80 t ha-1, os quais possuem 12% de açúcar e entre 11 e 15% de fibras, além da sua capacidade natural de produção de grãos. Implantada há mais tempo e com programas de melhoramento genético especifico a cana-de-açúcar tem produtividade média de 90 t ha-1, entre 13 e 14% de açúcar e produz até 12% de fibra, neste âmbito os números da produção de sorgo sacarino mostram ser muito promissores tendo em vista a recente retomada dos seus estudos (Klink, 2010). Atualmente, estima-se que de 3 a 5 empresas produzem sementes de sorgo sacarino no Brasil, e já foram identificadas de 30 a 50 usinas de etanol 9 REVISTA DO CEDS (Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB) Número 4 – Volume 1 – jan/julho 2016 Periodicidade semestral Disponível em: www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds com grande interesse de utilização do sorgo sacarino em complemento à canade-açúcar, em áreas de entressafra e de reforma de canaviais. Na safra 2011/12 (nov-dez/ mar-abr) foram plantados no país cerca de 20 mil hectares de sorgo sacarino (Durães et al 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre as alternativas para o aumento da produção de etanol o sorgo sacarino tem se destaca por se adaptar as diferentes condições edáfo e climática brasileiras, as características como sistema radicular eficiente, como suculento com elevado nível de açúcar e rápido ciclo de produção tem levado a retomada das pesquisas. Merece destaque também sua adaptação ao complexo sucroalcooleiro, pois seu período de semeadura e rápido ciclo de produção favorece sua implantação nos períodos de renovação ou entressafra da canade-açúcar, este sinergismo pode ser visto também no período de pós-colheita, onde se utiliza os mesmos equipamentos da moagem à destilação, o que possibilita maior sustentabilidade econômica e operacionalidade de produção das usinas produtoras de álcool. A retomada das pesquisas e os resultados obtidos até o momento apontam para um futuro promissor, a inserção de cultivares mais produtivas juntamente com estudos de adaptabilidade e estabilidade podem proporcionar uma maior oferta de matéria prima, tornando o setor mais sustentável economicamente na produção do combustível. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, C. J. B. TARDIN, F. D. PARRELLA, R. A. C. GUIMARÃES, A. S. OLIVEIRA. R. M. SILVA. K. M. J. 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