Ocorrência de Spodoptera frugiperda em cultivares de sorgo

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Ocorrência de Spodoptera frugiperda em cultivares de sorgo sacarino semeado
em quatro épocas1
Londero, E. 2; Medina, L. B.3; Hellwig, L.4; Marques, P.5; Afonso-Rosa, A. P. S.6;
Emygdio, B. M.7
Introdução
O sorgo sacarino tem um grande potencial como cultura energética, pois é uma planta
C4 com uma elevada atividade fotossintética e tolerância à seca; portanto, pode ser cultivada
em quase todas as áreas de clima temperado e tropical. É muito eficiente no uso da água e de
insumos, levando vantagem sob a cultura da cana-de-açúcar (RAUPP et al., 1980, GUIYING et
al., 2004, PRASAD et al., 2007).
A rapidez do ciclo de produção, as facilidades de mecanização da cultura do sorgo
sacarino, o alto teor de açucares diretamente fermentáveis contidos no colmo (valores de brix
entre 15 e 23), elevada produção de biomassa e antecipação da colheita com relação à canade-açúcar colocam o sorgo sacarino como excelente matéria prima para a produção de etanol
(EMBRAPA, 1980; DAJUI, 1995).
O sorgo sacarino tem-se mostrado bastante sensível ao ataque de insetos-pragas
durante o ciclo de cultivo. Como a parte de interesse econômico da planta é o colmo para
extração do caldo, apenas as espécies-pragas que atacam o sorgo durante sua instalação e
seu desenvolvimento vegetativo têm ameaçado o sucesso dessa cultura, nesse sentido
destacam-se as lagartas desfolhadoras e a broca do colmo, pela voracidade e elevado
potencial de dano, devido à redução da área fotossintética decorrente da alimentação.
Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) tem sido
diagnosticada como uma das mais nocivas pragas em lavouras de sorgo sacarino no Brasil
(MENDES et al., 2012). Tanto no milho como em sorgo, registrou-se um aumento da incidência
(acima de 50%) da lagarta do cartucho. De acordo com Luginbill (1928), S. frugiperda
caracteriza-se por ser uma espécie polífaga, apresentando hospedeiros de 23 famílias de
plantas, sendo mais um fator determinante para a voracidade dessa praga. Dentre elas
destaca-se milho, algodão, arroz, alfafa, amendoim, abóbora, batata, couve, espinafre, feijão,
repolho, sorgo, trigo e tomate (CRUZ; MONTEIRO, 2004).
Objetivo
Verificar a ocorrência de Spodoptera frugiperda em cultivares de sorgo sacarino em
quatro épocas de semeadura.
Material e Métodos
O experimento foi realizado na safra 2013/2014, em condições de campo na Estação
Experimental Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperadas, Capão do Leão-RS, nas
coordenadas geográficas 31°48'58.70"S e 52°28'1.15"O. Foram utilizadas três cultivares de
sorgo sacarino: BRS 506, BRS 509 e BRS 511, com semeadura em 4 épocas, sendo a
primeira no dia 22 de novembro de 2013, 09 de dezembro de 2013, 22 de dezembro de 2013 e
06 de janeiro de 2014. O manejo da cultura foi conduzido de acordo com as recomendações
técnicas para a cultura (REUNIÃO, 2013).
1
Trabalho apresentado na 59ª Reunião Técnica Anual do Milho e 42ª Reunião Técnica Anual do Sorgo;
Graduanda do curso da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel/UFPel, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Email:
[email protected];
3
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Entomologia, Instituto de Biologia/UFPel, Pelotas, Rio Grande do Sul,
Brasil. E-mail: [email protected];
4
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Entomologia, Instituto de Biologia/UFPel, Pelotas, Rio Grande do Sul,
Brasil. E-mail: [email protected];
5
Graduanda do curso da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel/UFPel, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Email:
[email protected];
6
Pesquisadora Embrapa Clima Temperado, Rodovia BR 392, km 78 Caixa Postal 403 - Pelotas, Rio Grande do Sul,
Brasil. E-mail: [email protected].
7
Pesquisadora Embrapa Clima Temperado, Rodovia BR 392, km 78 Caixa Postal 403 - Pelotas, Rio Grande do Sul,
Brasil. E-mail: [email protected].
2
A avaliação foi realizada através de avaliação quinzenal da parte vegetativa da planta,
selecionando três pontos amostrais, registrando o número de plantas (N) com e sem danos de
lagartas para o cálculo do índice de plantas danificadas [IPD = (N de plantas danificadas/N total
de plantas avaliadas). 100] (CECCON et al., 2004).
Por ocasião da primeira época de semeadura foi instalada uma armadilha do tipo
“Delta”, contendo feromônio sexual sintético à altura de 1,5 m do solo. A armadilha continha o
piso adesivo, de modo a aumentar eficiência do monitoramento do inseto. Apenas um septo
(feromônio) foi colado ao centro do piso de cada armadilha, visando evitar inibição de captura
por excesso de feromônio. A armadilha foi abastecida com o septo desde a emergência ao final
do ciclo de desenvolvimento das plantas de sorgo. A inspeção da armadilha e a troca de septo
foi realizada a cada 7 e 30 dias, respectivamente, sendo o piso de cola, recomposto sempre
que necessário.
Os dados de número de plantas atacadas por lagartas de S. frugiperda foram
submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade de erro (CRUZ, 2010).
Resultados e Discussão
A partir dos dados coletados observou-se que os cultivares de sorgo sacarino não
diferem significativamente entre si quanto ao ataque de S. frugiperda se semeados na mesma
época (Tabela 1). Os materiais de sorgo utilizados são considerados ótimas opções de cultivo
para os solos hidromórficos do Rio Grande do Sul (EMYGDIO et al., 2012) evidenciando que
em igualdade de condições (mesma época de semeadura, tratos culturais) respondem de
forma eficiente ao ataque de S. frugiperda.
A diferença significativa verificada foi em relação à época de semeadura (Tabela 1)
para o mesmo cultivar. Para os três cultivares avaliados, de maneira geral, verificou-se que
quanto mais tardia a semeadura, maior o Índice de Plantas Atacadas (IPA). Embora os
materiais sejam bem adaptados as condições onde o experimento foi realizado, a ocorrência
de S. frugiperda é muito favorecida à medida que as temperaturas aumentam (AFONSO et al.,
2008, 2011; BARCELLOS et al., 2013), aumentando de forma muito rápida a população na
área. O aumento populacional foi observado através do aumento da captura de insetos na
armadilha contendo feromônio (Figura 1). A sucessão de culturas e o plantio escalonado de
diversas culturas prolonga no tempo a sobrevivência de insetos, aumentando o número de
gerações neste tipo de agroecossistema. Essa situação favorece o processo migratório das
mariposas entre lavouras formadas por espécies vegetais semelhantes, implantadas em
épocas distintas e, também entre diferentes espécies botânicas (BARROS; TORRES, 2009;
SANTOS, 2001; SANTOS et al., 2003; BOREGAS et al., 2013).
Tabela. Índice de plantas atacadas (IPA) (%) por lagartas de Spodoptera frugiperda em três
genótipos de sorgo semeados em quatro épocas. Capão do Leão, RS, 2014.
Época
BRS 506
BRS 509
BRS 511
1ª (22/11/2013)
0 aB1
0,4 aB
0,2 aC
2ª (09/12/2013)
7,9 aAB
14,0 aA
7,5 aB
3ª (22/12/2013)
15,5 aA
14,4 aA
14,8 aA
4ª (06/01/2014)
17,0 aA
16,8 aA
12,4 aAB
1Médias seguidas por letras minúsculas na linha e maiúsculas na coluna, não diferem
significativamente ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Figura 1. Flutuação populacional de adultos em quatro épocas de semeadura de três
cultivares de sorgo sacarino.
Conclusão
A ocorrência de ataque de Spodoptera frugiperda na cultura do sorgo, depende da
época de semeadura, porém a cultivar escolhida, não se mostra como fator decisivo, para as
condições de solos hidromórficos do RS.
Referências
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o monitoramento de Spodoptera frugiperda por meio de feromônio sexual sintético em áreas de
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