universidade do vale do itajaí

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DANIELA DELMONEGO
TYLMA KALINA S. MAURICI
POTENCIAL EROSIVO DE UMA BEBIDA ENERGÉTICA ASSOCIADA
OU NÃO A UMA BEBIDA ALCOÓLICA
estudo em microscopia eletrônica de varredura
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
requisito parcial à obtenção do título de cirurgiãodentista, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de
Ciências da Saúde.
Orientadora: Prof. (a) Lídia Morales Justino
Itajaí
2012
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DANIELA DELMONEGO
TYLMA KALINA S. MAURICI
POTENCIAL EROSIVO DE UMA BEBIDA ENERGÉTICA ASSOCIADA OU NÃO A
UMA BEBIDA ALCOÓLICA: estudo em microscopia eletrônica de varredura.
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado
adequado para a obtenção do título de cirurgiãodentista e aprovado pelo Curso de Odontologia, da
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências
da Saúde.
Área de concentração: Clínica.
Itajaí, Setembro de 2012.
Orientadora
Prof. (a) MSc. Lídia Morales Justino
Membros da Banca
Prof. Dr. David Rivero Tames
Prof. Dr.Ricardo Pinheiro de Faria
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A Deus,
Senhor, agradeço por ter me dado a vida e por guiar meus passos, obrigada por me dar
força para lutar e coragem para vencer, sei que sempre estás presente em minha vida
tanto nos momentos mais difíceis, como nas alegrias e conquistas. Com fé em ti, tudo é
possível.
A meu pai, Sizefrói de Bomfim Delmonego, minha referencia de pessoa e profissional.
O homem mais humilde e valoroso que conheço.Vencedor de batalhas,foi na adversidade
que concretizou seus sonhos, grandes feitos. Praticou a odontologia de maneira
visionária, elevando sempre o lado humanitário com muita competência.
A minha mãe, Luzia Olga Delmonego, mulher extraordinária, exemplo de vida e de
força, uma vencedora. Obrigada pelo pouco que sou e por tudo que tenho, por nunca me
desamparar, sempre me amar, sempre me incentivar e por acreditar em minha
capacidade. Cada vitória em minha vida, só foi possível por todo seu esforço em minha
formação.
A minha grande amiga Tylma Kalina, pela amizade sincera e pela paciência. Aprendi
muito com você, sempre disposta a ajudar em todos os momentos. Obrigada pelas
palavras de entusiasmo e pelos cuidados comigo.
A meus colegas de curso, em especial a turma 2012-2, por termos caminhado juntos
nesse desafio.
A todos os funcionários do bloco de ODONTOLOGIA da UNIVALI. Que todos os
dias cuidaram de mim, sempre preocupados em ajudar e aconselhar com grande
carinho.
Daniela Delmonego
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A Deus
Que me presenteou com a Odontologia, o sonho que um dia eu julguei impossível...
Aos meus pais
Pelos incentivos, conselhos e orações, por vibrarem comigo nessa conquista...
À amiga e companheira de trabalho Daniela
Uma grande amizade!! Pela disponibilidade durante as etapas da nossa pesquisa.
Obrigada!
À orientadora professora Lídia
Por ensinar que a Odontologia possibilita o questionamento e estimula a busca ao
conhecimento. Obrigada pela proposta de trabalho, pelo tempo disposto...
Foi empolgante tê-la conduzindo nossa pesquisa.
Aos bons amigos que fiz na Faculdade:
Os bons amigos eu não quero que tenham sido uma passagem... É por acaso que a gente
conhece as pessoas, mas não é por acaso que elas permanecem nas nossas vidas...
Aos colaboradores e amigos da UNIVALI:
Pacheco, Serginho, Beatriz e Vanessa que ajudaram na confecção dos corpos de prova.
Ajuda valiosa!!
Professor David, pelo auxílio nas etapas laboratoriais do trabalho.
E a você, que o tempo todo esteve ao meu lado
Dando-me todo o apoio necessário para conquistar meus objetivos
Pela compreensão e infinita paciência
Que sempre vibrou com as minhas conquistas
Sonhou comigo os meus sonhos
Obrigada por esse amor que abraça, que beija, que cuida
Obrigada por cuidar tão bem de mim
Essa conquista não é só minha, é nossa:
Meu querido Betu.
Tylma Kalina
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POTENCIAL EROSIVO DE UMA BEBIDA ENERGÉTICA ASSOCIADA OU NÃO A
UMA BEBIDA ALCOÓLICA: estudo em microscopia eletrônica de varredura.
Acadêmicas: DanielaDELMONEGO, TylmaKalina S. MAURICI
Orientadora: Prof.ª MSc. Lídia Morales JUSTINO
Defesa: Setembro 2012
Resumo
Este trabalho verificou o potencial erosivo de uma bebida energética (Red Bull) associada
ou não a uma bebida alcoólica (vodca Smirnoff) sobre o esmalte dental bovino, através de
pesquisa em Microscopia Eletrônica de Varredura, (MEV). Previamente ao experimento, foi
feita a aferição do pH das bebidas, com o auxilio de um pH-metro. Foram utilizados 20
dentes bovinos, seccionados em duas partes, totalizando 40 corpos de prova, distribuídos
em quatro grupos: grupo a) bebida energética, grupo b) bebida alcoólica, grupo c) mistura
(bebida energética mais bebida alcoólica) e grupo d) grupo controle, armazenado em água
destilada. A exposição às bebidas totalizou 3 horas para cada grupo, sendo a bebida
trocada a cada 1 hora para que houvesse renovação do líquido sobre a estrutura do
esmalte. Até a análise, ficaram estocados em água deionizada. Ao término do experimento
dois fragmentos de cada grupo foram sorteados aleatoriamente para análise da
micromorfologia do esmalte em MEV. Os resultados mostraram que o esmalte dos dentes
submetidos à ação das bebidas testadas apresentava aspecto morfológico diferente do
verificado no grupo controle. Foi possível identificar expressivas áreas de erosão nos
espécimes expostos, principalmente do grupo A (bebida energética), seguido do grupo C
(bebida energética mais bebida alcoólica). Pouca ou nenhuma alteração no grupo B (bebida
alcoólica). Conclui-se que a bebida energética tem potencial erosivo sobre a superfície do
esmalte dentário.
Palavras-chave: bebidas alcoólicas, bebidas energéticas, erosão dentária, microscopia
eletrônica de varredura.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................
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2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................
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...........................................................................................................................
3 MATERIAIS E MÉTODOS ...........................................................................
..................................................................................................
4 RESULTADOS..............................................................................................
5 DISCUSSÃO.................................................................................................
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34
40
6 CONCLUSÃO................................................................................................ 45
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 46
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1 INTRODUÇÃO
A erosão dentária é um processo progressivo e destrutivo, caracterizado pela
perda do tecido duro dos dentes, que não envolve bactérias, mas sim, por ação de
ácidos contidos em bebidas e/ou alimentos ou no próprio organismo a exemplo do
ácido gástrico. A ingestão de refrigerantes, bebidas energéticas e sucos de frutas
naturais ou industrializados, tem sido a causa mais frequente da erosão dentária.
Por isso, pode-se dizer que erosão dentária é o problema de saúde bucal da
sociedade moderna, decorrente de seus hábitos alimentares. (AGUIAR, 2006,
MANGUEIRA, 2011).
A erosão é resultado do contato frequente do ácido de alimentos e/ou bebidas
com a superfície dentária. Assim, para a erosão dentária ocorrer e evoluir, a
frequência de ingestão de produtos ácidos é mais importante do que a sua
quantidade. (OLIVEIRA, 2009).
O desgaste dentário por erosão está se tornando cada vez mais significativo
para a saúde da dentição em longo prazo, pois com o declínio da perda dentária
devido a doenças infecciosas (principalmente a cárie) durante o século XX e com a
crescente longevidade dos dentes no século XXI os efeitos incrementais e
clinicamente perniciosos do desgaste, especialmente por erosão, tornar-se-ão
requisito importante de competência preventiva e reconstituinte do médico dentista.
(MATUMOTO, 2008).
Pode ser causada por uma série de fatores extrínsecos e intrínsecos. Os
fatores extrínsecos incluem, em grande parte, o consumo de alimentos ácidos e
bebidas gaseificadas, bebidas energéticas, vinhos tintos e brancos, cítricos e, em
menor grau, a exposição profissional a ambientes ácidos. Os fatores intrínsecos
mais comuns incluem distúrbios gastrointestinais crônicos como por exemplo a
doença gastroesofágica e problemas de saúde como a anorexia e a bulimia, nas
quais a regurgitação e o ato frequente de vomitar são comuns, (ZERO e LUSSI,
2005, MATUMOTO, 2008).
Qualquer substância ácida com pH inferior ao crítico para o esmalte (5,5) e
para a dentina (4,5) pode dissolver os cristais de hidroxiapatita (BRANCO et al.
2008), decorrendo desse fato a preocupação com o alto consumo de bebidas
energéticas e sucos de frutas, que em sua maioria apresentam o pH ácido, entre 2,1
a 3,2, causando a erosão dental. A ingestão de frutas cítricas mais que duas vezes
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ao dia aumenta em até 30 vezes o risco do desenvolvimento de erosão dental. O
consumo diário de energéticos e refrigerantes aumenta o risco em quatro vezes
(GIORGI, 2010).
Segundo uma pesquisa da ADA (The Australian Dental Association),
realizada em escolas australianas, 68% dos estudantes tiveram pelo menos um
dente com sinais de erosão. O estudo constatou que as bebidas energéticas tinham
níveis mais elevados de ácidos do que os de refrigerantes. (GIORGI, 2010).
Os energéticos são substâncias psicoativas com propriedades altamente
estimulantes, devido à expressiva quantidade de taurina e cafeína, que varia de
50mg a 505mg em 200 ml. Além disso, são normalmente comercializadas junto às
bebidas alcoólicas. (PULCHERIO, 2010).
O uso mais comum dos energéticos tem sido em festas e eventos sociais,
onde são usados associados a bebidas alcoólicas, aumentando seu potencial pela
ação estimulante da cafeína no córtex cerebral. A mistura proporciona a sensação
de mascarar o efeito destrutivo do álcool, porém, potencializando-o muitas vezes,
mas a pessoa não se sente embriagada. De certa forma essa informação não é
completamente falsa, isso porque os energéticos em geral tem em sua composição
grande quantidade de cafeína e quando misturados com o álcool (potencial
depressor do sistema nervoso central) reduzem a sensação de sonolência
provocada pelo mesmo. Contudo, os reflexos continuam debilitados. (GIORGI,
2010).
Os energéticos ao serem combinados às bebidas alcoólicas têm a função de
potencializar os efeitos do álcool, possivelmente devido a uma redução dos efeitos
depressores do álcool pela ação estimulante da cafeína no córtex cerebral.
(MATUMOTO, 2008).
Para o público jovem, o grande efeito destas bebidas se deve à mistura com o
álcool. Nos EUA, 48,4% e no Brasil, 76% dos usuários de energéticos o consomem
com bebidas de alto teor alcoólico, tais como uísque e vodca. Esta associação é
muito popular e pode ser perigosa, pois mostra capacidade de reduzir os sintomas
adversos da alcoolemia, incluindo seus efeitos depressores. Tais fatores podem
levar o sujeito que consome a não perceber sinais de intoxicação alcoólica,
aumentar riscos de acidentes, assim como ao abuso e dependência do álcool.
O consumo frequente de bebidas alcoólicas também pode aumentar direta ou
indiretamente a prevalência das lesões erosivas, pois as propriedades desidratantes
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e corrosivas do álcool já são bastante conhecidas e, além deste fator direto, o
estado de embriaguez pode fazer com que o indivíduo apresente um quadro crônico
de vômitos constantes (MATUMOTO, 2008).
Experimentos in vitro representam apenas o presumido potencial erosivo de
uma dada bebida e sua capacidade de prover respostas sobre os processos de
erosão e devem ser encarados como limitados. Isso porque o efeito dos agentes
erosivos na boca de humanos depende de fatores como fluxo salivar, capacidade
tampão, e película adquirida (HUGO, et al, 2006).
Considerando-se o alto consumo dessas bebidas atualmente, e devido à
escassez de estudos estabelecendo a ação dessas bebidas no esmalte dental, é
que se propõe a realização desse estudo. Que tem por objetivo verificar o potencial
erosivo das bebidas energéticas e das bebidas alcoólicas separadamente e da
associação destas, em esmalte dental bovino, através da análise em microscopia
eletrônica de varredura.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
O objetivo de Jensdottir, Bardowa, Holbrookb (2005) foi testar o potencial
erosivo de refrigerantes e testar a possibilidade de reduzir o potencial erosivo
dessas bebidas por modificação. Foram utilizados 16 refrigerantes disponíveis no
mercado islandês, incluindo três refrigerantes modificados. Os dentes foram obtidos
na clinica da Universidade da Islândia. Seccionados para utilizar apenas 1/3 da
coroa, sendo 2 fragmentos para cada bebida, um fragmento imerso na bebida por 24
horas e o outro por 72 horas em 10 ml. O pH, cálcio, fósforo, e ácido titulável foram
determinados em cada bebida. A partir destes resultados, a capacidade tampão, o
pH 4,5, 6,3, e 8,5, o grau de saturação no que diz respeito à hidroxiapatitae o pH
crítico foram calculados.Para avaliar a possibilidade de alteração dos refrigerantes,
um suco de laranja foi modificado pela adição de várias concentrações de cálcio e
fosfato, três grupos experimentais foram desenvolvidos. Utilizaram 1 litro de suco de
laranja puro misturado com: (A) 6,67 g de citrato de cálcio; (B) 4,00 g de cálcio
trifosfato e (C) 8,00 g de cálcio tri-fosfato. O potencial erosivo foi determinado pela
perda de peso a partir de pedaços de dente após imersão na bebida em24 e 72
horas, bem como aumento de cálcio no refrigerante após imersão.Os resultados
mostraram que o potencial erosivo das bebidas variou a perda de peso de 0 a 10%.
Que as várias propriedades das bebidas, tais como pH, acidez titulável, capacidade
tampão, e grau de saturação com respeito à hidroxiapatita tem um impacto sobre o
potencial erosivo da bebida. Além disso, foi constatada que a adição de cálcio e
fosfato pode ser uma medida útil para reduzir o potencial erosivo de algumas
bebidas.
Souza et al. (2005) avaliaram o efeito de duas bebidas alcoólicas e uma
energética, com diferentes pH e em diferentes tempos de exposição sobre a lisura
superficial de uma resina composta microhíbrida. Utilizaram 30 corpos de prova (10
em cada grupo) em resina composta (Esthet-x/ Dentsply), que foram divididos da
seguinte forma: Grupo 1 – bebida alcoólica destilada (vodka Natasha), Grupo 2 –
bebida energética (Red Bull), Grupo 3 – bebida alcoólica fermentada (cerveja
Skol). Foi verificado previamente o pH e calibrado em solução tampão. As amostras
foram expostas à bebida 1 hora por dia, e nas 23hs restantes do dia ficaram em
repouso em água deionizada, a 37ºC. Em 7 e 14 dias os corpos de prova foram
submetidos às leituras de valores médios de rugosidade superficial, com um
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rugosímetro de precisão Suftest SJ-201P(Mitutoyo). Os autores puderam concluir
que após 14 dias de imersão em bebida energética a rugosidade superficial
mostrou-se significantemente alterada e que de 0 a 7 dias nenhum grupo obteve
diferença significante. Portanto, o efeito causado pelo pH ácido associado com
tempo de imersão, alterou significantemente a rugosidade superficial da resina
composta avaliada neste estudo.
Zero e Lussi (2005) destacaram os fatores químicos e biológicos importantes
que causam a dissolução superficial dos tecidos duros dentários sem o envolvimento
de microorganismos: o grau de saturação que parece ser o principal determinante no
caso de haver ou não dissolução, pois quanto maior for a capacidade tampão da
bebida ou alimento mais tempo demorará para a saliva neutralizar o ácido. O pH e
os níveis de cálcio e fósforo e, ainda, os fatores biológicos modificadores mais
importantes, a velocidade do fluxo salivar e a capacidade tampão do paciente. Os
pacientes com pouco fluxo salivar são considerados mais susceptíveis ao desgaste
dentário erosivo, sendo importante a educação dos mesmos sobre as causas
(aumento exagerado no consumo de bebidas ou alimentos ácidos) e a prevenção da
erosão para impedir a sua progressão. A escovação, principalmente com pastas
mais abrasivas, não deve ser feita imediatamente antes ou depois de um desafio
erosivo. E a aplicação tópica frequente de flúor concentrado poderá ser benéfica
para inibir a posterior desmineralização e aumentar a resistência à abrasão das
lesões erosivas.
Aguiar et al. (2006), numa revisão de literatura, avaliaram a erosão dental,
trazendo dados sobre sua definição, etiologia e classificação. Observaram que a
erosão dental tem sido atribuída a fatores ácidos extrínsecos e intrínsecos,
entretanto, mais recentemente, muita atenção tem sido dada aos fatores
extrínsecos, devido ao grande aumento de bebidas e refrigerantes ácidos,
principalmente às bebidas de caráter esportivo, como energéticos e repositores
minerais. Alguns exemplos são: o ácido cítrico, que representa o principal ácido
encontrado em frutas e vegetais e possuem em média pH abaixo de 5, sendo abaixo
de 3 para o limão. Vinagre e molhos de saladas que contêm ácido acético. Em
vinhos e uvas são encontrados ácidos tartáricos e em maçã e sucos de maçã,
ácidos maleicos. Ácido lático aparece em iogurtes e queijos com pH abaixo de 4;
são exemplos relatados na literatura; E nos fatores intrínsecos, o ácido proveniente
do suco gástrico tem o pH baixíssimo, em torno de 1 a 1,5. Normalmente, a erosão
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intrínseca afeta mais as superfícies palatinas de incisivos e caninos superiores,
seguido das superfícies oclusais de pré-molares e molares superiores de pacientes
adultos. A erosão dental foi classificada quanto a sua severidade em classes; classe
I: lesões superficiais, envolvendo somente esmalte; classe II: lesões localizadas,
envolvendo menos de um terço da superfície de dentina; classe III: lesões
generalizadas, envolvendo mais de um terço da superfície de dentina. As lesões
classe III foram ainda subdivididas em superfícies: a) lingual; b) lingual e palatina; c)
incisal e oclusal; d) envolvimento severo de muitas superfícies. A divisão também
quanto a atividade patogênica, lesão ativa e lesão latente e ainda quanto a sua
localização, classificada de acordo com a superfície que afeta.
O objetivo de Claudino et al. (2006) foi avaliar a superfície do esmalte
humano submetido à ação de diferentes sucos de frutas cítricas, em microscopia
eletrônica de varredura (MEV). Foram selecionados 22 dentes extraídos por razões
ortodônticas (pré-molares e terceiros molares), livres de trincas e/ou fraturas, sendo
obtidos 44 blocos de esmalte a partir das superfícies vestibulares e linguais/palatinas
destes elementos. A amostra ficou armazenada em solução de formol a 10% até o
momento de sua utilização. O pH foi mensurado, por meio de um ph metro,
imediatamente após o preparo dos sucos, por três vezes, sendo obtida a média das
medições. Os blocos foram aleatoriamente divididos em 11 grupos, sendo 10
experimentais, onde 5 grupos foram submetidos ao contato por 5 minutos com sucos
diluídos (300 ml de suco + 300 ml de água) das frutas: G 1 - abacaxi; G2 - caju; G3 acerola; G4 - laranja; G5 - limão; e os outros 5 grupos com sucos puros das frutas: G
1' - abacaxi; G2' - caju; G3' - acerola; G4' - laranja; G5' - limão; e um grupo controle G6. Em seguida, foram armazenados em água destilada para posterior observação
em MEV. As alterações foram mais expressivas nos grupos submetidos aos sucos
de limão, acerola e abacaxi. Sendo estas mais evidentes nos espécimes expostos
aos sucos puros de limão e laranja e, aos sucos diluídos de acerola, abacaxi e caju.
Conclui-se que, os sucos de frutas avaliados apresentaram pH ácido, demonstrando
potencial erosivo, sendo este fato confirmado pelas alterações na superfície do
esmalte exposto a tais líquidos.
Devido a estudos que apontam que diversos tipos de vinho são agentes
causadores de erosão dentária, o objetivo de Hugo et al. (2006) foi avaliar o efeito
erosivo de um vinho tinto brasileiro sobre o esmalte bovino. Antes do experimento, o
esmalte foi imerso em saliva humana e água. Utilizaram 20 blocos de esmalte
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bovino (3 mm × 3 mm × 3 mm). A metade da superfície de cada bloco foi coberta
com esmalte de unhas. 10 blocos foram imersos em água e 10 em saliva humana
por 12 horas. Após esse período, as peças foram imersas em vinho por 1 hora e
então foram lavadas com água destilada, passaram por processo de limpeza em
aparelho de ultrassom com acetona por vinte segundos para remover o esmalte de
unha, lavados novamente com água destilada e deixados secar em temperatura de
23°C por 24 horas. As peças foram analisadas em microscopia eletrônica de
varredura. Em todos os blocos analisados foi possível observar erosão na superfície
do esmalte. Em 2 blocos essa erosão foi leve, caracterizando-se como um
alargamento das ranhuras fisiológicas do esmalte, porém, no restante dos blocos
ocorreu erosão severa, sendo possível observar o aspecto de favos de mel dos
prismas de esmalte. O efeito erosivo no grupo de blocos imerso em saliva e em
água foi similar. Os autores concluíram que o vinho utilizado nesta experiência
produziu erosão significativa na superfície do esmalte, in vitro. Devido ao fato do pH
crítico do esmalte dentário ser aproximadamente 5,5, qualquer solução com pH
inferior à esse poderá causar erosão, e como o pH do vinho usado nesta
experiência, 4.55, era mais baixo do que o pH crítico para a dissolução do esmalte
indicam que esse vinho é uma solução com habilidade de agir como um agente
erosivo. A imersão em saliva humana, precedente à exposição ao vinho, não pôde
proteger o esmalte bovino contra a desmineralização, neste modelo experimental.
Bolanho (2007) avaliou a degradação de resinas compostas pela ação de
bebidas alcoólicas, analisando a rugosidade superficial, a alteração do pH da
bebida, a variação da massa e os espectros de fluorescência e fluorimetria. Foram
confeccionados 456 corpos-de-prova, com 5mm de diâmetro por 2mm de espessura,
sendo divididos em 4 grupos, com 114 de cada resina (QuiXfil™(DENTSPLY) /
Filtek™ Z350(3M ESPE) / Tetric® Ceram HB (IvoclarVivadent) e EsthetX™(DENTSPLY)), que foi dividido em três grupos de estudo. Cada grupo foi
subdividido em 6 grupos de bebidas (bourbon, vodca, tequila, cachaça, saquê e
água). Assim, o estudo totalizou 24 grupos. Os espécimes ficaram na bebida por 7
dias consecutivos, sendo agitados 24 vezes por dia, totalizando 14h ao final do
período de imersão. As conclusões foram que: bebidas alcoólicas alteram a
rugosidade superficial de maneira significativa, sendo que as maiores alterações
foram causadas pelo bourbon, seguido da vodca, tequila, cachaça, saquê e água, e
a resina Quixfil apresentou os maiores valores de rugosidade final. Com relação ao
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estudo da variação da massa, foram observados perda de peso dos espécimes
emimersão em água, cachaça, vodka e saquê e ganho de peso em bourbon e
tequila, após 7 dias. As alterações do pH foram significantes para todas as bebidas,
porém as alterações do pH da tequila, cachaça e bourbon podem ter sido causadas
pela sua manipulação. O aumento da fluorescência dos espécimes imersos em
cachaça e saquê foi observado, com exceção da resina Filtek Z350, que não
apresentou aumento da fluorescência após imersão.
Kitchens e Owens (2007) avaliaram o potencial erosivo no esmalte dental
com e sem proteção de verniz fluoretado. As bebidas utilizadas foram: Coca-Cola,
Coca-Cola Diet, uma bebida esportiva (Gatorade), um energético (Red Bull), café
(Starbucks), água engarrafada (Dasani) e água da torneira. Foram utilizados vinte e
oito molares humanos livres de cárie e hipocalcificação. A porção coronal de cada
dente foi removida, os corpos de prova foram incluídos em blocos de resina acrílica,
deixando as superfícies de esmalte expostas que em seguida foram polidas usando
disco de papel abrasivo e pasta diamantada de granulações 600-2000. Os sete
grupos de bebidas tinham quatro corpos de prova cada, onde dois foram tratados
com verniz fluoretado previamente aos testes de imersão e dois não receberam este
tratamento. Leituras de rugosidade superfícial foram realizadas antes do tratamento
com flúor, antes da imersão nas bebidas, e, após a imersão que foi de quatro dias
(24 horas / dia a 37° C). Os resultados mostraram que todas as bebidas provocaram
erosão no esmalte dental, sendo que, as mais significativas foram Coca-Cola,
Gatorade e Red Bull com ou sem flúor, seguidas de café (Starbucks), água
engarrafada (Dasani), e a água da torneira. O tratamento com verniz fluoretado não
demonstrou nehuma influência significativa de proteção nas superfícies do esmalte.
Portanto as variáveis de impacto significativo foram: o tipo de bebida e o tempo de
exposição.
Numa revisão de literatura, utilizando as bases de dados PubMed e Bireme
com artigos de 1999 a 2007, Branco et al.(2008) relacionaram o assunto erosão
dental, abordando a importância de se fazer diagnóstico precoce e as possíveis
formas de tratamento para minimizar as seqüelas da doença. Baseados na
informação de que a erosão dental é definida como perda progressiva e irreversível
de tecido dental duro por processo químico que não envolve ação bacteriana e que
diversos fatores contribuem no processo da erosão do esmalte, sejam esses
oriundos de fontes extrínsecas ou intrínsecas, o cirurgião-dentista é o profissional
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decisivo no diagnóstico dessas alterações. Para que esse diagnóstico seja feito de
forma segura, possibilitando a indicação de tratamento eficaz, o conhecimento de
sinais, sintomas e forma de evolução é imprescindível, e acaba por diferenciar a
atuação profissional.
O cirurgião-dentista é geralmente o primeiro profissional a
diagnosticar doenças sistêmicas com manifestações clínicas orais. É importante
para o clínico geral reconhecer os sinais clínicos dessas patologias e atuar de forma
integrada na equipe transdisciplinar, objetivando restabelecer a saúde e as melhores
condições de vida ao paciente. Qualquer substância ácida com pH inferior ao crítico
para o esmalte (5,5) e dentina (4,5) pode dissolver os cristais de hidroxiapatita. Este
quadro pode ocorrer dependendo das concentrações de íons cálcio e fosfato da
saliva e da disponibilidade de flúor para atuar no processo de remineralização. A
saliva possui papel importante na instalação e evolução da erosão dental, pois
possui a função de equilíbrio do pH do meio oral por meio do intercâmbio de íons
cálcio e fosfato.
Cunha (2008) avaliou a rugosidade superficial e a alteração de cor em dentes
previamente submetidos à erosão, por clareamento dental e /ou refrigerante a base
de cola. Foram selecionados 48 pré-molares humanos hígidos, recém extraídos por
motivos ortodônticos. Eles foram limpos com o auxílio de curetas periodontais para
remoção de tecidos aderidos, acondicionados em solução fisiológica salina estéril e
congelados a –20ºC. Os elementos dentais foram embutidos em molde de silicone, e
divididos em face vestibular e lingual, totalizando 96 fragmentos. Cada corpo de
prova foi regularizado, com uma série de lixas tornando suas superfícies lisas e
polidas. Os espécimes foram divididos em quatro grupos: “C” – grupo controle; “O” clareamento com peroxido de hidrogênio a 38%; “OR” - clareamento e imersão em
refrigerante a base de cola; “R” – somente imersão em refrigerante. Antes e após do
tratamento preconizado para cada grupo, a rugosidade foi mensurada em um
rugosímetro e a aferição da cor por meio de um espectrofotômetro. No grupo “C” os
corpos-de-prova permaneceram em saliva artificial durante 14 dias. No grupo “O” o
clareamento foi realizado com peróxido de hidrogênio a 38% (Opalescence Xtra
Boost), repetido a cada sete dias durante duas semanas, totalizando três sessões
conforme orientações do fabricante, e depois os corpos-de-prova ficaram
armazenados em saliva artificial a 37ºC. No grupo “OR” os dentes foram clareados
da mesma forma que no grupo “O” e depois ficaram imersos no refrigerante Cocacola por 10 minutos, diariamente, por duas semanas. No grupo “R” os corpos-de-
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prova ficaram imersos em Coca cola durante 10 min./dia, por duas semanas. Cada
grupo foi dividido em dois subgrupos, para escovação com dentifrício de
abrasividade regular (DR) e dentifrício branqueador (DB), em máquina simuladora
de escovação. Os dados foram submetidos à ANOVA e testes de Dunnett e Tukey.
Concluiu-se que o clareamento com peróxido de hidrogênio a 38% e a imersão em
coca-cola por 10 minutos diários apresentaram alteração de rugosidade semelhante.
A associação entre clareamento e imersão em coca-cola apresentou o maior
aumento de rugosidade. Quanto à alteração de cor, os espécimes submetidos ao
clareamento apresentaram maior luminosidade e tornaram-se menos amarelados.
As amostras que foram imersas em refrigerante apresentaram menor luminosidade e
tornaram-se mais amareladas, porém esses resultados não foram estatisticamente
diferentes do grupo controle. A imersão em coca-cola durante o clareamento dental
não levou ao manchamento dos dentes. Os dentifrícios, regular e branqueador,
apresentaram desempenho de rugosidade e de alteração de cor estatisticamente
semelhantes em todos os grupos avaliados.
Ehlen et al. (2008) avaliaram o potencial erosivo de bebidas ácidas in vitro.
Utilizaram oito dentes para cada bebida, quatro para testes em esmalte e quatro
para testes na superfície radicular. Os dentes foram limpos e perfurados na
extremidade da raiz, onde foi colocado um fio para mergulhar e suspender os dentes
nas respectivas soluções. Os dentes foram pintados com esmalte de unha deixando
exposto uma pequena janela (1 × 4 mm) de esmalte ou de superfície radicular. As
bebidas utilizadas foram: suco de maçã 100% natural, Coca-Cola, Coca-Cola Diet,
Gatorade Lima-Limão e Red Bull. Foram aferidos o pH e a acidez titulável logo após
a abertura das bebidas e após 60 minutos de agitação foram medidos novamente.
Em seguida, os dentes foram mergulhados em 250 ml de todas as bebidas, ficando
por 25 horas, sendo que as bebidas eram substituídas a cada 5 horas.Os resultados
mostraram que todas as bebidas foram ácidas; que a acidez titulável foi maior para o
Red Bull, seguidas dos refrigerantes, o suco natural e o Gatorade; com relação à
profundidade da lesão causada no esmalte os maiores resultados foram para
Gatorade, seguidos por Red Bull, Coca-Cola, Coca-Cola Diet, e suco de maçã
100%; já com relação à profundidade da lesão causada na superfície radicular, os
resultados foram maiores para Gatorade, seguidos por Red Bull, Coca-Cola, suco de
maçã100%, e Coca-Cola Diet. A profundidade das lesões não foi associada com pH
17
ou acidez titulável. Conclui-se que as bebidas populares da cidade de cidade de
Iowa, EUA podem produzir erosão dental.
O estudo de Matumoto (2008) avaliou o potencial erosivo dos energéticos
presentes no mercado quanto ao seu pH, capacidade tampão, e analisou
quantitativamente as alterações promovidas na superfície do esmalte de dentes
permanentes. Em questão foram analisadas 10 marcas diferentes de energeticos: 1Red Bull, Red Bull Light, Flying Horse Booster, Flying Horse Light, Bad Boy Power
Drink, Rush!Energy, Burn, Pepsy Energy Cola, Atomic Sugar Free e 220V Energy
Drink. Para a avaliação do pH, foram testadas amostras de 30ml de cada bebida, 2
vezes, uma após a abertura da lata e outra após agitação por 5 minutos para
eliminação da porção gasosa. A verificação da capacidade tampão também foi
realizada e os resultados foram posteriormente tabulados para elaboração de um
gráfico. Para a avaliação da microdureza, utilizou Red Bull e Red Bull Ligth por
serem os mais consumidos. Para os corpos de prova, foram utilizados 40 prémolares superiores hígidos, após criteriosa análise. Foram armazenados em água
destilada e mantidos em refrigerador para evitar a desidratação, seccionados na
junção amelocementária para separar a porção coronária da radicular e
posteriormente, um corte próximo ao sulco principal no sentido mésiodistal para
obtenção de 2 fragmentos. Foi avaliada a microdureza inicial e final utilizando-se um
microdurômetro (HMV-Micro HardnessTester-Japão). A conclusão da autora foi de
que as bebidas energéticas analisadas, em sua totalidade, possuem potencial
erosivo, acarretando na perda de minerais, em função do seu pH baixo e também da
sua elevada capacidade tampão, de maneira significativa. E tanto o Red Bull quanto
o Red Bull Ligth promoveram alterações nos padrões de dureza superficial do
esmalte dentário, pois ocasionaram significativa diminuição nos valores inicialmente
obtidos.
Zanet (2008) avaliou a microdureza do esmalte de dentes bovinos clareados
e não clareados com peróxido de hidrogênio a 35 %, após a ação de: refrigerante a
base de cola, suco artificial em pó contendo citrato de sódio e ácido clorídrico.
Foram utilizados 90 dentes incisivos bovinos hígidos, que foram colocados em uma
matriz de silicone para inserção em resina acrílica, de forma que as superfícies
vestibulares dos dentes ficassem expostas. A seguir, a superfície do esmalte de
cada corpo de prova foi submetida a um polimento a fim de se conseguir uma
superfície de esmalte lisa e uniforme. Os corpos de prova foram divididos em dois
18
grupos, onde 45 receberam a ação do agente clareador uma vez por semana
durante duas semanas e os outros 45 não receberam tratamento clareador e
permaneceram em saliva artificial por 2 semanas. Após este período, as amostras
de cada grupo inicial (esmalte clareado ou não) foram divididas em 3 grupos com 15
amostras cada, 1 grupo refrigerante a base de cola light (Pepsi twist), 1 grupo suco
artificial light em pó (Clight), sabor limão contendo citrato de sódio e 1 grupo
controle. Os corpos de prova foram imersos nas soluções ácidas diariamente por 5
minutos e permanecendo 23 horas e 55 minuto sem saliva artificial. O experimento
foi realizado por 21 dias e as leituras de microdureza de cada corpo de prova foi
realizada semanalmente. Os dados obtidos foram submetidos aos testes
estatísticos: Anova e Tukey. Concluiu-se que todas as soluções ácidas testadas
interferiram com a microdureza do esmalte. Dentes clareados foram os mais
susceptíveis aos efeitos erosivos das soluções ácidas. O ácido clorídrico causou o
maior dano ao esmalte dentário e o tempo de exposição do esmalte às soluções
ácidas influiu diretamente na quantidade de desmineralização.
O estudo de Ablal etal. (2009) avaliou in vitro o potencial erosivo de alcopops
em esmalte bovino. O grande aumento no consumo desse tipo de bebida alcoólica
açucarada, aromatizada ou energética têm se tornado cada vez mais popular e elas
possuem altas concentrações de ácido cítrico e álcool, de modo que poderiam
causar erosão dentária. Utilizaram seis incisivos bovinos permanentes, que foram
limpos e polidos para criar uma superfície plana. Cada incisivo foi seccionado em
seis partes, utilizando um disco diamantado, o que resultou em 36 espécimes. Cada
espécime foi polido e preparado para o experimento deixando uma janela 4x4mm
utilizando esmalte de unha.
Antes da imersão nos respectivos produtos, os
espécimes ficaram mergulhados em saliva artificial durante duas horas, em seguida,
foram secos. As amostras foram então aleatoriamente designadas para cada grupo
de alcopop, assim distribuídos: Grupo (BO) Bacardi Breezer ™ Sabor Laranja,
Grupo (SI) Smirnoff Ice ™, Grupo (AP) Archers Schnapps do Aqua ™ Sabor
Pêssego, Grupo (BHS)Bacardi Breezer ™ metade do açúcar sabor framboesa.
Grupo. (JO) sumo de laranja (valor Tesco) como um controle positivo e Grupo (H2O)
Água deionizada como controle negativo. Os testes foram feitos utilizando 20 ml de
cada bebida, mergulhando os espécimes por 20min, por 60min e por 24horas, sob
agitação suave (100 rpm) à temperatura ambiente. As medições de Microradiografia
transversal (TMR) e de Fluorescência Quantitativa a laser (QLF, versão 2.00c;
19
Inspektor Systems Research, Amsterdam) foram realizadas antes e depois de cada
ciclo. Os resultados encontraram perda de esmalte com todas as bebidas de teste e
controle positivo. Nenhuma diferença significativa foi observada entre 20min e 1h de
exposição, embora ambos os tempos apresentaram significativamente maior erosão
quando comparados com o grupo controle. A erosão mais significativa ocorreu na
exposição de 24 horas em comparação com o grupo controle e os tempos anteriores
em todos os grupos. A conclusão dos autores é que todos os alcopops testados
resultaram em significativa perda de esmalte bovino, semelhante ao do sumo de
laranja, com 24h de exposição, relacionando que o grau de perda de esmalte
se
aumenta o tempo de exposição.
O objetivo de Barros (2009) foi estimar a prevalência de erosão dentária na
dentição permanente de escolares de 10 a 14 anos de Campo Grande – MS, e
identificar alguns fatores associados com a presença do desgaste erosivo. Verificouse também se houve diferenças na manifestação de doenças entre os sexos e nas
idades pesquisadas; associações entre a presença de hábitos potencialmente
erosivos: alimentares ocupacionais e de histórico médico com o desenvolvimento da
doença; as diferença entre escolares de rede pública e particular do município;
relacionou os dados obtidos com prevalência de outras cidades brasileiras e outros
países e forneceu subsídios para formulação de estratégias de prevenção e
atendimento com relação à erosão dentária para a população estudada. Os dados
foram colhidos entre os meses de agosto e outubro de 2008. Ao final da coleta, foi
obtida uma amostra de 941 escolares, sendo 485 indivíduos nas escolas municipais,
273 nas escolas estaduais e 183 nas particulares. Os escolares foram submetidos a
um exame clínico intra-bucal de acordo com as normas de biossegurança. Para
determinar a presença ou não de erosão dentária, nas regiões vestibulares e
palatinas dos incisivos superiores optou-se como critério o índice de desgaste dental
Tooth Wear Index of Smith and Knight, com escores de 0 a 4. As superfícies dos
primeiros molares permanentes também foram avaliadas e receberam escores
individuais de 0 a 4, utilizando o índice de Smith e Knight modificado. Um formulário
de 10 questões sobre os principais hábitos ocupacionais, alimentares e dados de
histórico médico e odontológico também foi aplicado. Das 941 crianças examinadas,
372 possuíam pelo menos uma região dental com desgaste erosivo. Estimou-se
então a prevalência de erosão dentária em 39,5%. Não houve diferença significativa
entre os sexos quanto à prevalência de desgaste. A prevalência de erosão
20
aumentou conforme a idade analisada. A manifestação do desgaste erosivo não
variou conforme o tipo de escola. Com relação às regiões dentais analisadas, as
palatinas dos incisivos superiores, (11, 12, 21, 22) foram as mais acometidas pelo
desgaste erosivo, 31,3% dos escolares possuíam desgaste nessas faces. O
consumo diário de refrigerantes foi relatado por 34,4% dos escolares, 21,5%
consumidos duas vezes ou mais por dia. As frutas e sucos de frutas com baixo pH
estavam presentes diariamente na dieta de 28% e 36,8% deles, respectivamente.
Apenas 5,2% consumiam bebidas desportivas. Houve associação significativa entre
erosão dentária e o consumo de bebidas desportivas. Escolares que as consumiam,
tiveram uma prevalência 1,5 vezes maior de lesões erosivas. Apenas 8,5% dos
escolares tinham o hábito de fazer bochechos com sucos e refrigerantes antes de
engolir. Conclui-se que no município de Campo Grande – MS, a erosão dentária
afeta mais de um terço da população de escolares entre 10 e 14 anos. Os dados
obtidos na pesquisa encontram-se consoantes com alguns estudos transversais de
erosão dentária, no Brasil e no mundo. Os resultados da pesquisa reforçam a idéia
de que estratégias de promoção de saúde necessitam ser instituídas na população
de crianças e adolescentes desta região.
O trabalho de Braga (2009) comparou in vitro o potencial erosivo de duas
fontes ácidas e avaliou métodos de controle da erosão dental em esmalte. Para os
testes do potencial erosivo foram selecionados cinco coroas de molares inclusos,
que foram seccionadas em quatro, totalizando vinte espécimes. A superfície do
esmalte foi lixada e revestida com esmalte cosmético deixando aparente uma janela
de 3 X 3mm. Os espécimes foram submetidos ao desafio erosivo como segue: 5
minutos em 3 ml de solução ácida, enxágue com água destilada e armazenagem em
saliva artificial por 3 horas. Este ciclo foi repetido 4 vezes ao dia por 14 dias. Foi
utilizado suco de laranja industrializado, da marca comercial Mais (Minute Maid,
Coca-Cola Company Mais Indústria de Alimentos, Linhares, ES, Brasil, lote
P180408); e suco gástrico, (obtido durante endoscopia de pacientes que se
queixavam de azia e queimação, com a autorização e aprovação do termo de
consentimento livre e esclarecido). A coleta foi realizada no Hospital Universitário
HU- USP). O cálcio (Ca) eliminado dos espécimes na solução ácida foi quantificado
por Espectrometria de emissão atômica. A presença de carbonato (CO) e fosfato
(PO) foi avaliada nos espécimes antes e após o desafio erosivo pela Espectroscopia
FT – Raman. Já para a avaliação dos métodos de controle da erosão, quarenta
21
espécimes de esmalte de molares inclusos foram distribuídos para cada um dos
métodos propostos: 1- gel de flúor fosfato acidulado (APF 1,23%), 2- laser de Nd :
YAG (100 mJ, 1 W, 10 Hz), 3- associação flúor + laser e 4- laser + flúor. Os métodos
de controle foram aplicados 1 hora antes do desafio erosivo, utilizando ácido
clorídrico (0,01 M/pH 2,2) como fonte ácida. O flúor foi mantido por 4 minutos sobre
a superfície de esmalte. A superfície foi irradiada, com contato, após aplicação de
um foto-absorvedor. As associações foram feitas utilizando o flúor e o laser. A perda
de Ca dos espécimes foi quantificada por Espectrometria de emissão atômica e a
rugosidade superficial dos espécimes (Ra) foi avaliada antes e após o desafio
erosivo. A autora pôde concluir que o suco gástrico como fonte intrínseca de erosão
dental apresentou potencial erosivo maior ao esmalte dental humano que o suco de
laranja, fonte extrínseca. E que a associação entre flúor (APF) e laser (Nd:YAG)
apresentou-se mais eficaz no controle da erosão dental em esmalte após o desafio
erosivo com ácido clorídrico do que os métodos isoladamente.
Manarte et al (2009) avaliaram a erosão dental em 50 pacientes que estavam
internados por vício alcoólico no programa de desintoxicação no CRAN ( Centro
Regional de alcoólicos do Norte – em Porto/Portugal), no período de fevereiro a
maio de 2006. Os dados foram coletados através de um questionário, durante uma
entrevista pessoal para cada participante, e, também por inspeção visual em um
exame odontológico. Foram avaliados 1064 dentes, onde a classificação da erosão
dentária foi pelo índice de erosão dental de Eccles e Jenkins, por meio de gravidade
e localização anatômica, dividindo os valores por arco (maxila ou mandibula), por
localização do dente (anterior ou posterior) e pela superfície do dente (palatina /
lingual, vestibular, oclusal ou incisal).Os resultados mostraram que lesões de erosão
em esmalte e/ou dentina estavam presentes em 49,4% dos dentes analizados. Entre
estes, 36,9% apresentaram erosão dentária nas superfícies oclusais.Os dentes
superiores apresentaram erosão de níveis moderado a grave. Os autores puderam
concluir que nesses pacientes alcoólatras submetidos à desintoxicação, a ocorrência
de erosão dental é alta, porém de baixa severidade. Sendo as superficies palatinas
dos dentes anteriores as mais acometidas, seguidas das superfícies oclusais nos
dentes posteriores. As lesões de maior severidade foram detectadas nas bordas
incisais dos dentes anteriores. Em Portugal, não existem dados disponíveis sobre a
erosão dentária nesta população de risco, o que justifica o aprofundamento dos
estudos nesta área.
22
O objetivo do estudo de Momesso et al. (2009) foi avaliar a morfologia e a
rugosidade superficial do esmalte de dentes decíduos antes e após exposição a
cinco diferentes soluções, de bebidas industrializadas, disponíveis no mercado
nacional e rotineiramente consumidas por crianças. Inicialmente, foi aferido o pH por
meio de um pHmetro, das bebidas. Utilizaram 50 caninos decíduos humanos, que
foram distribuídos aleatoriamente em cinco grupos, com 10 cada para as seguintes
bebidas: G1: saliva artificial, G2: Coca-Cola, G3: suco Kapo (sabor morango), G4:
suco Del Valle Monsters (sabor pêssego) e G5: Yakult. A face vestibular de cada
dente foi delimitada no seu longo eixo no sentido cérvico-incisal, obtendo-se assim
duas faces a serem analisadas (tratada e controle). Em seguida, uma das faces de
cada dente foi protegida por um bloco de cera utilidade e a outra face foi imersa em
50 ml da bebida referente ao grupo durante 15 minutos, lavada com água deionizada
por 15 segundos e removido o bloco de cera utilidade. A morfologia superficial do
esmalte foi avaliada em ambas as faces pela leitura da rugosidade superficial
utilizando-se um perfilômetro (FormTracer – modeloSV– CS25). Todas as bebidas
avaliadas apresentaram potencial erosivo, considerando-se o valor de pH, entretanto
não houve diferenças significantes na rugosidade superficial entre os efeitos das
diferentes bebidas no esmalte dos dentes decíduos e entre as faces controle e
tratada. A análise morfológica pela MEV da superfície do esmalte mostrou diferentes
padrões de perda da estrutura dental, sendo sugerida maior alteração morfológica
quanto maior a acidez da bebida. Tais alterações estruturais na superfície do
esmalte decíduo observadas neste estudo in vitro indicam um potencial erosivo das
bebidas industrializadas rotineiramente consumidas por crianças.
Passos (2009) realizou uma revisão de literatura sobre as técnicas de
análises de alterações micromorfológicas de estrutura dentária submetidas a
processos de erosão e abrasão. E avaliou in situ o efeito do tipo de flúor presente
nos dentifrícios (fluoreto de sódio ou monofluorfosfato de sódio) na redução da
desmineralização por erosão associada ou não à abrasão em dentes submetidos a
erosão por ácido de origem extrínseca presente em um refrigerante do tipo cola. O
estudo foi realizado em três fases de cinco dias cada, 15 voluntários utilizaram
dispositivos palatinos, contendo quatro blocos de esmalte dental humanos tratados
com diferentes dentifrícios: controle (11,2ppm F, sílica), MFP (1450ppm F, sílica) e
NaF (1450 ppm F, sílica). Os blocos foram submetidos á erosão por imersão em
bebida tipo cola (Coca-Cola) por 60 segundos, quatro vezes ao dia, em horários pré
23
determinados. Em seguida, os voluntários escovaram seus dentes por 25 segundos
e com o dispositivo na boca, bochecharam dentifrício/saliva por 60 segundos, sendo
posteriormente um lado do dispositivo (dois blocos) escovado com uma pequena
porção de dentifrício por 40 movimentos de vai-e-vem. As alterações no esmalte
foram avaliadas por testes de microdureza e por microscopia eletrônica de
varredura. Os dados obtidos foram testados usando ANOVA (p< 0,05). A análise
crítica do artigo 1 mostrou que a literatura apresenta diferentes métodos para análise
de desgaste dentário, variando de técnicas bem estabelecidas a técnicas de uso
recente, sendo seus conhecimentos necessários para o desenvolvimento de estudos
futuros. Os resultados do artigo 2 demonstraram que não houve diferença no efeito
da remineralização dos dentifrícios fluoretados nas condições de erosão e erosão
associada á abrasão em relação ao grupo de controle (p> 0,05). Contudo os dados
de dureza referentes à condição (erosão ou erosão + abrasão) apresentaram-se
diferentes estatisticamente. O autor concluiu que o conhecimento sobre técnicas de
análise acerca do desgaste dentário é indispensável para a sua determinação e que
é premente a realização de mais estudos para avaliação do efeito do flúor, na forma
NaF ou MFP, presente em dentifrícios comercializados em técnicas complementares
que permitam a medição do desgaste.
O objetivo de Braga et al. (2010) foi avaliar o efeito de bebidas ácidas e da
escovação em materiais utilizados em lesões cervicais não cariosas.Cinco materiais
restauradores foram avaliados: três resinas compostas (uma microhíbrida, uma de
micropartículas e uma flow), um compômero e um cimento de ionômero de vidro
resino-modificado. Foram confeccionados vinte corpos de prova de cada material.
Os materiais foram manipulados de acordo com as instruções do fabricante e
inseridos em um molde de poliuretano (10 mm de diâmetro e 4 mm de espessura),
depois foram removidos do molde e armazenados em água destilada por 24 horas a
37°C. Em seguida, foi realizado o polimento com discos abrasivos de óxidos de
alumínio (Sof Lex, 3M, Dental Products, St. Paul, MN, USA) em baixa rotação. Os
corpos-de-prova foram imersos novamente em água destilada a 37°C por uma
semana, quando foram então imersos nas soluções testes: suco de laranja, cocacola e uísque por 10 dias a 37°C. Em seguida, os espécimes foram submetidos à
escovação (20000 ciclos, 200g de carga). O peso e a rugosidade superficial foram
avaliados antes e após a imersão nas soluções e escovação. Os dados foram
analisados pela ANOVA/Teste Tukey (p<0,05). A ação das bebidas ácidas e da
24
escovação no peso e rugosidade superficial foi material dependente. Em relação à
rugosidade superficial, todos os materiais tornaram-se mais rugosos após a erosão e
abrasão, exceto a resina natural Flow após imersão em coca-cola seguida da
abrasão, que se tornou ligeiramente mais lisa. As imersões em suco de laranja e
coca-cola seguida de escovação causaram significativamente maior perda de peso
para o compômero e cimento de ionômero de vidro resino-modificado comparado às
resinas compostas. O maior aumento de rugosidade superficial foi observado no
cimento de ionômero de vidro resino-modificado após erosão e abrasão,
independente da bebida utilizada para imersão, mas apresentando diferença
estatisticamente significante na imersão em coca-cola e suco de laranja. Os
materiais restauradores também estão sujeitos aos fatores etiológicos que causam
as lesões cervicais não cariosas, como os baixos valores de pH na cavidade bucal e
a abrasão pela escovação dental. A resistência à degradação em ambiente bucal é
essencial para a longevidade das restaurações, assim, é importante que os
materiais restauradores usados em lesões cervicais não cariosas sejam capazes de
resistir à degradação devido a ataques erosivos e abrasão de escovação.
O estudo in vitro de Cavalcanti et al. (2010) avaliou o pH endógeno, a acidez
total titulável (ATT) e o teor de sólidos solúveis totais (SST) de nove bebidas
isotônicas, um grupo mantido à temperatura ambiente (23°C), e outro grupo
resfriado à temperatura de 9°C. As bebidas avaliadas foram: G1: Marathon Guaraná
e açaí, G2: Marathon Limão, G3: Gatorade Guaraná e açaí, G4: Gatorade Frutas
cítricas, G5: Gatorade Tangerina, G6: Gatorade Laranja, G7: Gatorade morangomaracujá, G8: Gatorade Uva e G9: Gatorade Limão. Para o pH, o menor valor foi
registrado para o G5 Gatorade Tangerina (2,03), enquanto o maior valor foi para o
G2 Marathon Limão (2,93). Os valores da ATT variaram de 0,11 a 0,32% para
temperatura ambiente, enquanto que para temperatura de 9º C a variação
observada foi de 0,10 a 0,18%. Em relação aos sólidos solúveis totais, o G5
Gatorade Tangerina, apresentou a menor media (6,33%), enquanto o G1 Marathon
Guaraná e açaí revelou possuir a maior (12,50%).As bebidas analisadas
apresentaram baixo pH endógeno, podendo as mesmas ser consideradas
potencialmente erosivas aos tecidos dentais se consumidas de modo inadequado e
com elevada frequência. Por conseguinte, embasados nos atuais achados, os
autores recomendam a ingestão de bebidas isotônicas resfriadas, visando reduzir os
potenciais efeitos deletérios aos dentes.
25
Furtado et al. (2010) realizaram revisão da literatura sobre os aspectos físicoquímicos relacionados ao potencial erosivo de bebidas ácidas. A pesquisa foi feita
na base de dados Medline, utilizando como descritores de assunto os termos: dental
erosion, erosive potential, acid beverage, acid drink, erosive drink, chemical analysis
e physical analysis. Como indexador nacional recorreu-se à Bibliografia Brasileira de
Odontologia (BBO), empregando-se para a busca o termo “erosão dental”. Foram
incluídos artigos referentes a estudos in vitro e in situ e revisões de literatura
publicados no período de 2009. Também foi consultado um livro-texto sobre o tema.
A conclusão dos autores foi que do ponto de vista físico-químico, o tipo de ácido, pH,
acidez titulável, potencial quelante, concentração de cálcio e fosfato, temperatura e
adesividade
podem
influenciar
o
potencial
erosivo
das
bebidas
ácidas.
Individualmente, o pH, acidez titulável e conteúdo de cálcio são os parâmetros que
melhor revelam a capacidade das bebidas em proporcionar a dissolução mineral da
estrutura dental. E para uma caracterização mais precisa do potencial erosivo de
bebidas ácidas, deve-se considerar a interação entre seus diferentes aspectos
físico-químicos.
Giorgi (2010) relatou que a erosão dental é um mal da vida moderna,
decorrente do excesso de comida industrializada, da substituição da água por
refrigerantes e
isotônicos e do uso indiscriminado de energéticos. Estes
comportamentos colaboram para o aumento da incidência da descalcificação das
superfícies dentais. Isso causa a dissolução do esmalte e pode ser agravada pela
ineficiência ou falta da neutralização pela saliva. O autor comentou sobre uma
pesquisa da ADA (The Australian Dental Association), realizada em escolas
australianas, onde 68% dos estudantes tiveram pelo menos um dente com sinais de
erosão. O estudo constatou que as bebidas energéticas tinham níveis mais elevados
de ácidos do que os de refrigerantes. Por causa do pH ácido (2,1 a 3,2) e da
composição, as bebidas carbonatadas, os líquidos isotônicos, energéticos e sucos
de frutas alteram a superfície dental, causando a erosão dental. O uso mais
preocupante dos energéticos está nas ‘baladas’, locais onde é usado juntamente
com as bebidas alcoólicas, aumentado seu potencial pela ação estimulante da
cafeína no córtex cerebral. O autor relata que para o tratamento é importante que
seja realizado um bom diagnóstico precoce, com a identificação dos fatores
etiológicos para evitar grandes perdas e adotar medidas preventivas. A orientação
ao paciente quanto á mudança de hábitos é bastante importante, como também
26
alertar os pais quanto á frequência da ingestão de líquidos ácidos na infância e
adolescência. E quando a perda é significativa, os procedimentos restauradores são
necessários para devolver a integridade ao dente, proteger o remanescente dental e
recuperar a estética.
A microdureza do esmalte dentário após exposição a bebidas isotônicas foi
avaliada in vitro por Xavier et al. (2010). Os pesquisadores realizaram a análise da
microdureza Vickers antes (T1) e depois dos testes ácidos (T2). Previamente ao
experimento, verificaram também o pH endógeno de cada uma das bebidas com o
auxílio de um pH-metro digital. Foram confeccionados 25 corpos de prova utilizando
somente a coroa dental, os quais foram divididos em cinco grupos: G1: controle
(água destilada), G2: Gatorade® tangerina em temperatura ambiente, G3:
Gatorade® tangerina a temperatura de 9ºC, G4: Gatorade® limão em temperatura
ambiente e G5: Gatorade® limão a temperatura de 9ºC. Cada grupo foi exposto por
um minuto na bebida isotônica em questão, seguido de três minutos na saliva
artificial, a fim de simular o hábito de ingestão da bebida. Repetiram o ciclo cinco
vezes, totalizando 20 minutos, sendo feito duas vezes ao dia, durante três dias
consecutivos e com um intervalo de 12 horas entre eles. Ao final do sexto desafio
ácido, foram feitas novas mensurações da microdureza por meio da aplicação de
uma carga de 100 gramas durante 15 segundos. O resultado da análise da
microdureza Vickers, com exceção do grupo controle, mostrou que todos os grupos
apresentaram diminuição estatisticamente significante entre os valores inicial e final
após o desafio ácido, concluindo que, as bebidas analisadas causaram
desmineralização do esmalte dental permanente.
Zanet et al. (2010) avaliaram a rugosidade superficial do esmalte de dentes
bovinos após a ação de bebidas ácidas. Utilizaram 30 dentes incisivos recém
extraídos, hígidos obtidos de animais com idade média de 3 anos. Todos os dentes
tiveram a porção radicular removida por secção transversal ao longo eixo do dente,
realizada com o auxilio de um disco de carborundum, foram colocados em uma
matriz de silicone para embutir em resina acrílica ativada quimicamente (JetClássico), de forma que a superfície vestibular ficasse exposta, sendo a seguir
desgastada por meio de um recortador de gesso, de forma a se obter uma superfície
plana. A seguir os corpos de prova foram submetidos a um polimento, utilizando
uma politriz circular (Eros), com uma série de discos de granulação decrescente
(600, 800 e 1200) a fim de se conseguir uma superfície de esmalte lisa e uniforme.
27
Foram divididos aleatoriamente em 3 grupos, submetidos à leitura inicial da
rugosidade, recebendo a seguir os seguintes tratamentos: G 1 – suco artificial light
em pó, sabor limão contendo citrato de sódio – preparado conforme instruções da
embalagem, G 2 – refrigerante light a base de cola contendo limão; G 3 – limonada
artificial pasteurizada. Antes do experimento realizaram uma análise dos produtos
em pHmetro DM2D (Digimed). Os corpos de prova foram expostos por 10 minutos
nos respectivos produtos e a seguir armazenados em saliva artificial por 23 horas e
50 minutos, completando o período de 24 horas. Este procedimento foi realizado por
7 dias consecutivos, sendo então submetidos à 2ª leitura da rugosidade. Outra série
de exposição aos produtos foi realizada conforme descrição anterior, por mais 7 dias
sendo efetuada a 3ª leitura da rugosidade e finalizada mais uma séria de exposição
por 7 dias completando um total de 14 dias do experimento. Os autores concluíram
que todas as bebidas testadas interferiram na rugosidade do esmalte; que o suco
em pó light causou o maior dano ao esmalte; e que o tempo de exposição do
esmalte às bebidas aumentou os valores da rugosidade.
O trabalho de Leme et al. (2011) teve como objetivo estudar a importância do
pH da dieta líquida industrializada na etiologia das lesões de erosão dental, bem
como avaliar, in vitro, a influência dessas bebidas empregadas rotineiramente na
alimentação de alunos em idade escolar, em função do tempo de exposição. Foram
selecionados cinco incisivos e molares permanentes humanos hígidos livres de
trincas e/ou fraturas do Banco de Dentes Humanos. Os dentes receberam raspagem
manual utilizando curetas, seguido de profilaxia com pasta de pedra pomes, água e
escova de Robson montada em micromotor e baixa-rotação. Os dentes foram
cortados no sentido vestíbulo lingual/palatino utilizando disco diamantado com
diâmetro de 22 mm, adaptado em peça-reta para separar a parte coronária da raiz e
esta foi descartada. Os espécimes foram imersos em saliva artificial e mantidos em
estufa a 37°C até o início dos ciclos de imersão/agitação. Quatro produtos
potencialmente ácidos e disponíveis comercialmente foram testados: refrigerante de
limão (Soda limonada®) com pH (2,9); suco à base de soja sabor laranja (Ades®)
com pH (4,0); bebida isotônica sabor tangerina (Gatorade®) com pH (2,9) e
refrigerante de Cola(Coca Cola ®) com pH (2,3). Os corpos-de-prova foram
divididos, aleatoriamente, em quatro grupos de acordo com as soluções a serem
testadas e um grupo controle no qual os espécimes foram mantidos em saliva
artificial. Cerca de 30 ml de cada solução relacionada foi colocada em frascos tipo
28
Becker estéril e o pH das soluções foram obtidos através de um pH-metro com
eletrodo de vidro e mostrador digital ATT. O aparelho foi previamente calibrado. Os
ciclos de imersão foram realizados mergulhando os corpos-de-prova na solução
específica, durante cinco minutos, sob agitação, três vezes ao dia, durante 30 dias.
Após cada ciclo de imersão os espécimes foram lavados com água destilada, secos
com papel absorvente, imersos em 15 ml de saliva artificial e mantidos em estufa a
37°C, até o próximo procedimento de imersão/agitação. No grupo controle os
espécimes foram mantidos por 30 dias em saliva artificial. Foram realizadas trocas
diárias da saliva artificial em todos os grupos. Todas as bebidas estavam à
temperatura ambiente e antes de cada ciclo de imersão/agitação o pH era aferido e
registrado. O refrigerante à base de limão e o refrigerante à base de cola, por serem
gaseificados, foram descartados após cada ciclo , sendo que o suco à base de soja
sabor laranja e a bebida isotônica sabor tangerina foram desprezados diariamente.
O pH registrado para as bebidas variou de 2,3 a 4,0. Pôde-se observar em
microscopia eletrônica de varredura que o grupo de dentes mantido no refrigerante
de limão apresentou nítida perda de minerais, aumentando a porosidade do esmalte
e formando concavidades. Os espécimes submetidos à ação do suco à base de soja
apresentaram uma desmineralização gradual e homogênea do esmalte. Em relação
ao grupo de dentes mantidos sob a ação do refrigerante à base de cola podemos
observar uma intensa desmineralização do esmalte. Enquanto que os espécimes da
bebida isotônica, ou seja, ácidos diferentes podem agir de forma significativamente
diferente quando em contato com a estrutura da película salivar. As quatro bebidas
avaliadas apresentaram potencial erosivo, sendo que o refrigerante à base de cola
alterou o esmalte de forma mais intensa seguido pelo refrigerante de limão, bebida
isotônica e suco à base de soja, respectivamente. A imersão em saliva, precedente
à exposição às bebidas, não protegeu o esmalte dos espécimes contra a
desmineralização, neste modelo experimental.
29
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Utilizou-se uma metodologia de abordagem indutiva, com procedimento
comparativo, levando-se em consideração as possíveis alterações qualitativas do
esmalte dentário bovino submetido à ação das bebidas propostas.
Para o experimento foram utilizados 20 dentes bovinos provenientes de
doação do Frigorífico São João - Barra Velha - SC, os quais foram armazenados em
água destilada até o início do experimento (Figura 1).
Figura 1: Dentes bovinos provenientes de doação.
Análise do pH
Antes dos testes de erosão, foi realizada a análise com medidor de pH de
bancada (modelo TEC-11 – TECNAL – Equipamentos para laboratórios), o aparelho
foi previamente calibrado em pH 7 e pH 4 utilizando solução tampão padrão. Foram
analisadas amostras de 15 ml de cada bebida testada. Foram realizadas 3 medições
para cada uma das 5 amostras de cada bebida para obtenção de uma média
(Matumoto, 2008), (Figura 2).
Figura 2: Foto do aparelho pH-metro, e a distribuição para os testes de pH. Grupo A:
energético;grupo B: vodca; grupo C: mistura (com a proporção de 1/3 de vodca + 2/3 de energético,
5 e 10ml respectivamente).
30
Preparo dos corpos de prova
Foi utilizado o terço incisal, por ser a parte com maior quantidade de esmalte.
Os dentes foram seccionados com disco diamantado dupla face montado em peça
reta, no sentido inciso-cervical e depois mésio-distal a fim de obtermos 2 corpos de
prova por dente, totalizando 40 corpos de prova (Figura 3).
Figura 3: corte dos dentes bovinos no terço incisal.
Após os cortes, os corpos de prova foram posicionados em cera 7 com a face
vestibular voltada para a cera (figura 4A). Em moldes confeccionados em cano PVC
de aproximadamente 1,5cm de altura foi inserida a Resina Ortoftálica (Figura 4B).
4A
4C
4B
Figura 4:Corpos de prova posicionados com a vestibular voltada para a cera, 4A. Moldes de PVC
posicionados para receber a resina ortofitálica, 4B. Após retirar os moldes de PVC, os 40 corpos de
prova prontos para receber o polimento, 4C.
Em seguida, os corpos de prova foram levados à Politriz Arotec APL4 (Arotec
S.A. Indústria e Comércio, SP, Brasil) a fim de serem planificados homogeneamente,
com lixas d’água abrasivas de granulações decrescentes de 600, 1.000 e 1.200, sob
31
constante refrigeração, girando em baixa velocidade por 2 minutos em cada
granulação (Figura 5).
.
600
1000
1200
Figura 5: Politriz Arotec APL4 (Arotec S.A. Indústria e Comércio, SP, Brasil) e lixas de
granulações decrescentes, 600, 1000 e 1200.
No torno de polimento, foi dado o acabamento final com pedra pomes e
branco espanha, para corpos de prova com o esmalte com boa lisura superficial. Os
corpos de prova foram armazenados novamente em água destilada.
Antes dos testes de erosão, o polimento dos corpos de prova foi avaliado em
um microscópio esteroscópico com aumento de 40x, para verificar a presença de
possíveis rachaduras ou trincas (figura 6).
Figura 6 – Microscópio aumento de 40x.
32
Testes de erosão
Os corpos de prova foram divididos em quatro grupos, com 10 cada um,
escolhidos aleatoriamente, assim distribuídos:
grupo A) submetido a 300ml de bebida energética (Red Bull );
grupo B) submetido a 300ml de bebida alcoólica, (vodca Smirnoff);
grupo C) submetido à mistura das 2 bebidas (energético/200ml e vodca/100ml);
grupo Controle, armazenado em água destilada.
CONTROLE
Figura 7 – Grupos das bebidas testadas. Grupo A) bebida energética RedBull ;Grupo
B) vodca Smirnoff; Grupo C) mistura das 2 bebidas; Grupo Controle.
33
Cada grupo foi exposto à bebida correspondente por 3 horas, sendo a bebida
trocada a cada 1 hora para que houvesse renovação do líquido sobre a estrutura do
esmalte.
A cada troca os corpos de prova foram lavados com água destilada, secos
com papel absorvente sem esfregar, e, novamente mergulhados nas bebidas em
questão.
Ao término do experimento dois fragmentos de cada grupo foram sorteados
aleatoriamente para análise da micromorfologia do esmalte em MEV.
Estes foram desidratados em 3 banhos de álcool absoluto durante 4 horas,
em seguida, um tratamento idêntico utilizando acetona pura e foram armazenados
em estufa a 40°C até a metalização com camada de ouro de 50mm de espessura
imediatamente antes de se observar em MEV.
34
4 RESULTADOS
Após a conclusão do experimento realizou-se a tabulação dos dados
referente ao pH e a interpretação dos resultados qualitativos obtidos na Microscopia
Eletrônica de Varredura.
pH das bebidas
A possível diversidade de produtos disponíveis levou-nos, inicialmente, a
verificarmos as características apresentadas pelas bebidas testadas no que se
refere ao pH.
O pH das bebidas foi medido da seguinte forma: de cada bebida foram
analisadas 5 amostras de 15ml, medidas 3 vezes cada, os valores e as médias
seguem na tabela:
Grupo A - ENERGÉTICO
Grupo B - VODKA
Grupo C - MISTURA
I
II
III
IV
V
I
II
III
IV
V
I
II
III
IV
1
3.4 3.5 3.5 3.5 3.5 8.2 7.4 7.3 7.2 7.7 3.6 3.6 3.6 3.6
2
3.4 3.5 3.5 3.5 3.5 8.2 7.4 7.3 7.3 7.6 3.6 3.6 3.6 3.6
3
3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 7.3 7.4 7.2 7.3 7.5 3.6 3.6 3.6 3.6
MP* 3.4 3.5 3.5 3.5 3.5 7.9 7.4 7.2 7.2 7.6 3.6 3.6 3.6 3.6
MF*
3.4
7.4
3.6
Tabela 01 – Valores médios de pH verificados e pH final baseado nos resultados parciais.
MP = média parcial e MF = média final
Os valores médios estão expressos no gráfico a seguir:
7,4
8
6
4
Grupo A: Energético
3,4
3,6
Grupo B: Vodka
Grupo C: Mistura
2
0
V
3.6
3.6
3.6
3.6
35
Análise Microscópica
A Microscopia Eletrônica de Varredura foi realizada no modelo Philips - XL30
no Laboratório de Materiais da UFSC – Florianópolis – SC (Figura 8).
Mediante análise qualitativa e comparativa, constatou-se que o esmalte dos
dentes submetidos à ação das bebidas testadas (Figuras 10 e 12) apresentavam
aspecto morfológico diferente do registrado no grupo controle (Figura 09),
verificando-se a presença de áreas erosivas nos grupos experimentais.
No que se refere à influência da bebida sobre o aspecto morfológico do
esmalte, observaram-se alterações mais evidentes nos espécimes submetidos à
ação da bebida energética pura (grupo A), seguido do grupo C mistura (vodca +
energético).
Figura 8 –MEV Philips/XL30
36
Grupo Controle:
- Apresenta estruturas normais, com pequenas irregularidades do esmalte e poros;
- Ranhuras resultantes do polimento na fase de preparo dos corpos de prova;
- Esmalte exibe superfície com depressões rasas. Depressões rasas referentes às
porções terminais dos prismas e buracos focais.
Figura 9 –Fotomicrografia da superfície do esmalte do grupo controle.
Aumentos de 1000x (9A) e 3000x (9B).
9A
em
9B
em
37
Grupo A – Energético:
- Apresenta intensa desmineralização com perda total da estruturação prismática,
desarranjo cristalino (setas vermelhas) e crateras (círculos amarelos).
Figura 10–Fotomicrografia da superfície do esmalte submetido ao energético
RedBull ®. Aumentos de 1000x (10A) e 3000x (10B).
10A
em
10B
em
*Aumento da área destacada no quadrado vermelho da figura 10A
38
Grupo B – Vodca
Observar superfície polida sem sinais de perda estrutural.
Figura 11–Fotomicrografia da superfície do esmalte submetido à vodca
Smirnoff. Aumentos de 1000x (11A) e 3000x (11B).
11A
em
11B
em
39
Grupo C – Mistura
- Região de bainhas do prisma mais escuras, mais desmineralizadas.
- Observar estruturação parcialmente preservada, sendo possível observar cabeça
do prisma, calda e bainha.
- Exposição dos prismas do esmalte com aspecto de favo de mel que é
característica da erosão do esmalte (HUGO, 2006).
Figura 12–Fotomicrografia da superfície do esmalte submetido à mistura de
energético e vodca. Aumentos de 1000x (12A) e 3000x (12B).
12A
em
12B
em
Cabeça, calda, bainhas do prisma, crateras, desarranjo cristalino.
40
5 DISCUSSÃO
Com o declínio da cárie dentária, outros agravos à saúde bucal têm suscitado
maior atenção da comunidade científica, dentre eles, a erosão dentária. É um tipo de
desgaste que ocorre na estrutura do dente caracterizada pela perda progressiva de
tecido, causada pela ação de substâncias químicas, não envolvendo bactérias.
Essas substâncias podem ser provenientes de fontes extrínsecas, como a dieta, e
intrínsecas, a exemplo do ácido gástrico,(AGUIAR, 2006, CLAUDINO, 2006, HUGO,
2006, RANDAZZO, 2006, MATUMOTO, 2008, MANGUEIRA, 2011).
A erosão se caracteriza pela perda em camadas e irreversível do tecido
dental mineralizado, por meio de processo químico. É diferente do processo cárie
que pode ser reversível diante da aplicação de flúor (RANDAZZO, 2006).
Erosão dentária
4,5
Cárie dentária
Desmineralização
5,5
Remineralização
Figura 13 – Esquema da relação entre pH, cárie e erosão dentária.
Na cárie dentária, a exposição aos ácidos orgânicos desencadeia a formação
de uma lesão subsuperficial, com perda de 50% de mineral, mas a camada externa
do esmalte é mantida intacta, o que permite sua remineralização. A solubilidade da
apatita do esmalte em um pH próximo a 3,0 é aproximadamente 100 vezes maior
que em um pH 5,0, no qual a lesão de cárie se desenvolve. Por isso na erosão,
nenhuma remineralização pode ser esperada, já que para ocorrer esse processo é
necessário a presença dos cristais desmineralizados. (MANGUEIRA, 2011).
Essa metodologia de experimentos in vitro, como no presente trabalho, têm
demonstrado o aparecimento de lesões erosivas no esmalte pela simples imersão
do dente nas bebidas. Porém, vale ressaltar que o potencial erosivo das bebidas
pode ser superestimado, pois não são analisados os fatores modificadores da
cavidade bucal, como por exemplo, a saliva. Ela, que é capaz de formar a película
adquirida, uma barreira ao ataque ácido, que reduz o efeito desmineralizador por
41
dificultar a difusão do ácido no esmalte, (HUGO, 2006, PASSOS, 2009,
MATUMOTO, 2008, MANGUEIRA, 2011).
Apesar das limitações de estudos in vitro, no que se referem à reprodução
das condições naturais bucais tais como capacidade tampão da saliva, hábitos
alimentares, características individuais ou até mesmo coletivas, o estudo possibilitou
estimar o potencial erosivo de uma bebida energética associada ou não a uma
bebida alcoólica, pela determinação do pH das bebidas e pela análise das
alterações microestruturais da superfície do esmalte (CLAUDINO, 2006).
A escolha das bebidas foi porque o energético tem sido consumido
frequentemente em festas e eventos sociais, associado a bebidas alcoólicas,
aumentando o potencial das mesmas pela ação estimulante da cafeína no córtex
cerebral. A mistura proporciona a sensação de mascarar o efeito depressor do
álcool, porém, potencializando-o muitas vezes (GIORGI, 2010).
A mensuração do pH, isoladamente, representa o melhor parâmetro para
avaliação do potencial erosivo de bebidas ácidas (FURTADO, 2010).
O pH registrado para as bebidas neste experimento foi de 3,4 para o grupo A,
7,4 para o grupo B e 3,6 para o grupo C.
O pH dos grupos A e C (3,4 e 3,6), obtidos nesse experimento foram
inferiores a 5,5 que é o pH crítico para dissolução do esmalte dentário (MATUMOTO,
2008). Os resultados indicam que essas bebidas são soluções com habilidade para
agir como agente erosivo. Outros autores que também concluíram que as bebidas
tem potencial erosivo considerando o valor de pH foram HUGO, 2006, MATUMOTO,
2008, LEME, 2011, JENSDOTTIR, 2005, CLAUDINO, 2006, RANDAZZO,et al, 2006,
MATUMOTO, 2008,MOMESSO, 2009.
A superfície dentária, quando exposta a ácidos de pH inferior a 4,5, que foi o
caso desse estudo, com pH 3,4 para o Grupo A e 3,6 para o grupo C resulta na
destruição do esmalte em camadas (MANGUEIRA, 2011, RANDAZZO, 2006). Nas
fotomicrografias do Grupo A, indicadas pelas setas e círculos,verifica-se aspectos
sugestivos de descamação superficial e exposição de estruturas irregulares, de
diferentes profundidades.
Embora, isoladamente, o principal indicador do potencial erosivo de bebidas
seja o pH, as demais propriedades físico-químicas podem afetar significativamente
sua capacidade erosiva (FURTADO, 2010).
42
Em processos de desmineralização, o tipo de ácido e de sua concentração
pareceu ser mais importante do que o pH em determinar o potencial erosivo das
bebidas testadas (HUGO, 2006 e RANDAZZO,et al, 2006). Os ácidos presentes em
bebidas erosivas dissociam-se, liberando íons hidrogênio (H+), consequentemente,
o pH do meio bucal fica abaixo do crítico. Os íon H+ se ligam ao carbonato e/ou ao
fosfato dos cristais de apatita. Assim, o meio torna-se subsaturado em relação aos
íons cálcio e fosfato provocando a dissolução mineral da estrutura dental,
(FURTADO, 2010).
O consumo frequente de bebidas alcoólicas também pode aumentar direta ou
indiretamente a prevalência das lesões erosivas, pois as propriedades desidratantes
e corrosivas do álcool já são bastante conhecidas e, além deste fator direto, o
estado de embriaguez pode fazer com que o indivíduo apresente um quadro crônico
de vômitos constantes, (MATUMOTO, 2008). A autora avaliou o potencial erosivo
dos energéticos presentes no mercado quanto ao seu pH, capacidade tampão, e
analisou quantitativamente as alterações promovidas na superfície do esmalte de
dentes permanentes. Sua conclusão foi que as bebidas energéticas analisadas, em
sua totalidade, possuem potencial erosivo, acarretando na perda de minerais, em
função do seu pH baixo e também da sua elevada capacidade tampão, de maneira
significativa.
Neste experimento com dentes bovinos, o grupo B que utilizou somente
vodca, não apresentou nenhuma alteração significante quando comparado ao grupo
Controle. Provavelmente pelo pH da vodca ter sido de 7,4, um pH neutro.
No grupo C, a erosão identificada pode ser explicada pela adição de 2/3 da
bebida energética à mistura, que reduziu o pH para 3,6. O padrão de dissolução
mineral neste grupo é diferente daquele encontrado no grupo A, do energético puro.
A associação das bebidas mostra que a estruturação do esmalte estava
parcialmente preservada, sendo possível observar cabeça do prisma, calda e
bainha.
A
região
de
bainhas
do
prisma
estavam
mais
escuras,
mais
desmineralizadas. TEN CATE, 2001 afirmou que cada prisma é rodeado por uma
bainha criada por diferenças na angulação do cristal, e esses limites contém mais
proteínas do que em outras regiões, portanto, são mais permeáveis e sofrem
dissolução maior e mais rápida, frente a desafio erosivo. Observou-se ainda, no
grupo C, desarranjo cristalino, porém, menor que no grupo A.
43
O estudo de BOLANHO (2007) identificou que as bebidas alcoólicas
alteraram a rugosidade superficial de resinas compostas de maneira significativa,
sendo que as maiores alterações foram causadas pelo Bourbon, seguido da vodca,
tequila, cachaça, saquê e água. As alterações do pH foram significantes para todas
as bebidas testadas. Pela composição bem diversa do esmalte e das resinas
compostas, não é possível traçar comparativos.
Manarte et al (2009) avaliaram a erosão dental em 50 pacientes que estavam
internados por uso indevido de bebida alcoólica em um programa de desintoxicação.
Os resultados mostraram que lesões de erosão em esmalte e/ou dentina estavam
presentes em 49,4% dos dentes analisados. Entre estes, 36,9% apresentaram
erosão dentária nas superfícies oclusais.Os dentes superiores apresentaram erosão
de níveis moderado a grave. Os autores puderam concluir que nesses pacientes
alcoólatras submetidos à desintoxicação, a ocorrência de erosão dental é alta,
porém de baixa severidade.
Partindo-se das afirmações acima descritas, é de se questionar sobre a
associação de energético e álcool, mistura muito consumida entre jovens, nas
baladas. A bebida energética é altamente erosiva, conforme demonstrado neste e
em sucessivos trabalhos de pesquisa. O álcool, por sua vez, também apresenta
potencial erosivo devido as propriedades desidratantes e corrosivas. Era de se
esperar que a associação das duas bebidas potencializasse a erosão dentária,
considerando-se ainda que o pH da mistura (3,6) ficou semelhante ao pH do
energético (3,4). Porém, isso não foi constatado nas imagens microscópicas, onde o
aspecto erosivo mostrou menor intensidade que no grupo A, com energético puro.
Neste trabalho, a mensuração do pH da bebida alcoólica indicou um pH
médio de 7,4 (variação entre 7,2 e 8,2), ou seja um pH neutro o que, por si só, não
tem indicação de ser erosivo. A erosão causada por bebida alcoólica, segundo
MATUMOTO (2008) se deve às propriedades desidratantes e corrosivas do álcool.
BOLANHO (2007) identificou alterações superficiais em resina composta ao testar
diferentes tipos de bebidas alcoólicas.
Outros autores afirmam que o tempo de contato das soluções ácidas com os
dentes é que influi diretamente na quantidade de desmineralização, ou seja, quanto
maior o tempo de exposição, maior a erosão da superfície, aspectos defendidos por
KITCHENS, 2007, ZANET, 2008, ABLAL, 2009, ZANET, 2010, MANGUEIRA, 2011.
44
A capacidade de dissolução de uma bebida ácida depende também de sua
acidez titulável, ou seja, de sua habilidade em manter o pH original estável, abaixo
do pH crítico de dissolução das estruturas dentais. Bebidas erosivas com elevada
acidez titulável mantêm o meio bucal ácido por um período maior de tempo e
proporcionam
acentuada
dissolução
mineral
previamente
ao
processo
de
neutralização do pH. A tabela a seguir, mostra a acidez titulável de várias bebidas.
Tabela 2 - Caracterização de algumas bebidas em relação ao seu pH, acidez titulável,
conteúdo de cálcio e de fosfato (Furtado, 2010).
A tabela 2 mostra que a bebida energética tem alto valor de acidez titulável, o
que junto com seu baixo pH, pode justificar a severa erosão observada no presente
experimento.
Sendo erosão dental definida como perda progressiva e irreversível de tecido
dental duro por processo químico que não envolve ação bacteriana e que diversos
fatores contribuem no processo da erosão do esmalte, sejam esses oriundos de
fontes extrínsecas ou intrínsecas, o cirurgião-dentista é o profissional decisivo no
diagnóstico dessas alterações. Associe-se a esse fato, a questão do papel educativo
do cirurgião-dentista que, para além de fazer diagnósticos precisos, necessita
intervir preventivamente, orientando os pacientes sobre as consequências do uso de
determinadas substâncias sobre sua saúde, geral e bucal.
45
6 CONCLUSÃO
Após a realização do experimento, a leitura dos resultados em microscopia
eletrônica de varredura (MEV) mostrou que:
- a bebida energética (Red Bull) apresentou potencial erosivo sobre a superfície de
esmalte bovino;
- a associação da bebida energética (Red Bull) a uma bebida alcoólica (vodca
Smirnoff) também apresentou capacidade erosiva sobre o esmalte dental bovino.
- a bebida alcoólica(vodca Smirnoff), isoladamente, não mostrou alterações sobre
o esmalte dental bovino.
Verificou-se ainda que:
- a bebida energética possui um baixo pH – 3,4;
- a associação das bebidas energético (Red Bull) com bebida alcoólica (vodca
Smirnoff) tiveram um pH de 3,6; e
- o pH da bebida alcoólica foi 7,4.
46
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49
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
DANIELA DELMONEGO
TYLMA KALINA DA SILVA
POTENCIAL EROSIVO DE UMA BEBIDA ENERGÉTICA ASSOCIADA
OU NÃO A UMA BEBIDA ALCOÓLICA
estudo em microscopia eletrônica de varredura
Itajaí
2012
50
FIGURAS E TABELAS
Figura 1: Dentes bovinos provenientes de doação.
Figura 2: Foto do aparelho pH-metro, e a distribuição para os testes de pH. Grupo A:
energético;grupo B: vodca; grupo C: mistura (com a proporção de 1/3 de vodca + 2/3 de energético,
5 e 10ml respectivamente).
Figura 3: corte dos dentes bovinos no terço incisal.
Figura 4:Corpos de prova posicionados com a vestibular voltada para a cera, 4A. Moldes de PVC
posicionados para receber a resina ortofitálica, 4B. Após retirar os moldes de PVC, os 40 corpos de
prova prontos para receber o polimento, 4C.
Figura 5: Politriz Arotec APL4(Arotec S.A. Indústria e Comércio, SP, Brasil) e lixas de granulações
crescentes, 600, 1000 e 1200.
Figura 6 – Microscópio aumento de 4x.
Figura 7 – Grupos das bebidas testadas.Grupo A) bebida energética RedBull;Grupo B) vodca
Smirnoff; Grupo C) mistura das 2 bebidas; Grupo D: controle.
Figura 8 –MEVPhilips/XL30
Figura 9 –Fotomicrografia da superfície do esmalte mantido em água destilada.
Aumentos de 1000xe 3000x.
Figura 10 –Fotomicrografia da superfície do esmalte submetido a 300ml de energético RedBullpor 3
horas. Aumentos de 1000xe 3000x.
Figura 11 –Fotomicrografia da superfície do esmalte submetido a 300ml devodca Smirnoff por 3
horas. Aumentos de 1000xe 3000x.
Figura 12 –Fotomicrografia da superfície do esmalte submetido a 200ml de energético e 100ml de
vodca por 3 horas. Aumentos de 1000xe 3000x.
Figura 13 – Esquema da relação entre pH, cárie e erosão dentária.
Tabela 01 – Valores médios de pH verificados e pH final baseado nos resultados parciais.
Tabela 02 - Caracterização de algumas bebidas em relação ao seu pH, acidez titulável,conteúdo de
cálcio e de fosfato (Furtado, 2010).
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