UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL UNIJUÍ ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO VINICIUS HELDT ANÁLISE DE ATIVIDADES DE MONTAGEM EM SUBESTAÇÕES DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE ALTA TENSÃO 2016 IJUÍ – RS VINICIUS HELDT ANÁLISE DE ATIVIDADES DE MONTAGEM EM SUBESTAÇÕES DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE ALTA TENSÃO Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ como parte dos requisitos para obtenção do Título de Engenheiro de Segurança do Trabalho. Orientador (a): Fernando Wypyszynski 2016 IJUÍ – RS VINICIUS HELDT ANÁLISE DE ATIVIDADES DE MONTAGEM EM SUBESTAÇÕES DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE ALTA TENSÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelos membros da banca examinadora. Ijuí, 08 de julho de 2016. Prof. Fernando Wypyszynski Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho - Orientador Profa. Cristina Eliza Pozzobon Coordenadora do Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho/UNIJUÍ BANCA EXAMINADORA Prof. Fernando Wypyszynski (UNIJUÍ) Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho - Orientador Profa. Cristina Eliza Pozzobon (UNIJUÍ) Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e Mestre em Engenharia Civil AGRADECIMENTOS Aos Familiares Pela compreensão, apoio e carinho que sempre me deram, não apenas durante a realização desta especialização, mas sim em todos os momentos de minha vida; Aos Professores Que com paciência e sabedoria dedicaram o seu tempo e conhecimento, para que se tornasse possível a realização desta conquista. RESUMO Muitas atividades realizadas pelos trabalhadores apresentam riscos para os trabalhadores, no entanto atividades realizadas no sistema elétrico de potência além dos riscos inerentes ao trabalho em altura, espaço confinado e outros tantos, apresenta um risco diferenciado de qualquer outro, trata-se do risco de choque elétrico. Este risco é invisível, e não é necessário haver contato acidental com o elemento energizado para que ocorra o acidente, que em muitos casos é fatal. Neste trabalho serão apresentados os principais equipamentos utilizados nas subestações de transmissão, juntamente com suas funções e importância. Após a apresentação dos mesmos iniciaremos o detalhamento das etapas de montagem e análise dos riscos envolvidos nas operações, pontos críticos e procedimentos para eliminação ou controle dos mesmos. Para fechamento do trabalho será desenvolvida uma APR para montagem dos equipamentos, contendo as informações analisadas neste trabalho, fazendo com que os colaboradores que participam destas atividades tenham conhecimento de todos os riscos envolvidos nas atividades de montagem de equipamentos em subestações de transmissão de energia elétrica. Palavras-chave: Subestação de transmissão de energia elétrica; alta tensão; segurança do trabalho; APR. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Sistema Elétrico de Potência. ......................................................................................... 11 Figura 2: Mapa SIN - Sistema Interligado Nacional. .................................................................... 13 Figura 3: Banco de transformadores de potência 525/230kV. ...................................................... 15 Figura 4: Para-ráios 525kV............................................................................................................ 16 Figura 5: Tranformador de corrente 525kV. ................................................................................. 17 Figura 6: Transformador de potencial 525kV. .............................................................................. 18 Figura 7: Chave seccionadora trifásica 525kV. ............................................................................. 20 Figura 8: Disjuntor trifásico 525kV............................................................................................... 21 Figura 9: Malha de terra. ............................................................................................................... 22 Figura 10: Conexão exotérmica. .................................................................................................... 23 Figura 11: Conexão á compressão. ................................................................................................ 24 Figura 12: Arranjo Subestação Barra Simples. ............................................................................. 26 Figura 13: Arranjo Subestação Barra Simples Seccionada ........................................................... 26 Figura 14: Arranjo Subestação Barra Principal e Transferência. .................................................. 27 Figura 15: Arranjo Subestação Barra Dupla com Disjuntor Simples e 4 Chaves. ........................ 28 Figura 16: Arranjo Subestação Barra Dupla com Disjuntor e Meio. ............................................ 29 Figura 17: Vista geral da subestação. ............................................................................................ 30 Figura 18: Vista superior do setor de 230 kV. ............................................................................... 30 Figura 19: Vista superior de um vão da subestação. ..................................................................... 31 Figura 20: Vista lateral e superior de um trecho da subestação. ................................................... 31 Figura 21: Vista lateral e superior de um trecho da subestação. ................................................... 32 Figura 22: Montagem Transformador de Potência 83MVA 230kV. ............................................ 34 Figura 23: Montagem Transformador de Potência 50MVA 230kV. ............................................ 35 Figura 24: Montagem de um Transformador de Potencial de 525kV ........................................... 36 Figura 25: Montagem de um Transformador de Corrente de 525kV - Parte 1. ............................ 37 Figura 26: Montagem de um Transformador de Corrente de 525kV - Parte 2. ............................ 38 Figura 27: Montagem de um Para-Raios de 525kV ...................................................................... 39 Figura 28: Montagem de uma Chave Seccionadora de 525kV – Parte 1. ..................................... 40 Figura 29: Montagem de uma Chave Seccionadora de 525kV – Parte 2. ..................................... 41 Figura 30: Montagem Disjuntor 525kV - Parte 1. ......................................................................... 42 Figura 31: Montagem Disjuntor 525kV - Parte 2. ......................................................................... 43 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8 1.1 Objetivos ............................................................................................................ 8 1.2 Estruturação ....................................................................................................... 8 2. CENÁRIO ELÉTRICO NACIONAL .................................................................... 10 3. SUBESTAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE ALTA TENSÃO ...................... 14 3.1 Transformador de potência .............................................................................. 14 3.2 Pára-raios ......................................................................................................... 15 3.3 Tranformador de corrente ................................................................................ 17 3.4 Transformador de potêncial ............................................................................. 18 3.5 Chave seccionadora ......................................................................................... 19 3.6 Disjuntor .......................................................................................................... 20 3.7 Malha de terra .................................................................................................. 21 3.8 Classificação das subestações .......................................................................... 24 3.9 Tipos de arranjo mais utilizados ...................................................................... 25 3.10 Vistas da subestação ..................................................................................... 29 4. AVALIAÇÃO DOS RISCOS ENVOLVIDOS NA MONTAGEM DE EQUIPAMENTOS EM SUBESTAÇÕES ..................................................................................................... 33 4.1 Etapas de Montagem dos Equipamentos ......................................................... 34 4.2 Possíveis riscos identificados na montagem de equipamentos ........................ 44 4.3 Análise preliminar de riscos............................................................................. 45 5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 48 ANEXO – Análise Preliminar de Riscos – (APR). ........................................................ 49 7 1. INTRODUÇÃO 1.1 Objetivos Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise das atividades de montagem de equipamentos em subestações de transmissão de energia elétrica, tendo como foco a segurança e saúde dos colaboradores envolvidos em tais atividades. Para que esta análise fosse possível fez-se uma explanação sobre os principais equipamentos utilizados nas subestações, tipos e função. Em seguida apresentou-se os pontos de risco encontrados na montagem de cada um destes equipamentos, bem como as medidas a serem adotadas a fim de eliminar o risco, ou controla-lo quando sua eliminação não for possível. Por fim, efetuou-se o desenvolvimento de uma APR para montagem destes equipamentos, na qual foram compiladas as informações a fim de que todos os envolvidos possam compreender os riscos envolvidos nesta atividade. O desenvolvimento da APR foi baseado nas principais atividades, consultando-se e compilando as informações presentes em outras APRs encontradas na bibliografia e fornecidas pelas construtoras que foram objeto de estudo de caso. 1.2 Estruturação O presente trabalho está estruturado em oito capítulos, sendo dispostos da seguinte maneira. No capítulo 1 é realizado um breve relato do que será desenvolvido no trabalho, bem como o que é esperado e sua estrutura. 8 No capítulo 2 é realizada uma breve explanação de como está organizado o setor elétrico brasileiro, como é dividido o sistema elétrico de potência (SEP) e como funciona o sistema interligado nacional (SIN). No capítulo 3 são apresentados os principais equipamentos utilizados em subestações de transmissão de energia elétrica. Relatando os tipos existentes e função desempenhada. Também serão apresentados os tipos de subestações, malha de terra e os arranjos mais utilizados nas mesmas. No capítulo 4 é realizada a avaliação dos riscos envolvidos na montagem de equipamentos em Subestações durante a montagem dos equipamentos e realizado o desenvolvimento de uma APR para montagem de equipamentos, com base nos riscos analisados. No capítulo 5 são apresentadas as considerações finais sobre o trabalho elaborado. No capítulo 6 temos as referências bibliográficas utilizadas no desenvolvimento do trabalho. Para finalizar, o capítulo 7 traz os anexos. 9 2. CENÁRIO ELÉTRICO NACIONAL Os Sistemas Elétricos de Potência (SEP) são grandes sistemas de energia que englobam as etapas de geração, transmissão, distribuição e utilização de energia elétrica. No Brasil, a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, o sistema elétrico ganhou impulso com a construção da primeira grande usina do País, a Paulo Afonso I (instalada no Rio São Francisco, localizada na cidade de Paulo Afonso, estado da Bahia, entrou em operação em Janeiro de 1955), e seguida pelas usinas de Três Marias (instalada no Rio São Francisco, localizada na cidade de Três Marias, estado de Minas Gerais entrou em operação em Julho de 1962), e Furnas (instalada no rio Grande, entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, estado de Minas Gerais entrou em operação em Setembro de 1963). Foi criado o Grupo de Coordenação de Operação Interligada (GCOI) no final da década de 1960. Esta organização desempenhou um papel estratégico no setor de energia elétrica do Brasil. Contribuiu decisivamente para a integração das empresas do setor, articulando as informações e os meios imprescindíveis à operação dos sistemas de geração e transmissão de eletricidade. A regulamentação do SEP se deu em 1978, pela Portaria nº 3.214. Nela, foi definido que as empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes dos sistemas devem constituir prontuários, conforme norma de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Em 26 de agosto de 1998, pela Lei nº 9.648/98, com as alterações introduzidas pela Lei nº 10.848/04 e regulamentado pelo Decreto nº 5.081/04, foi criado o Operador Nacional do Sistema (ONS), que é herdeiro do GCOI, que lhe forneceu as bases técnicas para a elaboração dos Procedimentos de Rede, um conjunto de regras detalhadas, necessárias e indispensáveis para o exercício pleno das atribuições institucionais do ONS. 10 O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é hoje o órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para o exercício de suas atribuições legais e o cumprimento de sua missão institucional, o ONS desenvolve uma série de estudos e ações a serem exercidas sobre o sistema e seus agentes para manejar o estoque de energia de forma a garantir a segurança do suprimento contínuo em todo o País. O Operador Nacional é constituído por membros associados e membros participantes, constituídos por empresas de geração, transmissão, distribuição e consumidores livres de grande porte. Também participam importadores e exportadores de energia, além do Ministério de Minas e Energia (MME). A Figura 1, a seguir, representa de uma forma genérica o atual Sistema Elétrico de Potência demonstrando o sistema desde a geração até o consumidor final. Figura 1: Sistema Elétrico de Potência. 11 A maior parte do sistema de geração de energia elétrica do país encontra-se longe dos grandes centros consumidores (residências, fábricas e demais consumidores finais), logo se faz necessário a implementação de um sistema de transmissão de energia complexo, longo e confiável. Trata-se do Sistema Interligado Nacional (SIN).Neste sentido, o sistema de transmissão brasileiro, considerado o maior do mundo, é controlado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que conta com a participação de empresas de todo o país, trabalhando de forma interligada. O SIN, formado basicamente por empresas de geração, transmissão e distribuição do país, permite o intercâmbio de energia elétrica entre as diversas regiões brasileiras, isso significa que a eletricidade que chega até o consumidor final pode ser gerada em diferentes usinas, ter viajado centenas ou milhares de quilômetros em linhas de transmissão e passado por diversas subestações até chegar a seu destino final. Apesar de o SIN abastecer a maior parte do país, alguns sistemas menores e isolados também são utilizados, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Apenas 1,7% da energia requerida pelo país encontram-se nos sistemas isolados. Estes sistemas isolados geram a energia que é consumida apenas em uma determinada localidade ou até mesmo por um só consumidor. A Figura 2, a seguir, mostra o atual cenário do Sistema Interligado Nacional, com suas linhas de transmissão e referidas tensões de transmissão. 12 Figura 2: Mapa SIN - Sistema Interligado Nacional. Para que tenhamos um sistema interligado seguro e confiável, se faz necessária a ampliação e implantação de novas subestações e linhas de transmissão, tornando o sistema mais robusto e redundante. 13 3. SUBESTAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE ALTA TENSÃO Uma subestação é composta por diversos equipamentos de manobra, transformação, proteção e controle, dentre os principais equipamentos de pátio temos, os transformadores de potência, para-raios, transformador de corrente, transformador de potencial, chave seccionadora e disjuntor. Nesse capitulo eles serão apresentados bem como suas principais características de funcionamento. Tem-se também a classificação das subestações de acordo com seu tipo construtivo e a verificação dos principais tipos de arranjo utilizados nas mesmas. 3.1 Transformador de potência Os transformadores de potência são os maiores e mais caros equipamentos utilizados nas subestações, podem pesar algumas toneladas e seu custo fica na casa dos milhões. São utilizados para elevar ou rebaixar a tensão, permitindo assim sua transmissão e utilização em uma determinada tensão diferente da original. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 5356), um transformador é definido como um equipamento elétrico estático que, por indução eletromagnética transforma tensão e corrente alternadas entre dois ou mais enrolamentos, sem mudança de frequência. Segundo a International Eletrotechnical Comission (IEC 60076), um tranformador de potência é um equipamento estático, com dois ou mais enrolamentos, que, por indução eletromagnética, converte um sistema de tensão e corrente alternadas em outro sistema, sendo este geralmente de tensão e corrente diferentes do sistema original, mantida a frequência, visando a transmissão de potência elétrica. 14 A Figura 3, a seguir, mostra um banco de transformador de potência monofásico 525/230kV. Figura 3: Banco de transformadores de potência 525/230kV. 3.2 Pára-raios Os pára-raios são equipamentos responsáveis por funções de grande importância nos sistemas elétricos, contribuindo, decisivamente, para a sua confiabilidade, economia e continuidade de serviço pois, ficam conectados próximos aos principais equipamentos da subestação, e tem a função de impedir que as sobretenções alcancem valores superiores àqueles para os quais os equipamentos foram projetados. A sua atuação tem por base a absorção de uma parte da corrente associada à onda de tensão no seu terminal, de forma que não ultrapasse o valor máximo permitido. São utilizados para controle de sobretensões de qualquer natureza, e a tensão no seu terminal depende da magnitude e da forma de onda do surto incidente e da impedância de surto do sistema no qual o para-raios está conectado. 15 Para um dado valor de sobretensão, o para-raios, que antes funcionava como isolador, passa a ser condutor e descarrega parte da corrente, reduzindo a crista da onda e fazendo com que o equipamento que está na sua sequência não receba a sobretensão e se danifique. Devem ser instalados para-raios nas entradas de linha de transmissão, nas conexões de unidades transformadoras de potência, de reatores em derivação e de bancos de capacitores não autoprotegidos. A Figura 4, a seguir, mostra um para-raios de 525kV. Figura 4: Para-ráios 525kV. 16 3.3 Tranformador de corrente Os transformadores de corrente proporcionam isolamento contra a alta-tensão do circuíto primário. Eles são chamados de transformadores de instrumentos e enviam aos medidores, reles de proteção e os dispositivos de controle, os valores de correntes proporcionais as que circulam pelos circuitos de potencia, suficientemente reduzidas, de forma que estes instrumentos podem ser fabricados pequenos, do ponto de vista de isolamento. Os medidores, reles de proteção e outros dispositivos de controle ficam instalados no circuito secundário dos transformadores de instrumentos. O transformador de corrente, também chamado de TC, tem o seu enrolamento primário ligado em serie com o circuito de alta-tensão. A Figura 5, a seguir, mostra um transformador de corrente de 525kV. Figura 5: Tranformador de corrente 525kV. 17 3.4 Transformador de potêncial Os transformadores de potencial têm como função realizar a medição de tensão. Como estamos trabalhando com alta tensão, se faz necessária a utilização deste equipamento para que seja possível obter os valores de tensão no sistema através de uma relação de transformação, sistema similar ao utilizado nos transformadores de corrente. Ou seja, o transformador de potencial é um transformador para instrumentos cujo enrolamento primário é ligado em derivação a um circuito elétrico (em paralelo), e cujo o enrolamento secundário se destina a alimentar bobinas de potencial de instrumentos elétricos de medição e proteção ou controle. A Figura 6, a seguir, mostra um transformador de potencial de 525kV. Figura 6: Transformador de potencial 525kV. 18 3.5 Chave seccionadora Uma chave seccionadora tem a função de abrir e fechar circuitos no sistema de transmissão, pode ser comparada a fim de facilitar o entendimento a um interruptor residencial que liga e desliga uma lâmpada, porém a abertura e fechamento de uma chave seccionadora só pode ser realizada quando o circuito já estiver sem carga. Como se trata de alta tensão, caso ocorra a abertura ou fechamento deste equipamento com carga, o arco elétrico que se forma seria muito grande e causaria a danificação do equipamento. Segundo a NBR 6935, a chave seccionadora é definida como “um dispositivo mecânico de manobra capaz de abrir e fechar um circuito elétrico quando uma corrente de intensidade desprezível é interrompida ou restabelecida. Também é capaz de conduzir correntes sob condições normais do circuito e, durante um tempo especificado, correntes sob condições anormais, como curto-circuito“. As chaves seccionadoras também são utilizadas nas manobras onde se deve isolar um equipamento, como por exemplo, durante a manutenção de um disjuntor, onde o circuito deve estar desligado e fisicamente aberto através das chaves que ficam abertas e bloqueadas, garantindo que o circuito não seja energizado até o fim da realização da atividade. A Figura 7, a seguir, mostra uma chave seccionadora trifásica de 525kV. 19 Figura 7: Chave seccionadora trifásica 525kV. 3.6 Disjuntor Os disjuntores são capazes de conduzir, interromper e estabelecer correntes normais e anormais especificadas dos sistemas. São usados para controlar circuitos, ligando e desligando circuitos com e sem carga, diferentemente das chaves seccionadoras que só podem operar sem carga. Com o auxilio de relés que são instalados em conjunto, realizão uma supervisão automática das condições do sistema e sua operação, podendo em caso de sinistros operar automaticamente, garantindo a integridade dos equipamentos e circuitos. Quando em operação normal, estes equipamentos podem ficar por um longo período de tempo sem serem operados, ou seja, ficam expostos a intempéries por um longo período sem 20 operar, porém quando ocorrer algum sinistro, ou uma manobra for necessária ele deve estar apto a realizar a operação. A Figura 8, a seguir, mostra um disjuntor trifásico de 525kV. Figura 8: Disjuntor trifásico 525kV. 3.7 Malha de terra O sistema de aterramento de subestações segue a norma brasileira ABNT NBR 15751. Esta norma técnica especifica os requisitos para o dimensionamento do sistema de aterramento de subestações de energia elétrica e estabelece também as condições de segurança para pessoas e instalações dentro e fora dos limites da subestação. 21 Em uma subestação todas as partes metálicas são aterradas, desde estruturas metálicas dos equipamentos até cercas e portões. Estes ficam interligados á malha de terra principal através de condutores de cobre e hastes que são colocadas de acordo com os equipamentos e cálculo da malha. Na Figura 9, a seguir, temos a planta de uma subestação, a qual tem as medidas de 444 X 176 metros, ou seja, uma área de 78.144 m². Neste caso os cálculos levaram á uma malha com espaçamento de 12 entre ela em um sentido e 11 metros entre elas no outro sentido. Para atender aos cálculos, neste caso só para a malha principal, desconsiderando todas as subidas de cabos para os equipamentos, estruturas metálicas e cercas foram utilizados aproximadamente 16.716 metros de cabo de cobre 120 mm² e quase 900 pontos de solda exotérmica, ou seja é muito material para que possamos ter uma malha confiável e segura para o empreendimento e principalmente para as pessoas. Figura 9: Malha de terra. Para a realização das conexões da malha de aterramento podemos citar as seguintes formas: Conexão mecânica aparafusada ou por pressão, conexão tipo solda oxiacetilênica, conexão com solda exotérmica e conexão á compressão. Em função de uma melhor conexão, destacam-se a conexão com solda exotérmica e conexão á compressão. 22 Solda exotérmica, conhecida como aluminotermia, cuja conexão é feita através da fusão obtida pela ignição e combustão de uma formulação em um molde. Na Figura 10, a seguir, podemos ver passo a passo como funciona este sistema. Figura 10: Conexão exotérmica. 23 A conexão à compressão é obtida por meio de conectores com compressão por ferramenta hidráulica. Na Figura 11, a seguir, podemos ver alguns modelos de conexões utilizadas neste sistema, bem como o alicate hidráulico utilizado. Figura 11: Conexão á compressão. 3.8 Classificação das subestações Podem-se classificar as subestações em seccionadora ou transformadora e em externa ou abrigada: A subestação seccionadora é utilizada para interligar circuitos de suprimento, ao qual são alimentados pelo mesmo nível de tensão, ou seja, não existem transformadores de potência capazes de realizar a elevação ou rebaixamento da tensão neste modelo de subestação. Neste caso elas apenas realizam manobras e energizam circuitos. 24 A subestação transformadora é responsável por converte a tensão de suprimento em um nível maior ou menor de tensão, ou seja, existem transformadores de potência capazes de realizar a elevação ou rebaixamento da tensão neste modelo de subestação. Uma subestação transformadora elevadora tem como função elevar o nível de tensão do circuito que esta interligada, normalmente eleva-se a Tensão para poder transmiti-la a grandes distâncias. Uma subestação transformadora rebaixadora tem como função rebaixar o nível de tensão do circuito que está interligada, normalmente rebaixa-se a tensão para envia-la a subestações de menor tenção ou para repassar aos circuitos de distribuição. As subestações externas são as que ficam a céu aberto e os equipamentos ficam sujeitos as intempéries atmosféricas, como por exemplo: maresia, chuva, vento e sol. São as mais comuns devido ao custo muito menor quando comparadas as subestações abrigadas. As subestações abrigadas ficam montadas dentro de edificações, podendo as mesmas serem térreas ou terem diversos andares. Nelas os equipamentos são instalados dentro do edifício e protegida das intempéries. Possuem um custo elevado quando comparada as subestações externas, por isso são utilizadas normalmente dentro de grandes centros urbanos, onde por causa da ocupação não se faz possível a instalação de uma subestação a céu aberto. 3.9 Tipos de arranjo mais utilizados As subestações operam de acordo com o seu arranjo, que pode ser barra simples, barra simples seccionada, barra principal e transferência, barra dupla com disjuntor simples e 4 chaves e arranjo barra dupla com disjuntor e meio. No arranjo de barra simples, todos os circuitos se conectam a uma única barra. Tem uma baixa confiabilidade, falhas simples podem ocasionar o desligamento da subestação, tem custo baixo em função do pequeno número de componentes e necessita de uma área menor para sua implantação. A seguir teremos o diagrama esquemático desta configuração. 25 Aterramento Disjuntor Chave Seccionadora Disjuntor Figura 12: Arranjo Subestação Barra Simples. Neste arranjo de barra simples seccionadora, tem-se a divisão da subestação por meio de um disjuntor e duas chaves que são utilizados para realizar o seccionamento da subestação, desta forma pode-se desligar uma parte da subestação para uma determinada atividade e manter a outra parte em operação. A seguir tem-se o diagrama esquemático desta configuração, na Figura 13. Disjuntor Barra Seccionada Chave Seccionadora Aterramento Alimentadores Figura 13: Arranjo Subestação Barra Simples Seccionada 26 No arranjo de barra principal e transferência tem-se um sistema mais complexo que o anterior, com custo baixo, porém um pouco maior devido a necessidade da utilização de um bay de transferência, utilizado para interligar as duas barras. Caso haja a necessidade de realizar uma manutenção, pode-se isolar o equipamento sem ter de desligar uma linha para realização da atividade. Neste tipo de arranjo não é possível transferir todas as cargas para a barra de transferência, ficando nela ligado apenas um circuito por vez, limitando seu número de possíveis manobras. A seguir teremos o diagrama esquemático desta configuração. Disjuntor Transferência. Disjuntor Alimentadores Figura 14: Arranjo Subestação Barra Principal e Transferência. No arranjo de barra dupla com disjuntor simples e 4 chaves tem-se uma evolução em relação ao arranjo anterior, trata-se de um arranjo mais confiável onde podemos relocar todas as linhas para qualquer uma das barras, desta forma pode-se realizar atividades em qualquer equipamento ou barra sem a necessidade de desligamentos. 27 Este arranjo é mais em virtude de necessitar de 4 chaves por bay, torna-se mais caro e necessita de maior área para sua implantação. Conforme estabelecem os procedimentos de rede da ONS, este é o arranjo utilizado nas classes de tensão de 230kV a 138kV. A seguir tem-se o diagrama esquemático desta configuração, na Figura 15. Barra I Disjuntor Barra II Chave Seccionadora Disjuntor Alimentador Figura 15: Arranjo Subestação Barra Dupla com Disjuntor Simples e 4 Chaves. Na barra dupla com disjuntor e meio tem-se uma maior flexibilidade e confiabilidade. Este arranjo apresenta um custo mais elevado que os demais arranjos, pois em cada circuito se faz necessária a instalação de 3 disjuntores e 6 chaves seccionadoras para cada par de circuitos, por isso a denominação de disjuntor e meio. Necessita de uma área maior para sua instalação. Este arranjo é recomendado para subestações que manipulam grande quantidade de energia, devido à alta segurança contra perda de carga, conforme procedimentos de rede da ONS, este é o arranjo utilizado nas classes de tensão de 765kV a 345kV. A seguir teremos o diagrama esquemático desta configuração. 28 Barra I Chave Seccionadora Alimentador Disjuntor Disjuntor Barra II Figura 16: Arranjo Subestação Barra Dupla com Disjuntor e Meio. 3.10 Vistas da subestação Pode-se ter dezenas de projetos durante a ampliação ou implantação de uma subestação, a seguir serão apresentadas algumas plantas em corte e vista superior para melhor compreensão do funcionamento da mesma. Como a subestação pode ser um empreendimento muito grande, será apresentado uma sequência de plantas, mostrando desde a planta geral, até se chegar as vistas parciais de um vão de linha onde será possível ver os equipamentos em planta e vista lateral com maior facilidade. A seguir tem-se uma planta geral da subestação, contendo os pátios de 525 kV, 230 kV, arruamentos e demais instalações; Figuras 17 e 18. 29 Figura 17: Vista geral da subestação. A seguir temos a planta apenas do setor de 230 kV. Figura 18: Vista superior do setor de 230 kV. 30 A seguir tem-se, na Figura 19, a vista superior de um vão da subestação onde temos seis chaves seccionadoras, um disjuntor, três transformadores de corrente, três transformadores de potencial e três para-raios. Figura 19: Vista superior de um vão da subestação. A seguir tem-se, na Figura 20, a vista superior e também a vista lateral de uma parte deste vão da subestação, contendo quatro chaves seccionadoras e três isoladores de pedestal utilizados para dar suporte ao barramento. Figura 20: Vista lateral e superior de um trecho da subestação. 31 A seguir tem-se, na Figura 21, a vista superior e também a vista lateral de uma parte deste vão da subestação, contendo um disjuntor, duas chaves seccionadoras, três transformadores de corrente, três transformadores de potencial e três para-raios. Figura 21: Vista lateral e superior de um trecho da subestação. 32 4. AVALIAÇÃO DOS RISCOS ENVOLVIDOS NA MONTAGEM DE EQUIPAMENTOS EM SUBESTAÇÕES As atividades de montagem de equipamentos em subestações devem ser previamente planejadas, por engenheiros, encarregados dos serviços e profissionais da área de segurança do trabalho, contemplando especificamente a análise de riscos em todas as etapas e este planejamento deverá ser do conhecimento de todos os envolvidos. Quando necessário, o responsável pelos serviços deverá conhecer previamente as condições do local onde serão executados os serviços, uma vez que, as equipes de montagem por se tratarem de uma mão de obra específica, ocorre de chegarem em um dia e no outro já realizarem a atividade programada sem a presença da equipe. Muito importante determinar o número de elementos necessários para cada tarefa levando em consideração aspectos de segurança (nº mínimo de elementos), dar conhecimento a todos os componentes da equipe, em conjunto, sobre os serviços que serão executados e em caso de duvida, não deve haver constrangimento, qualquer funcionário deve solicitar esclarecimentos sobre a segurança envolvida no serviço. Através de registros fotográficos a seguir, podem-se visualizar as etapas de montagem dos equipamentos de pátio; Figuras 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31. Na sequencia do trabalho serão detalhados os possíveis riscos inerentes à montagem dos equipamentos principais de uma subestação de transmissão de energia elétrica, levando-se em consideração suas características. 33 4.1 Etapas de Montagem dos Equipamentos Montagem transformador de potência 83MVA 230kV: Figura 22: Montagem Transformador de Potência 83MVA 230kV. 34 Montagem transformador de potência 50MVA 230kV: Figura 23: Montagem Transformador de Potência 50MVA 230kV. 35 Montagem de um transformador de potencial 525kV: Figura 24: Montagem de um Transformador de Potencial de 525kV 36 Montagem de um Transformador de Corrente: Figura 25: Montagem de um Transformador de Corrente de 525kV - Parte 1. 37 Figura 26: Montagem de um Transformador de Corrente de 525kV - Parte 2. 38 Montagem de um para-raios de 525kV: Figura 27: Montagem de um Para-Raios de 525kV 39 Montagem de uma chave seccionadora de 525kV: Figura 28: Montagem de uma Chave Seccionadora de 525kV – Parte 1. 40 Figura 29: Montagem de uma Chave Seccionadora de 525kV – Parte 2. 41 Montagem de um disjuntor de 525kV: Figura 30: Montagem Disjuntor 525kV - Parte 1. 42 Figura 31: Montagem Disjuntor 525kV - Parte 2. 43 4.2 Possíveis riscos identificados na montagem de equipamentos • Falha na comunicação entre operação e a equipe que realizará a atividade; • Falta de realização de planejamento da atividade; • Falta de capacitação/treinamento da equipe para realizar a atividade; • Ausência de EPI ou EPC; • Não utilização de EPI ou EPC por componentes da equipe; • Utilização de EPI ou EPC inadequado ou defeituoso; • Condições climáticas desfavoráveis; • Integrante da equipe com condições biopsicossociais notoriamente insatisfatórias; • Atividade noturna com iluminação inadequada; • Atividades realizadas em condições climáticas adversas; • Não atendimento mínimo de constituição da equipe, necessária para a atividade; • Utilização de aterramento temporário inadequado; • Falta de sinalização/balizamento na área da atividade; • Ausência do encarregado da atividade sem a transferência das suas responsabilidades para seu substituto; • Problema de manutenção no sistema hidráulico- mecânico do equipamento de guindauto; • Uso de dispositivos inadequados para içamento de cargas; • Utilização de veículos sem condições; • Falta de atenção devido ao serviço se tornar rotineiro; • Detector de tensão com defeito; • Desconhecimento da configuração elétrica na área de trabalho; • Descumprimento da NR 33, quando da entrada no equipamento; 44 • Queda de equipamentos manuais; • Em instalações energizadas, descuido quanto à distância de segurança; • Ruído excessivo de máquinas; • Falta de aterramento auxiliar de para os equipamentos quando da proximidade de área energizada; • Falta de aterramento para os veículos quando da proximidade de área energizada (mínimo 70 mm²); • Área destinada a atividade com terreno irregular ou obstruído; • Risco de queda em altura conforme NR 35; • Descumprimento da NR 11 na operação de transporte e movimentação de cargas; • Contato com animais peçonhentos. 4.3 Análise preliminar de riscos A análise preliminar de riscos, conhecida pela sigla APR, trata-se de uma técnica de avaliação prévia dos riscos envolvidos na realização de um determinado trabalho. Consiste no detalhamento de cada etapa do trabalho, assim como, dos riscos envolvidos. A APR deve ser realizada sempre antes da execução das atividades, afim de, identificar os riscos, orientar os colaboradores e organizar as atividades de forma segura para todos. Com base no capitulo anterior podemos compilar em uma APR, as informações referentes aos possíveis riscos encontrados nas atividades de montagem de equipamentos em subestações de transmissão de energia elétrica, fazendo com que os colaboradores que participam destas atividades tenham conhecimento de todos os riscos envolvidos nas atividades de montagem de equipamentos, tornando as atividades mais seguras para os colaboradores e também para o sistema elétrico. Tendo como base algumas APRs, e utilizando-se das informações coletadas durante o desenvolvimento deste trabalho, chegamos a um modelo de APR, no qual constam os dados do 45 equipamento e da atividade a ser desenvolvida, possíveis riscos, EPIs e EPCs, questionamento quanto as condições da equipe, lista para assinatura dos participantes e ciência da atividade. A APR encontra-se no ANEXO deste trabalho. 46 5. CONCLUSÃO O presente trabalho teve como fundamento, fazer uma análise dos riscos encontrados na montagem de equipamentos em subestação de transmissão de energia elétrica. Tal trabalho foi executado e compilado em uma Análise Preliminar de Riscos, que será utilizada nas atividades de montagem. Esta APR é de grande importância, e servirá para alertar os participantes da atividade dos riscos presentes, afim de, que sejam tomadas todas as precauções nas atividades e que seja assegurada a segurança de todos. Durante o desenvolvimento do trabalho houve algumas dificuldades, dentre as quais vale a pena destacar a seleção de informações confiáveis no meio digital e a compilação de muita informação dentro de uma APR. Como sugestão para futuros trabalhos, fica a ideia de realizar uma análise similar a esta na etapa civil da obra, desta forma complementando este trabalho e tendo talvez uma APR de montagem eletromecânica e outra civil. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT NBR 14724 – Informação e documentação — Trabalhos acadêmicos — Apresentação. ABNT NBR 5356 – Transformador de potência. ABNT NBR 15751 – Sistemas de aterramento de subestações – Requisitos. Ministério do Trabalho e Emprego. Normas Regulamentadoras. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras- 1.htm>. CARDELLA, Benedito. Segurança do Trabalho e Prevenção de Acidentes. Ed. 1. – São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, C. A. D.; MILANELI, E. Manual prático de segurança e saúde do trabalho. São Caetano do Sul, SP: Yendis. 2009. http://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/. MANUAL ELETROBRAS – ELETROSUL – Segurança E Medicina Trabalho Obra SE. International Electrotechnical Commission – 60076 transformadores de potência. Disponível em: < http://www.iec.ch/>. 48 ANEXO – Análise Preliminar de Riscos – (APR). 49