Análise 2D da propagação de ondas eletromagnéticas geradas em frequência 700 MHz em ambientes Indoor Soelene B. S. Beltrame1, José Alexandre Nalon2 1 Eng. Eletricista com Habilitação em Telecomunicações, [email protected], Mestre em Engenharia Elétrica, Professor do UNISAL, [email protected] 2 Resumo – Neste trabalho, são apresentados o método FDTD (Diferenças Finitas no Domínio do Tempo) proposto por Yee e a técnica de contorno absorvente PML (Perfectly Matched Layer) que são utilizados para a análise e simulação da propagação de ondas eletromagnéticas em ambiente indoor na frequência de 700 MHz. Em seguida, serão apresentados os resultados obtidos pelo método FDTD e a intensidade do sinal propagado em alguns pontos do ambiente de análise após determinadas iterações de tempo. Ao fim, serão apresentadas as considerações finais do trabalho. Para a implementação computacional do método foi utilizado o software matemático MatLab®. cenário para solucionarem os possíveis problemas que possam ocorrer. Todavia, para auxiliar no estudo de propagação das ondas eletromagnéticas são utilizados métodos matemáticos que resolvem as equações diferenciais de Maxwell. O Método Das Diferenças Finitas no Domínio do Tempo é comumente utilizado pela comunidade cientifica por solucionar a modelagem eletromagnética e por permitir uma implementação mais simples. Palavras-chave: ondas eletromagnéticas, FDTD, propagação no espaço livre. O método das Diferenças Finitas no Domínio do Tempo (FDTD – Finite Diference Time Domain) foi apresentado em 1966 por Yee [1], é um dos diversos métodos computacionais usados para resolver numericamente, de forma simplificada, as equações diferenciais de Maxwell que descrevem a propagação, transmissão e o espalhamento das ondas eletromagnéticas em qualquer meio [2]. Durante o processo de discretização, grades são alocadas para cada um dos campos, elétricos e magnéticos, deslocadas uma da outra temporal e espacialmente, o que permite o cálculo do campo em instantes de tempos anteriores em relação a outro campo e a si mesmo. A utilização das grades bem dimensionadas permite que a taxa de erro seja menor, dentro de um valor aceitável, devido ao uso da discretização baseada em diferenças centradas. método Abstract - This paper is presenting the method FDTD (Finite Difference Time Domain) proposed by Yee and the absorbing boundary PML technique (Perfect Matched Layer) that are used to analyzing and simulating the indoor electromagnetic waves propagation at a frequency of 700MHz . Then the results of the FDTD method will be presented and the propagated signal intensity in some parts of the analyzed environment after determined periods of time. The final considerations from this paper analysis will be presented in the conclusion. In order to set a computer numerical control implementation of the method was used the Mathematical software MatLab®. Keywords: electromagnetic waves, FDTD method, propagation in free space. II. REVISÃO TEÓRICA A. Método das Diferenças Finitas no Domínio do Tempo (FDTD) B. Célula de Yee, discretização no espaço e no tempo I. INTRODUÇÃO Atualmente a grande demanda do mercado de comunicações converge para tecnologias que utilizam transmissão de informações através da propagação de ondas eletromagnéticas, como por exemplo, os dispositivos portáteis, eletrônicos e até mesmo a Internet das Coisas que está sendo introduzida no mercado aos poucos. Essa demanda acarreta a necessidade de estudos e aprimoramentos de projetos (existentes e novos) de propagação de onda eletromagnética com as mais variadas finalidades. A propagação de onda eletromagnética ocorre basicamente devido a um transmissor responsável por gerar e transmitir uma onda, um meio que irá permitir que a mesma se propague e um receptor, que irá recepcionar e decodificar essa onda. No entanto, um grande número de elementos devem ser considerados em meio a esse Para explicar a discretização, Yee usou seu modelo idealizado em um espaço tridimensional, a célula de Yee. Nesta célula, o campo elétrico está deslocado espacialmente em relação ao campo magnético de tal forma que cada componente do vetor 𝑬 está rodeada por quatro componentes do vetor H e vice-versa, destacando os conceitos do operador rotacional. Afigura 1 apresenta a Célula de Yee, também conhecida como cubo de Yee [3]. ©Revista Ciência e Tecnologia, v. 19, n. 34, p. 19 - 29 , jan./jun. 2016 - ISSN: 2236-6733 Figura 1 – Cubo ou célula de Yee e o posicionamento dos vetores elétrico e magnético. Com a aproximação baseada na expansão de Taylor de segunda ordem, Yee aplicou as diferenças centrais para obter expressões para as derivadas espaciais e temporais. As expressões estão representadas pelas Equações 6 e 7: 𝜕𝑢 𝜕𝑥 𝑢𝑛 −𝑢𝑛 1 1 𝑖+2,𝑗,𝑘 𝑖−2,𝑗,𝑘 (𝑖∆𝑥, 𝑗∆𝑦, 𝑘∆𝑧, 𝑛∆𝑡) = ∆𝑥 1 𝑛+ 𝜕𝑢 𝜕𝑡 (6) 1 𝑛− 𝑢𝑖,𝑗,𝑘2 −𝑢𝑖,𝑗,𝑘2 (𝑖∆𝑥, 𝑗∆𝑦, 𝑘∆𝑧, 𝑛∆𝑡) = − 𝑂(∆𝑥)2 ∆𝑡 − 𝑂(∆𝑡)2 (7) na qual ½ estão destacados devido a adaptação das expressões ao seu espaço. Caso ocorra alteração de (𝑖, 𝑗, 𝑘), as expressões podem ter seus elementos espaciais mais simplificados para implementação computacional. D. Equações de Maxwell Fonte: [3] Considerando um meio isotrópico, as equações de Maxwell podem ser escritas no domínio do tempo como: C. Formulação do FDTD Quando se utiliza o FDTD para simular propagação de ondas eletromagnéticas, aplicam-se as diferenças algébricas originadas pelas equações de Maxwell, que são baseadas na expansão da série de Taylor de 2ª ordem com relação espacial e temporal. Considere uma função 𝑓(𝑥) finita e contínua, aplicando a série de Taylor para expansão, tem-se [4]: 𝑓(𝑥 + ∆𝑥) = 𝑓(𝑥) + ∆𝑥 𝑓(𝑥 − ∆𝑥) = 𝑓(𝑥) − ∆𝑥 𝜕𝑓(𝑥) 𝜕𝑥 𝜕𝑓(𝑥) 𝜕𝑥 + + 1 2! 1 2! ∆𝑥 2 ∆𝑥 2 𝜕2 𝑓(𝑥) 𝜕𝑥 2 𝜕2 𝑓(𝑥) 𝜕𝑥 2 +⋯ −⋯ (1) (2) Subtraindo a expressão (1) pela expressão (2), obtémse: 𝜕𝑓(𝑥) 𝜕𝑥 ≅ 𝑓(𝑥+∆𝑥)−𝑓(𝑥−∆𝑥) 2∆𝑥 (3) A expressão resultante acima se trata de uma Derivada Centrada de 2ª ordem que será utilizada para as aproximações das derivadas espaciais e temporais para a solução das equações de Maxwell [4]. Devido ao grande número de células ou cubos que irão completar a região de análise, torna-se necessário o uso de uma notação com acréscimos espaciais (∆𝑥, ∆𝑦 𝑒 ∆𝑧) para identificar o posicionamento deles. Desta forma, o ponto no espaço é representado pela seguinte Equação: (𝑥, 𝑦, 𝑧) = (𝑖∆𝑥, 𝑗∆𝑦, 𝑘∆𝑧) = (𝑖, 𝑗, 𝑘) (4) Considerando os campos nas formas discretas, tem-se: 𝑛 𝑢(𝑖∆𝑥, 𝑗∆𝑦, 𝑘∆𝑧, 𝑛∆𝑡) = 𝑢𝑛 (𝑖, 𝑗, 𝑘) = 𝑢𝑖,𝑗,𝑘 (5) ∇×𝑬=−𝜇 ∇×𝑯=𝜀 𝜕𝑬 𝜕𝑡 𝜕𝑯 , 𝜕𝑡 + 𝜎𝑬, (8) (9) na qual E é o vetor intensidade do campo elétrico, H é o vetor intensidade do campo magnético, 𝜇 é a permeabilidade magnética, 𝜀 é a permissividade elétrica do meio e 𝜎 é a condutividade do campo elétrico. Expandindo em coordenadas cartesianas as equações descritas acima, obtêm-se as Equações 10 e 11 para variação temporal do campo elétrico e magnético: 𝜕𝐸𝑥 𝜕𝑡 𝜕𝐸𝑦 𝜕𝑡 𝜕𝐸𝑧 𝜕𝑡 = = 1 𝜕𝐻𝑧 ( 𝜀 𝜕𝑦 1 𝜕𝐻𝑥 ( 𝜀 𝜕𝑧 − − 𝜕𝐻𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝐻𝑧 𝜕𝑥 (10.b) − 𝜎𝐸𝑧 ), (10.c) 1 𝜕𝐻𝑦 ( 𝜀 𝜕𝑥 𝜕𝐻𝑥 𝜕𝑡 =− 1 𝜕𝐸𝑧 ( 𝜇 𝜕𝑦 − =− 1 𝜕𝐸𝑥 ( 𝜇 𝜕𝑧 =− 1 𝜕𝐸𝑦 ( 𝜇 𝜕𝑥 𝜕𝐻𝑦 𝜕𝑡 𝜕𝐻𝑧 𝜕𝑡 𝜕𝐻𝑥 𝜕𝑦 (10.a) − 𝜎𝐸𝑦 ), = − − 𝜎𝐸𝑥 ), 𝜕𝐸𝑦 ), (11.a) − 𝜕𝐸𝑧 ), 𝜕𝑥 (11.b) − 𝜕𝐸𝑥 ), 𝜕𝑦 (11.c) 𝜕𝑧 Com as equações resultantes, pode-se aplicar a Derivada Centrada de 2ª ordem, definida na Equação 3 e denotada na Equação 5, para ter as equações discretas de Maxwell, conforme mostradas nas Equações 12 e 13. na qual ∆𝑥, ∆𝑦 e ∆𝑧 representam o tamanho da célula em x, y e z respectivamente, 𝑖, 𝑗, 𝑘 são valores inteiros, 𝑛∆𝑡 é a duração da observação do fenômeno. ©Revista Ciência e Tecnologia, v. 19, n. 34, p. 19 - 29 , jan./jun. 2016 - ISSN: 2236-6733 𝐸 𝑛+1 1 𝑥(𝑖+ ,𝑗,𝑘) = 2 𝐸 𝑛+1 1 𝑦(𝑖,𝑗+ ,𝑘) + 2 𝐸𝑛 1 𝑦(𝑖,𝑗+ ,𝑘) = 2 𝐸 𝑛+1 1) 𝑧(𝑖,𝑗,𝑘+ 𝐸𝑛 1 𝑥(𝑖+ ,𝑗,𝑘) = 2 𝜀 ∆𝑡 + 𝜀 2 𝐸𝑛 1 𝑧(𝑖,𝑗,𝑘+ ) ∆𝑡 + 2 1 1 𝑛+ 2 2 1 1 −𝐻 1 1 𝑧(𝑖+2,𝑗+2,𝑘) 𝑧(𝑖+2,𝑗−2,𝑘) 𝐻 [ 1 1 𝑛+ 2 2 1 1 −𝐻 1 1 𝑥(𝑖,𝑗+2,𝑘+2) 𝑥(𝑖,𝑗+2,𝑘−2) [ − 𝑛+ ∆𝑧 ∆𝑧 − 1 1 𝑛+ 𝑛+ 2 2 1 1 −𝐻 1 1 𝑦(𝑖+2,𝑗,𝑘+2) 𝑦(𝑖−2,𝑗,𝑘+2) [ 𝜀 1 1 𝑛+ 𝑛+ 2 2 1 1 −𝐻 1 1 𝑧(𝑖+2,𝑗+2,𝑘) 𝑧(𝑖−2,𝑗+2,𝑘) ∆𝑥 ∆𝑥 1 1 𝑛+ 𝑛+ 2 2 1 1 −𝐻 1 1 𝑥(𝑖,𝑗+2,𝑘+2) 𝑥(𝑖,𝑗−2,𝑘+2) ∆𝑦 −𝐸𝑛 1 𝑥(𝑖+2,𝑗,𝑘) ], (12.a) ], (12.b) ]. (12.c) 2 𝐸𝑛+1 𝑛 1 −𝐸 1 𝑦(𝑖,𝑗+2,𝑘) 𝑦(𝑖,𝑗+2,𝑘) − 𝜎∆𝑡 2 𝐸𝑛+1 𝐻 − 𝑥(𝑖+2,𝑗,𝑘) − 𝜎∆𝑡 𝐻 𝐻 ∆𝑡 𝐸𝑛+1 1 𝐻 ∆𝑦 𝐻 1 1 𝑛+ 𝑛+ 2 2 1 1 −𝐻 1 1 𝑦(𝑖+2,𝑗,𝑘+2) 𝑦(𝑖+2,𝑗,𝑘−2) 𝑛+ − 𝜎∆𝑡 𝑛 1 −𝐸 1 𝑧(𝑖,𝑗,𝑘+2) 𝑧(𝑖,𝑗,𝑘+2) 2 Para o campo magnético: 𝐻 𝑛+ 1 2 1 2 1 2 𝑥(𝑖,𝑗+ ,𝑘+ ) 𝐻 𝑛+ 1 2 1 2 1 2 𝑦(𝑖+ ,𝑗,𝑘+ ) 𝐻 𝑛+ 1 2 1 2 1 2 𝑧(𝑖+ ,𝑗+ ,𝑘) = 𝐻 𝑛− 1 2 1 2 1 2 𝑥(𝑖,𝑗+ ,𝑘+ ) = 𝐻 𝑛− 1 2 1 2 1 2 𝑦(𝑖+ ,𝑗,𝑘+ ) =𝐻 𝑛− 1 2 1 2 1 2 𝑧(𝑖+ ,𝑗+ ,𝑘) + + + ∆𝑡 ∆𝑡 ∆𝑡 𝐸𝑛 [ −𝐸 𝑛 1 1 𝑦(𝑖,𝑗+ ,𝑘+1) 𝑦(𝑖,𝑗+ ,𝑘) 2 2 ∆𝑧 − 𝐸𝑛 [ 𝑛 1 −𝐸 1 𝑧(𝑖+1,𝑗,𝑘+ ) 𝑧(𝑖,𝑗,𝑘+ ) 2 2 𝐸𝑛 ∆𝑥 As Equações 12 e 13 permitem discretizar o campo elétrico e magnético de maneira em que os tornam interpolados no tempo e no espaço, o que possibilita definir as características da onda excitadora do meio como os incrementos temporais (∆𝑡) e espaciais (∆𝑥, ∆𝑦 𝑒 ∆𝑧), assegurando que os erros de amostragem serem mínimos que, consequentemente, certifica a estabilidade numérica do algoritmo [4]. Sendo assim, no instante n tem-se as componentes do campo elétrico e no instante n-½, as componentes do campo magnético. A atualização das componentes ocorre no instante n+1 para o campo elétrico e n+½ para o campo magnético. Desta forma, pode-se afirmar que os campos estão separados no tempo por ½.Δt e espacialmente pela metade dos incrementos ∆𝑥, ∆𝑦 𝑒 ∆𝑧 [5]. A Figura 2 seguir representa a ideia do deslocamento entre elas. No entanto, para minimizar o problema e a complexidade, usa-se a predeterminação uniforme da direção de todas as componentes de campo; Ou seja, as componentes de ambos os campos compostas por suas respectivas coordenadas são representadas de forma discreta em uma única célula satisfazendo às intercalações temporais e espaciais [5], conforme apresentado pela Figura 3. As Equações 12 e 13 e as distribuição dos campos de Yee, exibidas pela Figura 3, são os principais fatores para a implementação computacional do método FDTD. ∆𝑦 ], (13.a) ], (13.b) ]. (13.c) ∆𝑦 𝐸𝑛 − 𝐸𝑛 [ −𝐸 𝑛 1 1 𝑥(𝑖+ ,𝑗+1,𝑘) 𝑥(𝑖+ ,𝑗,𝑘) 2 2 𝑛 1 −𝐸 1 𝑧(𝑖,𝑗+1,𝑘+ ) 𝑧(𝑖,𝑗,𝑘+ ) 2 2 −𝐸 𝑛 1 1 𝑥(𝑖+ ,𝑗,𝑘+1) 𝑥(𝑖+ ,𝑗,𝑘) 2 2 ∆𝑧 𝐸𝑛 − 𝑛 1 −𝐸 1 𝑦(𝑖+1,𝑗+ ,𝑘) 𝑦(𝑖,𝑗+ ,𝑘) 2 2 ∆𝑥 E. Análise e precisão do Método Para garantir que o método FDTD apresente os resultados mais próximos à realidade é necessário ter a precisão e estabilidade que estão diretamente relacionadas à discretização temporal ∆𝑡 e as dimensões das células Yee, ∆𝑥, ∆𝑦 𝑒 ∆𝑧. Para evitar que a iteração gere um erro superior ao erro gerado pela iteração anterior, aplica-se a condição de Courant [6]. Para o caso bidimensional é representada pela seguinte expressão: 1 ∆𝑡 ≤ 1 1 ( 𝑣𝑚𝑎𝑥 ∆𝑥 2 + − 2 1 ) 2 ∆𝑦 (14) na 𝑣𝑚𝑎𝑥 é a máxima velocidade de propagação na região de análise. ©Revista Ciência e Tecnologia, v. 19, n. 34, p. 19 - 29 , jan./jun. 2016 - ISSN: 2236-6733 Figura 2 – Representação tridimensional das células de campo elétrico e magnético interpoladas no tempo e espaço. F. Fonte de excitação As fontes de excitação mais utilizadas pelo Método FDTD são o pulso senoidal e o pulso Gaussiano. A excitação por pulso senoidal, geralmente é aplicada quando se precisa de um comportamento em apenas uma frequência. No entanto, durante as oscilações da simulação do Método FDTD é possível adicionar outros componentes de frequência ao espectro. A fonte de excitação por pulso senoidal é apresentada pela Equação (16): 𝑆(𝑡) = 𝐸0 𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓Δ𝑡) (16) na qual 𝐸0 é o campo elétrico, 𝑓 é a frequência da onda e Δ𝑡 é o intervalo de tempo em que a excitação permanece ligada. O pulso Gaussiano fornece informações em uma banda definida no espectro que é determinada pela largura do pulso temporal, além de sua atuação suave, ideal para simulações de variáveis discretas, evitando oscilações indesejáveis nos resultado. O pulso Gaussiano é representado pela Equação 17: Fonte [5] Figura 3 – Distribuição de campos de Yee em perspectiva tridimensional. 𝐸(𝑡) = 𝑒 −( 𝑡−𝑡0 2 ) 𝑇 (17) na qual 𝑡0 e 𝑇 são responsáveis pelo atraso temporal e a largura do pulso respectivamente. G. PML Berenger Fonte[ 5] Para a escolha de incrementos espaciais e garantir resultados com precisão adequada para os problemas tratados neste trabalho, utiliza-se o seguinte limite: ∆𝑥,𝑦,𝑧 ≤ 𝜆𝑚𝑖𝑛 10 (15) na qual 𝜆𝑚𝑖𝑛 é o comprimento de onda mínimo. Os limites inferiores da célula de Yee e de ∆𝑡 são determinados pelo poder de processamento da máquina, ou seja, à medida que os valores que se deve representar vão tendendo a zero ou ao infinito, mais bits serão necessários para representá-los na base binária. Desta forma, para resolver questões com maior número de células é necessário maior processamento e consumo de memória. Para que a simulação possua maior precisão, foram utilizadas as condições de contorno absorventes (PML), que aplica um maior número de pontos de tratamentos nas bordas de tal forma que absorve com maior precisão a onda, obtendo resultados mais exatos [7]. Apresentada por J.P Berenger em 1994 [4], a PML (Perfectly Matched Layer ou Camada Perfeitamente Combinada) é uma camada absorvente perfeitamente casada das ondas eletromagnéticas para qualquer frequência e ângulo de incidência, na qual as ondas podem penetrá-la sem reflexões de espúrios. As atividades inclusas na PML absorvem a energia eletromagnética e a elimina. Há distintas condutividades para considerar todas as possíveis direções de propagação de ondas eletromagnéticas em camada absorvente [8]. A PML é colocada em torno do domínio de estudo, o que permite que a onda se propague em toda essa região, até mesmo com um número de iterações maior que o necessário para a onda atingir as paredes de contorno. Desta forma, se garante resultados mais precisos dentro da região de análise. Na região de análise ocorre a atualização do campo elétrico e magnético a cada iteração, juntamente com a aplicação das equações de Maxwell que descrevem as características do meio de interesse, conforme o desenvolvimento matemático é apresentado por [3]. Já na região da PML há uma parede elétrica capaz de anular os campos elétricos tangenciais que chegam. A Figura 4 ilustra a aplicação bidimensional de PML em aposta a condição de contorno. ©Revista Ciência e Tecnologia, v. 19, n. 34, p. 19 - 29 , jan./jun. 2016 - ISSN: 2236-6733 Figura 4 – Camada PML contornando a região de análise bidimensional. na qual c é a velocidade da luz no vácuo, Δ𝑠 é a dimensão da célula na direção em que os valores da condutividade estão sendo calculados e Γ𝑃𝑀𝐿 é o coeficiente teórico de reflexão da camada PML (considera-se Γ𝑃𝑀𝐿 < 10−5 ) [3]. H. Algumas considerações referentes a antenas Considera-se um dipolo hertziano orientado na direção z, transporta uma corrente variante na forma senoidal, apresentada pela Equação 21 [10]: 𝐼 = 𝐼0 cos 𝜔𝑡 Fonte: [3] A PML pode ser aplicada em toda a região de análise, porém como os fatores σx, σy e σz não são nulos na região de absorção. De modo geral, a Figura 5 representa a distribuição dos parâmetros pelo domínio bidimensional. A função polinomial, apresentada pelas Equações 18 e 19, mostram como são obtidos os valores de e ∗. 𝜎𝑖 = 𝑖 𝑚 𝜎𝑚𝑎𝑥 [𝑛𝑐] (18) (21) na qual 𝐼0 é a amplitude da corrente e 𝜔 é a frequência angular. Considerando um caso ideal, onde não há atraso de fase, o potencial magnético, pode ser escrito de acordo com a Equação 22. ̃ = 𝜇𝐼0𝑙 𝑨 (22) 4𝜋 na qual 𝑙 é o comprimento do dipolo. ̃ e o campo elétrico 𝑬 ̃ O campo magnético 𝑯 ̃ correspondem a 𝑨, que descrevem as relações de espaço livre, são apresentados respectivamente pelas Equações 23 e 24 [10]: 1 𝑚 ∗ ∗ 𝜎𝑖+ 1 = 𝜎𝑚𝑎𝑥 [ 2 𝑖+2 𝑛𝑐 ] (19) ̃ = 1∇×𝑨 ̃ 𝑯 (23) ̃ = 𝑗𝜔𝑬 ̃ ∇×𝑯 (24) 𝜇 ∗ na qual 𝜎𝑚𝑎𝑥 e 𝜎𝑚𝑎𝑥 são os valores máximos da condutividade elétrica e magnética na região PML, nc é a espessura da camada PML (geralmente essa espessura é de 8 células), m é a ordem do polinômio interpolador (geralmente considerado 3) [3]. Em campo distante ou região de Fraunhofer, os termos de irradiação de 𝐄𝛉 e 𝐇𝛟 são apresentados pelas Equações 25 e 26, respectivamente: Figura 5: Domínio de estudo bidimensional do fator e camada PML. 𝑬𝜃 = 𝐼0 𝛽𝑙𝜂0 4𝜋 𝑠𝑒𝑛 𝜃, (25) 𝑬𝜽 𝑯𝜙 = (26) 𝜂0 2𝜋 na qual 𝛽 = . 𝜆 Para um dipolo hertziano, a densidade máxima de potência 𝑆𝑚𝑎𝑥 é descrita pela Equação 27, devido a radiação máxima perpendicular ao dipolo (𝜃 = 𝜋/2) correspondente ao plano de azimute [10]. 𝑆𝑚𝑎𝑥 = 15𝜋𝐼02 𝑟2 𝑙 2 ( ) (27) 𝜆 Fonte: [9] na qual e ∗ representam a condutividade elétrica e magnética, respectivamente. É importante destacar que a eficiência da PML está diretamente relacionada à 𝜎𝑚𝑎𝑥 e pode ser calculada pela seguinte equação [3]: 𝜎𝑚𝑎𝑥 = − [ (𝑚+1)𝜀0 𝑐 𝑙𝑜𝑔(Γ𝑃𝑀𝐿 ) 2𝑛𝑐Δ𝑠 ] (20) A potência de radiação 𝑃𝑟𝑎𝑑 é representada pela Equação 28 e pode também pode ser escrita conforme a Equação 29. Considera-se a diretividade D=1,5 para o dipolo hertziano [11]: 𝑃𝑟𝑎𝑑 = 𝑃𝑟𝑎𝑑 = 4𝜋𝑟 2 𝐷 × 15𝜋𝐼02 𝑟2 4𝜋𝑟 2 𝐷 𝑆𝑚𝑎𝑥 (28) 𝑙 2 𝑙 2 𝜆 𝜆 ( ) = 40𝜋 2 𝐼02 ( ) ©Revista Ciência e Tecnologia, v. 19, n. 34, p. 19 - 29 , jan./jun. 2016 - ISSN: 2236-6733 (29) III. METODOLOGIA E ANÁLISE DOS RESULTADOS Esse trabalho, de forma generalizada, trata-se de um estudo da propagação de ondas eletromagnéticas na frequência de 700 MHz em um ambiente bidimensional indoor, através da aplicação do Método das Diferenças Finitas. Os domínios (matrizes) utilizados para analisar as estruturas com o método FDTD são consideravelmente grandes. Desta forma, para a realização da simulação desse trabalho utiliza-se o MatLab®, um computador atual com uma boa capacidade de processamento e memória e a escolha dos incrementos espaciais necessários que garantem a precisão do código e um processamento intenso. A simulação é realizada em um ambiente vazio, no caso uma residência, cuja planta baixa é apresentada pela Figura 6. Nesta simulação foram consideradas as permissividades das paredes, portas de madeira e janelas de vidro. As dimensões estimadas para o ambiente são 10x10m. A. Soluções aplicadas Para a solução deste problema bidimensional, definiuse apenas uma célula, representado pela Figura 3, com todas as características de deslocamento temporal e espacial dos campos elétrico e magnético. Os procedimentos adotados são apresentados pelo fluxograma da Figura 7 que mostra os passos realizados na simulação. B. Discretização Usando as condições de precisão estabelecidas anteriormente pelas Equações 14 e 15 e usando a frequência de 700 MHz no sinal da fonte, obtém-se respectivamente: ∆x = ∆y ≤ ∆𝑡 ≤ 1 𝑣𝑚𝑎𝑥 ( 1 ∆𝑥 2 + λmin = 0,0428 m 10 1 ∆𝑦 2 1 2 (30) − ) = 7,1429×10-11s (31) Os valores de ∆𝑥, ∆𝑦 𝑒 ∆𝑡 com a frequência de 700 MHz satisfazem as Equações 14 e 15, garantindo a precisão do módulo. C. Sinal do transmissor: Fonte de excitação Considera-se um transmissor com 1 Watt de potência de transmissão e o dipolo 𝑙 = 0.1m. Através da potência de radiação, mostrada pela Equação 29 foi possível calcular a amplitude da corrente 𝐼0 , que por sua vez auxiliou na identificação da amplitude do campo elétrico 𝐸0 , apresentado pela Equação 25. A fonte de excitação utilizada neste trabalho é a modulação de uma onda senoidal por envoltória gaussiana. A principal característica dessa fonte é a largura de faixa finita e pode ser representada pela multiplicação do pulso senoidal pelo pulso gaussiano, conforme apresentado Equação 32. Figura 6: Planta baixa bidimensional de 10x10m. 𝐸(𝑡) = 𝑒 −( 𝑡−𝑡0 2 ) 𝑇 ∗ 𝐸0 𝑠𝑒𝑛(2𝜋𝑓Δ𝑡) (32) Para diminuir os efeitos de dispersão e os possíveis erros de discretização, considerou-se 𝑇 = 20 para cada amostragem por comprimento de onda. Desta forma, a excitação deve começar suavemente com valores próximos a zero prevenido contra bruscas oscilações indesejadas nos resultados. Fonte: Acervo do Autor O fluxograma mostra que inicialmente são realizadas as definições da discretização relacionadas às equações de Maxwell e discretização espacial e temporal. Em seguida são configuradas as informações sobre a planta da residência. Logo após, é iniciado o loop que realiza as atualizações dos campos elétrico e magnético, a PML e a excitação do sinal. Ao final são apresentados os resultados da simulação. ©Revista Ciência e Tecnologia, v. 19, n. 34, p. 19 - 29 , jan./jun. 2016 - ISSN: 2236-6733 Figura 7 – Fluxograma dos processos realizados. D. Características do ambiente indoor Devido a grande dificuldade de adquirir de forma prática ou teórica a susceptibilidade elétrica e a resistividade elétricas dos materiais existentes na estrutura da residência, foram adotados valores fictícios para a permissividade (𝜀𝑟 ) e condutividade () elétrica. A Tabela 1 relaciona esses valores. Tabela 1 – Permissividade e condutividade elétrica dos materiais. Material Parede de alvenaria Madeira Vidro 𝜀𝑟 (F/m) 5 4 2,5 (Ω-m)-1 0,2 1×10-10 1×10-12 Conforme já mencionado, o ambiente considerado neste trabalho é apresentado pela Figura 6. As dimensões da residência são 10x10m e excitação aplicada possui uma frequência de 700 MHz. Com o comprimento de onda =0,428m, obtém-se uma malha de 234x234 células e a discretização temporal é de t = 71,4 ps, conforme apresenta a Figura 8. Figura 8 – Geometria discretizada, a disposição da fonte de excitação e dos pontos de representação do sinal. Fonte: Acervo do Autor. E. Distribuição do campo elétrico Fonte: Acervo do Autor Ao realizar as iterações, foram obtidas as distribuições de campo elétrico no plano (x, y) apresentadas pelas Figuras 9 a 11. Analisando as Figuras 9, 10 e 11, pode-se observar os efeitos de refração e atenuação causados pelas paredes. É possível perceber também que nas regiões onde estão localizadas as portas e janelas, o sinal se propaga com maior facilidade passando de um ambiente para outro, ou seja, a atenuação é menor. ©Revista Ciência e Tecnologia, v. 19, n. 34, p. 19 - 29 , jan./jun. 2016 - ISSN: 2236-6733 Figura 9 – Distribuição das componentes Ex (dB) após 300 iterações. 8. Através delas, é possível observar o momento t em que a amplitude do campo começou a variar. Figura 12 – Variação da amplitude do campo elétrico Ex no ponto P1. Fonte: Acervo do Autor Figura 10 – Distribuição das componentes Ex (dB) após 500 iterações. Fonte: Acervo do Autor Figura 13 – Variação da amplitude do campo elétrico Ex no ponto P2. Fonte: Acervo do Autor Figura 11 – Distribuição das componentes Ex (dB) após 800 iterações. Fonte: Acervo do Autor Figura 14 – Variação da amplitude do campo elétrico Ex no ponto P3. Fonte: Acervo do Autor F. Amplitude do campo elétrico Fonte: Acervo do Autor As Figuras de 12 a 16 apresentam a amplitude do campo elétrico coletada nos pontos destacados na Figura ©Revista Ciência e Tecnologia, v. 19, n. 34, p. 19 - 29 , jan./jun. 2016 - ISSN: 2236-6733 Figura 15 – Variação da amplitude do campo elétrico Ex no ponto P4. As Figuras 17 a 21 apresentam a densidade de potência do sinal nos pontos demarcados na Figura 8. Figura 17 – Densidade de potência na sala (P1). Fonte: Acervo do Autor Figura 16 – Variação da amplitude do campo elétrico Ex no ponto P5. Fonte: Acervo do Autor Figura 18 – Potência do sinal no hall (P2). Fonte: Acervo do Autor Como se pode observar nos gráficos, há a variação da amplitude do campo elétrico devido à reflexão do sinal que ocorre quando o mesmo atinge as paredes. A Figura 14 apresenta uma variação do campo elétrico de baixa amplitude a partir de 400 iterações aproximadamente. No entanto, a frente de onda do sinal chega somente após 670 iterações aproximadamente, onde as amplitudes do campo elétrico são maiores e mais estável para as iterações seguintes. Fonte: Acervo do Autor Figura 19 – Densidade de potência na cozinha (P3). G. Densidade de potência Por fim, com o auxílio da Equação 33, obtida através da formula Friis [12], é possível calcular a densidade média de potência do sinal irradiado no ambiente indoor. 𝑆𝑚𝑒𝑑 = na qual 𝜂0 = √ 𝜇0 𝜀0 𝐸02 2𝜂0 (33) = 120, é a impedância intrínseca do Fonte: Acervo do Autor espaço livre. ©Revista Ciência e Tecnologia, v. 19, n. 34, p. 19 - 29 , jan./jun. 2016 - ISSN: 2236-6733 Figura 20 – Densidade de potência no quarto 1 (P3). Fonte: Acervo do Autor Figura 21 – Densidade de potência no quarto 2 (P5). existentes na estrutura da casa, como permeabilidade e condutividade elétrica paredes de alvenaria, janelas de vidro e portas de madeira. Com uma frequência de 700 MHz e as características de um meio ideal (espaço livre), o incremento espacial de uma célula igual a Δ𝑥,𝑦 = 0,0428 m e a condição de estabilidade Δ𝑡= 71,420, ambos respeitando os limites exigidos para garantir precisão do método. A propagação do campo eletromagnético atinge toda a área da residência em 800 iterações de tempo. É possível observar que o campo elétrico passa com mais facilidade pela madeira e vidro, pelo fato de serem obstáculos menos permissivos e mais condutivos que a parede de alvenaria. Por fim, é apresentado o comportamento da amplitude do campo elétrico e a densidade de potência em alguns pontos da residência. Os resultados foram satisfatórios. Para estudos futuros, sugere-se melhorar esse trabalho com uma análise mais detalhada, como por exemplo, considerar um ambiente real com os possíveis efeitos de propagação da onda eletromagnética ou a aplicação do método FDTD em projetos que envolvam um ambiente tridimensional em meio não ideal. REFERÊNCIAS Fonte: Acervo do Autor IV. CONCLUSÃO Este trabalho apresentou um modelo para a propagação de ondas eletromagnéticas na frequência de 700 MHz em um ambiente indoor. Para tal aplicação foi utilizado o Método das Diferenças Finitas no Domínio do Tempo que possibilita solucionar as equações diferencias de Maxwell com base na expansão da série de Taylor de 2ª ordem, garantindo o deslocamento temporal e espacial dos campos elétrico e magnético. Foi aplicada ao estudo a condição de contorno absorvente apresentada por Berenger (PML – Camada Perfeitamente Casada), onde a condutividade elétrica e magnética não é nula; ou seja, a PML tem função absorver as ondas eletromagnéticas que chegam, evitando a reflexão e alteração dos resultados. Com essas ferramentas, foi possível simular a propagação do campo elétrico e magnético em um ambiente indoor vazio, no caso uma residência, com dimensões de 10m x 10m. Para o desenvolvimento do trabalho foram consideradas situações ideais, sem reflexão, refração e espalhamento. No entanto, foram inseridas características dielétricas fictícias dos materiais [1] YEE, K. S. Numerical Solution of Initial Boundary Value Problems Involving Maxwell’s Equations in Isotropic Media. IEEE Trans. Antenna and Propagation, v. AP-4, n. 3, p. 302-307, 1966. [2] LIMA, B. W. M. Análise da Propagação de Ondas Eletromagnéticas em Ambientes Indoor: Modelo do Caminho Versus Traçado de Raios e FDTD. Dissertação de Mestrado. UFPA. Belém/PA. 2011. [3] RAMOS, N. F. Uso do Método FDTD para a Caracterização da Perda de Retorno de Antena Espiral Horizontal. (UFPA). Belém/PA. 2006. [4] ARAÚJO, J. S.; SOBRINHO, C. L. da S. S.; SANTOS, R. O.; GUEDES, L. A.; KAWASAKI, R. Y. e ROCHA, J. M. Análise de Antenas em 2D Utilizando o Método dos Elementos Finitos no Domínio do Tempo com Processamento Paralelo e MPI. Revista Científica Periódica (UFPA). Belém/PA. 2003. [5] OLIVEIRA, R. M. S. 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