Esporte na Escola e o Esporte de Rendimento (Celi Zulke

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Celi Zulke Taffarel
Esporte na Escola e o Esporte de Rendimento:
Reafirmando o marxismo contra as ilusões e as imposturas
intelectuais[i]
Celi Nelza Zülke Taffarel[ii]
Vivemos sob condições de uma desumanizante
alienação e de uma subversão fetichista do real
estado de coisas dentro da consciência (muitas
vezes também caracterizada como "reificação"),
porque o capital não pode exercer as suas
funções sociais metabólicas de reprodução
alargada em qualquer outra direção. Mudar estas
condições exige uma intervenção consciente em
todos os domínios e a todos os níveis da nossa
existência individual e social. É por isto que,
segundo Marx, os seres humanos devem mudar
"dos pés à cabeça as condições da sua existência
industrial e política, e consequentemente toda a
sua maneira de ser". (Mészáros, 2005, p. 59-60).
Passaram-se oito anos do debate sobre “Esporte na Escola e Esporte de
Rendimento” (Ano VII, Nº 13, 2000/2, Ano VII, Nº 14, 2001/1, Ano VIII, Nº 15
2001/2) e quatorze anos do debate sobre “Mas afinal o que é educação física?”
(Ano I, Nº 1, Setembro 1994; Ano II, Nº 2, junho de 1995, Ano III, Nº 4, 1996) [iii]
promovidos pela Revista Movimento,
pioneira na utilização desse importante
recurso em âmbito nacional, por demais necessário para o enriquecimento da
crítica, que incita a explicitação e a revisão das posições teóricas de alguns
intelectuais da área[iv]. Continua sendo prioridade estimular a atitude crítica, não
simplesmente em relação à produção de autores como aqueles que desenvolveram
o debate, mas também em relação à grande parcela da intelectualidade brasileira
da área que insiste em elaborar explicações mistificadoras da realidade, mantendo
ilusões e contribuindo para o atraso da revolução.
Daquele momento até a atualidade, o que temos são dados estarrecedores
advindos de avaliações da educação e do esporte no Brasil, que estão expressos em
diversos documentos, a saber: a Prova Brasil; Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB)[v]; o Programa Internacional para Avaliação de Alunos
(PISA, 2001); a Pesquisa Nacional da Educação na Reforma Agrária (PNERA); os
dados do IBGE[vi] encomendados pelo Ministério do Esporte sobre a situação do
esporte nos municípios brasileiros; o “Dossiê Esporte” elaborado pelo Instituto
Ipsos Marplan[vii], que responde sobre as definições de esporte adotadas pelas
torcidas, pela inserção do esporte nas economias mundiais e na composição do PIB,
a partir das atividades econômicas ligadas ao esporte. Temos ainda o Livro Didático
Público da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, disponibilizado na internet
(Vários Autores, 2006), o que agiliza o acesso ao conhecimento elaborado; além
disso, verifica-se o crescimento da atuação do Sistema CONFEF/CREFs e dos
confrontos e conflitos decorrentes da atuação de mais um “braço coercitivo do
Estado”; a ampliação dos cursos de formação de graduados e licenciados em
educação física, esporte e lazer, principalmente nas instituições privadas e a
ampliação dos cursos de pós-graduação na área, ainda concentrados no sul e
sudeste do Brasil.
Tivemos, ainda, a realização dos XV Jogos Panamericanos no Brasil, com
todas as polêmicas daí advindas, desde a caríssima estrutura montada para
detectar o dopping, consumido como nunca na história esportiva, até o emprego de
recursos públicos de forma abusiva e corrupta para construção de instalações e
demais
infra-estruturas
necessárias
para
os
jogos,
com
o
conseqüente
e
hegemônico benefício privado. Temos também a instituição do Ministério do
Esporte; a realização das Conferências Municipais, Estaduais e Nacionais do
Esporte, na perspectiva da construção/consolidação de um Sistema Nacional de
Esporte e Lazer; os programas de governo, em que se destacam a continuidade do
programa Segundo Tempo[viii], advindo ainda do governo do PSDB de Fernando
Henrique Cardoso e, o novo Centro de Desenvolvimento do Esporte Recreativo e do
Lazer (Rede CEDES)[ix], que induz estudos e pesquisas sobre esporte e lazer
residindo aí uma novidade pelo acumulo de formulações presentes nas publicações
sobre políticas públicas hoje verificadas.
Se considerados os dados de tais pesquisas e as alterações do período e
confrontados com as explicações oferecidas pela ampla maioria dos intelectuais da
área, concordaremos com a afirmação de Perry Anderson ao debater sobre “a
batalha das idéias na construção de alternativas” ao afirmar que Marx tinha razão
dizendo que as idéias dominantes no mundo são sempre as idéias das classes
dominantes, é muito claro que estas classes – em si mesmas – não mudaram em
nada nos últimos cem anos. Entretanto, é igualmente claro que as formas de sua
dominação ideológica mudaram significativamente.
A expressão disso no campo das idéias foi um “crescente assalto e uma
distorção de conceitos”, afirma Anderson (2004, p.37). A expressão disso no campo
do esporte também é evidente, como é evidente um crescente uso do esporte, seja
ele na escola ou de rendimento, muito mais com fins ideológicos a serviço do
capital do que a serviço dos interesses dos proletários e dos trabalhadores,
assalariados ou não.
Nesse momento em que o imperialismo – fase superior do capitalismo
(Lênin, 2007) – assume seu teor mais dramático, é inaceitável, por exemplo, que a
academia continue a negar as categorias e leis da dialética materialista histórica,
continue a se valer de concepções teóricas idealistas e do relativismo epistêmico,
que desestimulam, enfraquecem e desmobilizam a força e a unidade da luta de
classes, atrasando a revolução proletária que deverá “livrar a humanidade de um
sistema
de
produção
condenado”
(Sokol,
2007,
p.186).
A
passagem
do
imperialismo à revolução socialista – dentro do que situamos a presente polêmica
sobre “esporte na escola e esporte de rendimento” – continua encontrando como
obstáculo os que defendem a “transformação social” somente nas palavras,
afastando de fato a possibilidade de conquista do poder político por parte dos
trabalhadores e do avanço no enfrentamento das contradições, visíveis nos espaços
e tempos onde as contingências podem indicar possibilidades qualitativamente
superiores.
Mais do que ontem, faz-se hoje premente a necessidade de combater as
ilusões, o simplismo, as imposturas intelectuais – o “uso abusivo dos conceitos da
ciência pelos filósofos pós-modernos” (Sokal; Bricmont, 1999) –, combater o
desenraizamento do conhecimento de suas bases ontológicas; combater o
idealismo progressista da neutralidade científica, da convivência pacífica entre
antagônicos, do pluralismo em uma sociedade onde existem e são ocultadas as
classes antagônicas, da eternidade do capitalismo, da naturalidade dos fenômenos
sociais, da falência do socialismo, do fim do proletariado (Lessa, 2007), do fim da
luta de classes, da perda de referências históricas (Mészáros, 2003), conforme
sustentam as teses do fim da história (Anderson, 1992) e as teses da pósmodernidade (Anderson, 1999). Teses essas que se expressam de maneira
hegemônica nas explicações sobre o esporte, seja ele conteúdo da escola ou do
treino de alto rendimento. Mais do que nunca é necessário radicalizar a
determinação política alterações nas relações de subsunção do trabalho ao capital,
o que se expressa na sala de aula e na escola na organização do trabalho
pedagógico, (Freitas, 1995).
Mantemos as posições do texto divulgado na Revista Movimento – Ano VIII
– Nº 13 – 2000-2, p. XV-XXXV, reconhecendo a atualização realizada por outros
autores, ou ainda a serem realizadas como o são: a questão do aprofundamento
das políticas neoliberais de caráter focal, compensatórias, assistencialistas, na área
do esporte, das relações entre, esporte, escola, mídia, entre outros temas; a
questão da pesquisa de novas formas de organização, inclusive do trabalho
pedagógico da educação física. Nosso trabalho anterior pode apresentar problemas
de lacunas teóricas, que estão sendo enfrentadas, porque também nós, na
produção do conhecimento cientifico dependemos do grau de desenvolvimento das
forças produtivas. Contudo, não compromete o total da nossa produção nem
impede de situarmo-nos na luta de classes, comprometidos com o desenvolvimento
de uma teoria pedagógica revolucionária, onde se reconhece, pela ontologia das
classes sociais, que o proletariado, os operários e demais assalariados são a classe
revolucionária
por
excelência
(Lessa,
2007,
P.249-296)
e
que
não
existe
possibilidade de emancipação humana fora do processo revolucionário de superação
do modo do capital organizar a vida, fora do fim da propriedade privada dos meios
de produção, fora da derrubada do Estado capitalista, fora do fim da subsunção do
trabalho ao capital (Mészáros, 2002). O esporte, enquanto conteúdo cultural,
socialmente produzido e historicamente acumulado, apropriado pelo estado
burguês, pela mídia privatizada, pela indústria cultural de massas, pela escola
capitalista, vem sim, servindo para sustentar um sistema violento de destruição das
forças produtivas.
Essa é a base teórica com que nos propomos a debater sobre o “esporte na
escola e esporte de rendimento”. Isso porque, o esporte não é diferente de outros
bens produzidos nas relações capital-trabalho hoje instaladas. O esporte, enquanto
bem cultural, historicamente produzido, socialmente apropriado, está subsumido ao
controle ideológico dos aparelhos de poder, da mídia, da escola capitalista e do
Estado burguês. A finalidade do capital é manter e ampliar taxas de lucro. Para
tanto
mantém
e
aprimora
suas
táticas,
sua
hegemonia
mundial.
A
elas
correspondem pedagogias, inclusive no âmbito do esporte. Isso que está colocado
no mais geral e constitui o modo do capital organizar a vida no planeta se expressa
na singularidade da ciência e na particularidade das explicações sobre “esporte na
escola e esporte de rendimento”. Continuamos, portanto, combatendo contra as
ilusões desenvolvidas e consolidadas pelas explicações idealistas na área da
educação física que não buscam estabelecer nexos e relações entre singular,
particular
e
geral,
entre
lógico
e
histórico,
entre
premissas
teóricas
e
programáticas, que negam as leis e categorias do materialismo histórico dialético,
que negam a luta dos contrários e o salto qualitativo da quantidade em qualidade
(Cheptulin, 1982).
Consideramos que as respostas teóricas e a reação política e ideológica
contra nossos escritos e nossas posições teóricas, tanto no passado, quanto no
presente, tanto nos escritos, quanto fora deles, são as que reagem contra o
marxismo e procuram destruir a crença de que o sucesso de organizar as
sociedades humanas de um modo particular pode ser previsto pela análise histórica
(Hobsbawm, 1998). Nesse sentido, recolocamos conceitos históricos sem os quais
não é possível refletir com radicalidade, no conjunto e na totalidade (Saviani, 1985)
a problemática do “esporte na escola e esporte de rendimento”, e muito menos
sustentar a tese do esporte para além do capital (Mészáros, 2002).
Ao empreendermos uma análise do momento atual, identificamos que se
intensificam as práticas esportivas e os processos de construção da subjetividade
humana e da internalização de valores adequadas à manutenção do modo
hegemônico do capital organizar a vida (Mészáros, 2005), os processos que
transformam seres humanos em mercadoria – como é o caso dos atletas,
investimento esse que inicia na escola e culmina nas transações internacionais da
mercadoria “atleta”. Intensificam-se os processos de espetacularização do esporte e
a esportivização em todos os âmbitos da vida e principalmente na escola, com tudo
que
lhes
é
tecnicização[x].
peculiar
–
competitividade,
Intensificam-se
as
ações
produtividade,
e
ingerências
individualismo,
do
sistema
CONFEF/CREFs[xi] na escola e demais campos de atuação do professor de
educação física, implicando num retrocesso sem precedentes para a área.
Intensifica-se o consumo dos subprodutos advindos da indústria cultural esportiva
de massa, inclusive relacionando o esporte com o consumo de drogas como o
álcool, pelo financiamento de grandes eventos esportivos promovidos pela indústria
de bebidas alcoólicas. Intensificam-se por parte de governos municipais, estaduais
e
federal
a
implementação
de
políticas
culturais
esportivas
com
caráter
assistencialista, focal, compensatório e que pretendem transformar a nação em
uma nação competitiva internacionalmente – uma “nação olímpica”. Intensificam-se
a utilização de meios midiáticos no trato com o esporte influenciando decisivamente
os hábitos de crianças e jovens[xii]. Intensificam-se as práticas esportivas
buscando relacioná-las com conceito de “saúde”. Intensifica-se o controle do tempo
livre do trabalhador com o “lazer esportivo”.Intensifica-se o “esporte para o
publico”. Intensifica-se, decisivamente, a ideologia do perdedor, que não fez os
esforços individuais que deveria ter realizado para ganhar e, do ganhador, por
méritos pessoais, a ideologia do individualismo, enfim a ideologia do “mais alto,
mais forte e mais veloz”, acrescida, agora, do mito da “eterna juventude”. Mas,
prosseguindo a análise, identificamos também que nada existe de essencialmente
novo nas relações entre trabalho-capital, trabalho-educação, trabalho-esporte,
esporte na escola-esporte de rendimento a não ser as estratégias de cooptação e
construção de consensos entre classes e a pedagogia necessária para manter a
hegemonia do capital. A subsunção das atividades humanas aos imperativos do
processo de reprodução do capital (Mészáros, 2005) pode ser identificada pelos
fatos, relatos, estudos, investigações. O que constatamos é uma profunda inter-
relação entre esporte e negócios, entre esporte e controle ideológico, entre esporte
e políticas compensatórias, focais, assistencialistas, de perfil neoliberal, entre
esporte e mídia privatizada, entre esporte e taxas de lucro.
Portanto, em um tempo de enormes desafios locais, regionais, nacionais e
internacionais no campo educacional, nas relações de trabalho, frente aos avanços
do imperialismo, fase superior do capitalismo, com suas conseqüências parasitárias
nefastas, destrutivas, nos cabe estabelecer referências de rupturas, de quebra de
ilusões e de combate ao fetichismo[xiii]. Ruptura com paradigmas teóricos que
iludem mais do que apóiam a elaboração de conhecimentos científicos (Duarte,
2003), quebra de ilusões nas idéias de igualdade, fraternidade e democracia
(Chomsky, 1999), do fetichismo do Estado-de-Bem-Estar-Social, que em tempos de
ditadura do capital em sua fase superior, o imperialismo (Lênin, 2007), tem servido
muito mais para transferir obrigações a sociedade civil do que garantir direitos
constitucionais. Como exemplos, podemos citar as relações entre trabalho-capital,
as relações internacionais entre nações, a propriedade privada da terra, a mídia
concentrada nas mãos de poucos proprietários e a construção de consensos, com a
famigerada conciliação de classes, visíveis nas medidas de reformas do Estado para
ajustar e estruturar medidas necessárias a hegemonia do capital. Combate ao
fetichismo da técnica e da tecnologia (Lessa, 2007) que, por si só, em uma
sociedade de classes, não resolve os problemas de fundo a respeito da subsunção
do trabalho ao capital, das guerras imperialistas (Coggiola, 1996) e da garantia do
direito à educação e ao esporte socialmente referenciados para todos. A estes se
agregam o combate ao individualismo (Duarte, 2004), ao primado do mérito
pessoal, ao competitivismo, ao produtivismo, ao pragmatismo do pós-modernismo
e do subjetivismo, para reconstruir esperanças.
O descrito anteriormente como rupturas necessárias não se dará sem
enfrentamentos, sem disputas, sem embates, porque também o esporte, pelo
impacto do neoliberalismo (Boron, 2004) é alvo dos interesses de acordos
comerciais internacionais que entram na escola sim e fazem dela mais um fator de
rendimento ao capital. Referências políticas se fazem necessárias para trabalhar
com o esporte na escola, enfim, um projeto histórico cujas táticas ultrapassem o
esgarçado pacto social liberal [xiv] e das estratégias do capital para manter a
hegemonia construindo consensos (Neves, 2005), para diminuir o mais possível as
hierarquias autoritárias em proveito de uma coexistência entre procedimentos e
resultados da pesquisa sob uma referência unificadora, que é a defesa do direito de
todos acessarem os bens culturais (Chauí, 2001; Gentili, 2001), entre os quais, o
esporte.
Destacamos, portanto, para o debate com os demais autores [xv], os
conceitos básicos para compreendermos e propormos a respeito do “esporte na
escola e esporte de rendimento”. O que se faz necessário, no limite de um texto
como este que ora apresentamos, é retomar e clarificar os conceitos básicos de
ciência, educação física, pedagogia e teoria pedagógica, buscando as explicações
que orientam as ações para identificarmos as contradições a eles inerentes e
orientar a ação, contribuindo assim na superação das contradições mais gerais da
sociedade dividida em classes sociais. É necessário, enfim, centrarmos a polêmica
em um dos pontos cruciais ao debate, a saber, a base teórica sob a qual se explica
a problemática das relações entre “esporte na escola e esporte de rendimento” e
defendermos a tese da possibilidade do esporte para além do capital.
Nesse sentido reafirmamos o marxismo e o socialismo revolucionário
(Engels,
s/d)
porque
não
perderam
qualquer
atualidade[xvi],
apesar
da
necessidade histórica de compreendermos o conteúdo da luta entre as classes
sociais nesse início de milênio, para distinguirmos as ditas esquerdas que
continuam a se afastar, cada vez mais, da teoria que deveria alimentar as suas
práticas, do que realmente são medidas de esquerda (Petras, 2008) [xvii]. Nós
continuamos a reafirmar o marxismo para explicar tanto o esporte na escola quanto
o esporte de rendimento.
O esporte na escola não pode ser analisado fora da especificidade da
Educação Física como uma disciplina escolar – metodologia – que reconhecemos no
contexto da visão materialista da Pedagogia como ciência prática aplicada, “da e
para a educação” (Schmied-Kowarzik, 1988), que estuda o processo educacional
em sua totalidade e em sua especificidade qualitativa. O seu território não é o de
outras ciências a partir das quais o pedagogo olha para o fato educacional: é o das
problemáticas próprias da educação e da educação física em relação com o
processo real da vida do homem, suas relações sociais, suas relações de classe, seu
trabalho, seu modo de produção, entre outros aspectos. Reafirmamos a teoria
pedagógica crítica da prática da escola capitalista que surge dentro dos limites das
correlações de força existentes numa determinada formação social, a partir das
próprias categorias que representam o movimento real dessa prática, incluídas suas
contradições e formas de superação. Reafirmamos a Educação Física como uma
disciplina escolar destinada ao ensino de conteúdos selecionados do universo da
cultura corporal e/ou esportiva da humanidade, orientada pela teoria pedagógica
que procura as regularidades ou o que há de comum no ensino das diversas
disciplinas escolares. Reafirmamos o enfoque materialista histórico-dialético, que
demonstra a existência de uma teoria educacional interpretativa e de intervenção
da prática pedagógica da escola e de uma teoria pedagógica elaborada como
categorias da prática que investiga as regularidades subjacentes ao processo de
trabalho pedagógico e medeia as relações entre a teoria educacional e as
metodologias específicas destinadas ao ensino dos conteúdos escolares que dizem
respeito à própria prática da sala de aula. Na teoria pedagógica, a pesquisa deve
ser a expressão das necessidades práticas que impulsionam o pensamento à
procura de novos resultados e de identificação de problemas[xviii]. Reafirmamos,
então, que o pressuposto central na elaboração de uma teoria é o da “atividade
prática”, porque, no marco teórico-metodológico materialista histórico-dialético, a
amplitude e o caráter de uma teoria são dados pelo grau de fundamentabilidade do
seu princípio determinante, representado, naquelas de maior importância, pela tese
cuja veracidade já foi autenticamente estabelecida. Para o marxismo é a atividade
prática – no sentido que lhe é atribuído por Marx (1983), de ser atividade livre,
universal, criativa e auto-criativa – o meio pelo qual o homem faz, produz e
transforma seu mundo, humano e histórico, e a si mesmo. Para manter essa
coerência ao longo do nosso trabalho abordamos a teoria como “atividade que deve
compreender não só a descrição de certo conjunto de fatos, mas, também, sua
explicação, o desenvolvimento de leis a que eles estão subordinados” (Kopnin,
1978, p.238) e buscando na prática pedagógica da escola pública a contrapartida
necessária para não tornar a teoria uma mera abstração. Reafirmamos o trabalho
como princípio educativo, que deve explicitar-se numa nova organização do ensino
na escola, na qual a aula não represente a separação trabalho intelectual/trabalho
manual, nem assegure a estrutura de poder dentro da escola, especialmente pela
ação homogeneizadora e disciplinadora. É incontestável que a união trabalhoensino representa um desafio à manutenção da coerência das propostas que
buscam a superação das velhas práticas. Não devem ser excluídas duas premissas
básicas: a primeira, que o elemento ontológico da atividade não material
desenvolvida na escola é o trabalho material produtivo ou socialmente útil, pelo
qual uma prática pedagógica superadora não pretende a mudança da consciência
precedendo uma futura nova prática, pois é a prática que muda a consciência; a
segunda, que o processo constitutivo das diversas formas de pensamento é o
“processo objetivo da atividade humana, movimento da civilização humana e da
sociedade como autêntico sujeito do pensamento” (Lênin apud Davydov, 1982,
p.279), quer dizer, o pensamento de um homem é o movimento de formas de
atividade da sociedade historicamente constituídas e apropriadas por ele. Isso
significa que a escola trabalha com o conhecimento já assimilado pelos homens e
que o principal problema didático, portanto, numa perspectiva superadora, não é
transmitir conhecimento para ser assimilado, mas a partir de uma determinada
prática pedagógica, utilizando-nos dos termos de Marx (apud Davydov, 1982,
p.307), “reduzir o movimento visível que só aparece no fenômeno ao verdadeiro
movimento interno”. Isso é válido em geral e em especial no trato com o
conhecimento esporte na escola.
As teorias pedagógicas idealistas, além de não explicarem o real, ao não
estabelecerem nexos e relações entre o singular, o particular e o geral estão
contribuindo para destruir na escola as condições objetivas para o desenvolvimento
da atitude crítica. A destruição do pensamento crítico é fruto dessa educação
alienada da realidade social. O pensamento crítico constitui uma prova das ações,
resoluções, criações e idéias à luz de determinadas teorias, leis, regras, princípios
ou normas e, também, da sua correspondência com a realidade. Shardakov (1978)
assinala cinco condições para que se desenvolva essa mentalidade crítica: a)
possuir os conhecimentos necessários na esfera em que a atividade mental crítica
deverá ser desenvolvida – não se pode analisar criticamente aquilo sobre o qual
não se possuem dados suficientes; b) estar acostumado a comprovar qualquer
resolução, ação ou juízo emitido antes de considerá-los acertados; c) relacionar
com a realidade as regras, leis, normas ou teorias correspondentes, o processo e o
resultado da solução, a ação ou juízo emitido; d) possuir o suficiente nível de
desenvolvimento no que diz respeito à construção dos raciocínios lógicos; e) ter
suficientemente desenvolvida a personalidade: as opiniões, as convicções, os ideais
e a independência na forma de atuar.
O que constatamos é que a escola, e dentro dela a educação física, inclusive
no trato com o conteúdo esporte, está muito longe de desenvolver o pensamento
crítico, bem como, a auto-organização do coletivo de estudantes segundo o que
propõe Pistrak (2000). Muito pelo contrário, a escola e a educação física, inclusive e
sobretudo ao tratar do conhecimento esporte, estão completamente tomadas pelas
teorias idealistas, orientadas pelo projeto de mundialização da educação, sem o que
o
imperialismo
teria
mais
dificuldades
para
se
manter
e
se
recompor
hegemonicamente.
Problemas que persistem
Faz-se imprescindível a realização de análises mais rigorosas e radicais da
realidade social atual, especialmente no interior da escola e a elaboração de uma
teoria pedagógica mais avançada que reconheça a cultura corporal como objeto de
estudo da disciplina Educação Física, e dentro dela o conteúdo Esporte. Tudo isso
sem perder de vista os objetivos relacionados com a formação corporal e física dos
alunos, mas situando-os no âmbito da vida real de uma sociedade de classes que
necessita ser revolucionada. Entende-se por avançada uma teoria que defenda a
historicidade da cultura e a necessidade da sua preservação através da participação
coletiva do povo na sua produção e evolução, no marco de um projeto histórico
anticapitalista no qual “cultura” recupere o seu significado real de resultado da vida
e da atividade do homem em busca da sua superação. Uma teoria que reconheça a
participação da classe trabalhadora na produção da cultura de modo que se
preserve a memória nacional e se tenha como perspectiva o desenvolvimento
omnilateral[xix]. Só assim a Educação Física e dentro dela o Esporte enquanto
conteúdo de ensino e aprendizagem estará cumprindo sua responsabilidade social e
justificando sua razão de ser e de estar na escola. A construção de alicerces
teóricos para a Educação Física e o trato com o conteúdo esporte é um
empreendimento
coletivo
e
de
grande
esforço,
especialmente
quando
as
dificuldades têm se avolumado sob o peso da paralisação, quase generalizada, das
ações em relação à área. Essa realidade impõe o resgate do significado pedagógico
das aulas de Educação Física e do trato com o conteúdo Esporte cuja perda ficou
demonstrada na exclusão, no próprio interior da escola, de milhares de crianças
que foram afastadas, e continuam sendo, da prática das atividades corporais, jogos
e esportes e que vêem desqualificadas suas aptidões antes mesmo de terem a
chance de se apropriar do conhecimento necessário ao seu desenvolvimento.
Estudos que realizamos sobre os Jogos Escolares da Bahia (2007) [xx] demonstram
que a maioria dos estudantes sequer toma conhecimento nas aulas de educação
física, da existência de jogos escolares e, muito menos, das possibilidades de
treino, cientificamente orientado, para participar dos jogos.
Entre os principais problemas da Educação Física na atualidade – e dentro
dela os problemas com o trato do conteúdo esporte – e as barreiras para sua
legitimação no currículo escolar, apontam-se: a) a persistência do dualismo corpomente como base científico-teórica da Educação Física que mantém a cisão
teoria/prática e dá origem a um aparelho conceitual desprovido de conteúdo real,
entre eles o conceito a-histórico de esporte e das suas classificações; b) a
banalização do conhecimento da cultura corporal, especialmente o dos jogos e de
outras atividades esportivas, pela repetição mecânica de técnicas esvaziadas da
valorização subjetiva que deu origem à sua criação; c) a restrição do conhecimento
oferecido aos alunos, obstáculo para que modalidades esportivas, especialmente as
que mais atraem às crianças e jovens, possam ser apreendidas na escola, por
todos, independentemente de condições físicas, raça, cor, sexo ou condição social;
d) a redução do tempo destinado à educação física na prática escolar, e dentro dela
o trato científico do conteúdo esportivo; e) a utilização de testes padronizados –
exclusivos para aferir o grau de habilidades físicas na perspectiva das teorias
desenvolvimentistas – como instrumentos de avaliação do desempenho instrucional
dos alunos nas aulas de Educação Física; f) a adoção da teoria da “pirâmide” como
teoria educacional; g) a falta de uma teoria pedagógica construída como categorias
da prática; h) a falta de uma reflexão aprofundada sobre o desenvolvimento da
aptidão física e sua pretensa contradição com a reflexão sobre a cultura corporal.
Coerentes com a teoria do conhecimento que nos valemos para enfrentar a
questão conceitual sobre o que é educação física, desafiamos teoricamente os que
nos contestam a debater as “estratégias de obtenção do consenso em torno do
projeto societário burguês” e as estratégias necessárias e vitais para a revolução
socialista. A
enfrentar um
dos mais graves problemas
contemporâneos e
compreender as raízes ontológicas da alienação (Mészáros, 2006) que se consolida
pelas teorias explicativas, por exemplo, sobre o que é a educação física e o esporte.
A debater as respostas a serem formuladas teoricamente pelos que reconhecem as
exigências sociais por uma melhor qualidade de vida prioritariamente pela elevação
dos índices de saúde da população através de práticas corporais, esportivas e de
recreação colocadas hoje, num momento de acentuada degradação das condições
materiais básicas de vida da população – aumento das taxas de fome, miséria,
desemprego e doenças. A responder aos que reclamam dos profissionais da área
explicações sobre as formas particulares do caráter, organização, realização e
avaliação dos resultados reais das atividades físicas.
Enfrentamos
constantemente
a
dominação
ideológica
maciça,
imprescindível, segundo Limoeiro (2007) a um modelo de organização da vida que
necessita
construir
“consensos/consentimentos/submissões”
ininterruptamente;
que necessita controlar as informações, bloquear o acesso ao conhecimento, o
confronto reflexivo e analítico entre posições divergentes, desqualificando toda a
oposição. Por fim, ressaltamos por concordância, a posição de Limoeiro (2007) de
que:
não se ultrapassa o „consenso/consentimento/submissão‟
sem questionar os quadros de pensamento estabelecidos e
permanentemente reiterados pelas ideologias dominantes –
que atuam como filtro do conhecimento e mesmo das
informações e da percepção da realidade – e sem abrir
espaços críticos de reflexão, que supõem elevação cultural
geral (Limoeiro, 2007, p.61).
Concluímos recorrendo ao Manifesto Comunista para reafirmarmos a mais
genial descoberta do século XIX: a história é obra pura e exclusiva das ações
humanas, mesmo quando disso os homens não têm consciência. Concluímos
recorrendo a Vászquez (1986) para ressaltar a necessidade da práxis revolucionária
pelo aguçamento da contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e a
correspondente relação social de produção. Se a revolução hoje sofre atrasos é
responsabilidade, também, dos que formulam explicações e são guias de ações
para o trabalho pedagógico, onde as premissas teóricas estão completamente
desarticuladas das programáticas.
Afirmar o caráter puramente sócio-humano da história não é pouco.
Representa, segundo Lessa (2007, S/D), uma ruptura radical com todas as
concepções de mundo que predominaram desde a Antigüidade Clássica. Concluímos
polemizando respeitosa, mas firmemente com nossos interlocutores, demonstrando
a validade das categorias e leis do materialismo histórico-dialético para a
compreensão do que é educação física e o esporte, o que é educação, o que é o
mundo atual e a necessidade histórica da revolução. A revelação política
abrangendo todos os aspectos é a condição necessária e fundamental, segundo
Lênin (1988, p.56) para educar as massas em função de sua atividade
revolucionária. Concluímos admitindo, conforme menciona Mészáros (2005) em
relação à educação, que a educação física e o esporte podem dar seus passos
mediadores em direção ao futuro começando pelo imediato, pelo espaço que pode,
legitimamente, ocupar dentro da estratégia global orientada pelo futuro que se
vislumbra. Isso significa, segundo Mészáros (2005) que
a transformação social emancipadora radical requerida é
inconcebível sem uma concreta e ativa contribuição da
educação no seu sentido amplo (...). E vice-versa: a
educação não pode funcionar suspensa no ar. Ela pode e
deve
ser
articulada
adequadamente
e
redefinida
constantemente no seu inter-relacionamento dialético com as
condições cambiantes e as necessidades da transformação
social emancipadora e progressiva em curso (Mészáros,
2005, p.76).
Na mesma direção, sustentamos que o esporte não pode funcionar suspenso
no ar. A transformação social emancipadora radical requerida é inconcebível sem a
contribuição positiva mais ativa do esporte no seu sentido amplo. Segundo
Mészáros (2005), “Cabe a nós todos – todos, porque sabemos muito bem que „os
educadores também têm que ser educados” (Mészáros, 2005, p.77).
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[i] Alusão ao título do livro de Sokal e Bricmont (1999). Nesta obra os autores
discutem as circunstâncias culturais que permitem que os discursos confusos e sem
sentido da pós-modernidade, do relativismo epistêmico, alcancem reputação.
[ii] Professora doutora titular e diretora da FACED/UFBA na gestão 2008-2011.
Bolsista de produtividade do CNPq.
[iii] Este segundo debate ocorreu entre 2000-2001. Participaram do debate
Adroaldo Gaya, Celi Nelza Zülke Taffarel, Valter Bracht, Elenor Kunz, Marco Paulo
Sttiger, Alexandre Fernandes Vaz e Hugo Lovisolo como mediador.
[iv] O primeiro debate polêmico ocorreu em 1994, com a participação de Adroaldo
Gaya, Micheli Ortega Escobar e Celi Zulke Taffarel. No número seguinte entraram
no debate Valter Bracht, Silvino Santin, Paulo Ghiraldelli Jr., Hugo Lovisolo. Em
1996 entraram no debate Lamartine Pereira da Costa e Gabriel Muñoz Palafox.
[v] www.ideb.inep.gov.br/Site/.
[vi] IBGE (Munic.). Suplemento de Esporte. Pesquisa de informações básicas dos
Municípios do IBGE. Perfil dos municípios brasileiros 2003 - Esporte. Comunicação
social 24 de março 2006.
[vii] Ver mais em: Instituto... (2008). A pesquisa "Dossiê Esporte" foi estruturada
em quatro grandes temas. No primeiro, o objetivo foi discutir "o que é esporte?".
No segundo, o foco é o "esporte na vida do brasileiro". No terceiro, a pesquisa
analisa a torcida no Brasil hoje e, no quarto, apresenta dados da produção e
circulação de bens e serviços ligados à prática esportiva no Brasil e no mundo.
[viii] Segundo dados do site do governo “O Segundo Tempo é um programa
idealizado pelo Ministério do Esporte, destinado a democratizar o acesso à prática
esportiva, por meio de atividades esportivas e de lazer realizadas no contra-turno
escolar. Tem a finalidade de colaborar para a inclusão social, bem-estar físico,
promoção da saúde e desenvolvimento intelectual e humano, e assegurar o
exercício da cidadania.Tem como enfoque principal o esporte educacional.” Ver
mais a respeito In: http://portal.esporte.gov.br/ Acesso em 1 de fevereiro de 2008
às 17h. O que estamos questionando é a ilusão difundida de que a prática será
democratizada sem alterações estruturais necessárias e possíveis de serem
realizadas no Brasil na estrutura do estado burguês e nas relações trabalho-capital.
O que questionamos é a ilusão de que não existem relações e nexos entre o
particular, singular e o geral na política esportiva do Brasil, o que demonstra a
profunda demagogia do discurso sobre inclusão social do discurso dos governantes.
[ix] Ver mais em: http://portal.esporte.gov.br/sndel/esporte_lazer/cedes/
[x] Ver mais a respeito na tese de doutorado de Hamilcar Dantas Júnior, a ser
defendida em abril de 2008 na FACED/UFBA.
[xi] CREFE/CONFEF Conselho Regional de Educação Física e Conselho Federal de
Educação Física. A Lei que regulamenta a profissão e institui o Conselho é Lei nº
9696/98.
[xii] “Esporte para o público” é uma expressão retirada do texto de Chomsky com o
mesmo título constante do livro: “Para entender o poder: o melhor de Noam
Chomsky” (Mitchell; Schoeffel, 2005).
[xiii] Assim como no plano econômico, também no plano educacional as rupturas
são necessárias. Temos acordo com Filgueiras e Pinto quando afirmam que “apesar
do discurso do Governo Lula, não há a menor possibilidade de se transitar do
modelo econômico liberal, e suas respectivas políticas, para um novo modelo de
“forma lenta, gradual e segura”, sem nenhum tipo de ruptura.” Ver a respeito
Filgueiras; Pinto, (s/d).
[xiv] Segundo Silva Júnior (2007, p. 131-162) o Estado de Bem Estar, por meio de
políticas e legislações sociais e econômicas exerce um papel econômico e ideológico
de regulação social, seja no aspecto político , seja no econômico. Com isto participa
da reprodução do capital e da força de trabalho de forma diferenciada, ocupando,
desta maneira, um lugar central na dinâmica do fordismo onde o trabalho continua
subsumido ao capital e a propriedade privada dos meios de produção é acentuada.
Este é um processo econômico que nenhuma lei burguesa poderá derrubar, mas
somente um processo revolucionário. Ver mais In:
[xv] Isto não significam “ataques pessoais” como muitas vezes tentam nos imputar
frente à crítica contundente às posições teóricas com nossos debatedores.
[xvi] Sobre a atualidade do marxismo, mencionamos quatro dos mais relevantes
trabalhos expostos no Brasil, a saber: a) Revista Princípios número 82, sobre o
Marxismo, com texto de Dermeval Saviani; b) o texto de Sergio Lessa intitulado “O
Manifesto e Marx 150 anos depois” (Lessa, s/d); c) o livro “Marxismo hoje”,
organizado por Coggiola (1996); d) a republicação da obra “O imperialismo: fase
superior do capitalismo” (Lênin, 2007). Mencionamos também os grupos e eventos
que
estão
se
destacando,
entre
os
quais:
o
Espaço
Marx
(www.unicamp.br/cemarx/);
a
Revista
Crítica
Marxista
(www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/); e o Encontro Brasileiro de Educação e
Marxismo – EBEM, já em sua III versão ocorrida na UFBA em 2007, dentro do qual
localizamos a temática “Marxismo, Cultura e Esporte”.
[xvii] Ver o texto de Petras sobre o que caracteriza a esquerda hoje In:
http://www.rebelion.org/petras.htm
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=28211, Nuevos vientos desde la izquierda o
aire caliente desde una nueva derecha.
[xviii] Na UFBA já existem trabalhos que, em relação à teoria pedagógica, no campo
da disciplina escolar Educação Física e dentro dela o trato com o conhecimento
sobre esporte, entre outros, demonstram a existência de categorias que refletem a
prática pedagógica da escola capitalista e buscam, no âmago das suas contradições
– e à luz de um projeto histórico socialista – visualizar sua própria superação.
[xix] O termo “omnilateral”, ou “onilateral” é encontrado em “A ideologia alemã”,
obra de Marx e Engels (1999). Segundo Manacorda (1991), a “omnilateralidade”
trata da “chegada histórica do homem a uma totalidade de capacidades produtivas
e, ao mesmo tempo, a uma totalidade de capacidades de consumo e prazeres, em
que se deve considerar, sobretudo o gozo daqueles bens espirituais, além dos
materiais, e dos quais o trabalhador tem estado excluído em conseqüência da
divisão do trabalho” (Manacorda, 1991, p79).
[xx] Esta pesquisa foi realizada pela Equipe do LEPEL/FACED/UFBA e o 1.º Relatório
Técnico foi entregue à Secretaria de Educação – Coordenadoria de Educação Física,
em novembro de 2007. Soma-se a ele a tese de doutoramento do professor
Hamilcar Dantas Júnior, da UFS, a ser defendida em abril deste ano na UFBA,
versando sobre os Jogos da Primavera em Sergipe, que demonstra o processo de
esportivização e espetacularização não somente da educação física, mas também
da própria escola.
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