PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE MINAS GERAIS

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ANÁLISE DAS CHUVAS INTENSAS NAS ESTAÇÕES CHUVOSAS 2003/2004,
2004/2005 E 2005/2006 EM RELAÇÃO ÀS ÁREAS DE RISCO DO MUNICÍPIO
DE BELO HORIZONTE.
Thatiana Karina de Souza Lisboa Simões1
Ruibran Januário dos Reis2
RESUMO: O município de Belo Horizonte é a maior concentração urbana do Estado de Minas
Gerais, por ser uma metrópole regional com ritmo de crescimento vertiginoso, cujo crescimento
desordenado propiciou a ocupação das encostas principalmente pela população mais carente,
determinando as áreas de riscos. Estas são regiões encontradas sob encostas inclinadas ou beira de
córregos, impróprias à construção, ou seja, a ocupação e a ação humana. Os principais problemas da
capital se devem à degradação ambiental, a pobreza e extremas condições de risco geológico e os
efeitos estão sobre a qualidade do meio ambiente. Os escorregamentos em áreas de encostas
ocupadas é um processo mais preocupante e alarmante em função do número de vítimas fatais.
Assim, no período chuvoso aumenta os riscos de inundação e deslizamentos de terra, época de
maiores ocorrências devido às chuvas intensas e prolongadas que desestabilizam as encostas
aumentando o número de acidentes.
O município é dividido em nove regiões com áreas de risco pontuais, necessitando de diferenciação
de alertas devido ao comportamento irregular das chuvas e suas feições geológicas. Torna-se
evidente a relevância do estudo proposto, com o objetivo de desenvolver uma nova metodologia de
alertas que subsidiará o monitoramento das áreas de risco, identificando e evitando as grandes
tragédias na cidade.
ABSTRACT: The city of Belo Horizonte is the biggest urban concentration of the State of Minas
Gerais, for being a regional metropolis with rhythm of vertiginous growth whose disordered growth
mainly propitiated the occupation of the hillsides for the population most devoid, determining the
areas of risks. These are joined regions under inclined hillsides or stream side, improper to the
construction, or either, the occupation and the action human being. The main problems of the
capital if they must to the ambient degradation, the poverty and extreme conditions of geologic risk
e the effect are on the quality of the environment.
The slippings in areas of busy hillsides it is a more preoccupying and alarming process in function
of the number of fatal victims. Thus, in the rainy period it increases the flooding risks e land
landslides, time of bigger occurrences had to intense rains e drawn out that to destabilize the
hillsides increasing the number of accidents.
The city is divided in nine regions with prompt areas of risk, needing differentiation of you alert due
to the irregular behavior of rains and its geologic structures. The relevance of the considered study
becomes evident, with the objective to develop a new methodology of you alert that it will subsidize
the accompaniment of the risk areas, having identified and preventing the great tragedies in the city.
Palavras chaves: áreas de riscos, monitoramento.
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INTRODUÇÃO
No Brasil, setenta por cento da população vive nas áreas urbanas densamente povoadas e
pode-se afirmar que o clima vem mudando com a urbanização principalmente nos últimos 50 anos.
Dessas alterações no microclima que ocorrem nas grandes cidades são devido à intensa atividade
antrópica que além de proporcionar grande volume de gases poluentes também propicia a
verticalização, a impermeabilização do solo e a diminuição de áreas verdes resultando modificações
na temperatura e na pluviometria de uma determinada região.
Conforme Xavier e Oliveira (1996) mostram que os riscos de natureza mais freqüente no
município de Belo Horizonte relacionam-se com as inundações, a erosão, os desmoronamentos e os
deslizamentos de encostas. De acordo com Ribeiro e Mol (1992), o município de Belo Horizonte
está situado a 19°55’ de latitude Sul e 43°56’ de longitude Oeste com média de 875 metros de
altitude, localizado na área de contato entre a Serra do Espinhaço e a Depressão Sanfranciscana.
O município de Belo Horizonte é caracterizado por uma topografia acidentada e estruturas
pedológicas vulneráveis, que se destacam áreas de risco por todo o sítio urbano. Desta forma, os
deslizamentos de encostas representam um grande problema para o município, principalmente na
porção Centro sul e Leste, isto se deve à sua estrutura geológica, que decorrente no período chuvoso
se agrava na ocorrência de chuvas intensas gerando prejuízos materiais e até perdas de vidas
humanas.
METODOLOGIA
Para a realização do trabalho foram analisados os dados de precipitação diária observada na
cidade de Belo Horizonte referentes ao período chuvoso de 2003/04, 2004/05 e 2005/06, com dados
de ocorrência de desastres relacionada com estas chuvas.
Em novembro de 2003, o Centro de Climatologia - MGTempo (CEMIG/PUC Minas) e a
URBEL assinaram um convênio para o monitoramento diário dos elementos climáticos, instalou-se
uma rede pluviométrica. Utilizou-se os registros das ocorrências, através de uma planilha (excel),
contendo as seguintes informações: data, a região, o bairro, o tipo e o grau de risco geológico, a
existência de vegetação, a litologia e registro de vítima fatal. Assim, foram selecionadas as
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ocorrências que estavam datadas e em seguidas separadas por regiões, mantendo as informações do
tipo de risco geológico e registro fatalidade.
Com a elaboração dessa planilha, as ocorrências de cada região foram divididas em três
estações chuvosas, separadas pelos meses e depois listados por datas. Acrescentaram-se os valores
diários de precipitação observada de acordo com cada região, considerando o posto pluviométrico
mais representativo, veja a Tabela 1; juntamente com os valores da média histórica que gerou os
gráficos.
TABELA 1
Estações Pluviométricas
Estação
Barreiro
Centro sul
Leste
Local
estação sudecap Barreiro;
estação Caixa de areia;
consideraram-se duas estações devido a problemas técnicos:
estação Taquaril (nov.03 a mar.05) e estação Leste (abr.05 a abr.06);
Norte
estação Norte (bairro São Bernardo);
Nordeste
estação Nordeste (bairro São Paulo);
Noroeste
estação Prodabel (bairro Caiçara);
Pampulha
estação Copasa (bairro Pampulha);
Oeste
estação Oeste (bairro Morro das Pedras);
Venda Nova
estação Vilarinho (bairro Venda Nova).
Fonte: MGTempo (CEMIG / PUC Minas) – 2003
Desta forma, produziu os gráficos que pontuaram os números de casos e o tipo de risco
geológico, permitindo uma melhor visualização e compreensão dos dados, onde pode verificar a
variabilidade dos índices em relação a vulnerabilidade do espaço urbano. As análises tiveram o
seguinte processo:
•
Identificar as primeiras ocorrências de cada região, verificando o volume de chuva e qual a
condição dos sistemas meteorológicos que atuou sobre o município;
•
Para cada mês identificou-se as regiões mais atingidas, quais foram os tipos de risco geológico
mais freqüente e qual foi à situação dos sistemas meteorológicos predominante;
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•
Elaborou-se mapas de identificação das regiões mais atingidas durante o período analisado;
•
Identificou-se as características diversas de cada região.
ANÁLISES DOS RESULTADOS
No município de Belo Horizonte observa-se que o início da estação chuvosa começa a partir
do mês de outubro e termina em abril. Este período é considerado crítico, onde se registra inúmeras
ocorrências como conseqüências dos problemas urbanos decorrentes das chuvas, deixando a cidade
em situação de alerta e emergência.
A partir da produção dos gráficos, veja a figura 1, foram feitas análises das estações chuvosas
2003/04, 2004/05 e 2005/06, verificou-se que houve 793 ocorrências registradas, mas somente 353
das ocorrências foram datadas, ou seja, somente 44% foram analisadas, conforme a Tabela 2.
2
1
1
3
1
1
1
1
1
1
1
4
34
1
1
1
4
Prec. Diária
Prec. Acumulado
Média
histórica acum.
Mês
Font e: MGTempo
Figura 1 – Exemplo
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2200
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
Prec. Acumulada
(mm)
160
140
120
100
80
60
40
20
0
1/
1
12 0/ 0
/1 4
0
23 /04
/1
0
3/ /04
11
14 / 0
/1 4
1
25 /04
/1
1
6/ /04
12
17 / 04
/1
28 2 /0
/1 4
2/
0
8/ 4
1/
0
19 5
/1
30 / 05
/1
/
10 05
/2
21 / 05
/2
/0
4/ 5
3/
15 0 5
/3
26 / 05
/3
/0
6/ 5
4/
17 0 5
/4
28 / 05
/4
/0
5
Prec. Diária (mm)
Ocorrência registrada X Precipitação observada
Regional Centro sul - 2004 / 05
Tabela 2
Índices de ocorrências registradas
Estação chuvosa
Ocorrências
Ocorrências datadas
2003 / 2004
378
110
2004 / 2005
261
145
2005 / 2006
154
98
No período analisado, o maior número de ocorrências foi registrado na região Leste de Belo
Horizonte, com 136 casos e em seguida a região Centro-sul, com 100 casos, veja a Tabela 3. O
menor número de ocorrências foi registrado na região da Pampulha, 4 casos.
Tabela 3
Ocorrências registradas no município de Belo Horizonte
Regional
Ocorrências datadas
BARREIRO
25 casos
CENTRO SUL
100 casos
LESTE
136 casos
NORTE
16 casos
NORDESTE
21 casos
NOROESTE
18 casos
OESTE
20 casos
PAMPULHA
4 casos
VENDA NOVA
12 casos
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Pode-se observar também, que durante o período analisado, foram registrados ao todo, 278
casos de deslizamentos, 68 casos de inundação e 6 casos de erosão ou solapamentos. Veja a Tabela
4.
Tabela 4
Valores de ocorrência de tipo de risco geológico
Estação chuvosa Deslizamento Inundação Erosão / solapamento
2003 / 2004
66
41
03
2004 / 2005
115
27
02
2005 / 2006
97
0
01
CONCLUSÃO
Analisando as precipitações durante o período chuvoso, em 2003/04 a quantidade de chuva
acumulada no município foi 10 % superior em relação à média histórica do período (outubro a
abril), entretanto, nos períodos chuvosos de 2004/05 e 2005/06, os índices pluviométricos ficaram
abaixo do valor histórico.
Durante a estação chuvosa analisada, observou-se que no mês de outubro os valores da
precipitação ficaram abaixo da média histórica do mês nas três estações chuvosas. O mês de
novembro apresenta precipitações em torno da média, a exceção foi em 2005, quando o calor
acumulado superou a média histórica. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2004, a precipitação foi
40% e 85% acima da média histórica do mês. O mês de março de 2006 foi mais chuvoso em relação
aos anteriores, o índice pluviométrico chegou a 61% acima da média histórica.
Destacando a importância da informação pluviométrica e registro das ocorrências com
relação às chuvas, observou-se que no período analisado apenas 44% dos casos registrados foram
datados. A data do evento é fundamental para obter um resultado mais consistente e atingir
objetivos específicos.
Tendo em vista as ocorrências registradas ao longo dos últimos anos, o sistema de
monitoramento é uma medida não-estrutural que procura minimizar os eventos provocados pelas
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chuvas, permitindo ações mais rápida e eficaz no socorro as vítimas.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
RIBEIRO, C.M e MOL, C.R. Avaliação das mudanças climáticas em Belo Horizonte: analise
dos parâmetros temperatura e precipitação. II Simpósio situação ambiental e qualidade de vida
da RMBH e MG, Belo Horizonte, 1992.
LOMBARDO, Magda Adelaide. Ilha de calor nas metrópoles: o exemplo de São Paulo. São
Paulo: HUCITEC, 1985. 244p.
MOREIRA J.L.B.; ABREU M. L. Distribuição espacial da precipitação sobre a região
metropolitana de Belo Horizonte - MG. XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz do
Iguaçu, 2002.
REIS et. al. Determinação das áreas de potencial de riscos de precipitação intensas em Belo
Horizonte. XIII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Fortaleza, 2004.
MACEDO D.R.; JÚNIOR A. P. M. Avaliação dos Riscos de ocupação humana em relação ao
quadro natural na micro-bacia do córrego da abolição – Belo Horizonte/ MG.
XI
Simpósio Brasileiro Geografia Física Aplicada, São Paulo, 2005.
GOMES, I. Os geossistemas da região sudeste de Belo Horizonte/ MG. XI Simpósio Brasileiro
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XAVIER, Herbe; OLIVEIRA, Lívia de. Áreas de risco de deslizamento de encostas em Belo
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CUNHA, Márcio Angelieri; Instituto de Pesquisas Tecnológicas (SP). Ocupação de encostas. São
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GUERRA, Antônio Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista da. Geomorfologia e meio ambiente. 3.
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MOTA, Suetônio. Urbanização e meio ambiente. 3. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2003. 352p.
MENDONÇA, Francisco; MONTEIRO, Carlos A. F. Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2003.
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SILVA, Alexandre Marco; SCHULZ, Harry Edmar; CAMARGO, Plínio Barbosa. Erosão e
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Teixeira. Gestão ambiental de áreas degradadas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 320p.
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