XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. PROPOSIÇÕES DE MELHORIA PARA O NÍVEL DE SERVIÇO DAS ATIVIDADES EM UM ALMOXARIFADO DA ESFERA PÚBLICA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: ESTUDO DE CASO. Adeliane Marques Soares (UFRN ) [email protected] edicleide da silva marinho (UFRN ) [email protected] Shirley Charlane Rodrigues de Oliveira (UFRN ) [email protected] Deyse Gillyane Gomes Camilo (UFRN ) [email protected] Este artigo tem como objetivo fazer uma análise das atividades logísticas realizadas pelo almoxarifado de uma organização pública localizada no estado do Rio Grande do Norte, voltado para a aquisição, armazenagem e distribuição dos materiaiis, com a finalidade de identificar oportunidades de melhorias que resultem na eficiência do serviço prestado. Para isso, foi feita uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de abranger os conhecimentos sobre a logística no setor público. Em seguida, realizou-se uma pesquisa de campo a fim de conhecer o contexto em que o objeto de estudo estava inserido. Posteriormente fez a análise dos dados e elaborou as propostas de melhorias. Palavras-chave: Logística, Setor Público, Armazenagem XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 1. Introdução Perante um mercado competitivo no qual os clientes exigem rapidez de resposta e qualidade dos produtos, os processos eficientes na cadeia logística atuam como fator estratégico, agregando valor ao produto final. De acordo com Islam et al (2013) a logística envolve uma abordagem que integra informações, transporte, estoque, armazenagem, manuseio de materiais e embalagem e segurança. Assim, é de “responsabilidade” da logística gerenciar de forma eficiente os fluxos de materiais, minimizando custos e que gere valor para o cliente. Uma das atividades presentes no processo logístico é a armazenagem que possui uma grande participação na cadeia logística, ocupando-se com a estocagem ordenada e uma boa distribuição da matéria prima ou de produtos acabados dentro de um âmbito empresarial. Diante disso, percebe-se a importância de se analisar os processos, com o propósito de agregar valor ao serviço prestado e reduzir os problemas existentes. Assim como no setor privado, o setor público também busca pela excelência dos serviços prestados. Entretanto, alguns problemas no tocante ao nível de serviço realizados são evidenciados, tornando-o insatisfatório. Nesse contexto, o estudo tem como objetivo fazer uma análise das atividades logísticas realizadas pelo almoxarifado de uma organização pública localizada no estado do Rio Grande do Norte, voltado para a aquisição, armazenagem e distribuição dos materiais, com a finalidade de identificar oportunidades de melhorias que resultem na eficiência do serviço prestado. Como ferramenta auxiliar utilizou a matriz GUT para identificar as demandas que seriam foco de estudo. O trabalho está dividido em oito partes, com a primeira parte introdutória. O segundo, terceiro e quarto tópico aborda o referencial teórico. Em seguida é apresentado o método de pesquisa e a sexta parte insere o funcionamento da organização. O diagnóstico da situação logística é feita na sétima etapa, sendo a sugestões de melhoria e Intervenção apresentada na etapa oito. As considerações finais compõe a nona parte, seguida das referências. 2. Logística no Setor Público A dinamicidade do mercado faz com que a logística se apresente como um fator essencial e estratégico para as organizações. É por meio de uma gestão adequada das atividades inerentes ao processo logístico que é possível fornecer aos clientes bens e serviços a um nível desejado. No contexto público, Vaz e Lotta (2011) fala que a logística é parte essencial da gestão de políticas públicas, visto que integra grande parte das atividades de movimentação de 2 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . materiais, documentos, informações e pessoas. Além disso, esses mesmos autores relatam ainda, que a logística nesse segmento gerencia paralelamente distintas cadeias de suprimentos das várias políticas públicas existentes, o que lhe abre grandes possibilidades de integração e otimização de esforços, o que a torna um elemento central para o cenário atual. Contudo, o setor apresenta alguns problemas relacionados ao serviço prestado. Os mais tradicionais são: falta de nível de serviço (não conseguem enxergar funcionário como um cliente), falta de agilidade de picking, visão segregada entre etapas de compra estocagem, problemas operacionais de armazenagem, ausência de cultura gerencial para resultados, dentre outros. (FREITAS, 2006). Embora a administração pública passe por uma reformulação lenta e gradual por meio das novas políticas estaduais e federais de modernização da Gestão Pública, o processo de mudança se torna muito lento devido aos graves problemas do atual cenário, marcado pela ausência de uma cultura gerencial nos órgãos públicos. 3. Armazenagem A armazenagem tem como objetivo estocar material da forma mais eficiente possível (MOURA, 2011). Segundo Viana (2002), as instalações do armazém devem proporcionar a movimentação rápida e fácil de suprimentos desde o recebimento até a expedição. O sistema de armazenagem pode ser desmembrado em duas funções básicas: Guardar produtos e manusear materiais. A primeira é o simples acúmulo de produtos com o passar do tempo, enquanto a segunda engloba as atividades de carga e descarga, movimentação e separação de pedidos (BALLOU, 2006). Um dos locais onde são guardados recursos físicos é o almoxarifado, responsável pela armazenagem, controle e distribuição dos materiais, bem como por determinar qual a necessidade da empresa e, diante disso, desenvolver um processo que entenda as necessidades levantadas da melhor forma pelo menor custo possível (POZO, 2008). A gestão de almoxarifado é a administração dos meios necessários imprescindíveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo. Para que isto ocorra é necessário um planejamento logístico, de modo que, o estoque possua um fluxo contínuo. (VENDRAME, 2013). Segundo Viana (2002), o almoxarifado alcançará sua eficiência interna quando realizar as cargas e descargas de veículos mais rápido, agilizar os fluxos internos (de materiais e de informação), melhorar a capacidade volumétrica, o acesso for facilitado a todos os itens, a 3 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . proteção for máxima aos itens estocados e a maior otimização do layout para reduzir as distâncias e as perdas de espaço. Portanto, para a eficiência interna de um almoxarifado ser atingida, é necessária a análise do layout do armazém, pois ele interfere diretamente nas atividades do armazém leva em consideração as características dos materiais a serem armazenadas, as quantidades, as sequências de operações e de montagem, o espaço destinado a cada equipamento e a movimentação dos operadores, e as informações sobre recebimento, expedição, estocagem de matérias-primas e produtos acabados e os transportes utilizados. 4. Matriz GUT A priorização dos problemas é um estratégia para iniciar as melhorias de uma organização, no qual a matriz GUT (gravidade, urgência e tendência) tem o intuito de informar mediante critérios de avaliação, quais sãos os problemas que devem ser solucionados rapidamente (GOMES, 2006). Segundo Rodrigues (2012) a matriz GUT representa uma ferramenta que auxilia na priorização de problemas identificados em um estudo, analisando a Gravidade, Urgência e Tendência dos problemas enfrentados. Assim, temos que este método proporciona ao gestor da empresa uma avaliação quantitativa dos problemas, possibilitando assim a priorização de ações mais relevantes, visando a eliminação parcial ou total dos problemas. Para Gomes (2006) os fatores podem ser classificados como é mostrado a seguir: Gravidade: Corresponde ao impacto sobre processos, pessoas, organizações ou coisas, analisando os efeitos futuros caso o problema não seja resolvido. Urgência: Consiste na relação entre o tempo disponível e o necessário para alcançar a solução de determinado problema. Tendência: Equivale ao potencial de crescimento do problema encontrado, ou seja, realizar a avaliação de sua tendência de crescimento, desaparecimento ou redução. São atribuídas para cada problema encontrado notas, variando de 1 a 5 conforme o objetivo de cada categoria (gravidade, urgência ou tendência) como apresentado na Tabela 1. A nota 1 equivale ao menor grau de importância e 5 a maior relevância. Após atribuir valores, o produto entre essas notas mostrará qual deve ser priorizada. Logo, quanto maior o produto, mais rapidamente deve ser realizada ações para melhorar a situação (GOMES, 2006). 4 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . Tabela 1- Matriz GUT Gravidade 1 - Sem gravidade 2 - Pouco grave 3 - Grave 4 - Muito grave 5 - Extremamente grave Urgência Tendência 1- Não tem pressa 1 - Situação melhorará 2 - Pode esperar um pouco 2 - Irá piorar em logo prazo 3 - Ação a médio prazo 3 - Vai piorar em médio prazo 4 - Com alguma urgência 4 - Vai piorar em pouco tempo 5 - Ação imediata 5 - Agravamento da Situação Fonte: Adaptado de Gomes (2006) 5. Método de Pesquisa A pesquisa pode ser caracterizada quanto ao seu objetivo como exploratória (MIGUEL, 2010), quanto à abordagem científica como qualitativa (CRESWELL, 2010), e no que diz respeito ao procedimento técnico utilizado para o desenvolvimento do estudo, a pesquisa é classificada como estudo de caso (YIN, 2001). Foram definidas quatro fases para desenvolvimento da pesquisa (Figura 2). O método utilizado possui características descritivas, visto que serão relatados fenômeno e situações reais de um entidade pública. No primeiro momento, foi feita uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de abranger os conhecimentos sobre o tema a ser abordado. Na segunda fase, realizou-se uma pesquisa de campo, a fim de, conhecer a realidade do almoxarifado no tocante as operações logísticas que este almoxarifado realiza. As ferramentas utilizadas para obter os dados nessa fase resumiram-se a ações convencionais, por meio de entrevistas semi-estruturadas (MARCONI; LAKATOS, 2003), registro fotográficos e observações no local. Na terceira fase, fez uma análise dos dados para identificar as demandas que poderiam ser potenciais oportunidades de melhoria. Assim, utilizou como ferramenta a matriz GUT – gravidade, urgência e tendências, para priorizar a demanda que seria foco do estudo. Na quarta fase, elaborou as propostas de melhorias. Figura 2 – Etapas do Método de Pesquisa Fonte: Elaboração Própria 6. Estudo de Caso 6.1. Funcionamento Geral do Almoxarifado 5 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . Em funcionamento há 12 anos, o local objeto de estudo está localizado no estado do Rio Grande do Norte e é responsável pelo recebimento e expedição de cerca de 800 itens. Sua estrutura física tem uma área total de 974,34 m², sendo composta por três depósitos, uma recepção e o ambiente onde são estocados os materiais. Em relação à mão-de-obra, existem 6 funcionários que compõem o quadro efetivo (4 assistentes administrativos, 1 auxiliar administrativo e 1 motorista) e 9 colaboradores terceirizados (6 trabalham na separação dos produtos e 3 no recebimento). Para entregar os produtos solicitados, o setor dispõe de dois veículos. O armazenamento dos materiais é feito em “estantes” (existe um total de 110 estantes que possuem três níveis (térreo, 1º andar, 2º andar)). Para materiais mais leves, os produtos são alocados em estrutura de base metálica, já para produtos mais pesados, utiliza a estrutura do palets. Em relação à solicitação dos itens, as unidades da organização fazem as requisições dos materiais via sistema eletrônico de acordo com a necessidade entre os dias 1° e 20° de cada mês. Esses itens são classificados no sistema de informação utilizado pelo órgão de acordo com sua origem/natureza em grupos com numerações específicas, sendo contemplados pelo almoxarifado itens de pelo menos 10 destes grupos. As requisições são enviadas para a secretaria do almoxarifado e passam pela aprovação ou não do diretor, que analisa os pedidos de acordo com os níveis de estoque do produto solicitado versus as quantidades pedidas. Sendo autorizado pela diretoria, a requisição é repassada para o almoxarifado e o gestor realiza a separação dos materiais. Porém, se os níveis de estoque não cobrirem o pedido realizado, ele não é autorizado e o cliente solicitante é comunicado. Para os pedidos autorizados, a separação dos materiais é feita manualmente, sem uso de tecnologias de controle de estoque/informação, apenas com o auxílio de patinhas. Ao final de cada separação, estes pedidos são deixados em um espaço destinado aos produtos que aguardam pela expedição, identificados com “placas” que informam o destino de cada pedido até que ele seja retirado pelo centro solicitante ou até que seja expedido pelo próprio almoxarifado. Os produtos podem permanecer nas instalações do almoxarifado por até 3 dias. Além dos pedidos de expedição, são recebidos também alguns materiais de trânsito, que usam o almoxarifado central somente como veículo de entrega ao seu destino final. Esses materiais ficam armazenados em média de uma semana. A roteirização para a distribuição dos materiais nos destinos finais é definida pelos próprios funcionários com o auxílio de um mapa que apresenta a localização dos locais. 6 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . Em relação às compras dos itens pelo almoxarifado, viu-se que os materiais são solicitados por meio de licitações entre duas ou mais empresas que ofertem o produto. Através de critérios como, por exemplo, o preço, escolhe-se a opção mais viável e é recebida uma amostra do produto. Se ele estiver condizente com as exigências do departamento, ele é adquirido, caso contrário opta-se pela segunda empresa consultada. Já em relação aos fornecedores destes produtos, existem representantes de todo o Brasil. No entanto, a programação do recebimento não está explicitamente estruturada, tendo sido relatado que mais de um fornecedor chega ao local ao mesmo tempo ocasionando, assim, a formação de filas de espera, já que a estrutura do almoxarifado tem somente uma doca para receber e expedir os produtos. 7. Diagnóstico da Situação logística Conhecendo um pouco mais a realidade do funcionamento do almoxarifado, foi possível analisar criticamente alguns quesitos e detectar as principais problemáticas referentes ao funcionamento adequado e ao cumprimento das atividades para as quais a unidade se propõe. 7.1. Principais Demandas A partir de uma análise observacional e por meio de conversas com os membros do setor, pode-se relacionar as principais demandas (Tabela 2): Tabela 2- Principais Demandas Quantidade Demanda Motivo Ferramentas Utilizadas Responsável 1 Ausência de endereçamento eletrônico dos produtos Controle manual do recebimento e saída dos produtos Ficha de preenchimento manual Funcionários do setor 2 Existência de somente uma doca para recebimento e expedição Prejudica o recebimento de materiais dos fornecedores e a expedição dos mesmos - Funcionários do setor Observação Este processo ocasiona o surgimento de falhas de controle das quantidades recebidas e retiradas, bem como erros de localização dos produtos e mudanças constantes nos endereços dos itens. Gera filas internas das cargas prontas para expedição e compromete a agilidade no atendimento de novos clientes e fornecedores 7 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . 3 Ocupação do espaço por materiais em trânsito Produtos que dão entrada no almoxarifado esperando autorização da diretoria até que chegue ao seu destino final - Funcionários do setor e diretoria 4 Identificação inadequada dos materiais para expedição Para separar as cargas por destino, são colocadas placas de identificação não padronizadas - Funcionários do setor Informações visuais sobre destino de entrega dos materiais A programação das entregas, bem como os eventos que são sediados pela organização e os principais centros de entrega são dispostos em um quadro branco na entrada do almoxarifado de maneira não tão clara. 5 Funcionários do setor - Caso estes produtos fossem diretamente enviados aos centros de destino, uma área considerável do almoxarifado seria desinterditada, conferindo melhor fluxo no processo de separação dos produtos. Este procedimento não assegura que os materiais não serão confundidos quanto ao local ao qual se destinam, já que a identificação não está claramente definida e são alocados nos palets lado a lado dentro do almoxarifado Preenchidas manualmente pelos funcionários, as informações não estão claramente definidas para pessoas externas ao processo, podendo visualmente ser melhorada. 7.2. Escolha da demanda a ser estudada Diante das demandas relacionadas acima, foi considerado para uma melhor análise, os pontos que além de ser consideravelmente crítico ao processo, fosse também passível de sugestões de melhoria. Para tanto, utilizou-se a matriz de GUT (Tabela 3) para fornecer uma melhor priorização das ações. Problemas 1 2 3 4 5 Tabela 3 – Matriz GUT GUT Gravidade Urgência Tendência 4 5 4 5 4 4 3 2 2 4 3 2 4 4 3 Total GxUxT 80 80 48 24 12 8 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . O problema considerado mais relevante foi a ausência de endereçamento eletrônico dos produtos. Apesar de a matriz indicar também ação urgente em relação à existência de uma única doca para recebimento e expedição, optou-se por escolher a opção que o permitisse sugestão de progresso de forma mais rápida. Nesse sentido, proposições de melhorias foram desenvolvidas com o intuito de reduzir as chances de erros nas movimentações do almoxarifado. Apesar do item 1 ter sido a demanda considerada mais crítica e passível de melhorias, foram também sugeridas ações de melhoramento em relação ao arranjo físico – contribuindo para a reorganização do layout de modo que sejam melhor realocados os materiais de trânsito –, à gestão visual, contribuindo para a explicitação dos destinos das cargas, bem como no tocante à identificação destas cargas, e ao treinamento dos funcionários do setor. 8. Sugestões de Melhoria e Intervenção 8.1. Arranjo Físico Para um melhor aproveitamento do espaço físico buscando a eficiência no manuseio, armazenagem e movimentação dos materiais é importante que esteja bem distribuído tanto no tocante ao espaço entre as “estantes” e sua localização no ambiente. Observou-se que o espaçamento entre parede e materiais empilhados não estavam de acordo com a NR 11Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais, item 11.3.3, que diz respeito ao espaçamento entre o material empilhado e as estruturas laterais do prédio, que devem ficar a uma distância de pelo menos 0,50m (cinquenta metros). Como proposta, sugere-se que a distância entre parede e material empilhado seja de no mínimo 0,5m. Outro aspecto observado foi o empilhamento de materiais em corredores. Segundo o item 11.3.4, da NR 11, a disposição da carga não deverá dificultar o trânsito, iluminação e o acesso às saídas de emergência. Verifica-se que em alguns corredores possuem alocação de materiais. Foi relatado que isso acontece devido à falta de espaço, o que dificulta a movimentação dos materiais. Entretanto, para que essa situação venha as ser reduzida ou eliminada é necessário que haja um planejamento no tocante a armazenagem dos materiais no espaço físico existente. 8.2. Endereçamento e Gestão Visual Mediante a inexistência de endereço fixo dos materiais elaborou-se sete etapas que proporcionarão um melhor aproveitamento do espaço físico do local. Na etapa um, é importante identificar todos os itens obsoletos existentes no local, em seguida fazer a 9 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . separação e posteriormente dar um destino final aos mesmos. Na etapa dois, deve-se quantificar os materiais pertencentes a cada grupo e em seguida calcular o volume que o mesmo ocupa. Como a maioria dos materiais são guardados em caixas, esse calculo é realizado pela multiplicação entre seu comprimento, altura e largura. Entretanto, existem alguns itens que chegam em peças cilíndricas. Nesse caso, mede-se o diâmetro da base circular, o comprimento e utiliza a fórmula πr².comprimento para definir o volume do objeto. A partir desses dados é possível dimensionar o espaço que será ocupado por cada grupo de item. A terceira etapa é composta pela identificação dos materiais que possuem uma alta rotatividade, para que os mesmo fiquem dispostos o mais próximo a expedição, facilitando o manuseio dos mesmos. Para tanto, é necessário fazer a classificação dos itens. Isso pode ser possível por meio da classificação ABC, no qual, os produtos com maior giro receberiam etiqueta com a letra A, os que tem giro intermediário receberiam etiqueta B e os que possuem menor saída seriam etiquetados com a letra C. Como beneficio, esse procedimento reduziria o número de viagens entre as áreas de estocagem e expedição, minimização do “congestionamento” do trânsito interno, melhor aproveitamento da mão de obra, pois, haverá um menor desgaste físico dos mesmo. Na quinta etapa, será feito a disposição dos materiais de forma que o ambiente seja dividido em quatro áreas distintas (Figura 3) e para indicar essa localização, a área do almoxarifado pode ser dividida em quatro cores: 10 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . Figure 3 - Proposta de Classificação das Áreas Na fase seis, para facilitar a identificação dos materiais dentro do almoxarifado sugere-se uma identificação dos corredores e codificação nas prateleiras. A Figura 4 apresenta o modelo da identificação das ruas. Figure 4 - Proposta de Classificação dos Corredores 11 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . Na fase sete, propõe-se uma codificação para as prateleiras (Tabela 4), com o objetivo de facilitar a localização dos materiais no almoxarifado. Os blocos serão classificados por número, de 1 a 110 - total de estantes existes no local, os prédio estariam de acordo com as ruas, ou seja, na rua A o prédio seria classificado como prédio A, na rua B o prédio seria classificado como B1 de um lado e B2 do outro, e assim por diante e o andar será definido como térreo, 1º andar e 2º andar. Tabela 4 - Ficha de Localização dos Materiais Prédio A Código do Grupo Especificação: Gênero de Bloco Alimentação XXXX Açúcar Cristal Superior 1 XXXX0000001 1kg Barra de Cereal Sabor 3 XXXX00000002 Brigadeiro 25g Chá de Erva Cidreira 10g 4 XXXX0000003 Chá de Maçã 18g 5 XXXX00000004 Andar Térreo 1º Andar 1º Andar 1º Andar Para melhor visualização quando for separar os materiais, sugere que no momento em que for preenchida a ficha de localização dos materiais, a especificação seja feita em ordem alfabética. Além disso, para identificar os materiais em transição e expedição pode ser feito uma etiqueta que possibilite identificar os locais de destino dos produtos (Figura 5). Figura 5 - Locais para Fixação da Etiqueta 8.3. Informatização do Endereçamento Com o objetivo de permitir o controle simples da entrada e saída de mercadorias e manter o registro da localização de cada item sugere-se a utilização de uma planilha eletrônica (Figure 6). 12 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . Figure 6 - Planilha Eletrônica 8.4. Treinamento dos Funcionários Para a realização dos treinamentos, sugerem-se as seguintes ações: - Realizar o treinamento no período do mês em que as atividades realizadas possuem menor volume; - O período da formação deve ser estruturado segundo o planejamento estratégico da organização e do perfil dos servidores que participarão; - Considerar as alterações na tecnologia e nos processos de trabalho; - Realizar de palestras de ensino do novo método de estocagem, que deveram acontecer com pequenos grupos de funcionários; - Desenvolver um programa de treinamento à distância, como forma complementar ao ciclo de palestras; - Formar multiplicadores do conhecimento, no qual repetirão o conhecimento adquirido para os seus colegas. 9. Considerações Finais É perceptível a importância do gerenciamento dos materiais para continuidade da organização no mercado. Diante da dinamicidade do mercado as empresas buscam cada vez mais métodos e ferramentas que possibilitem realizar suas atividade com o máximo de eficiência. Nesse contexto, percebe-se a importância do gerenciamento dos materiais dentro da cadeia logística de uma organização como estratégia para reduzir desperdício de tempo e custos, minimizar o desgaste humano, aumentar a qualidade do serviço prestado e consequentemente elevar a satisfação do cliente. Dessa forma, a partir da análise realizada no objeto de estudo foi possível identificar possíveis gargalos que pudessem comprometer a ineficiência do serviço prestado e com o auxilio matriz 13 XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. . de priorização GUT identificar a demanda que seria objeto de estudo. Como resultado, desenvolveu algumas propostas de melhoria no tocante ao arranjo físico, endereçamento, gestão visual, informatização do endereçamento e o treinamento dos funcionários para manipular de modo eficiente as ferramentas que viessem a ser adotadas. Assim, com as sugestões propostas espera-se que a unidade possa usufruir desses métodos simples, mas que podem auxiliar de forma positiva no gerenciamento do estoque. 10. Referências BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2004. Disponível em: <http://www.equipamentodeprotecaoindividual.com/pdf/nr-11.pdf>. Acesso em: 26 abril 2016. CRESWELL, John. W. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. 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