AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM

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AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA DOS
RESPIRADORES ORAIS E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Denise MARX, [email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO
Thaís de Sá GOMES, [email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO
A qualidade da educação é uma preocupação demonstrada por muitos
pesquisadores da área educacional e constitui um dos maiores desafios para a
educação. Nos últimos anos têm surgido muitos movimentos em prol da educação
inclusiva, os quais objetivam construir um ensino de qualidade a todos. No entanto,
apesar de a política inclusiva estar voltada para a educação de todos, a Educação
Especial ainda não está conseguindo atender à diversidade lingüística, sensorial,
cognitiva, física, emocional, étnica e socioeconômica da comunidade escolar. Visto
que, as ações governamentais estão concentradas no atendimento de escolares
com deficiências, condutas típicas de síndromes, quadros neurológicos e
psicológicos e altas habilidades/superdotação. Crianças com dificuldades de
aprendizagem decorrentes de fatores orgânicos, como, por exemplo, da dislexia do
desenvolvimento, do distúrbio no processamento auditivo central e da respiração
oral continuam sem receber atendimento voltado para suas necessidades
educacionais especiais. Diante disso, as dificuldades escolares dos alunos
respiradores orais é tema desse trabalho e o objetivo do estudo consiste em
proporcionar conhecimentos e informações ao professor, enquanto mediador do
processo de ensino-aprendizagem, sobre as conseqüências da respiração oral na
aprendizagem da Matemática e a formação de professores para o ensino da
matemática. Este trabalho consiste em um estudo de revisão bibliográfica sobre as
dificuldades de aprendizagem do aluno respirador oral, bem como, sobre os
aspectos epistemológicos a respeito da construção do conhecimento lógicomatemático pelas crianças. A respiração oral é um fator orgânico que pode
prejudicar o desempenho escolar. A mudança do padrão respiratório, de nasal para
oral, ocorre quando uma doença, como, por exemplo, a hipertrofia das tonsilas
faríngeas (ou hipertrofia das adenóides), a hipertrofia das tonsilas palatinas, a rinite,
a sinusite ou o desvio de septo obstrui a passagem do ar pelas vias aéreas
superiores. Ao longo do tempo, a respiração oral prejudica o desenvolvimento
infantil, pois compromete o crescimento crânio-facial, a oclusão dentária, a postura
corporal, a alimentação, a qualidade do sono e o desempenho escolar (CARVALHO,
1998; KOHLER; KOHLER; KOHLER, 1995). Desde o século XIX, os médicos
apontam uma relação entre respiração oral e dificuldades de aprendizagem
(SPAHIS, 1994). Isto porque o volume de oxigênio inalado pela cavidade oral é
menor do que quando inspiramos o ar pelo nariz, o que diminui a concentração de
oxigênio e dificulta a eliminação do gás carbônico no sangue. A hipoxia interfere na
saúde geral, na qualidade de vida, na concentração e, como conseqüência, no
aproveitamento escolar (ABREU; MORALES; BALLO, 2003). No entanto, os estudos
sobre os problemas de aprendizagem dos alunos respiradores orais começaram a
despertar, recentemente, a atenção dos profissionais da área de educação. Outros
pesquisadores, como Godoy (2003), Leal (2004) e Silva (2005) constataram a
associação entre dificuldades de aprendizagem e respiração oral. Alunos de 3ª série
do Ensino Fundamental, também de Maringá – PR, com respiração oral decorrente
de hipertrofia das adenóides apresentaram, em relação aos alunos com respiração
nasal, atraso na escrita sublexical (fonológica), na aritmética e na cópia de texto.
Enquanto que, alunos com respiração oral em função de rinite alérgica,
apresentaram dificuldade escolar somente na escrita sublexical e na cópia de texto.
Essas pesquisas demosntraram, ainda, desempenho escolar semelhante entre
alunos respiradores orais e nasais. O que se observa no ensino da matemática é
que a escola ainda ensina a criança, respiradora oral ou nasal, a realizar as
operações aritméticas de forma mecânica. Alguns professores ainda ensinam
algoritmos ao invés de desenvolver os conceitos de adição, de subtração, de
multiplicação e de divisão em seus alunos. Para os pesquisadores, o que deve ser
enfatizado é o raciocínio dos alunos e as estratégias mentais que eles elaboram ao
resolver uma operação. As pesquisas alertam que o uso do algoritmo “desensina” o
valor posicional e dificulta o desenvolvimento do senso numérico. Os resultados do
ensino tradicional da matemática podem ser observados no desempenho dos alunos
respiradores orais, quanto no dos escolares avaliados em 2005 pelo Saeb, que
demonstraram que os escolares de 4ª série do Ensino Fundamental acertaram
somente 46% da prova de português e 43% da prova de matemática (BRASIL,
2007). O conhecimento acerca de como a criança constrói o conceito de número é
fundamental para que os educadores possam planejar a sua intervenção
pedagógica com estratégias e atividades que favoreçam esta construção. a escola
deve estar disposta a transformar-se, para atender as necessidades educacionais
específicas de seus alunos, uma vez que a escola inclusiva é aquela que permite o
acesso ao conhecimento, proporcionando um ensino significativo a todos. Porém,
essa transformação dos sistemas educacionais, embora todos os esforços, não está
acontecendo como objetivo de garantir a aprendizagem de todos os alunos, pois
escolares com dificuldades de aprendizagem decorrentes de fatores orgânicos,
como por exemplo, a respiração oral, não têm recebido o atendimento adequado.
Referências
ABREU, A. C. B.; MORALES, D. A.; BALLO, M. B. J. F. A respiração oral influencia o
rendimento escolar? Revista CEFAC, v. 5, p. 69-73, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Programa
educação inclusiva: direito à diversidade. Documento orientador 2006. Brasília, DF,
2006a. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seesp/index.php?option=content
&task=view&id=67&Itemid= 196> Acesso em: 20 nov. 2007.
CARVALHO, G. D. de. Síndrome do respirador bucal: abordagem ortodôntica. IN:
SIH, T. (Coord.). Otorrinolaringologia pediátrica. Rio de Janeiro: Revinter, 1998. p.
54-58.
GODOY, M. A. B. Problemas de aprendizagem e de atenção em alunos com
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Educação) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2003.
KOHLER, N. R. W.; KOHLER, G. I.; KOHLER, J. F. W. Anomalias morfofuncionais da
face: uma introdução à visão etiológica e terapêutica multidisciplinar. In:
MARCHESAN, I. Q.; BOLAFFI, C.; GOMES, I. C. D. Tópicos em fonoaudiologia.
Curitiba: Lovise, 1995. v.2, p. 93-127.
LEAL, L. D. A hipertrofia das tonsilas faríngeas e suas repercussões na atenção
e na aprendizagem escolar. 2004. 77f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2004.
SILVA, M. D. dos S. Problemas de aprendizagem em escolares com rinite
alérgica. 2005. 104f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual
de Maringá, Maringá, 2005.
SPAHIS, J. Sleepless nights: obstructive sleep apnea in the pediatric patient.
Pediatric Nursing, v. 20, n. 5, p. 469-472, 1994.
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