Abr./2012 N.º 39 EM RAMALDE A Palavra PÁSCOA quer dizer PASSAGEM. Celebrar bem a Páscoa é revestirmo-nos de encanto e beleza, dignidade e espiritualidade, alegria e felicidade, para que a Civilização do Amor aconteça em nós e passe de mera miragem à mais extraordinária e feliz das realidades. Celebrar a Páscoa é percorrer o finito homem nas estradas do infinito Deus, é arrancar ao sono letárgico a dinâmica para uma renovada esperança e uma vida nova, é contribuir para que o destino da gente seja um destino decente. Esta marcha para a plena libertação e realização do ser humano, esta passagem da morte à vida, esta configuração do homem a Cristo e esta conformação do humano ao divino, não é fácil nem é cómoda: pressupõe horizontes de salvação como fim, vontade e muito trabalho como meios. Mas será a única forma de não nos vilipendiarmos e de não tornarmos inútil o mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Que nesta Páscoa 2012 passemos, com Cristo e pela sua graça, Da crise económica para que nos empurraram, à sua superação que urge e ansiamos; Desejo a todos os estimados Paroquianos esta VIDA NOVA e uma SANTA PÁSCOA O Pároco Da corrupção que grassa, à seriedade que é graça; Da demagogia que tolhe, à verdade que liberta; Do egoísmo que corrói, ao amor que constrói; Do comodismo que é letargia, ao compromisso que faz a diferença; Da tristeza que nos abate, à alegria que nos renova; Do secularismo que é militante, à fé que é dom; Do pessimismo que nos prostra, ao optimismo que nos acalenta; Do mal que ainda existe, ao bem que sempre tem de subsistir; Para que todos tenham vida e a tenham em plenitude! 1 B O L E T I M I N F O R M A T I V O D A P A R Ó Q U I A D E R A M A L D E QUESTÕES SOCIAIS É por isso que tem tantas Missões em Moçambique e no mundo. Posso dizer que, de tudo o que me foi dado viver nestes 17 dias, o que mais gostei foi ter visitado tantas das incontáveis Missões que existem em Moçambique. E o que mais me impressionou foi poder ser fiel testemunha do quanto os Missionários que trabalham naquela terra contribuem, com grande criatividade e infinita generosidade, para as soluções necessárias ao desenvolvimento deste país e para a felicidade das suas gentes. Os Missionários fazem seus os sofrimentos de tantos desgraçados, ficando muitas vezes eles a gemer para que fique aliviado quem sofre. Não conseguem divorciar-se da compaixão, porque Deus que lha deu por companheira. O segredo de um mundo melhor está escondido nos corpos frágeis e nos corações generosos dos Missionários e neles está aberto o tesouro de uma vida mais feliz para tantos Moçambicanos, porque eles são a mais bonita expressão do Amor de Deus por todos. São eles que aglutinam os mais consistentes esforços para fazer sair o povo do marasmo e atonia de uma pobreza endémica que tem funestas consequências e fazem-no sempre com uma competência, humildade e generosidade que chegam a ser comovedoras. É por isso que lhes presto, aqui, justa homenagem. Quem chega a Moçambique penetra num mundo de multiplicadas traições à dignidade humana, constata ainda a inconsistência das políticas, vê corpos e espíritos com cicatrizes, apercebe-se de dramas, escuta gemidos abafados, repara em anseios esmagados. Mas quem vai a Moçambique atraca também num cais de mistérios, mergulha numa beleza rara e indizível, veste-se de paisagens ímpares e irretratáveis, repara numa modernidade acelerada e abraça um povo que é querido e que tem tatuada na mente a palavra esperança! Depois, quando temos de soltar amarras e de lá partir, vestimo-nos como que de uma paixão secreta e levamos os olhos impregnados de benévolas memórias. Ramalde em Moçambique Quando fui desafiado para uma aventura missionária de 17 dias em Moçambique, estava longe de imaginar a estupefacção que esta terra, de raras belezas e múltiplos encantos, causaria em mim e na “troika” dos oito com quem tive a graça viajar. Ainda a madrugada acordava o sol, quando raspamos turbulentamente a pista de Maputo e paramos, como que atónitos, nos braços longos de tão grande país. Para mim era a primeira vez que me entregava, confiante e feliz, ao colo daquela Pátria Moçambicana, irmã de Portugal. Saídos do aeroporto, precipitamo-nos para o centro de Maputo que se vestia, vaidosamente, de uma modernidade que me surpreendeu, embora mostrasse, ainda, algumas “tatuagens” das feridas do passado e evidenciasse alguma “confusão organizada”. Mais do que os edifícios, admirei a amável e apaziguada gente que se expunha a um sol que parecia um borralho que calcinava a pele pousei o meu olhar naqueles rostos onde vi pendurado um sorriso cristalino que, logo reparei, não era postiço, mas também onde se camuflavam dores abafadas. Sofro sempre, nas minhas incursões por África, quando vejo gente com o corpo nu da dignidade que lhe roubaram, gente com o estômago vazio do alimento que lhe era merecido, gente com a cabeça despojada da cultura que nunca lhe possibilitaram, gente com o coração saqueado do amor que sempre lhe negaram. Vi gente assim nos hospitais que visitei, nos orfanatos por onde passei, nas escolas onde parei, nas Missões onde fiquei, no país que atravessei. O sofrimento dos inocentes é uma voz abafada que deveria ter eco, ao longe e ao perto, mas que vai morrendo, estrangulada, nos braços da indiferença de tantos que tornam surdos os ouvidos, insensíveis os corações e branqueada a consciência, não se preocupando com o mar de desespero em que tantos naufragam. Que não dá, a gente compadecer-se de mais, já eu o sabia, mas também não podemos passar indiferentes à endócrina pobreza em África e ao sofrimento que aqui montou tenda. Quem a isto nunca pode ficar indiferente nem alheia é a Igreja Católica. Quando o tempo da minha visita a Moçambique se esgotou e se me impôs o regresso a casa, senti, como que assolapada, a vontade de um dia lá voltar. Será quando Deus quiser. Para que se CUMPRA A MISSÃO! Pe Almiro Mendes 2 CORREIO DO LEITOR O nosso tempo. Era do vazio. Não sei o que é que o tempo é e, francamente, pouco me importa. Sinto, contudo, que eu, tu e os demais somos tempo que o tempo tem. Não sei o que é que o tempo é: se conceito filosófico, se abstracção científica, mas por tal não saber, não sinto incómodo, mas pressinto que na ausência de gente, queda-se o mundo sem tempo. E neste não saber o que é que o tempo é,guardo a ideia que o tempo somos nós e nós o que dele fazemos. Finda a existência, fica o tempo sem tempo. Mas para quem crê ser o homem mais que simples matéria, ganha-se a eternidade que, por não ter princípio nem fim, lhe nega a própria existência. O tempo é o que somos e o que fazemos, aqui, agora, neste momento ou, dito de outro jeito, é a forma como moldamos o tempo que o tempo tem. Hoje, neste instante preciso, sabemos o que se passa aqui, e além, e lá longe do outro lado do mundo, lá onde nunca estivemos. Vemos em tempo real, entre sobremesa e café, uma guerra em directo, catástrofes naturais, execuções, crianças que morrem de fome, tudo à mistura com promoções de viagens, comida para animais e um universo de coisas de que não precisamos, mas que temos necessidade de ter para encher o vazio que neste momento tem o tempo que o tempo tem. E que sentimos? Indignamo-nos, criticamos, reagimos? Alguns sim, mas poucos; em geral muda-se de canal. Construímos o tempo que o tempo tem no ter, no fazer, numa racionalidade fria, contabilística em que tudo se vende, até mesmo a nossa existência, já que tempo é dinheiro. Mas agora, e porque sabemos o que a todo o momento se passa, perdemos o direito à desculpa, porque ao saber e nada fazer é-se conivente, culpado, comete-se um crime viola-se a lei de Deus e a dos homens. Acredito que o que de mal fazemos tenha desculpa, mas fica-me a dúvida e a angústia se, mesmo na infinda bondade do Criador, haja perdão para tanta omissão. É tempo então de mudar, de perceber que grande parte dos males dos homens existem não por actos individuais ou colectivos, mas sim pela sua ausência. É tempo de condenar que se mate ou se deixe morrer, mesmo que em nome de falsas liberdades ou de democracias subservientes a sociedades anónimas. É tempo de recuperar a alma para se voltar a sentir o tempo, os outros, o que nos rodeia, para voltar a ser o tempo que o tempo tem. É tempo de escutar o poeta e acreditar que tudo vale a pena, se a alma não for pequena. Nesta consciência de ser parte do 3 tempo que o tempo tem e na pequenez do meu pensar, atrevo-me e recuso existir porque penso e grito para que se oiça que existo porque sinto. Palavras, leva-as o vento, diz o povo. Mas em tempos que o tempo teve houve sempre quem desse sentido ao tempo. Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus, aquando da 2ª Guerra Mundial ao ser questionado por um amigo porque arriscava o seu futuro a salvar judeus, sendo ele cristão, respondeu: precisamente porque o sou. Paulo Telles de Lemos A S A C R A M E N T A L I D A D E No número anterior do Caminho, começamos a apresentar algumas generalidades a respeito do tema em epígrafe. Aí tivemos ocasião de afirmar que a Sacramentalidade da Família Cristã, (aquela que assenta no matrimónio canónico), está intimamente ligada com a indissolubilidade do próprio matrimónio que lhe dá origem. Falamos também no projecto inicial de DEUS sobre o matrimónio e a família e na importância do nosso corpo nesse projecto. Vamos agora, avançando um pouco mais, falar da Sacramentalidade do Corpo nesse projecto, para melhor compreendermos o sentido e o alcance da Sacramentalidade da Família Cristã, na qual o Corpo dos cônjuges se integra e também o real valor que o Corpo adquire dentro do projecto inicial do Criador para o matrimónio e Família. Quando, um dia, alguns fariseus perguntaram a Jesus, para o tentarem, se era licito ao marido divorciar-se da mulher infiel, tal como Moisés tinha permitido, (Mc 10,2) Jesus respondeu-lhes que no tempo de Moisés isso foi assim, por causa da “dureza do coração” humano mas, no inicio da criação, não era assim. Era diferente. Como era então? Como era, inicialmente o projecto do Criador a tal respeito? Como é sabido, perdoem-nos a repetição, no princípio DEUS criou o Homem à Sua imagem e semelhança (Gn 1,24-31); Criou o homem e mulher, concedendo-lhes a graça da fecundidade e o poder de dominar sobre a terra, sobre todos os animais e sobre todas as plantas que nela existem. A expressão “ imagem e semelhança” não tem, no contexto bíblico, apenas o significado de similitude ou de parecença; significa isso, sim, mas envolve também a ideia de representação, o que quer dizer que DEUS, ao colocar a “ sua imagem e semelhança” a dominar sobre a Terra, indicou ao Homem que ele deve exercer o seu domínio, em representação do Criador, tornando a Terra fecunda e recriando-a, como ele e a mulher são fecundos e participantes na obra da Criação. Esta fecundidade, porém não foi concedida pelo Criador ao homem e à mulher, enquanto dois seres incompletos um sem o outro. No seu projecto inicial, DEUS concedeu essa Graça a ambos actuando em mútua e recíproca polaridade, para a missão de encher a Terra, povoando-a e assim suprir os estragos causados pela morte. Nesse sentido e para este efeito, refere a descrição bíblica, que a mulher foi criada como auxiliar do Homem, porque não era conveniente que o Homem estivesse só. Foi, por isso, criada como semelhante e complementar do Homem, na missão de conservar a espécie humana. Isto significa que o Homem, só através da mulher, recupera a sua identidade plena e completa, como Ser humano, tanto na Alma como no Corpo. Por isso só através da união numa só carne, o homem e a mulher são fecundos. Por outras palavras, o Ser humano só se concretiza verdadeiramente, como tal, no encontro do homem com a mulher projectado para a reciprocidade e para a formação de uma só carne. Daí que, dentro do projecto inicial do Criador, a harmonia e o equilíbrio do Ser humano só se alcancem e se exprimam dentro do reconhecimento mútuo da complementaridade dos dois corpos diferentes que se apreciam na sua beleza e se respeitam no próprio valor de cada um para a sua complementaridade. Dentro do plano originário da Criação não há, por isso, necessidade de esconder a nudez do corpo porque o outro o não vê com olhos egoístas, nem o usa, ou procura como um objecto de posse ou de prazer. Os nossos primeiros Pais não davam conta da sua nudez. O olhar do outro sobre o corpo era um olhar de doação e de amor, que não repara no nu, mas que o respeita e lhe reconhece o seu valor e beleza dentro da relação de amor. Diante do corpo da mulher, Adão reconhece-a e respeita-a como “carne da minha carne e osso dos meus ossos”. Vê nela um ser sujeito às mesmas condições e circunstâncias que ele tem diante de si e, como ele está sujeito à debilidade da carne e à rijeza e força dos ossos. Um corpo Igualmente exposto à doença e à saúde, às alegrias e tristezas, à abundância e à escassez que veio auxiliá-lo na sua missão de crescer e de se multiplicar. (Gn 1,28). E o texto bíblico (Gn1,24) continua, acrescentando: “por isso o homem deixará pai e mãe para se unir a sua mulher” e os dois formarão uma só carne. Este trecho do Génesis, não deixa de causar uma certa estranheza, a quem o lê, porquanto, numa sociedade considerada patriarcal, como era ao tempo da sua redacção, deveria ser a mulher a deixar pai e mãe para se juntar ao seu marido. No entanto a discrição bíblica é exactamente ao contrário: é o homem que deixa tudo para se unir a sua mulher. Só que os termos usados na Bíblia para traduzir esta união não apontam para uma união passageira ou ocasional. O termo “dabag” usado, no texto do Génesis, para exprimir tal realidade corresponde à nossa palavra “soldadura” que une mas fundindo duas peças , numa só indestrutível. A união do homem e da mulher era assim uma união definitiva de dois corpos, para formação de uma unidade de duas pessoas, de duas histórias, de dois destinos, ou seja de uma unidade, como que ontológica. Por isso, dever ser o homem a deixar tudo para se unir à sua mulher. Esta unidade envolve pois uma aliança, onde a responsabilidade e a fidelidade conjugal suplantam a obediência e a fidelidade patriarcal, aos progenitores. 4 D A F A M I L I A C R I S T Ã I I Esta união “numa só carne” não se referia apenas à união sexual, em ordem à fecundidade, é uma união de corpos que ultrapassa o mero aspecto instintivo, animalesco, para se tornar numa união de todas as energias do Ser humano em ordem à constituição e ao desenvolvimento de um só principio de vida. O projecto originário do Criador envolvia, assim, uma autêntica revolução da união do homem e da mulher, apontando já para um autêntico matrimónio, onde não faltava já o aspecto “sagrado” através da doação dos corpos do homem e da mulher, que passam a revestir-se de “Sacramentalidade” tendo em vista os fins e os destinos da união, realizada sob os auspícios de DEUS. Trata-se de união onde desponta já também um outro aspecto ou propriedade muito importante da união matrimonial: a sua unidade ou exclusividade. Com efeito, em face das características e das propriedades dessa união o homem e a mulher, unindo-se, fundem os corpos em doação total e em comunhão de vidas, de histórias e de destinos, não havendo, por isso, lugar a bigamias ou abertura a terceiras pessoas. É uma vida a dois para sempre. Assim se vê que, no princípio, as coisas eram bem diferentes daquilo que se passava no tempo de Moisés, quando a perversão dos corações humanos passou a justificar o repúdio da mulher infiel. Era exactamente dessa união, projectada pelo Criador, que Jesus falava quando dizia aos fariseus, que, no princípio, não era assim. Pois bem. Esta união total e exclusiva que DEUS projectou para a conservação da espécie desfez-se após a queda do Homem. Depois do encontro de Eva com a serpente, o Corpo do homem e da mulher mostrou-se nu aos olhos de cada um, agora carregados de malícia e de concupiscência e como tal, tornouse objecto de egoísmo, de prazer, de posse e da exploração. Ao serem chamados por DEUS, que procura o casal, em nome da Aliança, estabelecida, ambos se escondem, envergonhados, porque viram que estavam nus. Os seus corpos deixaram de estar totalmente ao serviço do Amor e da dádiva onde tinham nascido, para passar a estar sujeitos às consequências do pecado e escravos da morte. Apesar de ofendido, DEUS não amaldiçoa o homem e a mulher embora os condene pelo mal cometido. Fiel à Sua promessa, DEUS continua a manter de pé a Aliança e a reconhecer o homem e a mulher como filhos, conservando-os como fonte da vida e seus colaboradores na obra da Criação, através da fecundidade e da responsabilidade pela manutenção da espécie humana. Este projecto de Família e de “matrimónio” que o Génesis nos oferece, se o procurarmos encontrar ao longo do Antigo Testamento, facilmente concluímos que não passa de uma mera idealização. Em toda a história do povo bíblico, até ao aparecimento de Cristo, não se encontra um único casal que tenha concretizado esse ideal, isto é, que tenha existido um homem e uma mulher que tenham sido “uma só carne” em toda a sua vida. Que tenham vivido plenamente o seu erotismo ao serviço da ternura e do Amor como dádiva. A união projectada por DEUS no princípio não era realmente uma estrutura meramente humana como aquela que veio a revelar-se ao longo do Antigo Testamento e por vezes verberada pelos profetas. Era, como é, obra de DEUS e por isso uma realidade “sagrada”, um sacramento virado para o amor e para a manutenção da Criação, preservando-a contra os malefícios do pecado e da morte. É certo que o pecado original veio desconfigurar o projecto e a ordem inicial, destruindo a igualdade e a reciprocidade do homem e da mulher, transformando essa harmonia em prepotência e subjugação, destruindo a Sacramentalidade e a importância vital do Corpo humano nessa projecto. Por isso o Corpo humano principalmente o da mulher foi reduzido a objecto de posse e de prazer. O corpo humano perdeu a sua Sacramentalidade, deixou de ser o sacrário do Amor e das virtudes da Alma, para se perder no lodaçal do vício e das misérias físicas e morais da humanidade. É esse primitivo projecto de DEUS que Cristo e a sua Igreja pretendem restaurar através da repristinação da união conjugal primitiva e da Sacramentalidade do Corpo restaurando-lhes aquelas qualidades e aquele significado que ele tinha no princípio. Numa palavra, repôr a Família assente na mútua reciprocidade do homem e da mulher e no mutuo reconhecimento de ambos terem sido chamados ao Amor e à comunhão indissolúvel porque protagonizada por DEUS. Como foi e está a ser concretizada essa repristinação? Será este o objecto que iremos desenvolver na nossa próxima intervenção, no Caminho que terá por tema, a Sacramentalidade do Matrimónio. Até lá os nossos mais sinceros e amigos votos de uma Páscoa muito feliz e verdadeiramente renovadora. Abilio Aranha 5 REPÓR TER DA HISTÓRIA Não abunda o tempo desde o Natal até agora, mas, mesmo assim, foram muitos os acontecimentos e várias as actividades que marcaram o ritmo da vida da nossa Paróquia. O “Repórter da História” selecionou apenas alguns para que continuemos a ganhar o futuro fazendo memória do passado. Festa carnaval Festa carnaval Festa carnaval 6 Festa carnaval Festa carnaval ese Festa da catequ Festa da catequ ese Festa da catequ ese Festa Escuteiros Festa Escuteiros Homenagem ao Padre Jaquite 7 Festa da catequ ese Padre Homenagem ao Jaquite No passado dia 26 de Fevereiro aconteceu a ordenação diaconal de Márcio Orlando Lourenço Asseiro, da Congregação dos Padres Espiritanos e membro da comunidade da referida Congregação com sede na nossa Paróquia de Ramalde. O Márcio sempre colaborou nesta comunidade onde estagiou durante alguns anos. Foi pois com redobrada alegria que a nossa Paróquia acolheu a sua decisão de ser ordenado na nova igreja paroquial. A celebração foi presidida por Sua Exa Revma Sr. D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto, que pela primeira vez visitava a nossa Paróquia. Nela participaram os pais , familiares e amigos do ordinando e ainda muitos sacerdotes, membros da referida Congregação, o pároco de Reboreda, concelho de Vila Nova de Cerveira, terra natal do Márcio. Foi entusiasta a participação de muitos paroquianos de Ramalde, destacando-se os acólitos que exerceram a sua função com muito empenho e competência e o Grupo Coral Paroquial que animou a celebração com cânticos apropriados e da escolha do próprio Márcio, aliás colaborador do mesmo coro. No final da celebração foram ditas palavras circunstanciais proferidas pelo Pde Pedro, responsável da comunidade Espiritana, Pde Manuel , provincial da Congregação e ainda o diácono recém-ordenado. Finalmente o Sr. Pde Almiro agradecia a presença do Sr. D. Pio Alves oferecendo uma placa alusiva à nova Igreja paroquial e que recordará esta ordenação. Foi um domingo diferente que marcará a história da nossa paróquia porque, para já, foi uma celebração única nunca vivida por esta comunidade. Sugere esta ocorrência uma pequena reflexão sobre o Sacramento da Ordem. Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica: “ Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim enviou os seus Apóstolos, cheios do Espírito Santo… Deste modo, Cristo Ressuscitado, ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos confiou-lhes o seu poder santificador e eles tornaram-se sinais sacramentais de Cristo. Pelo poder do mesmo Espírito Santo, eles passam este poder aos seus sucessores”( CIC nºs 1086 e 1087) O Sacramento da ordem está aqui definido. Mas este sacramento é conferido e exercido em três graus diferentes. Os fiéis chamados e escolhidos para servirem o Povo de Deus depois de consagrados pelo sacramento da ordem são: bispos, padres e diáconos. Os bispos e os padres tornam visível no meio da comunidade dos crentes a presença de Cristo como cabeça e fundamento da Igreja. Participam assim no mesmo e único sacerdócio de Jesus Cristo. O bispo, pela consagração episcopal recebe a plenitude do sacerdócio. Os padres, embora dependentes do bispo no exercício do próprio poder, estão a ele unidos na honra do sacerdócio e como ele consagrados à imagem de Cristo, sumo e eterno sacerdote. No terceiro grau do sacramento da ordem surgem os diáconos cuja consagração e ordenação é recebida em vista do sacerdócio para os que se destinam a ser padres ou em ordem ao serviço que os configura a Cristo servo, os chamados diáconos permanentes que, nesta situação, podem ser casados. Este diaconado permanente foi recuperado pelo concílio Vaticano II uma vez que tinha desaparecido por volta do século XIII e se manteve apenas o da primeira figura, isto é, grau do sacramento da ordem em vista do sacerdócio. Os diáconos permanentes são homens casados, viúvos ou solteiros com mais de 35 anos e que foram reconhecidos como idóneos para serem chamados e ordenados pela imposição das mãos do bispo , recebendo a missão de servir o povo de Deus na liturgia, na vida pastoral e nas obras sociais e caritativas. O Diácono permanente vai pois encontrar-se na vida comum, isto é, na vida profissional, na vida familiar como maridos e pais, na vida social, como sacramento e sinal da presença de Cristo, servidor de todos em cada lugar, em todos os lugares. “È inegável que, pela vivência do casal, da vida familiar, da inserção profissional, dos compromissos associativos, das relações sociais que isso implica, os diáconos estão na encruzilhada da vida das pessoas e da atenção que lhe oferece a autoridade pastoral” Alph. Borras Os diáconos devem ser o rosto próximo da Igreja, porque mais próximos das pessoas nas mais diversas situações que a vida profissional, familiar e social lhes oferece. Para isto lhes é exigida formação humana, espiritual, doutrinal e pastoral para que possam cumprir com competência o seu dever em nome de Cristo e da Igreja. Saudações fraternas, Santa e Feliz Páscoa. Diác. Freitas Soares BOLETIM INFORMATIVO DA PARÓQUIA DE RAMALDE Rua da Igreja 4100 Porto Tel. 22 617 5741 Director: PADRE ALMIRO MENDES Tiragem: 1200 exemplares Execução Gráfica: Tipografia 8 Lessa • Vermoim-Maia