Caminho DEZ 2012 - Paróquia de Ramalde

Propaganda
Abr./2012
N.º 39
EM RAMALDE
A Palavra PÁSCOA quer dizer PASSAGEM.
Celebrar bem a Páscoa é revestirmo-nos de encanto e beleza,
dignidade
e
espiritualidade,
alegria e felicidade, para que a
Civilização do Amor aconteça em
nós e passe de mera miragem à
mais extraordinária e feliz das realidades.
Celebrar a Páscoa é percorrer o
finito homem nas estradas do infinito Deus, é arrancar ao sono
letárgico a dinâmica para uma
renovada esperança e uma vida
nova, é contribuir para que o destino da gente seja um destino decente.
Esta marcha para a plena libertação e realização do ser humano,
esta passagem da morte à vida,
esta configuração do homem a
Cristo e esta conformação do humano ao divino, não é fácil nem
é cómoda: pressupõe horizontes
de salvação como fim, vontade e
muito trabalho como meios. Mas
será a única forma de não nos vilipendiarmos e de não tornarmos
inútil o mistério da paixão, morte
e ressurreição de Cristo.
Que nesta Páscoa 2012 passemos, com Cristo e pela sua graça,
Da crise económica para que nos empurraram, à sua superação que urge e ansiamos;
Desejo a todos os estimados Paroquianos esta VIDA NOVA e uma
SANTA PÁSCOA
O Pároco
Da corrupção que grassa, à seriedade que é graça;
Da demagogia que tolhe, à verdade que liberta;
Do egoísmo que corrói, ao amor que constrói;
Do comodismo que é letargia, ao compromisso que faz a diferença;
Da tristeza que nos abate, à alegria que nos renova;
Do secularismo que é militante, à fé que é dom;
Do pessimismo que nos prostra, ao optimismo que nos acalenta;
Do mal que ainda existe, ao bem que sempre tem de subsistir;
Para que todos tenham vida e a tenham em plenitude!
1
B
O
L
E
T
I
M
I
N
F
O
R
M
A
T
I
V
O
D
A
P
A
R
Ó
Q
U
I
A
D
E
R
A
M
A
L
D
E
QUESTÕES SOCIAIS
É por isso que tem tantas Missões em Moçambique e no
mundo.
Posso dizer que, de tudo o que me foi dado viver nestes 17
dias, o que mais gostei foi ter visitado tantas das incontáveis Missões que existem em Moçambique. E o que mais
me impressionou foi poder ser fiel testemunha do quanto
os Missionários que trabalham naquela terra contribuem,
com grande criatividade e infinita generosidade, para as
soluções necessárias ao desenvolvimento deste país e para
a felicidade das suas gentes.
Os Missionários fazem seus os sofrimentos de tantos desgraçados, ficando muitas vezes eles a gemer para que
fique aliviado quem sofre. Não conseguem divorciar-se da
compaixão, porque Deus que lha deu por companheira. O
segredo de um mundo melhor está escondido nos corpos
frágeis e nos corações generosos dos Missionários e neles
está aberto o tesouro de uma vida mais feliz para tantos
Moçambicanos, porque eles são a mais bonita expressão
do Amor de Deus por todos. São eles que aglutinam os
mais consistentes esforços para fazer sair o povo do marasmo e atonia de uma pobreza endémica que tem funestas
consequências e fazem-no sempre com uma competência,
humildade e generosidade que chegam a ser comovedoras.
É por isso que lhes presto, aqui, justa homenagem.
Quem chega a Moçambique penetra num mundo de multiplicadas traições à dignidade humana, constata ainda a
inconsistência das políticas, vê corpos e espíritos com cicatrizes, apercebe-se de dramas, escuta gemidos abafados,
repara em anseios esmagados. Mas quem vai a Moçambique atraca também num cais de mistérios, mergulha
numa beleza rara e indizível, veste-se de paisagens ímpares e irretratáveis, repara numa modernidade acelerada
e abraça um povo que é querido e que tem tatuada na
mente a palavra esperança!
Depois, quando temos de soltar amarras e de lá partir, vestimo-nos como que de uma paixão secreta e levamos os
olhos impregnados de benévolas memórias.
Ramalde em Moçambique
Quando fui desafiado para uma aventura missionária de 17
dias em Moçambique, estava longe de imaginar a estupefacção que esta terra, de raras belezas e múltiplos encantos, causaria em mim e na “troika” dos oito com quem tive
a graça viajar.
Ainda a madrugada acordava o sol, quando raspamos turbulentamente a pista de Maputo e paramos, como que atónitos, nos braços longos de tão grande país. Para mim era
a primeira vez que me entregava, confiante e feliz, ao colo
daquela Pátria Moçambicana, irmã de Portugal.
Saídos do aeroporto, precipitamo-nos para o centro de Maputo que se vestia, vaidosamente, de uma modernidade
que me surpreendeu, embora mostrasse, ainda, algumas
“tatuagens” das feridas do passado e evidenciasse alguma
“confusão organizada”.
Mais do que os edifícios, admirei a amável e apaziguada
gente que se expunha a um sol que parecia um borralho
que calcinava a pele pousei o meu olhar naqueles rostos
onde vi pendurado um sorriso cristalino que, logo reparei,
não era postiço, mas também onde se camuflavam dores
abafadas.
Sofro sempre, nas minhas incursões por África, quando
vejo gente com o corpo nu da dignidade que lhe roubaram,
gente com o estômago vazio do alimento que lhe era merecido, gente com a cabeça despojada da cultura que nunca
lhe possibilitaram, gente com o coração saqueado do amor
que sempre lhe negaram. Vi gente assim nos hospitais que
visitei, nos orfanatos por onde passei, nas escolas onde
parei, nas Missões onde fiquei, no país que atravessei.
O sofrimento dos inocentes é uma voz abafada que deveria
ter eco, ao longe e ao perto, mas que vai morrendo, estrangulada, nos braços da indiferença de tantos que tornam
surdos os ouvidos, insensíveis os corações e branqueada a
consciência, não se preocupando com o mar de desespero
em que tantos naufragam.
Que não dá, a gente compadecer-se de mais, já eu o sabia,
mas também não podemos passar indiferentes à endócrina
pobreza em África e ao sofrimento que aqui montou tenda.
Quem a isto nunca pode ficar indiferente nem alheia é a
Igreja Católica.
Quando o tempo da minha visita a Moçambique se esgotou
e se me impôs o regresso a casa, senti, como que assolapada, a vontade de um dia lá voltar.
Será quando Deus quiser.
Para que se CUMPRA A MISSÃO!
Pe Almiro Mendes
2
CORREIO DO LEITOR
O nosso tempo. Era do vazio.
Não sei o que é que o tempo é e,
francamente, pouco me importa.
Sinto, contudo, que eu, tu e os demais
somos tempo que o tempo tem.
Não sei o que é que o tempo é: se
conceito filosófico, se abstracção
científica, mas por tal não saber, não
sinto incómodo, mas pressinto que na
ausência de gente, queda-se o mundo
sem tempo.
E neste não saber o que é que o tempo
é,guardo a ideia que o tempo somos
nós e nós o que dele fazemos.
Finda a existência, fica o tempo sem
tempo. Mas para quem crê ser o
homem mais que simples matéria,
ganha-se a eternidade que, por não ter
princípio nem fim, lhe nega a própria
existência.
O tempo é o que somos e o que
fazemos, aqui, agora, neste momento
ou, dito de outro jeito, é a forma como
moldamos o tempo que o tempo tem.
Hoje, neste instante preciso, sabemos
o que se passa aqui, e além, e lá longe
do outro lado do mundo, lá onde nunca
estivemos.
Vemos em tempo real, entre sobremesa
e café, uma guerra em directo,
catástrofes
naturais,
execuções,
crianças que morrem de fome, tudo
à mistura com promoções de viagens,
comida para animais e um universo de
coisas de que não precisamos, mas
que temos necessidade de ter para
encher o vazio que neste momento
tem o tempo que o tempo tem.
E que sentimos? Indignamo-nos,
criticamos, reagimos?
Alguns sim, mas poucos; em geral
muda-se de canal.
Construímos o tempo que o tempo tem
no ter, no fazer, numa racionalidade
fria, contabilística em que tudo se
vende, até mesmo a nossa existência,
já que tempo é dinheiro.
Mas agora, e porque sabemos o que a
todo o momento se passa, perdemos
o direito à desculpa, porque ao saber
e nada fazer é-se conivente, culpado,
comete-se um crime viola-se a lei de
Deus e a dos homens.
Acredito que o que de mal fazemos
tenha desculpa, mas fica-me a dúvida
e a angústia se, mesmo na infinda
bondade do Criador, haja perdão para
tanta omissão.
É tempo então de mudar, de perceber
que grande parte dos males dos
homens existem não por actos
individuais ou colectivos, mas sim pela
sua ausência.
É tempo de condenar que se mate ou
se deixe morrer, mesmo que em nome
de falsas liberdades ou de democracias
subservientes a sociedades anónimas.
É tempo de recuperar a alma para se
voltar a sentir o tempo, os outros, o
que nos rodeia, para voltar a ser o
tempo que o tempo tem.
É tempo de escutar o poeta e acreditar
que tudo vale a pena, se a alma não
for pequena.
Nesta consciência de ser parte do
3
tempo que o tempo tem e na pequenez
do meu pensar, atrevo-me e recuso
existir porque penso e grito para que
se oiça que existo porque sinto.
Palavras, leva-as o vento, diz o povo.
Mas em tempos que o tempo teve
houve sempre quem desse sentido ao
tempo.
Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de
Portugal em Bordéus, aquando da 2ª
Guerra Mundial ao ser questionado
por um amigo porque arriscava o
seu futuro a salvar judeus, sendo ele
cristão, respondeu: precisamente
porque o sou.
Paulo Telles de Lemos
A
S A C R A M E N T A L I D A D E
No número anterior do Caminho, começamos a apresentar algumas generalidades a respeito do tema em epígrafe. Aí
tivemos ocasião de afirmar que a Sacramentalidade da Família Cristã, (aquela que assenta no matrimónio canónico), está
intimamente ligada com a indissolubilidade do próprio matrimónio que lhe dá origem.
Falamos também no projecto inicial de DEUS sobre o matrimónio e a família e na importância do nosso corpo nesse
projecto.
Vamos agora, avançando um pouco mais, falar da Sacramentalidade do Corpo nesse projecto, para melhor
compreendermos o sentido e o alcance da Sacramentalidade da Família Cristã, na qual o Corpo dos cônjuges se integra e
também o real valor que o Corpo adquire dentro do projecto inicial do Criador para o matrimónio e Família.
Quando, um dia, alguns fariseus perguntaram a Jesus, para o tentarem, se era licito ao marido divorciar-se da
mulher infiel, tal como Moisés tinha permitido, (Mc 10,2) Jesus respondeu-lhes que no tempo de Moisés isso foi assim, por
causa da “dureza do coração” humano mas, no inicio da criação, não era assim. Era diferente.
Como era então? Como era, inicialmente o projecto do Criador a tal respeito?
Como é sabido, perdoem-nos a repetição, no princípio DEUS criou o Homem à
Sua imagem e semelhança (Gn 1,24-31); Criou o homem e mulher, concedendo-lhes a
graça da fecundidade e o poder de dominar sobre a terra, sobre todos os animais e
sobre todas as plantas que nela existem.
A expressão “ imagem e semelhança” não tem, no contexto bíblico, apenas o
significado de similitude ou de parecença; significa isso, sim, mas envolve também
a ideia de representação, o que quer dizer que DEUS, ao colocar a “ sua imagem e
semelhança” a dominar sobre a Terra, indicou ao Homem que ele deve exercer o seu
domínio, em representação do Criador, tornando a Terra fecunda e recriando-a,
como ele e a mulher são fecundos e participantes na obra da Criação.
Esta fecundidade, porém não foi concedida pelo Criador ao homem e à mulher,
enquanto dois seres incompletos um sem o outro. No seu projecto inicial, DEUS concedeu essa Graça a ambos actuando em mútua e recíproca polaridade, para a missão de
encher a Terra, povoando-a e assim suprir os estragos causados pela morte.
Nesse sentido e para este efeito, refere a descrição bíblica, que a mulher foi
criada como auxiliar do Homem, porque não era conveniente que o Homem estivesse
só. Foi, por isso, criada como semelhante e complementar do Homem, na missão de
conservar a espécie humana.
Isto significa que o Homem, só através da mulher, recupera a sua identidade
plena e completa, como Ser humano, tanto na Alma como no Corpo.
Por isso só através da união numa só carne, o homem e a mulher são fecundos. Por outras palavras, o Ser humano só se concretiza verdadeiramente, como tal, no
encontro do homem com a mulher projectado para a reciprocidade e para a formação
de uma só carne.
Daí que, dentro do projecto inicial do Criador, a harmonia e o equilíbrio do Ser
humano só se alcancem e se exprimam dentro do reconhecimento mútuo da complementaridade dos dois corpos diferentes que se apreciam na sua beleza e se respeitam
no próprio valor de cada um para a sua complementaridade.
Dentro do plano originário da Criação não há, por isso, necessidade de esconder a nudez do corpo porque o outro o não vê com olhos egoístas, nem o usa, ou
procura como um objecto de posse ou de prazer. Os nossos primeiros Pais não davam
conta da sua nudez.
O olhar do outro sobre o corpo era um olhar de doação e de amor, que não
repara no nu, mas que o respeita e lhe reconhece o seu valor e beleza dentro da
relação de amor.
Diante do corpo da mulher, Adão reconhece-a e respeita-a como “carne da
minha carne e osso dos meus ossos”.
Vê nela um ser sujeito às mesmas condições e circunstâncias que ele tem diante de si e, como ele está sujeito à
debilidade da carne e à rijeza e força dos ossos. Um corpo Igualmente exposto à doença e à saúde, às alegrias e tristezas,
à abundância e à escassez que veio auxiliá-lo na sua missão de crescer e de se multiplicar. (Gn 1,28).
E o texto bíblico (Gn1,24) continua, acrescentando: “por isso o homem deixará pai e mãe para se unir a sua mulher” e os dois formarão uma só carne.
Este trecho do Génesis, não deixa de causar uma certa estranheza, a quem o lê, porquanto, numa sociedade considerada patriarcal, como era ao tempo da sua redacção, deveria ser a mulher a deixar pai e mãe para se juntar ao seu
marido. No entanto a discrição bíblica é exactamente ao contrário: é o homem que deixa tudo para se unir a sua mulher.
Só que os termos usados na Bíblia para traduzir esta união não apontam para uma união passageira ou ocasional.
O termo “dabag” usado, no texto do Génesis, para exprimir tal realidade corresponde à nossa palavra “soldadura” que une
mas fundindo duas peças , numa só indestrutível.
A união do homem e da mulher era assim uma união definitiva de dois corpos, para formação de uma unidade
de duas pessoas, de duas histórias, de dois destinos, ou seja de uma unidade, como que ontológica. Por isso, dever ser o
homem a deixar tudo para se unir à sua mulher.
Esta unidade envolve pois uma aliança, onde a responsabilidade e a fidelidade conjugal suplantam a obediência e
a fidelidade patriarcal, aos progenitores.
4
D A
F A M I L I A
C R I S T Ã I I
Esta união “numa só carne” não se referia apenas à união sexual, em ordem à fecundidade, é uma união de corpos
que ultrapassa o mero aspecto instintivo, animalesco, para se tornar numa união de todas as energias do Ser humano em
ordem à constituição e ao desenvolvimento de um só principio de vida.
O projecto originário do Criador envolvia, assim, uma autêntica revolução da união do homem e da mulher,
apontando já para um autêntico matrimónio, onde não faltava já o aspecto “sagrado” através da doação dos corpos do
homem e da mulher, que passam a revestir-se de “Sacramentalidade” tendo em vista os fins e os destinos da união, realizada sob os auspícios de DEUS.
Trata-se de união onde desponta já também um outro aspecto ou propriedade muito importante da união matrimonial: a sua unidade ou exclusividade.
Com efeito, em face das características e das propriedades dessa união o homem e a mulher, unindo-se, fundem
os corpos em doação total e em
comunhão de vidas, de histórias e de destinos, não havendo, por isso, lugar a
bigamias ou abertura a terceiras pessoas. É uma vida a dois para sempre.
Assim se vê que, no princípio, as coisas eram bem diferentes
daquilo que se passava no tempo de Moisés, quando a perversão dos corações
humanos passou a justificar o repúdio da mulher infiel. Era exactamente dessa
união, projectada pelo Criador, que Jesus falava quando dizia aos fariseus, que,
no princípio, não era assim.
Pois bem. Esta união total e exclusiva que DEUS projectou para a
conservação da espécie desfez-se após a queda do Homem. Depois do encontro
de Eva com a serpente, o Corpo do homem e da mulher mostrou-se nu aos olhos
de cada um, agora carregados de malícia e de concupiscência e como tal, tornouse objecto de egoísmo, de prazer, de posse e da exploração.
Ao serem chamados por DEUS, que procura o casal, em nome da
Aliança, estabelecida, ambos se escondem, envergonhados, porque viram que
estavam nus. Os seus corpos deixaram de estar totalmente ao serviço do Amor
e da dádiva onde tinham nascido, para passar a estar sujeitos às consequências
do pecado e escravos da morte.
Apesar de ofendido, DEUS não amaldiçoa o homem e a mulher
embora os condene pelo mal cometido. Fiel à Sua promessa, DEUS continua
a manter de pé a Aliança e a reconhecer o homem e a mulher como filhos,
conservando-os como fonte da vida e seus colaboradores na obra da Criação,
através da fecundidade e da responsabilidade pela manutenção da espécie humana.
Este projecto de Família e de “matrimónio” que o Génesis nos
oferece, se o procurarmos encontrar ao longo do Antigo Testamento, facilmente
concluímos que não passa de uma mera idealização. Em toda a história do povo
bíblico, até ao aparecimento de Cristo, não se encontra um único casal que tenha
concretizado esse ideal, isto é, que tenha existido um homem e uma mulher que
tenham sido “uma só carne” em toda a sua vida. Que tenham vivido plenamente
o seu erotismo ao serviço da ternura e do Amor como dádiva.
A união projectada por DEUS no princípio não era realmente uma
estrutura meramente humana como aquela que veio a revelar-se ao longo do
Antigo Testamento e por vezes verberada pelos profetas. Era, como é, obra de
DEUS e por isso uma realidade “sagrada”, um sacramento virado para o amor e
para a manutenção da Criação, preservando-a contra os malefícios do pecado e
da morte.
É certo que o pecado original veio desconfigurar o projecto e a
ordem inicial, destruindo a igualdade e a reciprocidade do homem e da mulher,
transformando essa harmonia em prepotência e subjugação, destruindo a Sacramentalidade e a importância vital do Corpo
humano nessa projecto. Por isso o Corpo humano principalmente o da mulher foi reduzido a objecto de posse e de prazer.
O corpo humano perdeu a sua Sacramentalidade, deixou de ser o sacrário do Amor e das virtudes da Alma, para
se perder no lodaçal do vício e das misérias físicas e morais da humanidade.
É esse primitivo projecto de DEUS que Cristo e a sua Igreja pretendem restaurar através da repristinação da união
conjugal primitiva e da Sacramentalidade do Corpo restaurando-lhes aquelas qualidades e aquele significado que ele tinha
no princípio.
Numa palavra, repôr a Família assente na mútua reciprocidade do homem e da mulher e no mutuo reconhecimento
de ambos terem sido chamados ao Amor e à comunhão indissolúvel porque protagonizada por DEUS.
Como foi e está a ser concretizada essa repristinação?
Será este o objecto que iremos desenvolver na nossa próxima intervenção, no Caminho que terá por tema, a
Sacramentalidade do Matrimónio.
Até lá os nossos mais sinceros e amigos votos de uma Páscoa muito feliz e verdadeiramente renovadora.
Abilio Aranha
5
REPÓR
TER DA
HISTÓRIA
Não abunda o tempo desde o Natal até agora, mas, mesmo assim, foram muitos os acontecimentos e várias as actividades que marcaram o ritmo da vida da nossa Paróquia.
O “Repórter da História” selecionou apenas alguns para que continuemos a ganhar o
futuro fazendo memória do passado.
Festa carnaval
Festa carnaval
Festa carnaval
6
Festa carnaval
Festa carnaval
ese
Festa da catequ
Festa da catequ
ese
Festa da catequ
ese
Festa Escuteiros
Festa Escuteiros
Homenagem ao
Padre
Jaquite
7
Festa da catequ
ese
Padre
Homenagem ao
Jaquite
No passado dia 26 de Fevereiro aconteceu a ordenação diaconal de Márcio Orlando Lourenço Asseiro, da Congregação dos
Padres Espiritanos e membro da comunidade da referida Congregação com sede na nossa Paróquia de Ramalde. O Márcio sempre colaborou nesta comunidade onde estagiou durante alguns anos. Foi pois com redobrada alegria que a nossa
Paróquia acolheu a sua decisão de ser ordenado na nova igreja paroquial.
A celebração foi presidida por Sua Exa Revma Sr. D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto, que pela primeira vez visitava a
nossa Paróquia. Nela participaram os pais , familiares e amigos do ordinando e ainda muitos sacerdotes, membros da
referida Congregação, o pároco de Reboreda, concelho de Vila Nova de Cerveira, terra natal do Márcio. Foi entusiasta a
participação de muitos paroquianos de Ramalde, destacando-se os acólitos que exerceram a sua função com muito empenho e competência e o Grupo Coral Paroquial que animou a celebração com cânticos apropriados e da escolha do próprio
Márcio, aliás colaborador do mesmo coro. No final da celebração foram ditas palavras circunstanciais proferidas pelo Pde
Pedro, responsável da comunidade Espiritana, Pde Manuel , provincial da Congregação e ainda o diácono recém-ordenado.
Finalmente o Sr. Pde Almiro agradecia a presença do Sr. D. Pio Alves oferecendo uma placa alusiva à nova Igreja paroquial
e que recordará esta ordenação.
Foi um domingo diferente que marcará a história da nossa paróquia porque, para já, foi uma celebração única nunca vivida
por esta comunidade.
Sugere esta ocorrência uma pequena reflexão sobre o Sacramento da Ordem. Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica: “
Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim enviou os seus Apóstolos, cheios do Espírito Santo… Deste modo, Cristo Ressuscitado, ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos confiou-lhes o seu poder santificador e eles tornaram-se sinais sacramentais de Cristo. Pelo poder do mesmo Espírito Santo, eles passam este poder aos seus sucessores”( CIC nºs 1086 e 1087)
O Sacramento da ordem está aqui definido. Mas este sacramento é conferido e exercido em três graus diferentes. Os fiéis
chamados e escolhidos para servirem o Povo de Deus depois de consagrados pelo sacramento da ordem são: bispos, padres
e diáconos. Os bispos e os padres
tornam visível no meio da comunidade dos crentes a presença de Cristo como cabeça e fundamento da Igreja. Participam
assim no mesmo e único sacerdócio de Jesus Cristo. O bispo, pela consagração episcopal recebe a plenitude do sacerdócio.
Os padres, embora dependentes do bispo no exercício do próprio poder, estão a ele unidos na honra do sacerdócio e como
ele consagrados à imagem de Cristo, sumo e eterno sacerdote.
No terceiro grau do sacramento da ordem surgem os diáconos cuja consagração e ordenação é recebida em vista do
sacerdócio para os que se destinam a ser padres ou em ordem ao serviço que os configura a Cristo servo, os chamados
diáconos permanentes que, nesta situação, podem ser casados. Este diaconado permanente foi recuperado pelo concílio
Vaticano II uma vez que tinha desaparecido por volta do século XIII e se manteve apenas o da primeira figura, isto é, grau
do sacramento da ordem em vista do sacerdócio.
Os diáconos permanentes são homens casados, viúvos ou solteiros com mais de 35 anos e que foram reconhecidos como
idóneos para serem chamados e ordenados pela imposição das mãos do bispo , recebendo a missão de servir o povo de
Deus na liturgia, na vida pastoral e nas obras sociais e caritativas. O Diácono permanente vai pois encontrar-se na vida
comum, isto é, na vida profissional, na vida familiar como maridos e pais, na vida social, como sacramento e sinal da presença de Cristo, servidor de todos em cada lugar, em todos os lugares. “È inegável que, pela vivência do casal, da vida
familiar, da inserção profissional, dos compromissos associativos, das relações sociais que isso implica, os diáconos estão
na encruzilhada da vida das pessoas e da atenção que lhe oferece a autoridade pastoral” Alph. Borras
Os diáconos devem ser o rosto próximo da Igreja, porque mais próximos das pessoas nas mais diversas situações que a
vida profissional, familiar e social lhes oferece. Para isto lhes é exigida formação humana, espiritual, doutrinal e pastoral
para que possam cumprir com competência o seu dever em nome de Cristo e da Igreja.
Saudações fraternas, Santa e Feliz Páscoa.
Diác. Freitas Soares
BOLETIM INFORMATIVO DA PARÓQUIA DE RAMALDE
Rua da Igreja
4100 Porto
Tel. 22 617 5741
Director: PADRE ALMIRO MENDES
Tiragem: 1200 exemplares
Execução
Gráfica:
Tipografia
8
Lessa
•
Vermoim-Maia
Download