Atualização em: Hormônios Bioidênticos III Óvulos de Progesterona na prevenção de partos prematuros. Arch Gynecol Obstet. 2010 Jan. Hormônios Bioidênticos III Óvulos de Progesterona na prevenção de partos prematuros. Introdução A prematuridade continua sendo um grave problema obstétrico, representando até 80% da morbidade e mortalidade neonatal. Embora os nascimentos antes da 37ª semana de gestação sejam definidos como prematuros, a maioria das mortes ocorrem em bebês nascidos antes da 34ª semana de gestação. Os cuidados pré-natais têm aumentado a sobrevivência de bebês prematuros e a redução da mortalidade é alcançada através da identificação das mulheres com alto risco de parto prematuro e pelo desenvolvimento de intervenções eficazes para evitar esta complicação. A administração profilática de Progesterona no início e a partir da 20ª semana de gestação em mulheres que já tiveram um parto pré-termo tem se mostrado eficiente na redução dos partos prematuros. Estas estratégias de intervenção terapêutica, no entanto, são limitadas para mulheres com parto pré-termo anterior e cerca de 10% dos nascimentos espontâneos prematuros ocorrem em mulheres com este histórico. Existe uma grande variedade de fármacos disponíveis para o tratamento da ameaça de parto prematuro. A prevenção nestes casos traz melhores resultados que o tratamento agudo, sendo o histórico da paciente a principal ferramenta de análise. A Progesterona é um hormônio envolvido diretamente na segurança do desenvolvimento da gravidez. Entre suas principais funções estão o relaxamento da musculatura uterina, a preparação do endométrio para o desenvolvimento do embrião e a modulação imunológica no início da gravidez, para que o corpo da mãe não identifique o embrião como um antígeno e inicie uma reação imunológica. Diversos estudos têm associado a administração da Progesterona a partir da 20ª semana de gravidez como um tratamento adjuvante em mulheres com gravidez de alto risco. Devido à redução da sensibilidade à ocitocina, a progesterona deve ser administrada, no máximo, até 34-36ª semana de gestação. A partir desta data o parto pode ser considerado seguro e a Progesterona perde sua função. A via oral e intravaginal são as mais utilizadas na terapêutica. A Farmácia Magistral disponibiliza aos prescritores a Progesterona Micronizada, hormônio com as mesmas características do produzido pelo organismo e, portanto, classificado como bioidêntico. As duas formas farmacêuticas estão disponíveis a médicos e pacientes, possibilitando ajustes de dose e escolha de veículo e adaptando o tratamento às exigências de ambos. Estudos têm demonstrado que a administração intravaginal de Progesterona reduz a incidência de partos prematuros em mulheres com gravidez de alto risco em cerca de 30%. O tratamento é importante, mas a profilaxia ainda é a terapêutica mais eficaz. Departamento Técnico Pharmaceutical. Nov, 2010. |01| Estudos & Atualidades Estudo avalia o efeito da administração de óvulos de Progesterona micronizada na prevenção de partos prematuros. 150 grávidas de alto risco foram randomizadas e receberam o seguinte tratamento entre a 24º e 34º semana de gestação: Óvulos com Progesterona micronizada 100mg 1x ao dia Creme vaginal com Estrógenos + testosterona Resultados: Percentual de partos prematuros nos grupos de tratamento 45,7 50 Placebo Percentual de redução de partos prematuros antes da 34º semana de gestação nos grupos tratados 25 24,3 20 40 15 30 25 8,8 10 20 5 10 0 Progesterona Placebo 0 Progesterona Placebo A administração de óvulos de Progesterona micronizada reduziu significativamente a porcentagem de partos prematuros em mulheres com gravidez de risco. O tratamento reduziu em 24,3% os partos prematuros antes da 34º semana de gestação. Arch Gynecol Obstet. 2010 Jan. A Progesterona inibe a apoptose basal e TNF-alfa-induzida em membranas fetais. Esta atividade pode explicar em parte o mecanismo pelo qual a administração de Progesterona impede parto prematuro em mulheres com gravidez de alto risco. Reprod Sci. 2010 Jun. Em mulheres com gravidez única e risco de parto prematuro, a progesterona reduz as taxas de parto antes de 32 semanas e morte perinatal, assim como a síndrome do desconforto respiratório e enterocolite necrosante no recém-nascido. As mulheres com colo do útero curto também podem se beneficiar da Progesterona. Early Hum Dev. 2010, Jan. |02| Estudos & Atualidades Estudo analisa o efeito da Progesterona na prevenção de partos prematuros em mulheres com colo do útero curto. 250 mulheres com colo do útero reduzido, selecionadas após avaliação e medição do mesmo, foram randomizadas em dois grupos e receberam o seguinte tratamento entre a 24ª e 3ª semanas de gestação: Óvulos com Progesterona micronizada 200mg 1x ao dia Placebo Percentual de partos prematuros antes da 34º semana de gestação nos grupos estudados 34,4% 40 30 19,2% 20 10 A porcentagem de partos prematuros antes da 34ª semana de gestação foi menor nas pacientes que utilizaram o tratamento com Progesterona: 34.4% no grupo Placebo versus 19,2% no grupo Progesterona. N Engl J Med, 2007. 0 Progesterona Placebo Estudo analisa o efeito de Progesterona natural intravaginal na prevenção de partos prematuros. 100 mulheres com risco de parto prematuro foram randomizadas em dois grupos e receberam o seguinte tratamento entre a 20ª e 36ª semanas de gestação: Óvulos com Progesterona micronizada 100mg 1x ao dia Placebo Porcentagem de partos ocorridos antes da 37º semana de gestação nos grupos 34% 40 30 20 12% 10 0 Progesterona Placebo A administração de Progesterona natural entre a 20ª e a 36ª semana de gestação reduz a porcentagem de partos prematuros na gravidez de risco. Não foram relatados efeitos adversos durante o estudo. J Obstet Gynaecol. 2009, Aug. |03| Propriedades & Mecanismo de Ação Progesterona Bioidêntica: Progesterona bioidêntica ou micronizada é o hormônio na sua forma base. Não está conjugada com ésteres ou sais e, portanto, possui perfil de absorção idêntico ao hormônio produzido pelo organismo. A Progesterona produzida pelo corpo lúteo é essencial para a manutenção da gravidez no início da gestação. Ao contrário do estrogênio, a progesterona praticamente não exerce influência sobre as características sexuais femininas, mas sim sobre o preparo do útero para receber o óvulo fertilizado e da mama para secreção do leite. Durante a gestação, atua disponibilizando os nutrientes que ficam armazenados no endométrio para o feto. Também é responsável pelo efeito inibidor da musculatura uterina, preservando o óvulo fertilizado ou até mesmo o feto em desenvolvimento de possíveis contrações. As mamas também recebem influência da Progesterona, fazendo com que os elementos glandulares fiquem ainda maiores e formem um epitélio secretor, promovendo a deposição de nutrientes nestas células. A Progesterona reduz a sensibilidade do colo do útero à ocitocina, principal hormônio envolvido no trabalho de parto. A regulação imune na gestação é complexa, estando envolvidos vários fatores hormonais na indução da gravidez. Os hormônios como o Estradiol, a Progesterona e o Cortisol estão em concentrações elevadas durante a gestação, pois desempenham vários efeitos imunológicos para manter o desenvolvimento do feto e garantir a duração normal da gravidez. Literatura Consultada 1. Posologia: Progesterona Micronizada Óvulos 100-200mg. Administrar intravaginalmente uma vez à noite ao deitar, durante 10 semanas. Não há relatos de efeitos indesejáveis ou adversos. 2. 3. 4. 5. 6. Sugestões de Fórmulas 1. Óvulos de Progesterona micronizada Progesterona...............................................................100mg Base para Óvulo vaginal qsp...........................................1un Mande 30 unidades. Colocar dentro da vagina à noite, ao deitar. 7. 8. 9. 10. Arch Gynecol Obstet. 2010 Jan. 11. 2. Creme Vaginal com Progesterona micronizada Progesterona..........................................................200mg/5g Creme base vaginal qsp..................................................50g Mande 50 gramas. Colocar 5g (o conteúdo do aplicador vaginal) dentro da vagina à noite, ao deitar. 12. Eddama O, Petrou S, Regier D, Norrie J, MacLennan G, Mackenzie F, Norman JE. Study of progesterone for the prevention of preterm birth in twins (STOPPIT): findings from a trial-based cost-effectiveness analysis. Int J Technol Assess Health Care. 2010 Apr;26(2):141-8. Lim AC, Mol BW, Bruinse HW. Progesterone for prevention of preterm delivery: only in trial setting. Ned Tijdschr Geneeskd. 2010;154:A1730. Luo G, Abrahams VM, Tadesse S, Funai EF, Hodgson EJ, Gao J, Norwitz ER. Progesterone inhibits basal and TNF-alpha-induced apoptosis in fetal membranes: a novel mechanism to explain progesterone-mediated prevention of preterm birth. Reprod Sci. 2010 Jun;17(6):532-9. Epub 2010 Apr 1. Cetingoz E, Cam C, Sakallı M, Karateke A, Celik C, Sancak A. Progesterone effects on preterm birth in high-risk pregnancies: a randomized placebo-controlled trial. Arch Gynecol Obstet. 2010 Jan 22. Rode L, Langhoff-Roos J, Andersson C, Dinesen J, Hammerum MS, Mohapeloa H, Tabor A. Systematic review of progesterone for the prevention of preterm birth in singleton pregnancies. Acta Obstet Gynecol Scand. 2009;88(11):1180-9. Kiliçdag EB, Haydardedeoglu B, Cok T, Hacivelioglu SO, Bagis T. Premature progesterone elevation impairs implantation and live birth rates in GnRH-agonist IVF/ICSI cycles. Arch Gynecol Obstet. 2010 Apr;281(4):747-52. Epub 2009 Oct 28. Lim AC, Goossens A, Ravelli AC, Boer K, Bruinse HW, Mol BW. Use of progesterone treatment for the prevention of recurrent preterm birth: identification of obstacles to change. Am J Perinatol. 2010 Mar;27(3):241-9. Epub 2009 Oct 12. Sinno A, Usta IM, Nassar AH. A short cervical length in pregnancy: management options. Am J Perinatol. 2009 Nov;26(10):761-70. Epub 2009 Oct 6. da Fonseca EB, Damião R, Nicholaides K. Prevention of preterm birth based on short cervix: progesterone. Semin Perinatol. 2009 Oct;33(5):334-7. Majhi P, Bagga R, Kalra J, Sharma M. Intravaginal use of natural micronised progesterone to prevent pre-term birth: a randomised trial in India. J Obstet Gynaecol. 2009 Aug;29(6):493-8 Norman JE, Mackenzie F, Owen P, Mactier H, Hanretty K, Cooper S, Calder A, Mires G, Danielian P, Sturgiss S, MacLennan G, Tydeman G, Thornton S, Martin B, Thornton JG, Neilson JP, Norrie J. Progesterone for the prevention of preterm birth in twin pregnancy (STOPPIT): a randomised, double-blind, placebo-controlled study and meta-analysis. Lancet. 2009 Jun 13;373(9680):2034-40. Fonseca EB, Celik E, Parra M, Singh M, Nicolaides KH; Progesterone and the risk of preterm birth among women with a short cervix. N Engl J Med. 2007 Aug 2;357(5):462-9. |04|