- Florespi

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GAZETA DE PIRACICABA
PIRACICABA, SEXTA-FEIRA, 18 DE ABRIL DE 2014
CIDADE 9
Natureza
Lar das seringueiras
Praça da Boyes, que tem mix de espécies, é tema da série Bolsões Verdes
Fotos: Christiano Diehl Neto
ELENI DESTRO
NÚMERO
Especial para a Gazeta
omar um chope gelado é
mania do piracicabano
em seus momentos de lazer. Em um ponto da cidade,
esse costume se torna ainda
mais prazeroso graças à sombra das gigantescas falsas-seringueiras da praça da Boyes,
o foco da segunda reportagem
da série Bolsões Verdes.
A sombra e a beleza natural
dessas espécies são marcantes
nos quarteirões entre as ruas
Treze de Maio e Regente Feijó
e foram capazes de transformar o trecho em um complexo
turístico e gastronômico.
Ao todo, são sete falsas-seringueiras em toda a extensão da
praça, que faz parte de um
complexo que reúne o Palacete Boyes, construído por Luiz
de Queiroz, e a antiga fábrica
de tecidos de mesmo nome. A
espécie tem raízes aéreas, que
ajudam a sustentar seu peso.
Outra característica curiosa envolve suas raízes, que alcançam o mesmo diâmetro de sua
copa ou mais que isso. Na
Boyes, é possível ver algumas
delas se encontrarem com as
raízes de uma figueira branca.
“As árvores da Boyes, da
Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e do
Parque do Mirante são tombadas, ou seja, têm imunidade
de corte”, evisa Rafael Jó Girão, gestor ambiental da ONG
(organização não governamental) Florespi.
O passeio da reportagem
com Girão começou pela entrada da rua Treze de Maio. Há
três árvores de pau-brasil na
praça e uma delas dá as boasvindas. Com cerca de 18 metros - Girão usa como base para a medição os postes de iluminação, que têm nove metros -, ela chama a atenção do
gestor. “É comum ver pau-brasil aqui em Piracicaba, mas
elas não são tão bonitas assim”, explica. Em uma de suas
pesquisas pela Esalq, Girão
descobriu que foram plantadas várias dessas árvores aqui,
mas como elas tinham algum
“parentesco”, não se desenvolveram bem.
Outra espécie que predomina na Boyes é o flamboyant,
com suas belas raízes tubulares. Mas um fato chama a atenção: eles são mais altos do que
as demais árvores vistas pela
cidade.
As cássias também estão na
praça. Há duas delas muito
grandes e ainda com flores
amarelas. No trajeto, um tronco em meio às folhagens desperta a atenção de Girão. Ele
olha, tenta encontrar frutos - o
que possibilita a identificação
com mais facilidade, mas não
consegue descobrir. “É uma espécie exótica”, avisa. Com um
galho em mãos, Girão promete enviar um email à reportagem quando descobrir. “É
uma grevílea-robusta”, escreve ele mais tarde. Originária
do Canadá, no Brasil é conhecida como carvalho sodoso, e
pode chegar aos 20 metros de
altura. É uma árvore de rápido
7
T
Falsas-seringueiras
fazem parte da vegetação da
praça Boyes, localizada no
Centro de Piracicaba
do o espaço à sua disposição,
o arbusto atingiu cerca de seis
metros de altura.
Os queridinhos dos piracicabanos, os ipês, também estão
na praça em diversas cores.
Um pé de jatobá jovem cresce
à sombra de outras árvores e
um tamboril, símbolo da cidade, ainda aparece em muda.
Uma das sete exuberantes falsas-seringueiras que podem ser vistas na tradicional praça da Boyes
crescimento, resistente ao seco e ao frio.
MIX
O projeto paisagístico da praça Boyes é interessante porque reúne espécies nativas, frutíferas e ornamentais.
Uma das representantes da
família das plantas ornamentais são as palmeiras rabo-depeixe, espécies que apresentam folhas bipinadas, originária da Índia e Malásia e podem
atingir até 18 metros de altura
e 40 cm de diâmetro. Há várias
delas no espaço.
Quem está acostumado a ver
as chefleras em vasos vai se
surpreender com a que existe
na praça. Ao ar livre e com to-
UM CONVITE
Pitanga, goiaba, amora, abacate, acerola e a uva japonesa. As
espécies frutíferas podem ser
vistas em vários pontos da praça, que até parece um pomar.
“Isso faz com que as pessoas
circulem no ambiente”, comemora Girão, que alerta. “Mas a
prefeitura tem de ter cuidado
e não usar herbicidas em uma
área assim porque as pessoas
chegam, colhem a fruta, passam na camiseta e comem,
sem lavar”.
Em uma palmeira, juntos,
um bem-te-vi, um sanhaço e
um sabiá-laranjeira se esbanjam com as suas frutas e mostram que o espaço verde bem
no Centro da cidade é, antes
de tudo, democrático.
Grevílea-robusta, conhecida também como carvalho sodoso
Uma das três árvores Pau Brasil tem cerca de 18 metros
Rafael Jó Girão mostra as frondosas raízes da figueira branca
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