Área: CV ( ) CHSA ( X ) ECET ( ) OS NOVOS VETORES DO CRESCIMENTO VERTICAL DE TERESINA-PI: AGENTES E PROCESSOS E TRANSFORMAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NOS ANOS 2000 Nadja Rodrigues Carneiro Vieira (bolsista ICV), Profª Drª. Bartira Araújo da Silva Viana (Orientadora - Depto de Geografia e História - UFPI). Introdução O estudo teve como objetivo geral compreender os novos vetores do crescimento vertical de Teresina-PI nos anos 2000/2013, destacando os agentes modeladores do espaço, processos e transformações socioambientais decorrentes em Teresina-Pi. Para analisar a gênese do processo de verticalização, foi-se necessário compreender a evolução da urbanização brasileira e suas características, enfatizando a realidade teresinense. Também serão discutidos os vetores da expansão do crescimento vertical de Teresina, de tendência alta, na direção Centro-Leste, os vetores de tendência média, na direção na Centro-sul, e os vetores de tendência baixa na direção Centro-Norte e Centro-Sudeste da cidade. O relatório está estruturado em quatro seções: a primeira discorre sobre a introdução da pesquisa; a segunda retrata a revisão literária dividida em tópicos sobre o histórico de verticalização, as modificações que a verticalização ocasiona no espaço urbano e os agentes produtores de espaço urbano que são os responsáveis pelas transformações da paisagem urbana; a terceira explana os resultados e discussões acerca dos vetores de expansão de tendência alta, media e alta, além de destacar as transformações socioambientais que o processo de verticalização ocasiona na cidade de Teresina; a quarta e última seção tratadas considerações finais da pesquisa. Metodologia A pesquisa foi baseada em autores especializados na temática da verticalização no âmbito nacional, regional e local, assim como no processo de urbanização e verticalização. Foi realizada pesquisa de campo com o uso de GPS, demarcando os edifícios a partir de três pavimentos na cidade de Teresina- PI. Também foram feitas visitas a Prefeitura de Teresina e Agespisa. A partir dos dados obtidos foi realizada a construção de gráficos estatísticos objetivando visualizar os vetores de crescimento vertical na cidade. Também foram selecionados mapas da cidade identificando as áreas em que o processo de verticalização esta sendo mais significativo. Resultados e discussão O processo de verticalização em Teresina, na década de 1970 se inicia de forma tímida na Zona Central da cidade, no bairro Centro, e posteriormente se expande para os bairros Cabral, Ilhotas e Frei Serafim. Esses edifícios eram utilizados, principalmente, como órgãos públicos ou empresariais na tentativa de concentrar os serviços, e em menor proporção para fins residenciais. Eram construídos de forma aleatória e sem nenhuma organização. Para Viana (2003, p.65) “este fato decorria devido à ausência de uma estratégia de mercado por parte dos agentes imobiliários”. Na década de 1980 continuam sendo construídos edifícios na zona Centro. Nas Zonas Norte e Sul da cidade estes foram construídos para atender a demanda por moradia da classe média. Já na década de 1990 ocorre uma nova configuração no processo de verticalização. Araujo (1992, p. Área: CV ( ) CHSA ( X ) ECET ( ) 5) ressalta “a construção de habitação para população de alto status que passa a deixar de habitar a parte central da cidade”. A consolidação do processo de verticalização em Teresina ocorre na década de 1990, sendo caracterizado pela a construção de edifícios luxuosos, acima de 10 pavimentos, estes concentrados na Zona Leste da cidade. A construção de edifícios para a habitação altera a paisagem da cidade e a área urbana torna-se uma mercadoria supervalorizada onde os agentes produtores do espaço, principalmente os promotores imobiliários promovem o “marketing urbano”. A intensificação do processo de verticalização que ocorre nos anos 2000, principalmente na Zona Leste da cidade, decorre da estabilidade econômica que vivenciava o país e a capital do Piauí desde a década de 1990. Nesse período o “produto” edifício já pertence ao cotidiano da população teresinense. “Assim o mercado imobiliário planeja suas ações de investimentos” (LIMA, 2001, p. 65). Isso levou o aumento significativo de edifícios na cidade. Segundo Lima (2001, p. 61) o processo de verticalização em Teresina “é um fenômeno recente e decorre da ação de alguns agentes sociais, denominados de promotores imobiliários, e condicionado por alguns fatores como, por exemplo, existência de uma demanda solvável, fontes alternativas de financiamentos, disponibilidade de áreas bem localizadas [...]”. Os vetores de crescimento da cidade correspondem às áreas que estão recebendo empreendimentos, pois são atrativas para construção de habitações, que no estudo são os edifícios característicos do processo de verticalização, assim como atividades comerciais e serviços e consequentemente infraestrutura básica Em Teresina foram identificados vetores de tendência alta, média e baixa. Na capital piauiense a concentração de edifícios em determinada área da cidade, como na Zona Leste da cidade de Teresina, é consequência da melhor infraestrutura, da acessibilidade, da valorização dos terrenos, da segurança, do modismo e da comodidade relacionada à moradia em edifícios (VIANA, 2013, p 179). Devido a esses fatores a Zona Leste continua a receber investimentos quanto à infraestrutura e os proprietários imobiliários usam marketing urbano para manter essas áreas valorizadas. Dessa forma, o vetor de crescimento Centro-Leste representa um vetor de tendência alta. O vetor de tendência média localiza-se em determinada áreas da zona Leste, na direção do vetor Centro-Sudeste, sendorepresentado pelosbairros Santa Lia, Santa Isabel, Campestre, Morros, Planalto Uruguai. Essas áreas estão expandindo gradativamente conforme os investimentos de infraestrutura e os serviços estão chegando nesses bairros. Com a proximidade do Centro Universitário Uninovafapi há um aumento significativo de novos empreendimentos que irão beneficiar vários estudantes, além de muitas áreas verdes encontradas nessa região que pode amenizar o clima local.Pode-se perceber que nas Zonas Sul e Sudeste os vetores são de tendência baixa devido à insuficiência de infraestrutura básica que possibilita novos empreendimentos, além dos promotores imobiliários que ainda não estabeleceram uma estratégia de maior incentivo e investimento para essas novas áreas. Mais já se percebe vários empreendimentos sendo construídos aleatoriamente em alguns bairros dessas zonasde Teresina. Área: CV ( ) CHSA ( X ) ECET ( ) Quanto às transformações socioambientais ocorridas em decorrência do processo de verticalização, pode-se visualizar o decréscimo de áreas verdes na cidade para a construção de edifícios, porém em menores proporções do que as áreas desmatadas para a construção de conjuntos habitacionais horizontais.Outras transformações socioambientais decorrentes da verticalização da cidade referem-se à infraestrutura, aos serviços e aos equipamentos urbanos que são implantados visando atender ao empreendimento, a exemplo dos serviços de abastecimento de água, de coleta de lixo, de esgotamento sanitário, de telefonia, além da necessidade de atividades comerciais e prestação de serviços. Conclusão A pesquisa buscou identificar os novos vetores de crescimento vertical de Teresina-PI nos anos 2000/2013, destacando os agentes modeladores do espaço, processos e transformações socioambientais decorrentes em Teresina. Assim, através de dados coletados com a Prefeitura Municipal e a realização da pesquisa de campo foram possível identificar esses áreas de expansão e essas transformações socioambientais. Quanto aos vetores de crescimento na cidade é notório destacar que a Zona Leste permanece como principal vetor de crescimento vertical com tendência alta, por possuir uma ótima infraestrutura e serviços disponíveis para os moradores, além de ser considerada uma área de alto status. Nas zonas Sul e Sudeste constatou-se um vetor de crescimento baixo. São encontrados edifícios esporádicos espalhados em alguns bairros dessas zonas. Com a infraestrutura progressiva e necessária para a realização desses empreendimentos, as ZonasSul e Sudeste estão ganhando tornando-se atrativas para a realização de novos empreendimentos. Na zona Centro, que abrange os bairros Centro, Ilhotas e Frei Serafim, foi percebido um decréscimo no ritmo de investimentosem novos edifícios, devido a saturação do espaço e ao preço elevado da terra. Na Zona Norte também foi verificado vetor de tendência baixa, devido a proximidade com o aeroporto e as limitações decorrentes da legislação urbana. Assim, pode-se perceber diversas modificações que o crescimento vertical imprime na paisagem da cidade, com os edifícios espalhados por todas as direções, apesar da concentração na zona Leste e Centro da Teresina. Pode-se também destacar a atuação dos promotores imobiliários na busca da intensificação do mercado, criando os atrativos para os consumidores. Referências ARAÚJO, José Luis Lopes. A verticalização como segregação espacial em Teresina. São Paulo, 1992. LIMA, Paulo H. G. Promoção Imobiliária em Teresina/PI: Uma Análise do Desenvolvimento da Produção Privada de Habitações – 1984/1999. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação de Geografia. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001. VIANA, Bartira Araújo da Silva. Caracterização estratigráfica, química e mineralógica do massará e conflitos socioambientais associados a sua exploração em Teresina, PI, Brasil. 2013. 212f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação do Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais. Teresina, 2013. _____. A verticalização de Teresina: sonho de muitos e realidade de poucos. 2003. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ensino de Geografia). Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2003. Palavras-chave: Verticalização. Vetores de expansão. Transformações socioambientais. Área: CV ( ) CHSA ( X ) ECET ( )