SIMPOSIUM VITALAIRE Cuidados Respiratórios Domiciliários • Prescrição e NOCs • O doente com SAOS Dyna Torrado Médica de Família Lisboa, 26 Fevereiro 2016 Cuidados Respiratórios Domiciliários O que são? Aerossolterapia, Oxigenoterapia, Ventiloterapia Que desafios para a sua prescrição? Prescrição adequada: Quem? Como? Quando? Controlo prescrição/adesão Qual o peso da patologia respiratória nos CSP? Qual o papel do MF? Devemos? Podemos? Queremos? Participação dos MF na discussão da implementação? AEROSSOLTERAPIA Administração via inalatória de fármacos na forma de aerossol Tipos de Dispositivos • Dispositivos simples - Inalador pressurizado (pMDI) - pMDI + câmara expansora - Inalador de pó seco (DPI) - Inalador de névoa suave • • Importante: técnica de inalação conhecer dispositivos • Sistemas de nebulização (Aerossolterapia em CRD) - Pneumáticos - Ultrassónicos - Eletrónicos membrana oscilatória Indicações dos Dispositivos Simples • Asma, DPOC e sibilância recorrente • Deve ser feito para BD e CI • Os nebulizadores podem ser 2ª alternativa Fluxograma de Prescrição de Aerossolterapia Avaliação Asma Sibilância Recorrente DPOC Aerossolterapia: Dispositivos Simples Broncodilatadores agonistas B2 Anticolinérgicos Antinflamatórios Esteróides Fibrose Quística Bronquiectasias não FQ Hipertensão Pulmonar Transplante Pulmonar Fluidificacões de Secreções Aerossolterapia: Sistemas de Nebulização Mucolíticos Antibióticos Ciclosporina Prostaciclina Soro Fisiológico/Soro Hipertónico AEROSSOLTERAPIA NEBULIZADORES Pneumático ou de Compressão Ultrassónico Eletrónico ou Mesh 80% da solução é nebulizada em 5 min. Mesmo nebulizador não pode ser usado para diferentes fármacos Cada fármaco tem indicação para ser administrado por um tipo de nebulizador específico Nebulizadores Vantagens Fornecimento do fármaco com colaboração mínima do doente Útil em doentes incapazes de usarem correctamente os inaladores com/sem câmaras expansoras Sem uso de propelentes ou aditivos Humidificação das vias aéreas (ultrassónicos) Desvantagens Pouco portáteis Custos Risco de contaminação bacteriana Necessidade de treino para correta preparação da solução Tempo de administração elevado Dificuldade na previsão exata da quantidade de fármaco administrado 3 a 4 ml de soro fisiológico respirar pela boca em volume corrente adaptar a máscara firmemente à face REGRAS DE PRESCRIÇÃO AEROSSOLTERAPIA Prescrições de inicio e continuidade dos nebulizadores, regra geral, são competência dos Cuidados Secundários Exceções para uso de broncodilatadores em nebulização: • Crianças pré-escolar (≤ 7 anos) com sibilâncias/asma, máx. 7 dias Única prescrição inicial que pode ser feita pelo MF • “Quando se verificar incapacidade de utilização dos dispositivos simples…, ex. crianças. Deve ser reavaliado em 30 dias.” Adulto Criança até os 7 anos Criança até os 7 anos Criança até os 7 anos OXIGENOTERAPIA OXIGENOTERAPIA A quem? Doentes com Insuficiência Respiratória Crónica: DPOC (+++), fibrose pulmonar… Causas mais frequentes de IRC na idade pediátrica : • Displasia broncopulmonar • Bronquiolite obliterante • Doenças neurológicas /neuromusculares (ex. Duchenne) • Fibrose quística • Doença pulmonar intersticial • Drepanocitose • Cardiopatias • Sd polimalformativos OXIGENOTERAPIA Tipos e indicações: 1. Oxigenoterapia de longa duração (OLD) 2. Oxigenoterapia de deambulação OXIGENOTERAPIA Tipos e indicações: 1. Oxigenoterapia de longa duração (OLD) NÃO PODE ser iniciada pelo MF !!! - PaO2 < 55 mmHg ou - PaO2 entre 55 e 60 mmHg + Cor Pulmonale, Hipertensão pulmonar ou hematócrito > 55% - Preferência concentrador 2. Oxigenoterapia de deambulação OXIGENOTERAPIA Tipos e indicações: 1. Oxigenoterapia de longa duração (OLD) NÃO PODE ser iniciada pelo MF !!! - PaO2 < 55 mmHg ou - PaO2 entre 55 e 60 mmHg + Cor Pulmonale, Hipertensão pulmonar ou hematócrito > 55% - Preferência concentrador NÃO PODE ser 2. Oxigenoterapia de deambulação iniciada pelo MF !!! - Doentes em OLD com atividade/deslocações - IRC normoxémicos em repouso, com SatO2<88% na prova de marcha que melhora com oxigenoterapia - Através de O2 líquido ou concentrador portátil OXIGENOTERAPIA 3. O. adjuvante de ventiloterapia nocturna Quando persiste hipoxemia após ventilação NÃO PODE ser - Sd. obesidade-hipoventilação iniciada pelo MF !!! - Sd. Apneia do Sono + DPOC - Doenças pulmonares restritivas (ELA, cifoescoliose, sequelas polio..) 4. O. de curta duração Hipoxémias transitórias desencadeadas por situações agudas (ex: exacerbação aguda DPOC ) - 90 dias, depois reavaliar - Não pode ser renovada 5. O. paliativa Para alivio da dispneia em doentes terminais - 30 dias, renovável por períodos de 30 - Objectivo PaO2 > 60 mmHg/SatO2 > 90% Ambas podem ser iniciadas pelo MF !!! OXIGENOTERAPIA Benefícios da OLD: • • • • • • Na DPOC aumenta a esperança de vida (desde que uso >15h/d) Previne a evolução de HTA pulmonar Aumenta a tolerância ao esforço Melhora o desempenho cognitivo Reduz o nº de internamentos Melhora a qualidade de vida A OLD é uma terapêutica para toda a vida, excepto nas crianças Deve ser sempre prescrita durante >15h/d, incluindo noite (evidência A) A fonte indicada é o concentrador, excepto quando não se atingirem saturações O2 >90% O2 líquido OXIGENOTERAPIA Fontes de oxigénio • Concentrador: - Uso preferencial na OLD com necessidades de fluxo baixo O2 (até 4L/min) - Filtra o ar ambiente, aumentando FIO2 (87-93%, nunca 100%) - O2 ilimitado, simples de utilizar - Sem problemas de armazenamento/substituições - Necessita fonte eléctrica - Existem portáteis (até 3L/min); para doentes em programas de reabilitação OXIGENOTERAPIA Fontes de oxigénio • Oxigénio líquido: - Uso na OLD com necessidades de débitos elevados de O2 ou com deambulação diária fora do domicílio - Assegura concentrações de O2 elevadas - Permite grande autonomia - Reservatório fixo, grande capacidade (4 a 12 dias) - Reservatório portátil (<2, 5Kg; 4 h a 3L/min) - Doente deve aprender a encher o RP - Custo elevado OXIGENOTERAPIA Fontes de oxigénio • Cilindro de oxigénio gasoso: - Uso preferencial paliativo - Pouco dispendioso, mas difícil transporte - Problemas de armazenamento - Existem portáteis 3-5L; deslocações esporádicas de doentes OLD sem critérios para O2 líquido - Concentração O2 a 100% - Necessitam reabastecimento frequente (16 cil/mês para OLD 18h/d a 2L/min) OXIGENOTERAPIA Interfaces/acessórios • Óculos nasais • Sonda nasal • Máscara • Humidificador • Adaptador para traqueostomia OXIGENOTERAPIA Algoritmo de prescrição Com GSA Sem GSA pO2 ≤ 55 mmHg pO2 > 55 mmHg pO2 < 60 mmHg + • Cor pulmonale, • HTA pulmonar ou • Hematócrito > 55% OLD > 15h/d CONCENTRADOR < 4L/min Doentes normoxémicos com dessaturações no exercício ou doentes em OLD com deambulação diária OLD > 4L/min ou deambulação diária RESERVATÓRIO ESTACIONÁRIO DE O2 LÍQUIDO RESERVATÓRIO PORTÁTIL DE O2 LÍQUIDO Oxigenoterapia paliativa CONCENTRADOR OU CILINDRO OXIGENOTERAPIA • Serviços de CRD têm como funções: - Fornecer num prazo máximo 24h - Fazer ensino e educação sobre equipamento e manutenção - Atendimento permanente - Assistência aos pacientes em viagem - Monitorização técnica: saturação por pO2 e informação ao clínico se saturação <92% - Verificar correta instalação e funcionamento - Verificar adesão - Pagamento da electricidade se OLD concentrador >15h/d OXIGENOTERAPIA Aspectos práticos da prescrição PRESCRIÇÃO INICIAL: Deve conter: Tipo de O2 Fonte Horas Débitos Interface Fundamentação Período tempo Idades pediátricas: Excepção!!! (Nem iniciáis nem continuação) OXIGENOTERAPIA PRESCRIÇÃO CONTINUAÇÃO: Renovar a prescrição inicial • Excepção: o MF não pode renovar o concentrador portátil/O2 líquido portátil OXIGENOTERAPIA Regras de prescrição • Apenas deve ser renovada a prescrição iniciada no sistema público (SNS) • Renovação por: • 90 + 90 dias (OLD) • 30 + 30 dias (paliativa) • O2 curta duração: não é renovável (duração máxima: 90 dias) • Renovação possível: • Desde 30 dias antes até 30 dias após do fim receita anterior* • Se falência informática: • Formulário página DGS (escolher modalidade pretendida) + ticket (email) • Transcrever a prescrição para a PEM num prazo máximo de 72h • Justificar no campo adequado “A vermelho está assinalado o local, para colocar o número do ticket atribuído à falha informática”( Circular DGS nº 3/2015) VENTILOTERAPIA Seguimento do doente com SAOS VENTILOTERAPIA Ventilação mecânica domiciliária (VMD) Em aumento: prevalência da SAOS , indicações pediátricas, tratamento precoce nas DNM... Indicações: • Sd Apneia do Sono: - Sd Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) - Sd overlap (SAOS+DPOC) - Sd Apneia Central do Sono (ICC com Cheyne-Stokes ) • Doenças restritivas: - Doenças neuromusculares (ELA, DMDuchenne) - Deformidades caixa torácica (cifoescoliose, polio) - Lesões vertebro-medulares • DPOC: na exacerbação aguda ou se hipercapnia nocturna apesar de OLD • Sd Obesidade Hipoventilação Qual o papel do MF na ventiloterapia? Sd. Apneia Obstrutiva Sono Educar os doentes e as suas famílias Recomendar medidas higiénico-dietéticas Encorajar a adesão ao tratamento Avaliar os efeitos adversos e corrigi-los Avaliar adesão e eficácia à VNI Seguimento clínico Qual o papel do MF na ventiloterapia? Sd. Apneia Obstrutiva Sono Educar os doentes e famílias Recomendar medidas higiénico-dietéticas Encorajar a adesão ao tratamento Avaliar os efeitos adversos e corrigi-los Avaliar adesão e eficácia à VNI Qual o papel do MF na ventiloterapia? Sd. Apneia Obstrutiva Sono Educar os doentes e famílias Recomendar medidas higiénico-dietéticas Encorajar a adesão ao tratamento Avaliar os efeitos adversos e corrigi-los Avaliar adesão e eficácia à VNI Seguimento clínico Qual o papel do MF na ventiloterapia? Sd. Apneia Obstrutiva Sono Educar os doentes e famílias Recomendar medidas higiénico-dietéticas Encorajar a adesão ao tratamento Avaliar os efeitos adversos e corrigi-los Avaliar adesão e eficácia à VNI Seguimento clínico Efeitos adversos CPAP Congestão nasal ou obstrução Irritação cutânea Conjuntivite Secura de boca e faringe Ruído Outros: epistaxis, otalgia, aerofagia, claustrofobia, frio Outros problemas: Má adesão em condutor e sonolência Não utilização por pudor/vergonha… pouco sexy! puckilo© puckilo© Efeitos adversos CPAP: soluções • Congestão/obstrução nasal: SF, corticóide nasal • Irritação cutânea: ajustar/trocar máscara/ hidratante/ colóide • Conjuntivite: ajustar/trocar máscara/ lubrificador • Secura de boca: humidificador/apoio de queixo • Ruído: evitar fugas/trocar máscara/ tampões • Epistaxis: lubrificador nasal/humidificador • Frio: passar traqueia por baixo da almofada/humificador /capa isolante para traqueia/aquecer o quarto • Aerofagia: IBP/medidas posturais • Otalgia/Cefaleias/Pressão elevada Referenciar • Má adesão condutor + sonolência : atenção atestado carta condução! Qual o papel do MF na ventiloterapia? Sd. Apneia Obstrutiva Sono Educar os doentes e famílias Recomendar medidas higiénico-dietéticas Reforçar a adesão ao tratamento Avaliar os efeitos adversos e corrigi-los Avaliar eficácia e adesão à VNI Seguimento clínico Seguimento SAOS pelo MF Referenciação para estudo Diagnóstico Tratamento Seguimento Seguimento SAOS pelo MF Referenciação para estudo Diagnóstico Tratamento Seguimento Doentes estáveis: SAOS “Pura” CPAP/Binível Adesão ≥ 4 horas/dia IAHresidual ≤ 5 /hora E.S.Epworth < 10 Seguimento SAOS pelo MF Referenciação para estudo Diagnóstico Tratamento Seguimento Doentes estáveis: SAOS “Pura” CPAP/Binível Adesão ≥ 4 horas/dia IAHresidual ≤ 5 /hora E.S.Epworth < 10 Relatório Seguimento SAOS pelo MF Referenciação para estudo Seguimento Diagnóstico Tratamento Seguimento Receita s Doentes estáveis: SAOS “Pura” CPAP/Binível Adesão ≥ 4 horas/dia IAHresidual ≤ 5 /hora E.S.Epworth < 10 Relatório Seguimento SAOS pelo MF Situações “problemáticas” Referenciação para estudo Seguimento Diagnóstico Tratamento Seguimento Receita s Doentes estáveis: SAOS “Pura” CPAP/Binível Adesão ≥ 4 horas/dia IAHresidual ≤ 5 /hora E.S.Epworth < 10 Relatório Seguimento SAOS pelo MF Doente estável tem alta da Consulta do Sono com relatório Pelo menos 1 consulta/ano presencial nos CSP com monitorização clínica + 1 não presencial para receitas Informe técnico da empresa (semestral) imprescindível para continuação da prescrição Verificar efeitos adversos Parâmetros de adesão: • • Nº horas uso/dia: mínimo > 4h Nº horas acumuladas: “como mínimo 70% das noites” Parâmetros eficácia: • • IAH residuais < 5/h Sem sintomas residuais: sem sonolência (Epworth < 10) Seguimento SAOS pelo MF Doente estável tem alta da Consulta do Sono com relatório Pelo menos 1 consulta/ano presencial nos CSP com monitorização clínica + 1 não presencial para receitas Informe técnico da empresa (semestral) Média usoimprescindível diário de 4 horas para continuação da prescrição é mínimo indispensável, Verificar efeitos adversos Parâmetros de adesão: • • MAS NÃO É O IDEAL !!! ENCORAJAR maior número de horas de utilização !!! Nº horas uso/dia: mínimo > 4h Nº horas acumuladas: “como mínimo 70% das noites” Parâmetros eficácia: • • IAH residuais < 5/h Sem sintomas residuais: sem sonolência (Epworth < 10) 2 3 Sem Sonolência: < 10 2 Sonolência Moderada: 10 – 161 Sonolência Intensa: > 16 3 0 2 0 EQUIPAMENTOS de VENTILOTERAPIA Equipamentos de pressão positiva contínua: CPAP/AutoCPAP • É um gerador de pressão, apenas mantêm a patência da via aérea. Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono • CPAP: pressão positiva predefinida. APAP: autoajuste da pressão Ventiladores de pressão positiva (Ventilação Não Invasiva) • Ventilador pressumétrico ou Bi-nível : regulado em pressão. IPAP/EPAP. DPOC e Sd Obesidade-Hipoventilação • Ventilador volumétrico: regulado em volume. Asseguram ventilação permanente (>16h) para doentes neuromusculares. • Ventilador híbrido: permite regulação em volume durante o dia e em pressão à noite. Uso DNM. • Servoventilador: mais complexo, corrige apneias centrais ajustando a pressão de ar em cada respiração. ICC com CheyneStokes, SAS complexa. Evolução da CPAP Evolução da CPAP Tipos de máscaras Nasais Faciais Almofadas nasais (Adams) Quando voltar a referenciar? Não adesão (Uso de CPAP inferior a 4h em < 70% das noites) Não eficácia (IAH residual ≥ 5/h) Hipersonolência diurna (Epworth ≥ 10) não justificável Efeitos secundários de difícil controlo Vontade expressa de suspender a terapêutica (por opção; perda de peso significativa; melhoria por cirurgia) Situações de natureza técnica que impliquem necessidade de nova adaptação (reportadas pela empresa) VENTILOTERAPIA Aspectos práticos da prescrição • Apenas deve ser renovada a prescrição iniciada no sistema público (necessária informação clínica!) • Renovação por: • 90 dias + 90 dias • Podem-se mudar accessórios ou tipo de máscara • Não mudar parámetros sem indicação dos cuidados especializados!* • Renovação possível: • Desde 30 dias antes até 30 dias após o fim da receita anterior* Aspectos práticos da prescrição CRD: Renovação CPAP CRD: Renovação CPAP manual • Se falha do sistema informático: • Receita manual → Formulário página DGS + número ticket Transcrever a prescrição para a PEM (prazo máximo 72 h) • Justificar no campo adequado • NÃO devem ser realizadas receitas manuais por outros motivos (circular nº13/2015 ACSS) OBRIGADO pela vossa atenção ! 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