Alteridade e Liberdade em Sartre Lucila Lang Patriani de Carvalho Departamento de Filosofia - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Universidade de São Paulo, São Paulo. 1. Objetivos Nas obras do filósofo Jean-Paul Sartre, dentre outras temáticas, se destacam a Alteridade e, principalmente, a Liberdade. A pesquisa busca articular os dois conceitos, tanto na produção literária quando na filosófica do autor, e abordar os moldes das relações que são estabelecidas a partir desta união conceitual, bem como as implicações decorrentes disto no interior de suas obras. Ao longo do trabalho também é necessário articular a Fenomenologia e sua relação com o Existencialismo, caracterizando um modo peculiar da relação inter-subjetiva. 2. Material e Métodos A análise do tema inicialmente proposto se deu privilegiando o que os comentadores designam como sendo o “primeiro Sartre”, mantendo o diálogo com a fenomenologia e o existencialismo. Este período originou o livro O Ser e o Nada, em torno do qual se deu grande parte da pesquisa. A leitura também abrange os romances e peças do autor que estejam relacionadas ao tema, bem como de comentadores que possibilitaram uma melhor adequação à proposta. Quando necessário e muito pontualmente, houve o recurso a obras de outros autores contemporâneos a Sartre que abordam algum tema semelhante ou que auxiliam na compreensão inicial de determinado conceito utilizado posteriormente por Sartre. Também houve a produção de textos e análises de temas tangentes à pesquisa e que auxiliam na sustentação de sua estrutura. 3. Resultados e discussão A discussão passou inicialmente pelo conceito de Sujeito sartreano e as delimitações específicas que este recebe, privilegiando a análise mais aprofundada do conceito de consciência e a extensão deste. Este ponto foi melhor enfocado para poder compreender o que ocorre quando um outro sujeito, com a mesma estrutura que o primeiro, aparece para aquele. A partir do momento em que é possível constatar que todas as relações inter-subjetivas são sempre estabelecidas entre um sujeito e um objeto, haverá algumas decorrências para ambas as partes participantes da relação. Há diferentes abordagens por conta desta relação se caracterizar pela dominação e apreensão de liberdade e, como cada sujeito oscila entre o pólo objetivo e o subjetivo, ora será submetido pelo outro, ora dominará este outro. É necessário também a análise da instabilidade nas relações que esta dominação configura. 4. Conclusões A conclusão passa pelo caráter sempre negativo que a presença do outro adquire, originando uma das mais conhecidas frases de Sartre, contida na peça Entre quatro paredes: “O inferno são os outros”. Além do fator negativo é preciso ressaltar, simultaneamente, a necessidade da presença da alteridade, que pode fornecer o que cada sujeito busca nesta relação: a totalização. O sujeito inicialmente marcado pela falta, o que irá gerar a dinâmica nas relações, atinge o seu Ser. O conflito se origina e persiste pelo fato desta totalização do Eu encontrar-se sob o domínio do outro, que cada sujeito não pode atingir por si só, mas também não pode abranger a consciência alheia para obter o que o coloca na posição de Ser. 5. Referências Bibliográficas [1] Perdigão, Paulo. Existência e liberdade: uma introdução à filosofia de Sartre. Porto Alegre: L&PM, 1995. [2] Sartre, Jean-Paul. Entre quatro paredes. Tradução por Guilherme de Almeida. São Paulo: Abril Cultural, 1977. [3] ______________. O ser e o nada: Ensaio de ontologia fenomenológica. Tradução por Paulo Perdigão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997 [4] ______________. Sursis. Tradução por Sérgio Milliet. 4.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. (trilogia Os caminhos da Liberdade)