59º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 59o Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2013 Hotel Monte Real Resort • Águas de Lindóia • SP • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 8 Professor Níquel Náusea: uso de quadrinhos no ensino da teoria evolutiva Bonner, ASC¹; Silva, EP¹ ¹Laboratório de Genética Marinha e Evolução, Departamento de Biologia Marinha, Instituto de Biologia, UFF, Niterói, RJ [email protected] Palavras-chave: quadrinhos, teoria evolutiva, ensino de Biologia, mídia, ferramentas didáticas A teoria evolutiva se defronta, ainda hoje, com dificuldades de aceitação e entendimento pelo público em geral, bem como, o seu ensino tem sido considerado, por professores, como um desafio. Um dos fatores que contribuem para os problemas de aprendizagem da teoria evolutiva é a distorção de conceitos relacionados à evolução biológica por parte das mídias de massa (cinema, TV etc.). As histórias em quadrinhos (HQs) estão entre os formatos midiáticos que disseminam informações e representações sobre a teoria evolutiva e contam com grande prestígio junto às crianças e adolescentes. A revista Níquel Náusea, do autor Fernando Gonsales, é uma HQ da vertente underground focada na vida de animais diversos e seus problemas (sobrevivência, relação com os humanos, vida moderna, sociedade cientifico - tecnológica etc.). As histórias são desenvolvidas como tiras cômicas que, com linguagem simples, descrevem fenômenos biológicos, avanços científicos, questões éticas e elucubrações filosóficas. Como não poderia deixar de ser em uma HQ focada na “bicharada”, o processo evolutivo está presente nas páginas da Níquel Náusea. Neste trabalho, estas tiras foram pensadas na perspectiva de seu uso como ferramenta didática para o ensino da teoria evolutiva. Das 1155 tiras presentes em todas as 29 edições (1986-1996) da revista, 3,4% apresentavam alguma referência à Evolução Biológica. Estas foram classificadas em nove categorias (Ancestralidade, Adaptação, Criacionismo, Deriva Genética, Especiação, Genética, Migração, Mutação, Seleção Natural). A partir deste inventário são discutidas quatro propostas de atividades em sala de aula. A primeira delas é um debate com os alunos sobre as suas concepções a respeito da palavra evolução, neste caso, as tiras da Níquel Náusea devem ser usadas para levantar questões. Na segunda atividade, as tiras servem para ilustrar a ação das forças evolutivas. No caso específico da categoria mutação, a terceira atividade explora o uso metalingüístico das tiras, uma vez que elas ironizam o tratamento dado a esta força evolutiva nas HQs em geral e, especialmente, naquelas da vertente dos super-heróis. A última atividade traz a contradição criacionismo x evolucionismo para a sala de aula por meio de tiras que relativizam a natureza cultural das crenças e o antropocentrismo. Desta forma, além do entretenimento, as HQs podem estar favorecendo aos alunos uma reflexão sobre a teoria evolutiva e suas implicações científicas, tecnológicas e culturais. Acredita-se, portanto, que o trabalho com HQs em sala de aula possa servir ao ensino e ao desenvolvimento do senso crítico dos alunos, além de facilitar ao professor a abordagem de temas geralmente delicados como o debate evolucionismo x criacionismo. Assim, é possível, no ensino da teoria evolutiva contar com uma nova ajuda em sala de aula: o professor Níquel Náusea.