ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL ENFERMAGEM EM SAÚDE PÚBLICA COM ÊNFASE EM PSF PRICILLA OLIVEIRA SOUZA IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL NA PREVENÇÃO DA SÍFILIS CONGÊNITA SALVADOR 2012 PRICILLA OLIVEIRA SOUZA IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL NA PREVENÇÃO DA SÍFILIS CONGÊNITA Artigo apresentado à Atualiza Associação Cultural como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família, sob a orientação do professor Fernando Reis Espírito Santo. SALVADOR 2012 1 IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL NA PREVENÇÃO DA SÍFILIS CONGÊNITA 1. Pricilla Oliveira Souza 2. Fernando Reis Espirito Santo (Orientador) RESUMO Este estudo aborda sobre a sífilis congênita, que é um agravo de saúde pública passível de eliminação, desde que a mulher infectada pelo Treponema pallidum seja identificada e tratada antes ou durante a gestação, por isso a assistência pré-natal constitui um momento de especial importância para medidas preventivas visando diminuir a prevalência da Sífilis Congênita. A sífilis é um exemplo de doença sexualmente transmissível (DST) que pode ser controlada com sucesso por meio de ações e medidas de programas de saúde pública em virtude da existência de testes diagnósticos sensíveis, tratamento efetivo e de baixo custo, mas mesmo assim, continua como sério problema de saúde pública no Brasil. Tem como objetivo: analisar, a partir da literatura, a importância da assistência pré-natal na prevenção da Sífilis Congênita. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica do tipo qualitativa exploratória, feita através de um levantamento de dados, que foram coletados de livros e artigos científicos selecionados a partir da base de dados da Bireme, Lilacs, Scielo. Os resultados desta pesquisa nos mostram que a falta de acesso à assistência pré-natal é vista como uma das principais causas dos elevados índices de sífilis congênita. Logo, a prevenção deve ser reforçada em todos os níveis de assistência objetivando esclarecer às gestantes as possíveis complicações para si e seu concepto. Os fatos expostos demonstram que, para minimizar essas complicações ocasionadas pela sífilis na gestação, faz-se necessário aumentar a captação precoce de gestantes, incluir e fixá-las ao serviço de pré-natal. PALAVRAS-CHAVE: Assistência Pré-natal; Sífilis; Sífilis Congênita. IMPORTANCE OF PRENATAL ASSISTANCE IN THE PREVENTION OF CONGENITAL SYPHILIS ABSTRACT This study focuses on congenital syphilis, which is a further public health liable to deletion, since the woman infected by Treponema pallidum is identified and treated before or during pregnancy, prenatal assistance therefore constitutes a moment of special importance to preventive measures to reduce the prevalence of congenital syphilis. Thus, syphilis is a sexually transmitted disease (STD) that can be successfully controlled through actions and measures of public health programs because of the existence of sensitive diagnostic tests, effective treatment and low cost, but even so, still as serious public health problem in Brazil. 1. 2. 1 Graduada em Bacharel em Enfermagem pela Universidade Católica do Salvador Doutor em Educação PUC/SP – Professor da UFBA. Aims: to analyze, from the literature, the importance of prenatal care in the prevention of congenital syphilis. This is a bibliographic search of exploratory qualitative type, done through a survey data, which were collected from books and scientific articles selected from the database of Bireme, Lilacs, Scielo The results of this research show us that the lack of access to prenatal care is seen as a major cause of high rates of congenital syphilis. Therefore, prevention should be strengthened at all levels of assistance in order to clarify the possible complications for pregnant women themselves and their concept. Thus, in order to minimize the complications caused by syphilis in pregnancy, it is necessary to increase the early capture of pregnant women, include and attach them to the prenatal services. Keywords: Prenatal Assistance; Syphilis; Congenital Syphilis. 1 INTRODUÇÃO Apresentação do objeto de estudo: A sífilis é uma doença infecto-contagiosa, sistêmica, com evolução crônica cujo agente etiológico é o espiroqueta Treponema pallidum. É uma patologia antiga, sexualmente transmissível, no qual se tem relatos de sua existência desde o século XV. Acomete praticamente todos os órgão e sistemas, e, apesar de ter tratamento eficaz e de baixo custo, vem-se mantendo como problema de saúde pública até os dias atuais. A sífilis é considerada a mais grave doença sexualmente transmissível depois da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), podendo acometer todo o núcleo familiar, já que também é transmitida por via vertical. A sífilis na gestação constitui problema importante, fundamentalmente por duas razões antagônicas, seja pela gravidade das lesões que pode ocasionar no concepto, quando não tratada, seja pela possibilidade real da profilaxia medicamentosa da sífilis congênita consequente a um controle pré-natal correto. Seu diagnóstico deveria ser feito durante o screening do pré-natal. A sífilis congênita (SC), apesar de ser uma doença passível de prevenção, vem ocupando um lugar de destaque no mundo todo, particularmente em países em desenvolvimento. A falta de acesso à assistência pré-natal é considerada como um dos principais fatores responsáveis pela persistência dos elevados índices de sífilis congênita. Sobre a assistência pré-natal, o Ministério da Saúde enfatiza que a gestação caracteriza-se por ser um período de mudanças físicas e emocionais, determinando que o principal objetivo do acompanhamento pré-natal seja o acolhimento à mulher, o oferecimento de respostas e de apoio aos sentimentos de medo, dúvidas, angústias, fantasias ou, simplesmente, à curiosidade de saber sobre o que acontece com o seu corpo. O objetivo do acompanhamento pré-natal é garantir, na medida do possível, que toda gestação resulte em mãe e filhos sadios. Quanto mais cedo se inicia o pré-natal, maiores os benefícios para o binômio. Nesse período as ações educativas são de fundamental importância e devem estar presentes em todas as consultas. Portanto, a tríade vigilância-assistência-prevenção, base da maioria dos programas de Saúde Pública, concorre para reforçar a tese de que a vigilância da sífilis na gravidez é uma das possibilidades de solucionar esse problema. As intervenções (triagem laboratorial e tratamento) permitem a prevenção do caso de sífilis congênita e encontram-se inseridas na assistência pré-natal. Por isso, a assistência pré-natal estendida a todas as gestantes seria a maneira mais lógica de se eliminar a sífilis materna e suas consequências. A assistência pré-natal tem como objetivos principais assegurar uma evolução normal da gravidez; preparar a mãe para um parto, puerpério e lactação normais; identificar o mais rápido possível as situações de risco, para que seja possível prevenir as complicações mais frequentes da gravidez e do ciclo puerperal. Justificativa: A captação precoce das gestantes é uma estratégia importante e que deve ser constantemente incentivada, pois é de opinião dos autores que quanto mais precocemente se estabelece o vínculo entre a gestante e a equipe de saúde, maiores serão as chances de diagnóstico precoce, adesão ao tratamento, tratamento do parceiro e consequentemente controle da Sífilis Congênita. Destaca-se que a assistência pré-natal não pode ser avaliada apenas pelo número de consultas realizadas, mas também pela qualidade do atendimento. E que a falta de acesso à assistência pré-natal é considerada como um dos principais fatores responsáveis pela persistência dos elevados índices de sífilis congênita. Por isso, diante dos fatos expostos, torna-se necessário analisar a importância do acompanhamento pré-natal na prevenção da Sífilis Congênita, pois é um dos componentes mais importantes da assistência à saúde da gestante, além de permitir uma redução da transmissão vertical da doença. Portanto, uma inadequação dessa atenção pré-natal representa um fator de risco materno-fetal. Por causa disso, melhorar a qualidade da assistência pré-natal para que se tenha um diagnóstico precoce da infecção materna ainda é a melhor maneira de prevenir a Sífilis Congênita, sendo a sorologia de capital importância, além de diminuir a morbimortalidade perinatal. Problema: Qual a importância da assistência pré-natal na prevenção da Sífilis Congênita? Objetivo: Analisar a importância da assistência pré-natal na prevenção da Sífilis Congênita. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que segundo Neves (1996) é uma pesquisa frequente onde o pesquisador procura entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir, daí situe sua interpretação dos fenômenos estudados. Quanto aos objetivos se caracteriza por uma pesquisa exploratória, que têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explicito ou a construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fato ou fenômeno estudado. (GIL, 2010). Quanto ao procedimento, é uma pesquisa bibliográfica, que segundo Gil (2010) é elaborado com base em material já publicado, com o propósito de fornecer fundamentação teórica ao trabalho, bem como a identificação do estágio atual do conhecimento referente ao tema, através de um levantamento de dados que foram coletados de livros e artigos científicos selecionados a partir da base de dados da Bireme, Lilacs, Scielo, publicados entre o período de escritos em língua portuguesa. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Sífilis Várias são as teorias que tentam explicar a origem da sífilis. Segundo a teoria colombiana, a doença seria originária do Novo Mundo e teria sido trazida pelo Velho Mundo por marinheiros, durante as expedições de Cristovão Colombo. Outra teoria, a pré-colombiana, sugere que a sífilis já existiria na Europa antes de 1942, e diagnosticada erroneamente como hanseníase. Outra teoria, unitária, propõe a existência de uma única doença, cujo agente etiológico teria sofrido mutações quando exposto a diferentes condições ambientais e sócioeconômicas. (VERONESI, 2005) Contrariamente, segundo a teoria não unitária, o Treponema pallidum teria sofrido quatro mutações ao longo dos últimos 10.000 anos, sendo que a última, ocorrida no final do século XV, deu origem à forma mais virulenta da bactéria: a responsável pela sífilis. Uma teoria alternativa propõe que a sífilis surgiu na África, como treponematose endêmica, originária dos macacos, trazida para a Europa por exploradores portugueses durante a era das explorações (VERONESI, 2005). A sífilis é uma doença infecto-contagiosa, sistêmica, com evolução crônica cujo agente etiológico é o espiroqueta Treponema pallidum (VERONESI, 2005). E para Kushiyama e Tavares (2009), a sífilis é uma patologia antiga, sexualmente transmissível, no qual se tem relatos de sua existência desde o século XV. A sífilis é doença infecciosa crônica, que desafia há séculos a humanidade. Acomete praticamente todos os órgão e sistemas, e, apesar de ter tratamento eficaz e de baixo custo, vem-se mantendo como problema de saúde pública até os dias atuais. (AVELLEIRA, BOTTINO, 2006). Para Victor et al. (2010), ela é considerada a mais grave doença sexualmente transmissível depois da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), podendo acometer todo o núcleo familiar, já que também é transmitida por via vertical. Atualmente, a sífilis persiste como grave problema de saúde no mundo, mesmo com o advento do tratamento da enfermidade com desfecho exitoso na maioria dos casos. (HOLANDA, et al.,2011). Para Naud (1993), esta é uma moléstia que pode ser congênita ou adquirida, determina lesões cutaneomucosas polimorfas e pode comprometer outros tecidos, particularmente os sistemas cardiovascular e nervoso. Apresenta evolução crônica, em que se distinguem períodos de latência e de atividade, recentes ou tardios, caracterizando-se as lesões do período de atividade recente (primário e secundário) pela riqueza em parasitas e reversibilidade das lesões, e as de atividade tardia (terciárias), pela escassez de parasitas e tendência destrutiva e desorganizadora. A sífilis é uma doença transmitida pela via sexual (sífilis adquirida) e verticalmente (sífilis congênita) pela placenta da mãe para o feto. O contato com as lesões contagiantes (cancro duro e lesões secundárias) pelos órgãos genitais é responsável por 95% dos casos de sífilis. (AVELLEIRA, BOTTINO, 2006) Segundo Barros, Marin e Abrão (2002), a transmissão é predominantemente venérea, embora possa ocorrer por transfusão de sangue contaminado. Não é hereditária, mas pode ser transmitida aos descendentes por via placentária durante a gravidez (sífilis congênita). 2.2 Sífilis Congênita A sífilis congênita é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, podendo o feto apresentar graves sequelas, inclusive evoluir pra óbito. Sabe-se que um problema contribuinte para a manutenção da sua elevada prevalência é a subnotificação ocorrida em nosso país, mesmo sendo de notificação compulsória desde 1986 (REIS et al, 2007). A Organização Mundial de Saúde estima que, todos os anos, pelo menos meio milhão de crianças nasce com sífilis congênita e meio milhão, mortas ou com sequelas, resultantes da sífilis materna. No Brasil, esta é uma doença de elevada magnitude (MARTINS et al, 2007). Devido às graves consequências para a gestante e seu concepto, a sífilis é uma enfermidade que requer intervenção imediata para reduzir ao máximo a possibilidade de transmissão vertical. Já que, segundo o Ministério da Saúde (2006), a infecção do feto depende do estágio da doença na gestante; ou seja, quanto mais recente a infecção materna, mais treponemas estão circulantes e, portanto, mais grave e frequente será o comprometimento fetal. A sífilis congênita é consequente à infecção do feto pelo Treponema pallidum pela placenta. Os treponemas quando invadem diretamente a circulação fetal, acometem inicialmente o fígado e a seguir vários órgãos, sendo especialmente importantes as lesões instaladas da pele e mucosas, esqueleto e sistema nervoso central, além do próprio fígado. (MARCONDES et al, 2003). A infecção pelo Treponema pallidum durante a gravidez pode resultar em morte intraútero em 25% a 30% dos casos, óbito neonatal em outros 25% a 30%, sobrevida em 40% dos casos, porém com sífilis congênita (BARROS; MARIN; ABRÃO, 2002). É considerado óbito fetal (natimorto) por sífilis, para o Ministério da Saúde (2005), todo feto morto, após 22 semanas de gestação ou com peso igual ou maior a 500 gramas, cuja mãe portadora de sífilis não foi tratada ou foi inadequadamente tratada. E a aborto por sífilis define-se por toda perda gestacional, ocorrida antes de 22 semanas de gestação ou com peso menos a 500 gramas, cuja mãe é portadora de sífilis e não foi tratada ou foi inadequadamente tratada. O período gestacional não é isento de infecções que comprometam a saúde materno-fetal, de forma especial aquelas que se apresentam assintomáticas ou subclínicas. Nessas situações, o tratamento, em geral, não seria necessário. Entretanto, os riscos da transmissão materno-fetal (vertical) são fatores limitantes para o desenvolvimento e vitalidade do futuro concepto. (FILHO et. al, 2007) A sífilis congênita (SC), apesar de ser uma doença passível de prevenção, vem ocupando um lugar de destaque no mundo todo, particularmente em países em desenvolvimento. A falta de acesso à assistência pré-natal é considerada como um dos principais fatores responsáveis pela persistência dos elevados índices de sífilis congênita. (ARAUJO, 2006) Embora a prevalência da infecção pelo Treponema pallidum tenha reduzido sensivelmente com a descoberta da penicilina na década de 1940, a partir da década de 1960 e, de maneira mais acentuada, na década de 1980, tem-se observado tendência mundial no recrudescimento da sífilis (SF) entre a população em geral e, de forma particular, dos casos de sífilis congênita (SC), tornando-a um dos mais desafiadores problemas de saúde pública deste início de milênio. (FIGUEIRÓFILHO et. al, 2007) Em 1993, o Ministério da Saúde, ciente dos riscos perinatais e da magnitude da SC no Brasil, propôs a sua erradicação até o ano 2000, visto ser esta uma entidade clínica totalmente passível de prevenção por meio da identificação e do tratamento das gestantes infectadas ainda no pré-natal. Entretanto, as metas governamentais até agora não foram atingidas e, de acordo com informes oficiais do próprio governo brasileiro, as taxas de SC ainda permanecem extremamente elevadas. (FILHO et. al, 2007) A Sífilis Congênita é considerada um evento sentinela da qualidade da assistência médica. Desta forma, a existência da doença sinaliza uma falha expressiva na assistência pré-natal e um erro grave do sistema de saúde vigente, do programa de controle das DST/AIDS. (SCHETINI et al,2005) Segundo o Ministério da Saúde (2005), os fatores mais importantes que determinam a probabilidade da transmissão vertical da sífilis são o estágio da sífilis na mãe e a duração da exposição do feto no útero. Há possibilidade de transmissão direta do Treponema pallidum por meio de contato da criança pelo canal do parto, se houver lesões genitais maternas. Durante o aleitamento, ocorrerá apenas se houver lesão mamária por sífilis. 2.3 Assistência pré-natal Sobre a assistência pré-natal, o Ministério da Saúde enfatiza que a gestação caracteriza-se por ser um período de mudanças físicas e emocionais, determinando que o principal objetivo do acompanhamento pré-natal seja o acolhimento à mulher, o oferecimento de respostas e de apoio aos sentimentos de medo, dúvidas, angústias, fantasias ou, simplesmente, à curiosidade de saber sobre o que acontece com o seu corpo (BRASIL, 2000). A assistência pré-natal (APN) é um dos pilares do cuidado a saúde materno-infantil, cuja relevância para a redução da morbimortalidade materna e neonatal já se encontra estabelecida. Inúmeras evidencias indicam que o adequado acompanhamento antenatal é um importante fator de diminuição da incidência de baixo peso ao nascer, prematuridade e óbito perinatal. Para atingir seus propósitos, é necessário que a assistência oferecida cumpra requisitos mínimos. Tradicionalmente, o número de consultas e a época de inicio do acompanhamento tem sido os indicadores mais comumente empregados na avaliação da APN. Embora seja imprescindível garantir a realização das consultas pré-natais em número e precocidade recomendados, é também necessário que elas sejam de boa qualidade no que diz respeito ao conteúdo, aspecto que tem sido negligenciado. (LIMA, COSTA, DOURADO, 2008) Os objetivos da assistência pré-natal são: orientar os hábitos de vida da gestante; dar assistência psicológica e educacional; preparar a gestante para o trabalho de parto; ensinar noções de puericultura;fazer o diagnóstico e tratar as doenças preexistentes que podem gerar riscos a gravidez e o parto; acompanhar sequencialmente o processo de gestação. (BRASIL, 2003) 2.4 Importância da assistência pré-natal na prevenção da sífilis congênita A sífilis na gestação constitui um problema importante, fundamentalmente por duas razões antagônicas, seja pela gravidade das lesões que pode ocasionar ao concepto, quando não tratada, ou seja, pela possibilidade real da profilaxia medicamentosa da sífilis congênita consequente a um pré-natal correto (CAMPOS et al, 2000). A sífilis é uma doença passível de relatos, logo, em qualquer instituição de saúde deve ser ativado um mecanismo para garantir que todos os pacientes diagnosticados sejam notificados ao departamento de saúde pública estadual ou municipal, através da ficha de notificação, para garantir o acompanhamento na comunidade. Pois este departamento é responsável por entrevistar o paciente para determinar os contatos sexuais, de modo que possam ser iniciadas a notificação e a triagem (BRUNNER; SMELTZER; BARE, 2005). O objetivo do acompanhamento pré-natal é garantir, na medida do possível, que toda gestação resulte em mãe e filhos sadios. Quanto mais cedo se inicia o pré-natal, maiores os benefícios para o binômio. Nesse período as ações educativas são de fundamental importância e devem estar presentes em todas as consultas (PINOTTI, 1998). Sendo assim, o sucesso do acompanhamento pré-natal depende basicamente de três fatores: interesse e participação da gestante e de seus familiares durante as consultas, reconhecendo sua importância, seguindo corretamente as orientações e identificando qualquer anormalidade no transcurso da gestação; interesse e participação dos órgãos assistenciais patrocinadores do pré-natal, que tem a responsabilidade de fornecer recursos humanos qualificados e materiais básicos, facilitar marcação de consultas e oportunizar exames laboratoriais e complementares, além da fiscalização periódica; interesse e participação do enfermeiro e do médico como fator decisivo para a qualidade do acompanhamento, que deve ser competente, dedicado e humano (FIGUEIREDO, 2008). O pré-natal é formado por ações educativas e clínicas, objetivando identificar precocemente os riscos para a gestante e seu bebê. Um pré-natal de qualidade, com sorologias, tratamentos adequados da gestante e seu parceiro, e notificação do caso com comprometimentos dos profissionais de saúde faz-se necessário para o melhor controle e possível prevenção da sífilis congênita. Pois, segundo o Ministério da Saúde (2006), uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e neonatal e, para sua humanização e qualificação. E isso se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias, do fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco. Já que o principal objetivo da atenção pré-natal e puerperal é acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando, no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem estar materno e neonatal. Segundo Lorenzi (2001), o pré-natal pode prevenir e controlar as doenças materno-fetais, como a sífilis, pois são doenças encontradas em gestantes que se não tratadas podem ser transmitidas durante a gestação, parto ou aleitamento, se existir lesão mamária. A sífilis congênita é uma das enfermidades mais facilmente preveníveis, no entanto, é necessário que a gestante infectada seja detectada e prontamente tratada juntamente com seu(s) parceiro(s). Deve ser realizada também orientação para adoção de medidas preventivas e é importante lembrar que essas orientações devem ser contextualizadas às possibilidades e limites de cada pessoa em atendimento. Assim, a melhor medida de controle consiste em conceder a toda gestante um pré-natal adequado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998). A tríade vigilância-assistência-prevenção, base da maioria dos programas de Saúde Pública, concorre para reforçar a tese de que a vigilância da sífilis na gravidez é uma das possibilidades de solucionar esse problema. As intervenções (triagem laboratorial e tratamento) permitem a prevenção do caso de sífilis congênita e encontram-se inseridas na assistência pré-natal (SARACENI et al, 2007). Segundo Araujo et. al. (2006), a medida mais eficaz para prevenção da SC consiste na realização do rastreamento da sífilis durante o pré-natal, através do teste de VDRL que deve ser realizado o mais precoce possível, e depois deve ser repetido por volta da 28ª e da 38ª semanas de gestação. A prova do VDRL é um dos testes não treponêmicos utilizados rotineiramente no imunodiagnóstico da sífilis. Devido ao baixo custo e praticidade quanto a sua realização, vem sendo bastante utilizado nas unidades de atenção primária de saúde (SANTANA et al, 2006). A pesquisa do VDRL é obrigatória durante a avaliação pré-natal. Além disso, toda grávida deve realizar VDRL na admissão hospitalar ou imediatamente após o parto. O VDRL do recém nascido deve ser sempre realizado naquele nascido de mãe sorologicamente positiva para sífilis na ocasião do parto ou com história da doença no pré-natal. Nos recém nascidos de mães com sífilis não tratadas ou inadequadamente tratadas durante o período pré-natal, independente do resultado do VDRL, é necessária a realização de radiografia de ossos longos, punção lombar com análise do líquor e outros exames como fundoscopia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999 apud HUGGINS et al, 2001). O objetivo do controle da sífilis é a interrupção da cadeia de transmissão e a prevenção de novos casos. Evitar a transmissão da doença consiste na detecção e no tratamento precoce e adequado da paciente e do seu parceiro. A prevenção de novos casos deverá ter como estratégia a informação para a população geral sobre a doença e as formas de evitá-la (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). Portanto, segundo Araújo et al (2006), a assistência pré-natal estendida a todas as gestantes seria a maneira mais lógica de se eliminar a sífilis materna e suas consequências. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo mostra que, das várias doenças que podem ser transmitidas durante o ciclo grávido-puerperal, a sífilis é a que tem as maiores taxas de transmissão. Como elementos fundamentais no enfrentamento dessa transmissão vertical, as ações de diagnóstico e prevenção precisam ser reforçadas especialmente no pré-natal e parto. Porém, idealmente essas ações seriam mais efetivas se realizadas com a população em geral, ainda antes da gravidez ocorrer. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). Fica evidente neste estudo, que as graves consequências que a sífilis traz para as gestantes e seus conceptos, uma vez que a transmissão desta doença para o feto pode ocasionar graves sequelas e evoluir para o óbito. A falta de acesso à assistência pré-natal é vista como uma das principais causas dos elevados índices de sífilis congênita. Logo, a prevenção deve ser reforçada em todos os níveis de assistência objetivando esclarecer às gestantes as possíveis complicações para si e seu concepto. A intenção de se alcançar a eliminação dessa doença deve se apoiar, ademais, na realização do acompanhamento pré-natal. Para a intenção da eliminação da SC do cenário da Saúde Pública, o gesto é a atenção pré-natal. Para aproximar a intenção do gesto, a ampliação do acesso e a qualificação da assistência pré-natal são as respostas. No Brasil, mais de 70% das mães de bebês notificados como casos de SC freqüentaram o pré-natal; por diferentes motivos, entretanto, foram perdidas as oportunidades do diagnóstico e tratamento adequado dessas mulheres enquanto gestantes. (SARACENI, 2007). A sífilis congênita, por sua vez, é de fácil prevenção, no entanto, é necessário que a gestante infectada seja detectada e tratada precocemente juntamente com seu parceiro. O uso regular de preservativos e o tratamento adequado também fazem parte da ação preventiva da sífilis em crianças. É sabido que quanto mais precoce a mulher inicia o pré-natal, melhor será a qualidade do atendimento. Portanto, conclui-se que, a fim de minimizar as complicações ocasionadas pela sífilis na gestação, faz-se necessário aumentar a captação precoce de gestantes, incluir e fixá-las ao serviço de pré-natal. O comprometimento de todos os profissionais de saúde para um prénatal de qualidade, com sorologias e tratamento adequados não só da gestante, mas também de seu parceiro, e a notificação dos casos, objetivando reduzir os índices de transmissão e agravos ao binômio, é imprescindível. E é de grande relevância para melhor abordagem dos pacientes o conhecimento mais abrangente sobre a evolução natural da sífilis. REFERÊNCIAS ARAÚJO, E. C. et al. Importância do pré-natal na prevenção da sífilis congênita. Revista Paraense de Medicina, Pará, 20(1), jan-mar, 2006; AVELLEIRA, J. C. R.; BOTTINO, J. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Anais Brasileiros de Dermatologia. Rio de Janeiro, 81(2), p. 111-124, 2006; BARROS, S. M. O.; ABRÃO, A. C. F. V.; MARIN, H. F. Enfermagem obstétrica e ginecológica: guia para a prática assistencial. São Paulo: Roca, 2002; BRASIL, Fundação Nacional da Saúde. Centro Nacional de Epidemiologia. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 4. ed. 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