ÁGORA Revista Eletrônica Ano VIII nº 16 Jun/2013 ISSN 1809 4589 P. 62 – 66 FO RMIGAS C O MO VETO RES MECÂNICO S DE BAC TÉRIAS EM AMBIENTE H O SPITALAR Renan Silva Freire1 Miriam de Magalhães Oliveira Levada2 3 Ana Laura Remédio Zeni Beretta RESUMO Este estudo, buscando informações nas literaturas, teve por objetivo realizar uma revisão bibliográfica, comparando resultados obtidos em diferentes estudos já realizados por diversos autores que estão relacionados com a pesquisa das formigas com o vetores mecânicos de bactérias em am biente hospitalar, cruzando os dados encontrados com as informações retiradas de estudos sobre microorganism os causadores de infecção hospitalar, para poder classificar as formigas como possíveis causadores de infecção cruzada em pacientes de ambiente hospitalar. Palavras-Chave: Formigas. Infecção hospitalar. Bactérias. ABSTRACT This study, seeking information in the literature, aim ed to conduct a literature review, comparing results obtained in different studies conducted by different authors that are related to the research of ants as m echanical vectors of bacteria in the hospital environment, crossing 1 2 3 Professor no Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP Professora no Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP Professora no Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP www.agora.ceedo.com.br [email protected] Cerro Grande – RS F,: 55 3756 1133 62 ÁGORA Revista Eletrônica Ano VIII nº 16 Jun/2013 ISSN 1809 4589 P. 62 – 66 with the data found inform ation drawn from studies on microorganism s that cause hospital infections, to classify ants as possible causes of cross infection in hospital patients. Key words: Ants. Hospital infection. Bacteria. INTRO DUÇ ÃO Os insetos são os anim ais com maior diversidade no mundo e várias espécies se beneficiam com a presença do ser hum ano. Assim , são os anim ais que mais podem interferir na qualidade de vida dos homens (COSTA et. al., 2006). As formigas apresentam uma grande diversidade de form as e comportamento. Estes se adaptam com facilidade aos am bientes humanos e sua presença pode determinar a dissem inação de m icrorganism os através da veiculação m ecânica. Existe então a preocupação sobre as possibilidades de agravos à saúde que possam ser causados pela veiculação de agentes patogênicos por formigas urbanas (PEREIRA e UENO, 2008), principalmente quando ocorrem em am biente hospitalar. Os estudos de form igas em hospitais têm despertado grande interesse devido ao potencial destes organism os estarem envolvidos com a transm issão de infecção intra-hospitalar. Esses organism os são dotados de grande mobilidade, possibilitando-os circular por vários locais do hospital, carreando microrganismos (TANAKA et. al., 2006), podendo então promover infecções cruzadas. A alta incidência de infecção hospitalar (IH) é uma das m aiores preocupações na área da saúde. Geralmente a IH é provocada pela própria microbiota humana, por um desequilíbrio no m ecanism o de defesa, por procedimentos invasivos ou contato com a flora hospitalar. O que mais preocupa nas IH’s é a am eaça constante de dissem inação de bactérias multirresistentes (ANVISA, 2004). Em estudo realizado em um hospital municipal da região m etropolitana de Campinas, SP, foi constatada a ocorrência de formigas em dois locais: pronto-socorro e m aternidade e, associados às formigas, a presença de dois gêneros de bactérias relacionadas à IH: Enterococcus sp e Staphylococcus sp. O gênero Enterococcus apresentou-se resistente a seis dos nove antibióticos testados, mostrando m ultirresistência aos fármacos (FREIRE, 2008). www.agora.ceedo.com.br [email protected] Cerro Grande – RS F,: 55 3756 1133 63 ÁGORA Revista Eletrônica Ano VIII nº 16 Jun/2013 ISSN 1809 4589 P. 62 – 66 REVISÃO DA LITERATURA O presente estudo foi desenvolvido após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e Mérito Científico do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, protocolo 301/2010 seguindo as regras da resolução 196/96 do CONEP. Para o estudo, foi utilizado o m étodo de revisão bibliográfica. O estudo foi realizado por m eio de bibliografias revisadas, contando com artigos científicos especializados, manuais e normas técnicas da ANVISA e Ministério da Saúde e dem ais materiais referentes ao tema, conform e referências bibliográficas. Segundo Parra Filho e Santos (2002) “[...] qualquer que seja o campo a ser pesquisado, sempre será necessária um a pesquisa bibliográfica, para se ter um conhecimento prévio do estágio em que se encontra o assunto”. O trabalho refere-se a bibliografia e fontes, onde as fontes são textos originais relacionados a um determ inado assunto e a bibliografia diz respeito aos esclarecim entos às fontes. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica encontra se no fato de pesquisar e favorecer os seus autores. RESULTADO S E DISCUSSÃO Segundo ANVISA (2007), aproximadam ente 10% dos pacientes hospitalizados infectam-se em conseqüência de procedimentos invasivos ou de terapia imunossupressora. Destes, as bactérias Enterococcus sp., Staphylococcus aureus, Pseudom onas aeruginosa, Acinetobacter sp., E. coli, Klebisiella sp. e Enterobacter sp. são apontadas com o os principais agentes causadores de IH. MOURA et. al. (2007), tam bém realizaram um estudo em duas Unidades de Terapia Intensiva de um hospital publico de ensino de Teresina, onde determinaram a prevalência e IH, evidenciando que 35% dos casos encontrados foram causados por bactérias do gênero Klebisiela, além de 17,9% por Staphylococcus e de 24% por Pseudom onas entre outros. Além destes estudos com IH, PADRÃO et. al. (2010) realizaram uma pesquisa no Hospital Pró-Clinicas, Cam pos de Goytacases, RJ, onde, no período do estudo, foram notificados 26 casos de IH, sendo que o microorganism o m ais isolado foi o Proteus mirabilis, seguido pelo gênero Enterobacer, Staphylococcos, Proteus e Pseudom onas. FREIRE (2008) realizou uma pesquisa estudando a presença de bactérias em formigas coletadas em ambiente hospitalar, identificando dois gêneros de bactérias: Enterococcus e Staphylococcus coagulase negativa. Em 2007, TEIXEIRA isolou 59 www.agora.ceedo.com.br [email protected] Cerro Grande – RS F,: 55 3756 1133 64 ÁGORA Revista Eletrônica Ano VIII nº 16 Jun/2013 ISSN 1809 4589 P. 62 – 66 m icroorganismos de formigas amostradas em área hospitalar, sendo que os fungos foram os que apresentam maior freqüência, seguidos dos Staphylococcus coagulase negativa, bacilos Gram positivos e das Pseudomonas sp.. CARNEIRO et. al. (2008), tam bém realizou um estudo pesquisando a presença de bactérias causadoras de IH em form igas de am biente hospitalar, verificando a presença das espécies E. coli, Staphylococcus sp, Enterococcus sp, Klebsiella sp e Aeromonas. Relacionando os resultados das três prim eiras pesquisas, sobre IH, com as três ultimas pesquisas, sobre form igas como vetores mecânicos, pode-se concluir que as formigas são transportadoras de m icroorganism os e que podem conduzir, em seus corpos, cepas de bactérias causadoras de IH. Assim, é criado um link entre os temas pesquisados, onde se conclui que, por atuarem como vetores mecânicos de bactérias causadoras IH, em hospitais que não possuam um controle de pragas eficiente e onde a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) não atue com eficácia, as formigas podem ser fonte de infecção cruzada em ambiente hospitalar. C O NSIDERAÇ Õ ES FINAIS Mediante os resultados e conclusões, as form igas podem estar atuando como principais fontes em diversos casos de infecção cruzada, seja diretam ente, ao entrar em contato com o paciente; ou indiretamente, quando passam por equipamentos m édicos que entrarão em contato com o paciente. Cabe então ao setor responsável pelo controle de pragas juntamente com outros setores, como o de higiene e CCIH, estarem sem pre atentos, não somente com as form igas, pois, segundo GAZETA et. al (2007), em pesquisas realizadas quanto a presença de artrópodes em hospital, foram encontrados, além de formigas: ácaros, m oscas, aranhas, m osquitos e outros insetos, tornando assim o cuidado com infestações um ato m uito im portante para a qualidade de atendim ento e do bem estar dos paciente. Contudo, ainda não é possível afirm ar que as form igas são causadoras de IH, o que pode se afirmar é que existe um grande risco, fazendo-se necessário que sejam desenvolvidos estudos que demonstrem a capacidade destes insetos em transportar microorganism os de um ambiente a outro, ou mesmo do ambiente para as pessoas. www.agora.ceedo.com.br [email protected] Cerro Grande – RS F,: 55 3756 1133 65 ÁGORA Revista Eletrônica Ano VIII nº 16 Jun/2013 ISSN 1809 4589 P. 62 – 66 BIBLIO GRAFIA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Anvisa intensifica controle de infecção em serviços de saúde. Revista Saúde Pública, v. 38, n. 3, p. 475-8, 2004. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Investigação e C ontrole de Bactérias Multirresistentes. Maio/2007. Disponível em: <www.professor es.uff.br /jor ge/m anual_controle_bacterias. pdf> acesso em: 20/09/2010. BUENO, O. C.; CAMPOS-FARINHA, A. E. C. Formigas Urbanas: Estratégias de Controle. 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