EDUCAÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL VERSUS O USO, EXPLORAÇÃO E OCUPAÇÃO DO SOLO CAPIXABA EM ÁREAS URBANAS Isaac Pinto da Silva 1 Marcos Francisco de Sousa 2 Wilson Guasti Junior 3 RESUMO O homem possui uma relação muito próxima, porém delicada e dependente com o meio ambiente e seus recursos, como por exemplo, necessitar solo, da água e do ar, mas não consegue explorar esses recursos sem degradar, sem agredir. O objetivo artigo buscou discutir o uso e ocupação do solo capixaba em áreas urbanas. Para isso apresentou uma visão cronológica e aspectos históricos da gestão ambiental, destacou as principais características do desenvolvimento sustentável, apresentou os principais problemas ambientais do Estado, e contextualizou as áreas urbanas, bem como o uso e a ocupação do solo, apontando com base na literatura descrita as práticas sustentáveis para estabelecer um paralelo com o meio ambiente. Pode-se concluir, a partir da metodologia aplicada que existe uma estreita relação entre a educação ambiental, desenvolvimento sustentável e gestão do meio ambiente e que a interligação desses três elementos pode constituir uma estratégia eficaz e eficiente no controle do mau uso e ocupação do solo capixaba. Palavras-chave: Gestão Ambiental; Educação Ambiental; Solo - Uso e ocupação. 1 Mestrando em ciências das religiões Faculdade Unidas de Vitória - F.U.V. Especialista em Docência do Ensino Superior, Psicopedagogia, Educação de Jovens e Adultos e Gestão em Educação Ambiental pelo Centro de Ensino Superior Fabra. Atualmente é docente no Centro de Ensino Superior Fabra. Contato: [email protected]. 2 Mestrando em Ciências da Educação pela Universidade Del Salvador – USAL. Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade de Educação da Serra - FASE. Graduado em Tecnologia, Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Faculdade Salesiana de Vitória. Atualmente é coordenador e docente do curso de Sistemas de Informação no Centro de Ensino Superior Fabra. Contato: [email protected]. 3 Mestrando em Sistemas de Informação na Universidade Federal do Espírito Santo – UFES. Especialista em Engenharia de Software pela Fundação Educacional Padre Cleto Caliman. Licenciado em Matemática pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Atualmente é docente do curso de Sistemas de Informação no Centro de Ensino Superior Fabra. Contato: [email protected]. Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. 1 INTRODUÇÃO Os problemas ambientais decorrem do uso do meio ambiente como fonte de resíduos da produção, consumo e são agravados pelo modo como os humanos concebem sua relação com a natureza. Para que haja solução efetiva dos problemas ambientais surge à necessidade de envolver o conceito de gestão ambiental em diferentes dimensões. Devido ao histórico do problema ambiental vir se agravando aumenta-se a preocupação da falta de conscientização dos municípios, estados e países que buscam crescimento econômico e o desenvolvimento industrial (REZENDE, CASTOR, 2005). A maioria dos problemas ambientais decorre da utilização do meio ambiente como fonte de resíduos da produção, consumo e se agravam pela forma como o homem concebe a sua relação com a natureza. A preservação do meio ambiente é prioridade no uso sustentável do solo e nesse contexto as organizações devem assumir o compromisso de desenvolver ações que protejam o meio ambiente. Esses fatores justificam o desenvolvimento desta pesquisa. Com a forma desordenada como ocorre o desenvolvimento populacional, industrial e econômico, em algumas áreas capixabas, o uso sustentável do solo capixaba está se tornando um desafio administrativo. Nessa perspectiva, o objetivo deste artigo é discutir o uso e ocupação do solo capixaba em áreas urbanas. 2 MÉTODO Os procedimentos metodológicos que se aplicam a esta proposta tem como base as pesquisas descritas por Gil (2006). Assim, em relação aos objetivos definidos, trata- Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. se de uma pesquisa descritiva e bibliográfica. Seu caráter descritivo apresenta as características de determinada população ou estabelecer relações entre variáveis, ou seja, meio ambiente e educação. Seu teor bibliográfico se caracteriza em função de buscar dados e informações sobre o grafismo e ter como material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é material acessível ao público em geral constituindo, assim, uma revisão teórica sobre o assunto. 3 UMA VISÃO CRONOLÓGICA DA GESTÃO AMBIENTAL A gestão ambiental é um dos fatores mais importantes na atualidade. Além de envolver um planejamento e programas exige a implantação de política e estratégias visando a preservação do meio ambiente, tem relações com a responsabilidade social da empresa. Definindo Responsabilidade Social, Melo Neto e Froes (1999, p.78) a descrevem como sendo a decisão de “participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que a organização está presente e monitorar possíveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividade que exerce”. Em se tratando da questão ambiental, na concepção de Tachizawa (2002, p. 24), a gestão ambiental “é um importante instrumento gerencial para a capacitação e criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja o seu segmento econômico”. A partir das colocações acima, para melhor entender o universo da gestão ambiental é importante enfatizar seus aspectos históricos, princípios e objetivos. 3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA GESTÃO AMBIENTAL Com o fim da Segunda Guerra Mundial, um novo elemento desponta no cenário organizacional: a preocupação com os problemas ambientais. Segundo Viterbo Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. (1998, p. 48), “a consciência política ecologia era ainda incipiente, sendo priorizada a construção de novas indústrias”. Considerando a necessidade de retomada do crescimento econômico e a reconstrução dos países, esse período é classificado como „fase negra‟, pois de acordo com Cajazeira (1997, p. 7) a “degradação era considerada uma etapa necessária para garantir o conforto do homem moderno”. A consciência ecológica se constrói de modo gradual e de acordo com Viterbo (1998, p.48-50) apresenta quatro períodos distintos: a) Conscientização (1960): preocupação com os recursos hídricos; b) Controle da poluição (anos 70): com o aumento das indústrias, cresce a preocupação os efeitos e danos causados pela poluição. Em Estocolmo, em 1972, acontece o movimento mundial em busca da responsabilidade nas questões ambientais. De acordo com Martini Júnior e Gusmão (2003, p. 28), esse movimento reconheceu “a soberania de cada país para decidir a melhor forma de atuação, sem afetar os países vizinhos”; c) Planejamento ambiental: no final da década de 1970, já se vislumbrava que o planejamento adequado os impactos ao meio ambiente poderiam ser minimizados, mas como indica D‟Avignon (1996, p. 10) não foi possível evitar “os acidentes de Bophal (Índia); Chernobil (ex-Rússia) e o de Three Miles Island (EUA) que mostram a necessidade de maiores cuidados com o meio ambiente”. d) Gerenciamento ambiental: nos anos 90, com o advento da globalização, ocorre a ampliação do conceito de gestão e a preocupação com o meio ambiente se torna mais evidente. No cenário brasileiro registra-se a ECO 92, que propôs, segundo D‟Avignon (1996, p.39), a criação de um “grupo especial para estudar a confecção de normas ambientais e cria o Tratado da Biodiversidade e o acordo para a eliminação dos Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. CFC‟s”. Somente em 1996 surgem as Normas ISO 14000, que representa um consenso mundial sobre a gestão ambiental. A partir do processo histórico que deu origem à gestão ambiental, é importante apresentar a sua definição. De acordo com o conceito de Viterbo (1998, p. 51), gestão ambiental “é a forma como uma organização administra as relações entre suas atividades e o meio ambiente que a abriga, observando as expectativas das partes interessadas”. Pode-se entender que gestão ambiental é uma forma da organização dar uma satisfação, uma resposta aos seus clientes, ao consumidor, enfim, à sociedade. Na definição de Franco (1999, p. 38), As empresas que protegem o meio ambiente são bem vistas pelo consumidor e por investidores, já havendo, em alguns países, fundos especializados em investir em empresas que protegem o ambiente. Esses fundos têm crescido e apresentado rentabilidade, porque as empresas são também mais lucrativas. Nessa mesma linha de raciocínio, ou seja, a imagem que o consumidor e cliente faz da empresa e do lucro que ela obtém em função disto, Tachizawa (2002, p. 24) afirma, “a empresa verde é sinônimo de bons negócios e no futuro será a única forma de empreender negócios de forma duradoura e lucrativa”. As empresas enfrentam um mercado aberto e competitivo, o que aumenta a preocupação com a questão ambiental. Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) se tornam aliados das organizações que procuram manter seus processos, aspectos e impactos ambientais sob controle. Segundo D‟Avignon (1996, p. 26), um sistema de gestão ambiental “é um com conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma empresa, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente”. Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. As organizações que tomam decisões estratégicas integradas relacionadas à questão ambiental e ecológica conseguem significativas vantagens competitivas, quando não, redução de custos e incremento nos lucros a médio e longo prazos. A gestão ambiental não deve ser tratada de modo isolado, mas estar incluída no ambiente da gestão de negócios, pois é diretamente ligada à gestão da qualidade total e adotada pela maioria das organizações. 3.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A regulamentação e investimentos na área ambiental sempre foram considerados de como de alto custo e que impede a produtividade, pois a visão que predomina no ambiente organizacional é o confronto entre ecologia (padrões ambientais rigorosos) a economia (crescimento e benefícios sociais). Na definição de Kinlaw (1997, p.125), desenvolvimento sustentável é “um ajuste na maneira como as empresas têm operado, representando uma nova forma de entender a empresa e a qualidade da liderança necessária na área ambiental”. Na análise de Rattner (1991, p. 7) desde a publicação do relatório ao Clube de Roma, em 1972 os debates sobre políticas de meio ambiente “são travados em termos da dicotomia crescimento econômico, entendido como aumento da renda per capita X melhoria da qualidade de vida”. Com a evidência de que a poluição ambiental se tratava de um problema real e crescente, surgiu a necessidade de providências, o que deu origem ao Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) para definir as prioridades do controle normativo da emissão de poluentes industriais. Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. Consequência do desenvolvimento social, econômico e da preservação ambiental, o desenvolvimento sustentável para alcançar seus propósitos deve integrar esses elementos, bem como justiça socioambiental, ecoeficiência e, inclusão social como representado na Figura 1, levando em conta que esses elementos são as suas bases de sustentação. Figura 1 – Bases do desenvolvimento sustentável Fonte: Veiga (2005) – Adaptado. É como destaca Kinlaw (1997, p. 128), “em qualquer segmento econômico, a gestão ambiental é um instrumento gerencial para capacitação e criação de condições de competitividade para as empresas”. Esse entendimento tem expressão nos princípios que norteiam o desenvolvimento sustentável, segundo Milaré (1995, p. 16): Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro editaram leis e estabeleceram órgãos para controlar a poluição das águas e do ar levando até a interdição de fábricas importantes, logo extintas pelo Governo Federal que alegou que esse direito caberia ao Presidente da República. No entanto, os estados mais industrializados assumiram essa responsabilidade e estabeleceram Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. normas próprias. A partir desta época foram criadas a Lei Federal n. º 6.803 de 1980, a Lei n.º 6938 de 1981 e o Decreto de Execução n.º 88.351, que resultam na criação de diversos agentes de controle ambiental, tanto em nível federal, quanto no nível estadual e municipal. Para a empresa, a conquista do desenvolvimento sustentável tem como principais ações econômica, lucrativa e social a produção mais limpa e manter-se compatível com a vigente Legislação Ambiental, pois o processo produtivo conduzido de maneira equivocadas, causa o desequilíbrio ambiental, põe em risco a saúde humana. Além disso, resulta em prejuízo econômico e produtivo para a organização que pode e, dependendo da situação, levar a empresa responder penalmente pelos danos causados. 4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL A educação ambiental é um conceito mais amplo, haja vista que tem relação com conscientizar e no prisma da educação, Teixeira (2007, p. 23) ressalta que no âmbito dos órgãos públicos de meio ambiente, “a educação ambiental é como um instrumento de gestão ambiental”. Pensar dessa forma impõe ao educador maior responsabilidade ao conduzir no tema em sala de aula. Para Leff é destaque a necessidade de „aprender a aprender‟ através do dialógico autorreflexivo e emancipatório que permite alcançar o conhecimento ambiental construído com o outro e acrescenta, A crise ecológica atual é uma transformação da natureza induzida pelas concepções metafísica, filosófica, ética, científica e tecnológica do mundo [...] e nos leva a interrogar o conhecimento do mundo, a questionar esse projeto epistemológico que busca a unidade, a uniformidade e a homogeneidade; anunciando um futuro comum, negando o limite, o tempo, a história; a diferença, a diversidade, a outridade [...]. (LEFF, 2003, p. 19) Essa análise leva ao entendimento de em relação à educação ambiental o professor deve buscar e proporcionar mudanças em sua prática teórico-pedagógica, levando Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. em conta que o fundamento da pedagogia segundo Leff (2003) é fusão entre a pedagogia crítica eo pensamento da complexidade. A junção pedagogia crítica e pensamento da complexidade origina a educação ambiental transformadora que para Loureiro (2004, p. 66) consiste em um conjunto homogêneo, distinto da educação que tem como princípio educação ambiental “como perspectiva que se inscreve e se dinamiza na própria educação, formada nas relações estabelecidas entre as múltiplas tendências pedagógicas e do ambientalismo”. As relações homem e meio ambiente constituem a base da proposta da educação ambiental que para Loureiro (2004, p. 89), busca se desenvolver dentro de uma proposta transformadora, com conteúdo emancipatório que se realiza de tal “maneira que as alterações da atividade humana, vinculadas ao fazer educativo, impliquem em mudanças individuais e coletivas, locais, globais, estruturais e conjunturais, econômicas e culturais”. Nesse contexto, Quintas apud Loureiro (2004) destaca que o fazer educativo ambiental tem seu processo de concretização por meio de princípios que são indispensáveis o entendimento da escoação como instrumento mediador de interesses e conflitos entre atores sociais que agem no ambiente, a percepção de que os problemas ambientais são medidos pelas dimensões “naturais”, econômicas, políticas, simbólicas e ideológicas. Concebendo-a mais uma educação temática e disciplina, a educação ambiental é uma dimensão fundamental do processo pedagógico estando situada no centro do projeto educativo de desenvolvimento, expressando que comunga os princípios fundamentais do ser humano que são a participação, cidadania, autonomia, cultura e sustentabilidade, por isso, Dias (1994, p. 59) a destaca como sendo “[...] um Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente [...]”. Segundo Tinoco e Kraemer (2004, p. 45), “o excesso de degradação ambiental e a redução dos recursos naturais chamam a atenção mundialmente e com isso o meio ambiente atrai mais atenção e interesse”. O meio ambiente é, ainda, uma preocupação no meio acadêmico, que por meio de pesquisas busca estudar e avaliar as consequências dos danos ambientais, a fim de propor soluções e/ou alternativas que as empresas e a sociedade tenhame usufruam de desenvolvimento com práticas autossustentáveis. 5 PROBLEMAS AMBIENTAIS NO ESPÍRITO SANTO São inúmeros os problemas ambientais que afetam o Espírito Santo e a mídia capixaba divulgou em 2007, que no período de 1995 a 2000 já havia sido perdido 1,19% de sua Mata Atlântica, que restavam apenas 7% da área original e que a fragmentação faz matas afetava significativamente a conservação da flora e fauna (JORNAL SÉCULO DIÁRIO, 2007). O pior é que esse processo destrutivo ainda continua e a preservação da Mata Atlântica, pois a ação que pode reverter essa situação, ou seja, Projeto de Lei ainda tramita no Senado, depois de uma espera de mais de 11 anos na Câmara dos Deputados. Estão na fila de espera do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) mais de 6.000 pedidos para a exploração de mármore e granito, atividade cuja participação na destruição ambiental capixaba já degradou mais de 5.000 áreas (JORNAL SÉCULO DIÁRIO, 2007). A destruição da Mata Atlântica é um dos problemas ambientais presente na sociedade capixaba, mas ainda existem aqueles relacionados com o abastecimento Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. domiciliar e industrial (que estão no limite), nos rios e litoral marinho capixaba os cardumes estão em processo rápido de extinção. “Os recursos são desprezados e destruídos, funcionam como lixeiras dos capixabas, poishá contaminação por agrotóxicos e esgotos domésticos e industriais. Os cursos d'água estão assoreados” (JORNAL SÉCULO DIÁRIO, 2007, p. 5). Hoje, o Espírito Santo ocupa a quinta posição no ranking do desmatamento, com 3,6 km² hectares (ha) devastados. Tem ainda a questão relacionada com a poluição atmosférica no Espírito Santo. A situação é uma das piores levando em conta que na região da Grande Vitória, o ar apresenta elevado grau de contaminação causada pó poluentes que causam danos à saúde dos capixabas. Para falar do solo capixaba é preciso primeiro destacar suas macrorregiões que segundo Moreira e Perrone (2005) se subdivide em três áreas: - Região Elevada do interior: representa 70% do território estadual, predomina os sendo os soloslatossolos vermelho/amarelos distrófico, com boas características físicas, bem drenados, boa fertilidade, permeabilidade e baixa erodibilidade. Os solos com horizonte B Textural Eutrófico tem como destaque sua importância agroecológica (elevado grau de erodibilidade e pouca fertilidade). Apresenta alta perda de solo que varia conforme o uso das técnicas de conservação; - Regiões de Tabuleiros: menor parcela territorial, só 25% do estado, apresenta solos sedimentares, formados de sedimentos devido à ação intempérica. Essas áreas já foram alvo de grande desmatamento e atualmente são usadas para plantações (monocultura) de eucalipto; - Região litorânea: solos arenosos, baixa fertilidade, solos de mangue e solos hidromórficos, (a maioria é turforsos e orgânicos). Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. Nessas áreas, Moreira e Perrone (2005) ressaltam que a degradação teve como causa o acelerado desmatamento nas cabeceiras dos rios, estradas construídas de forma mal planejadas e, além disso, pouco conservadas, queimadas e técnicas agrárias inadequadas, com destaque para a irrigação por aspersão. 5.1 ÁREAS URBANAS CAPIXABAS: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO A questão ocupação do solo no contexto capixaba problema existe desde 1535, a integração do Espírito Santo acontece somente no século XX. Em se tratando das questões relacionadas à degradação do solo, Sánchez (2001) aponta: a alteração de características químicas (salinização); deposição ácida e concentração de poluentes; lixiviação; morte e alterações das comunidades de organismos vivos que compõem o solo; perda da matéria orgânica devido à erosão e alteração negativa de suas propriedades físicas em função da grande compactação, muito comum em propriedades rurais. Segundo Girardi e Cometti (2012, p. 52) a atual faixa territorial que representa o Espírito Santo, quando do descobrimento: [...] em termos naturais, pelo ecossistema de Mata Atlântica, e era habitada por nações indígenas [...] situaçãohostil ao colonizador português, desmotivou a ocupação das terras interiores do Espírito Santo, e o estado foi somente ocupado por fazendas [...] No ciclo mineiro, o território do Espírito Santo funcionou como barreira natural às Minas Gerais, condição que se manteve até o século XIX. Essa estagnação econômica termina com o ciclo do café e de acordo com Borgoet al. (apud GIRARDI, COMETTI, 2012, p. 52) o “efeito-difusão do café, que no final do século XIX atingiu primordialmente o sul do estado como expansão das áreas cafeicultoras do Rio de Janeiro e Minas Gerais”. Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. Por outro lado, na área serrana central, o fluxo de imigrantes alemães e italianos, que intensificou o plantio do café, além disso, o crescimento da população imigrante foi o fator primordial no processo de expansão da cafeicultora para as terras ao norte do rio Doce que, até então, se mantinha inalterada (GIRARDI, COMETTI, 2012). O processo de crescimento e ocupação das áreas urbanas do Espírito Santo tem início com o deslocamento da frente pioneira para o norte do rio Doce que segundo Becker (apud GIRARDI, COMETTI, 2012) se deu em três etapas: - Dos anos 20 aos anos 50: a construção da ponte sobre o Rio Doce, em Colatina, Norte do Estado, impulsionou o crescimento que teve como base o elevado preço do caféno mercado internacional, com a crise em 1929 e com o aumento da demanda por madeira contribui para a expansão urbana e industrial do Sudeste; - Dos anos 50 até 1960: com o ciclo da madeira fechando, preço do café em queda no mercado internacional, o crescimento fica lento crescimento é lento; - A partir dos anos 60, com a política de erradicação dos cafezais e a descapitalização dos proprietários rurais, ocorre a concentração fundiária no norte capixaba e a pecúnia se torna uma das principais atividades sendo acompanhada da implantação de monoculturas de cana-de-açúcar e eucalipto para fornecimento de matéria-prima aos processos industriais que se instalam a partir dos anos 1970. As principais classes de uso e ocupação do solo do Espírito Santo são o solo exposto, agricultura, floresta, manguezais, pastagem, oceano, restinga, rios, áreas alagadas e áreas urbanas. Com a intensificação da cultura do café no começo do século XIX na região de Vitória área que hoje engloba os municípios de Vitória, Serra, Cariacica, Viana, Vila Velha, Santa Leopoldina, Marechal Floriano e Domingos Martins, antigas lavouras de subsistência foram substituídas pelo café (GIRARDI, COMETTI, 2012). Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. De acordo com Girardi e Cometti (2012) analisam que coma chegada dos imigrantes e com o final da escravidão, o trabalho livre ocasionou o partilhamento das fazendas, compradas pelos então colonos, daí a predominância da pequena propriedade nessas regiões. Essas colocações de Girardi e Cometti (2012) mostram como se processou a ocupação das áreas urbanas no Espírito Santo, pois nesse processo o fator diferencial foi a estrutura fundiária do estado que proporcionou a ocupação do território da seguinte forma: ao o sul: predomínio da pequena propriedade familiar, vinculada ao café; ao norte: concentração fundiária vinculada a monoculturas. Desmatamento, erosão, degradação pelo uso e exploração são elementos que agridem e eliminação a vegetação natural do solo. Segundo estudos de Lepshc (2002, p. 7), o solo atingido pela falta de falta de vegetação está exposto ao empobrecimento de suas qualidades, além da lixiviação, “erosão hídrica, erosãoeólica, excesso de sais ou salinização, degradação física e degradação biológica, contribuem drasticamente para o empobrecimento e provável perda de solo”. Para inimizar e/ou controlar os efeitos e impactos da falta de vegetação natural, Chagas et al. (2008) explica que os proprietários rurais podem desenvolver um processo de reabilitação das áreas utilizando espécies nativas, lembrando que há necessidade de haver afinidade com os solos, o clima e as demais espécies da região. A degradação ambiental no Espírito Santo atinge uma área de 600 mil hectares de terras. Os municípios capixabas, segundo resultados apontados pela Pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE (MUNIC) realizada em 2008, registraram Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. problemas ambientais, sendo as principais alterações: assoreamento do corpo d'água (em 64 municípios) e poluição da água (58 cidades). Outros problemas também foram identificados pela pesquisa, tais como: contaminação do solo e escassez de água. 5.1.1 Uso sustentável dos recursos naturais Muito se discute a questão do uso sustentável dos recursos naturais, principalmente do solo, porque segundo Araújo et al. (2007) cresce os impactos negativos das atividades antrópicas (queima de combustíveis fósseis, atividades industriais e agrícolas), por conseguinte, a preocupação em relação ao uso sustentável e a qualidade desse recurso natural. Práticas inadequadas no manejo para o processo de compactação do solo, segundo Pandolfi et al. (2007) provoca o aumento na densidade, alterações detrimentais, como por exemplo, porosidade do solo, retenção de água, aeração e a resistência do solo à penetração das raízes. O uso de máquinas na preparação do solo intensificam os prejuízos e ampliam os impactos ambientais no solo, pois de acordo com Pandolfi et al. (2007, p. 5) cada vez mais esses “implementos são maiores e mais pesados e, além disso, na preparação deve-se avaliar o momento adequado as atividades de preparo do solo, que é quando ele se encontra na condição de umidade friável”. Nessa perspectiva, Roth, Castro-Filho e Medeiros (1992, p.7) acrescenta que quando se utiliza o sistema de crescimento radicular incrementa-se matéria orgânica ao longo do perfil do solo, estabilizando os agregados e diminuindo a “susceptibilidade do solo no processo de compactação, pois a utilização de plantas Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. descompactadoras favorecem o aumento da macro, micro e porosidade total, reduzindo, com isso, a densidade do solo”. Um cuidado em relação ao uso sustentável do solo é a densidade que indica as condições de manejo do solo e na explicação de Fernandes (apud PANDOLFI et al., 2007) a propriedade reflete o arranjamento de suas partículas responsáveis pela definição das características do sistema poroso. Ainda de acordo com Fernandes (apud PANDOLFI et al., 2007, p. 7), outro detalhe É importante: [...] O aumento da densidade do solo restringe o crescimento radicular à medida que a raiz encontra poros menores e em menor número, assim, o estudo das transformações que ocorrem no solo, resultantes do uso e manejo, servem para a escolha do sistema adequado para que se recupere a sua potencialidade. O homem precisa explorar o solo para sua subsistência e as organizações e órgãos oficiais da política pública para promover o desenvolvimento e o crescimento econômico. Todo este processo, certamente reflete no uso sustentável ou inadequado do solo capixaba. Manter e recuperar características físicas do solo é um processo que pode ser viabilizado, de acordo com Cubilla et al. (2002, p. 3) por meio de práticas de manejo do solo, no qual onde “[...] um sistema de rotação de culturas inclui espécies vegetais com sistema radicular agressivo e abundante e com alta produção de biomassa, contribuindo para diminuir os efeitos da compactação do solo (plantio direto [...]”. Assim, complementando, Bennie (apud FOLONI et al., 2006) um fator no uso sustentável do solo é estar atento aos desarranjos no solo causados pelo sistema radicular quando penetra em camadas Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. com alta resistência mecânica e em processo de decomposição libera „bioporos‟ que favorecem a infiltração de água e difusão de gases, o que melhora significativamente a qualidade física do solo para as culturas posteriores. Unindo práticas adequadas, planejadas e adequadas é possível ao homem estabelecer uma relação saudável com os recursos naturais, principalmente com a exploração do solo de modo a produzir, crescer e ter qualidade de vida. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Espírito Santo é um estado de pequena expressão geográfica e populacional, no entanto, devido a sua localização estratégica e sistema portuário tem efetiva participação e contribuição na formação da riqueza econômica do Brasil. Levantamento realizado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (2011) permitiu mapear as áreas urbana efetivamente urbanizadas nos municípios capixabas e o resultados mostraram que somente 1,2% do território do Espírito Santo é efetivamente urbanizado, percentual abaixo do suposto. A má gestão e qualidade ambiental degrada a qualidade de vida, reduz a atratividade da comunidade para investimentos e aumenta o custo social dos possíveis investimentos. Esses fatores implicam em desenvolvimento e crescimento sem planejamento e com utilização inadequada dos recursos naturais. O uso sustentável do solo está relacionado, diretamente, com essas questões. A atuação conjunta entre os órgãos oficiais e os diferentes segmentos privados da economia possibilita conquistar a excelência da qualidade nas relações e a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. Nas últimas décadas são notáveis algumas mudanças de comportamento e de atitudes por parte das pessoas, da sociedade e das organizações que estudam, definem e traçam metas, objetivos relacionados ao meio ambiente e, acima de tudo, e desenvolvem sistemas de gestão ambiental em busca do desenvolvimento e crescimento sustentável. Desenvolver este estudo permitiu adquirir maior conhecimento acerca do processo de evolução e transformação da economia do Espírito Santo e, principalmente como ocorreu a ocupação e o uso das áreas urbanas capixabas. E evidenciar que no uso e ocupação das áreas urbanas do Estado de Espírito Santo registra, em sua história, etapas e ciclos diferenciados que iniciou com a exploração do café e culminando com um significativo parque industrial. 7 REFERÊNCIAS ARAÚJO, R.; GOEDERT, W. J.; LACERDA, M. P. C. Qualidade de um solo sob diferentes usos e sob cerrado nativo. Revista Brasileira de Ciência do solo, Viçosa, v.31, n.5 p. 1099-1108, 2007. CAJAZEIRA, J. E. R. ISO 14000: Manual de implantação. Rio de Janeiro: Qualimark, 1997. CHAGAS, M. G. S.; GALVÍNCIO, J. D.; PIMENTEL, R. M. M. Avaliação da dinâmica espectral da vegetação de caatinga em Arcoverde, Pernambuco. Revista de Geografia. UFPE/DCG-NAPA, Recife, v. 25, n. 2, 2008. CUBILLA, M.; REINERT, D.J.; AITA, C.; REICHERT, J.M. Plantas de cobertura do solo em sistema plantio direto: uma alternativa para aliviar a compactação. In: Reunião brasileira de manejo e conservação do solo e da água, 14. 2002. Anais... Cuiabá, 2002. Disponível em <http://w3.ufsm.br>. Acesso em 10 dez. 2012. DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1994. D‟AVIGNON, Alexandre. Normas ambientais ISO 1400: como podem influenciar sua empresa. 2. ed. Rio de Janeiro: CNI/DAMPI, 1996. Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. FOLONI, J.S.S.; LIMA, S.L.; BÜLL, L.T. Crescimento aéreo e radicular da soja e de plantas de cobertura em camadas compactadas de solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.30, n.1, p.49-57, 2006. FRANCO, Hilário. A contabilidade na era da globalização. São Paulo: Atlas, 1999. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. GIRARDI, Gisele; COMETTI, Renata de Souza. Dinâmica do uso e ocupação do solo no litoral sul do estado do Espírito Santo. In: Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 13, p. 5173, jan./jun. 2006. Editora UFPR. Disponível em <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/3114>. Acesso em 10 dez. 2012. JORNAL SÉCULO DIÁRIO. Simpósio discute recuperação de áreas degradadas no ES. Vitória (ES), edição de 11 de setembro de 2007. Disponível em http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007. Acesso em 10 nov. 2012. KINLAW, D.C. Empresa competitiva e ecológica: desempenho sustentado na era ambiental. São Paulo: Makron Books, 1997. LEFF, Henrique (Coord.). A complexidade ambiental. Traduzido por Eliete Wolff. São Paulo: Cortez, 2003. LEPSCH, Igo F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Ofina de Textos, 2002. LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2004. MARTINI JÚNIOR, Luiz Carlos de; GUSMÃO, Antônio Carlos Freitas de. Gestão ambiental na indústria. Rio de Janeiro: Destaque, 2003. MELO NETO; FROES, César. Responsabilidade Social e cidadania empresarial: a administração do Terceiro Setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. PANDOLFI, F.; MENDONÇA, G.P.; MARTINS, C.A.S.; OLIVEIRA, C.M.R; PASSOS, R.R.; REIS, E.F.; GRIFFO, E. Alterações na porosidade total do solo de um Latossolo VermelhoAmarelo sob diferentes coberturas vegetais. In: Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação. São José dos Campos, 2007. MOREIRA, Thais Helena; PERRONE, Adriano. Espírito Santo: História e Geografia. Vitória: Do Autor, 2005. RATTNER, H. Tecnologia e desenvolvimento sustentável: uma avaliação crítica. RA Revista de Administração. São Paulo, v. 26, n. 1, p. 5-11, jan./mar., 1991. Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013. REZENDE, D.A.; CASTOR, B. V. J. Planejamento estratégico municipal: empreendedorismo participativo nas cidades, prefeituras e organizações públicas. Rio de Janeiro: Brasport, 2005. ROTH, C.H.; CASTRO-FILHO, C.; MEDEIROS, G.B. Análise de fatores físicos e químicos relacionados com a agregação de um Latossolo Roxo distrófico. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 15:241-248, 1992. SÁNCHEZ, Luis Henrique. Desengenharia: o passivo ambiental na desativação de empreendimentos industriais. São Paulo: USP, 2001. SILVA, M. M. P. Gestão ambiental e desenvolvimento sustentável: refletindo conceitos. Portal do meio ambiente - Rebia - rede brasileira de informação ambiental, 2009. TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e Responsabilidade Social Corporativa. São Paulo: Atlas, 2002. TEIXEIRA, A. C. Educação ambiental: caminho para a sustentabilidade. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Brasília, v. 1, n. 2, p. 21-30, 2007. Disponível em <http://www.biotemas.ufsc.br>. Acesso em: 12 dez. 2012. TINOCO, Joao E. Prudencio; KRAEMER, Maria E. Pereira. Contabilidade E Gestão Ambiental. São Paulo: Atlas, 2004. VEIGA, J. E. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005. VITERBO, Enio. Sistema de gestão ambiental. São Paulo: Makron Books, 1998. Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.