diversidade de famílias de dípteros acaliptratos no horto

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DIVERSIDADE DE FAMÍLIAS DE DÍPTEROS ACALIPTRATOS NO
HORTO BOTÂNICO, QUINTA DA BOA VISTA, RIO DE JANEIRO,
BRASIL
Fernandes, J. M.¹,², Sousa , V. R. de¹, Couri, M. S.¹
1. Departamento de Entomologia, Museu Nacional – UFRJ;
2. Faculdades São José – Curso de Ciências Biológicas; Bolsista de Iniciação Científica;
Contatos: [email protected], Tel: (21) 2562-6969
Palavra-chave: acaliptrados
INTRODUÇÃO
Os dípteros “acaliptrados” embora não formem um grupo natural, compartilham alguns
caracteres, como a redução ou ausência da caliptra, a ausência da sutura longitudinal no
pedicelo e a incompleta sutura do tórax. Dentro de muscomorpha, já foram considerados grupoirmão dos caliptratos, porém, evidências mais recentes indicaram sua parafilia.
Os “acaliptrados” possuem ampla distribuição mundial e grande diversidade de hábitos e
formas. Totalizam aproximadamente 80 famílias no mundo, com muitas espécies. Algumas
famílias são muito numerosas, como Agromyzidae, Chloropidae, Drosophilidae, Ephydridae,
Lauxaniinidae e Teprhitidae que juntas, representam mais de 50% das espécies nesse grupo. A
biologia e ecologia desses dípteros são bastante variadas, podendo ser minadores, galhadores,
aquáticos, predadores e saprófagos.
O Horto Botânico do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ) foi
criado em 1892. Atualmente possui uma área de 40.000 m2. É considerado um Jardim Botânico
universitário por estar relacionado a diversas linhas de pesquisas desenvolvidas por
pesquisadores e estudantes. Atualmente o Horto Botânico é uma unidade de conservação,
juntamente com todo o parque da Quinta da Boa Vista e possui espécies representantes de
diversos ecossistemas.
OBJETIVO
O laboratório de Diptera do MNRJ está iniciando treinamento de estudantes em famílias de
“acaliptrados” pouco estudadas no Brasil. Com vistas à coleta de material, a equipe vem
realizando expedições em diversas localidades do Rio de Janeiro, incluindo no Horto. Todo
material coletado é incorporado na coleção do Museu Nacional, enriquecendo as coleções e
tendo a oportunidade de iniciar outras.
MATERIAL E MÉTODOS
Como resultado foi encontrado um total de 10 famílias, com a seguinte diversidade:
Agromyzidae, Chlorophidae, Drosophilidae, Ephydridae, Lauxaniidae, Neriidae, Milichiidae,
Sepsidae, Chyromyidae e Sphaeroceridae. As mais numerosas em termos de número de
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Foram realizadas coletas periódicas ativas, com utilização de rede entomológica, pelo período de
agosto a outubro de 2012. O material foi preservado em álcool 70% e transportado ao
laboratório para estudo. Os espécimes foram montados em alfinetes entomológicos, com dupla
montagem, etiquetados e inseridos na coleção de Diptera do MNRJ. Para a determinação dos
espécimes foram utilizadas chaves taxonômicas em nível de família.
espécimens coletados foram Chrloropidae e Drosophilidae.
Algumas famílias coletadas apresentam grande importância econômica, agrícola, médica e
veterinária. Os agromizídeos, por exemplo, por ter a biologia da sua fase imatura relacionada
com as plantas, sendo minadores de folhas, caules e frutos, são considerados pragas, já que
interferem no desenvolvimento da planta, comprometendo seu interesse comercial. As larvas da
maioria das espécies de Chlorophidae alimentam-se de caules de gramíneas sendo pragas sérias
de cereais. Alguns cloropídeos, que se desenvolvem na vegetação em decomposição e
excrementos, são atraídos para secreções de animais, particularmente para os olhos. Por isso,
são chamados de “lambe-olhos”. Elas podem atuar como vetores de bouba e de conjuntivite. Os
drosophilideos são conhecidos como moscas-do-vinagre, e frequentemente constituem pragas
domésticas nas frutas presentes e algumas espécies são ectoparasitas. A Família Ephydridae tem
hábito aquático ou semiaquático, são encontrados em rios, coleções de águas e mares. Os
Lauxanidae têm larvas saprófagas e são possíveis consumidores de micro-organismos, fungos,
bactérias e leveduras. Sobre a família Neriidae, não há conhecimento da fase imatura, somente
se sabe que os adultos se alimentam de excremento de árvores e frutos podres. Os Milichiidae
possuem algumas espécies que são cleptoparasitas e, portanto roubam alimentos capturados por
outros animais. Sepsidae são chamados de “moscas pretas limpadoras" e algumas espécies
podem ser encontradas na face de mamíferos; as larvas alimentam-se de diversos materiais em
decomposição. As larvas de Chyronomyidae são aparentemente saprófagas, ocorrendo em uma
série de substratos. São encontrados em vegetação de áreas salinas, principalmente praias. As
larvas da família Sphaeroceridae, são herbívoros microbianos, sendo encontrados em ambientes
ricos em bactérias.
CONCLUSÃO
Para uma área de reflorestamento como o Horto Botânico, na qual uma baixa diversidade de
famílias de Diptera é esperada, uma vez que as modificações no ambiente podem gerar baixa
diversidade da fauna geral (SILVA, 2009) encontramos uma diversidade considerável de
famílias e de hábitos. Segundo THOMAZINI e THOMAZINI (2000), essas variações podem ser
explicadas, por que para fauna de insetos associada a locais com distúrbios no ambiente não são
generalizadas, podendo interferir ou não na diversidade de insetos do local. O tipo de vegetação,
a estação do ano e a preservação do local podem ter influenciado na diversidade dos dípteros
encontrados.
BIBLIOGRAFIA
BORROR, D. J.; DELONGE, D. M. Estudo dos Insetos. São Paulo: Edgard Blücher, 1988. 654 p.
BROWN, B.V.; BORKENT, A.; CUMMING, J.M.; Wood, D.M.; WOODLEY, N.E. & Zumbado,
M.A.2010. Manual of Central American Diptera (Volume 2). NRC Research Press, Ottawa,
Canadá.
SILVA, M. M. 2009. Diversidade de insetos em diferentes ambientes florestais no município de
Cotricuaço, Estado de Mato Grosso. Universidade Federal de Mato Grosso. Xii, 111f, Il, 30 cm.
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THOMAZINI. M. J. & THOMAZINI, A. P. B. W. 2000. A fragmentação florestal e a diversidade
de insetos nas florestas tropicais úmidas. Rio Branco: Embrapa, Acre, 21p. (Documentos, 57).
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