1 Módulo II – Motivações Primárias Comportamento Emocional 1) Enquadramento a. Conceitos fundamentais: Balanço Autónomo; breve referência aos conceitos de Habituação e Novidade; Especificidade Estímulo-Resposta; Especificidade Individual de Resposta b. Bases psicofisiológicas e significado dos registos das alterações na AEP c. Demonstração das técnicas de captação da AEP (Electrodermografia) 2) Aplicação a. Elaboração de uma experiência para testar os efeitos de estímulos emocionogéneos, apresentados na modalidade visual, na alteração da AEP b. Execução da experiência 3) Análise e discussão dos resultados 4) Avaliação © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 2 Módulo II – Motivações Primárias Comportamento Emocional 1) Enquadramento a. Conceitos Psicofisiológicos Fundamentais • Balanço Autónomo (Ā) ª Refere-se ao grau de domínio que o SNS (ou SNP) exerce em cada indivíduo, propondo que o comportamento humano seja examinado no contexto desse balanço ª O Balanço Autónomo é representado por um valor (Ā) empiricamente derivado de funções autónomas (CEP, RC, RR, Pressão Sanguínea, Salivação, ...) ª Valores Ā elevados indicam predominância do SNP enquanto que valores baixos indicam predominância do SNS ª Os valores Ā individuais mantêm-se relativamente constantes ao longo do tempo Nota: ª Importância da interacção entre Ā e LVI para compreender a magnitude e a direcção das respostas © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 ª Os valores Ā apresentam uma distribuição normal na população 3 ª Exemplos do valor preditivo em situações experimentais: 9 Ā < está associado a padrões de actividade psicofisiológica comuns em pessoas com tendências de personalidade de tipo neurótico e desordens psicossomáticas (> RC, Ritmo Respiratório e Pressão Sanguínea e < Temperatura Cutânea) © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 4 • Habituação ª Fenómeno de decréscimo progressivo na reactividade psicofisiológica a um dado estímulo produzido pela apresentação repetida desse mesmo estímulo ª Corolário: 9 A apresentação de um estímulo novidade ou inesperado leva a um aumento da reactividade ª Habituação e auto-organização 9 A Habituação parece possuir um valor adaptativo ª Exemplos do valor preditivo em situações experimentais Restrições: ªA Habituação é menos pronunciada face a estímulos intensos, importantes, raros ou complexos ª Quando a magnitude das respostas simpáticas ao estímulo é elevada, o nível de activação pós-resposta pode baixar a níveis inferiores aos observados antes da ocorrência do estímulo (Rebound) © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 5 • Especificidade Estímulo-Resposta (EER) ª Para uma mesma situação, o padrão de actividade psicofisiológica individual é similar, i.e, é de esperar que ocorra um padrão consistente de respostas psicofisiológicas em determinada situação-estímulo, podendo variar em situações diferentes ª Corolários (e exemplos do valor preditivo): 9 Quando confrontados com a mesma situação-estímulo, não são de esperar diferenças entre as respostas psicofisiológicas de diferentes indivíduos 9 Com a mudança da situação-estímulo, são de esperar mudanças nos padrões de resposta psicofisiológica 9 Não são de esperar diferenças entre indivíduos nos diferentes padrões de resposta psicofisiológica caracteristicamente elicitados por diferentes situações estímulo (i.e. diferentes respostas emocionais a diferentes estímulos emocionogéneos tenderiam a ser similares entre indivíduos) Nota: ª O padrão de actividade psicofisiológica pode ajudar a diferenciar entre estados emocionais, por exemplo, enquanto que o medo está associado ao aumento do Ritmo Respiratório e da CEP, a fúria/irritação está associada ao aumento da EMG e da Pressão Diastólica © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 6 • Especificidade Individual de Resposta (EIR) ª Cada indivíduo apresenta um padrão de resposta psicofisiológica característico à maior parte das situações-estímulo, i.e., é possível encontrar uma certa constância nas respostas de um indivíduo numa variedade de situaçõesestímulo ª Exemplos do valor preditivo do conceito em situações experimentais Ex. EER – Comparação da ressonância emocional média de um grupo de toxicodependentes-delinquentes com um grupo controle, face a estímulos visuais de conteúdo droga (Dr) e crime (Cr) Conclui-se que os mesmos estímulos elicitam padrões de resposta diferentes conforme os grupos e que alguns estímulos diferentes produzem o mesmo padrão de resposta no grupo experimental, ao contrário do que a EER faz prever Ex. EIR – Comparação da CEP de um grupo de toxicodependentesdelinquentes com um grupo controle, face a estímulos visuais de conteúdo droga (Dr) e crime (Cr) Conclui-se que o grupo experimental apresenta uma organização psicofisiológica diferente da do grupo controle face aos mesmos estímulos e que essa organização tende a manter-se face a estímulos diferentes © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 7 b. Bases psicofisiológicas e significado dos registos das alterações na Actividade Eléctrica da Pele • Bases fisiológicas da Actividade Eléctrica da Pele ª A pele e as glândulas sudoríparas são dinamicamente reguladas pela interacção entre os estímulos do meio e o SNC, participando nas reacções adaptativas do organismo e assumindo um valor importante como índice do comportamento Féré (1888) demonstrou que “rápidas flutuações da resistência da pele podem ocorrer como resposta a estimulações emocionais” Glândulas de secreção para o exterior, enervação exclusivamente simpática e neurotransmissão colinérgica Distribuídas por todo o corpo mas com > densidade na palma das mãos (planta dos pés,…) © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 8 ª A pele manifesta várias formas de fenómenos bioeléctricos: 9 Resistência Galvânica da Pele (SRR ou GSR) Quando uma corrente eléctrica fraca e contínua é aplicada entre dois eléctrodos colocados na palma da mão (técnica exossomática e bipolar), com um afastamento de ≈ 3 cm, a resistência eléctrica registada entre eles varia de acordo com a estimulação 9 Condutância Galvânica da Pele (SCR ou GSC) Similar à GSR mas refere-se ao grau de facilidade com que uma corrente eléctrica é conduzida na pele 9 Potencial Galvânico da Pele (SPR ou GSP) Se o sinal eléctrico é suficientemente amplificado, mesmo sem aplicação de corrente externa (técnica endossomática e monopolar), a voltagem registada entre os eléctrodos (diferença de potencial) também varia em função da estimulação 9 Resposta Galvânica da Pele Refere-se às alterações fásicas conjuntas da GSR/GSC e/ou GSP em relação com a estimulação 9 Nível tónico Média da AEP durante um intervalo de tempo isento de alterações fásicas 9 Flutuações Espontâneas Alterações da AEP (que excedem 0,5kΩ) e que ocorrem sem a presença de estímulos identificáveis © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 ª Em resposta à estimulação ocorre uma alteração do tonus autonómico que altera a sudação (e o fluxo sanguíneo cutâneo), o que provoca alteração na GSR e GSP 9 Por ex., a emoção de vergonha provoca um aumento de sudação mas também a vasodilatação dos vasos sanguíneos cutâneos que, na face, provocam o ruborizado. Estimulação Reacção simpática > activação glândulas > sudação < GSR / > GSC > GSP Por exemplo, picada na pele ⇒ descarga simpática reflexa nas glândulas sudoríparas ⇒ aumento da secreção de suor (água e elementos electrolíticos) ⇒ diminuição da resistência e aumento da condutividade eléctrica da pele. ª Estímulos somato-sensoriais (dôr, pressão, calor) e estímulos emocionogéneos provocam alterações periféricas no tónus do SNA e, consequentemente, na Resposta Galvânica ª O registo da Resposta Galvânica é frequentemente combinado com o registo de outros índices dependentes do SNA, tais como o RC e a Pressão Sanguínea © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 ª Componentes (parâmetros) da AEP (análise da actividade fásica): 10 tónico tónico © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 11 • Significado psicofisiológico (alguns exemplos) ª A AEP tem sido utilizada sobretudo como indicador de intensidade ou quantidade de actividade simpática (lembrar que a AEP é muito dependente da LVI) ª Os tempos e ritmos de recuperação parecem traduzir o ritmo a que o SN restabelece a homeostasia e a sua resposta em termos comportamentais ª O ritmo de recuperação reflecte diferenças de reactividade electrodérmica em situações experimentais que impliquem alteração do nível de discriminação e reflecte o grau de envolvimento da pessoa na tarefa ª O número de flutuações espontâneas está correlacionado com a frequência das respostas, níveis de resistência/condutância e com a amplitude ª Em paradigmas de RO, > amplitude, > frequência ou < latência, interpretam-se como indicadores de um > nível de atenção ª Existe uma relação directa entre o nível de vigília e a AEP ª Em paradigmas de aprendizagem, o grau de ↓ dos parâmetros electrodérmicos indica o grau de habituação alcançado (em paradigmas de condicionamento clássico, o grau de ↑ dos parâmetros indica o grau de aprendizagem) ª As pessoas introvertidas parecem manifestar maior reactividade electrodérmica ª Existe uma relação directa entre a intensidade emocional e a reactividade electrodérmica (mas o medo provoca < activação do que outras emoções, como a ira ou alegria) © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005 12 c. Demonstração das técnicas de captação da AEP (EDG) • Introdução: ª Montagem dos eléctrodos: bipolar e monopolar • Objectivos experimentais: ª Conhecer os procedimentos para o registo da AEP ª Observar e registar alterações na AEP associadas a estados emocionais ª Analisar o registo nas várias condições experimentais de modo a aumentar o entendimento das potencialidades e limites deste índice • Materiais: ª Polígrafo electrónico BIOPAC MP30, c/ cabo SS3L, ligado a um PC c/ Windows 95 ª Software de recolha/análise de dados BSL V3 ª Estímulos emocionógenos • Fases experimentais: ª Preparação ª Calibragem ª Registo ª Análise © 2005/06: FPCEUP, Psicofisiologia (FB) Aula de 12/12/2005