volume6, n° 2

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ABENO
Associação Brasileira de Ensino Odontológico
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Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo
Revista da ABENO/Associação Brasileira de Ensino Odontológico – vol. 1, n. 1, (2001).
– São Paulo : ABENO, 2001Semestral
ISSN# 1679-5954
A partir de 2005, vol. 5, n. 1 a publicação passa a ser semestral.
1. Odontologia – Periódicos I. Associação Brasileira de Ensino Superior (São Paulo)
II. ABENO
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Editorial
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publicação oficial da
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Marco Antonio Campagnoni (FOAR)
Maria Aparecida de A. M. Machado (FOB-USP)
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Maria da Graça Kfouri Lopes (UNICENP)
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Maria Regina Sposto (FOA-UNESP)
Neusa de Lima Moro (UFPar)
Nilza Pereira da Costa (PUC-RS)
Roberto Brandão Garcia (FOB-USP)
Roberto Miranda Esberard (FOAR-UNESP)
Rodney Garcia Rocha (FO-USP)
Rosemary Sadami Arai Shinkai
Simone Tetu Moysés (UFPar)
Sylvio Monteiro Júnior (UFSC)
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Indexação
A Revista da ABENO - Associação Brasileira de
Ensino Odontológico está indexada nas seguintes
bases de dados:
BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia;
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde.
Cinqüentenário da ABENO
A
ABENO completa, durante a sua 41ª Reunião, o seu
cinqüentenário de fundação. Há uma longa trajetória
de contribuição ao ensino de odontologia no país, desde
propostas iniciais de integração do ensino, projetos inovadores, intercâmbio entre IES, parcerias com a CAPES e
Fundação Kellogg, criação da Clínica Integrada e proposta
de Currículo Mínimo até as recentes atuações pós-LDB de
1996. Aí se destacam os trabalhos sobre projeto pedagógico,
as atuações nas propostas do Exame Nacional de Cursos,
da avaliação das condições de ensino, e das Diretrizes Curriculares Nacionais. Estas, culminam com as recentes cinqüenta Oficinas de Trabalho sobre Implementação das
DCNs.
A ABENO – mais preocupada com políticas de Estado
do que de Governos –, sem envolvimento político-partidário
e sem caracterizar ação corporativa, mas com o claro objetivo de trabalhar pelo apoio a ações que visam a melhoria
do ensino de odontologia, tem sido parceira ou convidada
para eventos ligados a vários Ministérios e ao Conselho Nacional de Educação.
Simultaneamente, os trabalhos acadêmicos e as pesquisas sobre o ensino de odontologia têm surgido com freqüência em várias Instituições de Ensino e contribuem muito
para as reflexões e para a melhoria do ensino da Odontologia.
A Revista da ABENO, iniciada em 2001 e já transformada
em semestral, com linha editorial voltada ao ensino de
odontologia, é a demonstração concreta da crescente produção intelectual sobre o tema. Outro fato significativo, ao
ensejo das comemorações dos 50 anos da ABENO, é o lançamento de dois livros sobre ensino de odontologia, um
institucional e outro que conta com a contribuição de um
elenco de autores vinculados à Revista da ABENO.
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Presidente da ABENO
Revista da ABENO • 6(2):99
99
Associação Brasileira
de Ensino Odontológico
DIRETORIA (2002 a 2006)
Comissão de Ensino
Antonio Cesar Perri de Carvalho (DF)
Léo Kriger (UTP e PUC-PR)
Cresus Vinícius Depes de Gouveia (UFF-RJ)
Elaine Bauer Veeck (PUC-RS)
Ellen Marise de Oliveira Oleto (UFMG-MG)
Gersinei Carlos de Freitas (UFG-GO)
Miguel Carlos Madeira (UMESP-SP)
Omar Zina (UNIVAG-MT)
Vice-Presidente
Comissão de Especialização
Presidente de Honra
Edrízio Barbosa Pinto (PE)
Presidente
Eduardo Gomes Seabra (RN)
Secretária Geral
Ana Cristina Barreto Bezerra (DF)
1a Secretária
Maria Celeste Morita (PR)
Tesoureiro Geral
Sérgio de Freitas Pedrosa (DF)
1a Tesoureira
Lílian Marly de Paula (DF)
Conselho Fiscal
José Galba de Meneses Gomes (CE)
Geza Nemeth (DF)
José Aparecido Jam de Melo (SP)
Nelson José Fernandes Graça (RJ)
Reinaldo Brito e Dias (SP)
Assessores do Presidente
Alfredo Júlio Fernandes Neto (UFU-MG)
Bruno Frederico Muniz (Fundação Odontológica
Presidente Castello Branco-PE)
Carlos Alberto Conrado (UEM-PR)
José Dilson Vasconcelos de Menezes (UECE-CE)
Orlando Airton de Toledo (UnB-DF)
Roberto Schimer Wilhelm (UNESA-RJ)
Sigmar de Mello Rode (UNIB-SP)
Célio Percinoto (FOA-UNESP-SP)
Hilda Maria Montes R. de Souza (UERJ-RJ)
José Thadeu Pinheiro (UFPE-PE)
Kátia Regina Hostilho Cervantes Dias (UFRJ-RJ)
Luís Fernando Pegoraro (FOB-USP-SP)
Comissão de Pós-Graduação
Isabela Almeida Pordeus (UFMG-MG)
Adair Luiz Stefanello Busato (ULBRA-RS)
José Carlos Pereira (FOB-USP-SP)
Lino João da Costa (UFPB-PB)
Nilza Pereira da Costa (PUC-RS)
Comissão de Comunicação
José Luiz Lage-Marques (USP-SP) - Editor da Revista da ABENO
Vera Lúcia Silva Resende (UFMG-MG) - Responsável pela
home page da ABENO
Cléo Nunes de Souza (UFSC-SC)
Daniel Rey de Carvalho (UCB-DF)
Luísa Isabel Taveira Rocha (UFG-GO)
Nelson Rubens Mendes Loretto (UFPE-PE)
Sumário
v. 6, n. 2, julho/dezembro - 2006
Associação Brasileira de
Ensino Odontológico
EDITORIAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Artigos
A importância do professor como agente multiplicador
de Saúde Bucal
Vanessa Franchin, Roberta Tarkany Basting,
Amali de Angelis Mussi, Flávia Martão Flório. . . . . . . . . . . . . 102
O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem:
visão do aluno e do professor
Luiz Roberto Augusto Noro, Danielle Frota de Albuquerque,
Maria Elisa Machado Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Clínica integrada da UNIVILLE: “a visão do todo”
Luiz Carlos Machado Miguel, Kesly M. Andrade Ribeiro,
Giuseppe Valduga Cruz, Arno Locks . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Avaliação do desempenho do docente com a participação do
corpo discente no ensino superior
Regina Maria Tolesano Loureiro, Nemre Adas Saliba,
Suzely Adas Saliba Moimaz, Rosana Ono. . . . . . . . . . . . . . . . 119
Percepção dos pós-graduandos do Hospital de Reabilitação
de Anomalias Craniofaciais sobre os aspectos éticos
da odontologia
Arsenio Sales Peres, Sílvia Helena de Carvalho Sales Peres,
José Roberto de Magalhães Bastos, Fernando Toledo de Oliveira,
Sérgio Donha Yarid . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Avaliação de serviços odontológicos: a visão dos pacientes
Elisabete Rabaldo Bottan, Rosiane Aparecida de Liz Sperb,
Paulo Schlich Telles, Mário Uriarte Neto. . . . . . . . . . . . . . . . 128
Odontologia e Letras: avaliação de um estágio
supervisionado interdisciplinar internacional da UFPB
Andreza Cristina de Lima Targino Massoni,
Fábio Correia Sampaio, Félix Augusto Rodrigues,
Evert van Amerongen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Avaliação de parâmetros editoriais de algumas publicações
brasileiras em Odontologia
Paulo Franco Taitson, Roberval de Almeida Cruz . . . . . . . . . . . 140
Representação social de acadêmicos de odontologia sobre
a área de Odontologia Social
Suzely Adas Saliba Moimaz, Cezar Augusto Casotti,
Nemre Adas Saliba, Cléa Adas Saliba Garbin. . . . . . . . . . . . . . 145
Anais da 41a Reunião Anual - 2006
Comissão Organizadora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
Programação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Trabalhos selecionados para apresentação
Seminários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Pôsteres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
Apêndice
Normas para apresentação de originais. . . . . . . . . . . . . . 192
A importância do professor como
agente multiplicador de Saúde Bucal
A utilização de recursos humanos não-odontológicos como uma
estratégia para a promoção de saúde bucal pode representar uma
alternativa à ineficiência do atendimento odontológico clássico.
Vanessa Franchin*, Roberta Tarkany Basting**, Amali de Angelis Mussi***, Flávia Martão
Flório****
*Secretária Municipal de Saúde do Município de Corumbataí - SP.
**Coordenadora do Curso de Mestrado, área de
concentração Dentística, da Faculdade de Odontologia
São Leopoldo Mandic.
***Coordenadora do Instituto Superior de Educação do Centro
Universitário Hermínio Ometto (Uniararas).
****Professora da Disciplina de Odontologia Comunitária do Curso de
Graduação da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic.
E-mail: [email protected].
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a
adequação da formação de profissionais da área da
educação, cuja colocação profissional poderia possibilitar a propagação de conhecimentos e hábitos adequados para a promoção de saúde bucal de crianças
sob sua tutela. Um questionário composto por questões abertas e fechadas foi respondido por 339 alunos
matriculados no Curso Normal Superior do Centro
Universitário Hermínio Ometto de Araras. Verificouse que 98,2% relataram possuir informações a respeito dos fatores responsáveis pela doença cárie, dentre
os quais, 66% consideram-se satisfatoriamente informados nesse sentido. A ausência de higienização
(93,5%) e o consumo exagerado de açúcares (49%)
foram os fatores mais citados referentes à etiologia
da doença cárie e a fonte de informação mais citada
foi o cirurgião-dentista (50%), seguido da escola
(27,1%), da família (20,9%), da mídia (15,6%), da
participação em palestras (16%) e do cotidiano
(12,4%). Concluiu-se que a atuação do professor
como agente de saúde bucal necessita da capacitação
por parte de profissionais da área e de apoio de instâncias superiores.
102
DESCRITORES
Odontologia preventiva. Educação em saúde. Cárie dentária.
A
prática odontológica resulta de uma complexa
articulação de fatores externos e internos ao processo de trabalho. Dentre esses fatores, destacam-se
o conhecimento científico disponível em cada momento, as tecnologias, os instrumentos e materiais
utilizados, além dos recursos humanos19.
À semelhança de qualquer trabalho humano, o
odontológico surgiu e se desenvolveu para satisfazer as
necessidades das comunidades. Ao longo dos séculos,
o processo de trabalho foi se tornando gradativamente mais complexo, até atingir o estágio caracterizado
pela acentuada divisão técnica, “dentistocêntrica” e
curativo-mutiladora, cujos resultados não se correlacionaram positivamente com os indicadores epidemiológicos, representados pela dramaticidade das condições de saúde bucal de grupos de indivíduos22.
A insatisfação popular e profissional com o caos a
que o sistema de saúde chegou no Brasil levou à proposição de transformações, através da compreensão
de que saúde e doença não são estados ou condições
Revista da ABENO • 6(2):102-8
A importância do professor como agente multiplicador de Saúde Bucal • Franchin V, Basting RT, Mussi AA, Flório FM
estáveis, mas sim conceitos vitais, sujeitos a diversas
gradações e constantes mudanças3. A saúde, em seu
conceito ampliado10, tem como fatores determinantes e condicionantes os meios físico, socioeconômico
e cultural, os fatores biológicos e, inclusive, a oportunidade de acesso aos diferentes níveis de serviços.
Segundo Carneiro8 (1998), a ação de cuidar da
saúde em âmbito social só será efetivada se as outras
dimensões da sociedade, como a economia, a habitação, o trabalho, a educação, enfim, as políticas sociais,
se voltarem para a questão da saúde. Nesse complexo
contexto, o processo educativo é fundamental para a
conscientização dos cidadãos no sentido de reivindicarem condições de saúde como um direito adquirido, que deve ser fiscalizado pela sociedade em prol
de melhores condições de vida das populações.
Considerando-se a saúde bucal como parte integrante e indissociável da saúde geral, a infância é o
período que pode ser considerado o mais importante
para o futuro da saúde bucal do indivíduo. Na infância, as noções e os hábitos de cuidados com a saúde
devem começar a se formar2, permitindo assim que as
ações educativas implementadas mais tarde baseiemse no reforço de rotinas já estabelecidas6. Para tanto,
torna-se importante, para a efetividade do esforço
educativo, uma abordagem integrada e multiprofissional que inclua os meios de comunicação social, os
profissionais de saúde em geral12,15,16 e o pessoal nãoodontológico, incluindo-se aí professores, especialmente os do ensino infantil e fundamental11,23,26.
Este estudo teve como objetivo discutir e analisar
a participação de pessoal não-odontológico na prática
de promoção de saúde bucal, considerando-se especialmente a potencialidade dos professores do ensino
infantil e fundamental como agentes multiplicadores
em saúde.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisas da Universidade Estadual de São Paulo
(UNESP – Rio Claro).
Para avaliar os conhecimentos, as atitudes e práticas relacionadas à promoção de saúde bucal de professores em formação universitária para o ensino infantil e fundamental, iniciados ou não no mercado
de trabalho, o presente estudo utilizou como população-alvo alunos devidamente matriculados no Curso Normal Superior do Centro Universitário Hermínio Ometto de Araras no ano de 2004. Ressalta-se que
o curso em questão também pode ser cursado, sob
supervisão de um tutor treinado pela instituição, em
localidades fora da sede da Uniararas, sendo reconhecido como Curso Normal Superior Fora de Sede. A
lista total de municípios, o nome e o e-mail para contato dos tutores dos cursos foram fornecidos pela coordenadora do curso.
Em fevereiro de 2004, o curso abrangia 104 municípios do Estado de São Paulo, com 39 alunos matriculados no curso da sede e 7.175 alunos matriculados no curso fora da sede, somando o total de 7.214
alunos (Tabela 1).
A seleção da amostra do estudo foi realizada através de sorteio dos municípios, caracterizando a aleatoriedade do experimento. Sortearam-se 25% dos
municípios com curso fora de sede, que representaram o total de 26 municípios (Américo Brasiliense,
Araraquara, Arealva, Bariri, Bebedouro, Boa Esperança do Sul, Brotas, Cafêndia, Catanduva, Dois Córregos, Duartina, Fernandópolis, Franca, Gália, Garça,
Ibaté, Itapuí, Matão, Palmares Paulista, Pompéia, Ribeirão Preto, Rincão, Santa Adélia, Santa Bárbara do
Oeste, Santa Rosa do Viterbo, Sertãozinho). Os alunos da sede foram incluídos na amostra sem a realização de sorteio por apresentarem, a maior parte da
amostra (51,3%), uma característica peculiar relacionada à realização da graduação como única atividade
profissional, enquanto para os alunos fora de sede
esse valor cai para 7,7%.
Numa primeira etapa do estudo, foi realizado um
pré-teste do questionário a ser utilizado com 10 pessoas
não-participantes do estudo, com o objetivo de aprimorar o questionário, de modo que este permitisse, com
maior exatidão, avaliar a opinião dos alunos em relação
1 - Pólos, municípios e total de alunos
matriculadosno Curso Normal Superior do Centro
Universitário Hermínio Ometto de Araras (Uniararas)
(http://www.uniararas.br/princ/processocee.htm).
Tabela
Pólo
Municípios
Alunos
Araraquara
25
1.235
Araras
22
1.482
Grande São Paulo I*
6
790
Grande São Paulo II*
6
807
Sorocaba
22
1.471
Taubaté
21
1.065
São Paulo capital
1
325
Uniararas
1
39
104
7.214
Total
* Cajamar, Embu Guaçu, Itapevi, Osasco, Pirapora do Bom Jesus,
Santana do Parnaíba.
** Caieiras, Diadema, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco
da Rocha, Santo André.
Revista da ABENO • 6(2):102-8
103
A importância do professor como agente multiplicador de Saúde Bucal • Franchin V, Basting RT, Mussi AA, Flório FM
aos procedimentos em saúde bucal17. O instrumento
final de investigação foi um questionário contendo 09
questões abertas e fechadas sobre o nível de informação, bem como as atitudes e práticas dos graduandos
em relação aos procedimentos de saúde bucal.
Enviou-se um e-mail para o tutor responsável pelas
turmas, que continha a explicação dos objetivos, a solicitação da colaboração com o estudo e o questionamento sobre a preferência pelo recebimento dos questionários por correio ou via e-mail. Quando a opção
para o recebimento dos questionários foi o correio,
também foi enviado um envelope vazio, com o endereço para o qual o questionário deveria ser remetido.
Aos voluntários dentro da sede (Uniararas), previamente ao início do trabalho, foi entregue o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido para a realização de pesquisas em humanos, tendo sido o indivíduo
considerado voluntário do estudo apenas após a devolução da via assinada do termo da pesquisa. Os alunos do curso fora de sede foram considerados voluntários diante da devolução do questionário preen
chido por correio ou Internet.
Com a preocupação de não haver perdas de respostas/questionários, houve novo envio, tanto por
correio quanto por e-mail, após 4 semanas do primeiro envio. Após a tabulação, realizou-se a análise exploratória dos dados em planilha eletrônica Excel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A promoção de saúde bucal pode e deve se realizar
para além dos limites do consultório odontológico.
Isso possibilita que os preceitos da filosofia de promoção de saúde sejam realmente aplicados. Essa conceituação implicou mudanças no sujeito do trabalho
odontológico – o cirurgião-dentista trabalhando isoladamente vem cedendo lugar à equipe de saúde bucal, que deve por sua vez estar inserida em uma equipe multidisciplinar para que a integralidade da saúde
do ser humano seja respeitada.
A saúde escolar é um conjunto de atividades desenvolvidas por uma equipe multiprofissional, que
visa promover e recuperar a saúde do ser humano em
idade escolar. A saúde na escola é parte maleável e
moldável na formação de um ser, que, a partir de sua
vivência prática, vai formando conceitos, recebendo
cultura, incorporando modos individuais e intransferíveis no dever, sentir e agir9.
Este estudo teve como objetivo investigar o nível
de conhecimentos odontológicos de graduandos na
área da educação, além de verificar a adequação de
sua formação como um instrumento multiplicador
104
para a manutenção da saúde bucal. Para tanto, contou
com a colaboração efetiva de 339 alunos matriculados
no curso normal superior (34,9 ± 9,43 anos de idade),
os quais preencheram os questionários e os retornaram à pesquisadora. A taxa de devolução dos questionários foi igual a 24,6%, valor muito próximo ao retorno esperado para experimentos envolvendo a
mesma metodologia17.
Quando questionados a respeito dos fatores relacionados à iniciação da doença cárie, a grande maioria dos voluntários (98,2%; n = 333) relatou possuir
informações a respeito; no entanto, a auto-avaliação
referente à qualidade dessas informações foi considerada satisfatória para 65,5% dos indivíduos e relativamente satisfatória para 30,7% dos indivíduos (Gráfico
1). A falta de qualidade ou ausência de higienização
e o consumo exagerado de açúcares foram os fatores
mais lembrados (Gráfico 2), o que está de acordo com
dados da literatura a respeito dos fatores determinantes da doença cárie14.
O papel do atendimento odontológico tradicional
no padrão de saúde bucal de uma população pôde ser
questionado por Nadanovsky, Sheiham18 (1995), por
meio da verificação de que os aspectos socioeconômicos têm um papel relevante na redução observada na
prevalência de cárie dentária. O estudo realizado com
base em dados de 18 países industrializados demonstrou que os serviços odontológicos, medidos pela proporção dentista/população, explicaram 3% da redução
observada na prevalência média de cárie das crianças
de 12 anos, durante os anos 1970 e meados dos 1980,
enquanto os fatores sociais explicaram 65% da redução
observada. Os autores observaram também que a disponibilidade de serviços odontológicos não foi importante para explicar as diferenças nas variações observadas aos 12 anos nos países estudados. Para Baldani et
al.5 (2004), países com relações dentista/população e
sistemas de atenção diferentes apresentaram variação
de valores de prevalência de cárie muito similares até a
1,5% (5)
30,7% (104)
2,3% (8)
65,5% (222)
Satisfatório
Relativamente satisfatório
Insatisfatório
Não respondeu
Gráfico 1 - Auto-avaliação do nível de conhecimento
para atuar como um agente multiplicador de saúde.
Revista da ABENO • 6(2):102-8
Fatores determinantes da cárie dentária
A importância do professor como agente multiplicador de Saúde Bucal • Franchin V, Basting RT, Mussi AA, Flório FM
Cuidados inadequados
0,9% (3)
Falta de prevenção
0,9% (3)
Outros
1,5% (5)
Falta de flúor
1,8% (6)
Falta de cálcio
2,4% (8)
Falta de informação
2,7% (9)
Componente social
2,7% (9)
3,5% (12)
Uso de medicamentos
Microbiota cariogênica
5,6% (19)
16,5% (56)
Assistência odontológica deficiente
Multifatoriedade
22,1% (75)
Falta de uso do fio dental
24,8% (84)
49,0% (166)
Consumo exagerado de açúcar
93,5% (317)
Ausência de higienização
Percentual e número de respostas
Gráfico 2 - Percentual de aparecimento nas respostas dos fatores conhecidos que causam a cárie dentária.
10,6% (36)
Fonte de Informação
Não respondeu
Pasta de dentes
0,3% (1)
Livros
0,3% (1)
Centro de Saúde
0,3% (1)
Cartilhas
0,3% (1)
Capacitação
0,3% (1)
Campanhas
1,5% (5)
Cursos
2,1% (7)
Graduação
2,1% (7)
Não detalhou
Cotidiano
Palestras
Mídia
Família
Escola
4,1% (14)
8% (27)
12,4% (42)
15,6% (53)
20,9% (71)
27,1% (92)
Cirurgião-dentista
50,4% (171)
Percentual e número de respostas
metade da década de 1980, quando a condição social
passou a ser muito enfatizada como importante determinante da situação de saúde bucal. No Brasil, essa
relação pôde ser recentemente confirmada com a divulgação dos resultados referentes ao último levantamento epidemiológico realizado – SBBrasil7, que demonstrou que mesmo o país sendo rico no número de
cirurgiões-dentistas19, a estratégia de saúde bucal oferecida à população permitiu que, em média, o país tenha
cumprido apenas uma das cinco metas preconizadas
pela OMS para o controle da doença cárie dentária.
Nessa linha de raciocínio, quando perguntados
sobre o tipo de profissional/indivíduo responsável
pela transmissão de informações a respeito dos fato-
Gráfico 3 - Fonte de
informação a respeito dos
fatores determinantes da
cárie dentária.
res de iniciação e desenvolvimento da cárie dentária,
questão fundamental para a adequação da estratégia
preventiva, dos 338 entrevistados, 50,4% responderam que o responsável seria o cirurgião-dentista, seguido de informações obtidas na escola (27,1%) e
através da família (20,9%) (Gráfico 3).
A utilização de recursos humanos não-odontológicos como uma estratégia para a promoção de saúde
bucal pode representar uma alternativa à ineficiência
do atendimento odontológico clássico para a manutenção da saúde bucal de que todos dispomos quando
nascemos. Considerando-se a possibilidade do tempo
de contato e convivência com os escolares, os professores apresentam maior convívio quando compara-
Revista da ABENO • 6(2):102-8
105
A importância do professor como agente multiplicador de Saúde Bucal • Franchin V, Basting RT, Mussi AA, Flório FM
dos a qualquer profissional de saúde, sendo considerados importantes não apenas na observação da
saúde e detecção precoce de problemas, mas também
na orientação e nas providências em relação a fatos
observados que podem vir a melhorar as condições
de aprendizagem9 e de qualidade de vida.
São expressivos os relatos a respeito da necessidade da participação dos professores na saúde dos escolares. Eles podem atuar como educadores em saúde
bucal transmitindo conhecimentos, desenvolvendo
hábitos, bem como promovendo ou reforçando ações
educativas11,21,24,25. Glasrud, Frazier13 (1988) reconhecem que um professor bem formado tem um grande
potencial para contribuir positivamente no processo
de desenvolvimento e manutenção efetiva de programas de saúde bucal nas escolas.
Segundo Ferraz11 (2002), o papel do educador em
saúde bucal numa escola será o de criar condições para
o envolvimento tanto da comunidade escolar quanto
das associações de pais em ações que contribuam para
um melhor conhecimento acerca do próprio corpo e
dos determinantes sociais do processo saúde-doença,
fazendo com que as pessoas participem ativamente da
produção de saúde e superem, portanto, a postura de
meros consumidores passivos de ações curativas. Reforça-se assim a necessidade de pensar o espaço escolar
como parte integrante da atenção à saúde, através da
interferência na realidade do indivíduo enquanto cidadão, envolvendo tanto aqueles que se encontram dentro da escola quanto aqueles que estão fora dela11,23.
Vale ressaltar que as ações de promoção da saúde
bucal objetivam reduzir as diferenças no estado de
saúde da população e assegurar oportunidades e recursos igualitários para capacitar todas as pessoas a
realizarem completamente seu potencial de saúde.
A Tabela 2 aponta as dificuldades encontradas
para que o professor possa atuar como agente multiplicador de saúde. Dentre as dificuldades apontadas
pelo professor, a falta de capacitação e de tempo para
mais uma atividade foram lembradas. Também se citou a falta de apoio da família das crianças, a falta de
material didático específico para a educação em Saúde Bucal, além da falta de recursos humanos odontológicos na escola para uma eventual capacitação.
No processo de desenvolvimento da criança, a
presença dos pais, responsáveis e professores é fundamental, devido à influência que exercem sobre ela,
conscientizando-a e motivando-a para a adoção de
hábitos saudáveis de higiene bucal27. De acordo com
Andia4 (2002), a família é o condicionador quase que
absoluto nos primeiros estágios do amadurecimento
106
infantil, justamente aqueles em que a criança está
exposta a toda sorte de influências e sugestões. A decisiva contribuição hereditária “vem do ambiente familiar e não dos genes”, que apenas determinam as
possibilidades. O estudo de Adair et al.1 (2004) também suporta a hipótese de que atitudes dos pais têm
um impacto bastante significativo no estabelecimento
de hábitos saudáveis de saúde bucal.
Professores e pais necessitam de treinamento para
a detecção de possíveis alterações bucais em crianças
que estão sob sua responsabilidade. Esses mostram
participação ativa em variadas atividades e expressam
interesse em melhorar sua qualidade como educadores, integrando os novos conceitos ao seu cotidiano
e sugerindo a necessidade de uma equipe de saúde
para manter a continuidade em seu processo de formação11. De acordo com Rocha, Pereira25 (1994), os
professores que entendem o momento da prática da
escovação como aprendizagem são os que conseguem
que seus alunos a assumam como tal, o que mostra
quão importante é o relacionamento e o quanto a
visão do aluno está vinculada ao significado que o
professor assume com relação à atividade.
No presente estudo, a responsabilidade pelos cuidados relacionados pela manutenção da saúde bucal
da criança (Gráfico 4) foi relacionada pela grande
maioria das respostas ao cirurgião-dentista (77,9%), ao
professor (77,0%) e à equipe formada por diversas categorias profissionais (70,2%), o que pode ser considerado bastante relevante, visto que o professor considera realmente importante o seu papel como um membro
da equipe de saúde bucal. Ferraz11 (2002) verificou que,
embora os professores se mostrem capacitados para a
Educação em Saúde, por essa ser uma tarefa relativamente simples, função dependente da boa vontade e
Tabela 2 - Dificuldades relatadas pelos voluntários
para a atuação do professor como agente multiplicador
de saúde bucal.
Dificuldades relatadas
Respostas
%
31
9,1
Falta de tempo
100
29,5
Falta de capacitação/informação
Já tem muitas responsabilidades,
esta seria mais uma
151
44,5
Desinteresse dos alunos
45
13,3
Desinteresse dos profissionais da
educação
27
8,0
Sem dificuldades
290
85,5
Outra
43
12,7
Não respondeu
11
3,2
Revista da ABENO • 6(2):102-8
A importância do professor como agente multiplicador de Saúde Bucal • Franchin V, Basting RT, Mussi AA, Flório FM
Indivíduo
0,3% (1)
Família
1,5% (5)
Não respondeu
1,8% (6)
Enfermeiro
Médico
Agente comunitário
11,2% (38)
16,5% (56)
36,3% (123)
Equipe multiprofissional
70,2% (238)
Professor
77% (261)
Cirurgião-dentista
77,9% (264)
Percentual e número de respostas
responsabilidade, existe a ausência de integração entre
escola, família, equipes de saúde e ação política. Essa
integração viabilizaria ou mesmo facilitaria um desempenho mais satisfatório dos professores.
Pelicioni, Torres20 (1999) verificaram a importância da escola promotora de saúde, comunidade humana que se preocupa com a saúde de todas as pessoas
que se relacionam com a comunidade escolar. A escola saudável tem o propósito de contribuir para o desenvolvimento das potencialidades físicas, psíquicas,
cognitivas e sociais dos escolares da educação básica,
a partir de ações pedagógicas, de prevenção e promoção da saúde e de conservação do meio dirigidas à
comunidade. Uma das características dessa escola é
fazer com que o professorado seja um capacitador e,
para isso, necessita manejar uma ampla variedade de
estratégias de ensino e situações de aprendizagem,
coordenar recursos, facilitar discussões e promover
aprendizagem de todas as experiências possíveis.
A escola e a Odontologia apresentam em sua problemática e em seus anseios uma mesma realidade
social. Uma ação integradora entre educação e Odontologia, introduzindo-se efetivamente o conteúdo Saúde Bucal no currículo do ensino infantil e fundamental através de programas, tem ampla justificativa: formar
crianças com perfil diferenciado em educação odontológica, capazes de realizar sua própria promoção de
saúde bucal. Tornar todas as escolas escolas promotoras de saúde é uma meta a ser alcançada, já que disposição é o que não falta para a categoria profissional em
questão. Desde que embasado em evidências e bem
capacitado, o professor poderá ser bem utilizado como
um agente multiplicador de saúde bucal.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos na presente pesquisa, fundamentados na metodologia de trabalho adotada, e após análise e discussão, foi possível concluir que
Gráfico 4 -
Distribuição percentual
das respostas relativas
à responsabilidade
da prevenção da
cárie dentária.
a maioria dos voluntários relatou possuir informações
a respeito dos fatores responsáveis pela doença cárie,
citando, dentre os principais fatores, a falta de higienização bucal associada ou não a outros fatores. A fonte
de informação dos fatores de iniciação e desenvolvimento da doença cárie dentária foi o cirurgião-dentista.
Os voluntários consideraram importante a atuação do
professor como um agente multiplicador de informação e hábitos relacionados à manutenção de saúde bucal. A efetiva atuação do professor como agente de
saúde bucal necessita da capacitação por profissionais
da área e de apoio de instâncias superiores.
ABSTRACT
The importance of the teacher as an oral health
multiplying agent
This study aimed to assess the adequacy of the training of education professionals, whose professional position could enable the dissemination of knowledge
and habits suitable for promoting oral health among
the children under their tutelage. A questionnaire
composed of open and closed questions was filled out
by 339 students enrolled in the Higher Normal School,
Hermínio Ometto University Center, Araras, SP, Brazil.
It was found that 98.2% reported having information
with respect to factors responsible for caries disease,
among whom, 66% considered themselves to be satisfactorily informed about it. The lack of hygiene (93.5%)
and exaggerated sugar consumption (49%) were the
factors most cited with reference to the etiology of caries disease, and the most cited source of information
was the dentist (50%), followed by the school (27.1%),
the family (20.9%), the media (15.6%), participation
in lectures (16%) and daily life (12.4%). It was concluded that the teacher’s activity as an oral health agent
requires training on the part of education professionals
and the support of higher administrative levels.
Revista da ABENO • 6(2):102-8
107
A importância do professor como agente multiplicador de Saúde Bucal • Franchin V, Basting RT, Mussi AA, Flório FM
DESCRIPTORS
Preventive dentistry. Health education. Dental
caries. §
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108
Revista da ABENO • 6(2):102-8
O desenvolvimento do processo ensinoaprendizagem: visão do aluno e do
professor
A educação moderna deve promover a construção do conhecimento
pelo aluno, a partir de um professor que entenda seu papel de agente
da transformação social.
Luiz Roberto Augusto Noro*, Danielle Frota de Albuquerque**, Maria Elisa Machado
Ferreira***
*Aluno de Pós-Graduação (Doutorado em Ciências da Saúde) da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Coordenador do
Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza. E-mail: noro@
unifor.br.
**Aluna de Pós-Graduação (Mestrado) da Faculdade de Odontologia
da Universidade de São Paulo – Bauru.
***Especialista em Saúde da Família pelas Faculdades Integradas de
Patos. Cirurgiã-Dentista do Programa Saúde da Família de João
Pessoa – PB.
RESUMO
Para que o ensino se constitua em prática vinculada aos interesses maiores da sociedade, é necessária uma redefinição dos projetos pedagógicos dos
cursos de graduação que rompa com os principais
problemas já diagnosticados, como a fragmentação
curricular, as estratégias de ensino que estimulam
a passividade discente e a pouca integração ensinoserviços-comunidade. O professor e o aluno representam papel fundamental nesse sentido, visto serem responsáveis diretos por essas mudanças. O
presente trabalho procurou conhecer e comparar
a visão de professores e alunos do Curso de Odontologia da UNIFOR sobre o papel do professor no
aprendizado do aluno. Para tanto, foram entrevistados alunos do 9º semestre e professores de todas
as áreas de conhecimento. As respostas foram categorizadas de modo a poder expressar a visão mais
comum entre os dois grupos. Para a maioria dos
alunos, os melhores professores são aqueles enquadrados nas categorias “relacional” (50,0%) e “cognitivo” (37,1%). Já para a maioria dos professores,
os melhores alunos são aqueles que se enquadram
na categoria “motivação” (65,4%), relacionando o
aprendizado do aluno a quanto este está estimulado
para aprender. O aspecto cognitivo, apesar de ser
entendido como importante por ambos, não foi
considerado o mais importante para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Ao considerar a motivação como o item mais importante
para identificar um bom aluno, o professor transfere a responsabilidade do aprendizado exclusivamente para o aluno. Tendo em vista o grande valor
que o aluno imprime à relação interpessoal, é fundamental que tal questão esteja presente na formação do professor.
DESCRITORES
Educação em saúde. Ensino. Aprendizagem. Educação superior. Docentes de odontologia.
O
ensino vem se constituindo, na universidade
contemporânea, como uma prática desvinculada dos interesses maiores da sociedade, impondo que
seu lugar e suas funções na prática acadêmica sejam
redefinidos e redesenhados. Precisa-se repensar e
Revista da ABENO • 6(2):109-14
109
O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem: visão do aluno e do professor • Noro LRA, Albuquerque DF, Ferreira MEM
reinventar as formas com que se lida com ensino e
aprendizagem na universidade, para se manter e
aperfeiçoar uma prática docente de qualidade9.
A proposta de ensino deverá possibilitar que o
aluno adquira competências nas dimensões do saber
(domínio teórico-conceitual das bases da medicina),
do saber fazer (habilidades básicas para o exercício
da prática profissional), do saber ser (desenvolvimento de atitudes necessárias para o relacionamento humano e ético da prática) e do saber conviver, com os
avanços tecnológicos e com as mudanças do mundo
do trabalho8.
Ainda prevalece em muitos cursos a idéia de que
a universidade deve se preocupar somente em formar
um profissional tecnicamente competente, fato verdadeiro, mas não o único do processo de formação
universitária. Os aspectos educacionais de educação
humanista não devem ser objetos apenas do 1º e 2º
graus, pois devem perdurar no ensino superior como
um todo2.
A escola perdeu o papel de transmissão e distribuição do conhecimento, pois os meios de comunicação estão ao alcance da maioria da população e
apresentam, de um modo muito atrativo, informação
abundante e variada6.
A universidade dos nossos tempos vê-se atingida
diretamente pela atual revolução tecnológica nos
seus principais núcleos de definição e existência: produção e socialização do conhecimento e formação
dos profissionais. O novo direcionamento do processo ensino-aprendizagem no ensino superior, com
ênfase na aprendizagem, requer de seus participantes, professor e aluno, algumas redefinições para as
aulas, como ambiente de aprendizado2.
A redefinição do projeto pedagógico da graduação implica propostas que rompam com os principais
problemas já diagnosticados, como a fragmentação
curricular e o predomínio de estratégias de ensino
que estimulam a passividade discente e a pouca integração ensino-serviços-comunidade. Assim, o curso
de graduação deve utilizar metodologias que privilegiem a participação ativa do aluno na construção do
conhecimento e promovam a integração das dimensões biológicas, psicológicas, sociais e ambientais do
processo saúde-doença8.
Para implementar essa estratégia, tanto as instituições como os professores devem ter em mente o
fato de o ensino médico ser uma modalidade de
ensino de adultos, isto é, aluno e professor vêm para
a sala de aula com uma bagagem própria; cada um
traz consigo valores, interesses, necessidades e difi110
culdades5. Nessa realidade, o professor deve atuar
como facilitador e mediador do processo ensinoaprendizagem e não como única fonte de conhecimento. O ensino deve ser, o mais possível, baseado
na prática profissional, com o aluno exposto a situações e problemas reais da prática profissional em
diferentes cenários de aprendizagem. Somente as
pessoas que não têm uma atitude de constante abertura é que não aprendem ou não ensinam em todas
as situações10.
O professor tem, nesse contexto, papel fundamental, pois, além de transmitir informações, estará
influenciando a formação do futuro profissional da
saúde por meio de sua experiência e de suas atitudes,
que perpassam na convivência entre eles durante as
atividades de ensino-aprendizagem.
Como lidamos com alunos que são sempre indivíduos muito diferentes uns dos outros e sujeitos a
mudança, que tiveram cada qual diferentes experiências de vida, diferentes conhecimentos adquiridos e têm diferentes expectativas sobre o quê e
como aprender, é obvio que nem todos aprendem
da mesma maneira ou com a mesma prontidão ou
o mesmo significado em cada material e situação de
ensino. No entanto, é possível apropriar-se do estado atual do conhecimento sobre aprendizagem e
traçar um plano de investigação sobre os próprios
alunos, os conhecimentos e as habilidades considerados importantes e adequados a seu nível de estudo, bem como sobre as estratégias e os recursos de
ensino9.
Para a maioria dos professores que atuam nas instituições de ensino superior, os diferentes cursos efetivados na universidade não funcionaram como preparação para a docência, com exceção dos professores
oriundos da área de Educação ou com licenciaturas,
que tiveram oportunidades de discutir elementos teóricos e práticos relativos à questão do ensino e da
aprendizagem, porém para outra faixa de idade de
alunos1.
Analisando-se o exposto, e frente às transformações que vêm sendo propostas para a melhoria do
ensino universitário, busca-se avaliar como os alunos
percebem o papel do professor no processo ensinoaprendizagem e qual a visão dos docentes sobre a sua
contribuição nesse processo.
METODOLOGIA
O modelo de estudo utilizado para desenvolvimento do presente trabalho caracteriza-se como
observacional transversal, considerando-se que não
Revista da ABENO • 6(2):109-14
O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem: visão do aluno e do professor • Noro LRA, Albuquerque DF, Ferreira MEM
há a intenção de se estabelecer relação entre as variáveis analisadas, mas sim uma descrição dessas
variáveis, colhidas em um determinado momento
no tempo.
Foram incluídos no presente estudo alunos do
Curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza
que se encontravam matriculados no 9º semestre letivo no ano de 2003, tendo em vista o fato de esses já
terem vivenciado as várias fases de aprendizado do
curso – atividades teóricas, laboratoriais e clínicas –,
o que lhes permitiu uma visão sobre o curso como
um todo, assim como professores de todas as áreas do
conhecimento.
Os questionários foram aplicados pelas pesquisadoras previamente capacitadas e calibradas para desenvolvimento das entrevistas.
Participou da pesquisa um total de 70 alunos, o
que correspondia a toda a turma do 9º semestre, e 26
professores, identificados como os que atuaram nas
disciplinas clínicas ao longo do curso. Com isso, garantiu-se a representatividade das informações coletadas.
Aos alunos foram aplicados questionários compostos por duas perguntas que tinham como objetivo
verificar as principais características dos melhores
professores do Curso de Odontologia da UNIFOR,
assim como as principais características dos piores
professores. Em relação aos professores foram aplicados questionários também compostos por duas perguntas que, por sua vez, visavam identificar as principais características dos melhores alunos do Curso de
Odontologia da UNIFOR, da mesma forma que as
principais características dos piores alunos.
O acesso aos alunos foi facilitado uma vez que as
pesquisadoras eram alunas do mesmo semestre dos
alunos entrevistados, não havendo necessidade de
locomoção ou marcação de horários especiais para
realização das entrevistas uma vez que estas foram
desenvolvidas na própria Universidade. Quanto aos
professores, as pesquisadoras tiveram contato direto
com eles ao longo do curso, o que proporcionou facilidade na condução da pesquisa.
As variáveis relativas às respostas dos alunos foram
categorizadas em quatro grupos: relacional, cognitivo, administrativo e vocacional. A categoria “relacional” teve como referência palavras identificadas com
a forma de relacionamento interpessoal, tais como
atencioso, paciente, amigo, acessível, compreensivo,
“sabe criticar”. Já a categoria “cognitivo” foi identificada com palavras ligadas ao domínio do conteúdo
técnico-científico como “saber transmitir” e conheci-
mento. As questões relacionadas ao cumprimento do
horário e pontualidade compuseram a categoria “administrativo” e a frase “gostar do que faz” identificou
a categoria “vocacional”.
As variáveis relativas às respostas dos professores, por sua vez, também foram categorizadas em
quatro grupos: relacional, cognitivo, iniciativa e
motivação. A categoria “relacional”, diferentemente da mesma categoria das respostas dos alunos, teve
como referência palavras identificadas com a forma
de abordagem do aluno ao professor como respeito e “saber questionar”. A categoria “cognitivo” foi
identificada por palavras como inteligente, estudioso e habilidoso. Palavras como interesse, autonomia
e “gostar do que faz” originaram a categoria “motivação” enquanto iniciativa foi a palavra citada pelos
professores que se configurou como uma categoria
em si.
A digitação dos dados coletados foi realizada através de entrada dupla utilizando-se o programa de
análise estatística Epi-Info4.
O presente trabalho foi submetido e aprovado
pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza,
procurando-se garantir meios ideais de permitir máxima segurança aos participantes da pesquisa, sempre
se respeitando os princípios do anonimato e da privacidade. Todos os participantes da pesquisa preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, tendo sido evidenciados a consciência da
finalidade da pesquisa assim como o seu desenvolvimento.
RESULTADOS
A análise dos dados permitiu observar questões
extremamente importantes quanto às diferentes posições de professores e alunos a respeito do processo
ensino-aprendizagem. Isso é preponderante principalmente considerando-se serem os professores os
principais atores na formação de futuros profissionais
e da construção de uma nova sociedade.
Os dados relativos às principais características dos
melhores alunos do Curso de Odontologia na visão
do professor estão elencados no Gráfico 1.
Conforme pode ser observado, a principal característica dos melhores alunos do Curso de Odontologia da UNIFOR está ligada à motivação (65,4%),
ou seja, o interesse intrínseco que o aluno tem em
aprender. As demais categorias ficaram bem abaixo
da questão relacionada à motivação, sendo a segunda mais importante a cognitiva (19,2%), vindo em
seguida a relacional (11,5%) e por fim, a iniciativa
Revista da ABENO • 6(2):109-14
111
O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem: visão do aluno e do professor • Noro LRA, Albuquerque DF, Ferreira MEM
(3,9%).
O Gráfico 2 serve como elemento fundamental
para observação das características dos piores alunos
do Curso de Odontologia na visão do professor.
A visão do professor guarda grande coerência
com a análise relativa aos aspectos dos alunos. Dessa forma, assim como os melhores têm como grande diferencial a motivação, o elemento que mais
falta aos piores alunos é a mesma motivação
(69,3%). Em relação às outras categorias, continua
a mesma participação relativa no aspecto cognitivo
(15,4%) e ocorre uma inversão em relação às outras
duas categorias: iniciativa (11,5%) e relacional
(3,8%).
Vale ressaltar que o desempenho da maioria dos
alunos do curso é bastante satisfatório, uma vez que
há uma baixa taxa de reprovações e os resultados dos
Exames Nacionais desenvolvidos pelo Ministério da
Educação sempre apontaram para um bom desempenho dos alunos do Curso de Odontologia da UNIFOR.
Quando analisamos as impressões dos alunos em
relação aos professores, podem-se observar características bastante marcantes, conforme demonstra o
11,5%
Gráfico 3.
O Gráfico 3 deixa bastante clara a presença de
duas características extremamente presentes na maioria dos bons professores: ligadas ao relacional (50,0%)
e ao cognitivo (37,1%). Já as categorias administrativo (7,2%) e vocacional (5,7%) foram bastante pontuais, não sendo identificadas como as categorias mais
importantes na definição pelo aluno de um bom professor.
A seguir, o Gráfico 4 apresenta as principais características dos piores professores do Curso de
Odontologia da UNIFOR.
Pode-se observar que, de forma praticamente absoluta, a principal característica identificada como
prejudicial pelo aluno no desenvolvimento de sua
aprendizagem é a relacional (81,4%), enquanto as
outras categorias tiveram um desempenho bastante
parecido: administrativo (7,2%), cognitivo (5,7%) e
vocacional (5,7%).
É importante ressaltar que a grande maioria dos
professores do Curso de Odontologia da UNIFOR
apresentou um desempenho bastante satisfatório nos
processos de avaliação institucional realizados nos
anos de 2003 e 2004.
3,9%
11,5%
15,4%
65,4%
19,2%
3,8%
69,3%
Motivação
Cognitivo
Motivação
Cognitivo
Relacional
Iniciativa
Gráfico 1 - Distribuição das principais características
dos melhores alunos por categoria, segundo professores
(Curso de Odontologia da UNIFOR, 2003).
7,2%
37,1%
5,7%
Iniciativa
Relacional
Gráfico 2 - Distribuição das principais características dos
piores alunos por categoria, segundo professores (Curso
de Odontologia da UNIFOR, 2003).
7,2%
5,7%
5,7%
81,4%
50%
Relacional
Cognitivo
Administrativo
Vocacional
Relacional
Administrativo
Cognitivo
Vocacional
Gráfico 3 - Distribuição das principais características
Gráfico 4 - Distribuição das principais características dos
dos melhores professores por categoria, segundo alunos
(Curso de Odontologia da UNIFOR, 2003).
piores professores por categoria, segundo alunos (Curso
de Odontologia da UNIFOR, 2003).
112
Revista da ABENO • 6(2):109-14
O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem: visão do aluno e do professor • Noro LRA, Albuquerque DF, Ferreira MEM
DISCUSSÃO
Um dos maiores desafios da moderna educação é
promover um processo que permita uma construção
do conhecimento por parte do aluno, a partir de um
professor que entenda seu papel enquanto agente da
transformação social. A partir do constante estímulo
ao aluno para desenvolver todo seu potencial, o professor passa a investir não mais em um “seguidor”,
mas em um sujeito que possa junto com ele criar novas possibilidades de aprendizado, procurando uma
maior inserção na realidade.
Para isso, necessário e urgente se faz construir
um ambiente favorável a essa perfeita interação, de
forma a permitir que alunos e professores tenham
o entendimento da educação enquanto forma de
intervenção no mundo e reconheçam que a educação é ideológica7. Isso permitirá um movimento de
ruptura efetiva com o descompromisso relativo aos
interesses que não sejam os da busca de soluções
adequadas aos problemas da maioria da população.
Abordando-se as características de um bom professor na visão do aluno e de um bom aluno na visão
dos professores, pôde ser feito um paralelo entre a
visão do docente e a do aluno, com o objetivo de
propiciar subsídios para que o professor possa selecionar estratégias que favoreçam uma melhoria da
qualidade do ensino-aprendizagem.
Um dos principais aspectos relacionados ao ensino diz respeito ao domínio cognitivo. Assim, muito tempo é utilizado pelo professor no preparo de
aulas, na confecção de material didático, no estudo
individual e na performance postural para ministrar
aulas, ou seja, transmitir o seu conhecimento ao aluno. O aluno, por sua vez, deve receber essas informações por meio da atenção à aula e do estudo das
anotações (ou dos livros) para adquirir novos saberes. No presente estudo, apesar da importância do
domínio do conteúdo pelos professores ser identificado pelo aluno como algo necessário, não foi a
característica considerada mais importante para o
seu aprendizado. O que se pôde observar foi que,
para o aluno, a postura do professor é o fator mais
importante para o aprendizado, ou seja, a confiança
do aluno em ter no professor um amigo que possa
junto com ele construir seu conhecimento é mais
significativa que a mera competência do professor
em ministrar aulas.
Em relação à visão do professor, a categoria “cognitivo” também não foi a mais importante. Superoua, em muito, a categoria “motivação”. Observou-se
nas palavras ditas pelos professores que a motivação
fundamental é aquela previamente elaborada pelo
aluno, ou seja, aquela relacionada ao seu interesse,
à sua vontade de aprender, à motivação intrínseca.
Com essa postura o professor transfere quase que
exclusivamente ao aluno sua responsabilidade pelo
aprendizado. Com o que se pretende atualmente, o
papel desempenhado pelo professor é preponderante para o desenvolvimento do aluno, ou seja, é
necessário que o professor trabalhe através de seus
recursos metodológicos, com a motivação extrínseca, criando situações que o aluno possa também se
desenvolver a partir do seu processo de formação.
Vale ressaltar que para o professor a categoria “relacional”, tão presente na visão do aluno, foi pouco
considerada enquanto elemento importante para o
aprendizado do aluno.
Num momento em que existe uma forte tendência à rediscussão da proposta pedagógica, prevendose o uso de metodologias ativas de aprendizagem,
é preponderante que o professor repense seu papel
enquanto facilitador da aprendizagem do aluno.
Nesse campo, fato que merece destaque é a formação do professor realizada pelos programas de pósgraduação stricto sensu. Uma das principais finalidades do mestrado deve ser a formação docente. Para
tal, a visão desses cursos deveria estar voltada a preparar um professor que capacitasse alunos a atuar
como clínicos gerais, com sólida formação ética e
humanística, preparados para proporcionar a transformação da sociedade3. É imperativo, portanto, um
novo direcionamento da pós-graduação stricto sensu
na área de Odontologia, que permita uma aproximação do professor ao papel que ele deve desempenhar em sua ação docente. Com isso, espera-se o
desenvolvimento de pesquisas com maior aplicabilidade no aprendizado do aluno, estimulando-os a
buscar melhores soluções para os problemas de saúde bucal da maioria da população brasileira.
ABSTRACT
Development of the teaching and learning process:
the point of view of the student and of the
professor
In order for teaching to constitute a practice
linked to the greater interests of the society, a new
definition is required for the pedagogic projects of
undergraduation courses that might tackle the main
problems already diagnosed such as curriculum
fragmentation, teaching strategies that stimulate
student passivity, and poor integration between
Revista da ABENO • 6(2):109-14
113
O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem: visão do aluno e do professor • Noro LRA, Albuquerque DF, Ferreira MEM
teaching, service rendering and the community. The
teacher and the student play a fundamental role in
this direction as they are directly responsible for
these changes. The aim of the present work was to
assess and compare the points of view of teachers
and students from the Dentistry Course, University
of Fortaleza, (UNIFOR), CE, Brazil, on the teacher’s
role in the student’s learning process. For this assessment, students from the 9th semester and teachers
of all knowledge areas were interviewed. The answers were classified so as to express the most common visions among the two groups. For most of the
students, the best teachers were those who fell under
the categories “relational” (50.0%) and “cognitive”
(37.1%). For the teachers, the best students were
those who fell under the category “motivation”
(65.4%), relating the learning of the student to how
much he is stimulated to learn. The cognitive aspect,
in spite of being understood as important by both
groups, was not considered the most important for
the development of the teaching-learning process.
When considering the motivation as the most important item to identify a good student, the teacher
transfers the responsibility of the learning exclusively to the student. Having in mind the great value
attributed by the student to the relationship, it is
fundamental that this subject be present in the
teacher’s training.
REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS
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Aceito para publicação em 08/2005
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Clínica integrada da UNIVILLE:
“a visão do todo”
As clínicas integradas odontológicas contribuem para uma formação
mais humanista do aluno, pois possibilitam que o início do
aprendizado se faça de uma maneira transdisciplinar, ampliando
os conceitos da integralidade no cuidar do paciente.
Luiz Carlos Machado Miguel*, Kesly M. Andrade Ribeiro**, Giuseppe Valduga Cruz***,
Arno Locks****
*Professor Coordenador de Clínica Integrada de Baixa
Complexidade do Curso de Odontologia da Universidade da
Região de Joinville, Campus Universitário. Doutorando em
Odontologia em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa
Catarina. E-mail: [email protected].
**Professora Coordenadora da Triagem do Curso de Odontologia da
Universidade da Região de Joinville, Campus Universitário. E-mail:
[email protected].
***Coordenador do Curso de Odontologia da Universidade
da Região de Joinville, Campus Universitário. E-mail:
[email protected].
****Professor Doutor do Curso de Odontologia da Universidade
Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde,
Departamento de Estomatologia, Campus Universitário. E-mail:
[email protected].
RESUMO
A prática pedagógica das clínicas integradas do
curso de odontologia da Universidade da Região de
Joinville/SC tem demonstrado uma visão ampliada
no conceito de promoção de saúde. Unindo teoria e
prática das disciplinas em uma única atividade clínica,
promove um aprendizado mais humanista, com possibilidades de crescimento para alunos e professores.
A triagem realizada pelos próprios alunos, embasados
em uma lista crescente de complexidades, exercita o
diagnóstico e o planejamento das demandas para o
atendimento. O processo de avaliação procura priorizar a visão qualitativa enquanto abandona o conceito de “produção mínima” na produção de tarefas
como meta final e referencia o ser humano e sua integralidade.
DESCRITORES
Educação em Odontologia/tendências. Estágio
clínico. Competência clínica. Saúde holística.
A
fragmentação do ensino Odontológico nas Universidades Brasileiras tem promovido uma visão distorcida da realidade social. Nas palavras de Morin3
(2004): “o retalhamento das disciplinas torna impossível
apreender o que é tecido junto, isto é, complexo, segundo o sentido original do termo”. O projeto políticopedagógico adotado pela Universidade da Região de
Joinville em seu curso de Odontologia procura resgatar
essa realidade no aprendizado. As clínicas integradas
são adotadas já a partir do terceiro ano, em um curso
de graduação que possui cinco anos de duração.
As disciplinas são orientadas e construídas de maneira que o ciclo básico laboratorial seja proposto já
Revista da ABENO • 6(2):115-8
115
Clínica integrada da UNIVILLE: “a visão do todo” • Miguel LCM, Ribeiro KMA, Cruz GV, Locks A
com uma visão do todo, da transdisciplinaridade. O
início da fase prática, no atendimento a pacientes, é
feito de uma maneira conjunta na qual as clínicas são
divididas em etapas de complexidade. O aluno inicia
essa fase prática em pacientes já com uma visão do
todo, em escala crescente de complexidade de diagnóstico, planejamento e tratamento. Portanto, na fase
de aprendizado clínico, o tratamento dos pacientes é
feito de uma forma integral, pois todas as clínicas são
integradas e propostas em graus de complexidade.
As atividades clínicas são divididas em Baixa, Média e Alta complexidade de acordo com as necessidades de tratamento dos pacientes e a habilidade do
aluno. O grau de complexidade dos procedimentos
foi alocado pelas disciplinas envolvidas nas clínicas
integradas em uma programação pedagógica de
modo a favorecer um diagnóstico de complexidades
crescentes elaborado pelos alunos.
A orientação realizada pelos professores traz um
“feedback” no qual o ensino se torna uma aprendizagem, uma vez que o professor é a figura do orientador
em todos os seus aspectos. Deve dominar as noções
básicas em todas as disciplinas pertinentes à sua clínica, fazendo com que o processo de atualização se
torne constante e as transformações pedagógicas nas
clínicas evoluam como um todo.
A conclusão que se tira desse processo de ensinoaprendizagem é que os alunos evoluem tendo uma visão
mais abrangente do ser humano. Planejam melhor e
mais eticamente a reabilitação dos seus pacientes e, acima
de tudo, colocam-se dentro do processo saúde/doença
com a capacidade real de inverter o quadro epidemiológico em que se encontra a saúde bucal no Brasil.
AS CLÍNICAS INTEGRADAS
As Clínicas Integradas Odontológicas, como introdução da prática pedagógica, contribuem para
uma formação mais humanista do aluno. Possibilitam
que o início do aprendizado se faça de uma maneira
transdisciplinar, ampliando os conceitos da integralidade no cuidar do paciente5. Traz também como
efeitos benéficos o aprimoramento, a integração e
discussão por parte dos professores, uma vez que convivem vários pensamentos em um mesmo local de
trabalho pedagógico. Busca-se um novo perfil de formação do aluno, adequado a transformar a realidade
brasileira. No entanto, nas palavras de Cristino1
(2005): “convivemos numa realidade paradoxal e
numa conseqüente crise paradigmática na qual somos especialistas tendo que formar generalistas”.
O curso de Odontologia da Universidade da Re116
gião de Joinville-SC, apesar de ser recente, vinha sendo pensado desde 1983. Um currículo ousado para a
época, com disciplinas integradas tanto verticalmente como horizontalmente na grade curricular, fez
com que o projeto não fosse entendido por muitos
dos que eram responsáveis pela sua viabilização. As
discussões em relação ao projeto foram retomadas a
partir de 1995, tentando-se adequá-lo a uma nova
realidade estabelecida, já voltada para a integralidade
das ações pedagógicas.
O processo de implantação do curso, em 1998,
veio no momento em que o pensamento políticopedagógico dos cursos de Odontologia no Brasil começava a se voltar para a realidade socioeconômica
do país. Essas mudanças estavam embasadas principalmente em dois fortes argumentos:
1) A saturação de um modelo odontológico que
nunca foi resolutivo nas soluções dos problemas
brasileiros.
2) A criação descontrolada e inconseqüente de novos cursos baseada na política neoliberal adotada
pelo governo no final da década de 90 e início da
década de 20004.
A formulação das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em odontologia, implantadas a partir de 2001, e as orientações da ABENO na
condução, implantação e adequação de novos e antigos cursos possibilitaram, ao nosso ver, uma proposta
de curso inovadora para a época.
Não se trata de um experimentalismo inconseqüente, mas de ações político-pedagógicas embasadas na realidade brasileira, com conhecimento principalmente da realidade regional, que adequam o
ensino de uma forma responsável, voltando-o para a
resolução dos problemas regionais e nacionais.
Nos estudos que precederam a montagem da grade
curricular, reuniram-se as várias correntes de pensamentos que integraram e associaram a teoria e a prática de seus conhecimentos. Procurou-se quebrar barreiras nos conteúdos das disciplinas, integrando-as e
ampliando a visão geral e humanista. O grande e primeiro paradigma a ser quebrado nesse momento pelos
futuros professores era o que chamamos de a “teoria
das especialidades”, em que em um processo de “retorno às capitanias hereditárias” transformava as disciplinas em “feudos”, com donos e senhores. Talvez esse
seja o grande desafio para as escolas já estabelecidas.
Para uma escola iniciante, como a nossa, esse também
foi um processo traumático, com perdas e ganhos significativos. Profissionais e futuros professores se integraram em um processo de criação e foi preciso se libertar do antigo e construir uma nova proposta.
Revista da ABENO • 6(2):115-8
Clínica integrada da UNIVILLE: “a visão do todo” • Miguel LCM, Ribeiro KMA, Cruz GV, Locks A
O auxílio da Universidade da Região de Joinville,
com cursos de capacitação integradora, que quebraram
barreiras e principalmente aproximaram as pessoas, foi
determinante neste processo. A Odontologia, até bem
pouco tempo atrás, formava profissionais para o trabalho solitário. O mercado de trabalho permitia isso, o que
ocasionou uma prática totalmente dissociada da realidade de nosso país. A proposta das “Diretrizes Curriculares para os cursos de Odontologia”2 (2002) propõe o
seguinte perfil para os egressos dos cursos de Odontologia: “profissional generalista, com sólida formação
técnico-científica, humanista e ética, orientada para a
promoção de saúde, com ênfase na prevenção das doenças bucais prevalentes e consciente da necessidade de
educação continuada”. A integração começou na formação da grade curricular para chegar às salas de aula.
Procurou-se uma proposta de visão ampliada transdisciplinar de ensino, em que as partes que formam a totalidade são interdependentes.
A visão transdisciplinar nas clínicas integradas já se
inicia muito antes de o aluno efetivamente aplicar seus
conhecimentos. Essas noções são passadas já nas disciplinas básicas, na construção do saber. A ligação entre
o início e o fim deve ser uma linha contínua, não necessariamente reta, mas deve manter um padrão coerente
e uniforme de conhecimentos. O aluno que chega à
clínica integrada deve ter contemplado uma visão não
somente biológica, mas ética, humanista e social do ser
humano, na qual ele vai desenvolver e apreender seus
conhecimentos. É preciso que o aluno, quando for aplicar o adesivo de “última geração”, não somente entenda
o processo técnico de aplicação desse material, mas compreenda a biologia envolvida no procedimento, em
níveis histológico e bioquímico, com suas reações, e,
principalmente, entenda o aspecto transdisciplinar do
seu ato, não somente biológico mas social.
TRIAGEM
Dentro do processo de criação da grade curricular
do curso de odontologia da UNIVILLE, a triagem possui uma posição fundamental. Deve ao mesmo tempo
regular e encaminhar as demandas para as clínicas
afins e possibilitar ao aluno o aprendizado do diagnóstico e planejamento do tratamento. A triagem é realizada por dois alunos, uma vez por semana, supervisionada por uma professora orientadora. As disciplinas
envolvidas no diagnóstico estabeleceram uma grade
de níveis de complexidades que deve ser seguida para
o efetivo encaminhamento dos pacientes. Essas complexidades foram estabelecidas em função da evolução
do aprendizado, e o paciente é encaminhado para uma
das clínicas de acordo com sua mais alta complexidade.
Exercita-se aqui o diagnóstico e o planejamento da
demanda por parte dos alunos. Os pacientes são triados pelos níveis de complexidade estabelecidos em
baixa, média e alta complexidade.
Os pacientes de baixa complexidade são encaminhados para as clínicas do terceiro ano, os de média
complexidade são encaminhados para as clínicas do
quarto ano e os de alta complexidade encaminhados
para as clínicas do quinto ano.
DESENVOLVIMENTO CLÍNICO
Os pacientes são encaminhados para as diversas clínicas e recepcionados pelos alunos responsáveis. Todo
o agendamento é controlado pelo aluno com supervisão
do seu orientador e baseado no diagnóstico e planejamento realizado pelo aluno. O diagnóstico e o planejamento são centrados na promoção da saúde, que procura dar uma visão integral do paciente, sendo
conduzidos visando à integração das ações e do aprendizado e objetivando o bem-estar do paciente, biologicamente e socialmente. A formação dos professores foi
uma das primeiras barreiras a ser quebrada. As conceituações disciplinares, especialistas ao extremo, não se
encaixavam na nova concepção de ensino. Precisávamos
de um novo perfil generalista de professor, que transitasse por várias disciplinas sem perder a visão humanista da profissão4 e que tivesse a humildade e, principalmente, vontade de aprender junto com seus alunos.
Várias barreiras interpostas no caminho foram vencidas,
não sem algumas baixas no corpo docente, porém, a
cada passo, mais se confirmava o novo modelo de clínica integrada em andamento e se acreditava nele.
As disciplinas de Clínicas Integradas evoluem conforme os níveis de complexidade estabelecidos pelas
disciplinas envolvidas no aprendizado. Quanto mais
alta a complexidade, maior é o nível de conhecimento
e a interação transdisciplinar por parte dos professores
envolvidos. Procura-se estabelecer para cada aluno um
professor com perfil diferente de formação nos diferentes dias de clínicas. Desse modo, cada aluno, dependendo da carga horária da disciplina, possui dois ou
três professores diferentes. O que no início parecia ser
um problema didático, com várias visões sobre um mesmo assunto, que poderiam confundir o aluno, mostrouse uma vantagem. Possibilita, desde que bem conduzido, o aprendizado com uma visão mais ampliada. Várias
vezes os papéis se inverteram, com o professor aprendendo com o aluno. Aqui novamente o espírito da humildade, sem abdicar do conhecimento inerente à
profissão, necessita estar presente – reconhecer os sa-
Revista da ABENO • 6(2):115-8
117
Clínica integrada da UNIVILLE: “a visão do todo” • Miguel LCM, Ribeiro KMA, Cruz GV, Locks A
beres e as limitações do seu conhecimento, estando
sempre pronto para recebê-lo e transmiti-lo. Cada aluno, em sua clínica, somente se reporta ao seu orientador, que é responsável pela condução e pelo ensino de
um grupo de no máximo 4 duplas ou 8 alunos, dependendo do número de alunos no período. Nos casos de
dúvida no diagnóstico ou procedimento clínico, somente o orientador pode chamar outro professor para
esclarecer dúvidas. Esse processo gerou uma série de
problemas no início pelo despreparo de alguns professores em aceitarem estar sendo “ensinados” junto com
seus alunos. No entanto, o tempo e a maior integração
docente mostrou que esse processo fortalece o professor e se configura em um grande estímulo na aprendizagem e reciclagem dos conhecimentos.
AVALIAÇÕES
O primeiro grande passo foi abolir a avaliação do
aluno de graduação por produção na clínica integrada. A avaliação, como processo de ensino/aprendizagem, começa nesse ponto a tomar caminhos qualitativos. Não se procuravam mais duas restaurações de
amálgama ou uma endodontia para fechar o relatório
mensal para fins avaliativos que possui caráter reprovatório. Lidamos com seres humanos, e o perfil humanista do curso necessitava ser implementado. É
priorizado o diagnóstico e o planejamento dentro da
promoção da saúde e visão integral do ser humano.
Provas teóricas envolvendo os conteúdos programáticos procuram contextualizar os conhecimentos. Seminários dirigidos trazem para uma realidade prática
os diversos diagnósticos e planos de tratamento possíveis para o mesmo paciente. Todas as realidades e possibilidades de diagnóstico procuram ser contempladas.
As reuniões bimestrais de professores orientadores, ou
conselhos de classe, corrigem os rumos e fornecem
várias visões de um mesmo aluno. Reuniões bimestrais
entre alunos e orientadores são realizadas com intuito
de troca de experiências, discussão sobre os vários planos de tratamento possíveis e o proposto, levantamento das dificuldades encontradas e avaliação por parte
do aluno sobre a evolução de seu aprendizado.
fessor muitas vezes se coloca como aluno, incentiva o
avanço educacional. Com uma avaliação qualitativa, na
qual o diagnóstico e o planejamento das ações voltadas
para a promoção da saúde exercem um importante
papel na formação dos alunos, estamos preparando um
profissional voltado para a realidade brasileira e habilitado para atuar em equipes multidisciplinares no planejamento das ações de saúde. Ressaltamos que muitos
avanços já ocorreram desde o início dessa nova modalidade de ensino, porém a prática tem demonstrado que
mais avanços são necessários para romper o paradigma
flexneriano de educação em saúde. Somente com a
troca de experiências alcançaremos estágios mais avançados na efetiva promoção da saúde da população.
ABSTRACT
Integrated clinics at UNIVILLE: “a holistic view”
The teaching practice developed in the integrated
clinics at the University of Joinville (UNIVILLE), SC,
Brazil, has demonstrated a broader vision towards the
concept of health promotion. By joining practice to
the theory of the different disciplines in a single clinical activity, it promotes a more humanist learning
approach, allowing the personal development of students and teachers. The selection of patients, carried
out by the students themselves, based on a list of increasing complexities, exercises diagnosis and the
planning of care needs. The evaluation process emphasizes a qualitative approach, while abbandoning
the concept of “minimal production” in the production of tasks as an ultimate goal, establishing the human being and its completeness as a reference.
DESCRIPTORS
Education, dental/trends. Clinical clerkship.
Clinical competence. Holistic health. §
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CONCLUSÕES
A prática pedagógica adotada pelo curso de Odontologia da Universidade da Região de Joinville tem revelado principalmente seu caráter de humanização da
educação. Procura contextualizar a prática odontológica com uma visão de integralidade, não somente de
ações, mas também do ser humano5. O caráter transdisciplinar das ações nas clínicas integradas, onde o pro118
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Revista da ABENO • 6(2):115-8
Aceito para publicação em 09/2005
Avaliação do desempenho do docente
com a participação do corpo discente
no ensino superior
Reflexões que visam a transformação do ambiente de aprendizagem
em um espaço dinâmico, participativo, que leve à uma prática
pedagógica libertadora.
Regina Maria Tolesano Loureiro*, Nemre Adas Saliba**, Suzely Adas Saliba Moimaz***,
Rosana Ono****
*Professora Doutora Titular da Área de Odontologia Social e
Preventiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal
de Uberlândia. E-mail: [email protected].
**Professora Titular do Departamento de Odontologia Infantil e
Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Universidade
Estadual Paulista.
***Professora Adjunta do Departamento de Odontologia Infantil e
Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Universidade
Estadual Paulista.
****Professora Adjunta da Área de Odontologia Social e Preventiva da
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia.
RESUMO
Em todos os setores da educação há necessidade
de avaliações. Os acadêmicos são constantemente avaliados e aferidos pelo corpo docente; porém, os professores nem sempre são submetidos ao mesmo processo. O objetivo deste trabalho é analisar fatores
importantes do processo de avaliação no ensino superior. Os saberes pedagógicos, em si, não modificam
a ação de educar, não geram novas práticas. As avaliações devem basear-se nas competências, habilidades
e nos conteúdos curriculares desenvolvidos, tendo
como referência as diretrizes curriculares, e sempre
considerar: Para quê? O quê? Como? Quem? Cabe
destacar a importância sistemática de um instrumento de avaliação, assim como a relevância da coleta de
opinião dos acadêmicos, uma vez que estes são os
sujeitos ativos do processo ensino-aprendizagem.
DESCRITORES
Educação superior. Docentes de odontologia/
normas. Avaliação institucional.
A
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) em vigor (Lei 9.394/96) estabelece a avaliação como instrumento de decisão e de ações, visando a melhoria da qualidade da Educação Nacional e,
em particular, do Ensino Superior. Essa lei está amparada nos princípios da Constituição Cidadã de l968
(artigos 206 e 209) e determina que todo o ensino
deve ser ministrado com base no princípio da garantia de padrão de qualidade, entre outros princípios1.
O Artigo 9º da LDB, quando se refere ao ensino
superior, diz que cabe à União:
“Inciso VII – assegurar o processo nacional de avaliação das
Instituições de Ensino Superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre o nível de ensino;
Inciso IX – avaliar os cursos das Instituições de Ensino Superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino”2.
Segundo Consolaro5 (2002), a tendência em desenvolver uma atividade avaliativa parte do contexto
individual para o coletivo. O docente é a unidade
Revista da ABENO • 6(2):119-22
119
Avaliação do desempenho do docente com a participação do corpo discente no ensino superior • Loureiro RMT, Saliba NA,
Moimaz SAS, Ono R
básica da produção científica, nada mais natural do
que iniciar o processo avaliativo com a verificação da
produção individual; porém, a pontuação dos indivíduos por si só não consegue gerar parâmetros de referência, válidos para mensurar o desempenho da
coletividade.
No planejamento didático, a avaliação constitui
sua última etapa, ou seja, uma visão atual de avaliar o
que se ensinou.
Este trabalho tem o propósito de fazer algumas
reflexões sobre a avaliação do professor pelo aluno
nas Instituições de Ensino Superior, numa tentativa
de ressaltar a importância e necessidade da avaliação,
para que ocorra a transformação do ambiente de
aprendizagem em um espaço dinâmico, participativo,
que leve a uma prática pedagógica libertadora.
PARA QUE AVALIAR?
Conforme relataram Nicodemo et al.7 (2001), a
avaliação é um processo contínuo de pesquisas que
visa identificar os conhecimentos, as habilidades e
atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no comportamento, propostas nos objetivos. Ela
gera condições de decidir sobre alternativas no planejamento e na execução do trabalho do professor,
e da instituição como um todo. Quando se questiona
“o para que avaliar”, e o que aprenderam os alunos,
têm-se respostas puras e simples.
Segundo Strehl, Santos9 (2002), com o atual desenvolvimento tecnológico, o acesso a dados e bibliotecas
encontra-se irrestrito e deve-se ensinar onde está a informação, como resgatá-la, como manipulá-la e utilizála adequadamente na área de conhecimento. Através
de avaliações de desempenhos individuais de instituições, comparam-se áreas de conhecimentos distintas,
o que gera medidores incapazes de serem objetivos ao
progresso das instituições. Embora a base de dados
continue sendo a pontuação dos docentes, vários indicadores criativos foram estabelecidos para que se consiga pelo menos inferir o desempenho da instituição.
Na avaliação, é imprescindível observar se os alunos aprenderam e adquiriram habilidades que irão
auxiliá-los no seu cotidiano, educando-os para o mundo. Se, por exemplo, uma prova dissertativa for aplicada sem qualquer comunicação, o professor certamente estará querendo avaliar a capacidade de
memorização de seus alunos. O professor não tem
costume de realizar avaliações com ênfase na prática
diária. O discente deverá aprender onde buscar o
conhecimento, as alternativas; deve ser induzido ao
raciocínio e à busca do aprendizado quando necessá120
rio. Ao computador foi reservada a missão de armazenar informações, ao cérebro, devemos dar funções
mais nobres, como amor, lazer, raciocínio, reflexão,
dedução, criatividade e solidariedade5.
O QUE AVALIAR?
Uma avaliação tem como objetivo básico um processo contínuo durante todo o desenrolar da disciplina ou do curso, permitindo diagnosticar e controlar
o processo ensino-aprendizagem, redirecionando-o
quando necessário, e detectar necessidades de mudanças, devendo propiciar ao docente uma verdadeira retro-alimentação10.
Para tanto, deve-se considerar5,6:
• Avaliação não é sinônimo de julgamento: está voltada para o desempenho e não para a pessoa do
aluno. Um julgamento inadequado e incorreto
está em expressões como: alunos julgados “sérios”
têm garantia antecipada de aprovação, ou alunos
julgados “malandros”, que “não querem nada com
nada”, devem se esforçar para passar porque serão
colocadas dificuldades em seu caminho.
• Coerência com os objetivos: principalmente com
os propostos pelo planejamento didático (processo pedagógico apresentado); deve haver coerência entre o proposto e o exigido.
• Explicitação de critérios: não mudar regras no
meio do caminho, cumprir com o textualizado no
roteiro e o explicitado no início da disciplina. Os
critérios e objetivos da avaliação de cada item ou
atividade deverão ficar bem claros; o docente tira
dúvidas sempre, se possível, com antecedência.
• Evitar pegadas: o discente não é nosso concorrente ou adversário, as perguntas devem induzilo a pensar e levar ao raciocínio, testando seus
conhecimentos.
• Evitar o uso de palavras desconhecidas, não explicadas ou não utilizadas durante as aulas.
• Distribuição no interesse: adequar os questionamentos com o conteúdo programático sem exigir
coisas absurdas, obscuras ou não valorizadas nas
aulas.
• Testes: o raciocínio tende a ser direto e o discente não desenvolve o senso de comunicação e organização.
• Questões dissertativas: avaliam, além do conhecimento, a forma de expressão, a habilidade de escrever e o senso de organização do aluno. Com
questões formuladas com clareza, o discente demonstra sua habilidade mental comentando, diferenciando e sintetizando conceitos e argumen-
Revista da ABENO • 6(2):119-22
Avaliação do desempenho do docente com a participação do corpo discente no ensino superior • Loureiro RMT, Saliba NA,
Moimaz SAS, Ono R
tando sobre estes, o que exige raciocínio e
aplicação prática de conhecimento.
• Momento da avaliação: a avaliação representa um
processo contínuo e apresenta-se sob variados modelos, podendo ser diária, por unidade de ensino,
mensal ou bimestral. A modalidade depende muito das regras da instituição, da carga horária, da
distribuição do tempo da carga horária, do conteúdo programático e da complexidade deste.
COMO AVALIAR?
E o lado inverso? E a avaliação dos professores
pelos alunos? Como é vista? Como se realiza?
Para Perri de Carvalho8 (2001), essa prática tem-se
popularizado, porém não é um procedimento uniforme na maioria das instituições de ensino superior. No
entanto, em muitos casos, essa atividade parte do docente, individualmente, ou da disciplina, quando há
comprometimento em ter essa retro-alimentação
para futuros acertos.
No processo de avaliação, Consolaro5 (2002) enfatiza que alguns cuidados deverão ser tomados, principalmente com o momento da avaliação, pois, às vezes,
ela até é realizada, porém pouco explorada e esquecida. Na literatura específica sobre o assunto, alguns
autores destacam que após o término do curso pode
não ser o momento mais adequado; a tensão das provas
finais pode influenciar fortemente nessa avaliação do
professor e da sua disciplina. O início do próximo ano
letivo seria o momento ideal, ou o primeiro momento,
e o final do curso de graduação, um segundo momento muito interessante, pois a visão do conjunto avalia
melhor o desempenho do docente. Erros comuns
acontecem também quando os discentes são levados a
avaliar docentes que não ministraram as disciplinas.
Nesse sentido, o planejamento ou plano de ensino
pode ser considerado um verdadeiro contato de convivência entre instituição, docentes e discentes. Ao
docente resta aplicar suas habilidades didáticas, humanitárias, pessoais e sociais no relacionamento com
discentes visando atingir o sucesso4.
De acordo com Carvalho, Cormack3 (2002), por
maior que seja – ou mais primária – a elaboração de
uma avaliação do docente pelo discente, independentemente do momento em que esta seja feita, ela induz
reflexões e melhorias no desempenho do docente
para as próximas turmas, bem como o crescimento
de sua instituição.
Avaliação e planejamento são dois processos interligados na busca da qualidade dos “produtos” e de
aperfeiçoamento dos processos. Não há como abrir
mão da avaliação, seja ela qual for, pois sendo parte
significativa das ações, permite intervenções corretivas, não punitivas, sem interrupções. Sendo assim, a
avaliação discente surge como oportunidade de desvendar os pontos fortes e fracos do professor e/ou da
disciplina avaliada para, com segurança, serem feitas
intervenções e mudanças onde se fizer necessário.
QUEM DEVE AVALIAR?
Para Xavier11 (2003), a avaliação contribui para a
valorização dos recursos humanos na medida em que
participa da capacitação/instrumentação dos docentes
e da melhoria de desempenho na prática pedagógica.
Segundo Juliatto6 (1987), deve-se dar bastante importância ao fator humano ao se implantar qualquer
processo de avaliação. Muitas iniciativas são mal sucedidas, não por razões técnicas, mas por fatores humanos e políticos. As pessoas envolvidas poderão ver a
avaliação como uma ameaça. Ela sempre traz promessas e ameaças e ambas são essenciais para o seu êxito.
Se ninguém se sentir ameaçado, a avaliação certamente não é suficientemente penetrante. Se não acenar
para nenhuma perspectiva de mudança para melhor,
é um gasto inútil.
Para Ceccon4 (2000), algumas condições são básicas para assegurar o êxito do processo de avaliação:
• a preparação do ambiente para a implantação do
programa;
• a promoção do envolvimento e da participação
dos discentes;
• a garantia de credibilidade pela elaboração de um
projeto de qualidade e pela condução aberta do
processo;
• a existência de uma liderança sensível e firme na
condução do processo.
Dessa forma, Carvalho, Cormack3 (2002) afirmam que os educadores precisam incentivar uma
discussão sobre a construção e implementação de
programas de avaliação (discente-docente e docente-discente) capazes de contribuir com a melhoria
da qualidade de ensino, considerando a comunidade acadêmica, constituída por atores sociais igualmente importantes na discussão desse projeto de
avaliação.
A sociedade carece de uma cultura de avaliação,
e muitos programas presentes na comunidade acadêmica ainda persistem na definição de procedimentos
profissionais como os de gestão das unidades de ensino, subestimando-se o caráter essencial do programa, que é o de enfatizar a discussão como função
essencial da avaliação.
Revista da ABENO • 6(2):119-22
121
Avaliação do desempenho do docente com a participação do corpo discente no ensino superior • Loureiro RMT, Saliba NA,
Moimaz SAS, Ono R
Segundo Arcieri1 (2000), a avaliação dos professores assenta-se tanto sobre o objetivo referente a
melhorar o desempenho do corpo docente – “função
formativa” – como sobre o objetivo de ajudar a tomar
decisões eqüitativas e eficientes com referência ao
corpo docente – “função somativa”.
A avaliação docente, de acordo com Arcieri1
(2000), centra-se em discutir alguns aspectos que merecem destaque:
• A importância do aluno no processo, mesmo que
os objetivos da avaliação sejam, ainda, o centro da
discussão, em função formativa.
• Considerar que o processo de avaliação deve contar com múltiplas fontes de informação.
• Considerar que a instalação de uma cultura de
avaliação depende de um clima organizacional
participativo.
higher education. The pedagogical knowledge itself
does not modify the act of educating, and does not
bring about new practices. The evaluation process
must be based on competence, skills, and on the developed curricular contents having as reference the
curricular guidelines. While evaluating, we must always consider the questions: What? What for? How?
Who? The systematic importance of an evaluation
instrument should be pointed out, as well as the relevance of collecting the students’ opinion, since they
are active subjects in the teaching-learning process.
DESCRIPTORS
Education, higher. Faculty, dental/standards. Institutional evaluation.§
REFERêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Arcieri RM. Perfil profissional do professor cirurgião-dentista
CONCLUSÃO
A maior aspiração do ensino atualmente é a formação de profissionais competentes, não só no âmbito científico, mas também com uma postura ética.
A avaliação do professor pelo aluno permite conhecer, sob a óptica destes, os atributos do bom professor.
Sabe-se que barreiras no relacionamento entre professores e alunos não podem ser percebidas em estudos sobre o assunto mas nas respostas das avaliações
realizadas em disciplinas isoladas.
Planejar e avaliar o ensino são tarefas árduas, porque implicam tomada de decisão, disposição para
transformar, compromisso com o aprendizado do
aluno. Portanto, o educador deve estar preparado, e
sua formação deve ser voltada para a compreensão
do processo ensino-aprendizagem.
Este tema deve merecer reflexões e maiores estudos,
pois existe uma diferença entre o “desejar” e o “querer”.
O desejo mede obstáculos, a vontade vence-os.
da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da UNESP – 1998
[Tese de Doutorado]. Araçatuba: Faculdade de Odontologia
de Araçatuba da UNESP; 2000.
2. Brasil. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional.
3. Carvalho Z, Cormack E. Auto-avaliação institucional discente
da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro – UFRJ. In: XXXVII Reunião Anual da ABENO:
2002; Teresópolis. Anais. Revista da ABENO 2002;2(1):16.
4. Ceccon MF. A Odontologia em Prova. Rev Assoc Paul Cir Dent
2000;34(5):353-63.
5. Consolaro A. O “Ser” Professor: arte e ciência no ensinar e
aprender. 3ª ed. Maringá: Dental Press; 2002.
6. Juliatto CI. Avaliação das Instituições Universitárias. Dois Pontos 1987. Ed. Especial, n. 38.
7. Nicodemo D, Balducci I, Naressi SCM, Molina VLI. Avaliação
do Ensino Odontológico: um estudo exploratório sobre as opiniões do alunado. Odontologia e Sociedade 2001;3(1/2):21-6.
8. Perri de Carvalho AC. Ensino da Odontologia em tempos da
L.D.B. Canoas: ULBRA; 200l.
ABSTRACT
Evaluation of the higher education professor’s
performance with the participation of students
In all education areas there is the need for evaluation. Students are constantly evaluated and checked
by faculty whereas professors are not always submitted
to the same process. The aim of this work was to analyse important factors in the evaluation process in
122
9. Strehl L, Santos CA. Indicadores de qualidade da atividade
científica. Ciência Hoje 2002;31:34-9.
10. Unopar. Avaliação Institucional [acesso 24 fev 2003]. Disponível em: http://www2.unopar.br.
11. Xavier C. Pós-Graduação: pensamento e ação integrados para
a consolidação do SUS. Radis 2003;7:10-5.
Revista da ABENO • 6(2):119-22
Aceito para publicação em 09/2005
Percepção dos pós-graduandos do
Hospital de Reabilitação de Anomalias
Craniofaciais sobre os aspectos éticos
da odontologia
O aumento no número de denúncias contra cirurgiões-dentistas pode
ser explicado pelo desconhecimento do Código de Ética Odontológico e
pelas dúvidas na interpretação de seus artigos.
Arsenio Sales Peres*, Sílvia Helena de Carvalho Sales Peres*, José Roberto de Magalhães
Bastos**, Fernando Toledo de Oliveira***, Sérgio Donha Yarid***
*Professores Doutores do Departamento de Odontopediatria,
Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru
da Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected], [email protected].
**Professor Titular do Departamento de Odontopediatria,
Ortodontia e Odontologia em Saúde Coletiva da Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo. E-mail:
[email protected].
***Mestrandos em Odontologia em Saúde Coletiva da Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo. E-mails: fto@
usp.br, [email protected].
RESUMO
Buscando facilitar e orientar a conduta humana
dentro das atividades profissionais, em particular, o
exercício da Odontologia, foi elaborado, em 1976,
pelo Conselho Federal de Odontologia, o Código de
Ética Odontológica (CEO), com a finalidade de educar e instruir o profissional, não sendo um instrumento punitivo para o cirurgião-dentista. Entretanto, sua
compreensão não é simplória, o que se procurou demonstrar neste trabalho. Analisou-se a percepção dos
cirurgiões-dentistas, alunos de cursos de especialização do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRACUSP), sobre os aspectos éticos da odontologia, por
meio de questionário com questões estruturadas e
dividido em duas partes: a primeira relativa à identificação da amostra e a segunda parte relativa a questões inerentes ao conteúdo de artigos do Código de
Ética Odontológica. Os resultados permitem concluir
que existem dúvidas na interpretação de alguns arti-
gos do CEO e que se faz necessária uma melhor orientação profissional para a correta compreensão do
Código de Ética Odontológica.
DESCRITORES
Ética odontológica. Ética. Odontologia legal.
D
a circunstância de se facilitar a conduta humana
dentro das atividades profissionais e evitar certos
abusos, buscou-se relacionar vários códigos de ética,
que norteiam e disciplinam a maneira correta de agir
em cada profissão3. Foi com esse espírito de zelar e
promover o bom conceito da profissão odontológica
que os membros dos Conselhos Federal e Regional
elaboraram o Código de Ética Odontológica (CEO) em
1976, que estabelece os princípios fundamentais que
direcionam a conduta do cirurgião-dentista no exercício da profissão4. Ao longo do tempo, o CEO passou
por algumas modificações e hoje se encontra em sua
quarta edição, que entrou em vigor a partir de 20 de
Revista da ABENO • 6(2):123-7
123
Percepção dos pós-graduandos do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais sobre os aspectos éticos da odontologia •
Peres AS, Peres SHCS, Bastos JRM, Oliveira FT, Yarid SD
maio de 2003, aprovado pela Resolução CFO-421.
Torna-se importante salientar que, por princípio,
o Código de Ética Odontológica deve ser rotulado
como um instrumento orientador, longe de vislumbrar um objetivo punitivo ao colega6, bem como perseguir a consecução do bem comum dos pacientes,
dos profissionais e da sociedade na qual ambos se inserem8. Contudo, seu estudo não é simplório, pois
torna-se necessário levar em conta uma série de fatores
subjetivos, e, muitas vezes, um profissional fica em dúvida se uma atitude fere ou não o Código de Ética.
Infelizmente, tem-se observado um substancial
aumento no número de denúncias que chegam aos
Conselhos Regionais de Odontologia, referentes a
infrações éticas cometidas por cirurgiões-dentistas.
Estes, na grande maioria das vezes, agem de forma
irregular por desconhecer os artigos do Código de
Ética, ou não saber interpretá-los de forma correta.
Outrossim, após essas considerações, observou-se
a necessidade de uma verificação do nível de conhecimento dos cirurgiões-dentistas profissionalmente
ativos a respeito de alguns dos principais artigos contidos no Código de Ética Odontológica, identificando-se assim os pontos de maior dificuldade de interpretação e as principais dúvidas apresentadas por
esses profissionais.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi solicitada a autorização dos coordenadores
dos cursos de especialização do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de
São Paulo (HRAC-USP), para aplicação de um questionário. Após essa aquiescência foi elaborada uma
carta convite para que os alunos regularmente matriculados pudessem participar da pesquisa. Anteriormente à inclusão do indivíduo na pesquisa, foram
explicados os riscos e benefícios de sua participação.
A amostra inicial foi composta de 84 pós-graduandos
do HRAC, sendo que concordaram em participar da
pesquisa somente 59 indivíduos (70,24%). Estes cursavam as seguintes áreas: Dentística, Endodontia, Implantodontia, Odontopediatria, Ortodontia, Periodontia, Prótese Dentária, Radiologia Odontológica e
Imaginologia, e Saúde Coletiva.
Foi elaborado um questionário com questões estruturadas, que estava dividido em duas partes: a primeira
relativa à identificação do entrevistado/amostra sem,
contudo, solicitar o nome deste. A segunda parte estaria voltada para questões inerentes ao conteúdo de
artigos do Código de Ética Odontológica.
Após a compilação dos dados colhidos nos questio124
nários devidamente preenchidos e devolvidos, realizou-se a análise dos mesmos, com o intuito de verificar
e quantificar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas
(amostra) referente ao Código de Ética Odontológica.
Para tanto, foi realizada análise estatística descritiva,
utilizando freqüências absolutas e relativas, por meio
de gráficos e tabelas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entregues 84 questionários, correspondendo a 100% dos alunos matriculados. Desses, foram devolvidos 69 (82,14%) questionários, sendo que destes,
10 (14,49%) foram entregues em branco e 59 (85,51%)
foram entregues respondidos, obtendo-se assim uma
amostra significativa da população estudada.
Com as quatro primeiras questões, foi possível
delinear a amostra, sendo esta composta preponderantemente de profissionais com pouco tempo de
formação (90% com até cinco anos de formado), na
sua maioria jovens entre 20 e 30 anos de idade
(93,22%) e oriundos de universidades públicas ou
privadas (47,46% e 52,54%, respectivamente), concentradas principalmente na região Sudeste do país
(77,97%) (Gráfico 1).
Quando avaliado o grau de entendimento do Código de Ética Odontológica sobre quais as informações que devem constar em anúncios, placas e impressos, 59 alunos (100%) assinalaram corretamente “o
nome do profissional”, mas apenas 42 alunos (71,19%)
marcaram a opção “a profissão”, e um aluno deixou
de assinalar “o número de inscrição no CRO”. Essas
três opções deverão obrigatoriamente constar em
anúncios, placas e impressos, segundo o Código de
Ética Odontológica1, em seu Art. 33.
Paralelamente a isso, Saliba et al.7 (1996) observaram a ocorrência elevada de infrações pelos profissionais no tocante à publicidade. Encontraram, em sua
pesquisa referente a placas de consultórios odontológicos no município de Marília/SP, uma alta porcentagem (43,3%) de placas nas quais não constava o
número do CRO do responsável, infringindo assim
os dispositivos legais da publicidade odontológica.
As outras opções assinaladas pelos participantes,
como “a especialidade” (89,83%), “o telefone”
(66,10%) e “o horário de atendimento” (16,94%),
podem constar normalmente em anúncios, placas e
impressos, entretanto, não são obrigatórios segundo
o Código de Ética Odontológica. Isso pode demonstrar uma deficiência na interpretação do que é obrigatório ou facultativo. Já as opções “as técnicas de
tratamento”, “os preços” e “as formas de pagamento”,
Revista da ABENO • 6(2):123-7
Percepção dos pós-graduandos do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais sobre os aspectos éticos da odontologia •
Peres AS, Peres SHCS, Bastos JRM, Oliveira FT, Yarid SD
não assinaladas por nenhum participante, e que constituem infração ética, deixam evidente o melhor nível
de percepção dos profissionais no tocante ao que é
proibido.
Outra questão propôs três situações como motivo
para o cirurgião-dentista renunciar ao atendimento do
paciente, devendo ser observado o Código de Ética
Odontológica. De todos os alunos, 16 (27,12%) assinalaram somente a opção “quando houver dificuldade
de bom relacionamento entre as partes”; já 24 alunos
(40,68%) entenderam que a única alternativa correta
era “quando prejudique o bom desempenho profissional” e nenhum aluno optou exclusivamente por “quando sabedor que o paciente é portador de doença infectocontagiosa”.
Todavia, 17 participantes (28,81%) optaram por
mais de uma alternativa, sendo que, desses, 13 (20,03%)
assinalaram as opções “quando houver dificuldade de
bom relacionamento entre as partes” e “quando prejudique o bom desempenho profissional”. Outros três
alunos (5,08%) marcaram as opções “quando houver
dificuldade de bom relacionamento entre as partes” e
“quando sabedor que o paciente é portador de doença
infectocontagiosa”, e somente um participante (1,69%)
assinalou as três opções. Além desses, 2 alunos (3,39%)
não assinalaram nenhuma opção.
Com esses resultados verificou-se que não existe
uma compreensão adequada do Art. 3º, Inciso V1,
que trata dos direitos fundamentais dos profissionais
2 (3,39%)
4 (6,78%)
inscritos, que diz: “direito de renunciar ao atendimento do paciente, durante o tratamento, quando da
constatação de fatos que, a critério do profissional,
prejudiquem o bom relacionamento com o paciente
ou o pleno desempenho profissional. Nestes casos
tem o profissional o dever de comunicar previamente ao paciente ou seu responsável legal, assegurandose da continuidade do tratamento e fornecendo todas
as informações necessárias ao cirurgião-dentista que
lhe suceder”.
Segundo Mantecca2 (1998), se após toda a dedicação e tentativas de harmonização do desempenho não
existir mais um bom ambiente de trabalho no consultório, então deve o cirurgião-dentista encaminhar seu
paciente para outro profissional através de uma carta
de apresentação. E, ainda no consultório odontológico, confeccionar o documento de Cessação de Serviço, em que o cirurgião-dentista e o paciente assinam
consentido com o encerramento do tratamento.
Sales Peres et al.6 (2004) chamam a atenção para
o fato de que cabe ao profissional, além do disposto
acima, conciliar o honorário profissional, ou seja, o
custo para o paciente não deverá sofrer alterações,
salvo se houver mudanças no plano de tratamento e
na anuência do paciente. Caso contrário, poder-se-á
instalar um processo ético, desde que haja denúncia
fundamentada por parte do paciente. Para tanto citase o Art. 7º, Inciso VI, que diz que constitui infração
ética: “abandonar paciente, salvo por motivo justifi-
3 (5,08%)
I
II
7 (11,86%)
46 (77,97%)
55 (93,22%)
Tempo de formação
até 1 ano
de 1 a 5 anos
de 5 a 10 anos
10 anos ou mais
Faixa etária
20 a 30 anos
30 a 40 anos
40 anos ou mais
III
31 (52,54%)
1 (1,69%)
3 (5,08%)
4 (6,78%) 4 (6,78%)
28 (47,46%)
46 (77,97%)
Universidade
Pública
Privada
2 (3,39%)
IV
Região do País
Norte
Sul
Sudeste
Nordeste
Centro-oeste
Gráfico 1 - Representação gráfica do número de respostas da primeira parte do questionário (identificação da amostra),
segundo o tempo de formação (I), a faixa etária (II), o tipo de instituição freqüentada (III) e a localização da universidade (IV) dos pós-graduandos do HRAC-USP.
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125
Percepção dos pós-graduandos do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais sobre os aspectos éticos da odontologia •
Peres AS, Peres SHCS, Bastos JRM, Oliveira FT, Yarid SD
cável, circunstância em que serão conciliados os honorários e indicado substituto”1.
Outra circunstância bastante atual que coloca em
pauta as questões de abandono e recusa de atendimento diz respeito a pacientes contaminados pelo
vírus da AIDS. Embora não haja, nas normas éticas
da odontologia brasileira, referência explícita à questão HIV/AIDS, a discriminação tem se manifestado
na recusa do atendimento sem que seja dada justificativa ao paciente5.
Para Sousa Lima9 (1996), já foram estabelecidos
procedimentos éticos a respeito do atendimento dos
portadores do vírus, em que nenhum profissional
(médico ou dentista) poderá recusar o atendimento
ao portador do vírus HIV. Da mesma forma o atendimento será feito em qualquer fase da patologia, desde
que haja atendimento também a normas de biossegurança preconizadas pela Organização Mundial da
Saúde e pelo Ministério da Saúde. Entretanto, o mesmo autor conclui que talvez os casos devam ser examinados individualmente, existindo a possibilidade
de justificativa para o não-atendimento do portador
do vírus HIV. Segundo Samico et al.8 (1994), o cirurgião-dentista deve instruir e conscientizar o paciente
quanto aos riscos e benefícios do tratamento, encaminhando-o a um serviço especializado, público ou privado. Poderia também, dependendo do caso, atendêlo em sua residência ou em horário especial no próprio
consultório, adequado aos cuidados de biossegurança, evitando o constrangimento de sua clientela.
Sales Peres et al.6 (2004) discordam dessas afirmações quando lembram que, no capítulo que trata das
infrações éticas na relação paciente-profissional, é
abordado o fato da discriminação, ou seja, dar tratamento diferenciado, separar o indivíduo do grupo de
atendimento de rotina, por quaisquer pretextos.
Outro quesito investigado foi com relação ao cirurgião-dentista inscrito no conselho, proprietário ou
responsável técnico de clínica, se esse responderia
eticamente por erro de colega que atue sob sua responsabilidade. Dos participantes, 50 alunos (84,74%)
responderam que “sim” e 9 alunos (15,25%) responderam que “não”.
Em muitos casos, por desconhecer as implicações
jurídicas que possa enfrentar, o profissional surpreende-se ao ser processado por erro de colega sob sua responsabilidade. Um exemplo muito comum acontece
em clínicas particulares e consultórios odontológicos,
onde o proprietário, cirurgião-dentista, convida ou
cede a clínica ou o consultório para que outro colega
realize algum tratamento, na maioria das vezes especia126
lizado, como cirurgias, implante etc. Entretanto, esse
profissional proprietário desconhece que responderá
eticamente, caso o colega cometa alguma infração.
O Código de Ética Odontológica deixa claro quando relata em seu Art. 22: “Os profissionais inscritos,
quando proprietários, ou o responsável técnico, responderão solidariamente com o infrator pelas infrações éticas cometidas”1.
Na questão referente ao Art. 7º, Incisos III, IV,
VIII e IX, do Código de Ética Odontológica1, os participantes deveriam assinalar uma das quatro opções
quanto à constituição de infração ética. A opção
“diagnosticar, dar prognóstico e terapêutica sem exageros” não foi assinalada, mas 3 alunos (5,08%) assinalaram a opção “esclarecer adequadamente os
propósitos, riscos, custos e as alternativas do tratamento”; e outros 6 alunos (10,17%) assinalaram
“prestar atendimento de urgência ou emergência a
menores sem autorização dos representantes legais
ou responsáveis”.
Torna-se evidente, nesses casos, uma falha na interpretação correta do que diz o Código de Ética,
principalmente na terceira opção, assinalada por 12
dos 59 alunos (20,34%). O atendimento de urgência
e emergência constitui exceção no Inciso VIII do
Art. 7º, que diz: “iniciar tratamento de menores sem
a autorização de seus responsáveis ou representantes
legais, exceto em casos de urgência e emergência”1.
Os casos de urgência são danos ao paciente que não
envolvem o risco de morte, tais como dor de dente,
problemas de ordem estética, entre outros. Já a emergência refere-se a casos em que há risco de morte,
pouco freqüente na prática odontológica.
Contudo, 44 alunos, ou seja, a maior parte dos
pesquisados, (74,58%) assinalaram a opção mais óbvia: “desrespeitar ou permitir que seja desrespeitado
o paciente”. Entretanto, 6 participantes (10,17%)
marcaram mais de uma alternativa, acarretando a
anulação de suas respostas a essa questão.
No tocante à última questão, referente a quais
profissionais se aplica o Código de Ética Odontológica, houve uma confusão muito grande por parte dos
participantes (Tabela 1).
Segundo as disposições preliminares, Artigo 1º
em seu parágrafo único, do Código de Ética Odontológica, “As normas éticas deste Código devem ser seguidas pelos cirurgiões-dentistas, pelos profissionais
de outras categorias auxiliares reconhecidas pelo
CFO, independentemente da função ou do cargo que
ocupem, bem como pelas pessoas jurídicas”1. Sales
Peres et al.6 (2004) ressaltam a generalização do todo,
Revista da ABENO • 6(2):123-7
Percepção dos pós-graduandos do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais sobre os aspectos éticos da odontologia •
Peres AS, Peres SHCS, Bastos JRM, Oliveira FT, Yarid SD
CD = cirurgião-dentista; THD = técnico em higiene dental; ACD = auxiliar de consultório dentário; TDP = técnico em prótese dentária; APD =
auxiliar de prótese dentária.
through the application of a questionnaire with structured questions, divided into two parts: the first part
covered identification of the sample, and the second
part covered questions inherent to the content of the
articles of the Ethical Code of Dentistry. The results
permited to conclude that there are doubts about
the interpretation of some articles of the ECD and
that a better professional orientation is needed for
the correct understanding of the Ethical Code of
Dentistry.
haja vista que não se pode atribuir responsabilidades
igualitárias ao contemplar funções díspares.
DESCRIPTORS
Ethics, dental. Ethics. Forensic dentistry. §
Tabela 1 - Respostas da questão referente a quais profis-
sionais se aplica o Código de Ética Odontológico.
Opções de resposta
No de respostas
%
Somente cirurgião-dentista
10
16,95
CD, THD, ACD e TDP
16
27,12
CD, TPD, THD, APD e ACD
16
27,12
CD, THD e ACD
17
28,81
CONCLUSÕES
Após a análise dos resultados deste estudo, podese concluir que:
• Existem dúvidas na interpretação de alguns dos principais artigos do Código de Ética Odontológica.
• Faz-se necessária a maior divulgação possível do
Código de Ética Odontológica, com o empenho
máximo dos Conselhos Federal e Regional de
Odontologia, além dos docentes da área e das entidades de classe, buscando, preventivamente,
educar e instruir para evitar condenar e punir.
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ABSTRACT
Analysis of the perception of graduate students at
the Hospital for the Rehabilitation of Craniofacial
Anomalies (HRCA-USP) about the ethical aspects
of dentistry
Aiming at streamlining and guiding human conduct in professional activities, particularly in the dental profession, an Ethical Code of Dentistry (ECD)
was elaborated in 1976 by the Federal Council of
Dentistry with the purpose of educating and instructing professionals. It was not meant as a punitive instrument. Its understanding, however, is not easy,
and an attempt was made to demonstrate this fact in
the present work. The perceptions of dentists attending specialization courses at the Hospital for the Rehabilitation of Craniofacial Anomalies (HRCA-USP)
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Revista da ABENO • 6(2):123-7
Aceito para publicação em 10/2005
127
Avaliação de serviços odontológicos:
a visão dos pacientes†
A participação dos pacientes na avaliação dos serviços,
ultrapassando-se sua mera utilização passiva, fornece informações
essenciais para a definição dos padrões de qualidade dos
atendimentos prestados.
Elisabete Rabaldo Bottan*, Rosiane Aparecida de Liz Sperb**, Paulo SchlichTelles**,
Mário Uriarte Neto***
*Professora do curso de Odontologia da Universidade do Vale do
Itajaí. E-mail: [email protected].
**Acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade do Vale
do Itajaí.
***Coordenador do curso de Odontologia da Universidade do Vale
do Itajaí.
RESUMO
Através de um estudo exploratório, com abordagem descritiva, investigou-se a opinião de pacientes,
em atendimento nas clínicas odontológicas do curso
de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI), sobre a qualidade dos serviços prestados.
Foi constituída uma amostra acidental, no período
de maio a novembro de 2004. O grupo investigado
foi formado por 41 mulheres (80,4%) e 10 homens
(19,6%) com idades que variaram de 20 a 73 anos,
com uma maior concentração na faixa de 31 a 50 anos
(45,1%). O instrumento para coleta de dados constou
de uma entrevista semi-estruturada que enfocava aspectos estruturais, aspectos referentes aos professores
e acadêmicos, e satisfação do paciente em relação ao
processo de atendimento. As entrevistas foram registradas e as falas agrupadas segundo categorias. Os
pacientes enfocaram, prioritariamente, o bom relacionamento com os acadêmicos e professores e a qualidade dos tratamentos realizados. Alguns pontos
fracos do processo foram identificados, fornecendo
informações preciosas para a melhoria do trabalho
desenvolvido nas clínicas, conseqüentemente contri-
buindo para a melhoria dos serviços e da satisfação
dos pacientes.
DESCRITORES
Satisfação do paciente. Aceitação pelo paciente
de cuidados de saúde. Recursos humanos em odontologia.
O
curso de Odontologia da Universidade do Vale
do Itajaí (UNIVALI), desde 1993, em decorrência de sua estrutura curricular, oferece gratuitamente
serviços odontológicos de diferentes complexidades
para a população da área de abrangência da UNIVALI. O atendimento é realizado por acadêmicos sob a
supervisão direta de professores cirurgiões-dentistas.
Institucionalmente, o processo de ensino-aprendizagem (tanto das disciplinas clínicas como das demais), anualmente, é avaliado por seus pares (professores e acadêmicos). No entanto, o terceiro elemento
vital do processo de aprendizagem, o paciente, não
integra essa avaliação.
O envolvimento da clientela dos serviços de saúde
em ações que ultrapassem a sua mera utilização passiva é fundamental para a definição dos padrões de
†Trabalho premiado na 40ª Reunião Anual da ABENO.
128
Revista da ABENO • 6(2):128-33
Avaliação de serviços odontológicos: a visão dos pacientes • Bottan ER, Sperb RAL, Telles PS, Uriarte Neto M
qualidade do atendimento prestado. A participação
desse segmento contribui com a melhoria da qualidade dos serviços prestados, pois a perspectiva do
usuário fornece informações essenciais. A avaliação
compartilhada é um instrumento dinâmico de transformação, uma vez que se constitui em um processo
capaz de abrigar as vozes dos diferentes atores sociais
envolvidos1,17,18,20,22.
No entender de Leão, Dias11 (2001), um dos ambientes mais propícios para se avaliar a satisfação de
uma comunidade com um curso de Odontologia é a
clínica, por ser o retrato do trabalho de uma equipe
(professores, alunos, funcionários) no exercício da
prática odontológica, em todos os níveis de atenção.
A avaliação do paciente reflete, portanto, a eficácia
social da Instituição.
Pautados no entendimento de que a participação
do cliente no processo de avaliação se constitui num
valioso “feedback” e frente ao momento de intensas
reflexões pelo qual o curso vem passando em função
da mudança da matriz curricular para se adequar às
novas Diretrizes Curriculares, propusemos a realização deste estudo exploratório com o objetivo de conhecer a satisfação que a clientela em atendimento
nas diferentes clínicas do curso de Odontologia da
Universidade do Vale do Itajaí tem a respeito dos
serviços recebidos.
MATERIAIS E MÉTODOS
O desenho da pesquisa corresponde a um estudo
exploratório-descritivo. Uma amostra acidental foi
constituída de forma aleatória entre os pacientes
agendados para tratamento nas clínicas do curso de
Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, no
período de maio a novembro de 2004. Como critérios de inclusão foram definidos: ter tido, pelo menos, três atendimentos; ter idade mínima de 18 anos;
aceitar, por livre e espontânea vontade, participar
da pesquisa.
Foram entrevistados 51 pacientes, sendo que 41
eram do sexo feminino e 10 do sexo masculino. O
maior número de mulheres do que de homens devese ao fato de que a maioria dos pacientes das clínicas
do curso de Odontologia da UNIVALI são do sexo
feminino. A definição do número de sujeitos foi embasada no critério de esgotamento da informação,
isto é, quando as falas se tornaram repetitivas, a coleta de dados foi suspensa.
A faixa etária dos entrevistados variou de 20 a 73,
sendo que a maioria (45,1%) se classificou entre 31
e 50 anos de idade.
O instrumento para coleta dos dados foi uma entrevista semi-estruturada abordando os seguintes aspectos relativos ao processo de atendimento:
• o relacionamento entre professores, alunos e
pacientes;
• a satisfação com o tratamento;
• as queixas;
• as sugestões dos pacientes.
Esses itens constituíram as categorias de análise.
Foi feita uma pergunta inicialmente: “O que você
acha do atendimento nas clínicas de Odontologia?”
A partir daí, dependendo da resposta emitida, estimulava-se o paciente a comentar sobre os aspectos
referentes ao atendimento que recebia na clínica. Os
depoimentos foram anotados pelo pesquisador, simultaneamente à comunicação verbal. Complementações de observações do pesquisador foram registradas logo após o término de cada entrevista.
A organização das falas foi efetuada com base nas
categorias pré-estabelecidas e agrupadas por critério
de similitude de conteúdo. A análise das falas dos
sujeitos entrevistados foi efetuada de forma conjunta
pelos pesquisadores e foi sustentada na literatura
revisada.
As categorias de análise foram estruturadas com
base em Frenkiel7 (2003), que agrupou os indicadores
de avaliação de serviços em: confiabilidade, presteza,
segurança, empatia e tangibilidade. Definiram-se, então, como categorias para análise:
• a confiabilidade, que é entendida como a prestação do serviço de modo confiável e com precisão;
• a presteza, que é a disposição de atender e ajudar
o consumidor com rapidez;
• a empatia, que é identificada pela atenção e pelo
carinho dispensados ao paciente.
Procurou-se, com base nessas definições, identificar nas falas dos sujeitos expressões que representassem esses indicadores.
RESULTADOS
Quando se procedeu a uma análise globalizada,
isto é, sem considerar o tipo de clínica, verificou-se
que as manifestações positivas foram superiores (valor médio de 41%) às manifestações negativas (valor
médio de 17,66%).
As manifestações positivas mais enfatizadas foram
“Bom relacionamento entre alunos e pacientes” (categoria empatia) e “Bom atendimento” (categoria
confiabilidade). A manifestação negativa predominante foi em relação ao “Tempo de espera” (catego-
Revista da ABENO • 6(2):128-33
129
Avaliação de serviços odontológicos: a visão dos pacientes • Bottan ER, Sperb RAL, Telles PS, Uriarte Neto M
ria presteza) para ser chamado para iniciar o tratamento, para aguardar na sala de espera e para
finalizar o tratamento.
DISCUSSÃO
A avaliação da qualidade de um produto, conforme Serapioni19 (1999), é constituída por dois elementos: o objetivo e o subjetivo. O elemento objetivo está
relacionado com os componentes físicos do produto
e o componente subjetivo à satisfação do usuário, do
ponto de vista de sua percepção e de suas expectativas.
No entanto, quando o produto em avaliação é a prestação de um serviço, a qualidade se resume à satisfação
do cliente em uma dada situação.
Pesquisas4,5,7,9,10,11,12,19 mostram que a utilização do
indicador satisfação do paciente, por diferentes instituições e profissionais, está assumindo, cada vez
mais, significativa importância para o processo de
avaliação da qualidade do tratamento odontológico.
Essas pesquisas também apontam que, na maioria das
vezes, o paciente não tem conhecimento técnico e,
portanto, não sabe como avaliar se um tratamento foi
executado de maneira correta. Assim, a qualidade
percebida pelo paciente tem muito mais a ver com a
maneira como ele é tratado e com as pistas de qualidade que ele vai encontrar no consultório e no profissional do que com a parte técnica.
Frenkiel7 (2003) agrupou esses indicadores em:
confiabilidade, presteza, segurança, empatia e tangibilidade. A confiabilidade é entendida como a prestação do serviço de modo confiável e com precisão.
A presteza é a disposição de atender e ajudar o consumidor com rapidez. A segurança é avaliada pelo
conhecimento e cortesia demonstrados pela equipe.
A empatia é identificada pela atenção e pelo carinho
dispensados ao paciente. E, a tangibilidade refere-se
à aparência das instalações físicas, funcionários, uniformes, equipamentos e ambiente. Para este estudo,
foram considerados três destes indicadores, os quais
passam a ser discutidos a seguir.
que a qualidade técnica do serviço foi perfeitamente confundida com o grau de satisfação do paciente
ao ser tratado com afetividade. Muito embora existam variações culturais e étnicas entre grupos estudados, como destacaram Garcia, Contreras8 (2002),
as interações pessoais têm prioridade no estabelecimento da satisfação do usuário com os serviços prestados.
O modo cordial e a boa vontade de acadêmicos
e professores evidenciados pelos sujeitos entrevistados vão ao encontro dos resultados do trabalho de
Bottan et al.3 (2004) sobre a percepção de indivíduos adultos quanto ao dentista ideal. Dentre as características de um dentista ideal, indicadas naquela
investigação, estão: ser calmo; saber ouvir os pacientes; saber respeitar os pacientes; ser simpático. Portanto, como argumentou Serapioni19 (1999), a base
para obtenção da qualidade está na seriedade e no
respeito para com a comunidade atendida. Algumas
falas dos usuários das clínicas odontológicas da UNIVALI que traduzem esse relacionamento harmonioso foram destacadas:
“Acho a clínica ótima. O atendimento é muito bom. . . Os
aluno são muito educados.” (Paciente do sexo feminino,
32 anos.)
“O atendimento. . . gostei, adorei, sou sempre bem atendida. Os meninos [referindo-se aos acadêmicos] são superlegais.” (Paciente do sexo feminino, 34 anos.)
“Aqui é melhor que particular, principalmente os alunos.”
(Paciente do sexo masculino, não identificou idade.)
“É a segunda vez que faço tratamento aqui. O atendimento aqui é muito bom. Todos aqui me tratam muito bem,
estão sempre sorrindo, gosto muito. . . por isso voltei aqui.”
(Paciente do sexo feminino, 63 anos.)
“Achei qui seria um boneco de teste. . . mi surprendi com
tudo qui encontrei aqui.” (Paciente do sexo feminino, 30
Qualidade percebida mediante o
indicador empatia
Em nossa pesquisa constatamos, de modo significativo, através das falas e expressões não-verbais,
a valoração da qualidade do atendimento imbricada
com a empatia estabelecida entre acadêmico e paciente. Os estudos conduzidos por Ramos et al.16
(1999), Ramos14,15 (2001, 1997) com pacientes das
clínicas do curso de Odontologia da Universidade
Federal de Diamantina (MG) também apontaram
130
anos.)
“O atendimento é bom. . . Assim como a gente precisa
deles [referia-se aos alunos] eles precisa de nós.” (Paciente do sexo feminino, 24 anos.)
Os dois últimos depoimentos selecionados emergem um importante aspecto do processo de ensinoaprendizagem em áreas clínicas, as quais envolvem
o paciente. Lidar com o paciente implica outras ha-
Revista da ABENO • 6(2):128-33
Avaliação de serviços odontológicos: a visão dos pacientes • Bottan ER, Sperb RAL, Telles PS, Uriarte Neto M
bilidades além daquelas de quando ocorre o treinamento com os manequins. O exercício de uma relação profissional-paciente na dimensão sujeito-sujeito
deve ser objeto de constantes debates, em todas as
disciplinas no transcorrer do curso de graduação.
As atividades clínicas integram o processo de ensino-aprendizagem e têm por objetivo oportunizar
ao aluno, em situação real de trabalho, a consolidação de conhecimentos teórico-práticos. Elas são,
portanto, a espinha dorsal do processo de formação
do aluno, como destacaram Bacci et al.2 (2002). Por
outro lado, segundo Junqueira10 (2002), as atividades
clínicas ofertadas por cursos de graduação e de pósgraduação se constituem na única alternativa de
acesso a serviços odontológicos para grande parcela
da população.
O relacionamento paciente-dentista tem sido enfocado por diversos pesquisadores, quando sustentam que a profissão de cirurgião-dentista vai além da
habilidade técnica para realizar procedimentos clínicos e que é preciso saber lidar com as pessoas. Logo,
uma relação tecnocrática, isto é, que envolve uma
interação do tipo sujeito-objeto, semelhante àquela
que ocorre entre o aluno e o manequim, não contribui para a formação de comportamentos que favoreçam a manutenção da saúde bucal5,6,14,21. Nesse sentido, os depoimentos dos usuários das clínicas
odontológicas da UNIVALI indicam que acadêmicos
e professores estão preocupados com o relacionamento interpessoal e procuram efetivar uma prática
profissional sustentada nos princípios da interação
sujeito-sujeito.
“Estou muito satisfeita. Lá [referindo-se ao seu município
de origem] não tem o atendimento que tem aqui. Aqui
eles fazem de tudo. Lá só arrancam dente.” (Paciente do
sexo feminino, 34 anos.)
Geralmente, conforme Leão, Dias11 (2001), o paciente baseia seu julgamento em critérios difusos
como: rapidez, organização, amabilidade e resolutividade do problema que o aflige. Em relação à resolutividade do problema, Bottan et al.3 (2004) identificaram que a população a expressa mediante
manifestações como: ser competente na execução do
tratamento; estar atualizado; fazer tratamento sem
dor.
A fala dos pacientes entrevistados revela o bom
atendimento através da confiança na competência
dos alunos. Competência expressa pelo cuidado para
que o paciente se sinta confortável em relação aos
procedimentos dolorosos e pela solução dos problemas de saúde bucal que não foram resolvidos nas
unidades de saúde dos municípios de origem desses
pacientes.
Qualidade percebida mediante o
indicador presteza
Muito embora os pacientes classifiquem o atendimento recebido nas clínicas odontológicas da
UNIVALI como bom, elevado número teceu considerações de desagrado no que tange à rapidez no
atendimento, como se pode ler nas falas abaixo
transcritas:
“Eu acho que o serviço é bom. . . só que a genti espera
Qualidade percebida mediante o
indicador confiabilidade
A confiabilidade foi expressa em falas, como:
muito ser chamado e aí o problema aumenta pela demora.” (Paciente do sexo feminino, 49 anos.)
“Faz dois anos e meio que me trato aqui. Gosto do atendi-
“Prefiro vim aqui do que no posto de saúde, mesmo mo-
mento. O atendimento é nota dez . . . mas levei um ano
rando em Camboriú.” (Paciente do sexo feminino, 38
esperando prá se chamada.” (Paciente do sexo feminino,
anos.)
22 anos.)
“No postinho usam material ruim. . . a culpa não é do
“Eu venho no atendimento daqui da UNIVALI faz dez
dentista, é do material.” (Paciente do sexo feminino, idade
anos e tenho tido bom resultado só que. . . uma vez por
não identificada.)
semana é pouco. . . [referia-se ao fato de que a clínica
de prótese só é ofertada uma vez por semana] leva seis
“O atendimento daqui é ótimo. . . até recomendei prá
mês prá fazê uma prótese.” (Paciente do sexo masculino,
minha irmã.” (Paciente do sexo masculino, 35 anos.)
73 anos.)
“Tenho medo de tudo, sempre tive. . . mas aqui eles per-
“Demora muito pra chamá. . . mas não tamo pagando, né,
guntam bastante se a gente tá sentindo dor. . . muito bom.”
nega! Espero o tempo que for, espero um dia sentada se
(Paciente do sexo feminino, 33 anos.)
precisá.” (Paciente do sexo feminino, 44 anos.)
Revista da ABENO • 6(2):128-33
131
Avaliação de serviços odontológicos: a visão dos pacientes • Bottan ER, Sperb RAL, Telles PS, Uriarte Neto M
“Fui bem atendida. . . só que demora pra sê chamado. . .
Afinal não to pagando, né?” (Paciente do sexo feminino,
40 anos.)
A reclamação quanto à demora para triagem e
para conclusão do tratamento não pode ser considerada como um fato isolado das clínicas do curso de
Odontologia da UNIVALI, pois, em avaliações realizadas em outras instituições, também se encontrou
essa situação. Os trabalhos de Butters, Willis4 (2000),
de Rocha, Bercht17 (2000) e de Leão, Dias11 (2001)
apontaram duração/número de consultas como fator responsável pelo abandono do tratamento.
Na investigação conduzida por Araújo1 (2003)
com usuários da clínica integrada da Universidade
Federal do Pará, os entrevistados sugerem, para melhoria do atendimento, a revisão do processo de agendamento e a ampliação do número de atendimentos,
as quais estão diretamente relacionadas com o fator
tempo. A duração do tratamento também foi muito
criticada pelos pacientes das clínicas do curso de
Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, conforme relatado por Minas13 (2002).
Em nossa pesquisa, o fato de os entrevistados não
estarem pagando (e não poderem pagar) e de não
haver um atendimento especializado nas Unidades
de Saúde foi a justificativa mais indicada para a aceitação passiva da espera para o atendimento. Ramos14
(2001) reportou-se ao modo como a população de
baixa renda encara a gratuidade do atendimento
odontológico prestado por clínicas de instituições de
ensino. Para esse pesquisador, a tendência das populações carentes é perceber a gratuidade como uma
dádiva, muito mais do que um direito do cidadão e
um dever do Estado.
O comportamento de passividade, de subordinação, do ponto de vista ético, conforme Vázquez et
al.23 (2003 ), é uma penalização injusta às populações
mais pobres, que permite ao Estado repassar suas
obrigações e responsabilidades a outros segmentos
da sociedade. Esse repasse de obrigações pode ser
percebido em nossa pesquisa, quando, no depoimento de alguns dos usuários, identificou-se que o
encaminhamento para a clínica da UNIVALI foi efetuado pelas Unidades de Saúde de diferentes municípios.
132
CONCLUSÕES
Tendo por base as análises dos depoimentos dos
usuários das clínicas do curso de Odontologia da UNIVALI, afirma-se que a grande maioria dos pacientes,
de um modo geral, está satisfeita com o atendimento
recebido.
Também, a partir das falas dos sujeitos desta pesquisa, sugerem-se à Coordenação do Curso as seguintes ações com vistas a reduzir o tempo de espera, tido
como o fator negativo pelos entrevistados:
• revisão do sistema de triagem dos pacientes;
• preenchimento do prontuário, quando da consulta inicial, antes de o paciente acessar a clínica;
• oferta de clínicas em período de férias, como forma de ampliar o número de atendimentos.
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica do
Artigo 170 do Governo do Estado de Santa Catarina
e à Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura da UNIVALI.
ABSTRACT
Evaluation of dental services: the patients’ view
Through a descriptive approach, this study explored the patients’ opinions on the quality of the
dental services provided by the undergraduation
dentistry clinics, Vale do Itajaí University (UNIVALI). An accidental sample was used, covering the
period between May and November, 2004. Fifty one
patients were interviewed, with the following characteristics: 41 women (80.4%) and 10 men (19.6%),
ages varying between 20 and 73 years, with a higher
concentration between 31 and 50 years of age
(45.1%). The semi-structured questionnaire focused on the structural aspects of the institution,
aspects related to teachers and students, and patient
satisfaction regarding the dental care given to them.
The interviews were registered and grouped according to categories. The patients mainly reported on
the good relationship with students and teachers,
as well as the overall quality of the services. Some
weaknesses of the process were identified, providing
rich information for the improvement of the clinics
operation and, consequently, better services and
greater patient satisfaction.
DESCRIPTORS
Patient satisfaction. Patient acceptance of health
care. Dental staff. §
Revista da ABENO • 6(2):128-33
Avaliação de serviços odontológicos: a visão dos pacientes • Bottan ER, Sperb RAL, Telles PS, Uriarte Neto M
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11. Leão ATT, Dias K. Avaliação dos serviços de saúde prestados
Revista da ABENO • 6(2):128-33
Aceito para publicação em 10/2005
133
Odontologia e Letras: avaliação de um
estágio supervisionado interdisciplinar
internacional da UFPB
O estágio supervisionado, um instrumento de integração do aluno
com a realidade social e econômica de sua região, possibilita que
o estudante trabalhe com autonomia e favorece a prática dos
conhecimentos adquiridos na Universidade.
Andreza Cristina de Lima Targino Massoni*, Fábio Correia Sampaio**, Félix Augusto
Rodrigues***, Evert van Amerongen****
*Mestre em Odontologia Preventiva e Infantil pela Universidade
Federal da Paraíba. E-mail: [email protected].
**Doutor em Cariologia pela Universidade de Oslo, Noruega.
Coordenador do Mestrado em Odontologia Preventiva e Infantil
da Universidade Federal da Paraíba.
***Doutor em Língua Inglesa e Lingüística Aplicada pela
Universidade Federal de Santa Catarina. Membro da Assessoria
Internacional da Universidade Federal da Paraíba.
****Doutor em Odontologia pela Academisch Centrum
Tandheelkunde Amsterdam.
RESUMO
A proposta de reestruturação curricular dos cursos de graduação em Odontologia é um item relevante das Diretrizes Curriculares Nacionais, pois oferece
base para a formação profissional contextualizada
com a realidade social. Destaca-se, como estratégia, a
instituição de práticas pedagógicas que relacionem o
ensino, a pesquisa e a extensão. O presente estudo
teve por objetivo avaliar a experiência de um estágio
supervisionado interdisciplinar dos cursos de Odontologia e Letras da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB), que buscou contextualizar o aprendizado
dos acadêmicos à problemática social da região. Utilizou-se como campo de estágio um projeto de pesquisa sobre restaurações atraumáticas (ART) junto a
escolares da cidade de João Pessoa, PB, o qual foi
desenvolvido em 12 meses, quando os alunos de
Odontologia estrangeiros e brasileiros atuaram como
cirurgiões-dentistas e auxiliares odontológicos, respectivamente, e os alunos de Letras atuaram como
134
intérpretes. Participaram desse estágio 24 estudantes,
entre graduandos e pós-graduandos das duas áreas,
sendo 17 brasileiros e 7 estrangeiros. Como forma de
avaliação do estágio, aplicou-se um questionário a
todos os participantes. Observou-se que o desenvolvimento do Projeto favoreceu a integração entre ensino, pesquisa e extensão, sob uma ótica interdisciplinar (Odontologia e Letras), além de oferecer recursos
para uma formação profissional capaz de despertar
um perfil humanitário e social nos futuros graduados.
DESCRITORES
Ensino. Educação em Odontologia/métodos.
Pesquisa. Currículo/tendências.
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais constituem
orientações para a elaboração dos currículos que
devem ser necessariamente adotadas por todas as instituições de ensino superior, estimulando a superação
Revista da ABENO • 6(2):134-9
Odontologia e Letras: avaliação de um estágio supervisionado interdisciplinar internacional da UFPB • Massoni ACLT, Sampaio FC,
Rodrigues FA, van Amerongen E
das antigas concepções das estruturas curriculares e
buscando preparar o futuro graduado para enfrentar
os desafios das rápidas transformações da sociedade,
do mercado de trabalho e das condições de exercício
profissional2. Entre os principais itens das Diretrizes
Curriculares, inclui-se o Projeto Político-Pedagógico,
que busca o engajamento dos segmentos docente,
discente e administrativo e, principalmente, a formação do aluno em termos científico-cultural, profissional e de cidadania3.
Conforme afirmou Carvalho3 (2004), as Diretrizes
Curriculares Nacionais vêm promovendo mudanças
paradigmáticas na formação dos profissionais da
Odontologia, as quais devem contribuir para o surgimento de um cirurgião-dentista capaz de criticar a
realidade social, colaborando, de alguma forma, para
a melhoria da situação encontrada. Já as instituições
formadoras devem estar abertas às demandas sociais,
priorizando a atenção à promoção da saúde.
Desta forma, é proposta das Diretrizes Curriculares Nacionais a formação do seguinte profissional:
“Generalista, humanista, crítico e reflexivo, para atuar em
todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico. Capacitado ao exercício de atividades
referentes à saúde bucal da população, pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social,
cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação
atendimento à comunidade intra e extramuros e atue
de forma multidisciplinar em serviços assistenciais
públicos e privados. Portanto, o estágio possibilita que
o estudante trabalhe com autonomia, além de favorecer a prática dos conhecimentos adquiridos na Universidade.
No que concerne à pesquisa, as Diretrizes Curriculares Nacionais sugerem que, dentro dos cursos de
graduação, ela deve contemplar a compreensão e a
atuação de alunos em processos investigativos, também direcionados a aspectos sociais, além de manter
uma relação constante com os projetos desenvolvidos
nos cursos de pós-graduação2.
Há quatro anos a Universidade Federal da Paraíba
(UFPB) está em processo de implantação de um novo
Projeto Político-Pedagógico com a proposta de estágios supervisionados em cada etapa do curso, resgatando a inter-relação Ensino-Pesquisa-Extensão. Entre as atividades, conta-se com Projetos de Extensão
desenvolvidos pelos docentes, como é o caso do Projeto de Pesquisa Internacional relacionado com Restaurações Atraumáticas (ART) no tratamento de lesões de cárie em escolares da cidade de João Pessoa
(Paraíba), que envolve estudantes dos cursos de
Odontologia e de Letras.
O objetivo deste estudo foi avaliar a experiência
do estágio supervisionado interdisciplinar dos cursos
de Odontologia e Letras da UFPB.
para a transformação da realidade em benefício da sociedade”2.
Paim, Almeida Filho8 (1998) e Cristino4 (2005)
afirmaram ser necessária a reestruturação do currículo odontológico contemplando ações transformadoras, para a formação de profissionais que se voltem às
necessidades requeridas pelo quadro epidemiológico
de sua região.
Em relação ao processo ensino-aprendizagem, as
Diretrizes Curriculares Nacionais propõem que esse
deve contemplar a integração de matérias, sugerindo
que o conhecimento básico deve aproximar-se da utilização clínica; acrescentando, ainda, a necessidade
de se desenvolverem estágios supervisionados de forma articulada e com complexidade crescente ao longo do processo de formação. Estes devem representar
20% da carga horária plena dos cursos2.
Na Odontologia o estágio supervisionado foi conceituado pela Associação Brasileira de Ensino Odontológico1 (ABENO), em 2003, como um instrumento
de integração do aluno com a realidade social e econômica de sua região, permitindo que este preste
METODOLOGIA
Utilizou-se, como campo de estágio, um projeto
de pesquisa desenvolvido junto a escolares da cidade
de João Pessoa – Paraíba, nos quais se realizou o Tratamento Restaurador Atraumático (ART) para o tratamento de lesões de cárie. O projeto foi desenvolvido
em 12 meses, durante os quais os alunos de Odontologia, estrangeiros e brasileiros, atuaram como cirurgiões-dentistas e auxiliares odontológicos, respectivamente. Simultaneamente, os alunos de Letras atuaram
como intérpretes. Os graduandos do curso de Odontologia eram alunos dos componentes curriculares de
Saúde Coletiva, Cariologia Clínica e Clínica. Os alunos do curso de Letras originalmente atuavam nos
componentes de Língua Inglesa V e VI.
Participaram desse estágio 24 estudantes, entre
graduandos e pós-graduandos das duas áreas, sendo
17 brasileiros e 7 estrangeiros (Holanda e Alemanha)
(Tabela 1). Alunos brasileiros da graduação de Odontologia do componente curricular de Clínica atuaram
no Projeto como auxiliares odontológicos, já os de
outros componentes curriculares (Odontologia em
Revista da ABENO • 6(2):134-9
135
Odontologia e Letras: avaliação de um estágio supervisionado interdisciplinar internacional da UFPB • Massoni ACLT, Sampaio FC,
Rodrigues FA, van Amerongen E
Tabela 1 - Nacionalidade e formação dos alunos participantes do Projeto.
Nacionalidade
Alunos
Brasil
Titulação
Odontologia
17
10 graduandos
7 pós-graduandos
8 graduandos
4 pós-graduandos
Letras
2graduandos
3pós-graduandos
Holanda
6
6 graduandos
0 pós-graduandos
6 graduandos
0 pós-graduandos
-
Alemanha
1
1 graduando
0 pós-graduandos
1 graduando
0 pós-graduandos
-
Saúde Coletiva e Cariologia Clínica) realizaram procedimentos coletivos como: ATF (Aplicação Tópica
de Flúor), escovação supervisionada e atividades educativas.
Como forma de avaliação dessa experiência acadêmica, aplicou-se um questionário bilíngüe a todos
os participantes. As perguntas eram abertas e tinham
como objetivo identificar os pontos positivos e dificuldades durante a atuação no Projeto. Para a avaliação das respostas procedeu-se à análise de conteúdo
daquelas questões de dimensão subjetiva12.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise das respostas dadas pelos participantes
do Projeto (Tabela 2) nos permitiu perceber a importância desse tipo de experiência durante a formação
profissional dos estudantes da área de saúde.
Como as perguntas eram abertas, o número de
respostas não é equivalente ao número de participantes e, por esse motivo, as respostas não podem ser
interpretadas como excludentes. Por outro lado, não
foi objetivo deste trabalho comparar respostas entre
pós-graduandos e graduandos ou entre alunos de
Odontologia e Letras.
Quando se questionou a respeito dos benefícios
trazidos pelo projeto aos acadêmicos (Questão 1/Tabela 2), evidenciou-se o aprendizado técnico nas atividades extramuros, visto que a maioria dos participantes (28%) citou o aprendizado da técnica do ART
como maior benefício. É válido ressaltar a importância dessa técnica para a Saúde Pública e para o aprendizado da Odontologia. O ART consiste na remoção
do tecido cariado através de instrumentos manuais e
segue os princípios de intervenção mínima com simplificação dos procedimentos. Por esse motivo pode
ser bem empregado em locais onde ainda não há
infra-estrutura adequada para o tratamento convencional, sendo particularmente importante para zonas
rurais do Nordeste. Além disso, a técnica do ART
apresenta benefícios preventivos, pois utiliza material
restaurador adesivo capaz de liberar flúor – ionôme136
ro de vidro5.
Resgatando-se a questão do ensino em sintonia
com os problemas regionais, a possibilidade de “conhecimento da realidade social da região” foi um
ponto levantado por 24% dos participantes. Esse
fato está em sintonia com o que relata Morita, Kriger6 (2004), que sugerem a existência de cenários
de ensino diversificados, agregando-se ao processo,
além dos equipamentos de saúde, os equipamentos
comunitários. Os autores ainda ressaltam a necessidade de interação entre os acadêmicos e a população, pois resulta na formação de profissionais aptos
a trabalhar com os verdadeiros problemas da comunidade.
Quanto à questão sobre os benefícios sociais do
Projeto, os principais aspectos citados estão relacionados com os princípios da técnica do ART e com a
necessidade de se instituir uma Odontologia mais
engajada socialmente, incluindo-se a educação em
saúde bucal (Questão 2/Tabela 2). A “realização de
procedimentos restauradores e preventivos” foi citada por 33,3% dos participantes e “assistência às crianças com menos recursos” e “educação em saúde bucal” totalizaram a metade das respostas válidas, com
25% para cada item. Conforme afirmam Pelissari et
al.9 (2005), uma prática educativa humanizada na
área da Saúde coloca o homem como centro do processo de construção da cidadania, é integrada à realidade social e epidemiológica, às políticas sociais e
de saúde, e, ainda, resolutiva. De acordo com Pinto11
(2000), a educação é um importante componente do
processo de Promoção da Saúde, principalmente se
associada a métodos que permitam resolver os problemas já instalados, como é o caso do ART. Portanto,
os resultados sugerem que o projeto possui um papel
social para a comunidade.
“Benefício social” e “aprendizado da técnica do
ART” foram mais uma vez citados, por 50% e 25% dos
alunos, respectivamente, quando se questionou sobre
os pontos positivos do Projeto (Questão 3/Tabela 2).
Moysés et al.7 (2003) ressaltam a importância não só
Revista da ABENO • 6(2):134-9
Odontologia e Letras: avaliação de um estágio supervisionado interdisciplinar internacional da UFPB • Massoni ACLT, Sampaio FC,
Rodrigues FA, van Amerongen E
Tabela 2 - Respostas dadas pelos participantes.
Questão
1. Benefícios para os acadêmicos em
participar do Projeto
2. Benefícios que o Projeto leva às
crianças e às escolas
3. Pontos positivos do Projeto
4. Pontos negativos do Projeto
5. Palavras que expressam o Projeto
Respostas
Quantidade*
%
Aprendizado da técnica do ART
7
28,0
Conhecimento da realidade social da cidade
6
24,0
Aperfeiçoamento da língua inglesa
4
16,0
Experiência extramuro da Universidade
3
12,0
Relacionamento com pessoas de outras culturas
3
12,0
Outros
2
8,0
Realização de procedimentos restauradores e preventivos
8
33,3
Assistência às crianças com menos recursos
6
25,0
Educação em saúde bucal
6
25,0
Outros
4
16,7
Benefício social
16
50,0
Aprendizado da técnica do ART
8
25,0
Aperfeiçoamento da língua inglesa
6
18,7
Outros
2
6,2
Dificuldade de transporte
15
45,4
Agendamento confuso nas escolas
8
24,2
Ambiente quente para trabalhar
6
18,3
Outros
4
12,1
Solidariedade
8
33,3
Aprendizado
8
33,3
Interação
5
20,8
Outras (experiência, prática)
3
12,6
*O número de respostas não é equivalente ao número de participantes.
de incorporar a pesquisa educativa na formação do
professor de Odontologia mas também de que esta
seja trabalhada para o benefício social. As dificuldades dessa prática estão evidenciadas pelos relatos de
Péret, Lima10 (2005), que analisaram os critérios de
avaliação da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para a área de
Odontologia e observaram a existência de barreiras
para a formação do professor comprometido com as
questões sociais. Todavia, verificou-se, dentro dos critérios de avaliação, a possibilidade de transpor esses
obstáculos mediante a incorporação da pesquisa educativa, por meio da articulação entre ensino e pesquisa. Nesse sentido, projetos de pesquisa com atividades
extramuros podem minimizar tais dificuldades identificadas por Péret, Lima10 (2005).
Associada a estas respostas ainda foi ressaltada, na
terceira questão da Tabela 2, a possibilidade de aperfeiçoamento da língua inglesa (18,7%), incluindo-se o
aprendizado de termos técnicos por parte dos alunos
de Letras que podem atuar como intérpretes após conclusão do curso. Nos últimos tempos tem se observado
uma tendência para a internacionalização, expressa
nos critérios de avaliação da CAPES, que tem valorizado o intercâmbio de projetos de pesquisa associados a
centros no exterior, além da publicação de artigos em
periódicos internacionais10. Apesar de os autores refletirem a respeito da direção dada ao conhecimento
científico e tecnológico gerado pelas pesquisas, o que
pode afastar o enfoque regional, é importante considerarmos que esse tipo de experiência possibilita a
troca de experiências, o aprendizado de novas técnicas
para os envolvidos e o conhecimento de outras culturas. Sendo necessária, pois, a administração de forma
coerente dos projetos, para que, ao invés de direcionálos para um enfoque distante da realidade de nosso
país, esses sejam capazes de somar aprendizado e conhecimento à realidade social e gerar melhorias na
qualidade de vida do grupo assistido.
Quanto aos pontos negativos do projeto (Questão 4/Tabela 2), as principais dificuldades citadas
pelos participantes estão relacionadas ao transporte
(45,4%) e ao agendamento junto às escolas (24,2%).
O que vem confirmar as considerações de Morita,
Revista da ABENO • 6(2):134-9
137
Odontologia e Letras: avaliação de um estágio supervisionado interdisciplinar internacional da UFPB • Massoni ACLT, Sampaio FC,
Rodrigues FA, van Amerongen E
Kriger6 (2004), quando afirmaram que as atividades
extramuros ainda estão na dependência da ação voluntária dos professores engajados, bem como da
adesão ideológica dos acadêmicos, ficando muitas
vezes as instituições e o serviço público desvinculados
do desenvolvimento dos projetos e conferindo-lhes
pouca sustentabilidade. Apesar das dificuldades mencionadas acima, sem a nova estrutura curricular da
UFPB, com os componentes curriculares dos estágios
supervisionados, não seria possível implementar o
projeto ART Brasil/Holanda.
A Questão 5, presente na Tabela 2, vem ratificar
as respostas apresentadas anteriormente. Assim,
quando foram solicitadas palavras que expressassem
o projeto, “solidariedade” (33,3%) e “aprendizado”
(33,3%) foram as mais citadas pelos acadêmicos, o
que reflete a possibilidade de se utilizar a extensão
universitária para a formação de um profissional mais
humanitário e voltado para atividades que resultem
em benefícios sociais.
Em termos quantitativos, durante 12 meses de atividades, o projeto visitou 27 escolas, completando
satisfatoriamente 270 ARTs. Realizou ainda escovação supervisionada, ATF e atividades educativas em
aproximadamente 2.500 escolares.
CONCLUSÃO
De acordo com a análise das respostas dos participantes do Projeto, nossa experiência até o presente
momento está sendo considerada positiva, principalmente no que concerne ao retorno que obtivemos dos
acadêmicos e das crianças assistidas. Evidenciaram-se
dificuldades operacionais como transporte dos acadêmicos e agendamento para atividades das escolas.
Vale ressaltar que o projeto ART Brasil/Holanda
é um espaço que cria oportunidades para discutir as
situações vividas pelos alunos fora do campus da Universidade e para a interação e integração entre graduandos (brasileiros e estrangeiros), alunos da pósgraduação, docentes e a população.
Dessa forma, concluímos que o Projeto ART Brasil/Holanda pode ser utilizado como campo de estágio para alunos dos Cursos de Odontologia e Letras
da UFPB e de outras instituições internacionais, atingindo plenamente os objetivos de ação em Ensino,
Pesquisa e Extensão.
The proposal of curricular restructuring of the
Dentistry undergraduate courses is a relevant item of
the National Curricular Guidelines as it offers the
basis for professional training connected to the social
reality. The implementation of pedagogic practices
that can relate teaching, research and extramural activities stands out as an important strategy. The present study aimed to evaluate the experience of a supervised interdisciplinary internship of the courses of
Dentistry and the Arts (Letters) at the Federal University of Paraíba (UFPB), PB, Brazil, that explored
an academic learning linked to the social problems
of the region. An internship research project on
Atraumatic Restorative Treatment (ART) was conducted in schools of João Pessoa city, PB, during
twelve months. Foreign and Brazilian dental students
acted respectively as dentists and dental assistants,
and the Letters students acted as interpreters. A total
of 24 graduate and undergraduate students from both
courses participated in this project, 17 Brazilian and
7 foreign. A questionnaire was applied to all participants to evaluate the internship. We observed that the
development of the Project favored the integration
between teaching, research and extramural activities,
with an interdisciplinary perspective (Dentistry and
Letters). In addition, it offered resources for a professional training capable of inspiring a humanitarian
and social profile of the future graduates.
DESCRIPTORS
Teaching. Education, dental/methods. Research.
Curriculum/trends. §
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[acesso 20 out 2005]. Disponível em: http://www.abeno.org.br.
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Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Diário
Oficial da União, Brasília, 4 mar 2002, seção 1, p. 10.
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ABSTRACT
Dentistry and the Arts (Letters): evaluation of an
international interdisciplinary supervised internship
at UFPB
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a interação com o SUS. Revista da ABENO 2004;4(1):17-21.
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Revista da ABENO • 6(2):134-9
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Rodrigues FA, van Amerongen E
educação em Odontologia. Revista da ABENO 2003;3(1):5864.
da CAPES e a formação do professor de Odontologia numa
dimensão crítica. Revista da ABENO 2005;5(1):46-51.
8. Paim JS, Almeida Filho N. Saúde coletiva: uma “nova saúde
pública” ou campo aberto a novos paradigmas? Rev Saúde
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11. Pinto VG. Programação em saúde bucal. In: Pinto VG. Saúde
Bucal Coletiva. 4ª ed. São Paulo: Santos; 2000. p. 99-134.
12. Vala J. A análise do Conteúdo. In: Silva A, Pinto JM. Metodo-
9. Pelissari LD, Basting RT, Flório FM. Vivência da realidade: o
rumo da saúde para a Odontologia. Revista da ABENO
logia das Ciências Socias. Porto Alegre: Afrontamento; 1986.
p. 101-28.
2005;5(1):32-9.
10. Péret ACA, Lima MLR. A pesquisa nos critérios de avaliação
Aceito para publicação em 10/2005
A Revista da ABENO – Associação Brasileira de
Ensino Odontológico – tem como missão primordial:
• produzir benefícios
diretamente voltados
para a coletividade;
• produzir junto aos
especialistas a reflexão e
análise crítica dos assuntos da
área em nível local, regional,
nacional e internacional.
Revista da ABENO • 6(2):134-9
9-5
ISSN 167
• assegurar o contínuo
progresso da formação
profissional;
954
• contribuir para a obtenção de indicadores de
qualidade do ensino odontológico respeitando
os desejos de formação discente e
capacitação docente;
DA
O
N
E
B
A
REVISTA
ira de
rasile
ação B
Ensino
ógico
ol
Odont
6
volume 2
número zembro
julho/de
2006
Associ
O
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ABirEa deNEnsino Odontológic
asile
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Associ
139
Avaliação de parâmetros editoriais de
algumas publicações brasileiras em
Odontologia
Para superar os desafios da criação e editoração de uma revista de
qualidade, espera-se que o crescente número de trabalhos submetidos
permita melhorar a seleção destes e a qualidade das publicações.
Paulo Franco Taitson*, Roberval de Almeida Cruz**
*Professor Adjunto Doutor da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais. E-mail: [email protected].
**Professor Adjunto Livre-Docente da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais. E-mail: [email protected].
RESUMO
O estudo objetivou conhecer o perfil de algumas
publicações brasileiras da área de Odontologia. Foram selecionados, aleatoriamente, fascículos de revistas publicadas no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2004. Foram analisados 255 números, com
o total de 1.071 artigos publicados, considerando-se
os seguintes aspectos: data de publicação, instituição
que gerou a publicação, número de autores, participação de acadêmicos ou bolsistas de iniciação científica, especialidade odontológica do artigo, financiamento, categoria da publicação, envolvimento de
seres humanos e aspectos éticos. Os resultados mostraram que a maioria das publicações está relacionada
à área geográfica de influência da cidade-sede da revista. A maioria dos artigos era original, a maior parte
constituída por estudos epidemiológicos retrospectivos. De maneira geral, observou-se que as normas
editoriais nem sempre foram totalmente seguidas.
DESCRITORES
Artigo de revista. Educação em Odontologia. Ensino. Metodologia. Publicações.
A
publicação de artigos científicos em periódicos
indexados é uma das formas mais significativas
para o processo da educação em saúde8. A literatura
da área de saúde é vasta e tem se expandido rapidamente. Existem mais de 10 milhões de artigos médicos
em bibliotecas de todo o mundo. Mensalmente, cerca
140
de 4.000 revistas médicas são publicadas. Entretanto,
somente 10 a 15% do material comprovou valor científico, demonstrando-se que a maioria dos artigos
publicados em revistas médicas especializadas era de
qualidade precária1,12,13.
Diversos estudos avaliaram artigos científicos publicados em periódicos internacionais, tendo sido
detectados significantes problemas estatísticos e metodológicos, em grande parte deles2,7,9.
Na Odontologia, a proporção de pesquisas com
credibilidade não deve diferir muito, embora sejam
bastante restritas as análises realizadas. Existe grande
número de publicações disponíveis sem que se tenha
conhecimento de qualquer avaliação técnico-científica realizada com isenção15.
Essa questão tornou-se importante ultimamente,
a partir de duas vertentes principais. A primeira diz
respeito à publicação de trabalhos, originários de centros de pesquisa e pós-graduação, em revistas qualificadas, como exigência para seu reconhecimento pelas agências de fomento. A outra, à necessidade de
aumento da produtividade, que repercute intensamente sobre o desenvolvimento da ciência, como
parte integrante do processo de aprofundamento e
atualização do conhecimento para os próprios pesquisadores, os estudantes dos mais variados níveis e a
grande maioria dos profissionais clínicos.
Dessa maneira, face ao grande número de publicações, é fundamental fortalecer as fontes de informação disponíveis, para poderem cumprir a conten-
Revista da ABENO • 6(2):140-4
Avaliação de parâmetros editoriais de algumas publicações brasileiras em Odontologia • Taitson PF, Cruz RA
to sua missão de consolidar o ensino e a pesquisa,
além de divulgar os novos conceitos, técnicas e materiais para sua aplicação clínica.
Por isso, com base em alguns parâmetros, este
estudo pretende obter o perfil de artigos publicados
na área odontológica, contribuindo para o melhor
conhecimento a respeito das informações passadas
aos dentistas e estudantes, que têm acesso a essa importante fonte de consulta.
METODOLOGIA
Foram considerados 255 números das revistas
Odonto Ciência, Revista Brasileira de Odontologia,
Revista do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais, Revista Gaúcha de Odontologia, Revista
de Odontologia da Universidade de São Paulo e Revista Paulista de Odontologia. Esses periódicos foram
selecionados sem qualquer razão específica, tendo
sido editados durante o período de janeiro de 1995
a dezembro de 2004. Foram analisados 1.071 artigos,
sem se incluírem aqueles publicados em suplementos
das revistas.
As variáveis estudadas foram: data da publicação,
número de autores por publicação, especialidade
odontológica, participação de acadêmicos ou bolsistas de iniciação científica como co-autores, categoria
da publicação segundo a classificação adotada pela
revista, classificação dos artigos originais, citação de
aspectos éticos e envolvimento de seres humanos, e
padronização dos artigos segundo as normas de publicação adotadas pela própria revista.
Os resultados obtidos foram inicialmente armazenados em um banco de dados, sendo depois submetidos às análises descritivas quantitativa e qualitativa.
RESULTADOS
As universidades públicas federais foram responsáveis por 69% de todas as autorias das publicações
analisadas. As universidades privadas responderam
por cerca de 27% e outras instituições por 4%. Houve reduzido número de publicações oriundas de instituições estrangeiras (Gráfico 1).
Quanto ao número de autores por artigo, 204
(19,1%) tinham somente um autor, 411 (38,4%)
eram de dois ou três autores e o restante, 456 (42,5%),
de quatro ou mais autores (Gráfico 2). De todos os
artigos publicados, apenas 162 (15,1%) contaram
com a participação de acadêmicos ou bolsistas de iniciação científica como co-autores.
Dentre as especialidades odontológicas, os temas
mais abordados estavam relacionados com a Odontopediatria (29%), Prótese (16%), Radiologia (10%),
Estomatologia (10%), Periodontia (8%), Cirurgia
(7%), Ortodontia (7%) e Endodontia (3%). Outras
áreas contribuíram com 10%. Os dados estão ilustrados no Gráfico 3.
Dos artigos publicados, apenas 139 (12,9%) registraram a existência de apoio ou financiamento concedido por alguma instituição oficial de fomento,
sendo 74% concedidos pelo CNPq e 12%, por agências de fomento estaduais. O restante (87,1%) não
obteve financiamento ou deixou de mencionar a fonte de apoio financeiro (Gráfico 4).
Conforme observado no Gráfico 5, cada artigo
foi classificado segundo as normas das próprias revistas nas categorias: 49,4% - artigos originais;
22,9% - relatos de casos; 13,7% - atualização ou revisão; 7,4% - atualização terapêutica e 6,6% - educação odontológica. Os artigos da categoria “originais”
foram classificados quanto ao tipo de estudo e mostraram a seguinte distribuição: 41,2% - estudo epidemiológico retrospectivo; 9,9% - epidemiológico
prospectivo; 9,7% - ensaio clínico; 6,8% - caso-controle; 4,2% - experimental de laboratório e 28,2% outros tipos de estudos (Gráfico 6). O envolvimento
de seres humanos ocorreu em 63,8% dos trabalhos
publicados. No entanto, apenas 2,4% ressaltaram os
aspectos éticos envolvidos nos estudos.
4%
27%
19,1%
69%
42,5%
38,4%
Universidades públicas nacionais
Universidades privadas nacionais
Outras instituições
Gráfico 1 - Publicações por tipo de instituição.
Quatro ou mais autores
Dois ou três autores
Um autor
Gráfico 2 - Número de autores por artigo.
Revista da ABENO • 6(2):140-4
141
Avaliação de parâmetros editoriais de algumas publicações brasileiras em Odontologia • Taitson PF, Cruz RA
8%
3%
7%
7%
H
G
I
E
29%
A
F
12,9%
87,1%
D
B
C
10%
10%
16%
10%
A - Odontopediatria D - Estomatologia
G - Cirurgia
B - Prótese
E - Outras áreas
H - Ortodontia
C - Radiologia
F - Periodontia
I - Endodontia
Gráfico 3 - Freqüência das publicações por especialidade.
7,4%
6,6%
13,7%
Ausência de apoio;
apoio não mencionado;
sem financiamento
Citação de apoio ou
financiamento
Gráfico 4 - Citação de apoio ou financiamento.
9,7%
49,4%
6,8% 4,2%
41,2%
9,9%
22,9%
28,2%
Epidemiológico retrospectivo
Outros tipos de estudos
Epidemiológico prospectivo
Ensaio clínico
Caso-controle
Experimento de laboratório
Artigo original
Relato de caso
Atualização ou revisão
Atualização terapêutica
Educação odontológica
Gráfico 5 - Categoria do artigo.
Gráfico 6 - Tipo de estudo (categoria “artigo original”).
DISCUSSÃO
A escassez de estudos com abordagem semelhante à realizada neste trabalho tem sido detectada na
literatura odontológica brasileira. Praticamente inexistem artigos publicados sobre o assunto.
De acordo com os parâmetros adotados, foi constatado o predomínio de estudos realizados em instituições públicas. Esse fato pode ser explicado, tendo
em vista serem essas as instituições que tradicionalmente recebem maior aporte de recursos oriundos
das agências de fomento. Além disso, elas agregam
maior número de pesquisadores, possuindo maior
tradição na realização de pesquisas. As instituições
privadas têm aumentado significativamente sua produtividade, mas a atividade ainda pode ser considerada como reduzida. No Brasil, as universidades são
fontes geradoras de pesquisa, especialmente quando
vinculadas aos programas de pós-graduação stricto sensu. Institutos de pesquisa e pesquisas industriais respondem por outra parcela da produção científica4,19.
Verificou-se que a maior parte dos artigos analisados era de quatro ou mais autores, demonstrando-se
a preferência pela maior participação de colaborado-
res. Por outro lado, causou preocupação a reduzida
participação de acadêmicos ou bolsistas de iniciação
científica como co-autores. De certa maneira, esse
achado pode ter demonstrado o pouco aproveitamento dos resultados decorrentes do desenvolvimento de projetos apoiados por programas do tipo PROBIC (Programa de Bolsas de Iniciação Científica), o
que seria lamentável.
A menor freqüência de determinadas especialidades odontológicas nas publicações pode estar relacionada ao tipo de revista pesquisada e seu padrão editorial. Trabalhos da área de Ortodontia, por exemplo,
são preferencialmente publicados nas revistas específicas da especialidade.
Foi reduzida a citação formal de recebimento de
apoio ou financiamento para a pesquisa, bem como
para a confecção do próprio artigo. As principais agências federais são CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) ligada ao Ministério da Educação (MEC), CNPq (Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Algumas funda-
142
Revista da ABENO • 6(2):140-4
Avaliação de parâmetros editoriais de algumas publicações brasileiras em Odontologia • Taitson PF, Cruz RA
ções estaduais de fomento à pesquisa, como a FAPESP
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo), a FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Minas Gerais), a FAPERGS (Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do
Sul), têm desempenhado papel importante na propulsão das atividades de pesquisa subvencionada, com
resultados significativos em vários ramos da ciência. No
entanto, acredita-se que o sistema oficial brasileiro de
fomento só atenda a 25% dos doutores do país5. Ora,
isso é um dado preocupante, que merece ser mais profundamente estudado. Na grande maioria das instituições, públicas e privadas, não existem recursos financeiros, alocados em orçamento, para o financiamento
das atividades de pesquisa. O pouco que se consegue
limita em muito a qualidade pretendida, tornando-se
absolutamente indispensável a captação de recursos
provenientes de fontes externas à Universidade.
Os artigos da categoria “originais” foram maioria
nas publicações, seguidos pelos “relatos de casos”. Na
maioria das vezes, as pesquisas utilizaram método
quantitativo. Esse é derivado da filosofia positivista,
centrada na objetividade da ciência3. A busca de explicações objetivas para os fenômenos tem enfatizado
os dados numéricos, que constituem a base do método quantitativo14. Por outro lado, o método qualitativo é baseado na filosofia naturalista e tem sido largamente usado nas ciências sociais. Sua aplicação na
área de saúde é restrita, embora tenha crescido o interesse por sua utilização nas pesquisas de saúde coletiva18. Em Odontologia, existem poucos estudos
utilizando este método20. Sabe-se que os principais
métodos quantitativos utilizados na investigação de
questões na área de saúde têm sido o estudo de casos,
a investigação experimental em laboratório e a pesquisa populacional ou epidemiológica17.
O envolvimento de seres humanos ocorreu em
63,8% dos trabalhos publicados. No entanto, apenas
2,4% ressaltaram os aspectos éticos envolvidos nos
estudos. Experimentos envolvendo seres humanos
exigem que os objetivos sejam inovadores ou, no mínimo, justificáveis, e que a metodologia adotada seja
adequada e bem conduzida. Pesquisas com amostras
insuficientes e heterogêneas, cujas seleções não foram aleatórias, não podem ser extrapoladas para a
população, nem ser consideradas éticas10. As diretrizes éticas internacionais para pesquisas biomédicas
envolvendo seres humanos foram redigidas em 1982
e revisadas em 1993, pelo Conselho para Organizações Internacionais de Ciências Médicas (CIOMS),
em colaboração com a Organização Mundial da Saú-
de (OMS). O propósito das diretrizes é indicar a aplicabilidade dos princípios éticos fundamentais para
pesquisas envolvendo seres humanos realizadas em
países em desenvolvimento. Estabelecem, entre outras coisas, a necessidade do encaminhamento do
projeto de pesquisa para ser apreciado e julgado pela
comissão especificamente constituída16.
Na atual abordagem, foi observado o predomínio
de estudos epidemiológicos do tipo retrospectivo.
Isso pode ser explicado pelo fato de esse ser o tipo de
estudo menos trabalhoso e menos dispendioso, requerendo menos tempo para sua realização. No entanto, deve ser ressaltado que ele é mais sujeito a vícios
e tendências, não apresentando a mesma credibilidade de estudos prospectivos. Exatamente por haver
questões controversas, provavelmente a maioria delas, é que surgem as conclusões divergentes e os conflitos. Por isso, tem-se questionado a dificuldade em
se determinar o que é verdade em ciência, pelo fato
de os estudos serem muitas vezes conflitantes e as
conclusões, mudadas freqüentemente11. E como não
há respostas definitivas para as questões e hipóteses
levantadas, o leitor tem que formar seu próprio juízo.
Assim, somente o fará aquele que estiver mais bem
preparado para analisar criticamente as informações
recebidas, porque nem tudo que se fala ou se escreve
é verdade absoluta e sem viés.
Em diversas situações, têm-se usado os estudos
observacionais para orientar possíveis experiências
que confirmam ou não os dados anteriores. Publicações recentes têm analisado diversos estudos observacionais e, quando estes foram comparados a estudos
randomizados, concluiu-se que os estudos observacionais apresentam resultados similares aos dos estudos
randomizados6.
Também foi demonstrado que as normas de publicação exigidas pelas revistas nem sempre foram
seguidas a termo pelos autores. Provavelmente, isso
se deve à sua não-observação, embora contidas e detalhadas em página específica de cada fascículo. Nesse contexto, passa-se a questionar o papel exercido
pelos Conselhos Editoriais. Estão eles sendo efetivamente utilizados para a pré-avaliação dos artigos submetidos? Os desafios e problemas envolvidos na criação e editoração de uma revista de nível e qualidade
dos padrões nacionais e internacionais têm de ser
superados. Muitas vezes, se as normas de publicação
não são observadas, o que comentar sobre o conteúdo
dos artigos? Progressivamente, a maior demanda de
trabalhos submetidos tem de possibilitar a melhor
seleção destes e a qualidade das publicações.
Revista da ABENO • 6(2):140-4
143
Avaliação de parâmetros editoriais de algumas publicações brasileiras em Odontologia • Taitson PF, Cruz RA
CONCLUSÃO
Conforme foi discutido, o trabalho em questão
procura alertar o leitor, principalmente os estudantes
dos diversos segmentos da graduação e pós-graduação,
distantes muitas vezes da validade das informações,
para o fato de que as verdades podem ser passageiras
e precisam ser sempre questionadas. Aqueles que menosprezam publicações bem conduzidas, que se baseiam apenas em sua experiência pessoal, têm a visão
restrita e merecem desconfiança. A experiência pessoal é sim de suma importância, mas para bem compreender o que se tem publicado, para, inclusive, transferir para o paciente, que tem o direito de ser informado
sobre o estado atual do conhecimento disponível.
3. Blinkhorn AS, Leathar DS, Kay EJ. An assessment of the value
ABSTRACT
Editorial parameters evaluation of some Brazilian
publications in Dentistry
This study aimed at assessing the profile of some
Brazilian publications in the field of Dentistry. Journal issues published from January 1995 to December
2004 were randomly selected. A total of 255 issues
with 1,071 papers were analyzed, considering the
following aspects: publication date, institution which
originated the publication, number of authors, participation of undergraduate students or Scientific
Initiation scholarship holders, dental specialty of the
article, financial support, category of the publication,
involvement of human beings and ethical aspects.
According to the results, most publications were related to the geographical area of influence of the city
where the journal is published. Most articles were
original, consisting mainly of retrospective epidemiological studies. It was also observed that the editorial
requirements of the journals were generally not completely complied with.
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144
Aceito para publicação em 12/2005
Revista da ABENO • 6(2):140-4
Representação social de acadêmicos
de odontologia sobre a área de
Odontologia Social
No início da formação, os acadêmicos dos cursos de Odontologia
são capazes de construir uma imagem da área de estudo de
algumas disciplinas; porém, quanto à Odontologia Social, há
desconhecimento da área de atuação.
Suzely Adas Saliba Moimaz*, Cezar Augusto Casotti**, Nemre Adas Saliba***, Cléa Adas
Saliba Garbin****
*Professora Adjunta da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da
Universidade Estadual Paulista. E-mail: [email protected].
**Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da
Universidade Estadual Paulista.
***Professora Titular da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da
Universidade Estadual Paulista.
****Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da
Universidade Estadual Paulista.
Resumo
A concepção tradicional do currículo odontológico, dividido em disciplinas, não foi capaz de aproximar o profissional formado da realidade do sistema nacional de saúde. No início da formação, os
acadêmicos dos cursos de Odontologia são capazes
de construir uma imagem da área de estudo de algumas disciplinas; porém, quanto à Odontologia
Social, há desconhecimento da área de atuação. Foi
objetivo do presente trabalho conhecer a percepção
previamente formada sobre a Odontologia Social,
de alunos do 3º ano do Curso de Odontologia da
Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Universidade Estadual Paulista (FOA-UNESP), que ainda
não haviam cursado a referida disciplina. A cada ano,
no primeiro dia de aula da disciplina, todos os alunos
respondiam à pergunta aberta: “Odontologia Social
é...”. Ao final de 3 (três) anos, foram apurados 195
questionários. Inicialmente, fez-se uma leitura na
íntegra de todas as respostas de uma forma rápida;
em seguida, novas leituras foram realizadas de forma
criteriosa, considerando-se as partes significativas.
Posteriormente, foram identificados as palavras-chaves e os trechos pré-codificados para cada uma das
categorias. Foram pós-categorizados 05 temas: desconhecimento da área, integração do profissional
com a sociedade, atuação meramente preventiva,
odontologia voltada para a população carente e políticas públicas. Concluiu-se que os acadêmicos desconhecem o objetivo da área e ainda possuem uma
visão restrita da Odontologia Social como sendo voltada para ações de cunho assistencial em populações
carentes, com ênfase na prevenção das doenças. Esses dados demonstram a necessidade de uma adequação do currículo da instituição para atender as
Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de
graduação em Odontologia.
Descritores
Educação em odontologia. Odontologia preventiva. Saúde pública.
A
prática odontológica brasileira, mesmo com todos os avanços científicos e tecnológicos das úl-
Revista da ABENO • 6(2):145-9
145
Representação social de acadêmicos de odontologia sobre a área de Odontologia Social • Moimaz SAS, Casotti CA, Saliba NA, Garbin CAS
timas décadas, não foi capaz de superar as desigualdades históricas de acesso aos serviços odontológicos.
A estimativa atual é de que, no país, um contigente
de 30.000.000 de habitantes nunca passou por uma
consulta odontológica e somente 30% da população
tem acesso anual a serviços odontológicos4-8.
No Brasil, o marco conceitual da formação odontológica tem sua prática pautada no modelo flexneriano, e os profissionais formados sob a influência
desse modelo apresentam as seguintes características:
mecanicismo, biologicismo, individualismo, especialismo, especialização, tecnicismo do ato operatório e
ênfase na odontologia curativa11.
Mesmo conhecedoras dessa realidade, uma parcela significativa de instituições públicas e privadas
de ensino odontológico mantêm seu currículo pautado nesse modelo, que gerou uma prática de alto
custo, baixa cobertura, com pouco impacto epidemiológico e desigualdades no acesso8.
No setor privado, uma pequena parcela dos profissionais formados sob a influência desse modelo
alcançam seus objetivos, uma vez que ofertam serviços
em quantidade e qualidade almejadas a uma pequena
parcela da população, economicamente capaz de custear seu tratamento. Já no setor público e em grande
parte do privado, os resultados não são semelhantes,
pois a prestação de serviços não tem conseguido responder com eficiência às reais necessidades dos indivíduos5, que continuam sem ou com acesso irregular
aos consultórios8.
A Constituição Brasileira prevê que o perfil dos
profissionais do setor saúde deve estar de acordo
com o sistema de saúde vigente no país2. Embora,
atualmente, o setor público constitua um mercado
de trabalho promissor para os cirurgiões-dentistas,
principalmente com a inserção da saúde bucal na
estratégia de Saúde da Família, as instituições de
ensino não conseguem disponibilizar em número
suficiente profissionais dotados de visão humanística e preparados para prestar cuidados contínuos e
resolutivos à comunidade7.
Embora tenham ocorrido movimentos significativos para uma reflexão crítica sobre os modelos tradicionais de formação profissional em várias áreas do setor
saúde, principalmente na Medicina e Enfermagem, em
relação à Odontologia, há um atraso histórico, exigindo-se daqui para a frente um esforço redobrado para
que possamos integrar a saúde bucal dentro do novo
contexto de ação interdisciplinar e multiprofissional7.
Para isso, profundas mudanças sociopolíticas, conceituais, pedagógicas e práticas tornam-se necessárias8.
146
No intuito de promover essas mudanças no modelo hegemônico de formação dos cirurgiões-dentistas, o Conselho Nacional de Educação estabeleceu no
ano de 2001 as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) dos Cursos de Odontologia.
As DCN induzem mudanças paradigmáticas na
formação do cirurgião-dentista como profissional de
saúde, uma vez que propõem a esses profissionais um
perfil generalista, humanista, crítico e reflexivo, capacitado para atuar em todos os níveis de atenção à
saúde, com base no rigor técnico e científico, pautado
em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica na qual está inserido, dirigindo sua atuação para a transformação
da realidade em benefício da sociedade3.
A partir de uma análise crítica das DCN, fica evidente o papel a ser desempenhado pelas disciplinas
de cunho social como: Saúde Coletiva, Odontologia
Social ou Odontologia Preventiva e Social na formação desses novos profissionais, sem contudo se perderem as dimensões do enfoque curativo das doenças.
Foi objetivo deste estudo conhecer entre os alunos
da FOA-UNESP qual é a percepção, previamente formada, da disciplina de Odontologia Social.
METODOLOGIA
Realizou-se um levantamento de informações junto ao departamento Técnico-Administrativo da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Universidade
Estadual Paulista (FOA-UNESP), por meio do qual
verificaram-se alguns dados sobre o curso.
O Curso de Odontologia da FOA-UNESP tem uma
duração de 4 anos, com regime anual, é estruturado
em disciplinas básicas e clínicas e as turmas são formadas por 80 alunos.
Na instituição, o currículo acadêmico ainda não
passou por reformulação que o adequasse às novas
DCN, sendo as disciplinas ministradas com os conteúdos fragmentados por áreas de conhecimento. O
currículo apresenta dois ciclos bem definidos: o básico e o profissionalizante. As disciplinas da Saúde Coletiva são ministradas a partir do 3º ano do curso,
quando se inicia o ciclo profissionalizante.
Durante os anos de 2002, 2003 e 2004, realizou-se
este estudo qualitativo com os acadêmicos do 3º ano
do turno integral. No primeiro dia de aula da disciplina de Odontologia Social, previamente ao início
da apresentação da ementa da área, foi entregue aos
alunos regularmente matriculados um formulário
com uma pergunta aberta, para que eles dissertassem,
em poucas palavras, sobre o seguinte tema “O que é
Revista da ABENO • 6(2):145-9
Representação social de acadêmicos de odontologia sobre a área de Odontologia Social • Moimaz SAS, Casotti CA, Saliba NA, Garbin CAS
Odontologia Social?”. Os questionários respondidos
eram recolhidos e analisados. Após 03 anos, período
que durou a pesquisa, 195 acadêmicos haviam respondido a questão.
Inicialmente, fez-se uma leitura na íntegra de todas as respostas de uma forma rápida; em seguida,
novas leituras foram realizadas de uma forma mais
pausada, relendo-se as partes consideradas significativas quando necessário. Posteriormente, foram identificadas palavras-chaves através da técnica da análise
temática, que consiste em descobrir os elementos
mais significativos do discurso para em seguida agrupá-los em unidades de significado6.
A técnica de análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja presença ou freqüência de aparição podem significar alguma coisa para o objetivo analítico
escolhido1. Com essa técnica, pode-se caminhar, também, na direção da descoberta do que está por trás
dos conteúdos manifestos, indo-se além das aparências do que está sendo analisado6.
Foram pós-categorizados 05 temas e para cada um
deles foram escolhidas as falas mais significativas, que,
em seguida, foram transcritas de forma narrativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise do discurso dos 195 alunos, os
temas foram pós-categorizados conforme o apresentado no Quadro 1.
Na fase de formação em que os acadêmicos se
encontravam, eles já conseguiam estabelecer relações
entre a área/disciplina e o seu objetivo, principalmente para as clínicas como: pediatria, endodontia e
prótese. Todavia, um pequeno número de estudantes
mostrou “desconhecimento da área”, conforme transcrito abaixo:
“Não faço idéia do que seja...”
“Nem imagino do que se trataria...”
Quadro 1 - Categorias identificadas nos discursos dos
acadêmicos da Faculdade de Odontologia de Araçatuba/
SP, 2004.
Categorias
1
Desconhecimento da área
2
Integração do profissional com a sociedade
3
Atuação meramente preventiva
4
Odontologia voltada para a população carente
5
Saúde Bucal Coletiva (Políticas Públicas)
Esse fato pode estar relacionado à pouca importância atribuída às disciplinas não relacionadas com
a clínica, uma vez que, a partir do próprio nome –
Odontologia Social –, seria possível estabelecer uma
representação, por mais simples que fosse, da área/
disciplina, evidenciando-se que, na acepção desses
alunos, o mais importante é a formação técnica voltada para a ação “curadora”, característica do modelo
flexneriano11.
Parece estar bem sedimentado no imaginário dos
acadêmicos que compete à Odontologia Social fazer
a “integração do profissional com a sociedade”, segundo pode ser observado nos discursos:
“... Acredito que seja uma disciplina que objetiva levar o
cirurgião-dentista a trabalhar, ter contato, interagir com a
comunidade...”
“... parte do curso que nos ensina a lidar com as pessoas
de forma mais adequada.”
“... visa a nos ensinar como lidar com as pessoas, com a
comunidade em geral...”
“... preparar o profissional para se integrar na sociedade/
comunidade...”
“... é algo voltado para sociedade cujo objetivo seja preparar
os futuros profissionais para um convívio na sociedade e
também preparar para a relação profissional-paciente...”
Esses discursos evidenciam a necessidade de desenvolvimento de competências quanto às dimensões ética,
política, econômica, cultural e social e não só o domínio
dos aspectos biológicos e clínicos envolvidos na prática
profissional8. Essas novas competências deveriam ser
disponibilizadas não só por meio do oferecimento de
disciplinas de cunho social, mas também pela inserção
destas no conteúdo programático das demais disciplinas12. Na presente pesquisa, percebe-se que a dimensão
cuidadora individual, ou quem sabe até mais restrita –
odontocêntrica –, foi a que predominou. O sujeito que
recebe o atendimento é entendido como um instrumento para que ele reproduza o conhecimento adquirido.
Essa percepção poderia ser minimizada com a implementação de clínicas integradas, com complexidade crescente, envolvendo os alunos desde os primeiros
anos da graduação numa visão integral do paciente7.
Pois os alunos não se deram conta de que a profissão
não existe para satisfazer a si mesma, mas para cobrir
as necessidades da população9.
Um número expressivo de acadêmicos atribuem
Revista da ABENO • 6(2):145-9
147
Representação social de acadêmicos de odontologia sobre a área de Odontologia Social • Moimaz SAS, Casotti CA, Saliba NA, Garbin CAS
à área uma “atuação meramente preventiva”, conforme se pode observar nas falas selecionadas abaixo
transcritas:
bilidade da área praticar uma “odontologia voltada
para a população carente” conforme foi identificado
nos discursos:
“... estudo de métodos profiláticos ou preventivos que pos-
“... parte da odontologia destinada a atender a população
sam ser empregados em um determinado município de
mais carente. Visa ter uma aproximação da parte da socie-
modo que a odontologia, de forma em geral, se torne uma
dade menos favorecida...”
odontologia preventiva e não curativa...”
“... parte da odontologia preocupada com ou responsável
“... visa educar a população quanto à higiene oral para a
pela comunidade e principalmente pela classe social que
prevenção da cárie.”
não tem acesso a esse tipo de tratamento...”
“... deve tratar da prevenção de doenças e disfunções que
“... saúde bucal dos indivíduos, oferecendo propostas e
acometem o aparelho estomatognático...”
soluções para o tratamento desses pacientes através de
campanhas informativas e tratamento gratuito...”
“... é uma área da odontologia responsável pela prevenção,
comunicação e informação para a população.”
“... de indivíduos que não tenham condições de ter uma
saúde bucal adequada...”
“... promove campanhas para promoção de saúde bucal
dando dicas sobre escovação, uso de fio dental, flúor, atra-
“... atua em saúde pública, com associação com prefeituras,
vés de panfletos, questionários, palestras e outros meios
sem montar consultórios particulares e atuando em comu-
informativos.”
nidade carentes...”
Realmente, os aspectos preventivos e sociais nos cursos de graduação devem ser a base prioritária para a
adequação a uma realidade epidemiológica, social e
econômica da população13. Entretanto, na visão dos acadêmicos, a responsabilidade pela transmissão dos conhecimentos relacionados aos cuidados preventivos das
doenças, em nível individual e coletivo, seria da disciplina Odontologia Social, enquanto às demais disciplinas
caberia o ensino da prática curativa individualizada. Os
acadêmicos deveriam entender a promoção de saúde
no seu sentido integral, que inclui até mesmo a redução
dos danos. Até o momento de sua formação considerado neste estudo, a doença é compreendida em nível
individual e com soluções clínicas particularizadas para
cada doente, como se a resolução dos problemas em
nível individual fosse contribuir para a melhoria do quadro epidemiológico na população. A comunidade é
deixada de lado e isso faz com que os problemas não
sejam resolvidos e sim seus sinais clínicos.
Esse fato corrobora a necessidade de mudar a estrutura curricular vigente, eliminando-se os ciclos
clínico e básico organizados em disciplinas fragmentadas e completamente separadas7.
Um fato que chamou bastante atenção durante a
análise dos discursos foi a freqüência com que surgiram termos como: “parte”, “ramo”, “porção”, “área”,
o que reforça no nosso entendimento a visão reducionista que os acadêmicos têm da área.
Vários acadêmicos acreditam que é de responsa148
Por esses discursos, subentende-se a existência de
duas Odontologias: uma privada, responsável por cuidados curativos em uma pequena parcela da população que tem recursos financeiros suficientes para
comprar o seu acesso ao serviço, e uma pública, responsável pelo atendimento de milhões de brasileiros,
que não encontram neste serviço resposta a seus problemas de saúde bucal. O serviço público é visto como
uma forma menos eficaz de colocar em prática os
conhecimentos adquiridos.
Ainda existe a visão de campanhas, ou atendimento a grupos populacionais distintos (escolares,
gestantes, entre outros), fato esse que evidencia que
ainda não foram incorporados pelos acadêmicos os
preceitos do SUS. A prevenção é proposta para esses
grupos como uma forma de reduzir custos e não de
promover saúde.
Observa-se ainda que, na concepção dos alunos,
compete à área a responsabilidade pelo planejamento e pela implementação de “políticas públicas” capazes de propiciar melhores condições de saúde à comunidade, conforme observa-se em seus discursos:
“... disciplina que visa desenvolver e aplicar planos e projetos de saúde bucal atendendo a comunidade como um
todo...”
“... com a finalidade de fazer um programa que beneficie
a população de um modo geral, através de campanhas...”
Revista da ABENO • 6(2):145-9
Representação social de acadêmicos de odontologia sobre a área de Odontologia Social • Moimaz SAS, Casotti CA, Saliba NA, Garbin CAS
“Visa buscar através de campanhas e projetos sociais obter
resultados positivos no sentido de se manter a saúde bucal
da sociedade de um modo geral...”
“... parte da odontologia em que o interesse principal é a
saúde coletiva da população em geral...”
Na percepção dos acadêmicos, são objetivos da
área o estudo, o planejamento e a implementação de
políticas públicas de saúde bucal que venham atender
as necessidades da população.
As DCN para o Curso de Odontologia sinalizam
uma mudança paradigmática na formação profissional. O mercado necessita de cirurgiões-dentistas críticos, capazes de aprender a aprender, de trabalhar
em equipe, de levar em conta a realidade social da
área onde forem atuar3 e capazes de interagir com os
modelos de atenção e as modalidades assistenciais
que estão sendo rapidamente incorporadas à realidade do mercado de trabalho10.
through. Then, a new, detailed approach to the answers was made by highlighting the significant features
of the answers. Afterwards, key words and pre-codified
periods were identified for each of the set categories.
Five topics were post-categorized: lack of knowledge
about the discipline, integration between the professional and society, a merely preventive conduct, dental
care for destitute people, and public policies. We concluded that the dental students ignored the purpose
of the subject and that they mostly viewed Social Dentistry as the dental assistance given by social wokers to
destitute people, with emphasis on disease prevention.
These data demonstrate the need of curricular adjustments to comply with the National Curriculum Directives for undergraduate dental courses.
Descriptors
Education, dental. Preventive Dentistry. Public
Health.§
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONCLUSÕES
A análise dos resultados nos permite concluir que:
• Os alunos desconhecem o objetivo da Odontologia Social e ainda possuem uma visão imprecisa e
reduzida da área.
• Tanto o desconhecimento quanto a redução do
assunto apontam para a necessidade de adequação curricular para atender as DCN e, conseqüentemente, formar profissionais para o sistema de
saúde vigente no país.
1. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1994.
Abstract
Social representation of dental students about the
field of social dentistry
The traditional conception of the dental curriculum, divided into disciplines, had not been capable of
bringing the graduated professional closer to the reality of the National Health System. In the beginning of
their undergraduation course, dental students have
preconceived ideas about some disciplines, but know
very little about the Social Dentistry discipline and its
purposes. This study aimed to investigate the previously formed perception of 3rd year dental students
attending the School of Dentistry of Araçatuba, Paulista State University (FOA-UNESP) about Social Dentistry. The students had not yet taken the course on
social dentisty. Each year, on the discipline’s first day
of class, all students answered to the question: “Social
Dentistry is....”. After three years, 195 questionnaires
were collected. First, all answers were quickly read
6. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa
2. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de
outubro de 1988. Brasília: Senado Federal; 1988.
3. Brasil. Resolução CNE/CES nº 3, de 19 de fevereiro de 2002.
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9. Neto HP, Bijella VT, Moraes N. Análise de algumas características dos profissionais formados pela Faculdade de Odontologia de Pernambuco. Rev Bras Odontol 1983;40(4):15-8.
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saúde. Radis: Comunicação em saúde 2002;3:11-17.
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13. Viegas AR. Prevenção e filosofia do currículo. Bol Ass Bras Ens
Odont 1978;9:39-44.
Revista da ABENO • 6(2):145-9
Aceito para publicação em 12/2005
149
Anais da 41a Reunião Anual da
Associação Brasileira de Ensino
Odontológico
Tema central: “Implementação das Diretrizes Curriculares
Nacionais: da teoria à realidade”
Natal - RN - 2 a 5 de agosto de 2006
Comissão Organizadora
Comissão para Seleção de
Trabalhos (Seminários e Pôsteres)
Coordenador
Ângelo Giuseppe Roncalli da Costa Oliveira (RN)
Coordenador
José Luiz Lage-Marques (SP)
Membros
Vera Lúcia Silva Resende (MG)
Maria Ercília de Araújo (SP)
Nilce Emy Tomita (SP)
Comemorações do
Cinqüentenário da ABENO
Comissão para Julgamento
da Apresentação dos Pôsteres
Responsáveis
Coordenador
José Dilson Vasconcelos de Menezes (CE)
Sigmar de Mello Rode (SP)
Nelson Ruben Mendes Loretto (PE)
Membros
Ellen Marise de Oliveira Oleto (MG)
José Thadeu Pinheiro (PE)
Kátia Regina Hostillo Cervantes Dias (RJ)
Luísa Isabel Taveira Rocha (GO)
150
Revista da ABENO • 6(2):150
41a Reunião Anual da Associação
Brasileira de Ensino Odontológico
Tema central: “Implementação das Diretrizes Curriculares
Nacionais: da teoria à realidade”
Natal - RN - 2 a 5 de agosto de 2006
Dia 2
Dia 4
•Recepção, credenciamento.
- Curso Pré-Reunião de Odontopediatria (inscrições à parte).
Apresentadores: Ana Cristina Barreto Bezerra (DF)
e Orlando Ayrton de Toledo (DF).
• 15h00 - 19h00: Reunião dos Facilitadores das Oficinas de Trabalho sobre DCNs para avaliação do
Projeto.
• 9h00 - 12h00: Mesa “Nós Críticos e Estratégias
Exitosas da Implementação das DCNs”.
Coordenação: José Ranali (SP);
Secretaria: Lino João da Costa (PB);
Apresentadores:
- Experiência em IES pública – Rui Opperman
(RS);
- Experiência em IES privada – Ana Isabel Fonseca
Scavuzzi (BA);
- Experiência das Oficinas de Trabalho sobre as
DCNs – Léo Kriger e Maria Celeste Morita (PR).
• 14h00 - 17h00: Trabalho de grupo sobre as mesas
redondas.
Coordenação: Alfredo Júlio Fernandes Neto (MG);
Secretaria: Hilda Maria M. R. de Souza (RJ) e Lílian
Marly de Paula (DF).
• 17h00: Reuniões das Comissões da ABENO: Ensino, Especialização, Pós-Graduação, Comunicação,
Conselho Fiscal.
• Durante todo o dia: Exposição de pôsteres selecionados.
• 21h00: Jantar de confraternização e comemoração do cinqüentenário da ABENO.
Dia 3
• 9h00 - 12h00: Mesa “Avaliação das Condições de
Ensino e Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais”:
Coordenação: Eduardo Gomes Seabra (RN);
Secretaria: José Galba de Menezes Gomes (CE);
Apresentadores:
- Impacto das DCNs nos processos de mudanças
curriculares. Ensino interdisciplinar e antecipação clínica – Antonio César Perri de Carvalho
(DF);
- Pró-Saúde e DCNs – Ana Estela Haddad (DEGES/M.S.);
- Posicionamento do MEC – Dilvo Ristoff (INEP/
MEC).
• 14h00 - 18h00: Seminário “Ensinando e Aprendendo”. Apresentação dos temas selecionados.
Coordenação: Cresus Vinícius Depes de Gouveia
(RJ);
Secretaria: Gersinei Carlos de Freitas (GO).
• Durante todo o dia: Exposição de pôsteres selecionados.
• 20h00: Sessão de abertura e comemoração do cinqüentenário da ABENO. Lançamento de livro dos
50 anos da ABENO.
Dia 5
• 8h30 - 9h30: Reunião Plenária – Apresentação
dos Relatórios dos Grupos de Trabalho.
Direção: Isabela Almeida Pordeus (MG).
• 9h30 - 12h00: Oficina de Trabalho sobre Avaliação Clínica.
Coordenação: Omar Zina (MT);
Secretaria: Daniel Rey de Carvalho (DF);
Apresentador: João Humberto Antoniazzi (SP).
• 10h00: Assembléia Geral Ordinária da ABENO;
Encerramento da 41ª Reunião.
• Tarde: Passeios.
Revista da ABENO • 6(2):151
151
Trabalhos selecionados para
apresentação na 41a Reunião Anual
da ABENO, 2006
Tema central: “Implementação das Diretrizes Curriculares
Nacionais: da teoria à realidade”
Natal - RN - 2 a 5 de agosto de 2006
SEMINÁRIO “Ensinando e aprendendo”
1. A Integralidade na Atenção em Saúde
Bucal no Município de Santa Cruz do
Sul/RS
Marques, B. B., Bender, C. F. R.*, Gonçalves, E. M. G.
A
boa condição de saúde bucal depende, entre muitos fatores, do comportamento do indivíduo em
relação ao seu autocuidado. A saúde da boca, além
dos benefícios biológicos e fisiológicos indiscutíveis,
pode ser valorizada também por seus aspectos subjetivos, como por exemplo, a auto-estima, que melhora
as relações interpessoais e facilita a inserção dos indivíduos nos meios sociais, como escola e trabalho. A
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, por meio
da Pró-Reitoria de Extensão e Relações Comunitárias
e do Curso de Odontologia numa parceria com a Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul/RS (Secretaria
Municipal de Saúde e Divisão de Saúde Bucal), busca
a melhoria das condições de saúde bucal da população. O Projeto Escolares conta com a participação de
acadêmicos do primeiro ao décimo semestre do Curso de Odontologia e com um cirurgião-dentista da
rede municipal de saúde, com disponibilidade de vinte horas semanais para desenvolver as atividades (educação em saúde, evidenciação do biofilme, higiene
bucal supervisionada, fluorterapia e levantamento epidemiológico da cárie dentária, fluorose e maloclusão). O Projeto é destinado a bebês e a crianças matriculadas em escolas de ensino infantil (creches) e a
alunos que freqüentam até a quarta série de escolas
urbanas e rurais da rede pública municipal e estadual.
Sob supervisão de um docente do curso de Odontologia, e com a participação de diretores, professores,
funcionários, monitores e pais ou responsáveis das
escolas, houve a normatização e a incrementação do
152
programa preventivo precursor, realizado com apoio
acadêmico voluntário desde o ano de 2001. As ações
e serviços realizados são componentes fundamentais
na educação para a saúde da comunidade pré-escolar
e escolar, contribuindo para a reorganização do programa municipal de promoção à saúde bucal. Este
trabalho proporciona estágio extra-curricular, para
que os acadêmicos possam, dentro do núcleo flexível,
desenvolver atividades que contribuam, a curto e médio prazo, para a construção da integralidade de atenção à saúde bucal da população jovem e, a longo prazo, da população adulta loco-regional. Esse projeto,
além de apresentar o desafio de levar informações
sobre cuidados bucais e detectar agravos que necessitam de tratamento, pretende atuar efetivamente com
atividades e abordagens integradas, continuadas e
comprometidas com as necessidades primordiais desse grupo.
Entende-se que melhores condições de saúde refletem em uma
vida com mais qualidade, além de estimular os acadêmicos
para a formação de uma postura ética compatível com o
cotidiano profissional, rompendo com a dicotomia entre teoria e prática, compreendendo a saúde como um direito do
cidadão e também proporcionando ao acadêmico um novo
cenário de prática e próximo à realidade.
2. Integração ensino-serviço: O Centro
de Especialidades Odontológicas (CEO)
da Faculdade de Odontologia de Caruaru
(FOC)
Martelli, P. J. L.*, Silva Filho, J. M.
A
tento às diretrizes curriculares nacionais para os
cursos de odontologia que indicam uma maior
Revista da ABENO • 6(2):152-91
Trabalhos selecionados para apresentação • 41ª Reunião Anual da Abeno, 2006
integração entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e
o ensino de odontologia, visando a formação de cirurgiões-dentistas que compreendam a complexidade de tal sistema. Atento à carência regional no que
concerne ao referenciamento para a média complexidade. Apareceu no processo de discussão da nossa
nova dinâmica curricular, que aconteceu durante o
ano de 2005, envolvendo a comunidade acadêmica,
a necessidade de uma maior aproximação ao SUS.
Para tanto pactuamos no Conselho Municipal de Saúde, na Bipartite Regional e Estadual a forma de nos
inserirmos na rede assistencial do SUS. Com a portaria 2.129 do Gabinete Ministerial de 4 de novembro
de 2005, retroativa a setembro, viemos a ser contemplados com a habilitação para um CEO tipo II, estratégia esta da Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil
Sorridente) para a média complexidade odontológica. Desde então não cobramos pelos procedimentos
realizados em nossa Instituição de Ensino Superior
(IES), de caráter privado-sem fins lucrativos, aos nossos pacientes e, sob a gestão da Secretaria Municipal
de Saúde de Caruaru (SMS), passamos a ser referência para a média complexidade de 32 municípios da
4a Gerência Regional de Saúde (GERES). Oferecemos as 5 especialidades obrigatórias do CEO (Cirurgia Oral Menor, Endodontia, Periodontia, Pacientes
Especiais e Projeto Asa Branca de Combate ao Câncer
Bucal) e também ortodontia, dentística especializada,
próteses resinosas e atendimento complexo à primeira infância. Para tanto contamos com uma clínica
específica (Asa Branca) com 12 equipos, funcionando 12 horas por dia de 2a a 6a feira somente para a
demanda organizada da região. Também disponibilizamos nossos outros 38 equipos aonde acontecem
as diversas clínicas da graduação para o atendimento
gratuito à população, produção esta que lançamos
como sendo integrante do CEO.
Avaliando hoje as mudanças provocadas por tal pioneirismo, verificamos uma evolução administrativa com a criação
de programa para capturar os procedimentos, uma maior
aproximação com a população, um embricamento com o
SUS municipal e regional que não existia, uma adesão do
alunato à proposta incorporando na prática princípios basilares do SUS, uma casuística clínica mais definida e complexa para os alunos do estágio obrigatório. Dificuldades
ainda existem e existirão como a compreensão do que é média
complexidade para alguns municípios ou o caráter precípuo
da IES que é o ensino, mas que com a perenização do programa estão sendo superadas.
3. Síndrome de Burnout nos docentes da
Faculdade de Odontologia da UERJ
Souza, H. M. M. R.*, Santos, L. E., Costa, F. A. F.
A
tualmente os problemas de saúde relacionados
ao trabalho incorporam novas síndromes como
o Burnout. Este é um tipo especial de estresse ocupacional que se caracteriza por um profundo sentimento de frustração e exaustão em relação ao trabalho
desempenhado, sentimento que aos poucos pode estender-se a todas as áreas da vida de uma pessoa. Ele
se instala muitas vezes a partir de expectativas elevadas
e não realizadas. É uma reação à tensão emocional
crônica gerada pelo contato direto e excessivo com
outros seres humanos. Cuidar e educar exigem tensão
emocional constante, dedicação e grandes responsabilidades para o docente cirurgião-dentista, podendo
ser visto este profissional, com acúmulo de papéis,
como um potencial campo de ação para os fatores
nocivos do trabalho. Esta pesquisa teve como objetivo
principal determinar o grau de Burnout nos docentes, cirurgiões-dentistas, da Faculdade de Odontologia da UERJ. Para determinar o grau de Burnout foi
aplicado um instrumento conhecido como “Inventário de Burnout de Maslach”. Este inventário apresenta 22 itens, sendo 9 referentes à dimensão Exaustão
Emocional, 5 à Despersonalização e 8 ao Envolvimento Pessoal no Trabalho. Estas questões são indicadas
em escala de freqüência de sete pontos que vai de
zero (nunca) e um (algumas vezes no ano ou menos)
até cinco (algumas vezes na semana) e seis (diariamente). Essa dimensões foram agrupadas caracterizando 3 níveis gerais de Burnout: baixo, médio e alto.
Foram selecionados 46 docentes de um total de 86
alocados na Faculdade. Entre estes, 65,2% do sexo
masculino e 34,8% do feminino; com médias de idade de 47 anos, de 16 anos de docência e 24 anos de
profissão. Dos entrevistados, 97,8% exercem, também, atividade fora da faculdade, podendo ser em
clínica e/ou docência e apenas 2,2% trabalham exclusivamente como docentes da FOUERJ. A análise
geral das respostas mostra que 72,7% dos docentes
apresenta baixo nível de Exaustão Emocional, 21,7%,
nível médio e 4,9%, nível alto. Nesta dimensão, observamos três itens sem resposta, correspondendo a
0,7%. Para a dimensão Despersonalização, 95,7% encontra-se com nível baixo, 3,0%, nível médio e 0,9%,
nível alto. Apenas um item não foi respondido, representando 0,4%. Em Envolvimento Pessoal no Trabalho, 65,7% dos docentes apresentam nível baixo,
Revista da ABENO • 6(2):152-91
153
Trabalhos selecionados para apresentação • 41ª Reunião Anual da Abeno, 2006
25%, nível médio e 9,0%, nível alto, sendo um item
não respondido, correspondendo a 0,3%.
Com base nos resultados obtidos podemos concluir que os
docentes da FOUERJ apresentam um nível baixo de Burnout, porém, existe a necessidade de discussão coletiva
para melhor conhecer o processo de trabalho destes profissionais com o objetivo de adotar ações preventivas principalmente no que diz respeito ao envolvimento pessoal no
trabalho.
4. Pró-saúde: resultados da 1ª oficina
dos cursos de odontologia e medicina
da Universidade Estadual de Montes
Claros - Unimontes
Brito-Júnior, M.*, Costa, S. M., Pires, C. P. B.,
Melo, J.
A
Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes, através dos cursos de odontologia e medicina, participa do Pró-Saúde, programa dos Ministérios da Saúde e Educação, que busca a reorientação
da formação de profissionais da saúde. O objetivo
deste trabalho é relatar os resultados da 1ª Oficina
Pró-Saúde da Unimontes. Os participantes foram divididos em grupos que receberam questões norteadoras bem como material didático de apoio às discussões, incluindo artigos científicos e outras publicações.
As questões foram: 1) Como a integração do ensinoserviço poderá contribuir para a formação do aluno
voltada para a atenção à saúde? 2) Em um currículo
integrado como poderá ocorrer a inserção das áreas
especializadas? 3) Na visão do grupo como construir
a integração ensino-serviço? Cada grupo elegeu um
coordenador e um relator e as sugestões foram apresentadas em plenária no final do evento. Sumariamente, os cinco pontos comuns mais relevantes que
foram respondidos pelos grupos para cada questão
serão abordados. Questão 1: oportunizar ao aluno o
conhecimento do serviço público e do mercado de
trabalho; permitir visão mais madura dos determinantes do processo saúde-doença; ajustar a formação
acadêmica às expectativas da atenção básica, ou seja,
além de competência técnica um compromisso com
a sociedade; propiciar ao aluno a reflexão sobre a
prática ou aprendizagem pela prática-reflexiva; dar
ao aluno a oportunidade de trabalhar em equipe,
levando-o a este aprendizado e formação de profissionais mais sensíveis, de acordo com a necessidade
de saúde da população. Questão 2: o conhecimento
especializado deve ser construído junto à necessidade
da prática; sistema de referência e contra-referência
154
com a criação de centros especializados para acolher
aqueles usuários que não tiveram suas necessidades
resolvidas na atenção básica; a questão da referência
e contra-referência passa a ser um instrumento de
educação continuada iniciando sua construção desde
a graduação; o especialista professor deve capacitar
os acadêmicos para aumentar a resolubilidade dos
serviços e verificação de quais setores do conhecimento fragmentado são realmente necessários para serem
ministrados na graduação. Questão 3: integração desde o início da graduação de maneira inter, multi e
transdisciplinar; a universidade participar com a educação permanente do serviço capacitando os profissionais que receberão os acadêmicos; investimento
da academia nos serviços para: construção de espaços
adequados, manutenção de insumos e valorização dos
profissionais já existentes; capacitar os professores
para utilização de metodologias problematizadoras e
fazer pactuações entre o serviço e a academia, incluindo a elaboração de currículo.
Tais resultados representam um esforço coletivo, porém não
esgotam as discussões sobre o assunto. Pretende-se, juntamente com outras propostas relacionadas ao tema, constituir
mais um subsídio aos trabalhos de novas oficinas do PróSaúde no âmbito da Unimontes.
5. Relação entre Extensão Universitária
e Graduação: há contribuições para
formação crítica de recursos humanos
para o SUS?
Araujo, M. E.*, Barros, R. S., Previdelli, M.,
Zilbovicius, C.
A
universidade pública brasileira se alicerça formalmente no tripé Ensino-Pesquisa-Extensão.
Através dos avanços tecnológicos da Pesquisa Científica atualizam-se saberes, conteúdos de programas e
protocolos acadêmicos tendo por finalidade responder às demandas sociais. Pelo Ensino de graduação e
pós-graduação, a universidade cumpre sua missão
institucional de formar profissionais para o mundo
de trabalho possibilitando, também, uma parcela da
formação cultural dos indivíduos de uma sociedade.
Por sua vez, a Extensão viabiliza a aproximação do
conhecimento transmitido e produzido no interior
das universidades com a realidade vivida na sociedade. Podendo estabelecer uma relação entre necessidades sociais e condições de vida com produção científica e formação de profissionais, a fim de
compreender e transformar as relações sociais a que
homens e mulheres estão submetidos. O Centro Aca-
Revista da ABENO • 6(2):152-91
Trabalhos selecionados para apresentação • 41ª Reunião Anual da Abeno, 2006
dêmico XXV de Janeiro da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) realiza
projetos sociais como atividade extensionista. Neste
trabalho, analisaram-se três destes projetos: Petrolina,
Cananéia e Jardim Gaivota realizados no período de
1994 a 2004. O objetivo foi avaliar a relação universidade-sociedade, e se experiências extramuros que
integram o Sistema Único de Saúde (SUS) como espaço de ensino-aprendizagem podem contribuir para
formação crítica de profissionais. Vinte e dois estudantes de odontologia responderam a um questionário. O requisito para preenchimento do material foi
participação em pelo menos uma das atividades analisadas. Para possibilitar um estudo profundo e esclarecedor, estudantes de odontologia que participaram
do Projeto Vivências e Estágios na Realidade do SUS
(VER SUS/Brasil) também responderam ao questionário. A técnica de análise de conteúdo possibilitou
organizar e agregar, do material coletado, idéias centrais e correspondentes expressões-chave permitindo
uma leitura profunda dos discursos. Relacionando
motivações, expectativas, percepções sobre a realidade social e o discurso permitindo a compreensão de
pensamentos, representações, crenças e valores destes estudantes sobre os temas: extensão universitária,
organização da sociedade, SUS e formação profissional. A análise dos questionários respondidos por participantes dos projetos da FOUSP demonstrou que
atividades norteadas pelo paradigma técnico-assistencialista, biologicista e procedimento-centrada tendem a reproduzir uma formação profissional preventivista, tecnocentrada e acrítica quanto à organização
social e do SUS, sendo pouco preparados para enfrentar e transformar desigualdades sociais e de acesso
aos serviços de saúde.
Os questionários respondidos por participantes do Projeto
VER SUS/Brasil permitiu verificar que experiências extramuros que integram o SUS como espaço de ensino-aprendizagem proporcionam formação crítica, ética e política preparando futuros profissionais para atuarem ativamente na
transformação social.
6. A bioética como diferencial na
formação em odontologia: Análise da
importância da disciplina para uma
prática odontológica mais consciente e
crítica
Prado, M. M.*, Garrafa, V.
O
presente trabalho, sob o título “A bioética como
diferencial na formação em odontologia: Análi-
se da importância da disciplina para uma prática
odontológica mais consciente e crítica”, tem o objetivo de analisar se o ensino da Bioética, como disciplina de reflexão, diferente de outros ensinamentos
voltados para o desenvolvimento de capacidades preferencialmente cognitivas e psicomotoras, representa
um diferencial positivo na formação do estudante de
Odontologia, contribuindo ou não para uma prática
mais consciente e crítica, por meio de reforço ao domínio afetivo/atitudinal do aluno. Envolve análise de
depoimentos de estudantes do Curso de Graduação
em Odontologia e de cirurgiões-dentistas em exercício profissional clínico, em diferentes grupos, referentes àqueles que tiveram formação em Bioética e
aos que não tiveram essa formação, com relação à sua
concepção sobre temas importantes para a prática
profissional, em atenção à realidade brasileira, bem
como sobre seu conhecimento e seu posicionamento
a respeito de questões de interesse bioético.
A Bioética, como ética prática ou aplicada, de caráter multi e interdisciplinar, é referencial importante, que deve ser
trabalhado paralelamente à orientação deontológica, no
sentido de conscientizar o futuro profissional para a importância de uma prática em que o cuidado técnico esteja sempre associado ao cuidado ético na assistência em saúde.
7. Serviço de Saúde Bucal Coletiva:
uma estratégia para integração ensinoserviço-comunidade
Fuscella, M. A. P.*, Oliveira, M. F. J., Moura, L. M.,
Fernandes, L. M. A. G.
O
trabalho relata a experiência de integração ensino-serviço-comunidade, desenvolvida pelo
Curso de Odontologia da Universidade Potiguar/RN,
através de um projeto extensão intitulado “Serviço de
Saúde Bucal Coletiva”, em parceria com as Disciplinas
“Saúde Bucal Coletiva I e II”. O projeto tem como
objetivo proporcionar aos estudantes a interação com
a comunidade e os serviços de saúde, identificando
problemas de saúde e atuando de maneira conjunta
na busca de solução para os agravos apresentados.
Com esse objetivo, estão sendo desenvolvidas ações
coletivas de educação e prevenção em saúde bucal,
sob a ótica da promoção da saúde e da busca incessante pela qualidade de vida da população. Observase que a experiência vem proporcionando o desenvolvimento de ações inter-institucionais, através de
relações público-privadas, junto aos serviços de saúde
e de educação, bem como junto à ONG/entidades
não-governamentais.
Revista da ABENO • 6(2):152-91
155
Trabalhos selecionados para apresentação • 41ª Reunião Anual da Abeno, 2006
O projeto tornou-se uma referência em saúde bucal no Estado, sendo convidado permanentemente a participar e
apoiar ações desenvolvidas por Secretarias de Saúde, equipes
de PSF, escolas públicas e privadas, o que vem contribuindo
para uma formação mais crítica, reflexiva e humanística
do cirurgião-dentista.
pôsteres
1. Atividades pedagógicas com
portadores de necessidades especiais:
a experiência do Centro Universitário
Newton Paiva
Abreu, M. H. N. G.*, Cury, R. L. S. M., Marques, L. S.,
Cruz, S. C. C.
U
m dos grandes problemas na atenção à saúde
bucal de pessoas com necessidades especiais é a
formação inadequada do estudante de graduação
nesta área. Com o propósito de avançar nesta questão,
o curso de Odontologia do Centro Universitário
Newton Paiva, Belo Horizonte - MG, incorporou essa
temática na sua dinâmica curricular. Assim, o propósito do presente trabalho é apresentar as atividades
pedagógicas desenvolvidas no conteúdo sobre pessoas com necessidades especiais no curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva. O conteúdo de Ciências Odontológicas Articuladas VII é
ofertado aos estudantes do oitavo período, desde o
primeiro semestre de 2005. As atividades curriculares
são desenvolvidas através de aulas teóricas dialogadas,
práticas de atendimento a pacientes e grupos de discussão. As aulas teóricas são ministradas por docentes
do curso de odontologia, fisioterapia e psicologia. As
aulas práticas envolvem atendimento a crianças, adolescentes e/ou adultos encaminhados pela clínica de
neurologia do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Newton Paiva, bem como pela Escola Municipal de Ensino Especial Frei Leopoldo. Os pacientes recebem atendimento odontológico em atenção
básica. Toda a prática clínica envolve a presença de
docentes da área odontológica e fisioterápica, e monitores do curso de fisioterapia. Além disso, os estudantes do curso de Odontologia observam o atendimento da clínica de neurologia do curso de
fisioterapia. Atividades coletivas de educação em saúde são desenvolvidas junto aos cuidadores/responsáveis dos usuários dessas clínicas. Finalmente, no segundo semestre de 2005, um Trabalho de Conclusão
de Curso de Fisioterapia foi apresentado, abordando
a interdisciplinaridade entre a Fisioterapia e Odontologia na atenção à saúde bucal de pessoas com necessidades especiais.
156
As práticas pedagógicas envolvendo pessoas portadoras de
necessidades especiais no curso de Odontologia do Centro
Universitário, que envolvem atividades de ensino, pesquisa
e extensão, contribuem para a melhoria da formação do
cirurgião-dentista nesta área. Além disso, essas práticas
podem melhorar a atenção à saúde bucal neste grupo populacional.
2. A Relação entre as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o curso de
Odontologia e o atual modelo econômico
Pinheiro, L. M. G.*, Silveira, R. J. T.
T
emos vivido, nas últimas décadas, profundas mudanças na economia, na política e na sociedade.
Com o advento da “globalização” econômica surgiram novas formas de relação entre o Estado e a sociedade civil e outras maneiras de organização do trabalho com o objetivo de reestruturar o sistema
produtivo. Novos modos de vida, comportamentos,
atitudes e valores foram sendo concebidos e veiculados. O intenso desenvolvimento tecnológico passou
a demandar um novo tipo de homem, capaz de ajustar-se aos métodos de produção decorrentes dessas
transformações. Neste contexto, confiou-se à Escola,
e mais especificamente à Universidade, a função de
formar este novo tipo de homem urbano, que deve
apresentar como características principais: maior
competência técnica para lidar com as novas relações
sociais e laborais; um novo conceito de capacidade
dirigente que inclui a habilidade de “humanizar” essas novas relações de trabalho que se estabelecem; e
uma constante capacidade de adaptação tanto às mudanças tecnológicas, quanto às mudanças no próprio
processo de produção e no mundo do trabalho. O
objetivo deste trabalho é analisar as relações entre as
transformações que ocorreram no mundo do trabalho, especialmente nas duas últimas décadas, e a implantação das Diretrizes Curriculares para o curso de
Odontologia que modificaram a concepção de formação profissional do cirurgião-dentista. Para isso
procuraremos estabelecer as possíveis articulações
entre as competências e habilidades requeridas pelas
Diretrizes Curriculares (tais como: flexibilidade, to-
Revista da ABENO • 6(2):152-91
Trabalhos selecionados para apresentação • 41ª Reunião Anual da Abeno, 2006
mada de decisões, capacidade de gerenciamento e
gestão, domínio de tecnologias, capacidade de comunicação e educação permanente) e as mudanças em
relação ao conteúdo, aos métodos de ensino e à concepção pedagógica por elas preconizadas, relacionando-as às características do atual modelo econômico.
Através desta análise, buscaremos compreender as
perspectivas e possibilidades que se abrem para o
exercício da docência e para o ensino da Odontologia, neste início de século.
3. Curso de Odontologia da UNISC Desafios e Perspectivas a partir do
Projeto de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde - PRÓ-SAÚDE
Marques, B. B.*, Reis, M. S., Moraes, R. B.,
Grazziotin, G. B.
O
Curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, que teve seu primeiro
ingresso de alunos no ano de 1998, foi reestruturado
em 2002 embasando-se nas Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs) dos Cursos de Graduação em
Odontologia, apresentadas no Parecer N.º 1300/01,
de novembro de 2001, e consolidadas pela Resolução
do CESu/CNE N.º 3, de fevereiro de 2002. Entretanto, apesar desta reestruturação, há necessidade de
formular ações que contribuam para que o aluno
construa um quadro teórico-prático global mais significativo, ou seja, semelhante à realidade nacional a
qual vai enfrentar após concluir a graduação. Desta
forma, participar da seleção do Projeto de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – PRÓSAÚDE, em dezembro de 2005, e ter sido selecionado
está sendo o início de uma nova etapa na história do
Curso de Odontologia da UNISC, pois, além das
DCNs priorizarem uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, os princípios que norteiam a
UNISC estão voltados para atender aos anseios da
comunidade regional, através do comprometimento
com políticas públicas. Através do PRÓ-SAÚDE, os
Ministérios da Saúde e da Educação pretendem favorecer a adequação curricular às DCNs, com a possibilidade de ampliar os locais de atuação docente e discente, integrando o Curso de Odontologia da UNISC
ao serviço público de saúde do município, diminuindo o distanciamento entre a academia e a prestação
de serviços de saúde, e propiciando o fortalecimento
do Sistema Único de Saúde (SUS), com ações de atenção básica nos Programas de Saúde da Família (PSFs).
Para isso, propõem-se trabalhar de forma integrada
com os profissionais da rede e representantes das entidades onde serão desenvolvidas as atividades, abordando os determinantes de saúde e doença, destacando os aspectos relativos à normalidade em nível
individual e coletivo (ampliação do conceito de saúde); visando sensibilizar para a importância das mudanças em relação à atenção básica e integral à saúde
voltada à rede SUS; trabalhando a educação permanente como ferramenta para a transformação das
práticas em saúde, visando humanizá-las e orientá-las
para as necessidades de saúde das pessoas. Ao mesmo
tempo, será ampliada a estrutura física de uma instituição de saúde do município para possibilitar a inclusão de Equipes de Saúde Bucal em dois PSFs, proporcionando atendimento clínico-odontológico a
uma comunidade com necessidades sociais concretas
e com difícil acesso à assistência odontológica.
Acredita-se que a mudança e a sustentabilidade deste projeto são viáveis, uma vez que os gestores da instituição
(UNISC) e os gestores municipais de saúde e planejamento
estão envolvidos neste processo de inovação. Desta forma
será possível proporcionar a socialização tanto de conhecimentos quanto de conflitos e conquistas na melhoria das
condições de saúde no território onde atuam profissionais
da rede de serviços, corpo docente e discente.
4. Humanização da relação assistencial
na formação do profissional de
Odontologia
Crivello-Junior, O.*, Martins, M. C. F. N.,
Araujo, M. E., Hager, R. R. C.
O
Cirurgião-Dentista estabelece além dos procedimentos técnicos específicos relações interpessoais com a pessoa que atende. Desta forma, para que
a qualidade interacional seja adequada é necessário
estudo de vários temas teóricos para o adequado desenvolvimento das atitudes. Em Odontologia, da mesma forma que em outras áreas da saúde, o tratamento pode atingir melhores resultados quando o
profissional conhece os motivos do comportamento
do cliente. Muitas vezes o tratamento instituído pode
ser mais rapidamente atingido quando o paciente se
sente compreendido e respeitado pelo profissional.
A formação humanística do profissional da Odontologia deve ser iniciada precocemente no currículo
odontológico; na FOUSP o aluno em seu primeiro
ano já recebe informações de Bioética com discussões
dinâmicas de casos concretos buscando a participação dos alunos e de Ciências Sociais em Saúde, fundamental para a formação humanística, desenvolven-
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do a organização das práticas em saúde e o processo
saúde-doença como processo social. Mas também é
fundamental, para que o aluno desenvolva sua capacidade de “cuidador”, que ele seja, também, cuidado;
a criação de serviço de apoio psicopedagógico ao estudante pela instituição de ensino odontológico é
fundamental para que haja ambiente propício para
a discussão dos problemas relacionados às suas atividades assistenciais e ao respeito às dificuldades dos
alunos e para desenvolver um modelo profissional
que integre habilidades técnicas e interpessoais.
Os conteúdos de formação humanística devem ser desenvolvidos fortemente no curso odontológico pelo fato de ser inviável a melhoria do atendimento e da assistência sem levar
em conta as relações interpessoais envolvidas na formação
e no exercício profissional.
5. Resultados preliminares da aplicação
do Teste do Progresso na FOUSP
Crivello-Junior, O.*, Araujo, M. E., Maltagliati, L. A.
A
capacidade de coletar informações e organizá-las
adequadamente é uma habilidade que o aluno
de Odontologia deve desenvolver desde os primeiros
anos do curso. As avaliações longitudinais, ou de formação, são formas de avaliação do cognitivo e são
assim chamadas pelo fato de se repetirem ao longo
do tempo. Dentre as formas de avaliação longitudinal,
temos o Teste do Progresso. Idealizado pelo Prof. W.
Wijnen da Faculdade de Medicina da Universidade
de Maastricht, na Holanda, ele é aplicado na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo
desde 2004 (Revista da ABENO, 2005). O modelo de
avaliação é uma prova em forma de teste, com 80
questões com cinco alternativas sem a opção nenhuma das anteriores. As questões foram elaboradas por
professores das disciplinas e o conteúdo solicitado era
de temas essenciais para a formação do CirurgiãoDentista. A prova anual foi aplicada aos alunos do
primeiro ano em 2004 e, em 2005, para os alunos do
primeiro e segundo ano do curso integral. A divisão
das questões se baseou nas cargas horárias das disciplinas dentro do currículo. Assim, 40% da prova foi
constituída de questões de disciplinas básicas, incluindo-se aí metodologia científica, patologia, materiais
dentários e ciências sociais. Tivemos 12% de questões
de disciplinas pré-clínicas e 48% de questões de disciplinas clínicas aí incluídas as de cunho social com
aplicação na clínica (deontologia, odontologia legal
e orientação profissional). Os resultados preliminares
mostraram que os alunos do segundo ano apresenta158
ram um rendimento melhor que os do primeiro ano
e que foram também superiores aos resultados do
teste realizado por estes próprios alunos em 2004.
Houve aumento de ganho cognitivo com evidente
retenção do conhecimento à medida que o aluno
evoluiu de um ano para o outro no curso. Presume-se
que estes resultados continuem nos próximos exames.
O Teste do Progresso é uma importante ferramenta para
avaliações longitudinais. Ele pode servir de parâmetro tanto para maiores como menores alterações curriculares do
curso de Odontologia.
6. Estratégias de Ensino e Avaliação Experiência da Disciplina de
Odontopediatria da UNIVALI - SC
Araújo, S. M.*, Farias, M. M. A. G., Silveira, E. G.,
Schmitt, B. H. E.
E
sse trabalho descreve uma prática pedagógica
onde professores e alunos da disciplina de odontopediatria construíram uma estratégia de ensino e
aprendizagem, onde situações clínicas são apresentadas e discutidas no momento das aulas e posteriormente aplicadas nas avaliações. A avaliação deve envolver uma ação que promova a melhoria do
processo de ensino e aprendizagem. Buscou-se, portanto, uma alternativa de avaliação que despertasse
nos alunos o interesse e a necessidade de fazer pesquisa bibliográfica e não somente limitar-se às anotações feitas em sala de aula. A estratégia de avaliação
utilizada consistiu na aplicação de provas com projeções de situações clínicas, onde os dados anamnéticos
relevantes foram fornecidos pelos professores e os
dados clínicos deveriam ser reconhecidos pelos alunos nas imagens projetadas. Com os dados apresentados e o conhecimento adquirido em seus estudos,
os alunos deveriam responder às questões formuladas
em provas escritas. Ao longo da utilização deste tipo
de avaliação, por sugestão dos alunos que participaram deste processo, surgiu a necessidade de introdução de uma nova estratégia de ensino. Neste sentido,
como complemento das aulas expositivas, foram realizadas aulas apenas com projeções de situações clínicas de assuntos já abordados, onde o conhecimento
prévio deveria ser considerado e tomado como ponto
de partida, permitindo a participação do aluno como
sujeito do processo de ensino e aprendizagem, sua
parceria com os professores e colegas na aula, numa
atitude de participação ativa na busca pelo desenvolvimento da habilidade de integrar teoria e prática que
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lhe permita encontrar solução para uma situação proposta. Após a utilização das estratégias, foi aplicado
um questionário para as duas turmas que participaram do processo, com o objetivo de conhecer a opinião dos alunos a respeito da estratégia utilizada. De
modo geral, os alunos responderam que a projeção
e discussão das situações clínicas entre alunos e professores ajudaram na assimilação dos conteúdos e que
a avaliação com projeções clínicas contribui de forma
significativa na resolução da prova.
Neste contexto, foi observado pelos professores: resistência
dos alunos à mudança em um primeiro momento e, num
segundo momento, aprovação e aceitação de novas estratégias; aumento do interesse e da participação dos alunos nas
aulas de projeção e discussão de situações clínicas; maior
interesse em clínica pela elaboração do diagnóstico.
7. Oficinas de ampliação da
resolutividade da atenção básica em
saúde bucal: Experiência da Unioeste
Naufel, F. S.*, Berti, M., Baltazar, M. M. M.
O
presente trabalho refere-se às Oficinas de Capacitação para profissionais cirurgiões-dentistas,
pessoal técnico e auxiliar prioritariamente das Equipes de Saúde Bucal da Estratégia Saúde da Família,
bem como gestores municipais de odontologia. Apresenta como finalidade principal subsidiar estes profissionais aos conhecimentos relevantes quanto à resolutividade da atenção básica de saúde bucal, a fim
de tornar a atenção básica capaz de resolver até 85%
dos problemas de saúde bucal neste nível de atenção
e de submeter à atenção especializada dos CEOs apenas 15% da demanda; estabelecendo assim um sistema de referência e contra-referência estruturado e
respeitando o princípio da integralidade das ações.
Após a publicação dos dados das Condições de Saúde
Bucal da População Brasileira 2002-2003, ficou clara
a necessidade de se ampliar o acesso aos cuidados de
saúde bucal para além das faixas etárias de 0 a 14 anos
como acontece na maioria dos municípios brasileiros.
Diante disso, o Ministério da Saúde colocou como
parte integrante da Política Nacional de Saúde Bucal
a oferta de ações de Educação Permanente em Saúde
aos profissionais inseridos no SUS. Assim, a UNIOESTE submeteu para apreciação do Pólo Ampliado de
Educação Permanente em Saúde do Oeste do Paraná
a oferta de Oficinas que possibilitassem a ampliação
da resolutividade em saúde bucal na Atenção Básica
para os profissionais da macrorregião Oeste do Paraná. As Oficinas foram ofertadas para 280 profissionais
desta região, em 7 turmas diferentes, sendo que cada
turma tinha os seguintes conteúdos, cargas horárias
e público-alvo: Oficina I – A Odontologia no Sistema
Único de Saúde – 40 horas/aulas – com participação
de CD, ACD, THD e Gestores municipais; Oficina
II – Atenção Básica Resolutiva – 28 horas/aulas – Para
os CDs participantes da oficina I; Oficina III – Atualização aos ACD e THD – 12 horas/aulas – para ACD
e THD participantes da oficina I; Oficina IV – Humanização e Acolhimento – 4 horas/aulas – Para CD,
THD, ACD e gestores municipais. Teve financiamento do Ministério da Saúde e UNESCO, apoio da
UNIOESTE, FUNDEP e Pólo Ampliado de Educação
Permanente em Saúde – PAEPS Oeste.
Este trabalho possibilitou subsidiar os profissionais da rede
com conhecimentos relevantes quanto à resolutividade da
atenção básica de saúde bucal, a fim de tornar a atenção
básica capaz de resolver até 85% dos problemas de saúde
bucal neste nível de atenção e de submeter à atenção especializada dos CEOs apenas 15% da demanda; estabelecendo assim um sistema de referência e contra-referência estruturado e respeitando o princípio da integralidade das
ações.
8. A metadisciplinaridade e integração
programática como eixos de reforma
curricular de Curso de Odontologia estudo de caso
Zilbovicius, C.*, Naclério-Homem, M. G.,
Deboni, M. C. Z., Araujo, M. E.
A
análise curricular do Curso de Odontologia foi
realizada pelo mecanismo de escuta de docentes
e alunos onde foram detectados problemas estruturais que comprometiam a experiência de ensinoaprendizagem. Entre estes nós críticos, foi observado
que conteúdos de disciplinas clínicas eram ministrados antes de um embasamento prévio de disciplinas
básicas o que acarretava numa mecanização do aluno
com pouca visão crítica dos procedimentos e nenhuma vinculação com a perspectiva de saúde/doença,
uma vez que os alunos não reconheciam parâmetros
de normalidade para chegar ao conceito-diagnóstico
de doença. A verificação destes problemas coincidia
com o término do terceiro semestre e início do 4º semestre onde se iniciam as atividades pré-clínicas e
clínicas em um curso de 4 anos. O projeto de reformulação curricular teve como eixos norteadores a
metadisciplinaridade, segundo o modelo de Bibeau
discutido por Almeida Filho (1997), onde um grupo
de disciplinas interage sob o comando não hierárqui-
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co mas conceitual de uma disciplina, que neste caso
seria a clínica odontológica. Na construção do conteúdo programático das disciplinas, introduziram-se,
durante todo o curso, módulos chamados “ciclos integradores” que buscam identificar temas-chave, reforçando a noção de interdisciplinaridade e permitindo a estruturação de conteúdos programáticos de
disciplinas básicas às experiências clínicas vivenciadas
pelos alunos naquele momento. Desde o início do
curso, este modelo de metadisciplinaridade é acompanhado pela perspectiva do processo saúde/doença
do indivíduo com uma visão de integralidade, mas
com uma seqüência pedagógica que se inicia no normal (conduzindo ao aprendizado do que signifique
saúde e as características da normalidade) para se
direcionar ao patológico (no aprendizado da doença
e as características do que se apresente doente) e partindo de um conceito geral do corpo para somente
depois elaborar a conceituação mais específica da
saúde bucal. As disciplinas clínicas que eram ministradas numa disciplina denominada “propedêutica”,
porém sem perspectiva integradora de conteúdo, foram reagrupadas, em nova seqüência que também
permite um diálogo maior entre seus conteúdos, caracterizando mais uma vez a perspectiva de integralidade e interdisciplinaridade da grade curricular,
elementos necessários para a adequação da formação
do profissional da odontologia para uma realidade
sanitária brasileira de grande complexidade socioeconômica e epidemiológica.
Conclui-se que este modelo metadisciplinar permite um diálogo maior entre as disciplinas básicas e as de cunho clínico
sem, contudo, perder seu foco de especificidade, permitindo
ao aluno uma compreensão melhor do processo saúde/doença e da atenção em saúde bucal de forma integrada.
9. Projeto Asa Branca: modelo de
integração entre pesquisa, ensino e
extensão
Martelli, P. J. L.*, Silva, U. H., Carvalho, C. C. T.,
Carvalho, T. B. T.
O
Câncer bucal tem sido preocupação ultimamente na Odontologia, afinal os Cirurgiões-Dentistas são os verdadeiros responsáveis pela prevenção
desta terrível doença. Em vista disto assume grande
importância, pois, apesar de ser um tumor de fácil
diagnóstico em estágio avançado, com lesões precursoras bem definidas, o Cirurgião-Dentista ainda encontra dificuldades em fazer o diagnóstico dessas lesões. Mesmo tendo a prevenção papel significativo, o
160
câncer bucal continua com altos índices de morbidade e mortalidade, sendo sem dúvida um problema
nacional de saúde pública, reconhecido pelo Ministério da Saúde. Motivo este que levou à criação do
Projeto Asa Branca, que objetiva prevenir e tratar o
Câncer bucal através de aperfeiçoamento profissional
e campanhas de extensão, realizando a integração
entre PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO. Este Projeto de Pesquisa e Extensão foi aprovado pelo Ministério da Saúde, e no dia 11 de fevereiro de 2005 instalou-se oficialmente o 1º Centro Especializado de
Prevenção e Combate ao Câncer Bucal do Nordeste,
onde esteve presente o Sr. Presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Será apresentado a sistemática do projeto,
bem como enfatizada a importância científica para
realização de pesquisas com os dados obtidos em cada
campanha com emprego no ensino. As Campanhas
de Prevenção e Diagnóstico do Câncer Bucal são realizadas nas cidades do interior de Pernambuco, diante de solicitação das Prefeituras Municipais as quais
se responsabilizam pelo apoio para concretização destas. São formadas Equipes com dois coordenadores
(alunos do 9º/10º período ou da pós-graduação) e
quatro alunos da graduação, que, com a colaboração
de um Agente de Saúde conhecedor da comunidade,
realizam visitas de casa em casa, examinando a população e distribuindo folhetos de orientação do autoexame. Observou-se que, com uma maior vivência
clínica, os alunos que iniciavam ainda no primeiro
período com o passar do tempo tornavam-se mais
aptos a diagnosticar e tratar patologia do que os que
não tiveram a oportunidade de participar. Foram realizadas 22 campanhas, onde 35.543 pacientes foram
atendidos, dos quais 6.821 casos apresentaram lesões
cancerizáveis e/ou malignas, constituindo 19,19% do
total. Todos os pacientes com lesões receberam tratamento clínico e/ou cirúrgico na FOC, sendo feita
uma análise de 943 biópsias, 9,2% tiveram diagnósticos histopatológicos de neoplasias malignas.
Após a implantação do Projeto Asa Branca na FOC, o índice de atendimento a pacientes aumentou consideravelmente, tendo sido de extrema importância para região contemplada com o Projeto, melhorando o aprendizado do alunado.
O Projeto promove um maior treinamento profissional dos
alunos da área de odontologia para elaboração de um diagnóstico clínico mais fidedigno, bem como contribui para
realização de Pesquisas através dos dados coletados em campo. Possibilita a Extensão pela busca do paciente da sua
comunidade para atendimento na Faculdade.
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10. Educação em saúde bucal. “Projeto
Usina do Saber”
Migliato, K. L.*, Mendes, E. R., Mistro, F. Z.,
Souza, L. Z.
A
doença periodontal e a cárie dentária são consideradas as duas doenças de maior importância
em saúde pública e atingem ainda grande parte da
população brasileira. A placa bacteriana tem uma importante função no desenvolvimento e progressão,
tanto da cárie dentária quanto da doença periodontal. Desta forma, a efetiva remoção mecânica da placa
bacteriana é muito importante no controle e manutenção da saúde bucal. O objetivo deste trabalho foi
avaliar 06 meses de um programa educativo, direcionado a crianças participantes do Projeto Usina do
Saber, desenvolvido em parceria com a UNIARARAS
e Usina São João. Participaram do estudo 90 crianças,
de 07 a 17 anos de idade, ambos os sexos, residentes
na cidade de Araras/SP e regularmente matriculados
na E.E.P.G. “José Ometto”. Os voluntários participaram em palestras educativas a cada três meses relacionando temas como: A Boca e Suas Funções, Relação
da Dieta com a Cárie Dentária e a Importância de
técnica de escovação, uso do fio dental e do flúor na
promoção de saúde bucal. Os alunos também receberam escovação supervisionada e aplicação tópica
de flúor de acordo com o risco de cárie apresentado.
Inicialmente, os voluntários foram avaliados através
da verificação do índice de placa (Loe, 1967), índice
gengival (Loe & Silness, 1963), índice ceo-d e CPO-D
(OMS, 1999). Estas avaliações foram repetidas trimestralmente em todos os participantes. O teste de Friedman foi usado para analisar os resultados no início
e após 3 meses de programa. Os resultados mostraram
que a média do CPO-D foi de 2,88 e a média do ceod foi de 1,67. Quando foi avaliado cada componente
do índice separadamente, pode-se observar que a média do componente obturado (1,71) foi a maior para
a dentição permanente e a média do componente
cariado foi a maior para a dentição decídua (0,84).
Avaliação do índice de placa inicial mostrou uma mediana de 1,83 e final de 1,89, não apresentando diferença estatisticamente significativa entre eles. O índice gengival inicial mostrou uma mediana de 1,45 e
final de 1,29, não apresentando diferença estatisticamente significativa entre eles.
Pode-se concluir que a população avaliada ainda necessita
de grande atenção, uma vez que o componente cariado na
dentição decídua apresentou-se elevado. Observou-se também que o tempo de programa desenvolvido não foi suficien-
te para promover melhorias nas condições de saúde bucal
da população avaliada, sendo necessário estender o programa por um maior período para obter resultados satisfatórios.
11. A formação continuada (pedagógica)
com prática em serviço numa instituição
superior privada: um estudo na
Faculdade de Odontologia de Caruaru
Oliveira, R. C.
A
formação de professores ao longo do tempo vem
sofrendo alterações e adequações de acordo com
o momento histórico experimentado em cada época.
A formação continuada pedagógica (em serviço) vem
sendo uma preocupação das IES nos último anos porque o aumento exagerado da oferta de cursos trouxe
no seu bojo o aumento expressivo de docentes. A
preparação para o magistério superior (art. 66 da
LDB) se dá prioritariamente no mestrado e doutorado, que necessariamente não tratam de formação
pedagógica e quando o faz normalmente se limita a
apenas uma disciplina com carga horária de 60 horas.
Como as Instituições estão promovendo a formação
pedagógica dos seus docentes? A nossa pesquisa, dissertação de Mestrado em Educação, em fase de conclusão, junto à UFPE, com o aporte teórico da pedagogia crítica, trata do modelo de formação
continuada da Faculdade de Odontologia de Caruaru, como essa formação é percebida pelos professores
e pelas professoras? Como ela contempla o exercício
da reflexividade? E como são articulados e compartilhados os diversos saberes docentes? Na metodologia
usamos questionários, entrevistas semi-estruturadas e
observação dos encontros pedagógicos onde ocorre
a Formação Continuada. Para Behrens (2003), a
maior parte do contingente de professores universitários não tem formação pedagógica. Vasconcelos
(2000) acrescenta que o profissional deverá ter formação política e formação pedagógica voltada e construída no seu fazer pedagógico cotidiano. É considerável a produção nacional e internacional sobre o
assunto. Batista, Batista (2002) dizem que a formação
pedagógica do docente da área da saúde tem uma
especificidade que a distingue das outras, por incluir
a intermediação com outro sujeito (o paciente). Carvalho, Simões (2002), analisando artigos publicados,
em periódicos, sobre formação continuada, de 1990
a 1997, e Brzezinski, Garrido (2002), dissertações, no
período de 1992 a 1998, concluem que os trabalhos
tendem a rejeitar a formação continuada como sinô-
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nimo de palestras, cursos e seminários e os cursos de
pequena duração, treinamento advindo de pacotes,
seminários e encontros descontextualizados do cotidiano escolar. Assim, a formação continuada é um
processo, é uma prática social contextualizada. O trabalho de campo vem confirmando os dados existentes
na literatura e apontam também para importância do
compartilhamento dos diversos saberes entre os pares, da importância da reflexividade e da dificuldade
da aprendizagem e percepção dos conteúdos pedagógicos ministrados face ao desconhecimento de pedagogia e didática. Os docentes relatam que a fragmentação dos encontros contribui para a dificuldade
em implementação dos conteúdos pedagógicos trabalhados.
Os resultados até agora indicam que os nossos docentes não
tem formação pedagógica e os encontros pedagógicos semestrais são insuficientes e é necessário que os assuntos dessas
formações sejam significativos para eles.
12. Apoio didático-pedagógico aos
discentes das disciplinas básicas fora de
sala de aula: relato de uma experiência
na Faculdade de Odontologia de Caruaru
Oliveira, R. C.
O
sistema educacional brasileiro experimentou
no último quartel do século XX e no início do
século XXI uma hipertrofia das I.E.S. privadas. Em
2001 tínhamos mais de 2.000.000 de alunos nas escolas particulares. Faculdades e mais Faculdades Privadas estão sendo criadas a cada dia. Em Caruaru, de
1959/60 (ano da criação das Faculdades Mantidas
pela ASCES e pela ADES) até final do século, existiam
apenas 06 cursos superiores. Do final dos anos noventa a 2006 já temos mais de vinte cursos superiores.
Outros estão sendo planejados pelas três entidades
mantenedoras de nossa cidade. Zalbaza (2004), ao
tratar do processo de massificação do ensino superior,
diz que ele já não é mais privilégio social, tornando-se
mais abrangente no sentido horizontal – jovens de
diferentes classes sociais e de diferentes localizações
geográficas – e, também, no sentido vertical – indivíduos de diferentes faixas etárias começam ou continuam seus estudos. Estes alunos – a grande maioria
com 17 anos e até menos –, recém-saídos do Ensino
Médio, necessitam uma melhor orientação acerca de
técnicas de estudo, de pesquisa e de leitura. A ênfase
dos cursinhos e dos colégios do Ensino Médio é na
aprovação no vestibular. O aluno é treinado para ter
um raciocínio rápido para respostas a testes de múl162
tipla escolha. Ao ingressar no curso de Odontologia
é surpreendido com a quantidade de assunto em cada
aula, tendo que recorrer a 2 ou mais livros, revistas
e/ou artigos da Internet para estudar o assunto lecionado em cada encontro. Diante desta realidade,
criou-se um serviço de atendimento aos alunos dos
períodos iniciais (1º a 4º) para atendimento fora de
sala de aula. Os Objetivos Gerais são: Compreender
a importância do estudo fora de sala de aula para o
processo de ensino-aprendizagem; Sensibilizar-se
para a importância da leitura e do estudo para o crescimento pessoal. Os Objetivos Específicos são: Exercitar-se na técnica da leitura e do estudo sendo capaz
de extrair as idéias principais de cada texto e estudo
e produzir sinopses e resumos críticos; Pesquisar palavras desconhecidas em diversas fontes, com uso inclusive da INTERNET; Elaborar horário de estudo
para um perfeito aproveitamento do tempo livre. O
aporte teórico é o da pedagogia crítica procurando
situar o estudo dentro de uma temporalidade e criticidade que permitam não só a reprodução dos conhecimentos, mas também que este conteúdo seja reconstruído a partir dos conhecimentos prévios de cada
aluno. Para isso, os caminhos percorridos são os seguintes: Técnicas científicas de leituras; Estudo Dirigido; Pesquisa bibliográfica; Pesquisa na INTERNET;
Elaboração de Resumos e discussão e debate em pequenos grupos sobre o assunto.
Com suporte didático-metodológico aos alunos ingressantes
na Faculdade, está se conseguindo melhores condições de
aprendizagem.
13. Ergonomia na prática odontológica:
a experiência do Centro Universitário
Newton Paiva
Abreu, M. H. N. G.*, Velloso, F. S. B.
A
equipe de saúde bucal está sujeita à sobrecarga
física em decorrência das exigências posturais
inerentes ao trabalho que executam. A ergonomia
contribui para a prevenção de distúrbios musculoesqueléticos entre estes profissionais. Com a intenção
de criar uma mentalidade preventiva entre os estudantes de odontologia do Centro Universitário
Newton Paiva/Belo Horizonte - MG, estabeleceu-se
uma parceria entre os cursos de odontologia e fisioterapia da instituição. O objetivo do presente trabalho
é apresentar as atividades pedagógicas desenvolvidas
no curso de odontologia a respeito do conteúdo ergonomia na prática odontológica. Além de conteúdo
teórico-prático em ergonomia desenvolvido pelos
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professores do curso de odontologia, os discentes do
projeto de extensão “Ergonomia” e os que cursam a
disciplina curricular Prática Supervisionada VI do
curso de Fisioterapia vêm desenvolvendo atividades
entre os estudantes de odontologia desde o 1º semestre de 2005. São realizadas discussões a respeito de
práticas posturais e adequações do ambiente e da
organização do trabalho em saúde bucal que visam o
bem-estar do profissional a partir do momento que o
estudante ingressa na clínica odontológica, no 4º período. Concomitantemente, os extensionistas e discentes da fisioterapia acompanham os atendimentos
odontológicos, com o intuito de identificar situações
de possível sobrecarga e elaborar propostas de melhorias ergonômicas. Desse acompanhamento, surgem as análises cinesiológicas que permitem direcionar os exercícios terapêuticos. Em seis momentos
durante o semestre, os exercícios são ensinados aos
estudantes de odontologia pelos estudantes de fisioterapia.
As práticas pedagógicas envolvendo o conteúdo ergonomia
no trabalho em saúde bucal contribuem para incutir, no
estudante de odontologia, a mentalidade preventiva quanto à sua saúde profissional e para melhorar a formação do
fisioterapeuta na área de ergonomia.
14. Considerações sobre avaliação
continuada da FOUSP (2001-2005)
Hager, R. R. C.*, Crivello-Junior, O., Araujo, M. E.
A
FOUSP vem efetuando semestralmente avaliações institucionais realizadas pela própria Unidade desde 2001. Estas avaliações, denominadas avaliações continuadas, têm como objetivos avaliar para
melhorar, aperfeiçoar e nunca punir. Entendendo
que a injunção é forte e têm sido ouvidas vozes de
todos os lados envolvidos, dos dirigentes e financiadores, passando pelos participantes dos processos
avaliatórios (sejam eles avaliandos ou avaliados) que,
freqüentemente, duvidam da utilidade de seus resultados, a avaliação tem passado por momentos favoráveis pelo fiel cumprimento de seus objetivos. Avaliar
é criar hierarquia de excelências, é privilegiar um
modo de estar no mundo, definir um modelo. Assim
sendo, estabelecemos analisar questões que, avaliadas
em seu conjunto, poderiam dar uma real imagem da
disciplina. Organização, métodos de ensino, postura
ética do professor, entre outros itens foram perguntados ao final da disciplina sendo solicitado aos alunos
uma nota de 0 a dez. Mostramos aqui o resultado de
8 disciplinas escolhidas aleatoriamente sendo 6 delas
disciplinas clínicas e 2 básicas; três apresentavam metodologias não tradicionais de ensino. Os resultados
mostraram que as disciplinas dão a devida importância ao resultado apresentado por um processo de
avaliação. Isso fica demonstrado pela evolução positiva nos itens mal-avaliados em um primeiro momento e que cuja evolução nos seguintes foi positiva. Na
seqüência histórica, ficam evidentes os cuidados das
disciplinas com seus cursos. Da mesma forma, os alunos também mostraram que aceitam participar deste
processo. Ao surgir dificuldades em alguma disciplina, estas são prontamente apontadas pela avaliação
dos alunos.
A avaliação é parte integrante do processo educacional e,
sendo efetuada com cuidado e seriedade, conta com a efetiva
participação docente e discente e influencia positivamente
nas disciplinas e no curso.
15. Projeto Sala de Espera Saudável: o
ensino através da escuta
Noro, L. R. A.*, Aquino, J. J., Gomes, R. M. M. A.
E
studar em uma universidade para aprender a
tratar pessoas, infelizmente, não é uma tarefa
considerada muito importante, uma vez que, na maioria das vezes, a prática clínica e o desenvolvimento de
procedimentos técnicos são considerados os grandes
elementos a comporem o perfil de um profissional
de saúde. Atualmente, a humanização do atendimento clínico é um dos aspectos mais importantes a ser
incorporado aos projetos pedagógicos dos cursos de
Odontologia visando à busca de elementos ligados ao
comportamento humanista e ético do futuro cirurgião-dentista. Visando incorporar tais princípios, o
presente projeto vem sendo desenvolvido através de
atividades de educação em saúde na sala de espera da
clínica do Curso de Odontologia da Universidade de
Fortaleza, beneficiando o paciente com um tratamento mais humanizado à porta de entrada do atendimento, valorizando a escuta das demandas do usuário
e tendo como grande objetivo possibilitar a diminuição da ansiedade relacionada à ida ao dentista. Para
isto, foram organizados textos, apresentações, cartazes, dramatizações além de, em especial, conversas,
dúvidas e queixas, aprofundando o vínculo e a afetividade entre aluno e paciente. Participação, aqui,
significou as pessoas assumirem o que por direito lhes
pertence e não somente tomar parte em uma ação
“educativa” decidida e conduzida pelos atores tradicionais neste tipo de atividade.
Foi utilizada uma linguagem adequada para orientar e
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descontrair os pacientes e acompanhantes, o que permitiu a
diminuição da ansiedade, o enriquecimento do tempo de
espera com aplicação de temas de interesse da comunidade,
além de contribuir com a capacitação dos alunos atendendo
a demanda dos usuários e aprendendo a superar a timidez,
a insegurança e, de forma singular, permitindo o conhecimento de outros problemas além daqueles relacionados exclusivamente à saúde bucal. É fundamental que iniciativas
que apontam para a interação de forma efetiva com os pacientes, em especial preliminarmente ao tratamento odontológico propriamente dito, sejam realizadas nos serviços de
saúde bucal.
16. Docência na universidade: elementos
para discutir a relação professor-aluno
Justino, L. C. M.*, Moser, D. C., Farhat, E. M.,
Uriarte Neto, M.
A
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI oferece, desde julho de 2001, o programa de formação continuada para docentes do Ensino Superior,
objetivando discutir e repensar os processos de ensinar e aprender, com temáticas atuais inerentes à formação educacional, refletindo os aspectos filosóficos
e teóricos da Instituição. O presente trabalho é parte
de uma pesquisa desenvolvida no programa de formação continuada, cuja intenção foi a de investigar
quais as características significativas de um professor
marcante, identificadas a partir do olhar de acadêmicos e professores. Para tanto, foi aplicado um questionário aos oito Cursos do Centro de Ciências da
Saúde, sendo: 34 do curso de Educação Física, 128
Enfermagem, 05 Farmácia, 29 Fisioterapia, 60 Fonoaudiologia, 33 Medicina, 29 Odontologia, 35 Psicologia, totalizando 353 participantes, no período de 01
a 27 de junho de 2005. A questão elaborada foi: “Você
já teve um professor marcante? Em sua opinião, o que
o tornava um professor marcante?” A questão aplicada trabalhou com três categorias pré-definidas, pessoal em relação a si mesmo, pessoal em relação aos
alunos, profissionais e pessoais, classificação que subsidiou a discussão na relação professor-aluno. O estudo está fundamentado nas contribuições de Castanho
e Vigotski e nos princípios necessários para ser um
professor marcante.
Os dados foram trabalhados utilizando a metodologia qualitativa de base empírica e revelaram diferentes conjuntos de
categorias, destacando que os aspectos didáticos, as características e condutas pessoais interferem nos conhecimentos
necessários e esperados no professor marcante. A pesquisa
também sinalizou pontos importantes a serem considerados
164
na relação professor-aluno, bem como situações e posturas que
se destacam de forma negativa no professor marcante. A pesquisa aponta para uma nova postura pedagógica que compreenda os problemas da aprendizagem e o ensino centrado
no aprender, entendendo que vivemos um momento de ressignificação do processo de ensinar e aprender.
17. O aprender na universidade: o aluno
elaborando conceitos
Justino, L. C. M.*, Gonçalves, L., Bresolin, J. R.,
Terçariol, D.
A
recente preocupação da universidade quanto ao
que ocorre nos ambientes de sala de aula, principalmente na relação professor-aluno-conhecimento, tem desencadeado pesquisas e discussões sobre
questões como o repensar das práticas pedagógicas,
as diferentes estratégias necessárias para o atual processo de ensinar e aprender e em especial como o
jovem e o adulto desenvolvem a aprendizagem, que
mecanismos desencadeiam para efetivar a compreensão do aprender. Buscando elementos para discutir
e elucidar essas questões complexas e conflituosas a
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI oferece
aos docentes do Ensino Superior, desde julho de
2001, o programa de Formação Continuada, objetivando discutir e repensar os processos de ensinar e
aprender, com temáticas atuais inerentes a formação
educacional. O presente resumo é parte de uma pesquisa desenvolvida no programa de formação continuada, cuja intenção foi a de investigar o aprender
na universidade identificado a partir do olhar dos
acadêmicos. Para tanto foi aplicado um questionário
aos alunos dos Cursos do Centro de Ciências da Saúde, sendo: 54 no curso de Educação Física, 101 Enfermagem, 76 Farmácia, 48 Fisioterapia, 25 Fonoaudiologia, 108 Medicina, 194 Odontologia, 75
Psicologia, totalizando 681 participantes, no período
de novembro de 2005 a fevereiro de 2006. O Curso
de Odontologia teve a amostra mais representativa
do grupo, considerando o número total de 319 alunos
matriculados no curso, evidenciando um percentual
de 28,5%. A questão elaborada foi: Para aprender as
pessoas se valem das mais diferentes estratégias: uns
mobilizam a audição, para outras é mais importante
a visão, ao passo que outros precisam fazer alguma
coisa para aprender. E quanto a você? Pense no modo
como se processa o aprendizado com você e procure
descrevê-lo. A questão aplicada trabalhou com seis
categorias predefinidas, fazer/praticar, ler associado
ao escrever, ouvir, visualizar, pesquisar e várias ativi-
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dades combinadas, emergidas através das respostas
dos alunos. O estudo está fundamentado nas contribuições de Vigotski e na forma como os sujeitos são
capazes de elaborar conceitos, lidar com problemas
e se defrontar com dilemas da vida prática.
Os dados foram analisados utilizando a metodologia qualitativa de base empírica e revelaram diferentes formas de
elaborar a aprendizagem, destacando que as categorias fazer/praticar e as várias atividades combinadas facilitam e
tornam a aprendizagem significativa para os alunos pesquisados. A pesquisa aponta para o repensar de estratégias
que garantam uma prática pedagógica mais efetiva, a partir de uma postura docente que considere as diferentes formas
de aprendizagem, entendendo que vivemos um momento de
reavaliação dos processos de ensinar e aprender, na qual
não podemos mais trabalhar com a deformada concepção de
que: “O professor ensinou, se o aluno não aprendeu...”.
18. Aprendizado baseado em resolução
de problemas e estilos de aprendizagem
Cardoso, S. V.*, Panzeri H., Lima, A. I. A. O.,
Razaboni, A. M.
E
sta pesquisa de campo realizada em 2005, em
uma universidade particular do Oeste Paulista,
no curso de Odontologia, objetivou o levantamento
dos estilos de aprendizagem de todos os alunos dos
referidos períodos sob a luz da teoria de David Kolb.
Foi usado como instrumento de Pesquisa o Inventário
de Kolb aplicado aos sujeitos do 1º e 2º Períodos do
Curso, totalizando 143 alunos. O resultado ofereceu
aos pesquisadores e professores subsídios para a aplicação correta das técnicas pedagógicas correspondentes aos estilos identificados, propiciando uma
melhoria do ensino e da aprendizagem do aluno.
Ofereceu a possibilidade dos alunos se conscientizarem de suas preferências relacionadas aos seus Estilos
de Aprendizagem e propiciar aos docentes do Curso
de Odontologia uma reflexão sobre a temática de
Estilos de Aprendizagem discentes. Objetivou-se, também, buscar caminhos e possíveis respostas às dificuldades próprias da inserção de um novo projeto pedagógico de modo a permitir aos professores e alunos,
conjuntamente, operacionalizarem as metas do Curso e estabelecerem trajetórias que possibilitem superar dificuldades inerentes ao processo ensino-aprendizagem.
Não temos a intenção de superestimar a questão dos Estilos
de Aprendizagem sobre o processo ensino-aprendizagem, em
detrimento de outros aspectos igualmente importantes. Acreditamos, porém, que a educação deva se preocupar não so-
mente com a aquisição do conhecimento, mas também com
o modo de pensar e de aprender dos estudantes. Como mencionado anteriormente neste trabalho, consideramos importante reafirmar que, conforme as concepções educativas a
que nos referimos, o conceito de Estilo de Aprendizagem deve
incidir nas diferenças qualitativas das formas de aprendizado, não importando-nos as diferenças quantitativas de
aprendizagem. Foi nesta perspectiva que a nossa pesquisa
transcorreu ao identificarmos os estilos de aprendizagem
discentes. Por outro lado, não podemos ignorar a complexidade do processo ensino-aprendizagem e tentar demonstrar
apenas uma simples relação de causa e efeito entre o Estilo
de Aprendizagem dos alunos e o Estilo de Ensino do Professor.
19. Sistematização das ações clínicas de
saúde bucal na Secretaria de Saúde de
Sobral - Ceará
Noro, L. R. A.*, Oliveira, A. G. R. C., Mendes
Júnior, F. I. R.
A
s ações clínicas individuais são as principais atividades desenvolvidas durante a maior parte do
tempo pelos cirurgiões-dentistas formados na grande
maioria dos cursos de Odontologia do Brasil. Apesar
disto, grande parte dos serviços públicos de saúde
apresenta dificuldades na implantação de estratégias
de saúde bucal que proporcionem uma assistência
odontológica universal e de qualidade. O presente
projeto foi desenvolvido com cirurgiões-dentistas participantes da Residência em Saúde da Família realizada pela Escola de Saúde Pública Visconde de Sabóya, orientada pela proposta de educação
permanente, visando formular uma proposta para
desenvolvimento destas ações nas Unidades de Saúde
do município de Sobral – Ceará. A proposta foi identificar o modelo de assistência odontológica praticado pelas equipes de saúde bucal nestes espaços e, a
partir de uma análise crítica sobre a forma como o
tratamento odontológico estava sendo desenvolvido,
definir uma sistematização dos procedimentos que
deveriam constituir as linhas gerais visando um aumento da cobertura em saúde bucal. A discussão entre os participantes foi orientada através da formulação de um roteiro apontando as principais dificul
dades vivenciadas pelas equipes de saúde bucal e as
possíveis soluções, visando aprofundamento teórico
sobre as principais possibilidades de solução do problema observado. Este roteiro procurou estabelecer
a atividade a ser realizada, a forma como a mesma
deveria ser executada e a definição dos recursos hu-
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manos que deveriam ser os responsáveis por esta realização.
A proposta final constituiu-se de três grandes eixos: humanização do atendimento, resolutividade dos casos e organização da demanda. Em relação a humanização do atendimento as principais estratégias estariam relacionadas ao
agendamento por horário, ao acolhimento e a participação
da família na consulta. Já a resolutividade dos casos deveria ser alcançada através da adequação do meio bucal,
atendimento odontológico por hemi-arcada e organização
do sistema de referência e contra-referência. Quanto a organização da demanda, optou-se por priorizar o atendimento
de crianças, gestantes e idosos, através da equipe de saúde
da família. É fundamental a participação de toda a equipe
de saúde para definir as ações a serem realizadas, permitindo efetivo vínculo com a população assim como valorizar o
seu papel de formulador de projetos e não simples executores.
20. Parceria CEO/LRPD – Faculdade de
Odontologia de Caruaru. Integração
entre ensino e prestação de serviços às
comunidades do agreste pernambucano
no combate ao câncer de boca
Silva Filho, J. M.*, Rodrigues, R. A., Martelli, P. J. L.,
Souza, R. S. V.
C
ontabilizando mais de 35.000 atendimentos desde sua criação, o projeto de extensão Asa Branca, pertencente à Faculdade de Odontologia de Caruaru permanece como importante agente na luta
contra o avanço do câncer de boca em todo o interior
do estado de Pernambuco. Ao lado do câncer de boca,
a ausência de dentes é um dos mais graves problemas
da saúde bucal. Hoje 75% dos idosos são desdentados
e entre os adultos com idade de 30 a 44 anos esse
índice é de 30% estimando-se que 8 milhões de pessoas precisam de prótese dentária no Brasil (SB Brasil). Com intuito de conter o avanço do edentulismo
no país, o governo federal criou os Centros de Especialidades Odontológicas, que são unidades de saúde
participantes do Cadastro nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES destinadas a prestar serviço
odontológico especializado por áreas de atuação funcionando por meio de parceria entre estados, municípios e o governo federal (Ministério da Saúde).
Além da implantação de CEOs, há também a implantação de Laboratórios Regionais de Prótese Dentária – LRPD – que são unidades próprias do município
ou unidades terceirizadas credenciadas para confecção de próteses totais ou próteses parciais removíveis.
166
De acordo com a portaria 87 de 16/01/2006 (DOU –
seção 1 página 58), em fevereiro de 2006, a cidade de
Caruaru – PE despontou mais uma vez no cenário
nacional através da parceria ASCES/Secretaria Municipal de Saúde com a implantação de um CEO/
LRPD, que proporciona à comunidade do agreste
pernambucano atendimento especializado, acompanhado por professores especialistas garantindo próteses confeccionadas dentro dos parâmetros ideais
necessários para o restabelecimento das funções e
estéticas perdidas. Esta parceria garante ao aluno de
graduação aprofundamento no conhecimento pertinente à confecção de próteses totais, recebendo
orientação dos professores da disciplina de prótese
total. Para a comunidade, a parceria representa sucesso no tratamento e remissão de possíveis lesões
decorrentes de tratamentos anteriores inadequados,
além de agilidade na confecção da peça protética,
visto que a quantidade de alunos inscritos no programa agiliza a entrega da prótese. A parceria ASCES - CEO/LRPD (Secretaria Municipal de Saúde)
representa um marco no ensino odontológico de graduação, pois proporciona ensino de qualidade aliado
à prestação de serviços à comunidade do agreste de
Pernambuco.
Diante do exposto, pode-se concluir que a parceria entre a
Faculdade de Odontologia de Caruaru e a Secretaria Municipal de Saúde, através da implantação do CEO/LRPD,
muito contribuirá para a redução dos índices de câncer de
boca, além de proporcionar o desenvolvimento técnico-científico dos alunos da entidade.
21. Utilização de vídeos como auxiliar
no processo ensino-aprendizagem
da disciplina de anatomia dental e
escultura
Pinheiro, P. M. M.*, Pinheiro, P. P. S.
A
disciplina de Anatomia Dental pode ser considerada como um dos alicerces para todas as disciplinas clínicas do curso de Odontologia. A maneira
como é inserida na estrutura curricular é variável: em
conjunto com Anatomia Geral nas disciplinas anuais;
ou separadamente, em disciplinas semestrais, podendo incluir a escultura dental. A escultura dental é um
método auxiliar no estudo das características anatômicas, com a grande vantagem de desenvolver e aumentar a destreza manual dos acadêmicos no início
do curso, preparando-os para a aquisição de habilidades cada vez mais complexas no decorrer do Curso.
Este trabalho tem o objetivo de mostrar uma meto-
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dologia de ensino utilizada na disciplina de Anatomia
Dental e Escultura do Curso de Odontologia da
FAHESA – ITPAC, que utiliza a projeção em vídeo da
seqüência da escultura de dentes permanentes em
cera odontológica. Devido ao número de alunos por
professor nas atividades de laboratório e ao tamanho
natural das esculturas, a visualização dos detalhes anatômicos e etapas da escultura torna-se difícil. Portanto, a projeção em vídeo potencializa o processo ensino-aprendizagem, superando os esquemas na lousa
ou em papel porque acrescenta movimento à seqüência de escultura, além de facilitar a reapresentação da
aula.
Com base na experiência didática com o uso desta metodologia de ensino alternativa, concluiu-se que a utilização de
vídeos demonstrativos das fases da escultura de dentes permanentes em cera odontológica durante as aulas teóricas e
práticas aumenta a qualidade do trabalho prático bem como
a memorização dos detalhes anatômicos característicos de
cada elemento dental.
22. Instrumento de avaliação do
desempenho psicomotor em atividades
laboratoriais de prótese fixa
Cruz, J. F. W.*, Coelho Junior, G. S., Cruz, R. C. W.
O
ensino das práticas laboratoriais nos cursos de
Odontologia baseia-se na percepção de conceitos teóricos apreendidos, direcionando uma ação
motora associada a controle de movimentos específicos, visando o desempenho de técnicas pré-formuladas. Dentro dos três domínios da avaliação, a análise
psicomotora, por referir-se a aspectos práticos das
habilidades individuais e capacidade de desenvolvimento na área específica de aprendizagem, requer
instrumentos que capacitem o professor à observação
e avaliação. A psicomotricidade reflete um estado da
vontade, que corresponde à execução de movimentos
voluntários ou involuntários. Os atos voluntários estão relacionados dependendo da inteligência e do
afeto. O ato volitivo envolve quatro etapas, a intenção
ou propósito, a deliberação, onde ponderamos os
motivos e as razões intelectuais, a decisão (começo da
ação), e a execução. Psicomotricidade, portanto, é
um termo aplicado para a concepção de movimento
organizado e integrado, em função de experiências
vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, linguagem e socialização. Avaliar a habilidade psicomotora do aluno aferindo nota ao preparo cavitário demanda do orientador consciência
crítica e capacidade de reprodutibilidade da análise;
e a forma de mostrar ao avaliado possíveis falhas suscita dúvidas, gera conflitos, e muitas vezes não consegue alcançar o objetivo. Dessa forma foi proposta uma
ficha de avaliação da atividade psicomotora, onde dez
itens dos preparos cavitários são listados: lisura de
corte, inclinações das paredes, anatomia/características, profundidade do desgaste, término/adaptação,
ângulos, conicidade, limite do preparo, caixas/sulcos/canaletas e bisel. Os itens foram discutidos com
os professores da disciplina de Prótese Fixa I da Faculdade de Odontologia da UFBA, sendo elaborados
critérios a serem seguidos por todos para avaliar os
trabalhos, com pontuação de 0,1 a 1,0. Este instrumento vem sendo aplicado na disciplina desde o semestre letivo 2000.1 até o atual. Foi criada a “Recuperação de Competência”, momento pedagógico,
onde alunos que não alcançaram o desenvolvimento
psicomotor necessário para obterem aprovação têm
oportunidade de realizar novamente as atividades.
Vale salientar que o aluno não está sendo penalizado,
pois poderá alcançar a nota máxima da avaliação.
Propomos esta atividade por acreditar que cada aluno tem
o seu momento de aprendizado e que esta situação deve ser
valorizada. No semestre letivo posterior ao da disciplina, os
alunos foram convidados a responder questionário sobre a
validade desta ficha.
23. Novas práticas pedagógicas no
ensino da Cariologia
Azevedo, T. D. P. L.*, Bezerra, A. C. B.
D
e acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Odontologia, os
conteúdos curriculares essenciais devem estar relacionados com todo o processo saúde-doença do cidadão,
da família e da comunidade, integrando à realidade
epidemiológica e profissional. Dentre as capacidades
específicas que devem resultar da formação estão
aquelas necessárias para identificar as afecções bucomaxilofaciais prevalentes, desenvolver o raciocínio
lógico e a análise crítica dos alunos na conduta clínica (Resolução CNE-CES 3-2002- DCN). Desta forma,
a inclusão da disciplina de Cariologia na área de Propedêutica Clínica permite a análise e compreensão
dos fatores etiológicos envolvidos na doença cárie,
assim como dos meios de prevenção, corroborando
com as DCNs. No ajuste curricular realizado pela
UCB, esta disciplina foi incluída no 3º período. Para
sua implementação, buscou-se a diversificação de recursos e cenários para a obtenção de uma aprendizagem cooperativa com participação ativa dos alunos.
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Este trabalho objetivou relatar a experiência da construção de conhecimentos de forma cooperativa na
disciplina de Cariologia da UCB-DF, por meio de práticas pedagógicas participativas conforme preconizam as DCNs. A metodologia abrangeu estudo de
casos, estudo em grupos, estudo dirigido e atividades
clínicas com confecção de relatórios. A abordagem
destas estratégias centradas no aluno, com utilização
da problematização da realidade permitiu a união de
3 fatores: construção conceitual, experiência de campo e reflexão dos dados por meio dos relatórios confeccionados. Além disso foi possível a integração entre os conhecimentos de anatomia, histologia,
bioquímica e microbiologia valorizando a ênfase multidisciplinar e a integração com a área básica.
A metodologia proposta apresentou boa aceitação, grande
motivação, principalmente pelas atividades em clínica.
Pode-se considerar uma experiência válida frente às novas
mudanças na educação do ensino superior.
24. Avaliação do conhecimento de
acadêmicos de odontologia sobre
doação e guarda de órgãos dentários
Sales-Peres, S. H. C.*, Garcia, M. D.,
Marsicano, J. A., Sales-Peres, A.
O
conhecimento é o principal fator de inovação
disponível ao ser humano. Não é constituído de
verdades estáticas, mas de um processo dinâmico que
acompanha a vida humana. Embora este conhecimento não seja produzido necessariamente na universidade, é dela que se originam trabalhos produzindo ciência e tecnologia. A incorporação e a
inter-relação entre métodos didáticos e pedagógicos,
áreas práticas e vivências devem incluir a valorização
de preceitos morais, éticos e legais. Neste estudo, procurou-se identificar o conhecimento dos acadêmicos
de graduação de Odontologia, de uma instituição
pública, sobre os métodos adotados para doação e
guarda de órgãos dentários. Foram pesquisados 113
sujeitos, sendo utilizado como instrumento de coleta
de dados um questionário, contendo perguntas fechadas sobre informações dos cuidados quanto ao
uso, guarda e doação de órgãos dentários. Os resultados mostraram que o ensino de odontologia requer
o uso de órgãos dentários em atividades laboratoriais
e de pesquisa, sendo que a grande maioria dos entrevistados afirmou já ter utilizado órgão dentário na
faculdade. A aquisição de órgãos dentários é uma
prática adotada pelos acadêmicos, haja vista doação
por parte de outros acadêmicos e de profissionais.
168
Referente à guarda, foi relatada doação para o próprio paciente, graduandos e pós-graduandos e descarte em lixo especial. Em relação ao acondicionamento de órgãos dentários parece não haver uma
concordância entre as respostas apresentadas, por
parte dos sujeitos da pesquisa.
Há a necessidade de uniformização de critérios tanto para
guarda como para doação de órgãos dentários, caracterizando como processo capaz de contribuir para a reorganização das concepções dentro dos princípios bioéticos.
25. Curso de formação de técnico em
higiene dentária etesppe/asces: uma
parceria público-privada
Silva Filho, J. M.*, Galindo, R. M., Leal, D. P.,
Carneiro, S. M.
T
em havido grande redução nos níveis de cárie
dentária no Brasil, conforme levantamento epidemiológico (1996) do Ministério da Saúde. Tal fato
deve-se principalmente à fluoretação da água de abastecimento e descentralização do sistema de saúde,
onde estados e municípios intensificaram ações preventivas. Uma nova mudança epidemiológica das doenças bucais só ocorrerá com a inclusão do trabalho
em equipe onde dentista, atendente de consultório
dentário (ACD) e técnico em higiene dental (THD)
devem objetivar a promoção e manutenção da saúde
da população. O Programa de Saúde da Família busca a vigilância à saúde com ações individuais e coletivas voltadas à prevenção e tratamento das doenças.
Tais ações levaram a uma demanda na oferta de postos de trabalho ao ACD e ao THD. Para o exercício
profissional de ACD ou THD é preciso habilitação e
inscrição no Conselho de Odontologia, isto vem gerando carência de mão-de-obra qualificada. Diante
desta carência a Escola de Saúde Pública de Pernambuco (ETESPPE), em parceria com a Faculdade de
Odontologia de Caruaru (FOC), vem ofertando o
curso de habilitação em ACD e THD desde agosto/2005. Para tal utiliza-se o currículo integrado voltado às responsabilidades, competências e habilidades do ACD e do THD, incluindo a área básica em
saúde, fundamentos de assistência odontológica e
assistência específica. O método adotado no curso é
o da problematização, que tem o aluno como transformador do ambiente e de sua prática de trabalho.
Todos os docentes fizeram capacitação pedagógica
com carga horária de 80 horas, a fim de utilizarem
melhor o currículo integrado e entendimento do processo ensino/aprendizagem. A avaliação é contínua,
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baseando-se nas funções diagnóstica e formativa de
cada aluno. Nesta parceria entre a ETESPPE e a FOC
foram mobilizadas também as prefeituras envolvidas
no projeto, onde cada parte tem um papel específico.
A ETESPPE oferece corpo docente e aporte financeiro; a FOC disponibiliza todas as instalações; às prefeituras cabe o transporte, todo o material e instrumental necessários às aulas práticas e os locais onde o
estágio supervisionado dos alunos ocorrerá. São trinta alunos, vindos de nove municípios: Caruaru, Taquaritinga do Norte, Vitória de Santo Antão, São
Caetano, Bonito, Cortês, Limoeiro, Nazaré da Mata
e Panelas. O curso é dividido em três módulos: atendente de consultório dentário (módulo I), desenvolvimento de ações intrabucais (módulo II) e educação
em saúde (módulo III). Ao final do módulo I, os alunos saem capacitados como ACD. Em cada módulo
os alunos têm momentos de concentração, onde se
reúnem em um espaço físico e momentos de dispersão em seu ambiente de trabalho, onde realizam atividades programadas e supervisionadas.
É possível uma parceria envolvendo serviço público e instituições de ensino superior privadas objetivando a melhoria
da qualidade de atendimento à saúde da população.
26. Banco de Dentes Humanos da
Faculdade de Odontologia de Caruaru
Silva Filho, J. M.*, Carneiro, S. M., Galindo, R. M.
O
Banco de Dentes Humanos (BDH) consiste em
uma instituição sem fins lucrativos, vinculada a
uma Faculdade de Odontologia, visando oficializar a
doação e o emprego desses órgãos humanos em pesquisas, fins didáticos e procedimentos reabilitadores,
evitando desta forma a comercialização dos mesmos.
Como órgão do corpo humano, o dente está submetido à Lei de Transplantes Brasileira (Lei 9.434 de 04
de fevereiro de 1997), que prevê uma pena de 3 (três)
a 8 (oito) anos de reclusão, além de multa para quem
remover post-mortem órgãos, tecidos ou partes do corpo humano de pessoas não identificadas. Para tanto
se faz necessário garantir um tratamento respeitoso
ao órgão doado através da obtenção do consentimento livre e esclarecido do doador, de seus familiares e
do receptor do órgão. Serão consideradas neste trabalho três situações em que a doação de dentes humanos ocorreria: doação de dentes decíduos esfoliados, de dentes decíduos ou permanentes extraídos e
a doação de dentes decíduos ou permanentes de cadáveres. Além do combate à comercialização, a criação de um banco de dentes objetiva minimizar a trans-
missão de doenças provenientes de dentes conta
minados, evitando infecções cruzadas no manuseio
destes materiais através da correta descontaminação
e armazenamento destes órgãos. A finalidade deste
trabalho é a criação de um banco de dentes humanos
na Faculdade de Odontologia de Caruaru a fim de
subsidiar o fornecimento desses órgãos a seus alunos,
professores e pesquisadores dentro dos padrões éticos e bioéticos. As fontes de arrecadação serão as mais
variadas, dentre estas: Clínicas Particulares, Postos de
Saúde, Clínicas da Faculdade de Odontologia de Caruaru/SCES, Hospitais Públicos, graduandos, pesquisadores e a população em geral. Será dada prioridade
à legalidade da origem dos dentes, para tanto a Coordenação Geral do BDH da FOC/SCES instruirá as
citadas fontes de origem sobre a necessidade da solicitação e assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, onde os pacientes antes da(s)
exodontia(s) deverão ser informados sobre o destino
deste órgão e a sua finalidade, sendo anteriormente
questionados se aceitam fazer a doação dos mesmos.
Uma outra fonte de arrecadação seria aquela proveniente de cirurgiões-dentistas que possuem dentes de
coleções particulares. Nestes casos, será utilizado o
Termo de Doação de Dentes Humanos para Cirurgiões-Dentistas, onde o profissional doará dentes que
estiverem estocados em seus consultórios, responsabilizando-se pela sua origem. Existe ainda uma terceira fonte de arrecadação de dentes humanos, a qual
seria representada pela população em geral que possui dentes em casa, e que teria a intenção de doá-los.
Para este fim, seria empregado o Termo de Doação
de Dentes Humanos.
A criação de um banco de dentes humanos em uma instituição de ensino, além de fornecer material de uma forma
ética para pesquisas, tem a vantagem de eliminar o comércio
de elementos dentários existente atualmente.
27. A construção pedagógica do docente
de odontologia em formação
Azevedo, A. M. O.*, Masetto, M. T.
O
presente trabalho é parte integrante de uma
pesquisa de doutorado em andamento, que tem
como objetivo avaliar a formação dos professores de
Odontologia nos Cursos de Mestrado e verificar de
que maneira esses cursos estão preocupados com a
formação pedagógica e também se apresentam inovações curriculares nesse campo. Estão os Cursos de
Mestrado em Odontologia atendendo as normas da
LDB que preconiza tanto uma formação para a pes-
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quisa como uma formação pedagógica? A metodologia adotada consistiu de levantamento dos Cursos de
Mestrado em Odontologia que apresentam qualificação da CAPES igual ou superior a cinco (CAPES,
2003). Segundo esse critério, foram identificados 22
Cursos de Mestrado em Odontologia. A análise preliminar revelou que os currículos avaliados adotam
apenas a inclusão de uma disciplina na área pedagógica, privilegiam uma concepção positivista de Odontologia, uma formação tradicional e especialista do
docente, voltada quase que exclusivamente para a
formação do professor pesquisador. Isso nos coloca
a necessidade de (re)significação da prática pedagógica para nortear a formação do docente de ensino
superior. Foram realizados entrevistas semi-estruturadas e questionários com os coordenadores de alguns
Cursos de Mestrado em Odontologia. A partir da reflexão desses docentes, do embasamento teórico sobre currículo e do estudo de outros modelos curriculares que apresentam inovação, pretendo apresentar
uma proposta curricular de Mestrado que capacite o
docente de Odontologia frente à exigência da formação em relação aos termos legais, para exercer a docência de acordo com as normas das diretrizes curriculares da graduação e as exigências do mundo
contemporâneo.
Concluimos até presente momento, que os currículos de Mestrado em Odontologia avaliados não privilegiam a formação pedagógica, e sim a formação do docente pesquisador,
incluem geralmente uma disciplina didático-pedagógica
desconectada com as demais e não apresentam inovações
curriculares nesse campo.
28. Pró-saúde: estratégias de
operacionalização da 1ª oficina dos
cursos de odontologia e medicina
da Universidade Estadual de Montes
Claros - Unimontes
Brito-Júnior, M.*, Costa, S. M., Silva, J. M.,
Martelli-Júnior, H.
T
radicionalmente os projetos políticos pedagógicos dos cursos da área de saúde têm privilegiado
a formação do aluno centrada no biologismo e na
concepção tecnicista. Sob este enfoque, que omite a
visão integrada de saúde, o futuro profissional distancia das reais demandas da população. O advento do
Programa Nacional de Reorientação da Formação de
Profissionais da Saúde – Pró-Saúde, iniciativa dos Ministérios da Saúde e Educação, trouxe nova perspectiva para transformação do cenário atual, ao propor
170
um redirecionamento no processo ensino-aprendizagem nos cursos de enfermagem, medicina e odontologia. Neste contexto, a Universidade Estadual de
Montes Claros, Unimontes, por meio dos cursos de
odontologia e medicina, participantes do Pró-Saúde,
busca intensificar a discussão das principais metas do
programa. O objetivo deste trabalho é relatar as estratégias de operacionalização da 1ª Oficina Pró-SaúdeUnimontes, ocorrida no dia 25/04/06 que contou
com a presença de cerca de 260 participantes, representantes de diferentes segmentos de atuação na área
da saúde (discentes, docentes, funcionários técnicoadministrativos, alunos do programa de residência
para cirurgiões-dentistas e enfermeiros, cirurgiõesdentistas e médicos da rede municipal de saúde). A
construção da oficina ocorreu seguindo diferentes
etapas: 1) reunião de grupo - professores e alunos para discussão da proposta e meios de operacionalização da mesma; 2) elaboração de “folder” informativo para ser distribuído para acadêmicos, docentes e
funcionários dos cursos de odontologia e medicina
bem como para profissionais da rede SUS; 3) reuniões
com professores, acadêmicos e funcionários da IES
para sensibilização da proposta do Pró-saúde; 4) convite a um consultor do Ministério da Saúde para explanação da temática; 5) elaboração de questões a
serem trabalhadas na oficina pelos grupos abordando
a integração do ensino-serviço e inserção das áreas
especializadas em currículo integrado; 6) seleção de
textos de apoio para os grupos como referencial teórico acerca da integração ensino-serviço, Pró-Saúde e
mudanças de paradigmas na saúde; 7) organização e
realização dos trabalhos dos grupos utilizando o critério de incluir em cada um deles diferentes atores
sociais envolvidos no processo; 8) apresentação e discussão em plenária dos resultados de cada grupo; 9)
elaboração, na oficina, da primeira versão do relatório
final e 10) revisão e consolidação do relatório final.
Estas estratégias de operacionalização propiciaram participação dos atores ligados a IES e do serviço municipal de
saúde, possibilitando construção coletiva de propostas com
vistas a repensar e redirecionar o ensino da odontologia e
medicina na Unimontes.
29. Atuação preventiva em ortodontia:
uma experiência em nível de extensão
Valença, A. M. G.*, Portela, G. S., Pires, L. B.
A
tividades de extensão se constituem em um espaço estratégico para a formação dos graduandos de odontologia, contribuindo para que estes re-
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cursos humanos possuam sensibilidade social,
mediante a aproximação com a realidade da população. Em adição, por ser a prevenção em Odontologia
o método mais eficaz no controle de afecções bucais
e promoção de saúde, evitar que maloclusões se instalem, atuando em alguns dos seus principais fatores
etiológicos, torna-se uma medida capaz de contribuir
para a melhoria da saúde bucal da população a ser
beneficiada. Neste sentido, as creches/escolas passam
a ser um espaço privilegiado para tal atuação pois, na
grande maioria delas, a criança ali permanece em
tempo integral, estando na faixa etária ideal para se
atuar preventivamente. Constata-se que, em nosso
país, o acesso da população ao tratamento ortodôntico é restrito a poucos serviços de assistência pública,
os quais se caracterizam por apresentarem baixa cobertura e pouca resolutividade. Portanto, prevenir
que maloclusões se instalem se constitui numa medida capaz de contribuir para a melhoria da saúde bucal
nas fases de dentadura decídua e mista. O presente
trabalho objetivou descrever um projeto que atua
prevenindo a ocorrência de maloclusões em escolares
da Escola Municipal David Trindade (João Pessoa/
PB), proporcionando que graduandos em Odontologia da UFPB desenvolvam ações voltadas para tal atuação, a partir do diagnóstico da realidade encontrada.
Para tanto, ao longo dos três anos de execução do
projeto, tem sido realizado o levantamento anual das
necessidades das crianças de 5 a 12 anos, analisandose a prevalência de maloclusões entre os escolares,
identificando aqueles com necessidade de manutenção de espaço e portadores de hábitos de sucção. São
desenvolvidas atividades educativas com os escolares
que, na dependência da faixa etária, são executadas
com auxílio de fantoches, álbum seriado, diapositivos, dentre outros recursos audiovisuais nas quais são
abordadas, dentre outros aspectos, as causas de maloclusão. Nos casos em que é diagnosticada perda
precoce de elementos decíduos se realiza o planejamento, por meio de radiografias e modelos de estudo.
Da mesma forma, quando há indicação de extração
de elementos dentários decíduos, caracterizando situação de perda precoce de elementos decíduos, são
instalados aparelhos mantenedores de espaço, havendo a avaliação periódica dos pacientes que utilizam
estes dispositivos. Na perspectiva de embasar as atividades desenvolvidas pelas extensionistas, são realizadas discussões semanais de textos científicos.
Constatou-se que as medidas implementadas foram eficazes,
tendo sido concluído o tratamento de 25% dos escolares que
necessitam de manutenção de espaço, sendo satisfatória a
receptividade do projeto por parte das crianças, seus responsáveis e docentes, bem como a capacitação dos extensionistas
na realização de manobras ortodônticas preventivas, as
quais podem ser executadas em nível de atenção básica.
30. Novos recursos nas aulas
laboratoriais de Odontologia
Miguel, L. C. M.*, Schubert, E. W., Schein, M. T.,
Madeira, L.
O
aprendizado clássico em odontologia está fundamentado na transmissão do conhecimento
teórico em salas de aula, seguido por atividades práticas realizadas em manequins/laboratórios, onde
são executados os procedimentos descritos teoricamente, precedendo o atendimento clínico-curativo
de pacientes pelo acadêmico. A fim de que o objetivo
simulador seja alcançado o mais plenamente possível,
a utilização – em laboratório – de meios que melhor
caracterizem a situação real é fundamental. Neste
sentido os dentes artificiais utilizados além de possuírem tamanhos e características semelhantes ao real,
devem reproduzir ao máximo a consistência dental.
A utilização de máscaras de borracha que simulem
lábios e bochechas capacita o acadêmico ao correto
posicionamento e dimensionamento do isolamento
absoluto; a instalação deste conjunto em uma cabeça
e corpo de manequim permite o desenvolvimento de
uma postura mais ergonômica, reduzindo erros posturais dos futuros profissionais. A disponibilização das
canetas de alta e baixa rotação além da seringa tríplice, tais quais as do equipo, acelera o desenvolvimento
posterior das atividades clínicas uma vez que já existe
a percepção espacial e funcional destes instrumentos.
Em outro sentido, outra dificuldade na execução das
atividades laboratoriais é demonstrar aos acadêmicos
por meio de esquemas bidimensionais uma tarefa a
ser realizada tridimensionalmente, e que deverá ser
realizada com brocas sobre dentes. Para tanto, com
o recurso de câmeras filmadoras digitais, pode-se realizar passo a passo as etapas da atividade sugerida,
com o acompanhamento em tempo real pelos alunos,
acompanhado pela orientação verbal do professor
orientador que destaca os pontos relevantes do procedimento. Permite-se assim o esclarecimento de
eventuais dúvidas antes e durante a execução da etapa demonstrada, não só a um aluno, mas a todos os
presentes – alunos e professores – reduzindo tanto a
repetição individualizada da orientação como as diferenciadas orientações dos professores. Executada a
etapa proposta dá-se seqüência ao procedimento pro-
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posto, mantendo-se todo o grupo em atividades semelhantes. A disciplina de Dentística introduziu na
UNIVILLE aulas contextualizadas associado ao recurso da câmera filmadora digital, favorecendo o aprendizado acadêmico nos procedimentos pré-clínicos.
Esta nova abordagem no ensino prático mostra-se eficaz,
reduzindo o tempo de execução das atividades, facilitando
o processo de ensino-aprendizagem, traduzindo-se em um
melhor aproveitamento e rendimento do acadêmico, além de
melhorar substancialmente os resultados qualitativos dos
procedimentos executados.
31. Material didático-pedagógico em
saúde bucal para cursos de Agentes
Comunitários de Saúde (ACS): uma visão
multiprofissional
Goya, S.*, Sant’Anna, R. M. F., Peres, S. H. C. S.,
Bastos, J. R. M.
A
educação em saúde é uma das ações mais importantes na prática odontológica, podendo contribuir para a preservação/promoção da saúde do paciente na medida em que trabalha na construção
coletiva dos novos conceitos e tecnologias. As ESF
(Equipes de Saúde da Família) se reúnem para trocar
informações, discussão de casos e soluções para problemas de sua área de abrangência. Objetivou-se com
esse trabalho elaborar material didático para o ACS,
capacitar a equipe para os cuidados em saúde bucal,
bem como estimular o autocuidado nos profissionais
de saúde. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) tem
como competência servir de ligação entre a comunidade e os profissionais de saúde através da promoção
e proteção da saúde e da educação através do autocuidado. Acredita-se que os agentes por serem pessoas da comunidade, não só se assemelham nas características e anseios deste povo, como também
preenchem lacunas, justamente por conhecerem as
necessidades desta população. Com esse enfoque procedeu-se a elaboração de material didático-pedagógico (manual do ACS, protocolo para visitas domiciliares e palestras) e de oficinas para discutir dúvidas
sobre os assuntos propostos: Atenção Básica de saúde
bucal (rotinas de atendimento, fluxograma na UBS Unidade Básica de Saúde, CEO – Centro de Especialidades Odontológicas), doença bucais (o que é;
como detectar, o que observar na família, como evitar) e métodos preventivos em odontologia. Durante
a elaboração ocorreram várias modificações segundo
a intervenção dos profissionais presentes a cada nova
discussão. A colaboração dos Agentes Comunitários
172
de Saúde enriqueceu de forma a transcrever de maneira simples e de fácil entendimento para leigos e
por profissionais de outras áreas da saúde, bem como
motivou a introdução de capítulos sobre dieta, amamentação e cuidados com pacientes especiais, acamados e cuidadores; também com cuidados com o meio
ambiente, reciclagem do lixo (domiciliar e contaminado), dengue, tuberculose, tabagismo e abordagem
com adolescentes sobre contracepção e gravidez na
adolescência. Assuntos que não são relativos a odontologia mas sim a saúde coletiva.
Concluiu-se que as maiores dificuldades encontradas foram
a simplificação do saber, os diferentes conceitos sobre saúde
e as crenças pessoais que cada pessoa traz de sua própria
formação. A colaboração de toda a equipe faz com que a
produção de conhecimento torne-se mais acessível e simplificada e que a formação em saúde bucal do profissional ACS
gere um novo conhecimento para a prática da Saúde da
Família. A disseminação de conceitos sobre a saúde bucal
permite uma melhora na saúde integral na comunidade.
32. Experiência da estruturação de
estágio supervisionado focado na
atenção à saúde das gestantes da
Universidade Católica de Brasília-DF
Azevedo, T. D. P. L.*, Franco, E. J., Pedrosa, S. F.
A
formação dos futuros cirurgiões-dentistas deve
ser pautada na prioridade de atenção a saúde
universal e de qualidade, com ênfase na promoção
de saúde e prevenção de doenças. Além disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Odontologia apontam para a relação que os conteúdos
curriculares devem ter com a totalidade do processo
saúde-doença de todos os indivíduos da comunidade.
Dentro deste contexto, é internacionalmente aceito
que a promoção de saúde gera a aquisição de hábitos
saudáveis. A gravidez é a fase ideal para o estabelecimento desses hábitos, pois a gestante mostra-se psicologicamente receptiva em mudar padrões que provavelmente terão influências no desenvolvimento da
saúde do bebê. O início da promoção da saúde com
a gestante favorece a aquisição de hábitos saudáveis
para o par gestante-bebê, e, com a continuidade deste ciclo, o resultado é a geração de saúde para a família inteira. A proposta deste trabalho foi relatar a
experiência da estruturação de um programa de estágio curricular supervisionado voltado a esse grupo
populacional, bem como apresentar os protocolos
utilizados. O estágio originou-se de um projeto de
extensão intitulado “pré-natal odontológico” e foi
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estruturado em três fases: construção conceitual, no
qual os alunos entraram em contato com a contextualização e embasamento teórico, incluindo debates,
discussões sobre protocolos de atendimento e aulas
interdisciplinares; experiência de campo desenvolvida por meio da ação prática dos protocolos elaborados e; reflexão, fase em que os resultados da vivência
prática foram discutidos, incluindo troca de experiências e avaliação das atividades. O desenvolvimento
desse programa de estágio desencadeou, durante o
ajuste curricular proposto pelo Curso de Odontologia
da Universidade Católica de Brasília – DF, a inclusão
da disciplina obrigatória de estágio supervisionado
de clínica de atendimento a pacientes portadores de
necessidades especiais. Os benefícios gerados à comunidade cumprem a responsabilidade social como o
atendimento integral e gratuito, restabelecendo saúde para o grupo envolvido.
A metodologia proposta possibilitou aos alunos e docentes
uma oferta da atenção básica de melhor qualidade, por meio
de procedimentos baseados em evidências científicas. Além
disso, a vivência experimental permitiu conhecer a realidade cotidiana que o futuro profissional da saúde vai lidar,
consolidando habilidades e competências importantes na
construção de sua identidade.
33. Brasil Sorridente: centro de
especialidades odontológicas (CEO tipo
III) e laboratório regional de prótese
dentária (LRPD) na UNIVILLE/SC:
proposta de operacionalização com
parceria interinstitucional
Salles, D. F. O.*, Lopes, M. G. M., Oliveira, T. M. N.,
Fischer, T. K.
A
necessidade de se utilizar a capacidade instalada
dos Cursos de Odontologia em Universidades
comunitárias vinculadas a ACAFE, mais especificamente na Universidade da Região de Joinville-Univille,
em projetos de extensão comunitária para atender
demandas em odontologia especializada, caracterizase fundamentalmente em se promover parcerias interinstitucionais, visando efetividade nas ações e serviços
odontológicos a serem prestados aos usuários do SUS
na sua microrregião de abrangência. Tal proposta vai
ao encontro dos objetivos do programa Brasil Sorridente e da atual Política Nacional de Saúde Bucal fundamentada nas Portarias Ministeriais da Saúde nº 74/
GM/04, nº 1572/GM/04, nº 283/GM/05, nº 399/
GM/06, nº 699/GM/06, nº 599/GM/06, nº 600/
GM/06, e em conformidade com a Lei nº 11.107/05,
que dispõe sobre consórcios públicos. Joinville, município em Gestão Plena, pólo de referência da região
Nordeste de Santa Catarina viabilizou uma proposta
de co-gestão e financiamento a fim de se operacionalizar a implantação de um Centro de Especialidades
Odontológicas–CEO tipo III, e de um Laboratório Regional de Prótese Dentária, ambos no espaço físico e
com apoio administrativo da UNIVILLE. O presente
trabalho objetiva apresentar o detalhamento de tal
proposta a fim de que a mesma possa servir de marco
referencial a outras Universidades, para implantação
futura de seus CEOs e LRPDs. As dificuldades e facilidades inerentes ao seu processo de operacionalização
serão apresentadas, não só no que diz respeito a relação tripartite convenial, mas também, nas relações
com a União e o Estado. Trata-se da formulação de um
convênio entre duas instituições públicas e uma comunitária, com a colaboração da Secretaria Municipal da
Saúde de Joinville, CIS/AMUNESC e da Univille, além
da efetiva participação em investimento e custeio repassados pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Saúde. A operacionalização do CEO tipo III e
LRPD da Univille apresenta características diferenciadas na prestação de seus serviços odontológicos considerando-se que haverá a oferta de procedimentos de
outras especialidades odontológicas. Visualiza-se através do Curso de Odontologia a inserção dos alunos do
5º ano em estágios curriculares de clínica intramuro,
e de sua participação no acompanhamento dos serviços odontológicos realizados no CEO tipo III.
Conclui-se que tal proposta possibilitará a viabilização do
CEO tipo III e LRPD na Univille, contribuindo para o
alcance da meta nacional de expansão preconizada pelo
Ministério da Saúde, evitando a inviabilização financeira
por parte, tão somente, da instituição provedora (Univille)
e ampliando o atendimento aos usuários da microrregião
de Joinville com uma população estimada em 800.000 habitantes, otimizando o uso dos recursos públicos, buscando
a qualidade nos serviços prestados, possibilitando o monitoramento de indicadores de atenção básica e objetivando-se
a mudança do perfil epidemiológico de saúde bucal da população da região adstrita.
34. Atividades pedagógicas da clínica
odontológica infantil: a experiência do
Centro Universitário Newton Paiva
Fernandes, M. L. M. F.*, Cruz, S. C. C., Salles, V.
C
om o objetivo de se alcançar a visão integral do
paciente em uma perspectiva humanista o projeto pedagógico do Centro Universitário Newton Pai-
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173
Trabalhos selecionados para apresentação • 41ª Reunião Anual da Abeno, 2006
va adota o sistema de articulação dos conteúdos de
odontopediatria e ortodontia preventiva e interceptativa. Desta maneira o aluno tem uma formação integrada para diagnóstico e prevenção das alterações
da cavidade bucal da criança e do crescimento e desenvolvimento crânio-facial que ocorre na infância.
A dinâmica curricular se integra em dois ciclos. O
primeiro corresponde ao diagnóstico e plano de tratamento em odontopediatria e ortodontia com o manejo da criança e adaptação comportamental integrando o conhecimento do desenvolvimento e
características fisiológicas das dentições decídua, mista e permanente. Trabalha-se também com as medidas preventivas e restauradoras das distintas dentições
além do conhecimento da etiologia das más oclusões.
Na segunda etapa trabalha-se com a interceptação de
fatores que podem levar à instalação do desequilíbrio
funcional e/ou estético dos dentes e da relação interarcos. Assim discutem-se traumatismos dentários,
tratamentos endodônticos e tratamento das anomalias dentárias com recursos estéticos e protéticos para
a dentição decídua além do diagnóstico e interceptação de mordidas cruzadas, mordidas abertas e a interpretação apurada dos exames que compõem a
documentação ortodôntica. Todas as atividades requerem dos alunos ações de ensino, pesquisa e extensão tais como trabalhos de orientação coletiva, educação e promoção de saúde em campanhas realizadas
em parceria com outras áreas de conhecimento como
o curso de psicologia e o núcleo de humanização do
trânsito. Acredita-se formar assim um profissional ético e integrado à sociedade além da capacitação técnica indispensável à arte da odontologia.
Completados os dois ciclos de estudos clínicos e ortodônticos
para o atendimento odontológico às crianças o aluno encontra-se preparado para as etapas seguintes de sedimentação dos conhecimentos adquiridos. Nas clínicas integradas
de atenção ao paciente especial são capazes de adequar o
condicionamento de crianças e executar procedimentos curativos. Na clínica de ciências odontológicas articuladas VIII
exercem sua capacidade diagnóstica através da triagem e
encaminhamento dos próximos pacientes infantis. Na prática de atenção em saúde pública durante os internatos
rurais e estágios metropolitanos concluem sua formação
profissional capacitando-se também ao exercício odontológico para a infância.
174
35. Utilização do Projeto Homem Virtual
associado a um tutor eletrônico na
graduação em Odontologia
Soares, S.*, Sequeira, E., Chiquito, F.,
Sgavioli, C. A. P. P.
O
projeto Homem Virtual, da Disciplina de Telemedicina, da FMUSP, baseado no conceito de
objetos de aprendizagem, produz imagens com movimentos de alta qualidade didática e efeitos visuais.
A Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP,
em parceria com o Curso de Odontologia da Universidade do Sagrado Coração (USC) de Bauru, desenvolveu títulos na área de Odontologia. A Articulação
Temporomandibular (ATM) é um deles e tem sido
utilizado no ensino de graduação. Associa-se ao CD
da ATM do Homem Virtual a aula baseada no Cybertutor sobre Anatomia e Fisiologia da mesma. Esta aula
é acessada pelo aluno de qualquer local por computador com acesso à Internet. O Cybertutor é uma
ferramenta interativa que permite o aprendizado de
conceitos teóricos, em um modelo construtivista, o
qual estimula o desenvolvimento da cognição, a capacidade de expressão e síntese. Objetivou-se fazer
avaliação qualitativa do aprendizado com imagens em
3D associada ao Cybertutor. O CD do Homem Virtual e o Cybertutor foram aplicados a 62 alunos. O CD
contém a anatomia da ATM e os movimentos de lateralidade, protrusão e abertura e fechamento. Os estudantes responderam a sete perguntas sobre este
método de aprendizagem. Os resultados obtidos foram: (1) O método foi avaliado como muito bom por
58,06% dos alunos, e como bom por 38,71%. Apenas
dois alunos (3,23%) avaliaram como um método razoável, e nenhum aluno avaliou como péssimo. (2)
Quando perguntado aos alunos se este método poderia ser usado para todas as disciplinas de Odontologia,
93% responderam que sim. (3) Sobre associação ao
Cybertutor, 48,39% dos alunos responderam que preferem a aula tradicional quando comparada com o
Cybertutor e, (4) do total de alunos, 83,87% disseram
que esse método pode ser usado previamente à aula
expositiva (ou aula tradicional). (5) Sobre o uso deste método de ensino/aprendizagem, 96,77% dos alunos responderam que ele auxilia a aula tradicional
mas não substitui a mesma. (6) Ao avaliarem a necessidade da presença do professor com o uso do Cybertutor, 50% dos alunos disseram ser mais produtivo
com a presença, e 46,77% deles disseram não necessitar da presença do professor mas sim de suas respostas “on-line” e, somente um (1,61%) respondeu que
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não necessita do professor. (7) e 64,52% responderam que este era o primeiro contato com essa nova
tecnologia de ensino.
A possibilidade da visualização em 3D, estabelecendo correlações anatômicas, utilizando recursos de transparências,
subtração (exclusão) e inclusão da dinâmica funcional,
transforma o Homem Virtual numa nova ferramenta que
transmite grande quantidade de informações num curto
espaço de tempo, aumentando a possibilidade de geração de
conhecimento. O desenvolvimento de modernos modelos
para a educaçção interativa é bem aceito pelos alunos e
demonstra novas possibilidades para o ensino de Odontologia.
36. Avaliação do impacto da qualidade
de vida na saúde bucal de pessoas da
fila de espera para atendimento na
Clínica Odontológica da Universidade
Estadual de Montes Claros - Unimontes
Maia, G. C. T. P.*, Bonfim, M. L. C., Coelho, M. Q.,
Nadanovisck, P.
A
tualmente pode-se definir saúde como “a experiência subjetiva de um indivíduo acerca de seu
bem-estar funcional, social e psicológico”. O objetivo
desta pesquisa foi avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde bucal nas pessoas da fila de espera para
tratamento na Clínica Odontológica da UNIMONTES. A coleta dos dados foi realizada em 538 pacientes, utilizando o questionário OHIP-14 (“Oral Health
Impact Profile”). A análise estatística foi realizada no
programa SPSS. A maioria (67,6%) da população entrevistada foi do sexo feminino, sendo que, 40,5%
tinha somente 1º grau incompleto. A idade média foi
de 31 anos (Desvio Padrão 11, mediana 30, moda 30).
Para a análise do OHIP-14 foram consideradas as respostas sempre ou repetidamente, por serem as respostas que causam maior impacto dos problemas
bucais relacionados à qualidade de vida do paciente.
Em relação aos preditores da condição bucal, observou-se que: 12,5% têm problemas para falar; 7,8%
relacionam piora do paladar; 25,9% relacionam dores na boca ou dentes; 33,1% relatam estarem envergonhados; 16,9% relatam estar irritados com outras
pessoas; 18,3% relatam dificuldades na realização de
suas atividades diárias; 21,1% relatam ter alimentação
prejudicada; 9,1% afirmam ter que parar as refeições;
14,3% afirmam ter dificuldade para relaxar; 28,3%
relatam estar incomodados ao comer; 48,1% dizem
estar preocupados com condição bucal; 23% relatam
sempre estar estressados; 20,9% afirmam sentir que
a vida em geral ficou pior e 10,1% responderam estar
totalmente incapacitados de fazer suas atividades diárias.
Conclui-se que as pessoas que procuram tratamento odontológico na Unimontes têm níveis variados de impacto da
saúde bucal na qualidade de vida. A informação sobre o
nível desse impacto, através do OHIP-14, pode ser um auxiliar na definição de prioridades de atendimento de forma
mais justa e efetiva.
37. Perspectivas do mercado de trabalho
e a visão sobre o SUS do futuro egresso
de Odontologia
Sales-Peres, S. H. C.*, Marsicano, J. A., Garcia, M. D.,
Sales-Peres, A.
A
s diretrizes curriculares nacionais (DCN) destacam que a formação do cirurgião-dentista deve
contemplar o sistema de saúde vigente no país, a atenção integral da saúde no sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contra-referência e o trabalho em equipe. Esta pesquisa objetivou analisar a
percepção de acadêmicos de último ano de Odontologia, em relação ao mercado de trabalho e ao conhecimento sobre o SUS. Participaram da investigação
47 alunos, sendo que o instrumento de coleta de dados foi um questionário, contendo perguntas relacionando o SUS e as possibilidades de atuação no mercado de trabalho. Os resultados demonstraram que a
maioria dos acadêmicos (57%) pretende ao final do
curso de Odontologia entrar para o serviço público,
embora considerem o conhecimento adquirido sobre
o SUS regular ou insatisfatório. Este resultado destaca a mudança no perfil do futuro egresso de Odontologia, que na atualidade evidencia a necessidade do
vínculo com o serviço público, quer seja em UBS, PSF,
CEO ou em ambiente hospitalar. Em relação à utilização do conhecimento sobre as diferentes especialidades no SUS, mais de 70% afirmaram não saber
aplicar os conhecimentos segmentados nas diferentes
disciplinas e relacionar com a integralidade da atenção à saúde bucal.
A implementação das DCN vem corroborar com a necessidade de mercado do profissional da odontologia, que solicita um profissional com uma visão generalista e humanista,
baseada na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação
da saúde bucal. O processo de ensino e apredizagem, ao
utilizar diferentes cenários de aprendizagem, pode contribuir
para a adequação do futuro egresso ao mercado de trabalho.
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Trabalhos selecionados para apresentação • 41ª Reunião Anual da Abeno, 2006
38. Fichas clínicas: análise do
preenchimento realizado pelos alunos
da disciplina CIAP IV do Curso de
Odontologia da UFMG
Travassos, D. V.*, Pedroso, M. A. G.,
Conceição, E. M. A., Ferreira, E. F.
A
importância da história clínica na identificação
de problemas de saúde é bem evidente na prática odontológica. O objetivo deste estudo foi identificar os principais problemas relacionados com o preenchimento da ficha clínica realizado pelos alunos
do 7º período da disciplina CIAP IV (Clínica Integrada de Atenção Primária) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
no segundo semestre de 2005. Um questionário, já
estabelecido pela disciplina, foi aplicado como roteiro de avaliação e análise do preenchimento da Ficha
Clínica. A análise foi realizada individualmente segundo os critérios estabelecidos pela disciplina. Os
problemas no preenchimento que mereciam atenção
e correções foram entregues por escrito a cada aluno
e uma cópia foi utilizada na amostra. Os resultados
mostraram que dos 57 prontuários clínicos examinados 39 (68,42%) não apresentavam o odontograma
corretamente preenchido. Outro resultado relevante
foi em relação ao atendimento e à identificação, onde
o não-preenchimento do planejamento integral por
escrito e a não-identificação do paciente em todas as
fichas foram encontrados em 36 fichas (63,16%) e
em 30 (52,63%), respectivamente. Problemas relacionados quanto ao correto preenchimento do Índice
de Placa Visível (IPV) e cálculo de porcentagem do
IPV foram registrados em 23 (40,35%); os problemas
quanto ao preenchimento do Índice Comunitário de
Necessidades de Tratamento Periodontal (CPITN)
foram encontrados em 18 (31,58%) dos prontuários
examinados.
De acordo com a metodologia utilizada pode-se concluir que
o preenchimento da ficha clínica realizado pelos alunos do
7º período da disciplina CIAP IV da Faculdade de Odontologia da UFMG apresentou problemas com características
diversas e não atingiu os objetivos pedagógicos. Considerase que, em um prontuário odontológico, o conteúdo deve ser
respondido de forma simples e concisa, podendo ser utilizado em questões legais, considerando os fatores de risco de
determinado as doenças infecciosas e relatando a história
médica e odontológica do paciente.
176
39. A Configuração do Campo da
Avaliação e seus Determinantes
Cardoso, S. V.*, Lima, A. I. A. O., Scheide, T. J. F.,
Razaboni, A. M.
A
avaliação possui sentido pedagógico, pois integra o contexto do ensino-aprendizagem, em que
o aluno é encarado como sujeito do processo da educação que tem em conta modificar o seu comportamento diante da realidade de seu meio, em especial,
e de fazê-lo enxergar mais e melhor aquilo que pretende perceber. A avaliação consiste em um juízo de
valor sobre dados relevantes para uma tomada de
decisão. Estes dados relevantes são aqueles que efetivamente são importantes na orientação educacional
do estudante. Detectamos nesta pesquisa qualitativa
com 40 professores do Ensino Superior da rede pública que, seja qual for a sua formação acadêmica e o
nível escolar em que atua, o professor é detentor de
concepção própria de avaliação que vem construindo
ao longo de sua docência. Além disso detectamos que
a melhor concepção e método avaliativo são, por certo, aqueles que oportunizam dados importantes a
serem utilizados na orientação do estudante em sua
trajetória educativa e que o professor não necessita
se afligir pelo fato de não estar empregando à risca
concepções e métodos avaliativos de renomados teóricos de avaliação; se a sua concepção e método de
avaliação correspondem à finalidade educativa, é o
que mais importa. Objetivamos tratar aqui de uma
visão redimensionada em torno da concepção de avaliação, sob o enfoque de avaliação-ensino. E o redimensionamento deste enfoque justamente localizouse no contexto de unidade e simultaneidade de
atuação e de intervenção, considerando-se que, tanto
a avaliação como o ensino são vislumbrados como
processos, não cabendo, portanto, serem encarados
como agentes com dualidade, mas com complementaridade de ação, sem quebrar a caracterização individual de cada um. O presente trabalho veio confirmar a convicção que estamos experienciando há
muito tempo em sala de aula de que a avaliação é
concebida como processo, é ensino por excelência.
Assim sendo, o ensino e a avaliação como processos
mantêm simultaneidade e concomitância de ação, de
intervenção e de efeito, pois ensinando, avalia-se e
avaliando, ensina-se, ao mesmo tempo, sem prejuízo
das peculiaridades inerentes a cada um. Por isso mesmo, reafirmando, o processo de avaliação ocorre no
ensino como que por osmose, constituindo igualmente ensino por excelência.
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Como conclusões podemos acentuar a formulação de diferentes instrumentos, bem como a utilização de dados quantitativos para a identificação do nível de qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos, que continuam a ser
bem aceitos como agentes e elementos auxiliares do ensinoaprendizagem, inseridos no ambiente de verificação e não
no da avaliação.
40. Importância da Política de Extensão
Universitária para o desenvolvimento
das atividades de Estágio Curricular
Supervisionado
Werner, C. W. A.*, Marchese, M. P.,
Azevedo, M. T. O., Madeira, M. C.
O
grande paradigma da Universidade é produzir
conhecimentos e efetivamente torná-los acessíveis aos mais variados segmentos da sociedade, enfrentando o desafio de tornar indissociável a teoria
da prática e fazendo a pesquisa e a extensão articularem-se com o ensino, em um processo dialético que
exige constantes retomadas a partir da reflexão da
ação. A extensão possibilita a articulação do saber
existente na sociedade com o saber sistematizado na
academia favorecendo a construção de parcerias com
segmentos da sociedade, que, por fatores políticos,
econômicos e éticos, não podem ser ignorados pela
Universidade. Uma das estratégias utilizadas pela universidade para concretização da integração universidade-sociedade e o desenvolvimento de atividades de
serviços de grande alcance social é a efetiva implementação das atividades de Estágio Curricular Supervisionado. Esta atividade acadêmica constante da estrutura curricular do curso, desenvolvida segundo os
parâmetros das demandas institucionais, legais e pedagógicas, serve como instrumento de integração do
aluno com a realidade socioeconômica e cultural da
região a partir do referencial da atividade profissional
que ele irá exercer. Esta apresentação visa ilustrar
atividades de Estágio Supervisionado Curricular desenvolvidas no Curso de Odontologia, Faculdade de
Odontologia de Lins, no contexto da Política de Extensão da Universidade Metodista de Piracicaba. Depoimentos de professores e imagens dos trabalhos
desenvolvidos são apresentados, valorizando o diálogo entre o Currículo do Curso de Odontologia e a
Política Acadêmica da Universidade e integrando
conceitos que ainda parecem pouco sistematizados e
sedimentados pela academia.
Concluímos que os Estágios Curriculares Supervisionados
são grandemente enriquecidos quando baseados numa Polí-
tica Acadêmica que valoriza a extensão. O modelo extensionista é de fundamental importância para a valorização do
estágio pela comunidade, pelos acadêmicos e docentes. Este
modelo se mostra como uma alternativa pedagógica e humanística mais enriquecida quando comparada aos Estágios
oferecidos num modelo eminentemente assistencialista.
41. O cuidado domiciliar em odontologia:
articulações entre educação, formação e
trabalho
Rendeiro, M. M. P.*, Bastos, L. F., Herdy, A. L.
O
projeto político de transformação das práticas
em saúde, baseado no modelo de atenção do
Sistema Único de Saúde e pressupostos da promoção
à saúde, tem conduzido à necessidade de reorganização dos serviços de saúde e das instituições formadoras de recursos humanos, para avançar na construção
de saberes e práticas necessárias à identificação de
riscos e resolução de problemas, que garanta a qualidade de vida e autonomia dos sujeitos. Para a superação do modelo de atenção centrado na doença e
construção de um modelo baseado na promoção da
saúde, diversas estratégias têm sido utilizadas, especialmente as articulações ensino-serviço, que constituem-se em espaço de co-responsabilização entre os
atores envolvidos na produção do cuidado. Nesse movimento, a UNIGRANRIO estabeleceu parceria com
a Prefeitura Municipal de Duque de Caxias, para a
construção coletiva do processo de trabalho de uma
área do Programa Saúde da Família (PSF), assumindo
o cuidado domiciliar e possibilitando a integralização
do processo ensino-aprendizagem no contexto da
realidade. O trabalho desenvolve-se semanalmente,
por meio das visitas domiciliares, com a participação
de duas professoras, dez alunos, uma agente comunitária de saúde e uma atendente de consultório dentário. As atividades envolvem cadastramento das famílias, identificação dos riscos e agravos, educação
em saúde, levantamento epidemiológico, medidas
preventivas individuais e coletivas, tratamento restaurador atraumático e encaminhamento para Unidade
Básica de Saúde da Família. Os alunos desenvolvem
projetos de pesquisa com aplicabilidade no processo
de trabalho da Unidade Básica do PSF.
Esta experiência tem permitido, além do fortalecimento da
articulação ensino-trabalho, a construção de um modelo de
prática que privilegia a promoção da saúde, a humanização
da atenção, o diálogo entre profissionais dos serviços e da
academia, possibilitando nos acadêmicos o desenvolvimento de habilidades necessárias para o cuidado em saúde.
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177
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42. Educação continuada na odontologia:
a iniciativa de atualização promovida
pela UFSC
Costa, F. O. C.*, Fadel, M. A. V., Pietrobon, L.,
Regis-Filho, G. I.
A
alta competitividade da força de trabalho atual
exige que os profissionais estejam cada vez mais
aptos para a criação, resolução e tomada de decisões
frente às dificuldades e aos obstáculos enfrentados no
dia-a-dia. Para tanto, torna-se imprescindível o desenvolvimento de programas de educação continuada,
os quais visam a melhoria da qualidade da assistência,
promovendo oportunidade de ensino, mediante o
desenvolvimento da capacidade profissional. No contexto da odontologia atual, os programas de educação
continuada têm por objetivo estabelecer condições e
oferecer oportunidades para a contínua formação
profissional, com abordagem dos temas atuais, aguçando o pensamento crítico da comunidade odontológica. Uma das formas de se realizar esse tipo de
atividade é o fornecimento de Cursos Modulares de
Atualização em Odontologia destinados para os Cirurgiões-dentistas. Desta forma, o Departamento de
Estomatologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) oferece o Curso Modular de Atualização em Odontologia, totalmente gratuito e ministrado por professores pertencentes ao quadro docente
da UFSC, desenvolvido em 13 módulos mensais com
duração de 6 horas cada um. O profissional interessado possui a liberdade de se matricular em um ou
mais módulos, sendo que aquele que freqüentar todos os módulos ao final do curso recebe um certificado de Atualização em Odontologia num total de 80
horas. O conteúdo modular contempla a temática de
diversas áreas e especialidades da odontologia, que
tratam de tecnologias emergentes e alternativas disponíveis na atualidade.
O principal objetivo dessa iniciativa é promover a educação
continuada dos cirurgiões-dentistas, bem como, aproximar
a comunidade odontológica da universidade.
43. A inserção da Odontologia no ensino
do Hospital Universitário da USP
Araujo, M. E.*, Pereira, P. R. B., Crivello Junior, O.
O
processo de formação não ocorre somente nos
espaços intramurais escolares, acontece em múltiplos espaços, assim como são múltiplas as aprendizagens que ocorrem em cada um desses espaços. O
que define o sentido da formação profissional é, pre178
dominantemente, a relação que se estabelece nos
espaços nos quais se materializa a educação. Para discutir as possíveis relações entre espaço e aprendizagem, o estudo tomou para análise atividades de ensino junto ao hospital universitário (HU-USP) realizadas
por diferentes escolas da área de saúde da Universidade, buscando compreender como estas experiências podem contribuir para o desenvolvimento de
aprendizagens plurais, extrapolando o limite das puramente instrumentais/técnico/científicas, hegemonicamente demandadas pelos currículos de formação
de profissionais de saúde. Com o objetivo de observar
em que medida a “saída” da universidade do seu espaço físico/acadêmico para outros espaços pode contribuir para a transformação das formas tradicionais
de currículo, pudemos verificar que são múltiplas as
possibilidades de inserção do aluno da Odontologia:
diferentes formas de estágios curriculares, disciplinas
oferecidas pelo próprio hospital e seminários de integração. É um excelente cenário para se ministrar
semiologia médica, propedêutica, noções de suporte
básico de vida e princípios de odontologia hospitalar.
Em momentos interdisciplinares, o HU pode ser uma
instituição essencial para a complementação do ensino e melhorar a formação geral do estudante de
Odontologia. Dentro do Hospital Universitário da
Universidade de São Paulo, a Faculdade de Odontologia da USP só perde, em números de alunos que lá
praticam suas atividades de graduação, para os cursos
de Medicina e Enfermagem, tendo então uma expressiva participação nas atividades de ensino daquela
instituição hospitalar.
A força e o valor estratégico de espaços diferenciados de
aprendizagem que, ao serem vivenciados, ativam o potencial
transformador dos sujeitos implicados, são vertentes oferecidas pelo Hospital Universitário (HU) da USP, como uma
ótima oportunidade para os alunos de Odontologia desenvolverem habilidades e competências que não seriam possíveis dentro dos muros da faculdade. Apesar de boa participação da Odontologia em suas atividades de ensino, esta
deve ser mais incentivada.
44. A Biossegurança como um novo
paradigma no ensino odontológico
brasileiro
Ávila, L. F. C.*, Schroeder, M. D. S., Cyrino, L. C. R.,
Cordeiro, M. C. B.
C
om o advento da moderna tecnologia florescendo na área odontológica, tornou-se necessário
para o conhecimento dos profissionais da saúde saber
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como trabalhar dentro dos princípios e normas da
biossegurança, a qual vem sendo definida como um
“conjunto de ações voltadas para prevenção, minimizando ou eliminando os riscos inerentes às atividades
de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, os quais podem
comprometer a saúde do homem, dos animais, o meio
ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos”. Ainda estabelece os padrões aceitáveis de segurança no manejo de técnicas e produtos biológicos.
Estes conceitos de riscos mudaram as atividades laboratoriais, físicas e radioativas e ergonômicas, as quais
se integraram aos riscos ambientais, ao desenvolvimento sustentado e à preservação da biodiversidade.
A biossegurança como ciência multidisciplinar introduzida nos currículos odontológicos na última década visou prevenir e minimizar os riscos, dando a todos
os membros da área da saúde uma bateria de barreiras de proteção na prevenção de doenças ocupacionais. Para que seja estabelecido o cumprimento das
normas universais de biossegurança nos estabelecimentos da área da saúde (públicos ou privados) é
necessário que todas as pessoas que trabalham ou
freqüentam serviços odontológicos estejam cientes e
prevenidas da grande variedade de microorganismos
a que estão expostas provenientes da saliva ou de sangue dos pacientes, os quais podem ser causadores de
doenças infectocontagiosas como herpes, gripe, tuberculose, hepatite e Aids. Hoje, se faz presente nas
instituições públicas ou privadas uma equipe de biossegurança ligada à vigilância sanitária que fiscaliza as
atividades desenvolvidas nas clínicas quanto ao cumprimento das normas universais de biossegurança
para permitir um funcionamento seguro tendo como
responsabilidade de cada um o dever de todos com
relação à saúde dos pacientes. Atualmente, na maioria
das faculdades de odontologias brasileiras são exigidas, para a matrícula dos alunos do primeiro ano de
graduação, as vacinas contra hepatite B, tétano e rubéola. Isto veio comprovar que o controle da infecção
na odontologia passou a ser encarado como vital para
segurança do profissional e da população.
O conhecimento e o cumprimento das normais universais
de biossegurança nos traz total consciência para desenvolver
os trabalhos do dia-a-dia sem riscos ou complicações para
nossa saúde estabelecendo o mais alto respeito absoluto pelos
nossos pacientes. Este novo paradigma da biossegurança
na odontologia anunciou ao mundo globalizado que não
se poderia fazer mais odontologia sem o conhecimento, cumprimento e gerenciamento das normais universais de biossegurança.
45. A Formação do Dentista no Contexto
do Século XXI: a pesquisa como princípio
pedagógico
Cardoso, S. V.*, Moretti, L. H. T., Panzeri, H.,
Lima, A. I. A. O.
E
sta pesquisa realizada em 2004 tratou do momento em que estamos vivendo uma transição paradigmática. Objetivamos verificar como o profissional
do século XXI deve ser preparado para enfrentar estas novas mudanças em um curso de odontologia de
uma Universidade do Estado de São Paulo no Oeste
Paulista. Os sujeitos da pesquisa qualitativa e quantitativa foram 60 professores escolhidos aleatoriamente
num universo de 100 professores, que foram submetidos a entrevistas semi-estruturadas. Os teóricos escolhidos para fundamentar a presente investigaçao
foram: Edgar Morin, Paulo Freire, Pedro Demo e Donald Schön.
Como conclusões da presente pesquisa pontuamos: O aluno
deve saber fazer e refazer soluções; o processo educativo vivenciado em nossas universidades muitas vezes tem se sustentado numa prática docente tradicional, concebendo o
aluno como receptor de conteúdos prontos e acabados; esta
prática dificulta o autêntico pensar, priorizando a reprodução em detrimento das idéias; o processo educativo ultrapassa os limites de reprodução, fundamenta-se na criatividade
e estimula a ação-reflexão, formando assim como apresenta
Schön, o profissional reflexivo. Nesta concepção de educação
o estudante sente-se desafiado a explorar e aprofundar seu
conhecimento, a questionar e a reconstruir o conhecimento
já difundido. A pesquisa como princípio pedagógico, proposta por Demo, é uma das formas para que se concretize
tal pressuposto. Este trabalho pretende analisar as diretrizes
que podem ser assumidas como referenciais para a formação
de um profissional de Odontologia do Século XXI ,identificar exigências que se colocam para um profissional desta
área e analisar a pesquisa como princípio pedagógico na
formação dos futuros odontólogos.
46. Um olhar para além dos muros da
Universidade: estágios extramuros –
aprendizado interdisciplinar
Salles, D. F. O.*, Vizzotto, D., Schramm, C.,
Kricheldorf, F.
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais (2002) apontam para a necessidade de adequar os Cursos de
Graduação, formando profissionais com perfil para
atuar em serviços públicos - Sistema Único de Saúde
(SUS). Este é o grande desafio que enfrentam univer-
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sidades, corpo docente, corpo discente e sociedade
como um todo: transformar a prática vigente, individual, curativista e fragmentada, no Modelo de Atenção Integral, de promoção de saúde, cujo enfoque é
a abordagem coletiva e interdisciplinar. Vale ressaltar
aqui, a Estratégia de Saúde da Família, que visa despertar o acadêmico para uma prática social comprometida em melhorar a qualidade de vida da população, onde a Universidade está inserida. Neste
contexto, o Projeto Político Pedagógico - Curso de
Odontologia da UNIVILLE visa o perfil do “profissional generalista com sólida formação técnica-científica, humanística e ética, orientada para a promoção
da saúde com ênfase na prevenção de doenças bucais
prevalentes”. Nos primeiros quatro anos do curso, as
disciplinas procuram, em suas várias atividades pedagógicas, contextualizar o ensino, de uma maneira
com que o aluno apreenda a integralidade de suas
ações de promoção de saúde. No 5º ano, com o intuito de fundamentar o conhecimento do processo saúde-doença e de conhecer o atendimento interdisciplinar da odontologia em situações cotidianas, a
Disciplina de Estágios Extramuros proporciona ao
acadêmico a vivência além dos muros da Academia.
O estágio é desenvolvido em parceria com o Setor
Público/Privado, o que permite uma experiência ímpar na formação do perfil do futuro profissional. Atualmente, está estruturado nos seguintes Módulos:
Estratégia Saúde da Família, Unidade de Atenção Básica, Atenção ao Portador de Fissura Lábio-Palatal
(Centrinho), Ancianato Bethesda – Atenção ao Idoso
Institucionalizado, Comunidades Isoladas (Vila da
Glória - SC) e Traumatologia Hospitalar. A periodicidade dos estágios é semanal, durante 05 semanas e
em grupos de 04 a 06 alunos. A metodologia de rodízio permite a experiência em todos os Módulos, sempre acompanhada por professor orientador do quadro docente do curso. Os estágios propiciam ao aluno
a prática efetiva da promoção de saúde em várias áreas da Odontologia. Ele atua em conjunto com outros
profissionais da saúde, tendo uma visão de atenção
integral e interdisciplinar ao paciente, onde a universidade, como promotora de conhecimentos, propicia
ao aluno a experiência de “aprender a apreender”,
tornando-o agente transformador.
47. Projetos de Extensão - Faculdade de
Odontologia - UPF
Linden, M. S. S.*, Mendes, G. L., Carlini Junior, B.,
Silva, S. O.
180
A
Extensão Universitária é o processo educativo,
cultural e científico que articula o ensino e a
pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação
transformadora entre a Universidade e a comunidade. A Faculdade de Odontologia da Universidade de
Passo Fundo, baseada nesta concepção transformadora, criou o NOC (Núcleo de Odontologia Comunitária) que se propõe a apoiar os projetos comunitários da escola especialmente aqueles cujo caráter
filantrópico manifesta-se com absoluta objetividade.
Para a consecução dos objetivos propostos a Faculdade de Odontologia a exemplo do que faz a Universidade de Passo Fundo, apóia-se nos princípios da
democratização, do conhecimento, auto-sustentabilidade, articulação com o ensino e a pesquisa, processo
pedagógico participativo, interdisciplinariedade e
relevância social dos seus projetos, buscando indicativos dos impactos e/ou mudanças produzidas pelas
ações. Um grupo de professores e acadêmicos, com
o intuito de desenvolver atividades comunitárias e
sociais, fomentam parcerias com outras instituições
que já atuam na área, motivando os acadêmicos e
professores para o trabalho voluntário, preventivo e
social, ampliando desta forma a participação das disciplinas do curso, criando futuros espaços para estágios curriculares e extra-curriculares para os estudantes de graduação. Todo este trabalho constitui-se
também em rico material de divulgação e esclarecimento à população em geral, sobre o tema saúde
oral.
Conclui-se que as atividades filantrópicas desenvolvidas
vêm produzindo resultados significativos, cujas características têm sido, fundamentalmente, proporcionar, a boa
parte da população, atendimento educativo com cunho preventivo e restaurador, melhorando-se assim suas condições
de saúde geral.
48. Mudanças na formação do cirurgiãodentista: revelando o significado
expresso pelos sujeitos do processo
Uriarte Neto, M.*, Bottan, E. R.
A
partir da instituição das Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs), em substituição aos Currículos Mínimos, as disciplinas obrigatórias deixam de
existir e surgem as diretrizes curriculares que indicam
os norteadores de conteúdos, habilidades e competências que visam à formação de um profissional voltado ao sistema nacional de saúde. A proposta das
DCNs vai de encontro ao paradigma hegemômico e,
ainda, vigente no ensino odontológico, que se carac-
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teriza por: valorização da especialidade, uso excessivo
da tecnologia, atendimento individualizado e voltado
às práticas curativas. A superação deste paradigma,
segundo as diretrizes, requer o direcionamento das
práticas com base na compreensão dos determinantes
sociais, culturais, comportamentais, éticos do processo saúde-doença, nos níveis individual e coletivo. O
trabalho em equipe multiprofissional, a integração
do sistema de ensino com o de assistência à saúde,
com ênfase no SUS e a responsabilidade pela população, também, são aspectos ressaltados. A intenção
sobre a formação do novo profissional da odontologia, evidenciada pelas DCNs, está amplamente divulgada nos cursos, no entanto, ficam questionamentos:
Como mudar? De que forma as DCNs têm sido incorporadas no fazer pedagógico? Será que todos conhecem e entendem a importância das DCNs? A compreensão sobre a intencionalidade das DCNs tem se dado
de modo único ou há distintas interpretações? Os
professores percebem que as DCN implicam numa
mudança do fazer pedagógico e da prática odontológica? Acreditamos que estas, e outras questões, também são formuladas por colegas de outras instituições
de ensino e de serviços e entendemos que o Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional
em Saúde (Pró-Saúde) seja mais uma estratégia de
apoio para a formulação de respostas a estas indagações. A meta deste Programa é instrumentalizar os
futuros profissionais para que trabalhem em sintonia
com as necessidades sociais, considerando a proposta
de hierarquização das ações de saúde. No entanto,
não se pode cair nas garras da ingenuidade, acreditando que a mudança aconteça automaticamente
desde o momento que uma estratégia é adotada. A
mudança depende do processo de tomada de conscientização de todos os envolvidos e da sinergia entre
agência formadora e sistema municipal de saúde. É
neste sentido que se direciona esta investigação. Considerando-se que o curso de Odontologia da UNIVALI integra o grupo de escolas apoiadas pelo Pró-Saúde, definiu-se identificar, junto ao professores e
acadêmicos, qual é o significado da proposta de mudanças na prática odontológica apontadas pelas políticas públicas em relação ao sistema de saúde e sistema
formador.
A pesquisa está na fase da coleta de dados e pretende-se que
seus resultados forneçam indicadores para o desenvolvimento das ações definidas no planejamento das estratégias para
as mudanças segundo os três eixos do Pró-Saúde.
49. Atualização didático-pedagógica e
técnica para professores do Curso de
Odontologia - UNISC
Reis, M. S.*, Marques, B. B., Gonçalves, E. M. G.,
Sebastiany, G. D.
C
onsiderando que o corpo docente do Curso de
Odontologia da UNISC, de uma forma generalizada, foi formado pelos padrões tradicionais de ensino, ou seja, visão fragmentada através das disciplinas
e especialidades, é difícil propor mudanças didáticopedagógicas que se adeqüem às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), sem antes oferecer oportunidades de capacitações. Dessa forma a Coordenação
do Curso de Odontologia da UNISC juntamente com
a Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) propôs ao
corpo docente uma atualização dos conhecimentos
didático-pedagógicos e técnicos do referido curso,
bem como a troca de experiências sobre ensinar/
aprender/avaliar nas situações de estágios. Inicialmente foi elaborado um programa de atividades para
atender dois referenciais na construção do conhecimento que é a ação pedagógica e a abordagem técnica das principais áreas da odontologia. Nesse sentido
foi proposto o desenvolvimento de cinco encontros
denominados de etapas. Cada encontro foi planejado
com duração de três horas sendo uma hora destinada
ao tema da área pedagógica e duas destinadas à área
técnica da odontologia. Os temas abordados da área
pedagógica foram: Construção do Conhecimento,
Interdisciplinaridade, Métodos e Técnicas de Ensino
e Avaliação. Na área técnica odontológica os temas
abordados foram: Dentística, Endodontia, Cirurgia,
Prótese e Periodontia. Os encontros proporcionaram
um espaço de troca de experiências e socialização dos
conflitos e conquistas assim como reflexões que contribuem para a busca constante da integralidade no
ensino da odontologia, além de possibilitar a participação dos docentes no Programa de Formação Pedagógica Continuada da Instituição.
O curso de atualização didático-pedagógica e técnica para
os professores do Curso de Odontologia – UNISC, veio contribuir para o processo de reorientação profissional proposto
para a área da saúde, pois mostrou-se como uma atividade
importante para possibilitar que seus participantes estivessem em melhores condições para atuarem nos estágios supervisionados, ou pelo menos mais preparados para prestarem
um atendimento integral, contínuo e resolutivo à comunidade.
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50. Modalidade Semi-presencial: uma
estratégia de ensino-aprendizagem
inovadora num curso de Odontologia
Fuscella, M. A. P.*, Moura, L. M., Oliveira, M. F. J.,
Fernandes, T. G.
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais orientam as
competências e habilidades gerais que devem ser
desenvolvidas na formação de profissionais da área
da saúde; entre elas, o desenvolvimento das competências relacionadas à educação permanente em saúde, envolvendo o aprender a aprender; a comunicação sob as suas diversas formas, verbais e não verbais
e a formação de lideranças para o trabalho em equipe.
Diante disso, a Universidade Potiguar implantou disciplinas com carga horária para atividades semi-presenciais, como estratégia inovadora de ensino-aprendizagem, na perspectiva de desenvolver, nos
estudantes, as referidas competências. Nessas disciplinas os alunos estão tendo a possibilidade de conhecer
melhor os problemas de saúde da população, de discutirem e compreenderem o conceito ampliado de
saúde, a promoção da saúde e a integralidade do cuidado em saúde.
A metodologia da disciplina vem estimulando os estudantes
à realização de pesquisas, à educação a distância, preparando-os a aprender continuamente, além de possibilitar a
experiência do trabalho em equipes.
51. Interdisciplinaridade no atendimento
a Pacientes com Necessidades
Especiais - FO - UNIARARAS
Uemura, S. T.*, Alkmin, Y. T., Souza, P. C.,
Silva, S. P.
C
onsiderando as particularidades que envolvem
a abordagem de pacientes com necessidades especiais, a Faculdade de Odontologia-UNIARARAS
juntamente com a Faculdade de Fisioterapia-UNIARARAS desenvolvem dentro da Disciplina de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais
um atendimento interdisciplinar com o intuito de
possibilitar a esses pacientes tratamento odontológico e autonomia para a realização de cuidados bucais.
Inicialmente, alunos da Fisioterapia, mais familiarizados ao atendimento de pacientes com necessidades
especiais, participam de “Dinâmicas de Grupo” com
os alunos do 7º e 8º períodos de Odontologia para
que esses compreendam e vivenciem as particularidades que cercam o atendimento odontológico a pacientes com necessidades especiais: dificuldades de
182
comunicação, higienização bucal, locomoção, posicionamento na cadeira odontológica, compreensão
e de contenção de movimentos involuntários. O tratamento odontológico dependendo das condições
gerais e bucais do paciente pode ser realizado em
ambiente ambulatorial ou hospitalar. Na clínica, os
pacientes são dessensibilizados para o tratamento por
meio de técnicas de manejo comportamental. O posicionamento para tratamento e a contenção física,
quando necessária, são realizados sob orientação da
Fisioterapia que, através desse trabalho conjunto, detecta as dificuldades motoras do paciente e juntamente com a Odontologia realiza adaptações em escovas
dentais, de forma a proporcionar independência na
realização da higiene bucal. Em ambiente hospitalar
os alunos têm a possibilidade de receber o treinamento para o tratamento odontológico sob anestesia geral
e também estabelecerem a interação com a equipe
médica.
A disciplina proporciona ao aluno de Odontologia o treinamento e formação para o atendimento ambulatorial e hospitalar de pacientes com necessidades especiais além da
possibilidade do aprendizado do trabalho interdisciplinar
aos alunos dos dois cursos envolvidos.
52. Saúde Bucal para Portadores
de Necessidades Especiais: uma
experiência interdisciplinar na formação
em Odontologia
Moura, L. M.*, Fuscella, M. A. P., Solano, M. C. P.,
Maia, N. G.
N
o Brasil, de acordo com a Organização Mundial
de Saúde, 10% da população é constituída por
pacientes especiais. O atendimento odontológico
para portadores de necessidades especiais sempre
consistiu em dificuldades devido ao despreparo dos
cirurgiões-dentistas. Conhecendo-se a insuficiência
da assistência odontológica oferecida aos pacientes
especiais do RN, e as conseqüências advindas devido
ao modelo cirúrgico-restaurador adotado pela maioria dos profissionais, dentro de uma lógica que não
promove saúde, e sensibilizados com essa realidade,
um grupo multidisciplinar de professores do curso
de Odontologia da Universidade Potiguar criou, no
ano de 2001, um projeto de extensão denominado
Serviço de Atenção Odontológica para Portadores de
Necessidades Especiais, do qual participam alunos a
partir do 7º período. Este projeto tem como principal
objetivo preparar alunos quanto a compreensão e
fundamentação dos conhecimentos técnico-científi-
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cos direcionados a assistência odontológica dos pacientes especiais, formando-os profissionais mais
competentes, capacitados e aptos para promoverem
a saúde bucal destes pacientes. O projeto atende pacientes dos cursos de Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Psicologia da Universidade,
bem como advindos da demanda espontânea. O estudante além de adquirir conhecimentos teóricos,
também realiza atividades educativas, preventivas e
tratamento curativo em nível ambulatorial, num trabalho multidisciplinar, buscando a integração paciente-família-profissional para o cuidado integral à
saúde. Há, ainda, integração junto a alunos e professores de outros cursos para estudos dos casos e troca
de experiências, realização de pesquisas e apresentação de trabalhos em congressos.
Observa-se que o projeto vem contribuindo para uma formação mais humanística do cirurgião-dentista, tornando-se
uma referência no Estado, tanto pela procura de pacientes,
quanto pelo encaminhamento de profissionais dos serviços
de saúde, além de oportunizar ao estudante vivenciar um
trabalho em equipe interdisciplinar durante o seu processo
de formação.
53. Saúde Bucal para Gestantes e Bebês:
a experiência do estágio extramuros de
um curso de Odontologia
Moura, L. M.*, Fuscella, M. A. P., Oliveira, M. F. J.,
Fernandes T. G.
A
Odontologia, mudando o seu paradigma, adotou a filosofia preventiva e educativa, objetivando alcançar a manutenção da saúde bucal. Assim,
programas de educação em saúde bucal têm concentrado esforços na inclusão de atitudes preventivas,
favorecendo a difusão de comportamentos saudáveis
no ambiente familiar. Neste contexto, faz-se necessário o atendimento multidisciplinar às gestantes, onde
o cirurgião-dentista atua em conjunto com o obstetra
fornecendo informações à futura mamãe, redefinindo os padrões de atendimento em um controle preventivo amplo, tendo em vista a promoção de saúde
do binômio mãe/filho. Devido à escassez de uma
atenção odontológica às mulheres gestantes, principalmente em bairros mais carentes, bem como aos
seus bebês após o parto, na condição de mantê-los
livre de problemas bucais e ainda devido ao pouco
preparo dos dentistas para essa prática, a Universidade Potiguar, em parceria com uma ONG - Centro
Sócio Pastoral Nossa Senhora da Conceição, implantou um Programa chamado “Pré-natal Odontológico
e Atenção Odontológica para Bebês”, no qual professores e alunos do curso de Odontologia da disciplina
Estágio Extramuros realizam atendimento odontológico às grávidas do bairro de Mãe Luíza/Natal/RN,
estendendo esse atendimento aos bebês que estas
grávidas pariram, até completarem 03 anos de idade.
Este trabalho vem capacitando os alunos para atuarem
junto às gestantes, preparando-os para participar de equipes
multiprofissionais que realizam atendimentos às mulheres
grávidas e aos seus bebês, bem como os insere no contexto
educativo-preventivo, estimulando-os a adotarem o paradigma odontológico da promoção da saúde.
54. Processo de construção do novo
currículo da Faculdade de Odontologia
da UFG
Leles, C. R.*, Nunes, M. F., Queiroz, M. G.,
Marcelo, V. C.
M
udanças nos cursos de graduação no Brasil foram determinadas pela Lei 9.394/96 (LDB),
que estipulou como competência do curso a elaboração do seu projeto pedagógico com a participação do
corpo docente. Nos cursos de Odontologia esta determinação foi especificada nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Odontologia (DCN) de 2002. Neste ano, a Universidade
Federal de Goiás (UFG) aprovou Regimento Geral
dos Cursos de Graduação (RGCG). Atendendo às
determinações da LDB modificou modelo curricular
de seus cursos, tendo como princípios gerais indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão, articulação entre teoria e prática, atuar na realidade
regional, maior autonomia e flexibilidade, mudança
de regime anual para semestral e novo sistema de
controle acadêmico. Ainda em 2002 iniciaram as primeiras discussões para reestruturação curricular na
Faculdade de Odontologia da UFG (FO/UFG), processo que se fortificou a partir de 2004 com a ampliação da Comissão de Reforma Curricular, da qual
participaram docentes, alunos e técnico-administrativo. O objetivo desse trabalho é apresentar a estrutura curricular do curso de Odontologia da UFG, ressaltando pontos mais relevantes, dificuldades
encontradas e perspectivas futuras. Finalizado em
2005, procurou atender o RGCG, as DCN e as determinações do Ministério da Saúde para os cursos da
área da saúde. A proposta curricular teve como princípios gerais: integralidade da atenção, interdisciplinaridade, integração de conteúdos, aproximação da
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teoria e prática e do ciclo básico e clínico. A implementação dessa estrutura se iniciou no primeiro semestre do ano de 2006 paralelamente à continuação
do antigo currículo. Dentre os obstáculos para a elaboração dessa proposta curricular observa-se a necessidade de uma reforma que contemple a superação
do velho visando a construção do novo, buscando
quebrar paradigmas estabelecidos, implementar formação docente que viabiliza a adoção de práticas
inovadoras, superando a visão mecanicista, tecnicista
e centrada nos aspectos biológicos, o apego à organização compartimentalizada, fragmentada e disciplinar e o desconhecimento do SUS por parte dos envolvidos no processo. Outro obstáculo a ser superado
é o pouco envolvimento de parcela considerável dos
docentes e a dificuldade em administrar e aceitar situações de mudança. Dentre os avanços alcançados
destaca-se a disponibilidade de disciplinas afins trabalharem de forma integrada, fortalecimento das
ações de saúde coletiva distribuindo sua atuação de
forma mais homogênea durante o curso, criação de
disciplinas que integram o ciclo básico e clínico.
Neste contexto as perspectivas da implantação são otimistas,
tendo em vista a inclusão do curso no Pró-Saúde, as conquistas alcançadas com a implantação deste primeiro semestre e a nomeação da Comissão de Ensino pela direção desta
unidade, ações que se articulam visando mudanças no perfil do egresso de Odontologia e qualificação do corpo docente.
55. O Professor na percepção do
Acadêmico do Curso de Odontologia
Saliba, N. A.*, Moimaz, S. A. S., Saliba, O.,
Bino, L. S.
O
Sistema de Ensino Superior tem passado por
inúmeras mudanças, sendo um grande desafio
adequar o conceito educacional previamente estruturado ao posicionamento atual. Essa nova direção
do processo de ensino-aprendizagem requer redefinições de metodologias estabelecidas e um ambiente
de aprendizagem novo, onde o professor assume importante papel, possibilitando uma formação profissional mais concreta e contextualizada com os reais
problemas brasileiros, formando um profissional cidadão. O curso de Odontologia da FOA-UNESP passa atualmente por um processo de reestruturação
visando atender às Diretrizes Curriculares Nacionais.
A Comissão Permanente de Avaliação da UNESP realizou um processo de avaliação institucional abrangendo as dimensões de ensino, pesquisa, extensão e
184
administração. O objetivo deste estudo é apresentar
os dados desta avaliação referentes à Faculdade de
Odontologia de Araçatuba-UNESP com relação ao
perfil docente na percepção dos acadêmicos regularmente matriculados na instituição (n = 367). O instrumento utilizado foi um questionário, no qual o
aluno expressava suas opiniões de acordo com o grau
de concordância, em três categorias: Concorda (C),
Indeciso (I) e Discorda (D). Este possibilitou captar
informações pertinentes ao processo ensino-aprendizagem, enfatizando questões relacionadas ao papel
do docente. Para criação de um banco de dados e
análise estatística utilizou-se o Epi Info 3.2. Os resultados mostraram que 75,2% dos discentes concordam
que os professores são bons exemplos, 7,9% discordam. A maioria dos graduandos entrevistados, 86,6%,
concordou que os professores são reconhecidos,
7,6% mostraram-se indecisos e 5,8% discordaram.
Com relação às críticas recebidas pelos professores,
65,1% concordam que elas são construtivas, 16,3%
ficaram indecisos e 18% não concordam. No que diz
respeito ao preparo do professor para dar aulas,
73,3% concordam que os mesmos estão bem preparados, 10,4% ficaram indecisos e 9,2% não concordaram. Dentre os entrevistados, 39,8% afirmam que o
ensino está muito centrado no professor, 28,9% ficaram indecisos e 23,4% não concordam. Na afirmação
de que os alunos possuem participação ativa, 51,2%
concordam, porém 31,1% discordam e 17,7% ficaram indecisos. Boa parte dos alunos, 35,1% concordam que os professores fornecem “feedback” aos estudantes, mas 29,4% discordam, enquanto 23,2 não
têm certeza.
Conclui-se que o acadêmico de odontologia avalia de forma
satisfatória seu corpo docente, no entanto, ressalta-se que
há necessidade de adequações, especialmente com relação à
mudança do modelo de ensino centrado no professor para
um modelo centrado no aluno, além da necessidade de maior
“feedback” para os alunos.
56. O Processo Ensino-Aprendizagem:
uma percepção do Graduando de
Odontologia
Saliba, N. A.*, Garbin, C. A. S., Saliba, O.,
Bino, L. S.
O
aprendizado é um processo contínuo que se
inicia ao nascimento e que induz o ser humano
a adquirir novas condutas de pensamento e comportamento. Na universidade não é diferente constituindo-se parte essencial dessa constante aprendizagem,
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norteando o ser humano em sua formação profissional. O curso de Odontologia da FOA-UNESP realizado em 4 anos constitui-se por disciplinas com regime
anual, e passa atualmente por um processo de reestruturação para atender às Diretrizes Curriculares
Nacionais. Nesse contexto, a avaliação do ensino assume papel importante, pois fornece informações
fundamentais para o processo de readequação do
ensino. O objetivo deste estudo é apresentar os dados
da avaliação realizada na Faculdade de Odontologia
de Araçatuba-UNESP com relação ao processo ensino-aprendizagem, na percepção dos acadêmicos de
odontologia (n = 367). O instrumento utilizado foi
um questionário no qual o aluno expressava suas opiniões de acordo com o grau de concordância, em três
categorias: Concorda (C), Indeciso (I) e Discorda
(D), contendo as seguintes variáveis: informações
pertinentes ao objetivo do curso, ensino, aprendizagem e ao ambiente educacional. Para criação de um
banco de dados e análise estatística utilizou-se o Epi
Info 3.2. Os resultados mostraram que 75,25% dos
alunos concordam que os objetivos a serem atingidos
no curso são bem esclarecidos, 9,5% discordam e
14,4% não têm certeza. Dentre os entrevistados,
67,5% concordam que estão sendo bem preparados
para a profissão, enquanto que 12% não concordam
e 19,9% ficaram indecisos. Grande parte dos alunos,
60%, relatam que o trabalho desenvolvido no ano
passado foi um bom preparo para a aprendizagem
deste ano, 15,5% não concordaram e 22,9% ficaram
indecisos. A maioria, 70,8%, concorda que o ensino
os ajuda a desenvolver a autoconfiança, 17,7% ficaram indecisos e 10,9% não concordam. Boa parte dos
alunos, 63,5%, concorda que o ensino os encoraja a
ser aprendiz, no entanto, 29,5% ficaram indecisos ou
discordam. No que tange ao tempo de ensino, 50,1%
concordam que ele é bem utilizado, porém 49,5%
discordam ou não têm certeza. Em relação ao ambiente educacional, 55,6% concorda que motiva o aprendizado, 17,7% ficou indeciso e 19,6% discordam;
68,2% afirmaram que a atmosfera durante as aulas é
boa, 18% discordam e 13,4% não têm certeza.
Conclui-se que o processo ensino-aprendizagem está satisfatoriamente classificado, segundo os acadêmicos, no entanto,
ressalta-se a necessidade de melhorar o aproveitamento do
tempo de ensino, proporcionando um ambiente educacional
mais motivador e adequado, o que contribuirá de forma
significativa para o melhor aproveitamento do aprendizado,
desenvolvendo ainda mais a autoconfiança do discente,
preparando-o adequadamente para o mercado de trabalho.
57. “Workshops” didático-pedagógicos
específicos I – avaliação de
aprendizagem do curso de Odontologia
das Faculdades Unificadas da Fundação
Educacional de Barretos
Studer, C. E.*, Scuoteguazza, J. A. C.,
Tanimoto, M. E. K., Lia, R. C. C.
A
partir da publicação das DCNs, a equipe pedagógica do curso propôs uma série de encontros
com o corpo docente – em forma de “workshops” –
para o treinamento comum de habilidades e competências específicas. Consideramos a avaliação a partir
de três procedimentos: diagnóstica, formativa e somativa. Esta oficina tem como foco diferentes níveis de
elaboração de uma avaliação somativa. Os objetivos
foram: trabalhar com os docentes as habilidades e
competências para a elaboração de Provas Somativas.
Considerando os conteúdos dos “Quatro Pilares da
Educação” do Relatório Dellors, o encontro teve o
treinamento de dois objetivos maiores: I - Aprender
a conhecer: Conteúdos (conteúdos); II - Aprender a
fazer pedagógico (procedimentos). Procedimentos:
I - aula (aprender a conhecer novas abordagens: através da projeção de textos visuais de obras de arte que
retratam situações sociais, apresentar o desenvolvimento histórico-odontológico da Saúde Bucal, das
origens européias, para as distintas realidades brasileiras: indígena, rural e urbana; II - aprender a fazer
pedagógico: a partir dos textos (com tabelas e gráficos) sobre o conteúdo visualizado pela projeção das
imagens, em duplas, os docentes elaboram conforme
as instruções, questões em três níveis de profundidade, especificando em cada questão as habilidades
específicas a serem treinadas pelos alunos, como: leitura de textos (curtos e longos), análise de conteúdos,
interpretação de conteúdos e dados, estabelecer relações entre dados, textos e conceitos com níveis diferentes de complexidade, conforme os níveis de
abordagem nas aulas.
Conclui-se que, para os docentes, pelo fato destas oficinas
terem sido obrigatórias para todos os docentes (foram realizados 6 “workshops”), houve a possibilidade de uma vivência interdisciplinar em termos de trocas de conteúdos entre
os docentes de diferentes áreas, como também no treinamento de habilidades e competências específicas, tais como são
propostas pelas DCNs dos Curso de Odontologia que normalmente não saem do papel. Para a formação discente, à
medida em que os alunos são treinados em suas habilidades
específicas em cada uma das atividades, conforme as características destas, estaremos alcançando o Perfil de Egresso
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proposto em nosso Projeto Político-Pedagógico: um cirurgiãodentista generalista, com formação humanista e científica
adequada para o atendimento das demandas de Saúde Bucal brasileira.
58. “Workshops” didático-pedagógicos
específicos – II de reestruturação
curricular do curso de odontologia das
Faculdades Unificadas da Fundação
Educacional de Barretos
Studer, C. E.*, Scuoteguazza, J. A. C.,
Tanimoto, M. E. K., Souza, P. H. R., Santos, F. S.
M
odalidade: elaboração coletiva dos objetivos
gerais das disciplinas do 1º ano. A partir da publicação das DCN, propôs-se uma série de encontros
com o corpo docente – em forma de “workshops” –
para o treinamento comum de habilidades e competências específicas, tais como a confecção de Planos
de Ensino integrados e compartilhados por todos. Os
objetivos foram: trabalhar as habilidades e competências para a elaboração conjunta de Planos de Ensino
a partir dos “Quatro pilares da educação” (Delors).
Seqüência da oficina realizada: 1ª parte: apresentação
dos parâmetros do novo currículo – 1) norte comum
a todos na implantação do novo currículo; 2) localização de cada conteúdo/disciplina em quatro eixos
(previamente trabalhados em oficina docente anterior); 3) concepção de Plano de Ensino. Os objetivos
gerais foram: relação entre cada conteúdo/disciplina
específicos com os objetivos do Projeto Pedagógico
do curso. Os objetivos específicos foram: a) conteúdos
cognitivos (aprender a conhecer); b) conteúdos psicomotores (aprender a fazer); c) conteúdos atitudinais ou comportamentais (aprender a conviver e ser
profissional. Na 2ª parte houve a elaboração em comum – com os responsáveis de cada disciplina – do
objetivo geral de cada disciplina. Exemplo: proposta
de objetivo geral da Disciplina de Bioquímica – a disciplina de bioquímica contribui com os conhecimentos sobre o funcionamento do organismo humano
por meio de reações metabólicas das biomoléculas,
inter-relacionando as condições normais com as patológicas, possibilitando uma visão sistêmica da odontologia. Para grandes temas, fez-se a especificação de
cada tema.
Conclui-se que houve possibilidade de uma efetiva vivência
interdisciplinar em termos de trocas de conteúdos entre os
docentes de diferentes áreas, treinamento de habilidades e
competências específicas por parte dos próprios docentes,
início da implantação do novo currículo e confiança dos
186
docentes quanto à introdução das novas Diretrizes Curriculares.
59. Jogos de aprendizagem no ensino da
Bioquímica Oral
Ganzerla, E.*, Leite, M. F., Skelton-Macedo, M. C.,
Nogueira, F. N.
P
oucos estudos foram relatados utilizando jogos
no ensino superior. Já no ensino médio e fundamental os jogos têm sido empregados desde o começo do século passado visando motivar a aprendizagem
e gerar habilidades cognitivas nos alunos. O objetivo
do trabalho foi desenvolver uma gincana de jogos que
foram aplicados em cinco alunos matriculados na
disciplina optativa de Bioquímica Oral da FOUSP,
como ferramenta de estudo, como também fazendo
parte do processo de avaliação da aprendizagem alcançada. Outra meta foi motivacional no sentido de
criar interesse dos demais estudantes em cumprir o
currículo optativo oferecido pela Disciplina. Primeiramente foi feito um levantamento de alguns jogos
sugeridos pelos alunos e quatro foram selecionados
para a atividade: palavras cruzadas, forca, “stop” e
bingo. Os jogos foram criados com a finalidade de
recordar os pontos principais ministrados em sala de
aula e acrescentar informações complementares. Antes do início da atividade foi proposta uma dinâmica
com bexigas para promover descontração entre os
alunos e relembrar os passos mais importantes da via
de secreção de saliva. As palavras cruzadas abordaram
o tema saliva, sob o qual foi feito um questionário e
as respostas preenchiam as cruzadas; para a forca foram escolhidas palavras de todo o conteúdo da disciplina e conforme o aluno acertava a letra presente na
palavra, tinha acesso a dicas sobre ela; no “stop” os
alunos escolheram temas de algumas aulas (película
adquirida, dentifrício, metabolismo de cálcio, glândula salivar e polpa) e uma letra era escolhida aleatoriamente para que cada um achasse uma palavra de
cada tema começando por esta letra até o primeiro
aluno preencher todas as lacunas e pontos foram atribuídos a cada lacuna preenchida corretamente; por
fim foi elaborado um questionário de cinqüenta perguntas e as respostas foram aleatoriamente agrupadas
em 10, formando as cartelas do bingo. As atividades
foram simples, de fácil conteúdo e foi permitida a
consulta em cadernos e livros. Notou-se que em algumas ocasiões existiu uma dificuldade do aluno relacionado à dinâmica do jogo e não ao conteúdo abordado, sendo que a afinidade que o aluno tem pelo
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jogo demonstrou ser pertinente. Os alunos participaram voluntariamente dos jogos e relataram na avaliação do curso que a aula cumpriu a proposta de recordar a matéria, facilitou o estudo em casa e possibilitou
o esclarecimento de dúvidas.
Concluiu-se que uma dinâmica conhecida facilita o processo de estudo e avaliação na aplicação dos jogos de aprendizagem, além dos jogos cumprirem o diferencial motivacional.
60. Matriz curricular da Faculdade de
Odontologia da Universidade de Passo
Fundo
Pretto, A. A.*, Linden, M. S. S., Carlini-Junior, B.,
Silva, S. O.
O
objetivo deste trabalho é apresentar a matriz
curricular da Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo, além de particularidades
do funcionamento das clínicas integradas. A presente proposta é uma releitura das linhas mestras pedagógicas propostas pela ABENO a partir da vigência
das DCN. As etapas para a elaboração do projeto pedagógico iniciaram pelo diagnóstico do perfil do
egresso, definição de metas e objetivos que respeitem
as diretrizes gerais e atendam às necessidades regionais, planejamento de ações que permitam atingir
estas metas e finalmente, organizar o projeto pedagógico do curso e seu elenco de disciplinas para atingir
estes objetivos. A matriz curricular proposta foi organizada em blocos do conhecimento: bloco fundamental (áreas social, anátomo-fisiológica, biológica, metodológica); bloco teórico-laboratorial (disciplinas
profissionalizantes); bloco integrado (clínicas integradas, estágios supervisionados) e bloco especial
(disciplinas optativas, comprovação de competência
e atividades complementares), estrategicamente distribuídos em dez semestres, com 312 (4.680 h/a)
créditos obrigatórios e 41 (615 h/a) para flexibilização curricular, o que totaliza 353 (5.295 h/a). A comissão de reforma curricular e a congregação foram
contrárias à redução do número de semestres, julgando ser este um dos fatores relacionados à qualidade
do curso. Projetos institucionalizados de extensão e
pesquisa complementam as atividades oferecidas
pelo curso, envolvendo atualmente 230 dos 400 alunos matriculados na graduação (200 alunos em projetos de extensão e 30 alunos em projetos de iniciação
científica). A integração das disciplinas foi parcial,
sendo as áreas profissionalizantes transformadas em
clínicas integradas em nível de complexidade cres-
cente, incluindo créditos teóricos para desenvolvimento de seminários, discussão de casos e planejamentos, com a presença de todo o grupo de
professores. Nestas, professores das disciplinas básicas podem participar integrando as diferentes áreas.
A prática interdisciplinar tem efeito quando a teoria
também está integrada, o que se concretiza com a
inserção de créditos teóricos na disciplina de clínica
integrada.
A matriz curricular do curso de Odontologia da Universidade de Passo Fundo é fundamentada nas diretrizes da
ABENO e na LDB, porém, dentro das particularidades
regionais, necessidades da comunidade, perfil do egresso e
particularidades do próprio curso, resultou em uma matriz
única e com identidade. A formação do profissional generalista, com todas as suas atribuições, depende de um bom
funcionamento das clínicas integradas, sendo esta disciplina o alicerce do curso de odontologia.
61. Academia e serviço buscando
modelos e efetividade no processo
ensino-aprendizagem e práticas
Reis, J. M.*, Rendeiro, M. M. P., Oliveira, L.
A
tenção básica: suporte filosófico para estruturação do modelo de práticas e formação profissional. A proposta do modelo de atenção integral como
base de organização do cuidado, proposto pelo SUS,
busca a superação de uma prática que tradicionalmente trazia lógicas diferenciadas de organização do
trabalho em saúde. A primeira, tendo na clínica o
paradigma do conhecimento e organização das práticas essencialmente voltadas para atenção à doença
no indivíduo e a segunda, o enfrentamento de forma
programada, baseia-se na epidemiologia como instrumento de conhecimento da realidade de saúde e
agrega ao saber possibilitado pela clínica uma dimensão social e cultural indispensável à intervenção no
coletivo. O conceito de integralidade busca a superação desta dicotomia, reconhecendo as duas abordagens como complementares que poderão conduzir o
desenvolvimento de um modelo que permita a programação com base populacional, permitindo um
equilíbrio entre indivíduo e coletivo, mas partindo
do coletivo até chegar ao nível individual. A análise
mostra que os modelos não estão certos ou errados,
mas adequados ou não, ao contexto e tendências de
determinado momento histórico que exerce reconhecida influência no mercado. O perfil de competência profissional para o trabalho em saúde coletiva
tem evidenciado a necessidade de formulação de co-
Revista da ABENO • 6(2):152-91
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nhecimentos para desenvolver a capacidade de atender as demandas sociais à partir do reconhecimento
que 85% dos problemas de saúde da população têm
capacidade de resolução ao nível da atenção básica.
Esse referencial tem sido adotado como principio
orientador das práticas e construção do conhecimento do profissional em Serviço. Essa realidade tem despertado dirigentes e profissionais do Serviço para a
necessidade de sua estruturação como Unidade de
Ensino compartilhado a missão de formar profissionais com a visão de sucesso de sua prática pelo compartilhamento de valores em benefício da sociedade.
Têm sido desenvolvidas experiências de programação de
estágio da Equipe Odontológica com elaboração do planejamento do processo de trabalho partindo da proposta de
identificação de problemas na comunidade a partir da percepção dos indivíduos e proposta de atenção básica.
62. Tópicos de gerontologia para curso
de graduação em odontologia – um olhar
diferenciado acerca do compromisso
social do cirurgião-dentista com o
envelhecimento saudável
Rios, A. C. F. C.*, Zini, B., Almeida, I. C.,
Carvalho, E. M.
A
“inclusão social” dos idosos tem provocado ampla discussão, em decorrência do aumento crescente de adultos com idade avançada. Porém, ainda
observam-se mitos que estigmatizam os idosos como
grupo de pessoas “negligentes com a saúde bucal que
por tal motivo portam ou tem necessidade de algum
tipo de prótese e que o serviço odontológico não tem
muito a oferecer além dos recursos protéticos”. Associada a estes mitos se verifica a quase inexistência de
odontólogos preparados para atender a esta clientela,
tornando o atendimento aos indivíduos de idade
avançada um desafio para a maioria dos clínicos. Assim, os idosos constituem segmento populacional que
requer investimento na produção de conhecimento
acerca da atenção à saúde bucal numa perspectiva de
melhoria na qualidade de vida. Cuidados preventivos,
bem como curativos, são necessários e, para isso, é
preciso formar recurso humano para atuar em clínica
odontológica geriátrica, o que significa, além da aplicação de técnicas odontológicas, o desenvolvimento
de habilidades inerentes a qualquer profissional que
deseja trabalhar com idosos. Com base nesta situação,
este trabalho objetivou apresentar uma proposta didático-pedagógica para inserção de temas da Geron188
tologia no curso de graduação de Odontologia, envolvendo conteúdo, método de ensino e avaliação da
aprendizagem. Para este fim, embasou-se na análise
de programas de pós-graduação lato sensu em Gerontologia e nas Diretrizes Curriculares para Cursos de
Odontologia, pressupondo que a Gerontologia dispõe de recursos científicos que podem auxiliar a formação de odontólogos mais adequados/aptos a atender aos idosos num âmbito mais holístico. A análise
documental e revista de literatura orientaram para
uma abordagem que priorize a interdisciplinaridade,
através da problematização dos fundamentos da Geriatria, Sociologia, Psicologia, Antropologia e Fisiologia do Envelhecimento aplicados a Odontologia,
propiciando o desenvolvimento de autoconfiança no
graduando. Assim, o atendimento ao idoso nos cursos
de graduação em Odontologia deve pautar-se na atenção integral, abrangendo os diversos saberes das ciências odontológicas, num nível de complexidade
crescente. A figura do tutor clínico faz-se necessária
assegurando discussão das condutas clínicas e estratégias de atendimento mais adequadas ao perfil biopsicossocial daquele idoso a ser atendido, reservando
para o final do curso atividade em clínica de atenção
aos idosos com necessidades especiais.
Partindo da premissa que as habilidades técnicas odontológicas para atendimento ao idoso, pouco ou nada diferem
daquelas para adultos mais jovens, considerou-se que a
inserção dos conteúdos de Gerontologia aplicados à Odontologia através do princípio pedagógico de problematização,
acompanhada por processo de avaliação formativa, portanto continuada, pode auxiliar ao graduando em odontologia
desenvolver habilidades importantes àqueles profissionais
que pretendem dedicar-se ao atendimento de indivíduos longevos.
63. Estágio em Clínica Integrada em
complexidade crescente – Assegurando
uma formação generalista ao graduando
de Odontologia da UNIME
Rios, A. C. F. C.*, Guimarães, A., Miranda, C.,
Maia, V.
O
Serviço de Clínicas Odontológicas da União Metropolitana de Ensino (UNIME), constituído de
seis clínicas interligadas, se estrutura dentro de uma
proposta de congruência serviço de saúde-ensino, ao
dar suporte às disciplinas do Núcleo de Ciências
Odontológicas do Curso de Odontologia, se constituindo em campo de estágio em Clínica Integrada.
Embasado na proposta de integralidade da atenção
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a saúde e resolutividade, num nível de complexidade
crescente em termo de aplicação das técnicas odontológicas e perfil psicossocial de grupos populacionais
hierarquizados com base nos ciclos da vida e na consideração de condições especiais estabelecidas por
desordens sistêmicas e/ou emocionais, o estágio em
clínica integrada ocorre do sexto ao décimo semestre
do Curso de Odontologia da UNIME, totalizando
carga horária de 1.008 horas. Com o propósito de
garantir a operacionalização do serviço atendendo
aos pressupostos filosóficos da integralidade e resolutividade, ao mesmo tempo que oportuniza um ambiente favorável ao aprendizado efetivo para graduandos em odontologia e condizente com as
necessidades odontológicas da população loco-regional, estruturou-se uma proposta pedagógica para o
estágio alicerçada no seguinte tripé: 1 – aluno (principal autor no processo de aprendizagem); 2 – tutor
clínico (agente facilitador do processo de aquisição
de habilidades e competências técnico-ético-sociais);
3 – paciente (agente propulsor de aprendizado para
o graduando e usuário de um serviço de saúde pautado na promoção de saúde, em que a educação para
saúde deve permear todas as ações do serviço). Reconhecendo a importância de abrir espaço para discussão e aprimoramento das técnicas andragógicas aplicadas ao ensino da odontologia, este trabalho teve o
propósito de apresentar a proposta de ensino do estágio em clínica integrada do Curso de Odontologia
da UNIME.
Autoavaliado por professores e alunos como uma proposta
de ensino inovadora, o Estágio em Clínica Integrada do
Curso de Odontologia da UNIME utiliza a problematização
da clínica odontológica (PCO) como estratégia de ensino, a
apresentação sistemática de plano de tratamento como recurso organizador das prioridades de estudo, e a construção
de o “portfólio” pelo estudante como recurso de autoavaliação da aprendizagem para o aluno e “feedback” para o
professor da evolução do aluno no curso e da aquisição de
habilidades previstas nas Diretrizes Curriculares para os
Cursos de Odontologia no propósito de assegurar a formação
generalista ao graduando em Odontologia da UNIME.
64. Odontologia em ambientes
hospitalares: um modelo de ensino
e aprendizado
Tacla, M.*, Souza, P. H. C., Kriger, L.,
Westphalen, V. P. D.
O
objetivo deste trabalho é apresentar um modelo
de ensino e aprendizado da Odontologia, tendo
como ambiente de atuação a realidade hospitalar. O
modelo é baseado na experiência de dois anos do
Curso de Graduação em Odontologia da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR) junto ao
Hospital Universitário Cajuru (HUC), a Santa Casa
de Misericórdia de Curitiba (HSM) e ao Projeto Comunitário da Instituição, que prevê a inserção social
dos alunos durante a sua formação. A atividade objetiva levar a atenção odontológica ao paciente internado, ampliar e aprimorar a visão dos alunos envolvidos como profissionais da área de saúde e criar um
novo campo de ensino, aprendizado e pesquisa para
a Odontologia. Nos Hospitais, os pacientes dos Serviços de Geriatria, Clínica Médica, Neurologia e Pediatria, são atendidos em seu próprio leito. Para tanto,
os alunos de graduação que já cursaram o Programa
de Aprendizagem de Propedêutica, são supervisionados pelos alunos do Mestrado em Estomatologia da
PUCPR. Inicialmente os prontuários médicos dos pacientes são lidos, procurando-se relacionar as informações quanto à doença de base, os exames complementares, a prescrição médica e os procedimentos
realizados, com aspectos odontológicos. Em seguida,
os alunos se dirigem ao leito dos pacientes onde, após
sua apresentação, realizam uma anamnese direcionada sobre a queixa bucal, ou na sua ausência, sobre a
história odontológica pregressa. A seguir, os alunos
em dupla procedem ao exame físico, primeiramente
extrabucal e em seguida intrabucal, com ênfase para
os tecidos moles, sendo que um deles ilumina o campo com uma lanterna portátil. Finalizado o exame
clínico, os alunos orientam os pacientes sobre a higiene bucal e das próteses e quanto a qualquer condição ou doença bucal detectada durante o exame.
Após, os alunos evoluem os pacientes no prontuário
médico de forma ordenada e resumida. Doenças e
condições como a candidose peseudomembranosa e
atrófica, próteses totais mal adaptadas, cárie e doença
periodontal, xerostomia, hiperplasia gengival, granuloma piogênico, queilites angulares, lesões traumáticas, língua despapilada e saburrosa, são freqüentemente constatadas. Os procedimentos odontológicos
realizados são clínicos, como a orientação da higiene
bucal, das próteses, bem como a sua substituição, prescrição de antifúngicos bucais e sistêmicos, de soluções
bucais antibacterianas, de saliva artificial e o próprio
umedecimento da mucosa bucal com gaze e soro fisiológico. Os pacientes também são encaminhados
para a realização de procedimentos que exijam condições técnicas apropriadas na Clínica de Odontologia da PUCPR. A atividade também possibilita o exer-
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189
Trabalhos selecionados para apresentação • 41ª Reunião Anual da Abeno, 2006
cício docente dos mestrandos com os alunos da
graduação, visando a sua integração.
Conclui-se que a proposta deste modelo de ensino e aprendizado oportuniza os alunos de graduação e pós-graduação
em Odontologia a uma maior integração, aprimorando o
seu conhecimento e formação profissional.
65. A experiência da implementação do
Estágio Supervisionado I na UNISC
Reis, M. S.*, Marques, B. B., Gonçalves, E. M. G.,
Piazza, C. L. S.
O
Curso de Odontologia da UNISC, em 2002, implementou a alteração curricular proposta pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Assim, o
Estágio Supervisionado I, ocorrido no primeiro semestre de 2005, caracterizou-se por ser a primeira
experiência multidisciplinar, envolvendo ações de
complexidade crescente nas áreas de Periodontia,
Dentística, Endodontia e Cirurgia. Neste, o aluno foi
estimulado a buscar maior resolutividade e agilidade
no tratamento proposto, procurando realizar um
atendimento mais integral ao seu paciente. Além da
atividade clínica foram incluídas também saídas a
campo para observação. Os locais definidos foram:
Sindicato do Fumo e da Alimentação; Sindicato dos
Metalúrgicos; Sindicato dos Comerciários; Sindicato
dos Trabalhadores Rurais; Uniodonto (Ambulatório); Clínica Dentária Sorriso e Saúde; SINDILOJAS
e SESI. Todos situados no município de Santa Cruz
do Sul, RS. O aluno comparecia nos locais previamente agendados, através do rodízio e em datas pré-definidas, levando consigo uma carta de apresentação do
curso de Odontologia da UNISC, não permanecendo
no mesmo local por mais de uma vez. Recebia orientação para observar (com discrição), aspectos como:
se o CD atendia e estabelecia uma relação com o seu
paciente (acolhimento); as instalações do consultório, referente a mobiliário, aparelhos disponíveis;
biossegurança; a ergonomia do profissional e do ambiente de trabalho; a realização de diferentes procedimentos (endodontia, dentística, periodontia, cirurgia, outros); as necessidades sentidas pelos pacientes,
relacionando com os procedimentos realizados; procedência dos pacientes; como eles tinham acesso ao
local (observar nível socioeconômico e cultural); porque os pacientes procuravam o atendimento (dor,
problema estético, revisão/acompanhamento, prevenção etc.); o tempo destinado para o atendimento
de cada paciente; gratuidade do atendimento ou existência de algum tipo de complementação para deter190
minados procedimentos; forma de agendamento das
consultas; necessidade de espera para algum tipo de
tratamento (endodôntico, cirúrgico ou outros); tempo de espera; existência de parceria por parte da instituição para proporcionar o atendimento produzindo ao final um relatório de saídas a campo. Durante
a realização do estágio foram organizados seminários
para que as discussões e avaliações ocorressem à luz
da observação dos alunos, professores, cirurgiõesdentistas e responsáveis das instituições participantes
(presidentes, coordenadores ou gerentes).
Sabe-se que a implementação de estágios supervisionados é
uma necessidade real para seguir as Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN). Porém, a experiência de implementação
do Estágio Supervisionado I na UNISC mostrou que enfrentar as dificuldades apresentadas e projetar alterações e novas
metas farão parte de uma construção conjunta para o processo de reorientação profissional que se tem buscado.
66. Construindo a experiência
profissional e incentivando as
discussões em grupo
Guimarães, R. P.*, Souza, F. B., Maior, J. S.,
Silva, C. H. V.
O
presente trabalho visa relatar a experiência da
Disciplina de Dentística 2 com a atividade de
apresentação dos casos clínicos executados durante
o período letivo, destacando seu papel como importante instrumento de aprendizado e aprimoramento
profissional. A discilplina de Dentística 2 do curso de
Odontologia da UFPE propõe-se a desenvolver no
discente a capacidade para realizar diagnóstico, planejamento e execução de procedimentos clínicos
restauradores. Representa, na prática, o primeiro
contato do aluno com o paciente em atividades clínicas, do mesmo modo que figura o alicerce para o
início da vida profissional. Neste sentido, a equipe
docente da disciplina conduz as atividades de modo
a propiciar um ambiente clínico que além de construir a fundamentação teórica e técnica, estimule
iniciativas bem como incentive os graduandos a buscarem aperfeiçoamento contínuo. Partindo desta
premissa, a aquisição de uma câmera fotográfica digital permitiu a execução de um projeto de ensino
que rendeu valiosos resultados. Todos os alunos possuem a oportunidade de documentar os casos clínicos
realizados, mediante assinatura prévia de um termo
de livre consentimento pelo paciente, além de participar, no final do semestre letivo, de uma proveitosa
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Trabalhos selecionados para apresentação • 41ª Reunião Anual da Abeno, 2006
e construtiva discussão sobre as condutas clínicas adotadas com os colegas, monitores e professores.
A documentação clínica obtida a partir da documentação
e apresentação dos casos clínicos realizados pelos alunos,
depois de buscar a auto-avaliação e a troca de experiências,
constitui material bastante útil para posterior publicação
científica como também apresentação em congressos, jornadas ou seminários, estimulando, portanto, a autonomia e
o senso crítico do discente.
67. Estratégia para implantação das
Diretrizes Curriculares Nacionais em
Odontologia: as oficinas de cooperação
técnica OPAS/Ministério da Saúde/
ABENO
Morita, M. C.*, Kriger, L., Perri de Carvalho, A. C.,
Haddad, A. E.
A
formação em Odontologia sempre esteve pautada principalmente no exercício privado da profissão. As Diretrizes Curriculares Nacionais indicaram
a necessidade de adequar a formação em Odontologia para as necessidades do Sistema de Saúde. Embora aprovadas desde 2002, as DCN ainda não estão
adequadamente compreendidas por grande parte
dos dirigentes, coordenadores, professores e alunos
dos cursos de Odontologia do Brasil. Inúmeros são
os aspectos apontados como dificultadores da implantação das DCN na Odontologia. Contudo, o principal
fator parece ser o desconhecimento de sua importância como um imperativo legal e a dificuldade de compreensão de sua dinâmica. A ABENO elaborou uma
Oficina para implementação das DCN, com uma dinâmica adequada para ser desenvolvida com a direção e os corpos docente e discente dos cursos de
Odontologia em seu próprio local de trabalho. Os
objetivos foram: contribuir para mudanças na educação dos profissionais de Odontologia, propiciando as
condições para que sejam mais capacitados a enfrentar os problemas prevalentes de saúde, apoiando a
implantação das DCN nos cursos de graduação de
Odontologia; estabelecer, de forma sistemática e
auto-sustentável, protocolos de cooperação entre a
ABENO, o Ministério da Saúde, o Ministério da Educação, os gestores municipais e estaduais do SUS e os
cursos de Odontologia, públicos e privados, existentes no país; deslocar o eixo central do ensino da idéia
exclusiva da enfermidade, incorporando noção integralizadora do processo saúde/doença e da promoção da saúde, com ênfase na atenção básica; propiciar
a ampliação dos cenários de ensino-aprendizagem e
da duração da prática educacional na rede de serviços
básicos de saúde; favorecer a adoção de metodologias
pedagógicas ativas e centradas nos estudantes, visando prepará-los para a auto-educação permanente
num mundo de constante renovação da ciência. Foi
realizada uma capacitação de 38 facilitadores de oficinas para a calibração de conceitos e definição de
estratégias de abordagem, que foram selecionados
segundo sua localização regional (Norte, Nordeste,
Centro-Oeste, Sudeste e Sul) e perfil de atuação. A
formação de facilitadores de diferentes regiões brasileiras permitiu o avanço mais rápido da proposta e o
estabelecimento de lideranças regionais.
As Oficinas foram realizadas em todas as regiões brasileiras
e se constituíram em espaço privilegiado para informar,
analisar e discutir com dirigentes, coordenadores, docentes
e discentes dos cursos de Odontologia a sistemática de implantação das DCN. Espera-se que a execução do projeto de
cooperação técnica desenvolvido pela ABENO resulte em
uma intervenção no processo formativo, para que os programas de graduação em Odontologia possam deslocar o eixo
da formação centrada na assistência individual, restrita a
clínica privada, para um processo de formação mais contextualizado, que leve em conta as dimensões sociais, econômicas e culturais da população do Brasil.
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Normas para apresentação
de originais
I. Originais - Os originais deverão ser redigidos em
português ou inglês e digitados na fonte Arial tamanho 12,
em página tamanho A4, com espaço 1,5 e margem de 3 cm
de cada um dos lados, perfazendo o total de no máximo 17
páginas, incluindo quadros, tabelas e ilustrações (gráficos,
desenhos, esquemas, fotografias etc.) ou no máximo 25.000
caracteres contando os espaços.
II. Ilustrações - As ilustrações (gráficos, desenhos,
esquemas, fotografias etc.) deverão ser limitadas ao
mínimo indispensável, apresentadas em páginas separadas
e numeradas consecutivamente em algarismos arábicos.
As respectivas legendas deverão ser concisas e localizadas
abaixo e precedidas da numeração correspondente. Nas
tabelas e quadros a legenda deverá ser colocada na parte
superior. As fotografias deverão ser fornecidas em mídia
digital, em formato tif ou jpg, tamanho 10 x 15 cm, em no
mínimo 300 dpi. Não serão aceitas fotografias em Word ou
Power Point. Deverão ser indicados os locais no texto para
inserção das ilustrações e de suas citações.
III.Encaminhamento de originais - Solicitase o encaminhamento dos originais de acordo com as
especificações descritas no item I para o endereço eletrônico
www.abeno.org.br. A submissão “on-line” é simples e segura
pelo padrão informatizado disponível no site, no ícone
“Revista Online”. Somente opte pelo encaminhamento pelo
correio diante da necessidade de publicação de ilustrações
em formato tif/jpg e alta resolução (veja especificações
no item II). Endereço: REVISTA DA ABENO - Associação
Brasileira de Ensino Odontológico - Universidade Católica
de Brasília - Curso de Odontologia - Nova Sede QS 07 Lote
01 - Bairro Águas Claras - CEP: 72030-170 – Brasília - DF.
IV. A estrutura do original
1. Cabeçalho: Quando os artigos forem em português,
colocar título e subtítulo em português e inglês; quando
os artigos forem em inglês, colocar título e subtítulo em
inglês e português. O título deve ser breve e indicativo
da exata finalidade do trabalho e o subtítulo deve
contemplar um aspecto importante do trabalho.
2. Autores: Indicação de apenas um título universitário
e/ou uma vinculação à instituição de ensino ou pesquisa
que indique a sua autoridade em relação ao assunto.
3. Resumo: Representa a condensação do conteúdo,
expondo metodologia, resultados e conclusões, não
excedendo 250 palavras e em um único parágrafo.
4. Descritores: Palavras ou expressões que identifiquem
o conteúdo do artigo. Para sua determinação, consultar
a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS”
(http://decs.bvs.br) (no máximo 5).
5. Texto: Deverá seguir, dentro do possível, a seguinte
estrutura:
a)Introdução: deve apresentar com clareza o objetivo
do trabalho e sua relação com os outros trabalhos na
mesma linha ou área. Extensas revisões de literatura
devem ser evitadas e quando possível substituídas por
referências aos trabalhos bibliográficos mais recentes,
192
onde certos aspectos e revisões já tenham sido
apresentados. Lembre-se que trabalhos e resumos
de teses devem sofrer modificações de forma a se
apresentarem adequadamente para a publicação na
Revista, seguindo-se rigorosamente as normas aqui
publicadas.
b)Material e métodos: a descrição dos métodos usados
deve ser suficientemente clara para possibilitar a
perfeita compreensão e repetição do trabalho, não
sendo extensa. Técnicas já publicadas, a menos que
tenham sido modificadas, devem ser apenas citadas
(obrigatoriamente).
c)Resultados: deverão ser apresentados com o mínimo
possível de discussão ou interpretação pessoal,
acompanhados de tabelas e/ou material ilustrativo
adequado, quando necessário. Dados estatísticos
devem ser submetidos a análises apropriadas.
d)Discussão: deve ser restrita ao significado dos
dados obtidos, resultados alcançados, relação do
conhecimento já existente, sendo evitadas hipóteses
não fundamentadas nos resultados.
e)Conclusões: devem estar baseadas no próprio texto.
f)Agradecimentos (quando houver).
6. Abstract: Resumo do texto em inglês. Sua redação
deve ser paralela à do resumo em português.
7. Descriptors: Versão dos descritores para o inglês.
Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores
em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no
máximo 5).
8. Referências bibliográficas: Devem ser ordenadas
alfabeticamente, numeradas e normatizadas de acordo
com o Estilo Vancouver, conforme orientações
publicadas no site da “National Library of Medicine”
(http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html).
Para as citações no corpo do texto deve-se utilizar o
sistema numérico, no qual são indicados no texto
somente os números-índices na forma sobrescrita. A
citação de nomes de autores só é permitida quando
estritamente necessária e deve ser acompanhada de
número-índice e ano de publicação entre parênteses.
Todas as citações devem ser acompanhadas de sua
referência bibliográfica completa e todas as referências
devem estar citadas no corpo do texto. As abreviaturas
dos títulos dos periódicos deverão estar de acordo com o
“List of Journals Indexed in Index Medicus” (http://www.
ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?db=journals). A exatidão
das referências bibliográficas é de responsabilidade dos
autores.
V. Endereço - E-mail, telefone e fax de todos os autores.
Obs.: Qualquer alteração de endereço, telefone ou e-mail
deve ser imediatamente comunicada à Revista. §
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