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Administração Pública
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Prof. Marcelo Camacho
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Administração Pública
Evolução da Administração Pública
Professor: Marcelo Camacho
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Administração Pública
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Olá, pessoal!
Estou aqui para estudar com vocês o conteúdo de ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
para o concurso de ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE da CGU. O edital
de 2016 ainda não foi publicado, mas há grande expectativa para o lançamento
de novo edital este ano.
Meu nome é Marcelo Camacho, sou Sociólogo e Tecnólogo em Recursos
Humanos. Tenho 46 anos e atuo na área de Recursos Humanos há 20 anos.
Atualmente exerço o cargo de Analista de Gestão em Saúde, perfil Gestão do
Trabalho, na FIOCRUZ, aqui no Rio de Janeiro. Também já exerci o cargo de
Analista de Ciência & Tecnologia, perfil Recursos Humanos, no Instituto
Nacional do Câncer (INCA).
O concurso provavelmente será conduzido pela ESAF, como foram os últimos
concursos! Já é hora de iniciar a preparação! Adotarei como base o último edital
para este cargo! Resolveremos preferencialmente as questões da banca
organizadora, com ênfase nas questões cobradas nos últimos concursos
para este cargo. Isto vai garantir que estejamos afiados com estes itens para
a prova. As questões trabalhadas serão sempre as mais recentes.
Conseguir a aprovação em um concurso disputado, com bons salários, como
este exige muita dedicação e atenção em detalhes.
Adoto a seguinte dinâmica nos meus cursos: apresento alguns pontos teóricos e
veremos como as bancas cobraram estes assuntos em provas recentes. Além
de comentar a resposta adequada para cada questão, irei também tecer
comentários sobre as respostas consideradas erradas. No final da aula eu
apresento a lista de questões e o gabarito.
“Ah, professor, mas tem uma parte teórica muito chata e ás vezes extensa!!!”.
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Camaradas, não tem jeito, para dar conta de algumas afirmações precisamos
entender conceitos. E para isto, precisamos estudar!! Estamos aqui para isto!
“Ah, mas o que diferencia então dos livros dos autores clássicos da
Administração, Marcelo?”
Pessoal, o diferencial do curso é justamente trazer as perspectivas de diferentes
autores num único lugar focando as questões da banca organizadora.
Recomendo que após o estudo das aulas, refaçam as questões sem consultar os
gabaritos. A repetição é a mãe da retenção.
Então, animados?
Estudo e persistência são atitudes vitais para conseguir aprovação em
concursos públicos!
O conteúdo do curso e o cronograma das aulas será o seguinte:
Aula
Conteúdo Programático
Data
00
patrimonialismo, burocracia e gerencialismo
17/04
01
02
03
04
Estado, Governo e Sociedade: conceito e evolução do
Estado contemporâneo; aspectos fundamentais da
formação do Estado brasileiro; teorias das formas e
dos sistemas de governo; participação social como
representação política; accountability vertical
A Máquina Pública Brasileira: processo evolutivo;
reformas administrativas, seus princípios, objetivos,
resultados e ensinamentos; patrimonialismo,
burocracia e gerencialismo
atual conformação da máquina pública em face dos
preceitos
constitucionais
e
legais;
aspectos
contemporâneos da gestão pública. 3. O Sistema de
Freios e Contrapesos: autotutela
; Controle Interno, Controle Externo, o papel da CGU;
accountability horizontal; revisão jurisdicional dos atos
administrativos
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18/04
25/04
02/05
09/05
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05
06
07
4. Políticas Públicas: formulação, implementação,
monitoramento e avaliação de políticas e programas
públicos;
intersetorialidade,
redes
sociais
e
transversalidade
5. Governança e Administração Pública: orçamento,
planejamento, análises governamentais e
organizacionais, inovação, governança de
organizações públicas; parcerias com o setor privado e
com o terceiro setor
6. Temas Correntes em Administração Pública: ética;
Lei da Ficha-Limpa; responsabilidade fiscal;
responsabilidade orçamentária
16/05
23/05
30/05
Sumário 1. Administração Pública: do modelo racional-­‐legal ao paradigma pós-­‐burocrático. ................................... 5 1.1. Paradigma Pós-­‐burocrático ou Administração Gerencial ......................................................... 18 2. Lista de Questões .................................................................................................................................... 31 3. Gabarito ................................................................................................................................................... 34 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Marcelo Camacho
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1. Administração Pública: do modelo racional-­‐legal ao paradigma pós-­‐
burocrático. Segundo Bresser Pereira a administração pública em nosso país passou por três
modelos
diferentes:
a
administração
patrimonialista,
a
administração
burocrática e a administração gerencial.
Registre-se que o argumento de Bresser Pereira está fortemente influenciado
pela teoria weberiana (Max Weber), que também influenciou outro autor
brasileiro, Raimundo Faoro, que escreveu o livro “Os donos do poder”. Neste
livro, Faoro, na mesma perspectiva weberiana, demonstra as etapas de
administração patrimonialista e burocrática.
Essas
modalidades
surgiram
sucessivamente
ao
longo
do
tempo,
não
significando, porém, que alguma delas tenha sido definitivamente abandonada.
Na administração pública patrimonialista, própria dos Estados absolutistas
europeus do século XVIII, o aparelho do Estado é a extensão do próprio poder
do governante e os seus funcionários são considerados como membros da
nobreza. O patrimônio do Estado confunde-se com o patrimônio do soberano e
os cargos são tidos como prebendas (ocupações rendosas e de pouco trabalho).
A corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração. Segundo
o Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado, de Bresser Pereira:
No patrimonialismo, o aparelho do Estado funciona como uma extensão do poder do
soberano, e os seus auxiliares, servidores, possuem status de nobreza real. Os cargos
são considerados prebendas. A res publica não é diferenciada das res principis. Em
conseqüência, a corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração.
No momento em que o capitalismo e a democracia se tornam dominantes, o mercado e
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a sociedade civil passam a se distinguir do Estado. Neste novo momento histórico, a
administração patrimonialista torna-se uma excrescência inaceitável.
A administração pública burocrática surge para combater a corrupção e o
nepotismo do modelo anterior, do Patrimonialismo. São princípios inerentes a
este tipo de administração a impessoalidade, o formalismo, a hierarquia
funcional, a idéia de carreira pública e a profissionalização do servidor,
consubstanciando a idéia de poder racional-legal.
Max Weber, sociólogo alemão, estudou a sociedade de classes oriunda da
Revolução Industrial e sua forma de organização, a burocracia. A burocracia, de
acordo com Weber, seria uma forma de dominação, possuindo um ethos
racional oriundo da cultura protestante, que teria causado uma influência
decisiva na evolução da sociedade moderna. Um conceito central no trabalho de
Weber é o de Dominação.
Segundo o autor, Dominação significa a probabilidade de encontrar obediência
para ordens específicas (ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas
sendo definida, em seu aspecto sociológico, como:
uma situação de fato, em que uma vontade manifesta (‘mandado’) do ‘dominador’
ou dos ‘dominadores’ quer influenciar as ações de outras pessoas (do ‘dominado’ ou
dos ‘dominados’), e de fato as influencia de tal modo que estas ações, num grau
socialmente relevante, se realizam como se os dominados tivessem feito do próprio
conteúdo do mandado a máxima de suas ações (‘obediência’).
Weber fala que “há três tipos puros de dominação legítima”. Quando ele fala
em “puros”, ele se refere a “tipos-ideais”, ou seja, uma abstração teórica que
não existe no plano concreto, na realidade. Ideal não quer dizer que é bom,
mas que contém as características essenciais do conceito em análise.
Weber descreve os tipos puros de dominação com base na vigência de sua
legitimidade, que pode ser, primordialmente:
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a) dominação racional (legal): baseada na crença na legitimidade das ordens
estatuídas e do direito de mando daqueles que, em virtude dessas ordens,
estão nomeados para exercer a dominação;
b) dominação tradicional: baseada na crença cotidiana na santidade das
tradições vigentes desde sempre e na legitimidade daqueles que, em virtude
dessas tradições, representam a autoridade;
c)
dominação
carismática:
baseada
na
veneração
extracotidiana
da
santidade, do poder heróico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das
ordens por esta reveladas ou criadas.
Vejamos em detalhes cada um destes tipos de dominação
Dominação Tradicional: o critério para a aceitação da dominação é a
tradição, ou seja, os valores e crenças que se perpetuam ao longo de gerações.
O Rei governa o Estado porque seu pai era rei, assim como seu avô, seu bisavô,
etc. Fundamenta-se na crença da inviolabilidade daquilo que foi assim desde
sempre, a crença na rotina de todos os dias como uma inviolável norma de
conduta.
É um tipo de dominação extremamente conservador. Aquele que exerce a
dominação tradicional não é simplesmente um superior hierárquico, mas um
“senhor”, e seus subordinados, que constituem seu quadro administrativo, não
são “funcionários”, mas servidores, entre os quais encontramos os nobres, os
empregados domésticos, os escravos, os colonos, os servos, os vassalos, os
favoritos, etc.
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Não se obedece a estatutos, mas à pessoa indicada pela tradição ou pelo
senhor tradicionalmente determinado. As ordens são legítimas de dois modos:
1- em parte em virtude da tradição que determina inequivocamente o conteúdo
das ordens, e da crença no sentido e alcance destas, cujo abalo por
transgressão dos limites tradicionais poderia pôr em perigo a posição tradicional
do próprio senhor.
2- em parte em virtude do arbítrio do senhor, ao qual a tradição deixa espaço
correspondente.
Dominação Carismática: é a que tem por origem o “carisma”, uma qualidade
extraordinária e indefinível de uma pessoa. Weber define carisma como:
Uma qualidade pessoal considerada extracotidiana e em virtude da qual se atribuem a
uma pessoa poderes ou qualidades sobrenaturais, sobrehumanos ou, pelo menos,
extracotidianos específicos ou então se a toma como enviada por Deus, como exemplar
e, portanto, como líder.
O critério da legitimação é o da lealdade, uma devoção afetiva do grupo para
com o líder carismático. Há algo de misterioso e mágico na pessoa que lhe
confere poder. O grande líder político, o herói, o chefe de expedições pioneiras
são freqüentemente pessoas com poder carismático.
A dominação carismática é um poder sem base racional. É instável, arbitrário e
facilmente adquire características revolucionárias. Sua instabilidade deriva da
fluidez de suas bases. O líder carismático mantém seu poder enquanto seus
seguidores reconhecem nele forças extraordinárias e, naturalmente, este
reconhecimento pode desaparecer a qualquer momento. O carisma só pode ser
“despertado” e “provado”, e não “aprendido” ou “inculcado”.
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O quadro administrativo do senhor carismático não é um grupo de funcionários
profissionais,
e
muito
menos
ainda
têm
formação
profissional.
Não
é
selecionado segundo critérios de dependência doméstica ou pessoal, mas
segundo qualidades carismáticas: ao “profeta” correspondem os “discípulos”; ao
“príncipe guerreiro”, o “séquito”; ao “líder” em geral, os “homens de confiança”.
Dominação Racional-Legal: o critério da dominação é a lei, o estatuto criado
com base na razão. Obedece-se às regras e não à pessoa. A burocracia
moderna, para Weber, é a forma de organização do Estado própria dos regimes
em que predomina a dominação racional-legal. Segundo Weber:
No caso da dominação baseada em estatutos, obedece-se à ordem impessoal, objetiva e
legalmente estatuída e aos superiores por ela determinados, em virtude da legalidade
formal de suas disposições e dentro do âmbito de vigência destas. No caso da dominação
tradicional, obedece-se à pessoa do senhor nomeada ela tradição e vinculada a esta.
(dentro do âmbito de vigência dela), em virtude de devoção aos hábitos costumeiros. No
caso da dominação carismática, obedece-se ao líder carismaticamente qualificado como
tal, em virtude da confiança pessoal em revelação, heroísmo ou exemplaridade dentro
do âmbito da crença nesse seu carisma.
As características fundamentais da dominação racional são:
1.
um exercício contínuo, vinculado a determinadas regras, de funções
oficiais, dentro de
2.
determinada competência, o que significa:
a. um âmbito objetivamente limitado, em virtude da distribuição dos
serviços, de serviços obrigatórios;
b. com atribuição dos poderes de mando eventualmente requeridos
e;
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c. limitação fixa dos meios coercitivos eventualmente admissíveis e
das condições de sua aplicação.
3. o princípio da hierarquia oficial, isto é, de organização de instâncias fixas
de controle e supervisão para cada autoridade institucional;
4. as regras segundo as quais se procede podem ser: regras técnicas e
normas. A um exercício organizado dessa forma, Weber dá o nome de
“autoridade institucional”.
A dominação racional-legal ou burocrática surgiu no século XIX, como uma
forma superior de dominação, legitimada pelo uso da lei, em contraposição ao
poder tradicional (divino) e arbitrário dos príncipes e ao afeto das lideranças
carismáticas. As teorias iniciais do modelo burocrático foram inspiradas a partir
da visão de Weber sobre o modo de estruturação da Igreja e do exército,
especificamente o exército prussiano.
Além disso, outro fator que teria motivado Weber a definir seu modelo de
dominação burocrático seria a necessidade de separação (1) entre o político e o
administrador e, fiel ao ethos liberal, (2) entre a política e a economia.
O modelo burocrático visava também a separação entre o interesse público e o
privado, numa sociedade democrática. O ethos do bureau - sua aderência
impessoal a regras, à especialização, à hierarquização das relações sociais; o
apego a procedimentos regularizados e rotineiros - estaria vinculado a
comportamentos capazes de garantirem a não-influência de interesses políticos
e compromissos particulares.
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Weber sustentava que o tipo mais puro de dominação legal seria aquele
exercido
por
meio
de
um
quadro
administrativo
burocrático,
cujas
características básicas seriam:
a) atribuições de funcionários fixadas oficialmente por regras ou disposições
administrativas;
b) hierarquia e funções integradas em um sistema de mando, de tal modo que,
em todos os níveis, haja uma supervisão dos inferiores pelos superiores;
c) atividades administrativas se manifestam e se baseiam em documentos
escritos;
d)
as
funções
pressupõem
aprendizado
profissional,
com
treinamento
especializado;
e) o trabalho do funcionário exige que ele se consagre inteiramente ao cargo
que ocupa (dedicação plena e tarefas específicas);
f) acesso à profissão é ao mesmo tempo acesso a uma tecnologia particular.
Ao se falar em burocracia, deve-se ressaltar os princípios weberianos acerca da
resolução de conflitos por meio do uso do poder. No caso da burocracia,
entendida como o staff administrativo do Estado, ganha destaque a autoridade
legal, baseada na crença racional da legalidade dos padrões das regras
normativas e no direito de determinar o que deve ser feito por aqueles elevados
à condição de “autoridades” por meio dessas regras. Weber destaca que, no
caso da autoridade legal, em contraposição a outros tipos de autoridade por ele
definidos - como a tradicional e a carismática -, a obediência é devida à ordem
impessoal legalmente estabelecida.
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Weber claramente definiu a burocracia como o tipo ideal de organização que
aplica, em sua forma mais pura, a autoridade racional-legal. O que define uma
burocracia enquanto tal, no sentido weberiano, seria a adoção de modos de
autoridade racional-legal. Burocracia seria igual a organização: um sistema
racional seria aquele em que a divisão de trabalho dar-se-ia racionalmente com
vista a determinados fins. Seria a forma mais racional de exercício de
dominação, pois nela se alcançaria tecnicamente o máximo de rendimento em
virtude de precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiabilidade. A burocracia
surgiria como uma expressão dessa racionalidade e se caracterizaria pelo
predomínio do formalismo.
Segundo Bresser Pereira, “Organização Burocrática” é:
Se adotarmos uma definição curta e perfeitamente enquadrada dentro dos
moldes da filosofia aristotélica, diremos que uma organização ou burocracia é um
sistema social racional, ou um sistema social em que a divisão do trabalho é
racionalmente realizada tendo em vista os fins visados.
Segundo a definição, o que diferencia o ato racional do irracional é sua
coerência em relação aos fins visados. Um ato será racional na medida em que
representar o meio mais adaptado para se atingir determinado objetivo, na
medida em que sua coerência em relação a seus objetivos se traduzir na
exigência de um mínimo de esforços para se chegar a esses objetivos. Isso
significa que a burocracia evoluiu como uma forma de se buscar maior
eficiência nas organizações. Isso mesmo! Apesar de considerarmos o termo “burocrático” quase como um
antônimo de eficiência, no seu cerne ele nasceu como a racionalização das
atividades com o objetivo de aumentar a eficiência.
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A partir disto, Bresser elabora outra definição de burocracia:
É o sistema social em que a divisão do trabalho é sistemática e coerentemente
realizada, tendo em vista os fins visados; é o sistema social em que há procura
deliberada de economizar os meios para se atingir os objetivos.
Para Weber, do ponto de vista social, a dominação burocrática significa:
•
A tendência ao nivelamento no interesse da possibilidade de recrutamento
universal a partir dos profissionalmente mais qualificados;
•
A tendência à plutocratização (elitização das posições profissionais mais
qualificadas) no interesse de um processo muito extenso de qualificação
profissional (freqüentemente quase até o fim da terceira década de vida);
•
A dominação da impessoalidade formalista: sine ira et studio, sem ódio e
paixão, e portanto, sem amor e entusiasmo, sob a pressão de simples
conceitos de dever, sem considerações pessoais, de modo formalmente
igual
para
“cada
qual”,
isto
é,
cada
qual
dos
interessados
que
efetivamente se encontram em situação igual.
Bresser e Motta, procurando reduzir as organizações à sua expressão mais
simples, afirmam que:
São três as características básicas que traduzem o seu caráter racional: são sistemas
sociais (1) formais, (2) impessoais, (3) dirigidos por administradores profissionais, que
tendem a controlá-los cada vez mais completamente.
Vamos ver mais detalhadamente cada uma dessas características:
Formalidade
O formalismo da burocracia se expressa no fato de que a autoridade deriva de
um sistema de normas racionais, escritas e exaustivas, que definem com
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precisão as relações de mando e subordinação, distribuindo as atividades a
serem executadas de forma sistemática, tendo em vista os fins visados. Sua
administração é formalmente planejada, organizada, e sua execução se realiza
por meio de documentos escritos.
Apesar de a norma garantir tais meios
coercitivos, esta autoridade é estritamente limitada pela norma legal.
Impessoalidade
O caráter impessoal das organizações é a segunda forma básica pela qual elas
expressam sua racionalidade. A administração burocrática é realizada sem
consideração a pessoas. Burocracia significa, etimologicamente, “governo de
escritório”. É, portanto, o sistema social em que, por uma abstração, os
escritórios ou os cargos governam.
Um aspecto essencial através do qual se expressa o caráter impessoal das
burocracias refere-se à forma de escolha dos funcionários. Nos sistemas sociais
não burocráticos, os administradores são escolhidos de acordo com critérios
eminentemente irracionais. Fatores como linhagem, prestígio social e relações
pessoais determinarão a escolha. Já nas organizações burocráticas, os
administradores são profissionais, que fazem uso do conhecimento técnico
especializado, obtido geralmente através de treinamento especial
Administradores Profissionais
As organizações são dirigidas por administradores profissionais. Administrar,
para o funcionário burocrata, é sua profissão. Existem alguns traços que
distinguem o administrador profissional.
Ele é, antes de tudo, um especialista. Esta é uma característica fundamental. As
burocracias são sistemas sociais geralmente de grandes dimensões, nos quais o
uso do conhecimento especializado é essencial para o funcionamento eficiente.
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São necessários homens treinados para exercer as diversas funções criadas a
partir do processo de divisão do trabalho.
Em segundo lugar, o administrador profissional tem em seu cargo sua única ou
principal atividade. Ele não é administrador por acidente, subsidiariamente,
como o eram os nobres dentro da administração palaciana.
Em terceiro lugar, o administrador burocrático não possui os meios de
administração e produção. Ele administra em nome de terceiros: em nome de
cidadãos, quando se trata de administrar o Estado, ou em nome dos acionistas,
quando se trata de administrar uma sociedade anônima.
ITEM 1. (ESAF/2014/MF/ ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO)
A dominação burocrática proposta por Weber estabeleceu os seguintes atributos da organização
racional-legal, exceto:
a) A concentração do trabalho
b) A hierarquia
c) A existência de regras gerais de funcionamento.
d) A separação entre propriedade pessoal e organizacional
e) A seleção de pessoal com base em qualificação técnica.
Analisemos as alternativas:
A) ERRADO. Weber não falou em concentração do trabalho, mas sim em
"especialização".
B) CERTO. A hierarquia é uma característica tipicamente burocrática.
C) CERTO. O "sistema de disciplina e controle" seriam as citadas "regras
gerais de funcionamento".
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D) CERTO. Uma característica da burocracia é a separação entre bens
públicos e privados.
E) CERTO. As pessoas devem ser contratados, sobre a base da livre seleção
segundo critérios racionais, como qualificação e títulos.
Portanto, o gabarito é a alternativa A.
Limitações e crises do modelo Burocrático
Deve-se relembrar que a burocracia surgiu no Século XIX conjuntamente com o
Estado liberal, como uma forma de defender a coisa pública contra o
patrimonialismo. Na medida, porém, que o Estado assumia a responsabilidade
pela defesa dos direitos sociais e crescia em dimensão, foi-se percebendo que
os custos dessa defesa poderiam ser mais altos que os benefícios do controle.
Numa conjuntura de freqüente ocorrência de transformações e mudanças, a
rigidez do modelo burocrático começou a provocar ineficiências. O modelo
burocrático passou a não atender, em sua totalidade, às demandas sociais de
um estado mais eficiente e voltado para o cidadão.
Tendo sido associada à ineficiência, ineficácia, atrasos, confusão, autoritarismo,
privilégios, além de outros atributos negativos, a burocracia assumiu, na grande
maioria das vezes, uma conotação pejorativa.
Com o passar do tempo, a implementação do modelo sofreu adaptações
históricas,
dependendo
do
contexto
econômico-social
e
do
local
de
implementação, bem como dos sistemas cultural e institucional da sociedade na
qual havia sido instalado. Essas adaptações do modelo inicialmente imaginado
por Weber levaram às chamadas disfunções do modelo burocrático, ou seja,
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verificou-se que a burocracia possuía limitações que traziam prejuízos à gestão
das organizações públicas.
No
momento
em
que
o
pequeno
Estado
liberal
do
século
XIX
deu
definitivamente lugar ao grande Estado social e econômico do século XX,
verificou-se que não garantia nem rapidez, nem boa qualidade nem custo baixo
para os serviços prestados ao público. Na verdade, a administração
burocrática é lenta, cara, auto-referida, pouco ou nada orientada para o
atendimento das demandas dos cidadãos.
Com a crise do petróleo em 1973,
foi posto em xeque o antigo modelo de
intervenção estatal, quando se abateu sobre o mundo uma grave crise
econômica, resultando na crise fiscal dos Estados. A maioria dos governos não
tinha mais como financiar seus déficits, e os problemas fiscais tendiam a se
agravar, na medida em que as sociedades se voltavam contra as altas cargas
tributárias, principalmente porque não enxergavam uma relação direta entre o
acréscimo de recursos governamentais e uma melhora nos serviços públicos.
Além disso, houve uma internacionalização e enfraquecimento do poder estatal.
A globalização do capital e a interdependência dos mercados financeiros
tornaram o Estado mais frágil perante o capital internacional. Além das
mudanças no papel do Estado, também ocorreram mudanças tecnológicas e
produtivas, que exigem um Estado mais ágil e eficiente. Também podemos
observar mudanças sociais e culturais, como o envelhecimento da população, a
maior inserção das mulheres no mercado de trabalho, aumento da escolaridade
média, a urbanização, entre outas, aumentaram as demandas por direitos e
novas políticas estatais, com melhor qualidade na provisão
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1.1. Paradigma Pós-­‐burocrático ou Administração Gerencial Vimos que a burocracia entra em crise junto com o Estado de Bem-Estar Social,
principalmente em virtude da crise fiscal que se instalou no mundo após as
crises do petróleo da década de 1970.
Segundo Bresser Pereira,
A administração pública gerencial emergiu, na segunda metade deste século, como
resposta à crise do Estado; como modo de enfrentar a crise fiscal; como estratégia para
reduzir custos e tornar mais eficiente a administração dos imensos serviços que cabem
ao Estado; e como um instrumento para proteger o patrimônio público contra os
interesses do rent-seeking ou da corrupção aberta. Mais especificamente, desde os anos
60 ou, pelo menos, desde o início da década dos 70, crescia uma insatisfação,
amplamente disseminada, em relação à administração pública burocrática.
Ao sentimento antiburocrático aliava-se a crença de que o setor privado possuía
o modelo ideal de gestão. Por isso o uso do termo gerencialismo, que tem uma
ligação estreita com a adoção de práticas da administração privada na gestão
das organizações públicas. É com esse espírito que o setor público assume o
discurso da modernização, da orientação para os clientes, da flexibilidade, da
estrutura enxuta e desburocratizada. As modernas ferramentas de gestão,
como qualidade total, planejamento estratégico, reengenharia downsizing,
benchmarking e terceirização, invadem as organizações públicas e os projetos
dos gestores públicos do momento.
No entanto a Administração Gerencial não significa a negação total dos
princípios do modelo burocrático. Veja o que diz Bresser Pereira, no Plano
Diretor da Reforma do Aparelho do Estado:
A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo ponto um
rompimento com a administração pública burocrática. Isto não significa, entretanto, que
negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está
apoiada na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios
fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um
sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de
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desempenho, o treinamento sistemático. A diferença fundamental está na forma de
controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não
na rigorosa profissionalização da administração pública, que continua um princípio
fundamental.
Assim,
muitos
permanecem
dos
na
princípios
administração
defendidos
gerencial.
pela
administração
Como
afirma
o
burocrática
PDRAE,
a
administração gerencial pode até ser considerada um rompimento, mas
princípios como a impessoalidade, a divisão do trabalho, a avaliação de
desempenho são mantidos.
Vimos que a burocracia entra em crise juntamente com o Estado de Bem-Estar.
Como soluções, são apresentados ao mesmo tempo o gerencialismo e o
neoliberalismo. As duas doutrinas nascem muito próximas uma da outra e são,
em muitos casos, confundidas.
A reforma gerencial foi adotada inicialmente na Grã-Bretanha, com Margareth
Tatcher, e nos Estados Unidos, com Ronald Reagan, e, depois, de forma
generalizada, em diversos outros países, principalmente da Commonwealth,
com ligação com o Reino Unido, e os países escandinavos, como a Suécia.
Contudo, foi na Grã-Bretanha que o gerencialismo foi aplicado ao serviço
público logo após a posse do novo governo e levou a uma reforma
administrativa profunda e bem-sucedida, recebendo o nome de Managerialism.
A reforma ficou conhecida como a Nova Gestão Pública, ou New Public
Management (NPM), que pode ser definida como um “conjunto de argumentos e
filosofias administrativas aceitas em determinados contextos e propostas como
novo paradigma de gestão pública a partir da emergência dos temas crise e
reforma do Estado, nos anos 80”.
Apesar de a Grã-Bretanha ter sido um dos primeiros países a aplicar este
enfoque, ele não foi criado por eles. Não há um pai da administração gerencial.
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Ela surgiu em um processo longo, em que foram feitas contribuições de
diversos atores. Segundo Abrúcio:
Embora tenha surgido em governos de cunho neoliberal (Thatcher e Reagan), o modelo
gerencial e o debate em torno dele não podem ser circunscritos apenas a este contexto.
Pelo contrário, toda a discussão sobre a utilização do managerialism na administração
pública faz parte de um contexto maior, caracterizado pela prioridade dada ao tema da
reforma administrativa, seja na Europa ocidental, seja no Leste europeu ou ainda no
Terceiro Mundo. O modelo gerencial e suas aplicações foram e estão sendo discutidos em
toda parte.
Na década de 1980, as primeiras reformas gerenciais eram marcadas pelo
ideário neoliberal. Contudo, percebeu-se que o ajuste estrutural não era
suficiente para que houvesse a retomada do crescimento. Ocorreram ganhos
positivos, como o fato da balança de pagamentos voltar a um relativo controle,
por toda a parte caíram as taxas de inflação, os países recuperaram pelo menos
alguma credibilidade. Mas não se retomou o crescimento. A partir daí as
reformas gerenciais entenderam que o Estado Mínimo não é algo concreto, a
ser buscado. Bresser Pereira considerava irrealista a idéia de um Estado
Mínimo. Vamos ver outra passagem do autor:
O pressuposto neoliberal que estava por trás das reformas – o pressuposto de que o
ideal era um Estado mínimo, ao qual caberia apenas garantir os direitos de propriedade,
deixando ao mercado a total coordenação da economia - provou ser irrealista. Em
primeiro lugar porque, apesar do predomínio ideológico alcançado pelo credo
neoconservador, em país algum - desenvolvido ou em desenvolvimento - este Estado
mínimo tem legitimidade política. Não há sequer apoio político para um Estado que
apenas acrescente às suas funções as de prover a educação, dar atenção à saúde e às
políticas sociais compensatórias: os cidadãos continuam a exigir mais do Estado.
Portanto, apesar de, no início, as reformas gerenciais estarem muito ligadas ao
neoliberalismo, não podemos defender que elas defendiam o Estado Mínimo.
Apesar de as reformas gerenciais não considerarem mais o Estado Mínimo,
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também não podemos dizer que não haja relação delas com o neoliberalismo. A
redução do Estado ainda permanece nas reformas gerenciais. Segundo Bresser:
Ora, se a proposta de um Estado mínimo não é realista, e se o fator básico que subjaz à
crise econômica é a crise do Estado, a conclusão só pode ser uma: a solução não é
provocar o definhamento do Estado, mas o reconstruir, reformá-lo. A reforma
provavelmente significará reduzir o Estado, limitar suas funções como produtor de bens
e serviços e, em menor extensão, como regulador, mas
implicará provavelmente em ampliar suas funções no financiamento de atividades nas
quais externalidades ou direitos humanos básicos estejam envolvidos, e na promoção da
competitividade internacional das indústrias locais.
Portanto, as reformas gerenciais não defendem o Estado Mínimo, mas pregam
sim a redução do Estado, a sua retirada de atividades que podem ser
desempenhadas pela iniciativa privada.
O motivo de citarmos muitas vezes o Bresser Pereira
questões sobre reforma do Estado
é que a maioria das
e modelos de gestão pública usam seus
textos. Sobre a estratégia da reforma ele diz:
Uma estratégia essencial ao se reformar o aparelho do Estado é reforçar o núcleo
estratégico e o fazer ocupar por servidores públicos altamente competentes, bem
treinados e bem pagos.
O neoliberalismo não defende o fortalecimento dos servidores, mas sim a
redução dos gastos com pessoal. Segundo Bresser Pereira:
A administração pública gerencial é freqüentemente identificada com as idéias
neoliberais por outra razão. As técnicas de gerenciamento são quase sempre
introduzidas ao mesmo tempo em que se implantam programas de ajuste estrutural que
visam enfrentar a crise fiscal do Estado.
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Como as técnicas de gerenciamento são quase sempre introduzidas ao mesmo
temo em que se implantam programas de ajuste estrutural que visam enfrentar
a crise fiscal do Estado, em virtude da impossibilidade de se manter o modelo
burocrático de gestão, as reformas gerenciais estão intimamente associadas
com as reformas que buscavam a reestruturação do Estado, como as
neoliberais, inclusive porque a sua aplicação, no início, tinha um caráter quase
que somente de redução de custos, enxugamento de pessoal e aumento da
eficiência, com clara definição das responsabilidades dos funcionários, dos
objetivos organizacionais e maior consciência acerca do valor dos recursos
públicos. Este período ficou conhecido como gerencialismo puro.
Esses novos modelos, identificados como gerenciais, deveriam dar maior
agilidade às ações dos governos, tendo, como gênese, uma preocupação central
com
as
crises
fiscais
que
impuseram
sérias
limitações
às
ações
das
administrações públicas. Osborne e Gaebler descreveram esses avanços
advindos da administração de empresas a partir de experiências em municípios
e condados americanos. Os relatos dos autores sobre as iniciativas de governos
locais dos Estados Unidos seriam o embrião de um novo paradigma na
condução das ações dos governos, ou, ainda, de uma nova forma de
governança. Assim, a denominação de gerencialismo na administração pública
seria referente ao desafio de realizar programas direcionados ao aumento da
eficiência e melhoria da qualidade dos serviços prestados pelo Estado. Para
Abrucio, o gerencialismo seria um “pluralismo organizacional sob bases pósburocráticas vinculadas aos padrões históricos (institucionais e culturais) de
cada nação”, não se constituindo num novo paradigma capaz de substituir por
completo o antigo padrão burocrático weberiano.
Ferlie e outros delinearam quatro modelos básicos da Nova Administração
Pública, representando um movimento evolutivo a partir da administração
pública tradicional:
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a) NAP – Modelo 1: dirigido à eficiência, pois considerava o serviço público
tradicional lento, burocrático e ineficiente;
b) NAP – Modelo 2: voltado a movimentos de downsizing e descentralização,
buscando redução de gastos governamentais e formas mais flexíveis de gestão
(redes organizacionais);
c) NAP – Modelo 3: a busca da excelência seria o principal objetivo desse
modelo, com especial interesse na gestão da mudança e inovação na esfera
pública, além de considerar a cultura organizacional como um importante fator
a ser considerado;
d) NAP – Modelo 4: Orientação ao Serviço Público, nesse modelo, representa
uma fusão de idéias gerenciais advindas da administração privada para
aplicação em organismos públicos, com preocupações como qualidade dos
serviços prestados, oportunidade de participação dos usuários nas decisões de
gestão pública e construção dos conceitos de cidadania e accountability.
Fernando Abrúcio, por outro lado, elaborou uma outra classificação da evolução
dos modelos da Administração Gerencial, conforme o quadro a seguir:
A constatação mais importante é que as classificações apresentam uma mesma
linha de raciocínio lógico, e que entre os tipos de cada uma das classificações,
há incorporações dos aspectos positivos de cada teoria
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Com relação ao último modelo, o Serviço Orientado ao cidadão, uma noção
importante é a de accountability. Trata-se da relação da burocracia e das elites
políticas com a sociedade e o controle que esta deve exercer sobre os
administradores públicos. Sua tradução para o português englobaria as idéias
de transparência na condução das ações, efetiva prestação de contas na
utilização dos recursos públicos e responsabilização dos gestores públicos, tanto
por
suas
ações
como
omissões.
O
conceito
“envolve
a
existência
de
mecanismos que assegurem que os servidores públicos e os líderes políticos
sejam responsáveis por suas ações e pelo uso de recursos públicos, e que irão
requerer um governo transparente e uma imprensa livre”, segundo Minogue. O
modelo de administração pública gerencial implica, em suma, no entendimento
de que o aparelho de Estado deve ser responsável pela formulação e regulação
de políticas públicas, não necessariamente por sua execução.
José Matias Pereira em artigo intitulado Reforma do Estado, Transparência e
Democracia no Brasil, estabelece a comparação e diferenças entre o modelo
burocrático e o gerencial, conforme segue:
1) Enquanto a administração pública burocrática é auto-referente, a administração
pública gerencial é orientada para o cidadão. A administração burocrática concentrase no processo, em suas próprias necessidades e perspectivas, sem considerar a alta
ineficiência
envolvida.
Administração
gerencial,
voltada
para
o
consumidor,
concentra-se nas necessidades e perspectivas desse consumidor, o cliente-cidadão.
No gerencialismo, o administrador público preocupa-se em oferecer serviços, e não
em gerir programas; preocupa-se em atender aos cidadãos e não às necessidades
da burocracia.
2) Enquanto a administração pública burocrática acredita em uma racionalidade
absoluta, que a burocracia está encarregada de garantir, a administração pública
gerencial pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza,
na qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas.
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3) A administração pública burocrática acredita que o modo mais seguro de evitar o
nepotismo e a corrupção seja pelo controle rígido dos processos, com o controle de
procedimentos. A administração pública gerencial parte do princípio de que é preciso
combater o nepotismo e a corrupção, mas que, para isso, não são necessários
procedimentos rígidos, e sim por outros meios: indicadores de desempenho, controle
de resultados etc.
4) Na administração gerencial, a confiança é limitada, permanentemente controlada
por resultados, mas ainda assim suficiente para permitir a delegação, para que o
gestor público possa ter liberdade de escolher os meios mais apropriados ao
cumprimento das metas prefixadas. Na administração burocrática essa confiança
não existe.
5) A administração burocrática é centralizadora, autoritária. A administração
gerencial prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e
responsabilidades para os escalões inferiores;
6)
Enfim,
a
administração
gerencial
preza
pelos
princípios
de
confiança
e
descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de
estruturas, descentralização de funções e incentivos à criatividade e inovação. Em
contraposição, a administração burocrática prega o formalismo, rigidez e o rigor
técnico
ITEM 2. (ESAF/2012/RECEITA FEDERAL/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL)
Sobre o modelo de Administração Pública Burocrática, é correto afirmar que:
a) pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os
cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas.
b) assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido
dos processos, com o controle de procedimentos.
c) prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades para
os escalões inferiores.
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d) preza os princípios de confiança e descentralização da decisão, exige formas flexíveis de
gestão, horizontalização de estruturas e descentralização de funções.
e) o administrador público prega o formalismo, o rigor técnico e preocupa-se em oferecer
serviços, e não em gerir programas.
Pessoal, esta questão foi retirada do artigo de José Matias Pereira. Analisemos
as alternativas:
A) ERRADO. Esta é uma característica da Administração Pública Gerencial.
B) CERTO. Esta é uma característica da Administração Pública Burocrática,
conforme salientado no texto de José Matias Pereira.
C) ERRADO. Esta é uma característica da Administração Pública Gerencial.
D) ERRADO. Esta é uma característica da Administração Pública Gerencial.
E) ERRADO. A preocupação da burocracia está nos processos, nos meios e
não no fim, na gestão do programa, portanto, e não na oferta do serviço.
A Administração Pública Gerencial é que preocupa-se em oferecer
serviços, e não em gerir programas.
Desta Forma, o gabarito da questão é a alternativa B.
ITEM 3. (ESAF /2015/ MPOG/ ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO )
Em relação aos modelos de gestão pública, é incorreto afirmar:
a) no sentido weberiano do termo, a burocracia nunca logrou ser reconhecida por sua
racionalidade. Antes, popularizou-se – negativamente – em face de suas disfunções.
b) a lógica do Governo Aberto, por si só, é suficiente para garantir uma maior e mais efetiva
participação social na avaliação e no controle da ação governamental.
c) embora declaradamente rejeitado por todos, o patrimonialismo remanesce em grau bastante
sensível, haja vista os recorrentes escândalos de corrupção havidos no decorrer da Nova
República.
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d) a absorção do gerencialismo e suas variantes, no âmbito da gestão pública, não implica
delinear-se, como objetivo, a exclusão do modelo burocrático.
e) embora as ideias de reforma gerencial tenham surgido em países de governos neoliberais, é
possível afirmar que o modelo não se restringe apenas a esse contexto ideológico.
A) Pessoal, aqui temos um deslize da banca. A ESAF considerou esta afirmativa
como certa. De fato as disfunções burocráticas são mais notórias que sua
formulação inicial de eficiência. No entanto, em sentido weberiano, o objetivo
da burocracia era a racionalidade. O modelo de dominação weberiano inclusive
chama-se racional-legal. banca, contudo, não anulou esta questão.
B) ERRADO. O simples fato do Estado estar acessível (através da transparência
e governo eletrônico), não garante que os cidadãos irão participar. É preciso
estimular essa participação, por meio de ações concretas
C) CERTO. O patrimonialismo é ainda praticado. O uso de cargos públicos para
atender interesses político demonstra isto.
D) CERTO. O objetivo do gerencialismo é tornar a administração mais eficiente,
utilizando
os
princípios
basilares
e
funcionais
da
burocracia,
como
a
meritocracia, hierarquia, admissão por concurso público
E) CERTO. O Brasil tem contexto sócio-político completamente distinto dos EUA
e Reino Unido, primeiras nações a adotarem a administração gerencial, e
mesmo assim promoveu a reforma do Estado Gerencial em seu ordenamento
jurídico
Portanto, o gabarito é a alternativa B, mas eu teria entrado com recurso
para anular a questão!
ITEM 4. (ESAF /2014/ RECEITA FEDERAL/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL )
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Considerando-se os modelos teóricos de administração pública: patrimonialista, burocrático e
gerencial, é correto afirmar que:
a) a
Administração Pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta, pregando o
formalismo, rigidez e o rigor técnico.
b) a Administração Pública burocrática pensa na sociedade como um campo de
cooperação e incerteza,
na
qual os
cidadãos
defendem
interesses e afirmam suas posições ideológicas.
conflito,
seus
c) a
Administração Pública burocrática prega a
descentralização, com
delegação
de
poderes, atribuições e responsabilidades para os escalões inferiores.
d) a
Administração Pública Gerencial é autorreferente e se concentra no processo,
suas próprias necessidades
e perspectivas,
sem considerar
a
ineficiência
envolvida.
e) a Administração Pública
Gerencial
seguro de evitar o
nepotismo
e
rígido dos
processos
com o
assume
que
a
corrupção
controle
de
em
alta
o
modo mais
é pelo controle
procedimentos.
Pessoal, vejam que a questão é semelhante à que foi cobrada no próprio
concurso da receita em 2012, baseada no artigo de José Pereira Matias. Vamos
analisar as alternativas:
A) CERTO. A Administração Pública
burocrática acredita
racionalidade absoluta, pregando o formalismo, rigidez e o
em
uma
rigor técnico.
B) ERRADO. Esta é uma característica da Administração Pública Gerencial.
C) ERRADO. Também é característica da Administração Pública Gerencial.
D) ERRADO. Esta é uma característica da Administração Pública
Burocrática,
conforme vimos acima na aula, constituindo uma das críticas que se faz a este
modelo.
D) ERRADO. Esta é uma característica da Administração Pública Burocrática
Portanto, o gabarito é a alternativa A.
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ITEM 5. (ESAF /2014/ MTur/ ANALISTA TÉCNICO - ADMINISTRATIVO)
Correlacione as colunas acima atribuindo as características descritas na Coluna II à forma de
administração correspondente, constante da Coluna I.
Ao final, selecione a opção que contenha a sequência correta para a Coluna II.
a) 1, 2, 3
b) 3, 2, 1
c) 2, 3, 1
d) 2, 1, 3
e) 1, 3, 2
Pessoal, esta foi uma questão muito tranquila. Vejamos:
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É a administração baseada em um serviço civil profissional e no universalismo
de
procedimentos,
expresso
em
normas
rígidas
de
procedimento
administrativo! Trata-se da Administração Burocrática. Portanto, primeira lacuna
devemos associar o número 2.
Prega que a melhor forma de combater o clientelismo é dar autonomia ao
administrador público, valorizando-o por sua capacidade de tomar decisões em
que o critério de êxito seja sempre o melhor atendimento ao cidadão-cliente.
! Trata-se da Administração Gerencial. Portanto, a segunda lacuna
devemos associar o número 3.
É uma administração do Estado, mas não é pública. Sobrevive nos regimes
democráticos imperfeitos através do clientelismo
! Trata-se da Administração Patrimonialista. Portanto, a terceira lacuna
devemos associar o número 1.
Sendo assim, o gabarito é a alternativa C.
Bem, pessoal, fecho por aqui esta aula demonstrativa! Na aula 2 trarei mais
questões sobre este tema.
Espero revê-los na aula 1! Até a próxima!
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2. Lista de Questões ITEM 1. (ESAF/2014/MF/ ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO)
A dominação burocrática proposta por Weber estabeleceu os seguintes atributos da organização
racional-legal, exceto:
a) A concentração do trabalho
b) A hierarquia
c) A existência de regras gerais de funcionamento.
d) A separação entre propriedade pessoal e organizacional
e) A seleção de pessoal com base em qualificação técnica.
ITEM 2. (ESAF/2012/RECEITA FEDERAL/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL)
Sobre o modelo de Administração Pública Burocrática, é correto afirmar que:
a) pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os
cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas.
b) assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido
dos processos, com o controle de procedimentos.
c) prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades para
os escalões inferiores.
d) preza os princípios de confiança e descentralização da decisão, exige formas flexíveis de
gestão, horizontalização de estruturas e descentralização de funções.
e) o administrador público prega o formalismo, o rigor técnico e preocupa-se em oferecer
serviços, e não em gerir programas
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ITEM 3. (ESAF /2015/ MPOG/ ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO )
Em relação aos modelos de gestão pública, é incorreto afirmar:
a) no sentido weberiano do termo, a burocracia nunca logrou ser reconhecida por sua
racionalidade. Antes, popularizou-se – negativamente – em face de suas disfunções.
b) a lógica do Governo Aberto, por si só, é suficiente para garantir uma maior e mais efetiva
participação social na avaliação e no controle da ação governamental.
c) embora declaradamente rejeitado por todos, o patrimonialismo remanesce em grau bastante
sensível, haja vista os recorrentes escândalos de corrupção havidos no decorrer da Nova
República.
d) a absorção do gerencialismo e suas variantes, no âmbito da gestão pública, não implica
delinear-se, como objetivo, a exclusão do modelo burocrático.
e) embora as ideias de reforma gerencial tenham surgido em países de governos neoliberais, é
possível afirmar que o modelo não se restringe apenas a esse contexto ideológico
ITEM 4. (ESAF /2014/ RECEITA FEDERAL/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL )
Considerando-se os modelos teóricos de administração pública: patrimonialista, burocrático e
gerencial, é correto afirmar que:
a) a
Administração Pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta, pregando o
formalismo, rigidez e o rigor técnico.
b) a Administração Pública burocrática pensa na sociedade como um campo de
cooperação e incerteza,
na
qual os
cidadãos
defendem
interesses e afirmam suas posições ideológicas.
c) a
Administração Pública burocrática prega a
descentralização, com
delegação
de
poderes, atribuições e responsabilidades para os escalões inferiores.
d) a
Administração Pública Gerencial é autorreferente e se concentra no processo,
suas próprias necessidades
e perspectivas,
sem considerar
a
ineficiência
envolvida.
e) a Administração Pública
Gerencial
seguro de evitar o
nepotismo
e
rígido dos
processos
com o
assume
que
a
corrupção
controle
de
em
alta
o
modo mais
é pelo controle
procedimentos.
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conflito,
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ITEM 5. (ESAF /2014/ MTur/ ANALISTA TÉCNICO - ADMINISTRATIVO)
Correlacione as colunas acima atribuindo as características descritas na Coluna II à forma de
administração correspondente, constante da Coluna I.
Ao final, selecione a opção que contenha a sequência correta para a Coluna II.
a) 1, 2, 3
b) 3, 2, 1
c) 2, 3, 1
d) 2, 1, 3
e) 1, 3, 2
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3. Gabarito 1 2 3 4 5 A B B A C www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Marcelo Camacho
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