Visões continentais: projetos políticos culturais para a

Propaganda
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
Visões continentais: projetos políticos culturais para a América Latina
Francisca Nogueira de Azevedo1
Auxiliares de Pesquisa - Flavia Grieco e Saionara Ladeira∗
Introdução
A idéia de uma cooperação continental na América não é recente se considerarmos a
iniciativa do “libertador” Simon Bolívar que em 1824 decidiu convocar os países do
continente para um Congresso no Panamá, - reunido em 1826- onde se discutiria mecanismos
de cooperação e que sirviese de consejo en los grandes conflictos, de punto de contacto en los
peligros comunes, de fiel intérprete en los tratados públicos cuando ocurrieran dificultades y
de conciliador en las diferencias entre los pueblos2. O Congresso contou com a participação
da Colômbia, Venezuela, Equador, Chile, Argentina, Peru, México e América Central, porém,
tanto o império brasileiro quanto os EUA, embora tenham sido convidados, não enviaram
representação. Na realidade, há referências na historiografia latino-americana que os EUA
tentaram esvaziar a Conferência do Panamá, pois a idéia de Bolívar era de ter a Grã-Bretanha
como uma espécie de protetora das novas repúblicas, uma vez que o “Libertador” via, de
forma quase profética, o dinamismo do expansionismo dos norte americanos.
O termo pan-americanismo derivou da idéia de uma Pan-América cunhado pela
imprensa norte americana em 1889. Deve-se observar, que durante o século XIX a Europa foi
invadida por movimentos ideológicos internacionais – os “ panismos” – que tinham como
proposta reunir em torno de um centro dominante países, povos, ou comunidades de
parentesco vinculadas as questões étnicas, lingüística e culturais. Como exemplos podemos
citar: pan-germanismo, pan-eslavismo, pan-islamismo etc. Entretanto, a particularidade do
pan-americanismo era seu caráter geográfico continental, embora não deixasse de ter sua
intenção política, apesar de não conter um plano estritamente político em termos
doutrinários3. Para os EUA, o movimento pan-americano deveria incorporar uma série de
fatores, como localização geográfica, interesses econômicos e aspirações nacionais que
1
PEA-IFCS/UFRJ.
Bolsistas PIBIC/PEA-UFRJ
2
Ver: Belloto, Manoel Lelo e Corrêa, Anna Maria Martinez (org.) Bolívar, Simón: Política. Rio de Janeiro; Ed.
Ática,1983.
1
∗
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
possibilitassem maior aproximação continental. Na realidade, o projeto pan-americano tenta
retomar a idéia do bolivarismo, definida no discurso do Simon Bolívar em Angustura.
A convite do governo dos Estados Unidos reuniu-se em Washington em outubro de
1899 a Conferência Internacional Americana. Entretanto, oficiosamente a Conferência passou
a ser denominada de “Pan-Americana”. O autor e executor do projeto da Conferência pode-se
dizer pai do pan-americanismo, foi James G. Blaine, popular político norte americano. No
entanto, no seu objetivo principal - a criação de uma união aduaneira a exemplo do zollverein
– a reunião não triunfa, mas funda-se um organismo permanente: a União Internacional das
Repúblicas Americanas.4 Um fato interessante, é que o Brasil entra na Conferência como
representante da única monarquia do hemisfério, porém, ainda durante os trabalhos –
15/10/1889 – dá-se a Proclamação da República.
A história do pan-americanismo é marcada por momentos intensos de crises, em
virtude da própria base em que se sustenta a idéia pan-americana, isto é, a tese da posição
hegemônica dos EUA, o que, em contrapartida, incentiva disputa entre as nações latinoamericanas com o intuito de deter uma hegemonia regional, como é o caso do Brasil e
Argentina em relação ao Cone Sul. Na Conferência de Havana em 1928 a discussão do
principio de não intervenção no âmbito do pan-americanismo gerou uma grande polêmica,
uma vez que a política externa norte-americana para América Latina vinha sendo de
sucessivas e violentas intervenções. As violentas críticas dirigidas ao EUA na Conferência
resultou no esfriamento dos ideais pan-americanos e aumentou as desconfianças em relação
ao propósito do projeto, por parte de grande número de intelectuais da América Latina
Numa avaliação das Conferências e dos resultados do pan-americanismo o filósofo e
diplomata mexicano Antonio Gómes Robledo ressalta o seguinte:
“ Hasta la conferência de Santiago ( V Conferencia Panamericana, en 1928) celebrada
en los años posteriores a la primera guerra mundial, es más bien pobre el balance de
resultados que arrojan las conferencias panamericanas. A ello contribuye la desunion
profunda entre Norteamérica e Hispanoamérica, manifestada no solo en la disparidad de
criterios en las cuestiones más fundamentales de la vida de relación, sino en el apogeo que
alcanza el imperialismo norteamericano durante las dos primeras decadas de nuestro siglo.
Casos de imperialismo tan innegable como la creación artificial de Panamá, con la sobranía
adquirida por los Estados Unidos en la Zona del Canal; la guerra impuesta a España en la
3
Ver Ardao,Arturo.Panamericanismo y Latinoamericanismo. In: Zea, Leopoldo (coord.).América Latina en sus
Ideas. México; Siglo XXI, 1986. Pp. 157-171.
2
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
cuestión de Cuba, a la que siguió, como doloroso epílogo, la humillación de la Enmienda
Platt, no eran ciertamente para despertar en nadie deseos de um acercamiento mayor. A
estos actos seguió aún el corolario de la Doutrina Monroe afirmado por Teodoro Roosevelt;
colorario en que se enuncia con caráter programático la intervención norteamericana,
financeira y militar en los países del Caribe. Esta política fue aplicada hasta la época del
presidente Wilson y de sus inmediatos sucesores… Lo único que en todo este periodo
transcurrido desde la primera hasta la quinta conferencia panmamericana, tuvo progreso
real, incremento efectivo, era la oficina burocrática de Washington, colocada bajo la
vigilancia del secretario de Estado, y de una en otra conferencia vio aumentar su poder y
prestigio.5
Na Conferência Pan-Americana realizada em Buenos Aires em 1936, os EUA tentam
mas não obtêm bons resultados na sua proposta de “consolidação da paz continental”.
Entretanto, não renunciam a iniciativa e aproveitam a VIII Conferência Pan-Americana em
Lima (1938) para insistirem na necessidade de uma cooperação de paz entre as nações
americanas. Com a eclosão da II Guerra Mundial, em setembro de 1939, realiza-se no Panamá
a primeira reunião extraordinária dos ministros latino-americanos das Relações Exteriores,
com o objetivo de tomar medidas face a nova situação internacional. A Conferência do
Panamá elabora uma pauta com três pontos principais: as questões relativas à aplicação da
neutralidade no Novo Mundo; a proteção da paz do hemisfério ocidental; e a cooperação
econômica continental, para fazer face a inevitáveis desarranjos da economia mundial.6 O
Brasil adota a política defendida por Washington de neutralidade absoluta.
No entanto, as rápidas e profundas transformações na política internacional impostas
pelo cenário da guerra faz com que os EUA quebre o princípio de neutralidade que tão
arduamente defendeu na Conferência do Panamá. Em sua maioria, os países latinoamericanos reagiram criticamente a entrada dos EUA na guerra, uma vez que Washington
havia defendido vigorosamente o sistema de neutralidade do hemisfério. A entrada
isoladamente na guerra, sem consulta aos países que haviam firmado o acordo, significava a
destruição do princípio de uma ação comum. Tal atitude, resultou no arrefecimento da política
pan-americana e por outro lado, reforçou às críticas aos EUA e a sua política para o
continente.
4
Sobre o pan-americanismo na ótica norte americana e as relações entre os EUA e América Latina, ver: Gil,
Federico. Latin American – United States Relations. New York; Harcourt Brace Jovanovich, 1971.
5
COLÓGERAS, João Pandiá. O Brasil e a Sociedade das Nações. São Paulo; Ed do Estado de São Paulo; 1926,
p.167.
3
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
Ao final da guerra, a Conferência de Bogotá (1948), marcará um novo momento nas
estratégias do pan-americanismo. Na ocasião, a antiga União Pan-Americana é substituída
pela Organização dos Estados Americanos (OEA). A mudança não é apenas de nomenclatura
mas especificamente de diretriz do movimento, o que se propõe agora é substituir o peso
ideológico do panismo, por propostas que se sustentem na idéia de relações inter-americanas.
Assim, o fim da guerra e a crise do sistema nacional/imperial abriram espaços às críticas de
setores intelectuais e acadêmicos da América Latina, em relação a prática de soluções que
visavam a preponderância de uma nação sobre outras. Em outras palavras, condenavam
enfaticamente as práticas imperialistas.
Ao avaliar a participação brasileira nas Conferências pan-americanas, especialmente a
de 1923, realizada em Santiago, o historiador João Pandiá Calógeras critica enfaticamente a
representação do Brasil. A Atuação dúbia e prepotente da diplomacia brasileira, em sua
tentativa de classificar os países em grande e pequenos, para atribuir inexplicáveis
preponderância aos primeiros
7
Esta posição também e partilhada por José Honório
Rodrigues, especialmente no que se refere ao propósito do embaixador Afranio de MelIo
Franco em tentar reativar a diplomacia do ABC (1915) - que objetivava uma solução pacífica
para conflitos entre Argentina, Brasil, Chile e Uruguai. Citando Calógeras, Jose Honório
destaca que a idéia é “infleliz e cheia de gérmens de discórdia, alheia por completo à prática,
preconizada e seguida por quase um século, de aproximação idêntica de todas as irmãs
continentais, política que nos valeu desgostos e momentos difícies e nos desprestigiou”8
Um primeiro momento importante das relações do Brasil com o pan-americanismo, se
dá no período em que Oswaldo Aranha, assume a pasta do Ministério das Relações
Exteriores, e passa a reforçar a aproximação com Washington. A questão do alinhamento do
Brasil com os EUA começaria a assumir suas feições definitivas em 1940 quando o governo
norte-americano temendo uma tendência brasileira em favor da Alemanha acelerou as
negociações em torno de uma siderurgia para Volta Redonda, desejo brasileiro desde que com a “Era Vargas” - abandonou a idéia de manter o status de país fundamentalmente
agrícola em prol de um projeto de desenvolvimento econômico de perfil industrial-urbano.
Essa concepção acompanhou a trajetória política do presidente Getúlio Vargas e estava
intimamente associada a uma estratégia de redefinição do posição do Brasil no contexto
6
, RODRIGUES, José Honório; SEITENFUS, Ricardo A.S. Uma História Diplomática do Brasil (1531-1945).
Rio de Janeiro; Civilização Brasileira.1995, p.391
7
Cológeras, op. cit., p.14, nota 5.
8
Rodrigues, op. cit., p.298, nota 6.
4
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
internacional e ao projeto modernizado varguista.9 A percepção de Aranha que iria prevalecer
junto a Vargas, pretendia que, nessa aproximação, o Brasil viesse a ocupar para o EUA a
posição de “ aliado especial” na América latina dada a sua importância política, uma vez que
ocupava uma posição-chave no apoio ao pan-americanismo. Para isso, Oswaldo Aranha não
mediu esforços na defesa e difusão dos ideais pan-americanos junto aos demais países do
continente
A Conferência do Rio de Janeiro foi um marco no alinhamento Brasil e EUA, coroando
os esforços de Oswaldo Aranha em direção a uma política pró-aliados e pan-americanista,
determinando sua maior influência sobre os rumos da política externa brasileira. O cônsul
brasileiro Jayme de Barros em relatório ao então ministro Oswaldo Aranha sobre sua missão
em diversos países da América do Sul relata o seguinte:…voltei seguro de que cresceu o
nosso prestigio na América, nos últimos anos, graças à sábia política de V.E., à nossa
participação destacada nas decisões continentais, à fidelidade aos princípios panamericanistas, à entrada do Brasil na Guerra e ao desenvolvimento de nosso potencial
econômico e militar.10
O estratégia da política de Aranha era de sem abandonar o discurso da União PanAmericana procurar reservar ao Brasil uma posição de interlocutor diferenciado, que deveria
negociar independentemente com os EUA. Todavia em diversos setores da elite diplomática
brasileira, permaneciam desconfianças e reservas com relação ao pan-americanismo, cujo viés
hegemônico norte-americano não era desconhecido, o mesmo se dava com os vizinhos
latinos, ao ponto do Ministro reconhecer que, se não fosse a ligação com os EUA as outras
nações latino-americanas já teriam se coligado com o Brasil.11 Sendo assim, o fim último da
política continental brasileira era o estabelecimento das bases necessárias à construção de sua
hegemonia regional construída através de uma aliança especial com uma potência. Para
Aranha essa potência era indiscutivelmente o EUA
12
Com a crise do Estado Novo (1944-
1945), os Estados Unidos tornam-se um aliado cada vez mais estratégico, e quando em 1944
Oswaldo Aranha deixa o Itamaraty os rumos da política externa em relação ao “ Gigante do
Norte” já está definitivamente consolidada.
9
Ver: FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930: história e historiografia. São Paulo; Brasiliense, 1981.
RODRIGUES, op.cit., p.111, nota 5.
11
Ver: SVARTMAN,Eduardo Munhoz. Diplomatas, Políticos e militares - As visões do Brasil sobre a
Argentina durante o Estado Novo. Paso Fundo: EDIUPF,1999.
12
.Ibid., p.117.
5
10
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
Visões Continentais: o Brasil na Revista de História de America do IPGH
Apesar dos esforços da diplomacia brasileira em inserir o Brasil no projeto panamericanista, observa-se que, pelo menos, parte da “inteligência” nacional não responde as
investidas da política diplomática.
Com o objetivo de avaliar a participação da intelectualidade brasileira da década de 30 e
40 no projeto pan-americano, decidiu-se analisar a Revista de História de America editadas no
período em questão, tendo como principal preocupação observar a participação e a presença
do Brasil no âmbito da revista. A pesquisa foi realizada no arquivo do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, encontrando-se neste acervo apenas 10 das 20 revistas editadas nos
anos 40. O objetivo da pesquisa é relacionar a maior ou menor participação brasileira, com o
engajamento em uma política cultural que visava a integração do continente. O corte temporal
se justifica uma vez que nesse período verifica-se rápidas e profundas transformações na
política externa americana, consequentemente afetando as relações pan-americanas. A
primeira dessas transformações foi a quebra do princípio de neutralidade, defendido na
Conferência do Panamá, e a segunda, está relacionada com término do conflito internacional,
e o novo ordenamento das relações internacionais que ascendeu os EUA a potência
internacional, rearticulando as relações com as repúblicas latino-americanas. Por outro lado, o
fim da guerra vai impor profundas modificações no cenário político brasileiro, gerando o
colapso do Estado Novo e a saída de Oswaldo Aranha do Itamaraty (1944). Nesta conjuntura,
nos interessa saber em que medida a política de integração cultural defendida por Oswaldo
Aranha na Conferência de 1935 tem continuidade ou não, e em caso afirmativo, quem são os
novos promotores.13
A crise entre guerras e a agressiva política norte-americana para o Caribe levantou por
parte da intelectualidade latino-americana enfáticas críticas, que afetaram profundamente o
desenvolvimento das idéias pan-americanista. Afim de reforçar a política pan-americana no
âmbito cultural e assim arrancar apoio das “inteligências” nacionais, os EUA decidiu fundar
em 1932 o Instituto Pan-Americano de Geografia e História (IPHG). A idéia germinal do
projeto, era de que IPHG funcionasse como órgão articulador entre os Institutos Históricos e
Geográficos latino-americanos. Caberia ao IPGH incentivar e coordenar investigações que
reunissem vários países latino-americanos, além de criar um grande arquivo de documentos
13
Para avaliação da participação brasileira na Revista de America do IPGH foram analisados os volumes: 12
(12/1941); 14 (12/1942); 15 e 16 (06-12/1943);20 (12/1945); 22 (12/1946); 24 (12/1947); 25 e 26 (06-12/1948);
28 (12/1949).
6
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
sobre a América. Se considerarmos que o IHG congregava a elite intelectual nacional, pode-se
dimensionar a importância estratégica dessa atitude.
Na assembléia inaugural do IPGH, o representante brasileiro, embaixador Afranio de
Mello Franco atribui ao IPGH o propósito de aprofundar o conhecimento científico do
material humano e do material geográfico dos povos da América. Para o embaixador o
homem e a natureza são partes indissociáveis. Como os homens de seu tempo, pensa a
Geografia e a História como irmãs na caminhada evolucionista para “civilização”. Por outro
lado, a representação brasileira na Assembléia reforça uma diretriz política que vem se
delineando desde a ascensão de Getulio Vargas ao poder, especialmente em relação a
Argentina. Na realidade, nos anos 30 evidencia-se um esforço político, por parte do Brasil e
da Argentina em melhorar a histórica tensão nas suas relações diplomáticas, a qual resultou
num afastamento não apenas de caráter político e cultural, mas sobretudo no enraizamento de
um sentimento coletivo negativo em relação ao “outro”. Esta atitude é consolidada pelo
convite feito por Getúlio Vargas ao General Agustin P Justos, então presidente da Argentina,
para visitar o Brasil. A repercussão e o alarde da imprensa brasileira e argentina a visita do
General Justo, que ocorre em outubro de 1933, demonstra a importância e o propósito de
ambos os países no aquecimento das relações bilaterais.14,
A criação do IPHG gera grande expectativa para os formuladores do projeto. O
mexicano Pedro Sánchez, diretor do Instituto, revela essa espectativa em sua fala inaugural:
En mi caráter de hombre medianamente científico, mi esperanza, mi ilusión, mi más
vehemente deseo es que el Instituto Panamericano de Geografia e História, por naturaleza de
sus trabajos, por la profundidad de sus investigaciones y por la inmensidad de su labor
realizada, llegue a ser el cerebro de esta América para nosostros tan querida, y en futuro no
lejano, el cerebro del mundo. O discurso proferido em 1932, de certa forma, demonstra o
entusiasmo do continente frente um futuro promissor. A “grande guerra” e a revolução
bolchevita, haviam desintegrado as idéias e os princípios clássicos que sustentaram e
mundializaram a civilização ocidental. A Europa envelhecera, era a hora e a vez do Novo
Mundo ser o “cérebro do mundo”. A frente da locomotiva do progresso estava o presidente
americano Franklin Delano Roosevelt, levantando a bandeira do “New Deal” e anunciando
uma “nova era”, que iria concretizar o sonho do “Manifest Destiny”. Em sua maioria, os
14
Ver: FRAGA, Rosendo, Los –Acuerdos Vargas – Justo. Texto apresentado no “Seminário Argentina-Brasil
“Os Anos:30; Reflexos e Vínculos”, realizado no Rio de Janeiro, 1999
7
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
Estados Nacionais da América Latina embarcam na locomotiva norte-americana e passam a
se olhar no “espelho do próspero”..15
Enquanto a participação do embaixador Afranio de Mello Franco é considerada
medíocre por seus contemporâneos, o novo embaixador do Brasil Oswaldo Aranha, embuído
com os ideais da revolução de 30 - pois foi um dos seus mais importantes articuladores - não
mede esforços para projetar o país na esfera da política pan-americana, caminho seguro para
projetar o Brasil continentalmente. Perseguindo essa direção Oswaldo Aranha na Assembléia
do IPGH, ocorrida em outubro de 1935, adere integralmente a propostas do Instituto
enaltecendo seus propósitos: …Sem descer as questões bizantinas, nas quais tem o mundo
perdido o seu tempo, indagando da procedência, da natureza e da hierarquia dos
conhecimentos, é fora de dúvida a significaçaõ sem para a realização como a vossa,
procurando somar os esforços de todos os estudiosos de todas as Instituições continentais
para a realização de uma tarefa cultural comum, imune de preconceitos escolásticos
regionais e nacionais. – Somando esses esforços isolados, estais fazendo o milagre da
multiplicação dos pães e da reunião das varas, símbolo da força pela união e da confiança
pela fé. Não pode haver obra mais fecunda, não só porque o conhecimento da Geografia e da
História é o melhor meio de estabelecer a comunhão, que é a reunião pela consciência de
nossos povos como sobretudo porque nada é possível fazer de sólido entre as nações sem que
elas existia um fundo comum de conhecimento e de idéias. – A solidariedade continental não
pode ser obra de coerção, nem unicamente de tratados e de ligas, mas da identificação de
sentimentos de idéias e propósitos. – E isso só pode ser realizado pela ação cultural que é a
da vossa instituição, desenvolvendo a comunhão espiritual dos homens, dos povos e das
nações americanas…”. Em seu discurso, Arinos procura minimizar as diferenças e conflitos,
que na realidade não tinham nada bizantinos. Concretamente, desde o final do século XIX o
EUA tinham conseguido grandes extensões territoriais e políticas em suas ações na América
Latina. De forma sutil, menciona que a política coerciva do “Big Stick, não apresentou bons
resultados na conquista dos latino-americanos. Entretanto, a História tem provado que a
“conquista do imaginário” - lembrando Gruzinski16 - é sem dúvida muito mais duradoura e
eficaz. Assim, afinado com a política norte-americana para o continente e interessado em se
15
16
Ver MORSE, Richard. O Espelho do Próspero. São Paulo; Brasiliense, 1994.
GRUZINKI, Serge. La Colonización de lo Imaginario: sociedades indigenas el Mexico español (siglos XVIXVII). Mexico; Fondo de Cultura Económica, 1991.
8
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
posicionar no topo das articulações meridionais, o ministro brasileiro procura reforçar as
identidades culturais das nações, como justificativa de política de cooperação.
Desde a Assembléia Inaugural do IPGH, em 26 de dezembro de 1932, o Brasil envia
delegação e apresenta trabalhos que, de certa forma, atendem as expectativas propostas pelo
Instituto, com temas de história comparada ou de abrangência regional/continental. Afim de
divulgar essas idéias – propósito fim do IPGH – criou-se a Revista de América do Instituto
Pan-Americano de Geografia e História. Os primeiros quatro volumes (dezembro de 1932 e
Janeiro de 1933) são compostos com trabalhos apresentados na reunião da criação do
Instituto. No primeiro volume, o Brasil aparece com sete artigos sendo todos no âmbito da
Geografia e Corografia. O segundo volume, também conta sete artigos brasileiros, dos quais
três são em História, destacando a participação dos seguintes historiadores: Pedro Calmon,
com o tema “De Quito ao Pará – O Maravilhoso Descobrimento da Amazonia”, Virgílio
Correa Filho com o texto “Considerações acerca do Paraguai, via fluvial de navegação para
Cuibá, no centro da América do Sul” e Raimundo Lopes em artigo intitulado “Gonçalves
Dias e a raça americana”. No quarto volume, uma vez que não encontramos o terceiro, há
dois artigos de historiadores brasileiros: o de Cesar Feliciano Xavier, “ O Brasil na História
da América e na Evolução Universal” e o de Dr. Herminio de Brito Conde, “A Questão
Cochrane – A Independência no Piauí e no Maranhão.
A avaliação do conjunto da Revista de Historia de América do IPGH editadas na década
de 40, observa-se que elas são inicialmente estruturadas em duas seções: a primeira com um
sumário de artigos e a outra intitulada Reseñas de Libros. Na realidade, mais do que livros
resenhados encontra-se nesta seção informes sobre a produção bibliográfica relativa à temas
americanos. Alguns números apresentavam uma seção especial sobre Bibliografia de História
de América, onde estavam indicados a periodização e a definição dos tópicos. Os temas
proposto na organização da Bibliografia exemplificam com clareza as influências do
positivismo, que marcou de forma significativa às historiografias nacionais, e os pressupostos
epistemológicos que norteavam o estudo da História e da Geografia. São 23 tópicos
destacando o seguinte: Bibliografia-Bibliología; Arquivologia e Ciências Auxiliares da
História; Fontes Documentais; Museografia; Historiografia; Metodologia da História; Ensaios
de Interpretação; História geral; História Militar e Naval; História Regional; Biografia
(Autobiografia-Genealogía); História da Geografia e Estatística; História Religiosa; História
das Idéias e das Instituições Políticas e Jurídicas; História Social e Econômica; História
Diplomática; História da Cultura; Humanidades; Ciências; Educação; História Lingüística e
Literária; História Artística; História dos Costumes e do Folclore.
9
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
A partir do número 20 da Revista inclui-se a seção de Noticias, para divulgação
comemorações, reuniões, prêmios, cursos etc.. No número 22, aparece a seção Notas
Necrológicas, onde faziam saudações aos intelectuais falecidos, especialmente aos membros
dos IHG nacionais. A tiragem era semestral, junho e dezembro, e durante a década de 40
todos os volumes foram publicados no México. Deve-se fazer menção a importância dos
historiados mexicanos Leopoldo Zea e Silvio Zavala junto ao IPGH.
No que se refere a incidência de autores brasileiros e artigos sobre o Brasil na Revista,
verifica-se que ano de 1941 dos três artigos que compunham o volume havia um sobre
História do Brasil de autoria de Luiz Norton, intitulado A Colonização Portuguesa do Brasil
(1500-1550). Indo-se ao corpo do texto encontra-se o subtítulo “súmula e comentário de
alguns documentos e provas”. O artigo é estruturado em quatro capítulos: I-O Descobrimento
do Brasil e as Primeiras explorações do Litoral Brasileiro. II- A empresa de Cristóvão Jacques
e a expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa. III - A criação das donatárias. IV-O
Governo Geral – Os Jesuítas. Com evidente inspiração positivista, no primeiro capítulo
Norton discute, através de provas documentais, a intencionalidade da descoberta. No segundo,
defende a tese de que a expedição de Cristovão Jacques deu início ao processo de colonização
do Brasil. Nos dois últimos capítulos, num discurso laudatório ao projeto colonial português,
considera o processo de colonização significou “a ocupação civilizadora do Brasil”.
Na seção de Reseñas de Libros, das vinte sete obras indicadas, encontra-se apenas uma
referente ao Brasil, o livro de Gandin da Fonseca, “Santos Dumont”.
No volume de 1942, dos cincos artigos incluídos nenhum trata do Brasil, e das vinte
oito resenhas, apenas duas são sobre o Brasil, sendo um trabalho de autor estrangeiro. A
primeira é uma edição documental do Instituto do Açúcar e do Alcool: “Documentos
Históricos do Brasil-I: Os Holandeses no Brasil” a outra é o livro de A.M. Marchant
intitulado From barber to slavery. The economic relations of Portuguese and Indiasn in the
settlemente of Brazil, 1500-1580.
No primeiro volume de 1943 dos cinco artigos e cinqüenta e sete resenhas que
compõem a Revista não há nehuma menção ao Brasil. No segundo volume, composto por
quatro artigos e vinte e cinco resenhas, encontra-se resenhada a obra de F.A. López, “História
da Construção da Igreja do Carmo de Ouro Preto”.
Em 1945 repete-se praticamente a mesma estatística. Nenhum artigo sobre o Brasil, dos
três incluídos e, das trinta e oito resenhas, apenas uma, a qual faz referência a obra de R. de
Mendonça, “História da Política Exterior do Brasil (1500-1825)”, e é resenhada por Carlos
Bosch Garcia. O mesmo acontece em relação ao volume de 1946. De três artigos e trinta e três
10
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
resenhas encontra-se uma obra, resenhada por Leopoldo Zea, da obra do filósofo mexicano
Antonio Gómez Robledo, La Filosofia en el Brasil. Novamente, os dados se repetem em
1947, de três artigos trinta e três resenhas apenas o livro de Edison Carneiro, “Guerras dos
Palmares” aparece resenhado em espanhol por Javier Malagón Barceló.
No volume 25 de 1948 de três artigos e trinta resenhas apenas uma trata do Brasil, a
obra de T. O. Marcondes de Souza, “O descobrimento de Brasil de acordo com a
documentação histórica e cartográfica” avaliada por José Almoina. A situação muda no
segundo volume de 1948 (n° 26), quando a participação do historiador brasileiro Helio
Vianna incrementa presença do Brasil na Revista. Embora não se encontre nos três artigos
indicados no sumário referências à temas nem autores brasileiros, das trinta e sete resenhas,
seis são obras sobre o Brasil, sendo todas resenhadas por Hélio Vianna: Rui Barbosa, “A
Imprensa”; Adriaen Van der Dussen, “Relatório sobre as Capitanias conquistadas no Brasil
pelos Holandeses (1639), Suas condições econômicas e sociais”; Ernesto Ennes, “Estudos
Sobre História do Brasil”; Raimundo Girao, “História Econômica do Ceará”; Arthur Ramos,
“Introdução à Antropologia Brasileira”; Barão do Rio Branco, “Biografias. Obras do Barão do
Rio Branco”.
No ano de 1949, de três, nenhum artigo sobre o Brasil, e das vinte e nove resenhas,
apenas duas tratam do tema. Uma analisada por Hélio Vianna, , “Galeria dos Brasileiros
Ilustres (Os Contemporâneos) de S.A.Sisson, e a outra por Joaquim de Souza-Leão Filho,
“Frans Post 1612-1680”.
Na seção Noticias, somente em 1948, aparece nota sobre a criação do Instituto
Brasileiro de História da Medicina, cuja finalidade, ressaltava a nota, era de “salvaguardar las
conquistas científicas e instituiciones del Brasil así como las figuras de relieve en la historia
de la medicina y de la farmacia”, ou seja preservar no panteão nacional brasileiro os próceres
das ciências médicas e farmacêuticas. No ano seguinte, duas novas referências ao Brasil: o
anúncio da Primeira Reunião Pan-americana de Consulta sobre Geografia, organizado pelo
governo brasileiro por meio do Conselho Nacional de Geografia, e a realização do IV
Congresso de História Nacional promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Em relação as Notas Necrológicas, não encontra-se referência ao falecimento de
brasileiros.
No volume de dezembro de 1948 (n°27) a Revista de História de América traz ampla
divulgação da formação do Comitê de História de las Ideas en America, iniciativa do filósofo
e historiador mexicano Leopoldo Zea. Na opinião do intelectual mexicano a formação do
comitê atendia a exigência de historiar profunda y acusiosamente el pensamiento y la
11
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
filosofia de cada nación de América. O comitê foi assim composto: Leopoldo Zea, presidente;
Joaquim MacGrégor, secretário; Conselho Consultivo: Jose Gaos, Samuel Ramos, Luis
Recaséns Siches; Daniel Cosío Villegas, Jesus Silva Herzog, Eduardo Garcia Máynez, Rafael
Heliodoro Valle. Como “membros do exterior” foram propostos: Francisco Romero, da
Argentina, Cruz Costa do Brasil; Roberto Agramonte, por Cuba; Cornelius Krusé, pelos EUA
e Mariano Picón Salas pela Venezuela.
Numa rápida avaliação quantitativa conclui-se o seguinte: nas 10 revistas analisadas
encontram-se 35 artigos sobre diferentes países da América Latina, destes, apenas um é sobre
História do Brasil (1941), isto representa 2.8%. Quanto as resenhas, de 282, somente 16
fazem referências a obras sobre o Brasil, sendo duas de autores estrangeiros, ou seja, apenas
5.6%.
Observa-se então, que não há muita discrepância na presença de temas referentes ao
Brasil, ao longo dos volumes analisados. O volume 26 é a única exceção, com as seis resenhas
de Hélio Vianna. Preliminarmente, pode-se concluir que apesar dos esforços de Afonso
Arinos no engajamento político pan-americano, essa atitude não se traduz no incremento das
relações culturais. Sendo assim, fica a questão: Qual seria a razão da acanhada participação do
Brasil nos projetos culturais pan-americanos na década de 30/40, se os esforços da política
externa caminhavam no sentido de incrementar e fortalecer essas relações?
Naturalmente, a solução da questão não é simples, nem pode ser respondida nos
limites deste trabalho. Entretanto, pode-se arriscar a encaminhar a discussão em duas
vertentes: no âmbito da cultura e da política. Em primeiro lugar, há que se considerar que o
pan-americanismo nunca teve grande aceitação por parte da intelectualidade latino-americana,
em especial a hispano-americana. As vozes de Ariel sobrevoaram não somente as mente de
Rodó, mas também espalharam pelo continente as palavras de protesto de José Martí, Juan
Batista Alberdi, Andrés Bello e outros tantos. Para muitos desses intelectuais, o panamericanismo denegria a idéia bolivariana de cooperação, e representava apenas um
instrumento do imperialismo. Os ecos desses protestos chegaram a parte norte do hemisfério e
por outro lado, os efeitos da crise de 1929 e da Revolução Russa demonstraram que havia
passado a era da política do “Big Stick”. É na esfera da política da “boa vizinhança” que se
aprofunda o pan-americanismo. No entanto, essa nova estratégia não consegue apagar da
memória dos latino-americanos a agressividade da política externa norte-americana
corporificada pela Doutrina Monroe.
Apesar desses fatos, o impacto e os efeitos da agressiva política de Washington, não
atingem diretamente a sociedade brasileira, seja, talvez, pela posição geográfica de certa
12
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
forma distanciada, mas sobretudo pelo fato do Brasil – por razões históricas que não cabe aqui
destacar - nunca ter se sentido parte da América latina. Entretanto, a crise entre-guerras e
particularmente o crack da Bolsa de New York colocou em evidência a necessidade de
alternativas, nacionais e regionais na busca de uma solução para crise.
Como foi mencionado na parte introdutória do texto, a intenção da política externa
desenvolvida pelo Brasil, de colocar o país em posição de preponderância regional foi
detectada e criticada pelos próprios brasileiros, como atesta o depoimento do historiador
Pandiá Calógeras. Da mesma forma, a continuação e o revigoramento dessa intenção com
Oswaldo Aranha, que pretendia ampliar a participação do Brasil no pan-americanismo, porém
resguardando posição privilegiada no diálogo com os Estados Unidos, não contribui de forma
efetiva para a incursão do Brasil nos ideais mais amplos de cooperação regional. Como o
próprio Arinos reconhece a ligação do Brasil com os Estados Unidos atrapalhava a união com
as outras nações vizinhas. Com o fim da era Vargas, e a ascensão do general Dutra a
presidência, amplia-se o diálogo direto com os EUA, e neste contexto o Brasil se mantém
afastado da comunidade latino-americana.
Assim, o confronto permanente com o Ogro Filantrópico - imagem criada por Octavio
Paz para representar a relação de amor e ódio entre os latino-americanos e os Estados Unidos
- é mascarada no país pela diretriz dada as relações internacionais, mantendo o Brasil fora da
Nuestra América de Martí, Mariátegui e muitos outros. Esse sentimento de não pertencimento
a comunidade latina da América, não restringia-se ao setores fora da academia, mas estava
presente em grande parte dos intelectuais brasileiros, inclusive na vanguarda modernista,
como atesta Mário de Andrade em “O Banquete” (1945)
É engraçado: há culturas cuja a influência é perigosa, e outras não. Por exemplo, eu
acho a cultura espanhola muito perigosa para nós, porque desvirtua os caracters mais
sutilmente íntimos da língua nacional. Toda a influência cultural enche uma língua de
estrangeirismo, não há dúvida. Mas é curiosos como o galicismo, um anglicismo, um
germanismo não deturpam a sensibilidade psicológica da nossa sintaxe. Talvez por virem de
linguagens distantes demais da nacional, mas o italianismo e sobretudo o espanholismo, por
isso mesmo que muito mais sutis, menos “visíveis”, têm o dom terrível de deturpar as
essências íntimas da nossa língua.17
Finalmente, deve-se assinalar que a década de 30 é um dos momentos em que a maioria
da intelectualidade latino-americana indica a existência de uma crise dos contornos da
17
Citado por: QUITERO-RIVERA, Marea. A Cor e Som da nação. A idéia da mestiçagem na crítica musical do
Caribe espanhol e Brasil (1928-1947). São Paulo;FAPESP, 1998.p.142.
13
Anais Eletrônicos do IV Encontro da ANPHLAC
Salvador - 2000
ISBN 85-903587-2-0
identidade nacional, recolocando em pauta o problema da identidade continental. No entanto,
a definição de uma proposta de identidade continental e a expressão de um desejo de
integração, se apoia na crença de possuir um destino próprio, diferenciado e comum. O que se
conclui, é que o Brasil da década de 30/40 não comunga com os ideais dessa comunidade
imaginada.18, e que tanto no plano ideológico como afetivo os brasileiros não se sentem parte
dela.
18
Ver: ANDERSON, Benedict. Imagined Communities: reflections on the origin and spread of nacionalism.
Londres; Verso, 1983
14
Download