Perfil Etnobotânico de Ixora coccinea Linn

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Perfil Etnobotânico de Ixora coccinea Linn
Cássia Carvalho de Almeida, Maria Aparecida M. Maciel*
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Química, Campus
Universitário, 59072-970, Natal, RN.
*E-mail: [email protected]
Resumo
Ixora coccínea Linn, vulgarmente conhecida como Ixora, ixora-coral, equisósea,
gerânio selvagem, fogo selvagem ou louro de jardin, é um arbusto que atinge até 2,5m de
altura (Lorenzi et al., 1995). Pertence a família Rubiaceae, que compreende cerca de 500
gêneros e aproximadamente 7.000 espécies, sendo portanto, uma das maiores famílias
de angiopermas. Ixora coccinea é uma planta não apenas ornamental, já que na Índia
detém um
histórico de uso medicinal, em que raízes e flores são utilizadas com
finalidades terapêuticas diferenciadas.
Palavras chave: Ixora coccinea Linn., Rubeacea, Etnobotânica.
Introdução
O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso
terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e
na cura de enfermidades é tão antigo quanto à espécie humana. Ainda hoje nas regiões
mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são
comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais
residenciais. As observações populares sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais
contribuem de forma relevante para a divulgação das virtudes terapêuticas dos vegetais,
prescritos com frequência, pelos efeitos medicinais que produzem, apesar de não terem
seus constituintes químicos conhecidos (Maciel et al., 2002). Dessa forma, usuários de
plantas medicinais de todo o mundo, mantém em voga a prática do consumo de
fitoterápicos, tornando válidas informações terapêuticas que foram sendo acumuladas
durante séculos. De maneira indireta, este tipo de cultura medicinal desperta o interesse
de pesquisadores em estudos envolvendo áreas interdisciplinares e multidisciplinares,
que juntas enriquecem os conhecimentos sobre a inesgotável fonte medicinal natural: a
flora mundial (Maciel et al., 2002). Como exemplos: 1- botânica (identificação vegetal); 2química orgânica [semi-síntese de moléculas bioativas provenientes de metabólitos
secundários; sínteses totais e/ou parciais de metabólitos secundários (também
conhecidos como “metabólitos especiais”]; 3- fitoquímica (pesquisas que contemplam a
preparação de extratos vegetais, fracionamento cromatográfico, isolamento, purificação e
caracterização de metabólitos especiais); 4- farmacologia (avaliação das propriedades
terapêuticas de metabólitos especiais); 5- fitofarmacologia (estudos fitoquímicos e
farmacológicos etnodirigidos); 6-bioquímica (pesquisas que avaliam metabólitos com
enfoque quimiofarmacológico, em que se incluem também, obtenção de bioformulações e
suas caracterizações físico-químicas, bem como encapsulamento de fitofármacos); físicoquímica orgânica (estudos que contemplam a obtenção de
formulações biológicas,
encapsulamento de fitofármacos e suas caracterizações físico-químicas).
Desenvolvimento e Discussão
Ixora coccinea Linn, é um arbusto de 1,5 - 2,5 metros de altura, muito ramificado,
forma compacta, de ramos lenhosos a semilenhosos (Lorenzi et al., 1995). Possuem
folhas grandes ovais acuminadas, cor verde-escuras, coriáceas e brilhantes, quase sem
pecíolo, inseridas opostas duas a duas. Há inúmeras espécies de Ixora, a maioria de
origem asiática. Dentre elas citamos a Ixora coccinea L. também chamada de ixorajaponesa é originária da Malásia e produz flores em creme, rosa e vermelho com as
pétalas mais pontiagudas com altura até 0,80 m de altura. Aprecia locais ensolarados,
solo bem adubado, com bom teor de matéria orgânica e bem drenado. O pH = 5, mais
ácido, é o ideal para o seu crescimento (Lorenzi et al., 1995). Pertence a família
Rubiaceae que encontra-se distribuída em todo mundo, compreendendo cerca de 500
gêneros e aproximadamente 7.000 espécies, sendo portanto, uma das maiores famílias
de angiopermas, ocorrendo tanto nas regiões frias como nas zonas temperadas e
tropicais. São plantas de hábito muito variado, vão desde ervas, arbustos, subarbustos,
árvores, trepadeiras, com folhas opostas ou verticiladas, sempre com estipulas
interpeciolares muito características e inteiras. Exemplo comum desta família é a Genipa,
o gênero do conhecido jenipapo com frutos do tamanho de uma laranja com polpa
comestível, comum na região Nordeste Brasil. Outro exemplo é Coffea, gênero nativo da
África, com espécie extensamente cultivada entre nós. Dentre as flores destacam-se a
gardênia (Gardenia), jasmim-do-cabo e ixora, com suas inflorescências de cores variadas
e vistosas, e frequentemente encontradas nos jardins (Bremer et al, 2000).
Embora o cultivo do gênero Ixora seja praticado no Brasil há 2 séculos, com uso
estritamente ornamental principalmente nos estados de clima quente, os povos orientais
utilizam-no por muito mais tempo, com fins medicinais de uso popular. A literatura mostra
inúmeros trabalhos envolvendo o gênero Ixora no que diz respeito a sua propagação
(Francis, 2003; Monteath, 2005), controle de pragas (Devi, 1991), investigações nas áreas
de química inorgânica (Tikku, 1990). Estudos fitoquímicos mostraram a presença de
terpenóides (Reena, 1994), flavonóides (Chauhan, 1996; Vimala, 1997) e alcalóides
(Cannon, 1980). Das flores de Ixora coccinea, foram identificados, misturas de
hidrocarbonetos, sesquiterpenos, esteróides, mistura de triterpenos, bem como o açúcar
manitol. Evidenciou-se ainda, a presença do triterpeno ácido ursólico, tendo sido isolado
em bons rendimentos (Monteath, 2005). Este triterpeno possui ações medicinais, tais
como: hepatoprotetor, antiinflamatório, antialérgico, antibacteriano, antiviral, antifúngico,
antimalárico, anti-HIV, diurético, hipoglicemiante e antiproliferativo (Maciel et al., 2010).
Considerações Finais
De forma geral, espécie medicinais que podem ser encontradas em países
diferentes em torno do mundo, despertam aos pesquisadores vinculados aos estudos de
química de produtos naturais, interesses inesgotáveis já que mudanças químicas
(quimismo da plantas sofre modificações) podem ocorrer devido aos fatores ambientais
diferentes, tais como a fertilidade, a umidade, a radiação solar, a temperatura do vento, os
herbívoros e a poluição do ar/solo. Estas variações podem esclarecer resultados
diferenciados na ação farmacológica da planta, evidenciados em estudos comparativos.
Em adição, outros fatores como a idade da planta e o momento de coleta, podem
igualmente trazer mudanças nos teores dos constituintes químicos de metabólitos
especiais, bem como nos bioresultados. Neste contexto, alguns trabalhos recentes podem
ser consultados para exemplificação (Maciel et al., 2000; 2002; 2010; Viegas et al., 2006,
Veiga Jr., 2005; Cechinel & Yunes, 1998).
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