ELABORAÇÃO DE FOLDER INFORMATIVO SOBRE CUIDADOS RELEVANTES AOS CLIENTES DOS SERVIÇOS DE MANICURE E/OU PEDICURE Evelin Simões de Salles¹ - Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Mayse Zuchetto² - Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Vânia Regina Novotny³ - Orientadora; Tecnóloga em Cosmetologia e Estética; Professora do Curso de Tecnólogo em Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Daniela da Silva4 – Co-orientadora; Farmacêutica; Professora do Curso de Tecnólogo em Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Contatos ¹[email protected] ²[email protected] ³[email protected] 4 [email protected] Palavras-chaves: Manicure e Pedicure. Biossegurança.Transmissão. Clientes. Resumo A preocupação com a beleza estética das unhas não é mais um assunto feminino. Clientes do sexo masculino cada vez mais procuram este serviço, afinal, todos gostam de manter as unhas aparentemente agradáveis e saudáveis. Seguindo esta linha de raciocínio, e acompanhando a vasta informação progressiva, automaticamente os profissionais de manicure e/ou pedicure assumem uma maior responsabilidade perante seu trabalho. A presente pesquisa visa conscientizar essa demanda de clientes cada vez maior em relação ao risco que envolve os serviços de manicure e/ou pedicure, evidenciando a importância da Biossegurança em todo e qualquer procedimento que anteponha à saúde das pessoas, ou seja, que de alguma forma, possa prejudicar a saúde dos clientes. Através da criação do folder informativo, todas essas informações serão elencadas e disponibilizadas à comunidade, mais especificamente aos clientes desses serviços. Mediante a carência de informação, e de acordo com o levantamento bibliográfico, podemos 2 observar que, tanto profissionais, quanto clientes não tem o devido conhecimento e a preocupação quanto aos riscos nos serviços de manicure e/ou pedicure. O contágio de doenças através destes serviços é extremamente comum, e alguns profissionais não tem o conhecimento nem de como ocorre essa transmissão. 1 INTRODUÇÃO O embelezamento das unhas a cada dia tem maior demanda, devido, primeiramente à preocupação estética não só das mulheres, mas também de homens, em busca de unhas saudáveis e aparentemente agradáveis. (PRÔA; VIEIRA, 2009). A profissional de manicure e/ou pedicure cada vez mais assumem uma maior responsabilidade devido ao seu trabalho. Com o passar do tempo, reconheceu-se que um serviço de manicure e/ou pedicure executado de forma inadequada pode vir a causar danos graves à saúde. (PRÔA; VIEIRA, 2009). Hoje nem todo mundo está consciente sobre as possíveis contaminações de materias re-utilizados ou não devidamente descartados pelos profissionais de manicure e/ou pedicure a cada novo atendimento. Justamente por essa carência de informações dos consumidores diretos ou indiretos deste serviço, percebeu-se a necessidade da elaboração de um folder informativo na tentativa de conscientização desses clientes, sendo esta a principal idéia deste artigo. Não só a demonstração dos riscos biológicos, mas como também o devido esclarecimento sobre qualquer cuidado antes, durante e após cada procedimento dos serviços de manicure e/ou pedicure. Prôa; Vieira (2007, p.50-51) reforçam que: Tão importante quanto conhecer todos os instrumentos de trabalho é saber cuidar de cada um de forma especial. Esta é uma lição que não pode ser esquecida no seu dia-a-dia profissional, estabeleça como rotina verificar o estado de conservação dos instrumentos e certificar-se de que todos passaram por processos adequados de limpeza. Dando segmento na realização desta pesquisa, preconizará as questões que visem informar sobre doenças decorrentes da falta de Biossegurança adequada dos utensílios, tendo a intenção de causar o impacto na mente dos clientes dos serviços de manicure e/ou pedicure. Despertando um novo olhar sobre essa área. Com esta 3 metodologia, o presente folder apresenta uma linguagem clara e precisa proporcionando a conscientização dos clientes que utilizem destes serviços. Mediante esta proposta este folder informativo passará a ser distribuído em estabelecimentos estéticos, lojas e socializados em ambientes para promover a divulgação do mesmo. A área da beleza vem ganhando cada vez mais dimensão no mercado de trabalho, e com isso, a preocupação não está somente no embelezamento das unhas de mãos e pés, e sim na segurança do consumidor perante o serviço prestado pela profissional de manicure e/ou pedicure. Segundo Melhoramentos (1997) “Manicure é a pessoa que trata das mãos dos seus clientes, aparando, polindo e esmaltandolhes as unhas.” Prôa; Vieira (2007, p.46) esclarece “ Manicure dedica-se apenas ao embelezamento das unhas de pés e mãos. Para se profissionalizar, faz um curso de qualificação profissional, onde tem os primeiros contatos com conhecimentos de anatomia”. Diante disto, se faz necessário que profissionais devidamente qualificados ocupem esse espaço e exerça com segurança o trabalho a ser desenvolvido por eles, proporcionando uma nova visão aos consumidores, sobre os devidos cuidados e os reais riscos que eles se pré-dispõem automaticamente ao uso do mesmo. Complementam Prôa e Vieira (2009, p.20) que “É seu dever garantir um atendimento seguro e evitar a exposição das pessoas a riscos de contaminação”. Devido ao grande número de contaminações através de serviços relacionados à beleza, e principalmente envolvendo os serviços de manicure e/ou pedicure, no mês de março, deste ano de 2010, foi realizada uma pesquisa na cidade de São Paulo, em salões de beleza de classes alta e baixa. Essa pesquisa constituía-se em entrevistar um grande número de manicures e/ou pedicures, a fim de levantar dados referentes ao conhecimento dessas profissionais, a respeito de transmissão de doenças, e também, dos meios de prevenção diante destas. Foram entrevistadas cem manicures, a partir destas, revelou-se que, 20% das profissionais já estavam contaminadas com o vírus da Hepatite B, 74% não lavavam as mãos durante um atendimento e outro, e não estavam vacinadas contra Hepatite 4 do tipo B, 72% desconheciam as formas de contágio, e apenas 5% dessas profissionais utilizavam luvas descartáveis. (SCHUNCK, 2010) Constata-se então que existe uma grande carência de conhecimento e informação dessas profissionais, desvalorizando automaticamente o seu serviço, e tornando cada vez mais o seu local de trabalho, num ambiente propício a transmissão de doenças, causando danos não somente a saúde dos clientes, mas sim também a si próprio. A presente pesquisa tem como objetivo conscientizar os clientes dos serviços de manicure e/ou pedicure, da possível transmissão de doenças, decorrentes pela falta de Biossegurança dos materiais utilizados pelas mesmas, como nos mostra o folder informativo (APÊNDICE A). 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Transmissão de doenças Mediante a carência de informação tanto do profissional manicure e/ou pedicure quanto dos clientes, é demasiadamente importante ressaltar que a falta da Biossegurança pode acarretar graves doenças. Dentre elas, destacam-se as mais comuns que podem ser adquiridas num serviço de manicure e/ou pedicure executado de forma inadequada. Os procedimentos de manicuro e pedicuro com instrumentos contaminados levam a infecção de 5 a 40% das pessoas não vacinadas. (GASTALDI; BENDINI, 2008 apud JORGE, 2003). Em decorrência da falta de Biossegurança adequada as principais doenças encontradas são: Hepatite B, C, Vírus da Imunodeficiência humana (HIV), Onicomicose e Dermatite fúngica, das quais todas serão descritas posteriormente. 2.1.1 HBV - Hepatite B 5 A hepatite B é uma infecção causada pelo vírus HBV, que provoca lesões degenerativas ou inflamatórias no fígado. Apresenta-se de forma que varia desde um quadro agudo e benigno, até a um quadro grave e fatal. (GASTALDI; BENDINI, 2008 apud VERONESI & FOCACCIA, 1996). O vírus da hepatite do tipo B pode ser encontrado no sangue e em outros fluidos do corpo, incluindo sêmen, secreções vaginais e saliva. A transmissão ocorre quando o sangue ou outros fluidos corpóreos infectados contaminam penetram no organismo por meio de um corte na pele ou pelo contato sexual. Esta hepatite, do tipo B, pode ser fatal (WOLFF, 2001). Freire (2006 p.51) salienta que “O ideal é que cada pessoa leve seus próprios aparelhos ou observe como o profissional esteriliza seus equipamentos.” Salientando novamente a importância da Biossegurança nos serviços de manicure e/ou pedicure, em todo e qualquer material utilizado seja ele de uso individual ou não, devendo passar pelo processo adequado de esterilização. Para que o número de pessoas contaminadas através do serviço de manicure e/ou pedicure possa ser regredido. Com o elevado índice de pessoas contaminadas pelo vírus da hepatite B as autoridades do governo Brasileiro lançaram uma campanha no mês de abril de 2010. Segundo o site do Governo Brasileiro (2010) A partir deste mês, a vacina contra a hepatite B será estendida para cerca de 60 mil salas de vacina do Sistema Único de Saúde (SUS), com foco em populações mais vulneráveis. Além da ampliação do acesso, outros grupos prioritários foram incorporados, entre eles caminhoneiros, portadores de doenças sexualmente transmissíveis e gestantes. Manicures, pedicures e podólogos também estão no rol dos novos beneficiados. 2.1.2 HCV - Hepatite C A hepatite C é uma doença viral silenciosa que pode se manifestar anos depois da contaminação. Em casos de complicação, a doença desencadeia alterações no fígado, podendo causar câncer. (WOLFF, 2001) 6 GASTALDI; BENDINI (2008 apud VERONESI & FOCACCIA, 1996) complementam “Hepatite C causada pelo HCV é geralmente assintomática, porém, lentamente progressiva. Além do sangue, o vírus pode estar teoricamente presente em qualquer secreção ou excreção orgânica”. No entender de GASTALDI; BENDINI (2008, apud CALIL & RONZI, 2000) “ HCV é um vírus altamente resistente sobrevivendo em até três dias na superfície de um instrumento seco contaminado. Se ocorrer exposição ocupacional com este mesmo instrumento, neste período, a possibilidade de contaminação existe”. 2.1.3 Vírus da Imunodeficiência humana – HIV A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi identificada pela primeira vez em 1981. A partir daí a epidemiologia da AIDS passou a relacionar essa doença a uma possível transmissão por um agente infeccioso até a identificação do retrovírus que a causava. (PEREIRA, 2001). (GASTALDI; BENDINI, 2008, apud PINHEIRO, 2006) concebe “ Que a AIDS ou SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é uma moléstia infecto contagiosa, provocada pelo retrovírus humano HIV-1”. A leitura de GASTALDI; BENDINI (2008, apud PINHEIRO, 2006) sobre o risco de transmissão do HIV é de 0,3% em acidentes percutâneos e de 0,09% após exposições em mucosas. O risco de transmissão após exposição da pele íntegra a sangue infectado pelo HIV é estimado como menor do que o risco após exposição mucocutânea. O vírus do HIV sobrevive por até quinze minutos em um instrumento que tenha tido contato com sangue contaminado. Ramos (2009, apud CALIL E RONZI, 2000). 2.1.4 Onicomicose (Micose da unha) A onicomicose (micose de unha) é uma doença provocada por fungos que se "alimentam" de queratina, material do qual as unhas são formadas. A doença pode 7 se manifestar de várias formas, como: descolamento (a unha fica oca), espessamento, formação de manchas e, até mesmo, a deformação e destruição da unha. (RAMOS, 2009) Nas palavras de (BASTOS et al, 2005) As unhas, como componente da extremidade dos dedos, são parte integrante da estrutura sensorial da mão. A perda da margem livre das unhas pode reduzir drasticamente a capacidade sensorial dos dedos, com conseqüente limitação da destreza manual. Estima-se que esta doença atinja mais de 20 por cento da população européia e mais de um milhão e meio de portugueses. DONADUSSI (2004 p.40) complementa Ocorre em cerca de 20% da população adulta entre comum em mulheres pela maior exposição, por uso contaminação por manicures e pedicures. É provavelmente, pelo crescimento mais rápido da desenvolvimento do fungo. 40 e 60 anos. É mais de sapatos abertos e rara em crianças, unha, dificultando o Dentro do raciocínio de RAMOS (2009) as alterações clínicas das unhas onicomicóticas vão de pequenas manchas esbranquiçadas ou amareladas (discromia), até espessamento, fendas, descolagem que promove a separação da unha em duas lâminas e hiperceratose subungueal. Nas partes lesadas, observa-se perda de brilho, opacidade e destruição da unha. Estudos revelam que a incidência do aparecimento de onicomicoses é mais frequente e relevante em determinado grupo de pessoas. (RAMOS-E-SILVA, 2000 p.25) anota que Entre certos grupos, como mineiros de carvão, pessoal das forças armadas, nadadores freqüentes, escolares, e desportistas, entre outros, a prevalência das infecções fúngicas dos pés, entre elas as onicomicoses, podem ser, na realidade, muito mais elevada do que o observado em alguns inquéritos epidemiológicos realizados até agora. O uso de calçados fechados e/ou úmidos, a vida em comunidade, o andar descalço em banheiros públicos, e a freqüência de trauma, são fatores que influenciam essa elevada taxa de prevalência. 8 Alguns autores ainda defendem a idéia de que a onicomicose não passa apenas de uma desordem estética, e ainda, são tratadas como incuráveis. Em contrapartida, é necessária uma atenção devida a esse tipo de problema, não negligenciando desta forma, pois artigos comprovam que onicomicose causa transtornos físicos e psicológicos, sendo assim, merecendo sua devida atenção. (RAMOS-E-SILVA, 2000). A onicomicose pode ser causada por diferentes tipos de fungos, sendo assim, essencial a descoberta de cada caso em particular, justamente por cada fungo possuir uma diferente sensibilidade, influenciando diretamente no resultado de um tratamento. (RAMOS-E-SILVA, 2000) reforça Há, por vezes, grande dificuldade para se chegar a diagnóstico de infecção fúngica das unhas, o que ocorre tanto em relação ao seu diagnóstico diferencial com outras onicopatias, quanto à etiologia da própria onicomicose, o que implicará em diferentes tratamentos. (LIMA et al, 2008) complementam A ampla gama de espécies fúngicas envolvidas em patologias ungueais com destaque para os fungos filamentosos não-dermatófitos que constituíram o segundo grupo mais isolado. O diagnóstico micológico com identificação das espécies envolvidas é essencial para o tratamento mais específico de doenças fúngicas ungueais. As primeiras alterações que se manifestam nas lâminas ungueais são as alterações na cor. Segue adiante as alterações causadas pela Onicomicose. 9 Figura 1: Manchas brancas ou amareladas Fonte: Adaptado de DERMATOLOGIA.NET Figura 2: Fendas Fonte: Adaptado de DERMATOLOGIA.NET 10 Figura 3: Descolamento Fonte: Adaptado de DERMATOLOGIA.NET Figura 4: Hiperceratose Subungueal Fonte: Adaptado de DERMATOLOGIA.NET 2.1.5 Dermatite fúngica As Dermatofitoses são infecções dos tecidos queratinizados causados pelos fungos dermatófitos. As dermatites fúngicas são resultado da defesa do organismo a essa infecção, esclarece Ramos (2009, p.13). 11 O índice da ocorrência da dermatite fúngica, apresenta-se em maior quantidade em locais onde o clima seja quente e úmido. Essas infecções podem ocorrer em qualquer parte do corpo, tendo maior incidência em alguns locais como: couro cabeludo, planta dos pés, palmas das mãos, entre os dedos das mãos e dos pés, virilha, etc. (RAMOS, 2009, p.13). O contágio ocorre através de escamas na pele, sendo esta, infectada pelo que chamamos de “esporos fúngicos”, que são nada mais do que a reprodução dos próprios fungos. No caso do contato direto com a pele íntegra, existe a possibilidade de uma nova infecção. (RAMOS, 2009, p.14) Lembrando que a dermatite é uma afecção frequente e em alguns casos pode inabilitar o paciente, pois acaba afastando-o de suas atividades normais até que ocorra uma melhora comparativa do desconforto. (BERTONI, 2006). Com esta grande abrangência da Biossegurança, podemos perceber que a ausência das condutas básicas, podem sim evitar o contágio de diversas doenças descritas anteriormente, e automaticamente proporcionar um serviço de maior qualidade e segurança do profissional bem como também, dos clientes dos serviços de manicure e/ou pedicure. 2.2 Biossegurança Mediante a carência de informação tanto do profissional manicure e/ou pedicure quanto dos consumidores, é demasiadamente importante ressaltar que a falta de Biossegurança pode acarretar a transmissão de doenças, que muitas vezes são irreversíveis, assumirá papel principal desta pesquisa científica. A relação entre doença e trabalho, é fato antigo na história. (WAISSMANN; CASTRO, 1996). Mediante a preocupação com as questões de Biossegurança, deve-se relacionar saúde e trabalho, sendo assim, a conscientização deve fazer parte deste novo conceito. Barbieri; Cavalcanti; Monteiro (2003, p.15) definem que Biossegurança 12 Significa Vida + Segurança, em sentido amplo é conceituada como a vida livre de perigos. Genericamente, medidas de biossegurança são ações que contribuem para a segurança da vida, no dia-a-dia das pessoas (ex.: cinto de segurança, faixa de pedestres). Assim, normas de biossegurança englobam todas as medidas que visam evitar riscos físicos (radiação ou temperatura), ergonômicos (posturais), químicos (substâncias tóxicas), biológicos (agentes infecciosos) e psicológicos, (como o estresse). Dando segmento às observações voltadas a transmissão de doenças através da falta de Biossegurança em atendimentos de manicure e/ou pedicure, preconiza-se que profissionais devidamente qualificados exerçam esse serviço. Na concepção de Prôa; Vieira (2007, p.20) É seu dever garantir um atendimento seguro e evitar a exposição tanto dos clientes como de si próprio a riscos de contaminação. Por essa razão, a manutenção das condições de higiene dos instrumentos utilizados (alicates, espátulas, lixas) entre outros materiais e equipamentos de trabalho devem ser tomados como prioridade. Bernardinho (2007, p.50) complementa Se as manicures não seguirem os cuidados adequados de esterilização de seus instrumentos de trabalho, os clientes podem facilmente ser infectados no salão de beleza. O ideal seria que o cliente levasse o seu próprio material de casa, mas as manicures ainda são muito resistentes quanto a isso. Porque acham, por exemplo, que os alicates podem não ter bom corte. Evidenciando o risco de contaminação que pode ocorrer durante um serviço de manicure e/ou pedicure, salienta-se que, os devidos cuidados necessários para uma total segurança, não está voltado somente aos clientes deste serviço e sim também do próprio profissional. Destacando assim, a importância do uso EPI’S (luva, máscara, jaleco, calça comprida e sapato fechado) pelo profissional. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) (2001) na Norma Regulamentadora 6 NR6, da Portaria nº 3.214/1978 afirma que Equipamento de Proteção Individual (EPI), todo dispositivo ou produto, usado pelo profissional e de uso individual com o propósito de maior segurança e saúde no trabalho. 13 Schunck (2010) comenta que no mês de março foi realizada uma pesquisa na cidade de São Paulo, com cem manicures entrevistadas em salões de beleza de classes alta e baixa, revelando que, 20% das manicures ouvidas tem hepatite B, 74% dessas profissionais entrevistadas não lavavam as mãos entre um atendimento e outro, e também não estavam vacinadas contra hepatite, 72% desconheciam as formas de contágio, e apenas 5% das entrevistadas usavam luvas descartáveis. Através de um estudo realizado na cidade de Ribeirão Preto – SP, com 40 profissionais manicures, foi avaliado o comportamento destas profissionais. Concluise que, as profissionais avaliadas não possuem conhecimento adequado perante o risco de transmissão através de secreções durante o procedimento, e que 100% das profissionais não executam uma esterilização eficaz. (GIR; GESSOLO, 1998). Gir e Gessolo, (1998) escrevem com relação à postura que as manicures tomam, no momento em que ocorre algum sangramento, ao cortarem a cutícula de seus clientes, a Tabela 6 mostra que 70% delas disseram evitar o contato direto com o sangue; 5 (12,5%) manicures, às vezes contactuam com o sangue da cliente; 4 (10%) apenas limpam com algodão, sem esclarecer se entram em contato com o sangue; observa-se ainda que 3 (7,5%) manicures referiram que deveriam usar luvas, mas não as usam. Assim, percebe-se que a maioria (77,5%) delas preocupase com a exposição ao sangue, mas há ainda manicures que não atribuem a devida importância ao fato. TABELA 6. Distribuição da freqüência das respostas referentes à atitude da manicure no momento em que ocorre sangramento ao cortar a cutícula de seus clientes. Ribeirão Preto, 1994. Respostas Número Porcentagem (%) Evita contato com sangue 28 70,0 Às vezes entra em contato 5 12,5 Limpa com algodão 4 10,0 Refere que deveria usar 3 7,5 40 100 com sangue luvas TOTAL Fonte: Adaptado pelas autoras (2010) 14 Como foi apontado anteriormente, é de capacidade lógica dos clientes dos serviços de manicure e/ou pedicure a atenção devida aos materias utilizados pelas profissionais. Observando se esses materiais utilizados estão lacrados, toalhas estão limpas, a profissional higienizou as mãos antes de iniciar o procedimento e se essa profissional utiliza luvas descartáveis (que são usadas como barreira protetora para evitar o contato com líquidos corporais, secreções e objetos contaminados durante o serviço), são alguns detalhes que devem ser observados com a devida atenção pelo cliente durante o procedimento. Mancini et al (2007) endereça a pensar Na área da saúde, os cuidados quanto à esterilização ou à desinfecção de superfícies ou instrumentos são importantes para o controle de infecção. As possibilidades de infecção poderão ser reduzidas se o profissional, independentemente de sua especialidade, distinguir o ambiente de atuação e o risco potencial de transmissão dos instrumentos e materiais utilizados. 2.3 Clientes O cliente dos serviços de manicure e/ou pedicure quando escolhe um local específico para executar o serviço, automaticamente está confiando no local, e principalmente no profissional ao executá-lo. O grande problema desta questão, é que assim como existem salões de beleza adequados com profissionais capacitados, existe o preço do serviço que conglomera postura profissional, cuidados com a Biossegurança e capacitação do profissional para executar o serviço. Infelizmente a maioria dos clientes dos serviços de manicure e/ou pedicure depreciam toda essa base que deve envolver todo e qualquer serviço que antepõe a saúde, ou seja, que possa de alguma forma causar algum dano à saúde do cliente. É usual ouvirmos que alguém vai fazer a unha na casa de alguém, ou que acaba preferindo determinado lugar pelo preço do serviço prestado. O barato geralmente custa caro, e poucos clientes do serviço de manicure e/ou pedicure estão dispostos a pagar a mais por um serviço mais seguro. 15 É preciso preconizar higiene, e os devidos riscos da ausência da mesma, e não o baixo custo. 3 METODOLOGIA Este trabalho constitui-se em uma pesquisa bibliográfica qualitativa associando a elaboração de um folder informativo, que venha disponibilizar informações aos consumidores dos serviços estéticos da arte de embelezar mãos e pés. Através de um levantamento de dados tornou-se possível oferecer informações seguras e com embasamento teórico para os consumidores deste serviço. Moraes (1990, p. 111) define que a pesquisa bibliográfica implica na existência de biblioteca e é definida pelos bibliotecários como “ato de ler, selecionar, fichar e arquivar tópicos de interesse para pesquisa em pauta”. Flick (2004, p.22) infere que pesquisa qualitativa não se baseia em conceito teórico e metodológico unificado. Várias abordagens teóricas e seus métodos caracterizam as discussões e a prática de pesquisa. Presume-se que pesquisa qualitativa pode apresentar uma abrangência diferente da pesquisa de maneira geral, cuja qual pode exceder a um questionário, por exemplo. Envolve assunto e método, interligados diretamente em todo o processo. (FLICK, 2004, p.57). Na realização deste folder foi utilizado o programa Microsoft Word 2007 a partir da coleta de dados necessário, a serem elencados em um folder informativo, sobre os cuidados relevantes aos serviços de manicure e/ou pedicure relacionando assim questões sobre a Biossegurança, doenças e suas medidas preventivas contra riscos biológicos. 4 ANÁLISE DOS DADOS Em consenso, diante do levantamento bibliográfico, é essencial destacarmos novamente a atenção que todo cliente deve ter perante qualquer serviço de 16 manicure e/ou pedicure. Qualquer ausência de informação, tanto do profissional, quanto dos consumidores deste serviço podem acarretar em doenças até mesmo irreversíveis. Os cuidados intitulados como relevantes podem ser percebidos na chegada do cliente ao estabelecimento de beleza, começando pela sua infra-estrutura. O estabelecimento escolhido para se fidelizar não precisa ser nem o maior em dimensão e nem o melhor da região, mas sim, deve preconizar Biossegurança em quaisquer de seus serviços oferecidos. O profissional escolhido deve estar com uma roupa adequada ao atendimento ao cliente, por exemplo, sapatos fechados evitando exposição, e assim, o risco de acidentes. Os materiais utilizados pela profissional de manicure e/ou pedicure devem ser de aço-inox, pois este pode passar pelo processo de higienização e esterilização de uma forma completamente segura, estando limpo ao término da esterilização. Em contrapartida algumas profissionais ainda utilizam o palito de laranjeira, cujo qual, feito completamente de madeira, transformando-se num habitat para fungos, e não podendo passar nem pelo processo de higienização e muito menos por qualquer processo de esterilização, sendo ele através de meio-químico, e até mesmo pela autoclave. Cabe ao mesmo sentido, a utilização de toalhas que devem ser de uso individual, pois entram diretamente em contato com as mãos da cliente em vários momentos em serviços de manicure e/ou pedicure. Diante da pesquisa apresentada anteriormente, de manicures entrevistadas na cidade de São Paulo, neste ano de 2010, chamou a atenção o percentual de profissionais que utilizavam luvas de caráter descartável, apenas 5%, sendo que a luva é uma das primeiras barreiras contra transmissão de doenças. Evitando o contato direto com as secreções, se assim ocorrer. As lixas utilizadas também devem ser de caráter descartável, diferentemente de perfuro-cortantes, as lixas acoplam diferentes tipos de fungos, quando utilizadas mais de uma vez são uma ponte entre uma gama de fungos de uma lâmina ungueal contaminada, por exemplo, para uma lâmina ungueal sadia, acarretando posteriormente em uma dermatite fúngica e onicomicose, como foi visto. 17 A demanda aos serviços de manicure e/ou pedicure é progressiva, evidenciando então, simultaneamente a capacitação também progressiva de todos os profissionais nesta área, como também, a conscientização dos clientes destes serviços, construindo uma índole crítica a fim da preservação de sua própria saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS O resultado deste levantamento bibliográfico pode nos mostrar que os profissionais manicure e/ou pedicure infelizmente ainda não possuem as informações necessárias que possa garantir uma total segurança do trabalho desenvolvido e até mesmo possuem uma certa resistência quanto a sua adequação as normas de Biosegurança. Diante desta característica datada como comum, buscamos informar e conscientizar os clientes que fazem uso desses serviços, sobre as susceptíveis contaminações decorrentes de um atendimento realizado de maneira incorreta. A proposta de disponibilizar um folder informativo que viabilize aos clientes informações necessárias quanto a boa conduta que todo profissional de manicure e/ou pedicure devem ter, e as conseqüências que a falta da mesma pode trazer para eles. Em vista que esse fundamento é de suma importância que os clientes passem a conhecer e reconhecer as doenças mais comuns que podem ser transmitidas através de um serviço de manicure e/ou pedicure, exigindo seus direitos em prol primeiramente, de sua saúde. 18 REFERÊNCIAS BARBIERI, Dagmar Deborah; CAVALCANTE, Nilton José Fernandes; MONTEIRO, Ana Lúcia Carvalho. Biossegurança. São Paulo, 2003. BASTOS, et al. Ocorrência de onicomicose em pacientes atendidos em consultórios dermatológicos na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: < http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/618161.html>. Acesso em: 7 abr. 2010. BENDINI, Michely; GASTALDI, Kátia Cila, 2008 apud VERONESI & FOCACCIA, 1996. AIDS, Hepatite B e C: Conceitos e condutas em exposição ocupacional em Salões de Beleza e Centros Estéticos. Balneário Camboriú, 2008. BENDINI, Michely; GASTALDI, Kátia Cila, 2008, apud CALIL & RONZI, 2000. 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