PREVALÊNCIA DE DESNUTRIÇÃO EM PACIENTES COM

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Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE
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ISSN: 2358-2669 / Vol. I nº 1 / Jan – Jul / 2014
PREVALÊNCIA DE DESNUTRIÇÃO EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR
OBSTRUTIVA CRÔNICA INTERNADOS EM UM HOSPITAL DE PONTA GROSSAPR.
Keila Linhares Alves1
Enny Antunes Grein2
Mariana Tsuneto2
Vanessa Tizott Knaut2
RESUMO: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada pela
obstrução das vias aéreas, normalmente ligada a desnutrição calórica protéica,
responsável pela queda de funções vitais do organismo, como o funcionamento dos
músculos pulmonares, devido à alta metabolização da massa magra corporal. A
causa mais comum para a DPOC é o tabagismo, sendo que a doença normalmente
só é diagnosticada na 5ª ou 6ª década de vida. Com esse estudo objetivou-se
descobrir qual a prevalência de desnutrição em pacientes portadores da DPOC, bem
como avaliar a causa da instalação da mesma nestes pacientes. Os dados foram
coletados dos prontuários eletrônicos através do sistema TASY, e também com a
avaliação antropométrica do paciente. Concluiu-se que a prevalência da DPOC é
maior em mulheres, acima de 60 anos e com diagnóstico a mais de 10 anos,
confirmando também que o tabagismo é a principal causa da doença no Brasil. Dos
pacientes avaliados 55% encontravam-se desnutridos, e os outros 45% em risco
nutricional devido ao alto catabolismo da doença. Nestes pacientes verifica-se a
necessidade de uma intervenção nutricional precoce e do monitoramento
personalizado pela equipe multidisciplinar de saúde do hospital.
PALAVRAS-CHAVE:
NUTRICIONAL.
DPOC,
DESNUTRIÇÃO,
TABAGISMO,
RISCO
PREVALENCE OF MALNUTRITION IN PATIENTS WITH CHRONIC PULMONARY
DISEASE OBSTRUCTIVE ADMITTED IN A HOSPITAL PONTA GROSSA-PR.
ABSTRACT: The chronic obstructive pulmonary disease (COPD) is characterized by
airway obstruction, usually linked to protein calorie malnutrition, responsible for the
fall of vital functions, such as the functioning of the lung muscles, due to the high
metabolism of lean body mass. The most common cause of COPD is cigarette
smoking, and the disease is usually only diagnosed in the 5th or 6th decade of life.
With this study aimed to find out the prevalence of malnutrition in patients with
COPD, and to assess the cause of the installation of these same patients. Data were
collected from electronic medical records through the system TASY, and also with
the anthropometric assessment of the patient. It was concluded that the prevalence
of COPD is higher in women older than 60 years and diagnosed more than 10 years,
also confirming that smoking is the leading cause of disease in Brazil. 55% of the
28
¹Acadêmica do Curso de Graduação em Nutrição da Faculdade dos Campos Gerais. E-mail:
[email protected]
²Docente do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais. E-mail: [email protected].
² Docente do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais. E-mail: [email protected]
³ Docente do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais. E-mail: [email protected]
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evaluated patients were malnourished,
and the other 45% at nutritional risk
due to high catabolic disease. In these
patients there is a need for early
nutritional intervention and monitoring
customized by the multidisciplinary
team of health hospital.
KEYWORDS:
MALNUTRITION,
NUTRITIONAL RISK.
COPD,
SMOKING,
1 INTRODUÇÃO
A doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC) é uma doença
passível de tratamento, caracterizada
pela obstrução das vias aéreas,
associada a uma resposta inflamatória
anormal dos pulmões á inalação de
partículas ou gases nocivos e é
primariamente
associada
ao
tabagismo, sendo este responsável
por mais de 90% dos casos
(FERNANDES E BEZERRA, 2006).
A DPOC engloba a bronquite
crônica que se refere á presença de
tosse e produção de expectoração por
pelo menos três meses em dois anos
consecutivos e também o enfisema
pulmonar que é definido por uma
destruição alveolar (SOUSA, CÉSAR,
BARROS et al, 2011).
A prevalência e a mortalidade
ainda são maiores em homens do que
mulheres, no entanto, a tendência é
que para os homens, principalmente
mais jovens estabilize chegando até
mesmo a decrescer. Já para as
mulheres essa tendência é de
crescimento
cada
vez
mais
significativo
(FERNANDES;
BEZERRA, 2006). Sabe-se que em
torno
de
47%
dos
pacientes
hospitalizados por DPOC estão
desnutridos ou em alto risco nutricional
(BIONDO, SANTOS, SILVA, 2011).
Segundo Fernandes e Bezerra,
(2006) a evolução desta doença pode
acarretar várias complicações que
alteram o estado nutricional do
paciente, como a desnutrição calórica
protéica,
que
acontece,
principalmente, devido á diminuição do
consumo de alimentos e ao gasto
energético aumentado, visto que o
paciente com DPOC vive em
constante estado de catabolismo,
necessitando assim de aporte calórico
maior do que o normalmente
consumido. Este estado nutricional
pode ser preexistente ou então ocorrer
durante a progressão da doença.
A desnutrição na DPOC não
depende de um único mecanismo, sua
etiologia é multifatorial, sendo que as
causas
mais
comuns
para
o
emagrecimento excessivo são a
ingestão inadequada de alimentos e o
gasto
energético
aumentado
(FERNANDES, BEZERRA, 2006).
Outros fatores também podem
contribuir para a diminuição da ingesta
calórica, como por exemplo, os
medicamentos corticoides utilizados,
que
geram
inapetência,
desmineralização óssea e fraqueza
muscular (FERNANDES, BEZERRA,
2006).
Desta forma objetivou-se com
este estudo descobrir a prevalência da
desnutrição em pacientes internados
em um hospital de Ponta Grossa, PR,
bem como avaliar a principal causa da
instalação da patologia.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados pacientes de
um hospital da cidade de Ponta
Grossa onde os dados coletados
foram obtidos através do prontuário
eletrônico do sistema TASY. Sendo
que, os pacientes selecionados foram
aqueles que se encontravam com a
DPOC
diagnosticada,
sem
a
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necessidade de ser o motivo de
internação. Após a seleção, cada
paciente
foi
avaliado
antropometricamente, com a retirada
de alguns dados como peso, altura,
circunferência braquial e circunferência
de pulso. Além de dados pessoais
como idade, causa principal da DPOC
e tempo de diagnóstico.
Um fator importante de ser
avaliado é a quantidade de cigarros
fumados por dia, no entanto essa
informação não estava disponível para
todos os pacientes, pois alguns se
encontravam muito debilitados e com
dificuldade de se comunicar, e dos
quais a maioria dos acompanhantes
não souberam informar.
Para avaliar o grau de
desnutrição dos pacientes foi utilizado
o Índice de Massa Corporal, obtido
através do peso divido pela altura ao
quadrado. Para pacientes com DPOC
o Nutrition Screening Initiative, a
American
Academy
of
Family
Physicianse a American Dietetic
Association definem como ponto de
corte IMC entre 22 e 27 kg/m² para
eutrofia, IMC < 22 kg/m² para
desnutrição e IMC > 27 kg/m² para
obesidade (FERNADES, BEZERRA,
2006).
Além disso, foi utilizado a
Avaliação Global Subjetiva (ASG) para
avaliar o risco nutricional dos
pacientes, além de confirmar os que
se encontravam em desnutrição.
Outro parâmetro utilizado foi a
% de circunferência braquial, dividindo
a circunferência braquial obtida pela
circunferência
braquial
padrão
multiplicado por cem. Para mulheres a
circunferência padrão é de 28,5 cm e
29,3 cm para homens.
As análises estatísticas foram
obtidas através de médias e desvio
padrão e tabuladas no programa
Microsoft Excel 2010.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A prevalência de pacientes
internados com DPOC no hospital
durante o período de 01/08/2012 a
31/08/2012 foi de aproximadamente
1% do total de internamentos.
Na tabela 1 podemos observar
a prevalência da doença em pacientes
do sexo feminino (55%, n=6),
confirmando os achados de SOUSA,
CÉSAR, BARROS et al (2011) que
encontraram
em
sua
pesquisa
prevalência de 4% em mulheres contra
3,5% em homens. Quanto a idade é
conhecido que a DPOC atinge
principalmente idosos acima de 60
anos, o que também foi encontrado
neste estudo.
Estes achados comprovam o
que FERNADES e BEZERRA, 2006
relatam em seu estudo, a tendência é
de aumento entre o número de
pessoas com DPOC no sexo feminino,
e de estabilidade e decréscimo entre o
sexo masculino em pessoas mais
jovens. Sendo que, a doença é
normalmente diagnosticada a partir da
5ª ou 6ª década de vida (BIONDO,
SANTOS,
SILVA,
2011).
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Tabela 01: Prevalência segundo Sexo, Idade, Causa e Tempo de diagnóstico.
Variável
n
SEXO
Feminino
6
Masculino
5
Idade
40 a 60 anos
2
>61 anos
9
Tempo de diagnóstico
< 10 anos
4
>10 anos
7
Causa Principal
Tabagismo
10
Outros
1
Fonte: O Autor, 2012.
Entre as causas principais da DPOC
está o tabagismo que é responsável
por mais de 90% dos casos, sendo
este o dado mais preocupante na
população brasileira. O tratamento
para pacientes portadores de DPOC
custa em torno de US$1.522,00 por
pessoa para os cofres públicos, além
de gastos extras com materiais pós
alta (SOUSA, CÉSAR, BARROS et al,
2011).
Além
disso,
o
paciente
desnutrido exige cuidado paliativo
maior, dependendo da condição física
do mesmo, pode acabar evoluindo
para uma nutrição enteral que seria
um custo a mais no orçamento
familiar.
Na figura 1 observamos que
infelizmente a desnutrição está
estritamente ligada com a DPOC,
tornando a situação do paciente ainda
mais crítica. Dos 11 pacientes
estudados, 6 estavam desnutridos, 4
%
55%
45%
18%
82%
36%
64%
91%
9%
homens e 2 mulheres, esse dado pode
estar ligado aos hábitos alimentares e
peso habitual das mulheres que se
situava entre 65 kg antes da doença.
Quanto aos homens, sabe-se
que a porcentagem de massa
muscular é maior que em mulheres,
tornando a desnutrição calórica
protéica muito mais severa nessa
parcela da população. Atingindo mais
facilmente
homens
eutróficos,
consumindo a massa magra e levando
eles a um quadro de desnutrição
marasmática, podendo chegar a
comprometer os rins devido a alta
metabolização de proteínas.
As
consequências
das
alterações morfológicas e musculares
da DPOC são: a diminuição do
desempenho respiratório, insuficiência
respiratória aguda, atrofiamento dos
músculos
respiratórios
e
maior
suscetibilidade a infecções pulmonares
(FERNANDES, BEZERRA, 2006).
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Figura 01: Distribuição de Pacientes com
Desnutrição por Sexo.
Distribuição de Desnutrição por Sexo
DESNUTRIÇ
ÃO
Mulheres
2
Homens
4
organismo
contra
infecções
(FERNANDES, BEZERRA, 2006).
Desta forma deve-se oferecer
ao paciente uma dieta enriquecida
com ácidos graxos de cadeia curta,
ômega 3, ácido gama linolênico e
eicosapentaenóico,
e
também
aminoácidos como a glutamina, a
glicina, a cisteína e a arginina
(FERNANDES, BEZERRA, 2006), que
auxiliam na reconstrução do tecido
pulmonar, bem como a recuperação
do tecido muscular geral.
EUTROFICO
4
0
Fonte: O Autor, 2012.
Utilizando a ASG, foi observado
que
todos
os
pacientes
se
encontravam em risco nutricional,
podendo levar a uma piora do quadro
clínico
sem
uma
intervenção
nutricional adequada e precoce,
aqueles que já estavam desnutridos foi
confirmado através da avaliação sendo
a média de pontos de 17 ±1,1.
A média de idade encontrada
para os pacientes internados no
hospital foi de 72 ±8,9 anos, com peso
55 ±7,6 kg, altura de 1,65 ±0,07 m e
IMC de 19,83 ±2,9 kg/m². Percebe-se
assim, que a doença está relacionada
com a desnutrição, no entanto, este
quadro pode ser revertido com a
alimentação adequada.
Como nesses pacientes a taxa
metabólica esta elevada, é necessário
calcular as necessidades energéticas
diárias, o método mais utilizado é
através da fórmula de Harris
Bennedict, que utiliza a idade, a altura
e o peso ideal, e leva em conta
também o fator injúria e o fator
atividade de cada paciente. A correção
da desnutrição na DPOC leva a uma
melhora na função imunocelular
aumentando assim a defesa do
4 CONCLUSÃO
A conduta nutricional para
pacientes portadores de DPOC é de
extrema importância, visto que a
desnutrição é uma das situações que
pode ser totalmente revertida através
da alimentação, restaurando a saúde
do paciente bem como fornecendo
uma melhora na qualidade de vida do
mesmo.
A terapia nutricional tem o
objetivo de fornecer uma alimentação
que satisfaça as demandas das
atividades diárias, manter uma reserva
adequada de massa magra e de tecido
adiposo, corrigir o desequilíbrio
hídrico, controlar as interações entre
drogas e nutrientes que interferem
negativamente na absorção dos
nutrientes.
O
diagnóstico
do
estado
nutricional deve ser precoce a fim de
corrigir o mesmo o quanto antes, além
disso, o monitoramento do estado
nutricional deve ser frequente e
depende de toda a equipe de saúde do
hospital onde o paciente está
internado, sendo a equipe de nutrição
e dietética responsável pela conduta a
ser seguida.
Sendo assim, a intervenção
nutricional acarreta melhora no quadro
geral do paciente, além de contribuir
para a diminuição dos índices de
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morbimortalidade
observados
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33
Download